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ESCOLA SECUNDÁRIA DE ALBUFEIRA 
FICHA INFORMATIVA – FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA 
PRAGMÁTICA E LINGUÍSTICA TEXTUAL – Tipologia dos actos ilocutórios 
PORTUGUÊS 10º ANO PROF. Fernanda Lamy 
As palavras e a linguagem têm um enorme poder nas nossas vidas, uma vez que, quando comunicamos, 
interagimos com os outros, não nos limitamos simplesmente a dizer/falar algo. Na maior parte das situações 
comunicativas, há determinados objectivos precisos nos nossos actos de fala/ actos ilocutórios. Os enunciados 
podem servir para emitir juízos, expressar emoções, levar os outros a fazerem algo, legitimar a realidade ou, 
até, criar realidade nova. A linguagem tem, assim, uma função social. Especifiquemos, então, estes aspectos. 
1 - Atenta nos enunciados seguintes: 
i. Comprei bilhete para Paris. 
ii. Queres acompanhar-me? 
iii. Concordo com a tua opinião. 
iv. Não te esqueças de comprar o leite! 
v. Asseguro-te que amanhã te envio os resultados. 
vi. Que bela manhã de Primavera! 
vii. Agradeço-te sinceramente o apoio que me deste. 
viii. Eu te baptizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 
2 – Se procurarmos entender a intenção de cada locutor ao usar a linguagem, facilmente chegaremos às 
conclusões seguintes: 
FRASES OBJECTIVOS DOS ACTOS ILOCUTÓRIOS 
i e iii O locutor informa sobre algo verídico (i)/ acredita na verdade do que afirma (iii) 
ii e iv O locutor quer que o interlocutor realize uma acção: neste caso responda a um 
pedido (ii) e cumpra uma ordem (iv) 
v O locutor compromete-se com a realização da acção ( enviar os resultados) 
vi e vii O locutor exprime estados psicológicos através do enunciado proferido: 
deslumbramento relativamente à manhã (vi) e agrado/reconhecimento pelo apoio 
manifestado (vii) 
viii O locutor validar/legitima uma determinada situação (neste caso um baptismo) 
3 – Em conclusão: 
Actos ilocutórios 
«Acto linguístico que o falante realiza quando, em determinado contexto comunicativo, profere um 
enunciado, sob certas condições e com certas intenções. 
(…) falar é realizar actos de acordo com certas regras, i. e., ao pronunciar determinada frase, em 
contexto específico, o falante executa, implícita ou explicitamente, actos como «afirmar», «avisar», 
«ordenar», «perguntar», «pedir», prometer», «objectar», «criticar», verbos que denotam explicitamente 
actos de fala (…) » 
(In, Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário) 
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Escola Secundária de Albufeira Disciplina de Português 
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4 - Assim, será possível apresentar um quadro com a TIPOLOGIA DOS ACTOS ILOCUTÓRIOS: 
ACTOS 
ILOCUTÓRIOS OBJECTIVO ILOCUTÓRIO 
(1) EXEMPLOS E 
(2)REALIZAÇÃO LINGUÍSTICA 
ASSERTIVOS 
Expressar a relação entre o locutor e 
a verdade do enunciado (o locutor 
acredita que aquilo que diz é verdade, 
mas a sua asserção pode ser submetida 
ao teste do verdadeiro ou falso). 
(1) 
i Comprei bilhete para Paris. 
iii Concordo com a tua opinião. 
(2) 
Verbos declarativos e de actividade mental: 
Afirmar, negar, informar, descrever, 
concordar, discordar, responder, aceitar, 
achar, acreditar, considerar, entender… 
DIRECTIVOS 
Tentar que o interlocutor realize o 
acto verbal ou não verbal referido no 
enunciado pelo locutor. 
(1) 
ii Queres acompanhar-me? 
iv Não te esqueças de comprar o leite! 
(2) 
Expressão de ordens, conselhos, pedidos, 
sugestões, avisos, instruções… sobretudo 
através de: 
X verbos como perguntar, permitir, 
ordenar, aconselhar, pedir, desafiar, 
avisar, exigir, implorar, atrever-se a, 
mandar, convidar, ordenar, proibir… 
X frases dos tipos imperativo e 
interrogativo 
COMPROMISSIVOS 
Comprometer o locutor a realizar, no 
futuro, o acto expresso no enunciado. 
Enquanto os actos directivos colocam o 
interlocutor sob uma obrigação, os 
compromissivos exercem essa 
obrigatoriedade sobre o locutor. 
(1) 
v Asseguro-te que amanhã te envio os 
resultados. 
(2) 
XVerbos compromissivos: assegurar, 
jurar, tencionar, apostar, comprometer-se, 
afiançar, tencionar, prometer, garantir…; 
X Expressões elípticas com valor ilocutório 
compromissivo: “Aqui às 8 horas.”…; 
X Frases simples no futuro do indicativo 
ou seus substitutos, como o presente do 
indicativo: “Eu vou lá.”…; 
X Frases complexas do tipo condição-consequência 
(quando esta última implica o 
comprometimento do locutor): “Se não 
vieres, não almoço.”…; 
X Fórmulas de despedida ( que impliquem 
comprometimentos): “Até logo.”…; 
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EXPRESSIVOS 
Exprimir o estado psicológico do 
locutor em relação a uma situação, a 
uma realidade. 
(1) 
vi Que bela manhã de Primavera! 
vii Agradeço-te sinceramente o apoio que 
me deste. 
(2) 
X Verbos expressivos: agradecer, 
lamentar, congratular-se, dar boas-vindas, 
pedir desculpa, apresentar condolências, 
deplorar, repudiar, felicitar…; 
X Verbos modalizados por advérbios: 
Acho mal/bem…; 
X Expressões exclamativas com adjectivos 
valorativos, advérbios e verbos afectivos: 
“Gosto tanto desta música!”… 
DECLARATIVOS 
Alterar uma realidade, através do 
próprio enunciado, graças ao 
poder/autoridade institucional ou 
individual do locutor. 
(1) 
viii Eu te baptizo em nome do Pai, do Filho 
e do Espírito Santo. 
(2) 
X Despedimentos, abertura/fecho de 
sessões, fórmulas de matrimónio, baptismo: 
“A sessão está aberta.” …; 
X Verbos como declarar, nomear… 
Documentos de referência: 
• DUARTE, Inês, 2000, Língua Portuguesa, Instrumentos de Análise, Lisboa, Universidade Aberta. 
• MATEUS, Maria Helena Mateus e outros, ( 1989), apresentado em CARDOSO, Ana Maria e outros, 
Das palavras aos actos, Língua Portuguesa, 10º ano, Porto, Areal, 2003. 
______________________________________________________________________________________________________________________________________ 
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Ficha de trabalho 
ESCOLA SECUNDÁRIA DE ALBUFEIRA 
OFICINA DE ESCRITA – FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA 
PRAGMÁTICA E LINGUÍSTICA TEXTUAL – Tipologia dos actos ilocutórios 
PORTUGUÊS 10º ANO PROF. FERNANDA LAMY 
ALUNO ____________________________ ANO _____ TURMA ______ Nº ______ 
Lê com atenção o excerto que te é apresentado a seguir. 
1 
5 
10 
15 
MINUTOS antes das sete horas daquele dia de Abril de 1974, o telefone acordou-me: 
era minha mãe, aflita e em voz baixa, como se fosse um terrível segredo, a 
dizer-me que havia uma revolução. (…) fez-me prometer-lhe que não saía de casa. 
(…) Fui, em pijama, até à janela aberta sobre o rio ainda cinzento de bruma, com o 
Palácio de S. Bento em baixo, adormecido na sua triste sorte antes de outra haver. 
Ouvi então a Mahité a rir-se nas minhas costas – porque eu tinha dito, com imensa 
seriedade histórica: “É a revolução do 25 de Abril”. (…) voltei a ouvir em casa as 
notícias excitadas da rádio – e as transmissões das forças fiéis, apanhadas em 
grande surpresa e susto, a comunicarem para um comandante tido como chefe das 
operações (…) E no Rossio? Interrogava o general. (…) Era preciso mandar um 
avião bombardear (…) 
Andei com o Domingos Moura por ali, até à Baixa pejada de gente. Encontrámos o 
Lindley Cintra que uma dama insultava, histérica e filha de gerarca deposto ( …) 
Pessoas paravam, espantadas ou rindo, na chuvinha miudinha que tombava – como 
Eça teria podido escrever… À tarde, no Camões, achei o velho Manta abanando a 
cabeça, com uma emoção antiga ( …) (Vítor Magalhães Godinho, realística e 
desencantadamente, lembrou em Outubro), “num tão longo regime totalitário, quer 
se queira quer não, todos estiveram comprometidos”. 
in, FRANÇA, José-Augusto, Memórias para o ano 2000, Livros Horizonte, Lisboa, 
s/d. 
1 –Neste relato, de J. Augusto França, marca com uma cruz as frases onde ocorrem verbos que explicitamente 
referem actos de fala/actos ilocutórios. 
- O telefone acordou-me.  
- Ouvi as transmissões (…) a comunicarem para o comandante.  
- Era a minha mãe a dizer-me que …  
- A minha mãe fez-me prometer que …  
- Ouvi a Mahité a rir-se.  
- O general interrogava: E no Rossio?  
- Andei com o Domingos Moura por ali.  
- Uma dama insultava Lindley Cintra.  
- V.M Godinho lembrou em Outubro.  
- À tarde achei o velho Manta.  
2 – Considera os enunciados apresentados na coluna A e retirados do texto que acabaste de ler. 
______________________________________________________________________________________________________________________________________ 
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Escola Secundária de Albufeira Disciplina de Português 
______________________________________________________________________________________________________________________________________ 
A B C D 
1 – “era minha mãe, aflita e em voz 
baixa, como se fosse um terrível 
segredo, a dizer-me que havia uma 
revolução. (…)” 
2 – “fez-me prometer-lhe que não saía 
de casa.” 
3 – “eu tinha dito, com imensa 
seriedade histórica: “É a revolução do 
25 de Abril”. (…)” 
4 – “E no Rossio? Interrogava o 
general. (…)” 
5 – “Encontrámos o Lindley Cintra que 
uma dama insultava, histérica” 
6 - “(Vítor Magalhães Godinho, 
realística e desencantadamente, 
lembrou em Outubro), “num tão longo 
regime totalitário, quer se queira quer 
não, todos estiveram comprometidos”. 
2.1 - Escreve em discurso directo, na coluna B, os enunciados que realizam os actos de fala/ actos ilocutórios 
referidos pelos verbos sublinhados. 
2.2 – Identifica, na coluna C, os objectivos ilocutórios de cada enunciado produzido em B. 
2.3 – Classifica, na coluna D, os actos ilocutórios resultantes do exercício que fizeste em 3.1. 
3 – Faz corresponder a cada frase, o tipo de acto ilocutório que ela realiza. 
FRASES TIPOLOGIA DOS ACTOS ILOCUTÓRIOS 
1 – Espera-me no fim do comício, no café da 
esquina. 
A - Compromissivo 
2 – Ah, emoção das emoções! Ah, como me 
congratulo por ter vivido até ver este dia! 
B - Assertivo 
3 – Declaro o recolher obrigatório a partir das 
21.00 horas. 
C - Directivo 
4 – Então não concordas comigo? O 25 de Abril 
não foi a maior alegria da tua vida? 
D - Expressivo 
5 – Andei com o Domingos Moura pela cidade. E - Declarativo 
4 – Considera a frase: À tarde, no Camões, achei o velho Manta abanando a cabeça, com uma emoção antiga ( 
…) ( linhas 15 e 16). 
Redige o enunciado que podia ter sido produzido por Abel Manta, como um acto de fala/ilocutório 
expressivo._______________________________________________________________________ 
5 - Imagina uma situação de comunicação em que ocorram actos ilocutórios assertivos, compromissivos e 
declarativos. 
________________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________________ 
________________________________________________________________________________________ 
________________________________________________________________________________________ 
Bom trabalho! 
______________________________________________________________________________________________________________________________________ 
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Escola Secundária de Albufeira Disciplina de Português 
______________________________________________________________________________________________________________________________________ 
COTAÇÕES 
1 2.1 2.2 2.3 3 4 5 
30 pontos 28(7x4)pontos 28(7x4)pontos 21(7x3)pontos 25(5x5)pontos 15 pontos 53 pontos 
******************************************** 
Já agora… e porque o saber não ocupa lugar, aqui vão algumas informações sobre o autor e o livro donde 
foi retirado o texto que leste na primeira página. 
José-Augusto França, ensaísta e professor universitário 
português ( 1922 …). Estudou Ciências Histórico-Filosóficas 
em Lisboa, doutorando-se, em 1962, em História e, em 1969, 
em Letras e Ciências Humanas pela Sorbonne. Durante os 
anos 50, dirigiu a revista Unicórnio e “A Galeria de Março”. 
Nos anos 60, em França, colaborou com crítica regular na 
revista Art d'Aujourd'hui. Director, desde 1970, da revista 
Colóquio/Artes, editada pela Fundação Calouste Gulbenkian, 
foi, também, professor na Sociedade Nacional de Belas-Artes 
Ficou conhecido, sobretudo, pelo seu trabalho de ensaísta e 
crítico de arte. Escreveu ficção, teatro, colaborou no Jornal 
de Letras (…) e escreveu obras de ensaio. 
In, www.universal.pt 
«Há uma dúzia de anos pôs-se o autor a pensar 
escrever estas memórias – e foi a partir do título que 
achou e lhe forneceu prazo: «para o ano 2000». (…) 
Factos e não só opiniões nas Memórias para o Ano 
2000, história vivida por José-Augusto França (...) 
num país em que poucos escrevem memórias, este 
livro é (...) um documento relevante para se 
historiarem as coisas portuguesas da cultura na 
segunda metade do século XX. 
Jorge Leitão Ramos in «Cartaz» (Expresso) de 
17/02/2001 
______________________________________________________________________________________________________________________________________ 
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______________________________________________________________________________________________________________________________________ 
Soluções previstas 
ESCOLA SECUNDÁRIA DE ALBUFEIRA 
PROPOSTA DE CORRECÇÃO DA OFICINA DE ESCRITA - FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA 
PRAGMÁTICA E LINGUÍSTICA TEXTUAL (Tipologia dos actos ilocutórios) 
PORTUGUÊS 10º ANO Professora Fernanda Lamy 
Confronta esta proposta de correcção com as respostas que deste às questões da oficina de escrita. 
1 – comunicarem, dizer, prometer, interrogava, insultava, lembrou. 
2.1 – Frase 1 - “Há uma revolução.” 
Frase 2 – “Promete-me que não sais de casa.” 
Frase 3 – “É a Revolução do 25 de Abril”. 
Frase 4 – “E no Rossio?” 
Frase 5 – “ Seu malvado! Desgraçado! Canalha!” 
Frase 6 – “num tão longo regime totalitário, quer se queira quer não, todos estiveram comprometidos”. 
2.2 – Frase 1 – Informar sobre algo verídico e real, que aconteceu de verdade e no qual se acredita como tal. 
Frase 2 – Comprometer o interlocutor a realizar algo. 
Frase 3 - Informar sobre algo verídico e real, que aconteceu de verdade e no qual se acredita como tal. 
Frase 4 – Perguntar algo ao interlocutor para obter uma resposta. 
Frase 5 – Expressar a emotividade do locutor. 
Frase 6 - Informar sobre algo verídico e real, que aconteceu de verdade e no qual se acredita como tal. 
2.3 – Frase 1 - Acto ilocutório assertivo. 
Frase 2 – Acto ilocutório compromissivo. 
Frase 3 – Acto ilocutório assertivo. 
Frase 4 – Acto ilocutório directivo. 
Frase 5 – Acto ilocutório expressivo. 
Frase 6 – Acto ilocutório assertivo. 
3 
FRASES TIPOLOGIA DOS ACTOS ILOCUTÓRIOS 
1 – Vou ao café da esquina no fim do comício . A - Compromissivo 
2 – Ah, emoção das emoções! Ah, como me 
B - Assertivo 
congratulo por ter vivido até ver este dia! 
3 – Declaro o recolher obrigatório a partir das 
21.00 horas. 
C - Directivo 
4 – Então não concordas comigo? O 25 de Abril 
não foi a maior alegria da tua vida? 
D - Expressivo 
5 – Andei com o Domingos Moura pela cidade. E - Declarativo 
4 – Resposta livre, do tipo: 
- Oh, que emoção viver este dia! 
- Que alegria! Que felicidade! 
- É o que de melhor me podia acontecer! 
6 – Resposta livre, mas a situação apresentada convém ser passada num tribunal, ou num casamento, ou num 
baptizado… 
______________________________________________________________________________________________________________________________________ 
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  • 1. ESCOLA SECUNDÁRIA DE ALBUFEIRA FICHA INFORMATIVA – FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA PRAGMÁTICA E LINGUÍSTICA TEXTUAL – Tipologia dos actos ilocutórios PORTUGUÊS 10º ANO PROF. Fernanda Lamy As palavras e a linguagem têm um enorme poder nas nossas vidas, uma vez que, quando comunicamos, interagimos com os outros, não nos limitamos simplesmente a dizer/falar algo. Na maior parte das situações comunicativas, há determinados objectivos precisos nos nossos actos de fala/ actos ilocutórios. Os enunciados podem servir para emitir juízos, expressar emoções, levar os outros a fazerem algo, legitimar a realidade ou, até, criar realidade nova. A linguagem tem, assim, uma função social. Especifiquemos, então, estes aspectos. 1 - Atenta nos enunciados seguintes: i. Comprei bilhete para Paris. ii. Queres acompanhar-me? iii. Concordo com a tua opinião. iv. Não te esqueças de comprar o leite! v. Asseguro-te que amanhã te envio os resultados. vi. Que bela manhã de Primavera! vii. Agradeço-te sinceramente o apoio que me deste. viii. Eu te baptizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 2 – Se procurarmos entender a intenção de cada locutor ao usar a linguagem, facilmente chegaremos às conclusões seguintes: FRASES OBJECTIVOS DOS ACTOS ILOCUTÓRIOS i e iii O locutor informa sobre algo verídico (i)/ acredita na verdade do que afirma (iii) ii e iv O locutor quer que o interlocutor realize uma acção: neste caso responda a um pedido (ii) e cumpra uma ordem (iv) v O locutor compromete-se com a realização da acção ( enviar os resultados) vi e vii O locutor exprime estados psicológicos através do enunciado proferido: deslumbramento relativamente à manhã (vi) e agrado/reconhecimento pelo apoio manifestado (vii) viii O locutor validar/legitima uma determinada situação (neste caso um baptismo) 3 – Em conclusão: Actos ilocutórios «Acto linguístico que o falante realiza quando, em determinado contexto comunicativo, profere um enunciado, sob certas condições e com certas intenções. (…) falar é realizar actos de acordo com certas regras, i. e., ao pronunciar determinada frase, em contexto específico, o falante executa, implícita ou explicitamente, actos como «afirmar», «avisar», «ordenar», «perguntar», «pedir», prometer», «objectar», «criticar», verbos que denotam explicitamente actos de fala (…) » (In, Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário) ______________________________________________________________________________________________________________________________________ Ficha informativa de Funcionamento da Língua: Pragmática Página 1 de 7
  • 2. Escola Secundária de Albufeira Disciplina de Português ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 4 - Assim, será possível apresentar um quadro com a TIPOLOGIA DOS ACTOS ILOCUTÓRIOS: ACTOS ILOCUTÓRIOS OBJECTIVO ILOCUTÓRIO (1) EXEMPLOS E (2)REALIZAÇÃO LINGUÍSTICA ASSERTIVOS Expressar a relação entre o locutor e a verdade do enunciado (o locutor acredita que aquilo que diz é verdade, mas a sua asserção pode ser submetida ao teste do verdadeiro ou falso). (1) i Comprei bilhete para Paris. iii Concordo com a tua opinião. (2) Verbos declarativos e de actividade mental: Afirmar, negar, informar, descrever, concordar, discordar, responder, aceitar, achar, acreditar, considerar, entender… DIRECTIVOS Tentar que o interlocutor realize o acto verbal ou não verbal referido no enunciado pelo locutor. (1) ii Queres acompanhar-me? iv Não te esqueças de comprar o leite! (2) Expressão de ordens, conselhos, pedidos, sugestões, avisos, instruções… sobretudo através de: X verbos como perguntar, permitir, ordenar, aconselhar, pedir, desafiar, avisar, exigir, implorar, atrever-se a, mandar, convidar, ordenar, proibir… X frases dos tipos imperativo e interrogativo COMPROMISSIVOS Comprometer o locutor a realizar, no futuro, o acto expresso no enunciado. Enquanto os actos directivos colocam o interlocutor sob uma obrigação, os compromissivos exercem essa obrigatoriedade sobre o locutor. (1) v Asseguro-te que amanhã te envio os resultados. (2) XVerbos compromissivos: assegurar, jurar, tencionar, apostar, comprometer-se, afiançar, tencionar, prometer, garantir…; X Expressões elípticas com valor ilocutório compromissivo: “Aqui às 8 horas.”…; X Frases simples no futuro do indicativo ou seus substitutos, como o presente do indicativo: “Eu vou lá.”…; X Frases complexas do tipo condição-consequência (quando esta última implica o comprometimento do locutor): “Se não vieres, não almoço.”…; X Fórmulas de despedida ( que impliquem comprometimentos): “Até logo.”…; ______________________________________________________________________________________________________________________________________ Ficha informativa de Funcionamento da Língua: Pragmática Página 2 de 7
  • 3. Escola Secundária de Albufeira Disciplina de Português ______________________________________________________________________________________________________________________________________ EXPRESSIVOS Exprimir o estado psicológico do locutor em relação a uma situação, a uma realidade. (1) vi Que bela manhã de Primavera! vii Agradeço-te sinceramente o apoio que me deste. (2) X Verbos expressivos: agradecer, lamentar, congratular-se, dar boas-vindas, pedir desculpa, apresentar condolências, deplorar, repudiar, felicitar…; X Verbos modalizados por advérbios: Acho mal/bem…; X Expressões exclamativas com adjectivos valorativos, advérbios e verbos afectivos: “Gosto tanto desta música!”… DECLARATIVOS Alterar uma realidade, através do próprio enunciado, graças ao poder/autoridade institucional ou individual do locutor. (1) viii Eu te baptizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. (2) X Despedimentos, abertura/fecho de sessões, fórmulas de matrimónio, baptismo: “A sessão está aberta.” …; X Verbos como declarar, nomear… Documentos de referência: • DUARTE, Inês, 2000, Língua Portuguesa, Instrumentos de Análise, Lisboa, Universidade Aberta. • MATEUS, Maria Helena Mateus e outros, ( 1989), apresentado em CARDOSO, Ana Maria e outros, Das palavras aos actos, Língua Portuguesa, 10º ano, Porto, Areal, 2003. ______________________________________________________________________________________________________________________________________ Ficha informativa de Funcionamento da Língua: Pragmática Página 3 de 7
  • 4. Escola Secundária de Albufeira Disciplina de Português ______________________________________________________________________________________________________________________________________ Ficha de trabalho ESCOLA SECUNDÁRIA DE ALBUFEIRA OFICINA DE ESCRITA – FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA PRAGMÁTICA E LINGUÍSTICA TEXTUAL – Tipologia dos actos ilocutórios PORTUGUÊS 10º ANO PROF. FERNANDA LAMY ALUNO ____________________________ ANO _____ TURMA ______ Nº ______ Lê com atenção o excerto que te é apresentado a seguir. 1 5 10 15 MINUTOS antes das sete horas daquele dia de Abril de 1974, o telefone acordou-me: era minha mãe, aflita e em voz baixa, como se fosse um terrível segredo, a dizer-me que havia uma revolução. (…) fez-me prometer-lhe que não saía de casa. (…) Fui, em pijama, até à janela aberta sobre o rio ainda cinzento de bruma, com o Palácio de S. Bento em baixo, adormecido na sua triste sorte antes de outra haver. Ouvi então a Mahité a rir-se nas minhas costas – porque eu tinha dito, com imensa seriedade histórica: “É a revolução do 25 de Abril”. (…) voltei a ouvir em casa as notícias excitadas da rádio – e as transmissões das forças fiéis, apanhadas em grande surpresa e susto, a comunicarem para um comandante tido como chefe das operações (…) E no Rossio? Interrogava o general. (…) Era preciso mandar um avião bombardear (…) Andei com o Domingos Moura por ali, até à Baixa pejada de gente. Encontrámos o Lindley Cintra que uma dama insultava, histérica e filha de gerarca deposto ( …) Pessoas paravam, espantadas ou rindo, na chuvinha miudinha que tombava – como Eça teria podido escrever… À tarde, no Camões, achei o velho Manta abanando a cabeça, com uma emoção antiga ( …) (Vítor Magalhães Godinho, realística e desencantadamente, lembrou em Outubro), “num tão longo regime totalitário, quer se queira quer não, todos estiveram comprometidos”. in, FRANÇA, José-Augusto, Memórias para o ano 2000, Livros Horizonte, Lisboa, s/d. 1 –Neste relato, de J. Augusto França, marca com uma cruz as frases onde ocorrem verbos que explicitamente referem actos de fala/actos ilocutórios. - O telefone acordou-me. - Ouvi as transmissões (…) a comunicarem para o comandante. - Era a minha mãe a dizer-me que … - A minha mãe fez-me prometer que … - Ouvi a Mahité a rir-se. - O general interrogava: E no Rossio? - Andei com o Domingos Moura por ali. - Uma dama insultava Lindley Cintra. - V.M Godinho lembrou em Outubro. - À tarde achei o velho Manta. 2 – Considera os enunciados apresentados na coluna A e retirados do texto que acabaste de ler. ______________________________________________________________________________________________________________________________________ Ficha informativa de Funcionamento da Língua: Pragmática Página 4 de 7
  • 5. Escola Secundária de Albufeira Disciplina de Português ______________________________________________________________________________________________________________________________________ A B C D 1 – “era minha mãe, aflita e em voz baixa, como se fosse um terrível segredo, a dizer-me que havia uma revolução. (…)” 2 – “fez-me prometer-lhe que não saía de casa.” 3 – “eu tinha dito, com imensa seriedade histórica: “É a revolução do 25 de Abril”. (…)” 4 – “E no Rossio? Interrogava o general. (…)” 5 – “Encontrámos o Lindley Cintra que uma dama insultava, histérica” 6 - “(Vítor Magalhães Godinho, realística e desencantadamente, lembrou em Outubro), “num tão longo regime totalitário, quer se queira quer não, todos estiveram comprometidos”. 2.1 - Escreve em discurso directo, na coluna B, os enunciados que realizam os actos de fala/ actos ilocutórios referidos pelos verbos sublinhados. 2.2 – Identifica, na coluna C, os objectivos ilocutórios de cada enunciado produzido em B. 2.3 – Classifica, na coluna D, os actos ilocutórios resultantes do exercício que fizeste em 3.1. 3 – Faz corresponder a cada frase, o tipo de acto ilocutório que ela realiza. FRASES TIPOLOGIA DOS ACTOS ILOCUTÓRIOS 1 – Espera-me no fim do comício, no café da esquina. A - Compromissivo 2 – Ah, emoção das emoções! Ah, como me congratulo por ter vivido até ver este dia! B - Assertivo 3 – Declaro o recolher obrigatório a partir das 21.00 horas. C - Directivo 4 – Então não concordas comigo? O 25 de Abril não foi a maior alegria da tua vida? D - Expressivo 5 – Andei com o Domingos Moura pela cidade. E - Declarativo 4 – Considera a frase: À tarde, no Camões, achei o velho Manta abanando a cabeça, com uma emoção antiga ( …) ( linhas 15 e 16). Redige o enunciado que podia ter sido produzido por Abel Manta, como um acto de fala/ilocutório expressivo._______________________________________________________________________ 5 - Imagina uma situação de comunicação em que ocorram actos ilocutórios assertivos, compromissivos e declarativos. ________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ Bom trabalho! ______________________________________________________________________________________________________________________________________ Ficha informativa de Funcionamento da Língua: Pragmática Página 5 de 7
  • 6. Escola Secundária de Albufeira Disciplina de Português ______________________________________________________________________________________________________________________________________ COTAÇÕES 1 2.1 2.2 2.3 3 4 5 30 pontos 28(7x4)pontos 28(7x4)pontos 21(7x3)pontos 25(5x5)pontos 15 pontos 53 pontos ******************************************** Já agora… e porque o saber não ocupa lugar, aqui vão algumas informações sobre o autor e o livro donde foi retirado o texto que leste na primeira página. José-Augusto França, ensaísta e professor universitário português ( 1922 …). Estudou Ciências Histórico-Filosóficas em Lisboa, doutorando-se, em 1962, em História e, em 1969, em Letras e Ciências Humanas pela Sorbonne. Durante os anos 50, dirigiu a revista Unicórnio e “A Galeria de Março”. Nos anos 60, em França, colaborou com crítica regular na revista Art d'Aujourd'hui. Director, desde 1970, da revista Colóquio/Artes, editada pela Fundação Calouste Gulbenkian, foi, também, professor na Sociedade Nacional de Belas-Artes Ficou conhecido, sobretudo, pelo seu trabalho de ensaísta e crítico de arte. Escreveu ficção, teatro, colaborou no Jornal de Letras (…) e escreveu obras de ensaio. In, www.universal.pt «Há uma dúzia de anos pôs-se o autor a pensar escrever estas memórias – e foi a partir do título que achou e lhe forneceu prazo: «para o ano 2000». (…) Factos e não só opiniões nas Memórias para o Ano 2000, história vivida por José-Augusto França (...) num país em que poucos escrevem memórias, este livro é (...) um documento relevante para se historiarem as coisas portuguesas da cultura na segunda metade do século XX. Jorge Leitão Ramos in «Cartaz» (Expresso) de 17/02/2001 ______________________________________________________________________________________________________________________________________ Ficha informativa de Funcionamento da Língua: Pragmática Página 6 de 7
  • 7. Escola Secundária de Albufeira Disciplina de Português ______________________________________________________________________________________________________________________________________ Soluções previstas ESCOLA SECUNDÁRIA DE ALBUFEIRA PROPOSTA DE CORRECÇÃO DA OFICINA DE ESCRITA - FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA PRAGMÁTICA E LINGUÍSTICA TEXTUAL (Tipologia dos actos ilocutórios) PORTUGUÊS 10º ANO Professora Fernanda Lamy Confronta esta proposta de correcção com as respostas que deste às questões da oficina de escrita. 1 – comunicarem, dizer, prometer, interrogava, insultava, lembrou. 2.1 – Frase 1 - “Há uma revolução.” Frase 2 – “Promete-me que não sais de casa.” Frase 3 – “É a Revolução do 25 de Abril”. Frase 4 – “E no Rossio?” Frase 5 – “ Seu malvado! Desgraçado! Canalha!” Frase 6 – “num tão longo regime totalitário, quer se queira quer não, todos estiveram comprometidos”. 2.2 – Frase 1 – Informar sobre algo verídico e real, que aconteceu de verdade e no qual se acredita como tal. Frase 2 – Comprometer o interlocutor a realizar algo. Frase 3 - Informar sobre algo verídico e real, que aconteceu de verdade e no qual se acredita como tal. Frase 4 – Perguntar algo ao interlocutor para obter uma resposta. Frase 5 – Expressar a emotividade do locutor. Frase 6 - Informar sobre algo verídico e real, que aconteceu de verdade e no qual se acredita como tal. 2.3 – Frase 1 - Acto ilocutório assertivo. Frase 2 – Acto ilocutório compromissivo. Frase 3 – Acto ilocutório assertivo. Frase 4 – Acto ilocutório directivo. Frase 5 – Acto ilocutório expressivo. Frase 6 – Acto ilocutório assertivo. 3 FRASES TIPOLOGIA DOS ACTOS ILOCUTÓRIOS 1 – Vou ao café da esquina no fim do comício . A - Compromissivo 2 – Ah, emoção das emoções! Ah, como me B - Assertivo congratulo por ter vivido até ver este dia! 3 – Declaro o recolher obrigatório a partir das 21.00 horas. C - Directivo 4 – Então não concordas comigo? O 25 de Abril não foi a maior alegria da tua vida? D - Expressivo 5 – Andei com o Domingos Moura pela cidade. E - Declarativo 4 – Resposta livre, do tipo: - Oh, que emoção viver este dia! - Que alegria! Que felicidade! - É o que de melhor me podia acontecer! 6 – Resposta livre, mas a situação apresentada convém ser passada num tribunal, ou num casamento, ou num baptizado… ______________________________________________________________________________________________________________________________________ Ficha informativa de Funcionamento da Língua: Pragmática Página 7 de 7