Por todos esses motivos a área de pertinência da cultura de projeto ( design ) se tornou mais abrangente e está caracterizada por 3 grandes mutações :
1. tema da experiência de consumo ( e do consumidor) mercado hoje, é caracterizado pela personalização dos produtos, pela flexibilidade dos processos produtivos até a reconfiguração da cadeia do valor da mercadoria que envolve o consumidor.
2. tema da permeabilidade do projeto e do perfil do projetista Dentro das empresas as funções tornaram-se horizontais, multidisciplinares. Não existe o simples perfil do projetista especialista e vertical. No primeiro caso falamos de designers estratégicos , no segundo de designers commodities
Os designers estratégicos são capazes de estudar o posicionamento de uma empresa e as suas escolhas. As capacidades deles são bem avaliadas no integrar, visualizar e concretizar conceitos e estratégias. Eles trabalham dentro de uma empresa, facilitando a troca criativa para oferecer projeções de cenários futuros e de inovações possíveis.
Os designers commodities repetem modelos executivos limitados, procedimentos pobres de significado, muitas vezes próximos a copiar os produtos da marca concorrente. commodity serviço mercadoria experi ência
3. tema da auto realidade É’ preciso perder a idéia do “ autor - designer - star” que, dotado de uma incrível genialidade interior, acorda e desenha o futuro no guardanapo do café de manha.
Philippe Starck se vende como um star-gênio criativo. Mas tudo nele, na sua vida, nas relações, no contexto onde opera é meta-projetado , antecipado. Ele é um ótimo designer que trabalha estratégicamente para vender a sua pessoa.
Paris Hilton é um produto de design estratégico . Ela vende muito bem a sua marca-pessoa . Mas atrás dela existe um time de profissionais , cada um com a sua expertise , que acompanham e projetam cada detalhe exatamente como dentro de uma empresa.
Assim é importante privilegiar a integração entre grupos de trabalho de diferente áreas de formação, capazes de aproximar métodos de pesquisa e de projetos baseados em competências multidisciplinares e especialistas .
Esses grupos de trabalho são chamados a contribuir para cooperar dentro de um objetivo comum, ou seja, para produzir valor . Projetar dentro de uma rede de valor ou melhor ainda dentro de uma constelação de valor ( Normann Ramirez 1995 ) significa projetar com uma visão estratégica .
Isso é exatamente o objetivo da parceria entre a UNISINOS e o POLI.design, Consorzio del Politecnico di Milano , na criação da Escola de Design Unisinos , dentro de uma rede de valor internacional entre Porto Alegre e Milão.
Mas para que exista produção de valor, a rede deve ser ramificada no território, localmente e internacionalmente, em forte conexão com o mercado e a empresa . É somente instaurando um diálogo estável entre empresa e universidade que podemos produzir conhecimento .
Vilem Flusser fala “(...) o único ponto fundamental é que as fábricas do futuro deverão ser lugares onde se estuda , se aprende o conhecimento, onde o homo faber vira homo sapiens porque ele entendeu que produzir equivale a aprender , ou seja, adquirir, gerar e transmitir informações”. Vilem Flusser, Filosofia del design, New York, 2001, pag.42
Acreditamos que para trabalhar dentro do novo conceito de fábrica-universidade as pessoas precisam desenvolver capacidades estratégicas e projetuais .
onde projetual significa: - capacidade de visão (uma idéia do que se gostaria de obter) - conhecer as capacidades e os recursos disponíveis - estudar uma estratégia correta para obter o melhor resultado com os meios à disposição.
onde estratégico indica: A capacidade de agir por objetivos , sem conhecer todos os dados do sistema e sem ter um completo e satisfatório conhecimento do contexto onde se trabalha, mas sempre considerando as oportunidades que encontramos no caminho projetual.
Assim os designers estratégicos são viabilizadores de processo , capazes de ativar as próprias competências para fazer acontecer eventos orientados a um resultado/objetivo final. O Design é um processo criativo.