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Raphael Schutz (esquerda) e Júlio Béjar



Boa tarde. Erev tov.


Quero em primeiro lugar agradecer a calurosa acolhida e todas as fazilidades brindadas
pelo Club Financiero Atlântico, a sua Junta Directiva e, muito especialmente, as gestões
promovidas pelo meu amigo, D. Francisco Linares Moreno, a fim de que hoje podamos
compartir esta velada com todas as pessoas que têm amosado a sua disposição e
amabilidade de estarem aqui reunidas.

Club Financiero Atlântico, entre cujos objectivos figura, não por acaso, a comprensão, o
estudo e a análise das relações sociais e comerciais do tecido empressarial galego com o
mercado que lhe é territorialmente mais imediato, mas também com o do âmbito
internacional. E se falamos de países economicamente ponteiros a nível internacional, é
obrigada a referência a Israel, considerado já um mercado plenamente desenvolvido.
Neste sentido, o proveedor de ferramentas de soporte para inversão, Morgan Stanley
Capital Investment (MSCI) -cujos índizes sobre renda variável são seguidos por traders
com aproximadamente 3.000 milhões de dólares em activos- decidiu o passado 16 de
Junho elevar o estatuto desse país, de mercado emergente a desenvolvido, o que se fará
efectivo ao longo do ano entrante.

É para mim uma honra poder saudar esta tarde no nome da ASOCIACIÓN GALEGA
DE AMIZADE CON ISRAEL, à legação que nos visita, formada pelo senhor Amos
Wohl, Agregado Comercial da Embaixada de Israel, o senhor Gil Gidrón, Presidente
fundador da Câmara de Comercio e Indústria Hispano-Israeli, e o Excelentíssimo
senhor Embaixador de Israel D. Rafael Schutz

D. Rafael Schutz, que intervirá em breves instantes, nasceu em Tel Aviv. É licenciado
em História pela Universidade de Bar Ilán e leva vinculado ao corpo diplomático israeli
desde começos dos anos 80, tendo desempenhado entre outros cárregos o de Primeiro
Secretário na Embaixada de Israel em Chile entre 1987 e 1991, o de Embaixador de
Israel em Colômbia de 1999 até o 2001 e desde 2007 é Embaixador para Espanha e
Andorra.
Israel é um Estado com uma extensão de 21.000 kilómetros quadrados –a mesma que a
província de Badajoz, ou que a comunidade galega sem contar a província de A
Corunha. Demograficamente conta com pouco mais de 7 milhões de habitantes.

Com recursos de acuíferos escassos, e onde mais da metade do seu território é desértico,
Israel é o único país do seu entorno que não basea a sua economia na exploração das
fontes petrolíferas. Essa precariedade de recursos naturais e uma delicada situação
geopolítica, têm obrigado a Israel a centrar-se no seu talento humano. Já constitui um
lugar comum afirmar que a clave do éxito económico deste país, que constitui a única
democracia internacionalmente homologável no Meio Leste, radica no fomento da
cultura innovadora e no desenvolvimento tecnológico.

Considere-se que em 2008 na zona euro o crescimento do PIB foi apenas do 0’9
mentres que em Israel rondou o 4 %.

Segundo dados actualizados, o referido desenvolvimento tecnológico espelha-se no
facto de que o 60 % do seu mercado exterior tenha uma componhente essencialmente
tecnológica (agrotecnologia, equipamento médico, biotecnologia, electrônica ou
Internet).

As suas universidades produzem anualmente um rátio de engenheiros e científicos que
quase duplica o dos EEUU e seis vezes superior ao de Espanha. O seu investimento em
Investigação e Desenvolvimento, que alcança o 4.6 % do PIB só no que é I+D civil, é o
mais elevado do planeta. De considerarmos também a I+D militar, a diferência aínda
seria muito maior.

A pesar da crise, todos os analistas opinam que a economia de Israel crescerá este ano
(segundo o informe de finais de Abril do Banco de Israel, em torno ao 1’5).

Israel é um dos países do mundo com maior número de patentes por habitante.

É o segundo país com mais empressas cotizando no Nasdaq.

Entre Haifa eTel Aviv sumam mais de 4.000 startups, pequenas empressas vinculadas
ao mundo emprendedor e da inovação.

E assim poderíamos seguir.



Um Estado, portanto, exquisitamente democrático –onde convivem as mais dispares
culturas, étnias, línguas e religiões- e economicamente próspero.


Qué explica, daquela, a animosidade da maior parte do mundo face Israel?

Por que Israel é o único Estado membro da comunidade internacional que tem que
explicar permantemente por que existe e cuja mera existência é considerada um acto de
agressão?
Por que se exige a este pequeno Estado o que não se reclama aos quase 200 restantes
países do mundo, muitos de eles implacáveis ditaduras de corte medieval?

Por que de entre todos os povos sem Estado próprio (os kurdos, chechenos, os armênios
ou tibetanos), só o chamado “povo palestiniano” goza da solidariedade incondicional e
expressa, assim como duma mastodôntica financiação por parte da União Europeia?

Por que Israel é o único caso onde o resto da comunidade internacional é quem
determina a ubicação da capital do país?

Por que Israel, vencedora em todas as contendas contra ela emprendidas, é o único
Estado ao que as condições de armistício lhe são impostas pelos inimigos derrotados?

Exigiria-se-lhe a qualquer outra nação que ficasse cruzada de brazos se desde um
enclave vizinho se assassinar de forma rutinária aos seus cidadãos no território sob a sua
soberania?


Leon Pinsker, um médico polaco de finais do século XIX, acunhou no folheto intitulado
“Autoemancipação” um termo para dar resposta a essa aversão: JUDEOFÓBIA. Na
palavra “Judeofóbia” o prefixo sinala expressamente o destinatário dessa aversão, e o
sufixo –fóbia- alude ao seu carácter irracional, próprio duma subjectividade individual ou
colectiva enferma.

Textos odiosos como o "Mein Kampf" ou “Os Protocolos dos Sábios de Sion” vendem-
se até esgotar as edições nos países árabes, e os petrodólares iranianos e dos países do
Golfo sustentam uma próspera indústria de Revisionismo do Holocausto.

Mas não é preciso olharmos tão longe. Há escasamente um mes, um dos jornais
espanhois mais importantes, e que se quer referente a escala internacional, editava uma
vinheta duma judeofóbia só equiparável às que publicava o semanário “Der Stürmer” na
Alemnha dos anos 30. Nessa vinheta de conteúdo já de por sim infame, apresenta-se-
nos uma mulher e um judeu caracterizado com todos os elementos do estereotipo da
propaganda názi: nariz encorvado, tirabuzões, roupa negra e olhada fugitiva. Sintetisado
nessa vinheta subjaz o pior da história europeia, seguindo um fio que atravessa o nosso
imaginário colectivo desde a época da Inquisição e os libelos de sangue, passando pelos
progromos e as rázzias de extermínio até chegar às câmaras de Auschwitz.

O nosso convidado de hoje, o Sr. Schutz, saíndo ao passo das tiras pretendidamente
cómicas e dos artigos judeófobos aparecidos nesse meio nas últimas semanas replicava
num texto parcialmente censurado e aparecido na secção de Cartas da referida
publicação: “Los palestinos siempre han preferido invertir en armas y materiales
explosivos para atentar contra los israelíes en lugar de invertir en educación, sanidad,
infraestructuras y asentar los cimientos de su propia sociedad y prosperar”.

Em efecto. Fagam, se não, a seguinte reflexão: Quanto dinheiro europeu se inviste em
aniquilar a um cidadão israelí? A resposta é arrepiante: tome-se o monto total das ajudas
chamadas “humanitárias” concedidas pela União Europeia ao maior foco terrorista
desde a segunda metade do século XX. A modo de exemplo: desde o ano 2000, a
Comisão Europeia leva enviados um total de 3.400 milhões de euros em conceito de
ajuda aos palestinianos, sendo Espanha o segundo país donante da UE por volume total
nessa ajuda. Desconte-se dessa quantidade a suculenta porcentagem que irá
directamente às contas mais ou menos opacas da dirigência palestiniana e das suas
famílias. Tomemos a cifra restante.

Havida conta da praticamente total ausência de inversão produtiva nos territórios
administrados pela Autoridade Palestiniana, o rasteo do dinheiro não resulta difícil: as
armas mentres não se demonstre o contrário não se adquirem grátis, e a constelação de
grupos armados que se assentan sobre o território esquilmado pelos distintos sucessores
de Arafat detenta a melhor dotação bélica que tenha possuído jamais lógia terrorista
alguma.




Concluo, antes de dar passo à intervenção do senhor Embaixador, com uma reflexão
que formulava num texto do passado 20 de Maio o escritor Gabriel Albiac:

Não há Estado no mundo ao qual não se reconheça potestade para defender com as
armas as suas fronteiras. Agás a Israel.

Quem, baixo soflamas humanitárias, negam o direito israeli a proteger as suas fronteiras
fronte um inimigo armado que proclama o seu propósito de destruir o país e expulsar
aos seus habitantes, fingem falar de política. Mas não há política numa hipótese tão
carente de racionalidade mínima. Baixo a epiderme da retórica caritativa e desse
moralismo que é modo especificamente europeu de emascarar o mais sinistro, agacha-
se um ódio antigo. Irracional e homicida. O da intemporal judeofóbia: o judeu como
enfermidade que deve ser extirpada do humano.

Israel nasceu na guerra. E na guerra tem sobrevivido já sesenta e un anos. Sem permitir-
se uma pausa nem um desalento. Não é azar. Nem heroísmo. Tão só, a constância dum
dato material básico: uma só ocasião de desalento, uma só debilidade, uma derrota,
equivaleriam à sua aniquilação. Poucas nacões do mundo, quizá nenhuma, vivem em tal
certeza: vencer militarmente cada dia ou ser borrado do mapa.

Em 1947, Israel aceitou, sem condições, o mapa palestiniano da ONU. Em 1948, os
exércitos árabes emprenderam, em todas as suas fronteiras, o que se anunciou ía ser uma
rápida operação de limpeza. Israel, sem um exército aínda que merecesse tal nome,
movilizou em armas até o último dos seus cidadãos. Venceu. Construiu um Estado livre
e próspero, lá onde os seus vizinhos só foram capazes de gerar servidão e miséria. Em
1967, Egipto, Síria, Jordânia e Irak anunciaram chegado o momento de extirpar, por
fim, o cancro judeu. Foram derrotados. Dois anos depois, os guerrilheiros da OLP eram
massacrados pelos seus irmãos jordanos. Em 1973 Egipto intentou novamente a
aventura; foi a ofensiva melhor planificada. Um veterano militar chamado Ariel Sharon
salvou a Israel, com uma operação de risco máximo à outra banda da Canle de Suez.
Sadat asinou a paz no 79 -pagou-no com a sua cabeza. Seguiram contínuas
escaramuzas. Seguirão. Mentres os dirigentes palestinianos segam considerando de mais
valor os fundos internacionais que se embolsam em escuras contas suízas, que o
sofrimento espantoso do seu povo.
Israel exige fronteiras estáveis, como toda nação. Como quase nenhuma deve combater
cada manhã para consegui-las. Ou aceitar a morte.



Desde AGAI, a Asociación Galega de Amizade con Israel fundada a finais do ano 2006,
temo-nos proposto humildemente, mas de modo irrenunciável, acometer entre outros os
seguintes objectivos:



Denunciar o discurso da judeofóbia imperante e a banalização da memória do
Holocausto.

Propiciar foros de reflexão e debate com os que contrarrestar a permanente
demonização do Estado amigo de Israel.

Rehabilitar, recuperar e espalhar o imenso legado histórico, ético e cultural do povo
judeu na nossa sociedade.

Se actos como o de esta tarde servem para avivar a curiosidade ou derrubar algum
prejuízo nalguém, damo-nos já por bem remunerados.




Todá rabá.




       Júlio Béjar

       (A Corunha, 01 de Av 5769 / 22 de Julho 2009)

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Discurso sobre a história e situação atual de Israel

  • 1. Raphael Schutz (esquerda) e Júlio Béjar Boa tarde. Erev tov. Quero em primeiro lugar agradecer a calurosa acolhida e todas as fazilidades brindadas pelo Club Financiero Atlântico, a sua Junta Directiva e, muito especialmente, as gestões promovidas pelo meu amigo, D. Francisco Linares Moreno, a fim de que hoje podamos compartir esta velada com todas as pessoas que têm amosado a sua disposição e amabilidade de estarem aqui reunidas. Club Financiero Atlântico, entre cujos objectivos figura, não por acaso, a comprensão, o estudo e a análise das relações sociais e comerciais do tecido empressarial galego com o mercado que lhe é territorialmente mais imediato, mas também com o do âmbito internacional. E se falamos de países economicamente ponteiros a nível internacional, é obrigada a referência a Israel, considerado já um mercado plenamente desenvolvido. Neste sentido, o proveedor de ferramentas de soporte para inversão, Morgan Stanley Capital Investment (MSCI) -cujos índizes sobre renda variável são seguidos por traders com aproximadamente 3.000 milhões de dólares em activos- decidiu o passado 16 de Junho elevar o estatuto desse país, de mercado emergente a desenvolvido, o que se fará efectivo ao longo do ano entrante. É para mim uma honra poder saudar esta tarde no nome da ASOCIACIÓN GALEGA DE AMIZADE CON ISRAEL, à legação que nos visita, formada pelo senhor Amos Wohl, Agregado Comercial da Embaixada de Israel, o senhor Gil Gidrón, Presidente fundador da Câmara de Comercio e Indústria Hispano-Israeli, e o Excelentíssimo senhor Embaixador de Israel D. Rafael Schutz D. Rafael Schutz, que intervirá em breves instantes, nasceu em Tel Aviv. É licenciado em História pela Universidade de Bar Ilán e leva vinculado ao corpo diplomático israeli desde começos dos anos 80, tendo desempenhado entre outros cárregos o de Primeiro Secretário na Embaixada de Israel em Chile entre 1987 e 1991, o de Embaixador de Israel em Colômbia de 1999 até o 2001 e desde 2007 é Embaixador para Espanha e Andorra.
  • 2. Israel é um Estado com uma extensão de 21.000 kilómetros quadrados –a mesma que a província de Badajoz, ou que a comunidade galega sem contar a província de A Corunha. Demograficamente conta com pouco mais de 7 milhões de habitantes. Com recursos de acuíferos escassos, e onde mais da metade do seu território é desértico, Israel é o único país do seu entorno que não basea a sua economia na exploração das fontes petrolíferas. Essa precariedade de recursos naturais e uma delicada situação geopolítica, têm obrigado a Israel a centrar-se no seu talento humano. Já constitui um lugar comum afirmar que a clave do éxito económico deste país, que constitui a única democracia internacionalmente homologável no Meio Leste, radica no fomento da cultura innovadora e no desenvolvimento tecnológico. Considere-se que em 2008 na zona euro o crescimento do PIB foi apenas do 0’9 mentres que em Israel rondou o 4 %. Segundo dados actualizados, o referido desenvolvimento tecnológico espelha-se no facto de que o 60 % do seu mercado exterior tenha uma componhente essencialmente tecnológica (agrotecnologia, equipamento médico, biotecnologia, electrônica ou Internet). As suas universidades produzem anualmente um rátio de engenheiros e científicos que quase duplica o dos EEUU e seis vezes superior ao de Espanha. O seu investimento em Investigação e Desenvolvimento, que alcança o 4.6 % do PIB só no que é I+D civil, é o mais elevado do planeta. De considerarmos também a I+D militar, a diferência aínda seria muito maior. A pesar da crise, todos os analistas opinam que a economia de Israel crescerá este ano (segundo o informe de finais de Abril do Banco de Israel, em torno ao 1’5). Israel é um dos países do mundo com maior número de patentes por habitante. É o segundo país com mais empressas cotizando no Nasdaq. Entre Haifa eTel Aviv sumam mais de 4.000 startups, pequenas empressas vinculadas ao mundo emprendedor e da inovação. E assim poderíamos seguir. Um Estado, portanto, exquisitamente democrático –onde convivem as mais dispares culturas, étnias, línguas e religiões- e economicamente próspero. Qué explica, daquela, a animosidade da maior parte do mundo face Israel? Por que Israel é o único Estado membro da comunidade internacional que tem que explicar permantemente por que existe e cuja mera existência é considerada um acto de agressão?
  • 3. Por que se exige a este pequeno Estado o que não se reclama aos quase 200 restantes países do mundo, muitos de eles implacáveis ditaduras de corte medieval? Por que de entre todos os povos sem Estado próprio (os kurdos, chechenos, os armênios ou tibetanos), só o chamado “povo palestiniano” goza da solidariedade incondicional e expressa, assim como duma mastodôntica financiação por parte da União Europeia? Por que Israel é o único caso onde o resto da comunidade internacional é quem determina a ubicação da capital do país? Por que Israel, vencedora em todas as contendas contra ela emprendidas, é o único Estado ao que as condições de armistício lhe são impostas pelos inimigos derrotados? Exigiria-se-lhe a qualquer outra nação que ficasse cruzada de brazos se desde um enclave vizinho se assassinar de forma rutinária aos seus cidadãos no território sob a sua soberania? Leon Pinsker, um médico polaco de finais do século XIX, acunhou no folheto intitulado “Autoemancipação” um termo para dar resposta a essa aversão: JUDEOFÓBIA. Na palavra “Judeofóbia” o prefixo sinala expressamente o destinatário dessa aversão, e o sufixo –fóbia- alude ao seu carácter irracional, próprio duma subjectividade individual ou colectiva enferma. Textos odiosos como o "Mein Kampf" ou “Os Protocolos dos Sábios de Sion” vendem- se até esgotar as edições nos países árabes, e os petrodólares iranianos e dos países do Golfo sustentam uma próspera indústria de Revisionismo do Holocausto. Mas não é preciso olharmos tão longe. Há escasamente um mes, um dos jornais espanhois mais importantes, e que se quer referente a escala internacional, editava uma vinheta duma judeofóbia só equiparável às que publicava o semanário “Der Stürmer” na Alemnha dos anos 30. Nessa vinheta de conteúdo já de por sim infame, apresenta-se- nos uma mulher e um judeu caracterizado com todos os elementos do estereotipo da propaganda názi: nariz encorvado, tirabuzões, roupa negra e olhada fugitiva. Sintetisado nessa vinheta subjaz o pior da história europeia, seguindo um fio que atravessa o nosso imaginário colectivo desde a época da Inquisição e os libelos de sangue, passando pelos progromos e as rázzias de extermínio até chegar às câmaras de Auschwitz. O nosso convidado de hoje, o Sr. Schutz, saíndo ao passo das tiras pretendidamente cómicas e dos artigos judeófobos aparecidos nesse meio nas últimas semanas replicava num texto parcialmente censurado e aparecido na secção de Cartas da referida publicação: “Los palestinos siempre han preferido invertir en armas y materiales explosivos para atentar contra los israelíes en lugar de invertir en educación, sanidad, infraestructuras y asentar los cimientos de su propia sociedad y prosperar”. Em efecto. Fagam, se não, a seguinte reflexão: Quanto dinheiro europeu se inviste em aniquilar a um cidadão israelí? A resposta é arrepiante: tome-se o monto total das ajudas chamadas “humanitárias” concedidas pela União Europeia ao maior foco terrorista desde a segunda metade do século XX. A modo de exemplo: desde o ano 2000, a Comisão Europeia leva enviados um total de 3.400 milhões de euros em conceito de
  • 4. ajuda aos palestinianos, sendo Espanha o segundo país donante da UE por volume total nessa ajuda. Desconte-se dessa quantidade a suculenta porcentagem que irá directamente às contas mais ou menos opacas da dirigência palestiniana e das suas famílias. Tomemos a cifra restante. Havida conta da praticamente total ausência de inversão produtiva nos territórios administrados pela Autoridade Palestiniana, o rasteo do dinheiro não resulta difícil: as armas mentres não se demonstre o contrário não se adquirem grátis, e a constelação de grupos armados que se assentan sobre o território esquilmado pelos distintos sucessores de Arafat detenta a melhor dotação bélica que tenha possuído jamais lógia terrorista alguma. Concluo, antes de dar passo à intervenção do senhor Embaixador, com uma reflexão que formulava num texto do passado 20 de Maio o escritor Gabriel Albiac: Não há Estado no mundo ao qual não se reconheça potestade para defender com as armas as suas fronteiras. Agás a Israel. Quem, baixo soflamas humanitárias, negam o direito israeli a proteger as suas fronteiras fronte um inimigo armado que proclama o seu propósito de destruir o país e expulsar aos seus habitantes, fingem falar de política. Mas não há política numa hipótese tão carente de racionalidade mínima. Baixo a epiderme da retórica caritativa e desse moralismo que é modo especificamente europeu de emascarar o mais sinistro, agacha- se um ódio antigo. Irracional e homicida. O da intemporal judeofóbia: o judeu como enfermidade que deve ser extirpada do humano. Israel nasceu na guerra. E na guerra tem sobrevivido já sesenta e un anos. Sem permitir- se uma pausa nem um desalento. Não é azar. Nem heroísmo. Tão só, a constância dum dato material básico: uma só ocasião de desalento, uma só debilidade, uma derrota, equivaleriam à sua aniquilação. Poucas nacões do mundo, quizá nenhuma, vivem em tal certeza: vencer militarmente cada dia ou ser borrado do mapa. Em 1947, Israel aceitou, sem condições, o mapa palestiniano da ONU. Em 1948, os exércitos árabes emprenderam, em todas as suas fronteiras, o que se anunciou ía ser uma rápida operação de limpeza. Israel, sem um exército aínda que merecesse tal nome, movilizou em armas até o último dos seus cidadãos. Venceu. Construiu um Estado livre e próspero, lá onde os seus vizinhos só foram capazes de gerar servidão e miséria. Em 1967, Egipto, Síria, Jordânia e Irak anunciaram chegado o momento de extirpar, por fim, o cancro judeu. Foram derrotados. Dois anos depois, os guerrilheiros da OLP eram massacrados pelos seus irmãos jordanos. Em 1973 Egipto intentou novamente a aventura; foi a ofensiva melhor planificada. Um veterano militar chamado Ariel Sharon salvou a Israel, com uma operação de risco máximo à outra banda da Canle de Suez. Sadat asinou a paz no 79 -pagou-no com a sua cabeza. Seguiram contínuas escaramuzas. Seguirão. Mentres os dirigentes palestinianos segam considerando de mais valor os fundos internacionais que se embolsam em escuras contas suízas, que o sofrimento espantoso do seu povo.
  • 5. Israel exige fronteiras estáveis, como toda nação. Como quase nenhuma deve combater cada manhã para consegui-las. Ou aceitar a morte. Desde AGAI, a Asociación Galega de Amizade con Israel fundada a finais do ano 2006, temo-nos proposto humildemente, mas de modo irrenunciável, acometer entre outros os seguintes objectivos: Denunciar o discurso da judeofóbia imperante e a banalização da memória do Holocausto. Propiciar foros de reflexão e debate com os que contrarrestar a permanente demonização do Estado amigo de Israel. Rehabilitar, recuperar e espalhar o imenso legado histórico, ético e cultural do povo judeu na nossa sociedade. Se actos como o de esta tarde servem para avivar a curiosidade ou derrubar algum prejuízo nalguém, damo-nos já por bem remunerados. Todá rabá. Júlio Béjar (A Corunha, 01 de Av 5769 / 22 de Julho 2009)