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EOMA - ESCOLA ORIENTAL DE MASSAGEM E ACUPUNTURA
Adriana Sayuri Tomiyoshi
TRANSIÇÃO DE
CARREIRA
São Paulo
2016
EOMA - ESCOLA ORIENTAL DE MASSAGEM E ACUPUNTURA
Adriana Sayuri Tomiyoshi
TRANSIÇÃO DE
CARREIRA
“O trabalho de Finalização requerido pela matéria de
Técnicas Terapêuticas do curso técnico em Massoterapia tem
como objetivo representar o resultado de um estudo. (...) Traz
como proposta uma formação profissional pautada na
interação da teoria com a prática, em um ensino reflexivo,
baseado no processo de reflexão na ação, ou seja, um ensino
cujo aprender por meio do fazer seja privilegiado.”
Sob orientação do Professor Edinei Manojo.
São Paulo
2016
1
EOMA - ESCOLA ORIENTAL DE MASSAGEM E ACUPUNTURA
Adriana Sayuri Tomiyoshi
TRANSIÇÃO DE
CARREIRA
“O trabalho de Finalização requerido pela matéria de
Técnicas Terapêuticas do curso técnico em Massoterapia tem
como objetivo representar o resultado de um estudo. (...) Traz
como proposta uma formação profissional pautada na
interação da teoria com a prática, em um ensino reflexivo,
baseado no processo de reflexão na ação, ou seja, um ensino
cujo aprender por meio do fazer seja privilegiado.”
Sob orientação do Professor Edinei Manojo.
Nota: _________ Assinatura: ________________
São Paulo
2016
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REGISTRO DE COMENTÁRIOS DE AVALIAÇÃO
◇ ◇ ◇
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DEDICATÓRIA
◇ ◇ ◇
Dedico a todos os gestores de todas as corporações que fiz parte, que me formaram
e incentivaram - ainda que inconscientemente - para que eu continuasse fazendo
meu caminho o mais divertido e produtivo possível.
4
AGRADECIMENTOS
◇ ◇ ◇
Gratidão aos colegas de classe que se tornaram uma família e a melhor companhia
de todas as minhas noites durante esses dois anos de curso.
Ao meu noivo incrível, família e amigos, que sempre me apoiaram e incentivaram
a continuar buscando o que acredito.
Gratidão a todos os clientes e pacientes que já passaram por mim e me ensinaram
um pouquinho a mais, a todo momento.
A todos os Mestres da EOMA, que se esforçam todas as noites para compartilharem
conhecimento, vivências e histórias.
E principalmente ao Mestre Edinei Manojo, que admiro por sua competência e por
me acompanhar nesta etapa final do curso, mas do início de uma nova carreira.
5
SUMÁRIO
◇ ◇ ◇
INTRODUÇÃO​ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
CAPÍTULO 1
O que é Carreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Construção de Carreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
CAPÍTULO 2
As Fases da Carreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Infância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Adolescência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Jovem Adulto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Maturidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Pós-carreira e Aposentadoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
6
CAPÍTULO 3
Transições de Carreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Estados de Exceção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
CAPÍTULO 4
Carreira Massoterapia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Objetivos e Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Questionário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
CONCLUSÃO​ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS​ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
ORIENTADOR​ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
7
INTRODUÇÃO
◇ ◇ ◇
TRANSIÇÃO DE CARREIRA
“Sou a única pessoa no mundo que eu realmente queria conhecer bem.”
~ Oscar Wilde
Este projeto é parte avaliativa da disciplina Técnicas Terapêuticas
ministrada pelo Professor Edinei Manojo e tem como objetivo inspirar os
futuros massoterapeutas que ingressam na Escola Oriental de Massagem e
Acupuntura (EOMA) e que desejam desenvolver nova carreira. O tema
explorado é "Transição de Carreira" e em todo o desenvolvimento do
estudo, não há indicação de caminho certo ou errado. Pelo contrário,
estimula-se que cada um experimente seus próprios questionamentos,
aproveitando-se das dicas aqui presentes de como fazer a travessia ou
modificá-la à sua maneira.
A ideia de criar um projeto que trata da transição de carreira surgiu
da minha própria experiência, uma realidade que venho enfrentando há
aproximadamente três anos. Digo três anos porque foi o período que iniciei
a transição em si, mas foi em 2009 quando senti que já era hora de dar um
novo rumo à minha carreira.
Sou graduada em Publicidade e Propaganda, e sempre me desenvolvi
em empresas multinacionais, estando imersa no Departamento Comercial,
onde a dinâmica de trabalho me permitiu ser criativa e estratégica ao
8
desenvolver produtos e projetos comerciais para grandes marcas e agências
de publicidade do país.
Em 2009, a internet e as redes sociais se consolidavam e, vendo as
oportunidades surgirem, decidi me especializar em Gestão de Projetos
Digitais. O que mais me chamava a atenção no ambiente digital era a nova
maneira de relacionamento que surgia com a consolidação do Twitter e
Facebook. Tudo era uma grande novidade e um grande mistério, e eu quis
entender mais sobre o backstage das novas plataformas de mídia que
surgiam.
E por querer tanto entender esta relação homem e máquina, e
homem e homem, através de uma máquina, que comecei a questionar a
minha carreira. Sentia que, de alguma forma, havia algo dentro de mim
que exigia uma carreira "mais humanizada". Eu não entendia o que isso
significava, mas fui atrás de algumas respostas.
Em 2010 iniciei em um grupo internacional de canais de TV por
assinatura, mas na área de digital. Fui contratada para consolidar o novo
departamento, então desenvolvi desde processos até equipe, sendo
responsável pela gestão de mais duas pessoas e ponte entre os escritórios
regionais da América Latina e Estados Unidos.
Eu achava que "humanizar" a carreira seria algo mais nesse sentido
de trabalhar com culturas diferentes, desenvolver pessoas e incentivá-las a
novas habilidades. Neste sentido, eu tinha contato com gente de Miami,
México, Estados Unidos, mas, ainda que meu trabalho fosse reconhecido,
eu me sentia insatisfeita. Sentia que não era esse o sentido "humano" que
eu tanto buscava.
Nesta época, eu vivia um conflito familiar que, acredito, tenha sido o
estopim para a minha revolução pessoal. Para enfrentar esse desafio,
9
iniciei um acompanhamento psicológico e passei a cuidar mais do meu lado
espiritual. Levou-se um tempo, mas tudo começou a se transformar dentro
de mim, e eu comecei a enxergar a vida de um modo mais simples. E
mesmo que tivesse uma vida muito boa e independente, eu estava infeliz.
Eu estava abaixo do meu peso normal e lutando contra um quadro
depressivo.
Na mesma empresa, e em função do reconhecimento do meu
trabalho, fui promovida e agora seria a responsável pelo faturamento
digital da empresa. Eu sairia do backstage e iria para a linha de frente em
vendas. Aceitei o desafio, pois continuava buscando o fator "humano" na
minha carreira. Fazia 3 ou 4 reuniões por dia com clientes, além das
reuniões internas de equipe. Conheci muita gente, reencontrei várias
outras pessoas... e mesmo rodeada de gente, me sentia uma estranha neste
mundo corporativo.
A revolução pessoal agora emergia para o âmbito profissional.
E, naturalmente, minha carreira sofreu desapegos. Sentia que tinha
muito peso na minha mochilinha de vida, e cuidadosamente fui analisando
uma a uma para ter certeza do descarte e - surpreendentemente - eu
percebi que podia viver sem muitas coisas, e percebia que vivia até melhor.
Então passei a experimentar.
Em 2014 foi o ano que fiz cursos e aulas, buscava algo que pudesse
completar a lacuna “hobby” da minha vida, até o dia que me inscrevi para
um curso livre de massagem ayurvédica e adorei. Para me certificar, teria
que cumprir algumas horas de atendimento prático.
Em um domingo, lá estava eu vestida de branco e me preparando
para o meu primeiro atendimento com massagem. Eu só me vestia toda de
10
branco no Réveillon, mas neste dia eu me olhei no espelho e eu mesma me
arranquei um sorriso. Eu gostava do que via.
Apesar do nervosismo no início do dia, o desenrolar foi cheio de
satisfação, experimentava novamente essa sensação que há muito tempo
havia se perdido dentro de mim. Recebia um paciente de um jeito e o via
sair de outro: completamente relaxado e com o semblante sereno.
Então foi aí que eu entendi onde estava o fator humano que me
chamava desde 2009.
Não tive dúvidas em buscar um curso profissionalizante, e acabei me
matriculando na EOMA. Na época, em 2015, eu planejava mudar
completamente de carreira em 5 anos.
Hoje, Publicidade e Marketing virou meu hobby, e Massoterapia, que
era apenas um projeto a médio prazo, virou meu job.
O que eram 5 anos se reduziram a menos da metade, e não julgo
como mérito ou mal planejamento. Pelo contrário, aprendi que a
consolidação de uma nova carreira tem mais a ver com os aprendizados, as
oportunidades e, principalmente, o saber lidar com o improviso.
O que se apresenta neste projeto é o método desenvolvido pela coach
e psicóloga Mariá Giuliese, a partir de suas vivências em clínica e em
workshops que realizava para compartilhar conhecimento. Giuliese
observou seus clientes que desejavam (ou eram obrigados) a remanejar a
jornada profissional, e concluiu que o ponto convergente de toda transição
de carreira é uma transformação interna que vai se ajustando à realidade
externa até que ambas se igualam em importância e realidade.
11
Não existe caminho certo para o sucesso, pois cada um sabe do
objetivo almejado, tamanho e firmeza de seus próprios passos. Por isso, o
intuito deste projeto é inspirar e encorajar quem deseja realizar esta
travessia na carreira de Massoterapeuta.
Espero que, mais do que estimular a reflexão, que cada futuro
Massoterapeuta sinta-se capaz e confiante de planejar seu caminho,
conhecendo-se e adotando medidas estratégicas que lhe possibilitem
alcançar seu objetivo.
Desejo sucesso a todos :)
Adriana Sayuri
12
◇ ◇ ◇ ​1​ ◇ ◇ ◇
O QUE É CARREIRA?
Por “carreira”, entende-se o caminho a ser seguido para se
desenvolver aptidões, que contribuam com crescimento e ascensão nos
campos profissionais e pessoais. É o que nos permite desenvolver as
técnicas que estudamos, mas também nos desenvolve nas aptidões
pessoais de convivência e relacionamento com diferentes pessoas e
organizações.
Para entender “carreira”, torna-se importante, primeiro, definir e
diferenciar “vocação” e “profissão”.
Entende-se por “vocação” o propósito de vida do indivíduo, como se
fosse o “chamado interno” para a realização de algo maior que vise o bem
13
comum de todos, ou sua grande maioria. “Profissão” é um conjunto de
ofícios e saberes que se acumulam ao longo da vida. Assim, definimos
“carreira” como o caminho escolhido pelo indivíduo e que compreende
suas vocações e profissões.
Por isso, quando falamos de “carreira”, falamos sobre as nossas
características pessoais: vocações, sonhos, talentos, projeções... mas ainda
assim, tudo isso de acordo com a realização de um trabalho, função e
responsabilidade. A carreira ideal é aquela que converge vocações e
interesses com crescimento e aperfeiçoamento de habilidades
profissionais.
A carreira ideal existe, e para que exista, é necessário que esteja
sempre em constante transformação. Esta condição apenas existe porque
nossas vocações e interesses também seguem este mesmo movimento.
Então, para uma carreira de sucesso, é requerido muito mais do que
status, poder ou posição social. Basta, apenas, saber alinhar os desejos
pessoais com as realizações profissionais.
Mas como fazer isso?
Entender do quê somos formados, incluindo aí não somente nosso
desenvolvimento físico e emocional, mas também os interesses e vocações,
é parte do caminho que se chama “autoconhecimento”.
Nossa formação fisiológica e psicológica se desenvolve a partir dos
estímulos do ambiente e das pessoas que nos cerca. Enquanto a parte
fisiológica nos dá características parecidas, a hereditariedade, a formação
psicológica também sofre influência, mas nem sempre são percebidas ou se
deixam aflorar.
14
◇ ◇ ◇
“Na gestação, tem-se o contato com o meio, representado pelo útero materno; a
partir do nascimento, surge o ambiente externo em que o bebê se desenvolverá.
Desde sua concepção, portanto, o ser humano começa a construir sua relação
consigo mesmo e com as pessoas envolvidas no seu processo de crescimento, sob
a influência dos fatores da sua espécie e da cultura em que está inserido”.
(GIULIESE, Mariá)
◇ ◇ ◇
Quando deixamos o útero de nossa mãe, passamos a experimentar
um mundo exterior, e cada pessoa que nos rodeia contribui com uma
realidade interior muito própria, que contém os pensamentos e os
sentimentos de cada um a respeito de si próprio, das demais pessoas, e da
realidade que o cerca.
E isso é muito subjetivo, pois cada um interpreta o mesmo mundo
exterior de diferentes maneiras.
A relação de dependência mãe-filho gera uma nova fase de
amadurecimento: a fase das relações. Nesta fase, o bebê precisa de um
ambiente que lhe permita definir sua relação com os outros, e estas
relações têm três objetivos: apoio, presença e confiabilidade. No início, a
mãe proporciona todos esses critérios, e conforme vamos nos auto
percebendo, a relação se torna menos dependente e abrem-se mais espaço
para outras relações: pai, irmãos, família, grupo social, etc.
Enfrentamos as frustrações e as faltas, e aprendemos a lidar com isso
preenchendo o vazio e criando. Ainda que sob as limitações do mundo
exterior, a realidade aponta a condição que a mente deve estar preparada
para os fatos externos. Isso possibilita o “vir a ser” de cada ser humano.
15
As frustrações também são importantes para nosso desenvolvimento
pois experimentamos uma relação de oscilações, ir e vir, união e desunião,
satisfação-frustração, prazer-desprazer, completude-incompletude, um
espaço entre a dependência absoluta e a dependência relativa. Aprende-se,
desde cedo, que a ideia de que “tudo pode e tudo consegue” não é verdade.
Para lidar com esta dor da separação da mãe, o bebê cria mecanismos
mentais para recuperar a experiência de união, completude e prazer. Esta
busca permanece durante toda a vida e parece se revelar nas escolhas
amorosas e até profissionais. Os mecanismos elegem objetos que remetam
à ideia da segurança da mãe, e com mais tempo “livre”, experimentamos
outras ilusões e desilusões.
Evoluímos para uma conduta que elege objetos transitórios, cuja
função é remodelar o significado simbólico que substitua a mãe.
Inicialmente pode ser a chupeta, ou o dedo, mas com o tempo eles se
tornam mais abstratos, como a música, amizade, religião, etc, sendo
atividades que estimulam o pensar e a experimentar.
Nessas experimentações e brincadeiras, desenvolvemos a área
mental do “criar”, e é neste espaço que arquivamos as experiências de
desilusão. E seguimos ainda mais curiosos, agora com as contribuições das
relações externas. Os pais exercem um papel importante pois eles facilitam
novos caminhos para as relações futuras.
O bebê é inserido em um novo meio social e, brincando, utiliza-se da
sua personalidade integral. Na adolescência percebemos claramente o
indivíduo se apoderando desta capacidade de um modo especial e se
posiciona de diferentes maneiras frente a uma só realidade. Na mesma
intensidade, a realidade se mostra mais dura, e somos estimulados a
16
compreender sobre obediência, subserviência, consumismo, e outras
relações.
Fica mais claro que o mundo apenas exige adaptação. Ainda assim,
adaptar-se não é submeter-se aos modelos e padrões que o mundo pode
nos induzir ou tentar estabelecer.
Assim como a impressão sobre o mundo exterior é relativa, a nossa
própria também o é. Por isso, se autoconhecer é um exercício diário.
Como qualquer jornada, os caminhos podem sofrer alterações e
surgem as transições de carreira. Este momento pode ser planejado ou
ocorrer abruptamente.
17
O QUE É CARREIRA?
◇ ◇ ◇
CONSTRUÇÃO DE CARREIRA
A construção da carreira é totalmente individual e pessoal, e sofre
muitas influências externas - como familiar, social, político, econômico.
Trata-se de fazer escolhas e representa nossa história passada e presente,
nossa realidade subjetiva, e nosso jeito de ser. Já a carreira futura, diz
respeito aos nossos sonhos e potencialidades.
Desta maneira, podemos dizer que uma carreira é composta por
nossas vocações de acordo com as demandas externas, como contexto
social e estímulos do mercado de trabalho.
Vocações e sonhos podem ser nossa carreira interna, pois diz
respeito ao nosso individual. Demandas externas podem ser nossa carreira
externa, pois diz respeito ao que nos envolve e transforma.
Paralelo à carreira do profissional, existem os “ciclos de vida na
organização”, que dizem respeito ao desenvolvimento do profissional
dentro de uma empresa. Trata-se de uma trajetória com começo, meio e
fim.
Co = Contratação
In = Integração
Cr = Crescimento e ápice
Cn = Conforto e Estabilidade
18
De = Declínio
Mo = Morte
Após a “morte”, ou a saída da empresa, parte-se para um novo
caminho, uma nova empresa, ou empreitada.
Independente do estágio de evolução da carreira, o objetivo do
profissional deve ser o de utilizar os ciclos na organização para promover a
evolução natural de sua carreira.
De acordo com Mariá Giuliesi, são três os objetivos das organizações
em relação aos profissionais que nela atuam:
1. Acelerar as transições de carreira para que o profissional cresça a
uma velocidade mais rápida;
2. Manter o profissional no estado de crescimento, o que garante à
empresa uma maior produtividade;
3. Reduzir o estado de estabilização do colaborador e identificar o início
do seu declínio para encurtar a duração de seus dois últimos estados,
pois são desinteressantes para a empresa e envolvem altos custos
para a organização
◇ ◇ ◇
“A carreira se constrói enquanto caminhamos, e quanto melhor nos parecer o
terreno, os guias que encontramos ao longo do percurso, nossa capacidade de
aprender com as experiências e nossa criatividade, melhor se tornará sua
estruturação” (GIULIESE, Mariá)
◇ ◇ ◇
19
Vivenciar cada fase de crescimento na organização permite uma
evolução rápida e consistente. Caso contrário, o profissional poderá sofrer
paralisia e alienação, mantendo-se imóvel até que alguma medida seja
tomada - promoção, transferência ou demissão.
Assim como acontece na maturação emocional, a maturação
profissional também exige compreensão, a fim de evitar patologias
psíquicas, conhecendo-se e curando-se em todos os âmbitos.
Uma carreira integrada caracteriza-se pela união da “carreira
interna” com a “carreira externa”.
A carreira interna trata mais da nossa realidade subjetiva, formada
por nossos sonhos, desejos e vontades que muitas vezes não contamos a
mais ninguém. Ela é formada a partir de um resgate de si mesmo,
vontades, aptidões e habilidades muitas vezes esquecidas.
A carreira externa fala do desejo do outro, de nossa necessidade em
pertencer a um grupo e ser aceito e, assim, satisfazer desejos de familiares,
20
amigos, professores, chefes. Ela é formada a partir das demandas do
mercado, impulsionado por processos econômicos e socioculturais.
Idealmente buscamos o equilíbrio entre ambas as carreiras,
potencializando as experiências de auto realização e satisfação pessoal,
além de melhor qualidade de vida e melhores resultados.
Ao colocarmos a carreira externa a serviço da interna, e vice-versa,
estamos justamente construindo a “carreira integrada”. Este movimento
de ir e vir, a alternância das realidades objetiva e subjetiva, a verdadeira
experiência de ser e de realizar. Tudo isso consequentemente provoca uma
evolução mais natural e saudável, garantindo prazer na realização de uma
atividade profissional verdadeiramente criativa e compatível com nossos
sonhos.
A carreira integrada atende às motivações de cada um e promove
crescimento pessoal e profissional, faz com habilidade, facilidade e muita
competência, gerando, necessariamente, melhor remuneração financeira,
reconhecimento e realização. É um dos meios para se obter momentos
duradouros de felicidade.
Uma carreira integrada pode ser construída desde o início da vida
profissional, ou a qualquer momento, desde que o indivíduo se sinta capaz
de perceber e valorizar vocações e interesses que emergem e precisam ser
utilizados, exigindo competências e experiências já desenvolvidas e outras
a desenvolver.
Muitas vezes, é possível colocar a carreira interna a serviço das
necessidades do mercado e construir um espaço ainda mais independente.
Utilizando-se, também, dos aprendizados na carreira externa, a chance de
um negócio de sucesso parece ainda mais viável.
21
No início da carreira, talvez por imaturidade e falta de experiência,
temos mais dificuldade em identificar nossos interesses e vocações.
Conforme estes ficam mais evidentes, naturalmente criam-se condições de
aperfeiçoamento e evolução. Quando desprezados, vivendo apenas em
função das demandas do mercado e da realidade externa, quebramos nossa
relação mais íntima com a aquisição de conhecimentos e experiências com
nossas vocações e interesses pessoais, o que nos provocará dor e
sofrimento mais tarde. O mesmo acontece quando apenas realizamos para
atender à nossa realidade interna, sem formatar e concretizar os sonhos
contidos em nossa carreira interna. Desta mesma forma, inviabiliza-se,
também, a criação de uma carreira integrada.
Construir a carreira é, portanto, construir a própria vida.
A carreira presente denota o jeito de ser de um profissional,
enquanto a futura carreira remete aos sonhos e às potencialidades
individuais. A trajetória delineada pertence ao mundo dos ideais e pode
mudar a qualquer momento. Por isso, o planejamento deve ser ajustado dia
a dia, à luz das realidades interna e externa que compõe o indivíduo.
22
◇ ◇ ◇ ​2​ ◇ ◇ ◇
AS FASES DA CARREIRA
Ao compreendermos cada fase que compõe o caminhar de uma
carreira, fica mais fácil identificar o desafio que poderá vir, bem como o
objetivo em enfrentar todas essas dificuldades.
A autora Mariá Giuliese propõe um novo olhar sobre a carreira,
correlacionando com o desenvolvimento humano. Desta forma, para a
autora, a carreira é composta pelas seguintes fases: infância, adolescência,
jovem adulto, maturidade e pós carreira.
23
DIAGRAMA DAS FASES DA CARREIRA
Legenda:
1I) Primeira Infância
2I) Segunda Infância
3I) Terceira Infância
A) Adolescência
JA) Jovem Adulto
M) Maturidade
PC) Pós-carreira
A evolução natural da carreira segue esta ordem, e em cada uma
dessas fases apresenta uma transição para a fase seguinte e para o estado
final. Essas fases transitórias são chamadas “estados de exceção”, e
geralmente apresentam uma condição de desconforto ou sofrimentos.
Nestas fases, o processo de evolução natural é interrompido ou modificado
temporariamente. Este “estado de carreira” tem, ainda, mais duas fases
transitórias: uma de recuperação, e outra de defesa ou regressão.
As transições são de extrema importância pois geram crescimento e
proporcionam um passo adiante em direção a uma nova fase da carreira.
Quando não há compreensão ou a experiência é negativa, é possível que a
pessoa retorne ao “estado de exceção”. Mesmo a dinâmica de mudanças
podem causar certas “doenças de carreira”, como descreve Mariá Giuliese:
24
◇ ◇ ◇
“A tendência anti social, os comportamentos delinquentes e os distúrbios de
caráter recorrentes, são causados, por exemplo, pela falha ambiental ocorrida em
um estado de dependência relativa (infância de carreira)”
◇ ◇ ◇
Quando o profissional começa uma nova jornada em seu primeiro
estado de desenvolvimento, é esperado que a passagem de uma fase à outra
seja com mais rapidez em função da experiência anterior.
Ainda que hajam muitas jornadas dentro desta única direção, ao se
analisar uma carreira, é importante saber identificar o fio condutor para,
enfim, detalhar cada acontecimento com fatos importantes. Esta análise
resulta em um planejamento estratégico da carreira pois você passa a
tomar decisões baseadas em fatos e aprendizados passados.
A “Linha do Tempo” é um recurso que serve como mapa na busca
pelo fio condutor de uma carreira. Além de nos dar uma visão panorâmica
de como a carreira se constituiu, aponta quais os principais momentos que
definiram sua carreira, bem como sua experiência nos “estados de
exceção”.
25
Exemplo de Linha do Tempo:
Ano Idade
Fase de
Carreira
Evento Chave
Pessoal Profissional
2009 26 Jovem Adulto
Início da pós graduação
(sentia que precisava
"humanizar" a minha
carreira)
Conquista de mais
autonomia nos processos
de trabalho (Sony)
---
Não consegui mudar de
área (TV para digital)
2010 27 Jovem Adulto Fim da pós graduação
Mudança de empresa
após 8 anos na mesma
empresa (Sony)
2011 28 Jovem Adulto
Mudança de casa
(em SBC)
Mudança de empresa e de
área - mkt digital (Ideal
Invest)
2012 29 Jovem Adulto
Conflito familiar, início
da psicoterapia
---
Mudança de casa para SP
Mudança de empresa
(Discovery) na área
digital
2013 30 Jovem Adulto
Início de trabalho
voluntário
Promoção de cargo
2014 31 Maturidade
Cursos fora da área:
massagem ayurvédica
Mudança de empresa
(Click Jogos/NZN)
2015 32 Maturidade Fim do noivado Mudança de CLT para PJ
2016 33 Pós Carreira
Novo relacionamento,
nova casa
Home office em mkt e
vendas
---
Massoterapia 2x por
semana
---
Transição completa de
carreira em Setembro
26
​AS FASES DA CARREIRA
◇ ◇ ◇
INFÂNCIA
A infância da carreira está dividida em três sub-fases: 1) primeira
infância, 2) segunda infância e 3) terceira infância.
A primeira infância pode ser entendida como um “estado de
descoberta”, e simbolicamente falando, o bebê é totalmente dependente da
mãe. Neste caso, a mãe é o chefe. Este período proporciona as primeiras
experiências de trabalho, e o novo profissional é totalmente dependente
das teorias e dos conhecimentos adquiridos nas instituições, sente-se
insegura e desamparada e apresenta dificuldade em lidar com os estímulos
externos e internos.
Depende do chefe / professor para ajudá-la e quando ameaçada,
tende a negar a realidade, responsabilizar os outros pelos problemas ou
fechar-se para não transparecer sua fragilidade e insegurança.
Assim, os desafios na primeira infância de sua carreira são:
1. Reunir inicialmente os conhecimentos e viver experiências,
construindo uma visão em que começará a integrar tempo e espaço,
processo no qual o chefe tem a função de ajudá-lo.
2. Reconhecer a si próprio e ao outro. Neste sentido, precisará contar
com a contribuição de um chefe que o acolha e facilite tais relações.
3. Tolerar a ausência do trabalho, das funções a desempenhar, da
empresa, da realidade corporativa e das pessoas com quem trabalha;
desenvolver e construir relações edificantes a partir do uso do impulso
27
criativo aplicado à realização das tarefas (brincar, criar) para o que
precisará contar com um ambiente construtivo em que prevaleça a
confiança.
Nota-se que o gestor tem uma enorme importância neste sentido
para o jovem profissional. Ele é o responsável por estabelecer a ponte entre
sua realidade interna e externa, dando início à formação da identidade
profissional. Assim como ensina sobre o mundo dos negócios, os
relacionamentos, as tarefas e os caminhos.
Quanto mais admirado e disponível este mentor for, mais desejoso de
aprender e evoluir será o colaborador. E, assim, facilmente passa à fase
seguinte: a segunda infância.
A “segunda infância” pode ser reconhecida como um "estado de
imitação", quando o processo de aprendizagem se baseia na imitação e
jogo. Nesta fase, além de buscar a aceitação, a criança procura delimitar o
seu próprio território. As figuras de poder (pai e mãe) são vistos como
figuras fortes, grandiosas, donas de poder e conhecimento.
No campo profissional, o colaborador já se percebe separado das
teorias, se espelha em seu gestor e até confunde seus colegas de trabalho
como concorrentes. Emerge e experimenta sentimentos como ciúme, inveja
e a rivalidade. Nesta fase, o indivíduo entre em contato consigo para buscar
recursos que o conforte ao se deparar com tais situações.
O mentor de novo ganha importância pois ele terá de desenvolver os
valores e princípios éticos e morais, capazes de garantir agressividade e
competitividade saudáveis e que, ainda assim, seja capaz de construir. A
frustração dos desejos constrói sua identidade psíquica, representando a
matriz do pensamento e da criatividade. Novas possibilidades tendem a ser
imaginadas e criadas, caminhando à realização.
28
A terceira infância, também conhecida como "pré-adolescência",
pode ser chamada de "estado de idealização". Nesta fase a criança tende a
ser chamada por mais responsabilidades, no campo profissional, o
indivíduo começa a ter dúvidas, ao mesmo tempo que sente necessidade de
realizar ao seu modo. Teme fazê-lo de maneira independente.
Nesta fase ocorrem grandes desenvolvimentos intelectuais e
emocionais. As relações interpessoais e sociais se acentuam. Os ideais de
relacionamento, amizade, entre outros, começam a ser delineados.
Nesta fase, o gestor dita as regras do jogo e estabelece limites para
brincadeiras e erros. Reconhece o desenvolvimento e lhe oferece espaço e
alimento suficientes para que cresça saudável.
E é nesta fase, também, que o profissional poderá perceber a
complexidade da empresa, a força e a fragilidade do chefe e a relatividade
dos processos. Percebe e compreende fatos e opiniões, discurso e prática, o
que se deseja e o que é viável.
Em toda a infância, a identidade psíquica e a qualidade da sua
mentoria constituem a base para seu caráter profissional.
Quando a mentoria se mostra rígida, permissiva ou superprotetora,
desestimulam as necessidades de aprendizagem e curiosidade, e podem
levar até a "doenças de carreira":
1. Autismo: o profissional cria um mundo só para ele e vive
encapsulado neste universo, sem reconhecer ou interagir com a realidade
externa. Fechado, solitário, sistemático e repetitivo.
2. Inibido e subnutrido: fruto de uma gestão infantilizada e rígida, se
mostra fraco, impotente e desmotivado. Apresenta rigidez de pensamento e
29
ódio da realidade. Apresenta delírios de perseguição e desconfiança em
relação a tudo e a todos.
3. Deprimido: perde a vontade e a força para realizar e mudar o
ambiente e a si mesmo. Vive em constante insatisfação e têm
comportamentos críticos. Sente culpa ou é vitimizado em relação aos fatos
que ocorrem consigo.
4. Histérico: atua de maneira exagerada, visceral e estrondosa
5. Narcisista: atua de maneira onipotente e arrogante, sabe tudo e
entende tudo. Usa o colega para seu prazer. Desconsidera o fracasso.
30
AS FASES DA CARREIRA
◇ ◇ ◇
ADOLESCÊNCIA
Também conhecido como "estado da revolução", é um período de
grande dinamismo, cheio de energia para construir, aprender e realizar. O
indivíduo entra em contato consigo mesmo, se vê cheio de dúvidas e
incertezas sobre quem é e quem pretende ser. Ele ainda não sabe o que
quer nem do que precisa.
O adolescente já se percebe a si como uma pessoa isolada. Passa a se
comparar aos demais e a incorporar o "efeito manada", seguindo grupos e
abandonando a figura paterna. Experimenta ilusões. O profissional nesta
fase já está preparado para tarefas e áreas operacionais, realiza projetos e
organiza informações. Sente um forte desejo por áreas e tarefas
estratégicas mas ainda não possui maturidade e experiência.
Muito propício a perversões e desvios de caminhos, é neste período
que forma sua visão relativa a valores, princípios, moral e ética. O gestor
precisa orientar sobre regras, normas e valores. Terá de confiar e dar
espaço, estruturar e limitar para que não se perca. Precisa estimular e
provocar para continuar em frente.
Fase de grandes aprendizados, em que a ousadia para correr riscos e
a consciência dos interesses e vocações podem levar o profissional a um
salto quantitativo e qualitativo em sua carreira. Se o profissional se
encontra inseguro ou inibido, o gestor também toma a responsabilidade
por ser coach, alguém que aceite, imponha comando, respeite e se faça
respeitar.
31
Gestores ou ambientes de trabalho inadequados facilitam para a
emergência do profissional delinquente, normótico ou submisso
patológico.
1. Delinquente: aético e amoral, características autodestrutivas, atua
com perversidade, causa intrigas para conseguir o que quer.
2. Submissos patológicos: também são autodestrutivos, manifestam
fragilidade, insegurança, repressão e depressão.
3. Normóticos: inflexíveis e previsíveis, pois sempre tentam agradar
e funcionar conforme modelos pré estabelecidos.
32
AS FASES DA CARREIRA
◇ ◇ ◇
JOVEM ADULTO
Nesta fase, o jovem adulto já conseguiu consolidar sua identidade
profissional e estabilizar valores e princípios afetivos, religiosos e morais.
Já demonstra aptidão a coordenar uma equipe, embora ainda
necessite de uma gestão. Possui maior capacidade para pensar, criar,
escolher, dirigir e decidir. Desenvolve visão estratégica e se torna menos
operacional. Tendo enfrentando muitas desilusões, aprendeu e valoriza sua
capacidade por esperar. Tudo indica o caminho da maturidade chegando.
A chefia que necessita é mais voltada à orientação e menos para a
disciplina, é capaz de desenvolver parceria em que as funções sejam
delegadas e os poderes estabelecidos esclarecidos.
Começa a entender que a qualidade das relações estabelecidas na
empresa, a política, o jogo de poder, o sistema corporativo são muito mais
fortes do que ele e por isso não consegue mudar tudo o que deseja. Desta
maneira, passa a ter vontade de agir com mais independência.
Utilizando-se de seus aprendizados, utilizando cada vez mais os seus
próprios modelos de gestão para se destacar e avançar ainda mais passos.
É comum perceber profissionais de corporações que chegam a esta
fase e têm conflitos internos sobre querer agir mais independentemente
mas enfrentam o medo e a insegurança em realizar a transição pois foram
criados para obedecer ao comando e ter medo de agir independentemente.
33
Quando supera este obstáculo, o jovem adulto profissional passa a
aperfeiçoar suas competências, principalmente nas áreas de gestão de
negócios e pessoas. Deseja maior autonomia e dedica-se a projetos novos e
diversificados. Precisa testar seus próprios recursos, interesses e vocações.
Sabe identificar o que lhe gera sofrimento e deseja ser tratado como igual.
Quando o jovem profissional não possui autoconfiança o suficiente,
apresenta comportamento imaturo, necessidade de controle e
centralização. Poderá ter dificuldade em tolerar as diferenças individuais e
a exigir obediência a seus métodos.
O jovem adulto precisa validar suas escolhas e planejar seu futuro.
Neste sentido, conta com os feedbacks de sua equipe e chefia, porém só se
beneficiará das considerações se tiver maturidade para reconhecer e avaliar
seus sentimentos e comportamentos. A chefia contribui para seu
crescimento se consegue orientar e impulsionar o crescimento do
profissional que se encontra nesta fase.
34
AS FASES DA CARREIRA
◇ ◇ ◇
MATURIDADE
A maturidade é também entendida como “estado de consolidação”.
Nesta fase, o profissional maneja a serenidade de quem conhece seus
limites, recursos e não têm mais nada a provar a si e a mais ninguém.
Suas capacidades em compreender, assistir, orientar e informar estão
plenamente desenvolvidas. Suas relações afetivas e emocionais evoluíram e
suas percepções, estão mais agudas.
São capazes de se deprimir ao perceber que não conduziram sua
carreira como queriam e na direção desejada. Contudo, são capazes de
vibrar ao retomar o caminho, desenhar o futuro e desenvolver
competências necessárias para se chegar aonde desejam.
A maturidade é libertadora. Permite que o profissional se aproprie de
si mesmo e de sua história. Percebe que ele é quem escolhe o que se
escreve a seguir. Ocupa-se com aquilo que, de fato, preenche sua vida e dá
sentido. Quando percebe-se realizando atividades desprazerosas e que o
tiram a identidade real de quem é, sofre-se muito, pois a situação exige
grandes mudanças. Na maturidade, as escolhas e decisões dizem muito
mais sobre um alinhamento cada vez maior do profissional ao seus
interesses e vocações.
Esta é a hora de assumir posições mais estratégicas e comandar
negócios maiores e mais desafiantes. Pode ser o momento de ser o chefe e
de prestar serviço para várias empresas e / ou desenvolver seu próprio
negócio. É a ocasião certa para uma atuação mais independente e segura.
35
Nesta fase, possui recursos internos melhores elaborados a fim de
realizar uma avaliação sincera de suas possibilidades no que se refere à
construção do pós-carreira. Esta é a hora de consolidar grandes conquistas,
abrir mão de vaidades e competições para efetivamente realizar o melhor
caminhar rumo ao pós-carreira.
36
AS FASES DA CARREIRA
◇ ◇ ◇
PÓS-CARREIRA
A última fase da carreira é representado pelo pós-carreira, pela
aposentadoria ou por um “estado de sabedoria”. Pode ser o estado de
carreira mais próspero, e o indivíduo experimenta maior liberdade e
independência. Ao mesmo tempo que vivencia uma forte angústia por se
confrontar com o envelhecimento e a “morte de carreira” que se aproxima.
É um estado de balanços e constatações. O profissional se sente
seguro e suficientemente experiente, sente a necessidade de ser um
orientador, tem vontade de passar seus conhecimentos adiante.
Este é um estado especial da maturidade pessoal e profissional.
Assim como os demais, especialmente nesta fase fica evidente a
necessidade de integração, que ocorre por meio do autoconhecimento em
paralelo à tentativa de se entender e integrar o meio externo, a realidade
sócio-econômica-cultural que o envolve também.
Inclusive o campo sócio-cultural lhe abre caminhos para discernir o
que é permitido e o que não é permitido em seu mundo de valores,
consolidados a partir de anos de experiência em sua jornada de vida e
carreira. Orientam-se a estruturação das vocações e interesses e
determinam o modo como atuará no mundo.
O profissional ganha a tolerância que antes não possuía e sua ações
não estão mais sustentadas pela ascensão no poder, mas pela experiência
de vida como uma passagem. Passa a ter questionamentos mais humanos:
37
● Qual é o sentido da minha vida?
● Qual é a hierarquia de valores que me apoio?
● Qual é o meu valor maior?
O valor maior é efetivamente aquilo que dá sentido à vida. Ele
possibilita a sensação de ter encontrado uma caminho (carreira) a seguir,
um sentido para o mundo, reflete o modo pelo qual irá cooperar com a
comunidade em que vive, e pelo qual será percebido.
No pós-carreira, surge a necessidade de escrever um livro, contribuir
com a comunidade onde vive, tem vontade de construir ou reconstruir,
viabilizar projetos e negócios familiares. É neste sentido que o “nós”
prevalece sobre o “eu”. Desenvolve a consciência política, da importância
de contribuir para o bem público e os demais.
Assume suas escolhas e entende que a separação faz parte do
processo de crescimento. Porém, baseado na Teoria do Amadurecimento,
de Winnicot, e no conceito de desmame, de Freud e Melanie Klein, a
separação do mundo corporativo, por demissão ou aposentadoria, será
menos dolorosa e traumática quando as razões forem claras, quando os
gestores auxiliarem seu colaborador a pavimentar o caminho que ele irá
trilhar, e construírem com ele um ambiente de confiança que o estimule a
ousar, experimentar a si próprio e o mundo lá fora.
Quando o profissional chega a esta fase e se depara com
amadurecimento emocional insuficiente para acompanhar seu
envelhecimento profissional, poderá apresentar algumas doenças de
carreira:
38
1. Senilidade precoce: não aceitação do novo e do moderno
2. Melancolia: prostração ao constatar o envelhecimento
3. Mania: apresenta agitação e euforia, negando a realidade e atuando
de maneira incompatível com sua real condição
4. Regressão: voltam à adolescência da carreira e passam a se
comportar de maneira infantil, impulsiva e passional
É importante salientar que é comum que o profissional apresente
características de mais de uma fase de carreira. O que deve prevalecer é o
estudo da pessoa como um todo e a consciência de que ela pode viver
inúmeros estados e transições de carreira.
Aos profissionais que optaram por carreiras independentes, como
consultores, empresários ou acadêmicos, as “fases de carreira” evoluem de
maneira semelhante, sendo o chefe/pai sendo representado por um
profissional de mais experiência - um mentor, consultado nos momentos
de dificuldade.
39
◇ ◇ ◇ ​3​ ◇ ◇ ◇
TRANSIÇÕES DE CARREIRA
O movimento transicional se assemelha ao crescimento da criança
em seus desenvolvimentos físico e mental. Mais importante do que
entender a fase de carreira onde o indivíduo se encontra, é acompanhá-lo
em sua transição de forma que se aproveite o momento para seguir adiante
com seu crescimento pessoal e profissional, e não regredir e permanecer
estagnado.
A transição, para efeito da análise da carreira, pode ser vista como
um processo que envolve vários momentos, os quais poderiam ser tomados
como estados intermediários entre as fases da carreira propriamente dita.
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São três os possíveis movimentos de transição a partir de um estado
de carreira:
● a transição que representa a evolução natural e leva o profissional do
estado N para o estado seguinte na escala de amadurecimento;
● a transição que representa a entrada em um “estado de exceção”
correspondente;
● a transição que leva ao final de uma carreira e ao possível início de
uma nova.
Na realidade, toda transição envolve um “estado de exceção”, mas no
caso do item 01, uma “evolução natural”, o estado de exceção é mais
rápido e menos significativo para o estudo em questão. É um processo
natural, e até de certo modo, esperado, não gera dúvidas e reflexões tão
evidentes como a ruptura inesperada (como uma demissão, transferência
ou até mesmo uma promoção de cargo).
As mudanças surgem por demandas da realidade interna, quando
passamos a perceber movimentos e dinâmicas próprias, das pessoas que
nos cercam ou do meio que vivemos e sentimos a necessidade de mudar.
Ou até mesmo exigências das demandas externas, quando a situação ou o
outro provoca ou impõem novas ações.
Chamamos de “evento” o fato que desencadeia um processo de
mudança e transição, pode ter origem interna ou externa, sua existência é
inerente à vida e constitui estímulo para crescimento, mesmo que muitas
vezes nos provoque regressão de fases, ainda que temporárias.
Todo evento gera novas percepções e exige a revisão do modo antigo
de ver e agir. A demissão, por exemplo, pode-se denominar um evento mas
que é consequência de uma série de eventos que desencadeavam
desconforto e a confirmação de que algo já não caminhava bem.
41
Até que a necessidade se exteriorize e alguém tome as providências
para efetivar a mudança, ocorre um período de desconforto e de tentativas
de reverter o quadro. Afinal, ninguém gosta de lidar com rupturas e
separações. Ainda que negociada, a demissão promove fortes emoções e
sentimentos de exclusão. De início, a experiência da demissão provoca o
contato com o insucesso e com a perda. Mais tarde vem a percepção de
ganho e a conscientização quanto à demora para se concretizar com
legitimidade o que já existia de fato.
Seja na vida ou na carreira, toda transição apresenta três momentos
principais. O primeiro é desencadeado pelo evento que se caracteriza como
a sensação de que algo precisa mudar. Surgem as dúvidas, o desconforto, a
desilusão, a incerteza e o medo. Ainda assim, são sentimentos pouco claros
pois ainda não ganharam significado suficiente. É comum sentir uma
excitação, uma ansiedade generalizada e, simultaneamente uma tentativa
de abafar, dissimular ou negar o desconforto.
Muitas vezes essa situação é confundida com estresse e é comum
pessoas tirarem férias ou associarem o estado emocional como uma falta
de qualidade de vida. Poucos são os profissionais que conseguem entender
que a sensação está associada ao trabalho e procuram ajuda especializada
ou até mesmo conversar com amigos e familiares sobre esta questão.
Assim, a primeira etapa da transição envolve a finalização de uma
separação que já existia, sua formalização legal e seu ritual de afastamento.
Entra aí o processo de luto , que envolve o afastamento de um objeto sobre
o qual investiu-se de melhor: afeto, conhecimento, experiência, tempo,
energia etc. Este momento gera tristeza e até mesmo culpa, quando nos
colocamos como os causadores dessa separação. De qualquer maneira, o
olhar de quem se separa é lançado sobre o que aconteceu em sua vida até
então, e sobre os danos causados nele mesmo e em suas outras relações.
42
O segundo momento de transição se expressa por meio do espaço
vazio resultante da separação. Há desamparo e dúvidas quando ao que
fazer e para onde ir. É o momento em que se toma consciência de estar
experimentando uma transição - algo terminou e nada foi colocado em seu
lugar. A pessoa fica no escuro, sente um enorme vazio, muitas saudades do
passado e medo do futuro desconhecido. Muitas vezes tende a negar a dor e
o medo. Neste caso, imediatamente ocorre o terceiro momento da
transição, dando início a um novo trabalho ou relacionamento. Por não se
permitir o tempo necessário para elaborar e compreender o ocorrido, a
tendência é repetir o passado e os mesmos equívocos, construindo um
círculo vicioso.
Ao suportar o frio e o escuro, usufruindo o tempo necessário para
perceber o que fazer, acolhendo dúvidas e medos, o indivíduo pode
realmente aproveitar-se deste momento de transição. Mais do que isso, de
efetiva transformação, crescimento e evolução em todos os âmbitos.
É a hora da revisão completa de sua vida, e tempo apropriado para,
se houver viabilidade, de se pedir ajuda e aconselhamento. É o grande
momento para se perceber as “fases de carreira” já vivenciadas, as
transições e os períodos de exceção que já incorreram em sua história.
Desta forma, o indivíduo se apresenta muito mais apto a construir
um novo projeto. O escuro não deve ser um momento de desespero e
aflição, a pessoa sabe onde está, apenas desconhece para onde prosseguir.
É hora de aproveitar o momento para uma reflexão calma e serena. O ritmo
interno de cada um deve ser respeitado, e ele tende a ser mais lento que o
ritmo externo. É no segundo momento da transição que o indivíduo
experimenta o “estado de exceção” que tratamos até então.
43
O terceiro momento é marcado pela estruturação da nova atividade,
do novo início. Depois de tomar a distância necessária para observar os
fatos e viver por completo as emoções, o primeiro passo é compreender a
situação, reconhecer e dar nome é o segundo. Quanto mais ampla e
profunda a visão, melhor o conhecimento. Conhecer o caminho torna a
jornada menos angustiante. Intensifica a oportunidade de aprendizagem e
constrói novas visões de onde e como seguir adiante. Existe um alto ganho
de autoconhecimento e da confiança em si mesmo.
44
TRANSIÇÕES DE CARREIRA
◇ ◇ ◇
ESTADOS DE EXCEÇÃO
Um “estado de exceção” ocorre muitas vezes na intersecção entre a
carreira e o ciclo de vida do profissional na organização. É limitado e se
encerra quando, por alguma razão, a relação é interrompida. Faz parte de
qualquer processo transitório e dará origem a um novo começo.
Este estado é caracterizado por condição de sofrimento do
profissional, de modo consciente ou não. Este é um estado de
autoconhecimento, geralmente a fase mais dolorosa, pois temos que
enfrentar muitos dos nossos medos e anseios que, em algum momento lá
atrás, deixamos para “resolver depois”. Por isso, experimentar este estado
com paciência e respeito é, também, um exercício de auto amor e auto
respeito consigo mesmo.
O que diferencia um estado de exceção do outro são as características
emocionais associadas a cada fase do desenvolvimento do profissional e às
condições em que ele ocorre. Assim, é possível dizer que as regressões de
fases são mais comuns no início da carreira, e do ponto de vista emocional,
ficam mais raras nos últimos.
Quanto melhores forem as condições de elaboração emocional, de
percepção dos próprios sentimentos e da qualidade, e quanto maiores
forem os recurso psíquicos e emocionais da pessoa, mais eficiente e rápida
será a sua passagem pelos “estados de exceção”. E, quanto mais saudável e
respeitoso for o processo de separação, mais breve será tal passagem, em
contrapartida, quando a separação é feita de modo traumático, a tendência
à regressão e à longa permanência no “estado de exceção” é maior. O
45
“estado de exceção” representa a iminência da transformação ou da
regressão.
O estado que representa o fim da carreira pressupõe uma transição e
um “estado de exceção”. Quando o fim da carreira coincide com a primeira
infância de uma nova carreira, essa transição é feita praticamente sem
sofrimento e dispensa o “estado de exceção”. Nesses casos, o profissional
apresenta boa estrutura emocional pois já vinha, de certa forma,
construindo o novo caminho a seguir.
Mas a maioria das pessoas não se prepara para o próximo passo.
O fato de não estudar, pensar ou planejar uma sequência da própria
vida profissional provoca intensos sentimentos de culpa e desamparo,
provocando longos e dolorosos “estados de exceção". Algumas pessoas se
vêem incapazes de decidir um rumo a seguir que acaba por abandonando
sua atividade profissional e requer ajuda de especialistas para se
restabelecer.
As pessoas que entram em contato com seu próprio sofrimento e se
percebem doentes vivem necessariamente um “estado de exceção” e
podem desenvolver alguma doença psíquica associadas ao trabalho. Podem
ser temporárias e desaparecer com uma mudança de emprego ou ajuda
especializada. Muitas vezes, a pessoa não sabe/não assume a doença e
acaba por não perceber seu comportamento frente os desafios.
Assim todo “estado de exceção” é uma zona neutra, espaço
intermediário entre um processo que terminou e pode começar novamente.
Apesar do sofrimento, é preciso sentir e refletir. Identificar os
aprendizados e as competências desenvolvidas, os recursos adquiridos,
para que se possa planejar o próximo passo e investir em um novo desafio
profissional.
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É hora de resgatar a auto-estima, o desejo por investir energia e
afeto em outro trabalho e até adquirir melhor compreensão do que pode
utilizar na próxima etapa de vida. Poderá parecer aterrorizante e muitos
pensam em desistir e repetir o caminho conhecido. Mas se a pessoa for boa
parceira e conseguir instruir a si mesma, se conseguir buscar ajuda na
travessia, ela poderá desfrutar do novo, de reconhecer suas possibilidades,
forças e fragilidades, e dar mais um passo em direção ao futuro planejado.
Valerá a pena desenvolver a paciência, aceitando que não se tem
controle sobre o que poderá acontecer, curvando-se diante as realidades
interna e externa, desenvolvendo também flexibilidade e sabedoria para
reconhecê-las.
47
◇ ◇ ◇ ​4​ ◇ ◇ ◇
CARREIRA MASSOTERAPEUTA
Durante todo o tempo que frequento a Escola Oriental de Massagem e
Acupuntura, observei e conversei com muitas pessoas sobre suas
motivações no curso, o que pretendiam fazer e o que esperavam com esta
nova qualificação. São muitos os alunos que buscavam o curso como o
“Plano B” de sua carreira.
Eu mesma, em minha própria experiência, busquei o curso com este
objetivo, mas tinha em mente que o faria depois de 3 a 5 anos após o
término do curso. Em apenas um ano eu já estava trabalhando na área e em
apenas um ano e meio de curso, fiz a minha transição de carreira de vez, e
atualmente a Massoterapia é minha principal ocupação profissional.
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A grande vantagem da profissão do Massoterapeuta é que a
qualificação e desenvolvimento depende apenas do próprio profissional.
Diferente do que almejar um cargo de diretoria executiva, onde o caminho
a ser trilhado já tem mais ou menos uma estrutura a ser seguida, e
apresentam degraus que você conquista um a um, a carreira de
Massoterapeuta, pode-se dizer, inicia-se logo no primeiro dia de aula
prática. Você passa a treinar, praticar, desenvolver a técnica, passo a passo,
mas a evolução intensifica e agiliza se você despende tempo para a prática
constante. Como em qualquer outra área, a Massoterapia também exige
qualificação e constante atualização a fim de oferecer o melhor serviço ao
cliente.
Outra grande vantagem é que a Escola Oriental de Massagem e
Acupuntura faz parte do Grupo Oriental, que possui uma rede de clínicas
em shoppings e em empresas que promovem relaxamento e bem-estar
através de massagens terapêuticas. Todos os colaboradores da Clínica
Oriental têm a formação EOMA, o que garante a qualidade da técnica e do
conhecimento, além de ser extrema vantagem para o aluno EOMA em se
profissionalizar com chances grandes de atuação no mercado ainda
durante o curso. Esta possibilidade permite ao então aluno se decidir
quanto a seguir para os próximos passos.
O mercado de Massoterapia vem apresentando uma crescente
procura, muito em função do estilo de vida atual: estresse, depressão,
crises de ansiedade e pânico. Muitas pessoas procuram o profissional
massoterapeuta para alívio de dores físicas e emocionais, e as vantagens
fisiológicas e energéticas que as manobras terapêuticas oferecem têm-se
destacado frente aos métodos convencionais de cura.
Seguindo a tendência da Europa e Estados Unidos, surgem muitos
spas urbanos e clínicas destinadas ao bem estar e prevenção da saúde. Isso
abre muitas possibilidades aos já atuantes e novos profissionais que podem
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trabalhar em seu próprio espaço, em institutos de estética e bem estar,
clínicas médicas, casas de repouso, clubes desportivos ou sociais, navios,
hotéis, spas, academias e programas de qualidade de vida em empresas
públicas ou privadas.
Muitos procuram a Massoterapia no anseio da autonomia e
flexibilidade de horário, mas mais do que isso, é percebido que a grande
maioria dos estudantes já vêm de um outro caminho profissional e visam
uma nova carreira na área.
Desta maneira, a fim de enriquecer ainda mais o conteúdo deste
projeto, foi elaborada uma pesquisa com perguntas acerca do tema
“Transição de Carreira”, aplicada somente a alunos e ex-alunos da EOMA,
mantendo a linha de raciocínio de toda a fundamentação teórica para este
universo.
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​CARREIRA MASSOTERAPEUTA
◇ ◇ ◇
PESQUISA
A pesquisa é uma ferramenta muito utilizada para se obter dados,
números ou ​insights acerca de um tema. Para Gil (1999, p. 42), a pesquisa
tem um caráter pragmático, é um "processo formal e sistemático de
desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa
é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de
procedimentos científicos".
As conversas que tive com alunos e ex-alunos foi como uma pesquisa
qualitativa, que se caracteriza por entrevistas aleatórias, mas que me
permitiu analisar tendências e comportamentos de um grupo de alunos e
ex-alunos da EOMA. Nada fora formalizado, mas me proporcionou
bastantes insights para criar um questionário que me permitisse ter uma
visão mais clara de quem eram os alunos e ex-alunos, quais as motivações
e expectativas que este grupo tinham acerca a carreira da Massoterapia.
A pesquisa quantitativa foi eleita como a metodologia da base
científica pois ela transforma opiniões em números, permitindo
classificá-las e analisá-las para poder, enfim, concluir sobre o assunto.
51
OBJETIVOS DA PESQUISA
● Traçar perfil dos alunos e ex-alunos da Escola Oriental de Massagem
e Acupuntura
● Identificar as motivações que o levaram a optar pela escolha do curso
Técnico de Massoterapia
● Identificar as expectativas sobre a carreira de Massoterapeuta
METODOLOGIA
● Metodologia Quantitativa
● Questionário online
● Tema: Transição de Carreira
● Amostragem: 35 respondentes
● Segmentação: alunos e ex-alunos da EOMA
● Total de 10 perguntas, média de 2 minutos de resposta
52
QUESTIONÁRIO
53
54
RESULTADOS
PERFIL DOS RESPONDENTES
A pesquisa foi enviada aleatoriamente a alunos e ex-alunos, não
obedecendo nenhuma regra de proporção para alunos e ex-alunos.
A maioria (66%) dos respondentes são do gênero feminino e
notoriamente é o gênero que majoritariamente ocupa as salas de aulas e o
mercado de trabalho, ainda que existam bons massoterapeutas de gênero
masculino.
Em relação a idade, a maioria dos respondentes têm entre 20 a 39
anos, representando 77,1% dos respondentes.
55
A grande maioria dos respondentes estão no 4o semestre do curso,
representando 37% do total de respondentes.
Quando questionados sobre sua ocupação atual, 57,1% responderam
que já são Massoterapeutas, enquanto os demais (42,9%) ainda se dedicam
à carreira em outra área / atividade / função. Atividades que não têm nada
a ver com Massoterapia, como agente de viagem, assistente
administrativo, auxiliar de escritório, babá, engenheira de alimentos,
fisioterapeuta, secretária executiva e servidor público.
56
Os respondentes Massoterapeutas são jovens de profissão,
representando quase 86% dos respondentes que exercem a Massoterapia
há no máximo 2 anos.
Sobre o nível de formação educacional, 60% dos respondentes
concluíram o ensino médio, 34% já possuem uma graduação e 6% são
especializados dentro da graduação que escolheram anteriormente.
É interessante notar que apenas 20% fizeram uma graduação dentro
da área da Saúde. Os outros 80% estão adquirindo conhecimento e têm seu
primeiro contato com a área da Saúde.
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MOTIVAÇÕES PELA CARREIRA DE MASSOTERAPEUTA
De longe, a motivação que leva à carreira de Massoterapia é a
mudança de carreira, com 45,7% dos respondentes. Destaque também para
o item “Sempre me disseram que tenho talento para isso” - com 37,1% dos
respondentes e que confirma que todo momento transitório exige um
esforço e paciência sobre o auto conhecer e seguir o caminho das vocações
e interesses naturais que desenvolvemos ao longo da vida.
Em “outros”, apareceram motivações como a curiosidade (6%), já
apreciava a função (6%), passou por uma crise e recorreu a um
massoterapeuta (3%) e flexibilidade de horário (3%).
Quando questionado pelo motivo pelo qual está cursando
Massoterapia na EOMA, os resultados são:
58
A curiosidade pelo curso e pela função delimitam dois caminhos: o de
desistir ou de continuar. Neste sentido, vemos que a escola tem se
esforçado e cumprido com sua função quando se torna fator determinante
para se construir um novo caminho, no caso, a nova carreira do então
estudante e futuro profissional. A maioria dos respondentes (34,3%)
iniciaram seus estudos como curiosidade, mas foram tão estimulados e
incentivados, que desejam fortemente exercer a atividade. Destes
respondentes, 42% estão no 4o semestre do curso, já estão para se formar;
33% já concluíram, 17% estão no 3o semestre e 8% estão no 2o semestre.
Em “outros”, destaque para o reconhecimento dos alunos pelo
ensino de qualidade que a escola oferece. Este fator foi mencionado por 9%
dos respondentes. Também foram mencionados fatores como: amor à
saúde, oferecer bem estar ao próximo e desenvolver negócio próprio.
EXPECTATIVAS SOBRE A CARREIRA DE MASSOTERAPIA
Por fim, quando abordamos as expectativas que os respondentes
possuem sobre a carreira de Massoterapia, 74,3% acreditam que a nova
profissão trará mais satisfação pessoal, flexibilidade de horário (54,3%) e
mais qualidade de vida (40%), e esses fatores representam muito a
integração da carreira interna com a carreira externa.
Fica claro e explícito que o futuro Massoterapeuta não tem como
objetivo principal o ganho financeiro, ainda que busque ter mais
autonomia em sua carreira. Caso contrário, este item se destacaria entre os
demais, mas aparece em pior colocação no ranking de prioridades, sendo
apontado por 22,9% dos respondentes.
Nos comentários adicionais e extras, uma respondente destacou:
59
◇ ◇ ◇
“A minha profissão como massoterapeuta me proporcionou muita experiência
boa, tanto de novos conhecimentos como financeiramente. Gosto do que faço e
faço com muito amor!”
◇ ◇ ◇
Assim como em qualquer outra carreira, o ganho financeiro é sempre
uma consequência de um trabalho bem realizado, e por bem realizado
entende-se: feito com amor, dedicação e boa intenção. Tanto a si mesmo,
que constrói um novo caminho, quando ao outro, que recebe os benefícios
fisiológicos e energéticos do toque terapêutico através das mãos.
O desejo em ajudar a si e ao próximo demonstra boa dose de
humanidade da parte de todos, e atesta que este tem de ser o estímulo que
qualquer corporação ou instituição de ensino deve se valer para fazer a
experiência do estudante ou do profissional em uma passagem importante
em sua vida, que é a de se descobrir, desenvolver e, então, buscar cumprir
com sua missão em busca de autonomia e liberdade.
60
◇ ◇ ◇ ​5​ ◇ ◇ ◇
CONCLUSÃO
Nosso desafio, em qualquer fase de vida e carreira, é aprender a nos
equilibrar diante de diversas situações novas que proporcionem
crescimento e evolução. Ouvimos muito sobre como buscar o equilíbrio a
todo instante, mas o que realmente nos engrandece - e se faz necessário -
é aprender a viver o desequilíbrio.
Vivemos em constante amadurecimento, buscando pela liberdade,
pelo poder, pela felicidade ou pelo equilíbrio. E no mundo que vivemos,
somos muito mais estimulados a olhar mais para fora do que para dentro,
então, como desenvolver o autoconhecimento diante dessa realidade?
61
O ideal e saudável é que de tempos em tempos façamos um check up
sincero e profundo sobre nós mesmos, assim evitamos surpresas e nos
preparamos melhor frente a um novo desafio. É mais saudável escolher
rever sua trajetória de vida e carreira do que ser obrigado a fazê-lo. Desta
forma, o processo ocorre de maneira mais natural, menos doloroso, com
mais tranquilidade e menos pressão externa por resultado.
Pensar em um movimento preventivo evita as graves doenças
psíquicas e emocionais, como facilita a percepção do melhor momento para
tomar decisões e realizar as mudanças que se fizerem necessárias.
O objetivo deste projeto é estimular que cada um seja apto a construir
uma relação melhor consigo, sua vocação e suas aptidões profissionais,
tornando-se mais independente e com autonomia necessária para, frente a
uma situação de ruptura, realizá-lo de maneira construtiva e menos
sofrimento.
Este ato individual beneficia diretamente o coletivo, que passará a
enfrentar mais empresas e profissionais maduros, experientes e sensíveis
em relação a si mesmo e aos outros, promovendo relações mais
consistentes e amorosas, construindo espaços transitórios em que
predomine a confiança e a liberdade em criar, descobrir e crescer.
Desta forma, cada indivíduo perceberá que seu projeto pessoal e
profissional é o mais importante da sua vida, sendo, portanto, seu ​Plano A​.
O ser humano adulto e maduro poderá fazer escolhas alinhadas ao seu
desejo pessoal e jeito de ser.
Responsabilizar-se por seus atos e escolhas propicia um
desenvolvimento saudável em benefício próprio e de todos os que o cerca.
Consequentemente, as relações de trabalho serão cada vez mais saudáveis e
libertadoras.
62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
◇ ◇ ◇
CARREIRA. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_de_carreira
Acesso em 19 de Outubro 2016.
COMO MONTAR UM SERVIÇO DE MASSAGEM. Disponível em:
http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/como-montar-um-se
rvico-de-massagem,bd987a51b9105410VgnVCM1000003b74010aRCRD#nav
eCapituloTopo
Acesso em 18 de Outubro 2016.
DESAFIOS NA TRANSIÇÃO DE VIDA E CARREIRA. Disponível em:
http://oamarelinho.com.br/noticias/2015/5/1044-desafios-na-transicao-d
e-vida-e-carreira.aspx
Acesso em 20 de Outubro 2016.
GIULIESE, Mariá. ​Desenhando o Futuro: transições de vida e carreira. 2 ed. Rio
de Janeiro: Qualitymark, 2008.
GIULIESE, Mariá. ​Será mesmo que você nasceu para ser empregado? O
mal-estar nas organizações. São Paulo: Gente, 2009.
GIULIESE, Mariá. ​O Jogo da Transição: sua carreira em movimento. 1 ed. São
Paulo: Évora, 2011.
GUIA DA CARREIRA: MASSOTERAPIA. Disponível em:
http://www.guiadacarreira.com.br/cursos/massoterapia/
Acesso em 18 de Outubro 2016.
63
MASSOTERAPIA: CONHEÇA A PROFISSÃO, FORMAÇÃO E MERCADO DE
TRABALHO. Disponível em:
http://blog.carreirabeauty.com/massoterapia-conheca-profissao-mercado/
#.WBj18eErJE8
Acesso em 18 de Outubro 2016.
PESQUISA QUANTITATIVA E QUALITATIVA. Disponível em:
http://www.institutophd.com.br/blog/pesquisa-quantitativa-e-pesquisa-q
ualitativa-entenda-a-diferenca/
Acesso em 02 de Novembro 2016.
TIPOS DE PESQUISA. Disponível em:
http://www.administradores.com.br/producao-academica/tipos-de-pesqui
sas-o-que-e-e-para-que-serve/5236/
Acesso em 02 de Novembro 2016.
64
ORIENTADOR
◇ ◇ ◇
PROF. EDINEI MANOJO
Formado em Educação Física pela Universidade de Mogi das Cruzes.
Formado em Massoterapia pela Escola Oriental de Massagem e Acupuntura
EOMA.
Especialista em Iridologia e Terapia Floral pelo IBEHE.
Especialista em Enfermidades da Coluna e Ginástica Postural
Especialista em Medicina Comportamental
Especialista em Terapia Floral
65

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  • 1. EOMA - ESCOLA ORIENTAL DE MASSAGEM E ACUPUNTURA Adriana Sayuri Tomiyoshi TRANSIÇÃO DE CARREIRA São Paulo 2016
  • 2. EOMA - ESCOLA ORIENTAL DE MASSAGEM E ACUPUNTURA Adriana Sayuri Tomiyoshi TRANSIÇÃO DE CARREIRA “O trabalho de Finalização requerido pela matéria de Técnicas Terapêuticas do curso técnico em Massoterapia tem como objetivo representar o resultado de um estudo. (...) Traz como proposta uma formação profissional pautada na interação da teoria com a prática, em um ensino reflexivo, baseado no processo de reflexão na ação, ou seja, um ensino cujo aprender por meio do fazer seja privilegiado.” Sob orientação do Professor Edinei Manojo. São Paulo 2016 1
  • 3. EOMA - ESCOLA ORIENTAL DE MASSAGEM E ACUPUNTURA Adriana Sayuri Tomiyoshi TRANSIÇÃO DE CARREIRA “O trabalho de Finalização requerido pela matéria de Técnicas Terapêuticas do curso técnico em Massoterapia tem como objetivo representar o resultado de um estudo. (...) Traz como proposta uma formação profissional pautada na interação da teoria com a prática, em um ensino reflexivo, baseado no processo de reflexão na ação, ou seja, um ensino cujo aprender por meio do fazer seja privilegiado.” Sob orientação do Professor Edinei Manojo. Nota: _________ Assinatura: ________________ São Paulo 2016 2
  • 4. REGISTRO DE COMENTÁRIOS DE AVALIAÇÃO ◇ ◇ ◇ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 3
  • 5. DEDICATÓRIA ◇ ◇ ◇ Dedico a todos os gestores de todas as corporações que fiz parte, que me formaram e incentivaram - ainda que inconscientemente - para que eu continuasse fazendo meu caminho o mais divertido e produtivo possível. 4
  • 6. AGRADECIMENTOS ◇ ◇ ◇ Gratidão aos colegas de classe que se tornaram uma família e a melhor companhia de todas as minhas noites durante esses dois anos de curso. Ao meu noivo incrível, família e amigos, que sempre me apoiaram e incentivaram a continuar buscando o que acredito. Gratidão a todos os clientes e pacientes que já passaram por mim e me ensinaram um pouquinho a mais, a todo momento. A todos os Mestres da EOMA, que se esforçam todas as noites para compartilharem conhecimento, vivências e histórias. E principalmente ao Mestre Edinei Manojo, que admiro por sua competência e por me acompanhar nesta etapa final do curso, mas do início de uma nova carreira. 5
  • 7. SUMÁRIO ◇ ◇ ◇ INTRODUÇÃO​ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08 CAPÍTULO 1 O que é Carreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Construção de Carreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 CAPÍTULO 2 As Fases da Carreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Infância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 Adolescência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Jovem Adulto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Maturidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Pós-carreira e Aposentadoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 6
  • 8. CAPÍTULO 3 Transições de Carreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Estados de Exceção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 CAPÍTULO 4 Carreira Massoterapia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Objetivos e Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 Questionário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 CONCLUSÃO​ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS​ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 ORIENTADOR​ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 7
  • 9. INTRODUÇÃO ◇ ◇ ◇ TRANSIÇÃO DE CARREIRA “Sou a única pessoa no mundo que eu realmente queria conhecer bem.” ~ Oscar Wilde Este projeto é parte avaliativa da disciplina Técnicas Terapêuticas ministrada pelo Professor Edinei Manojo e tem como objetivo inspirar os futuros massoterapeutas que ingressam na Escola Oriental de Massagem e Acupuntura (EOMA) e que desejam desenvolver nova carreira. O tema explorado é "Transição de Carreira" e em todo o desenvolvimento do estudo, não há indicação de caminho certo ou errado. Pelo contrário, estimula-se que cada um experimente seus próprios questionamentos, aproveitando-se das dicas aqui presentes de como fazer a travessia ou modificá-la à sua maneira. A ideia de criar um projeto que trata da transição de carreira surgiu da minha própria experiência, uma realidade que venho enfrentando há aproximadamente três anos. Digo três anos porque foi o período que iniciei a transição em si, mas foi em 2009 quando senti que já era hora de dar um novo rumo à minha carreira. Sou graduada em Publicidade e Propaganda, e sempre me desenvolvi em empresas multinacionais, estando imersa no Departamento Comercial, onde a dinâmica de trabalho me permitiu ser criativa e estratégica ao 8
  • 10. desenvolver produtos e projetos comerciais para grandes marcas e agências de publicidade do país. Em 2009, a internet e as redes sociais se consolidavam e, vendo as oportunidades surgirem, decidi me especializar em Gestão de Projetos Digitais. O que mais me chamava a atenção no ambiente digital era a nova maneira de relacionamento que surgia com a consolidação do Twitter e Facebook. Tudo era uma grande novidade e um grande mistério, e eu quis entender mais sobre o backstage das novas plataformas de mídia que surgiam. E por querer tanto entender esta relação homem e máquina, e homem e homem, através de uma máquina, que comecei a questionar a minha carreira. Sentia que, de alguma forma, havia algo dentro de mim que exigia uma carreira "mais humanizada". Eu não entendia o que isso significava, mas fui atrás de algumas respostas. Em 2010 iniciei em um grupo internacional de canais de TV por assinatura, mas na área de digital. Fui contratada para consolidar o novo departamento, então desenvolvi desde processos até equipe, sendo responsável pela gestão de mais duas pessoas e ponte entre os escritórios regionais da América Latina e Estados Unidos. Eu achava que "humanizar" a carreira seria algo mais nesse sentido de trabalhar com culturas diferentes, desenvolver pessoas e incentivá-las a novas habilidades. Neste sentido, eu tinha contato com gente de Miami, México, Estados Unidos, mas, ainda que meu trabalho fosse reconhecido, eu me sentia insatisfeita. Sentia que não era esse o sentido "humano" que eu tanto buscava. Nesta época, eu vivia um conflito familiar que, acredito, tenha sido o estopim para a minha revolução pessoal. Para enfrentar esse desafio, 9
  • 11. iniciei um acompanhamento psicológico e passei a cuidar mais do meu lado espiritual. Levou-se um tempo, mas tudo começou a se transformar dentro de mim, e eu comecei a enxergar a vida de um modo mais simples. E mesmo que tivesse uma vida muito boa e independente, eu estava infeliz. Eu estava abaixo do meu peso normal e lutando contra um quadro depressivo. Na mesma empresa, e em função do reconhecimento do meu trabalho, fui promovida e agora seria a responsável pelo faturamento digital da empresa. Eu sairia do backstage e iria para a linha de frente em vendas. Aceitei o desafio, pois continuava buscando o fator "humano" na minha carreira. Fazia 3 ou 4 reuniões por dia com clientes, além das reuniões internas de equipe. Conheci muita gente, reencontrei várias outras pessoas... e mesmo rodeada de gente, me sentia uma estranha neste mundo corporativo. A revolução pessoal agora emergia para o âmbito profissional. E, naturalmente, minha carreira sofreu desapegos. Sentia que tinha muito peso na minha mochilinha de vida, e cuidadosamente fui analisando uma a uma para ter certeza do descarte e - surpreendentemente - eu percebi que podia viver sem muitas coisas, e percebia que vivia até melhor. Então passei a experimentar. Em 2014 foi o ano que fiz cursos e aulas, buscava algo que pudesse completar a lacuna “hobby” da minha vida, até o dia que me inscrevi para um curso livre de massagem ayurvédica e adorei. Para me certificar, teria que cumprir algumas horas de atendimento prático. Em um domingo, lá estava eu vestida de branco e me preparando para o meu primeiro atendimento com massagem. Eu só me vestia toda de 10
  • 12. branco no Réveillon, mas neste dia eu me olhei no espelho e eu mesma me arranquei um sorriso. Eu gostava do que via. Apesar do nervosismo no início do dia, o desenrolar foi cheio de satisfação, experimentava novamente essa sensação que há muito tempo havia se perdido dentro de mim. Recebia um paciente de um jeito e o via sair de outro: completamente relaxado e com o semblante sereno. Então foi aí que eu entendi onde estava o fator humano que me chamava desde 2009. Não tive dúvidas em buscar um curso profissionalizante, e acabei me matriculando na EOMA. Na época, em 2015, eu planejava mudar completamente de carreira em 5 anos. Hoje, Publicidade e Marketing virou meu hobby, e Massoterapia, que era apenas um projeto a médio prazo, virou meu job. O que eram 5 anos se reduziram a menos da metade, e não julgo como mérito ou mal planejamento. Pelo contrário, aprendi que a consolidação de uma nova carreira tem mais a ver com os aprendizados, as oportunidades e, principalmente, o saber lidar com o improviso. O que se apresenta neste projeto é o método desenvolvido pela coach e psicóloga Mariá Giuliese, a partir de suas vivências em clínica e em workshops que realizava para compartilhar conhecimento. Giuliese observou seus clientes que desejavam (ou eram obrigados) a remanejar a jornada profissional, e concluiu que o ponto convergente de toda transição de carreira é uma transformação interna que vai se ajustando à realidade externa até que ambas se igualam em importância e realidade. 11
  • 13. Não existe caminho certo para o sucesso, pois cada um sabe do objetivo almejado, tamanho e firmeza de seus próprios passos. Por isso, o intuito deste projeto é inspirar e encorajar quem deseja realizar esta travessia na carreira de Massoterapeuta. Espero que, mais do que estimular a reflexão, que cada futuro Massoterapeuta sinta-se capaz e confiante de planejar seu caminho, conhecendo-se e adotando medidas estratégicas que lhe possibilitem alcançar seu objetivo. Desejo sucesso a todos :) Adriana Sayuri 12
  • 14. ◇ ◇ ◇ ​1​ ◇ ◇ ◇ O QUE É CARREIRA? Por “carreira”, entende-se o caminho a ser seguido para se desenvolver aptidões, que contribuam com crescimento e ascensão nos campos profissionais e pessoais. É o que nos permite desenvolver as técnicas que estudamos, mas também nos desenvolve nas aptidões pessoais de convivência e relacionamento com diferentes pessoas e organizações. Para entender “carreira”, torna-se importante, primeiro, definir e diferenciar “vocação” e “profissão”. Entende-se por “vocação” o propósito de vida do indivíduo, como se fosse o “chamado interno” para a realização de algo maior que vise o bem 13
  • 15. comum de todos, ou sua grande maioria. “Profissão” é um conjunto de ofícios e saberes que se acumulam ao longo da vida. Assim, definimos “carreira” como o caminho escolhido pelo indivíduo e que compreende suas vocações e profissões. Por isso, quando falamos de “carreira”, falamos sobre as nossas características pessoais: vocações, sonhos, talentos, projeções... mas ainda assim, tudo isso de acordo com a realização de um trabalho, função e responsabilidade. A carreira ideal é aquela que converge vocações e interesses com crescimento e aperfeiçoamento de habilidades profissionais. A carreira ideal existe, e para que exista, é necessário que esteja sempre em constante transformação. Esta condição apenas existe porque nossas vocações e interesses também seguem este mesmo movimento. Então, para uma carreira de sucesso, é requerido muito mais do que status, poder ou posição social. Basta, apenas, saber alinhar os desejos pessoais com as realizações profissionais. Mas como fazer isso? Entender do quê somos formados, incluindo aí não somente nosso desenvolvimento físico e emocional, mas também os interesses e vocações, é parte do caminho que se chama “autoconhecimento”. Nossa formação fisiológica e psicológica se desenvolve a partir dos estímulos do ambiente e das pessoas que nos cerca. Enquanto a parte fisiológica nos dá características parecidas, a hereditariedade, a formação psicológica também sofre influência, mas nem sempre são percebidas ou se deixam aflorar. 14
  • 16. ◇ ◇ ◇ “Na gestação, tem-se o contato com o meio, representado pelo útero materno; a partir do nascimento, surge o ambiente externo em que o bebê se desenvolverá. Desde sua concepção, portanto, o ser humano começa a construir sua relação consigo mesmo e com as pessoas envolvidas no seu processo de crescimento, sob a influência dos fatores da sua espécie e da cultura em que está inserido”. (GIULIESE, Mariá) ◇ ◇ ◇ Quando deixamos o útero de nossa mãe, passamos a experimentar um mundo exterior, e cada pessoa que nos rodeia contribui com uma realidade interior muito própria, que contém os pensamentos e os sentimentos de cada um a respeito de si próprio, das demais pessoas, e da realidade que o cerca. E isso é muito subjetivo, pois cada um interpreta o mesmo mundo exterior de diferentes maneiras. A relação de dependência mãe-filho gera uma nova fase de amadurecimento: a fase das relações. Nesta fase, o bebê precisa de um ambiente que lhe permita definir sua relação com os outros, e estas relações têm três objetivos: apoio, presença e confiabilidade. No início, a mãe proporciona todos esses critérios, e conforme vamos nos auto percebendo, a relação se torna menos dependente e abrem-se mais espaço para outras relações: pai, irmãos, família, grupo social, etc. Enfrentamos as frustrações e as faltas, e aprendemos a lidar com isso preenchendo o vazio e criando. Ainda que sob as limitações do mundo exterior, a realidade aponta a condição que a mente deve estar preparada para os fatos externos. Isso possibilita o “vir a ser” de cada ser humano. 15
  • 17. As frustrações também são importantes para nosso desenvolvimento pois experimentamos uma relação de oscilações, ir e vir, união e desunião, satisfação-frustração, prazer-desprazer, completude-incompletude, um espaço entre a dependência absoluta e a dependência relativa. Aprende-se, desde cedo, que a ideia de que “tudo pode e tudo consegue” não é verdade. Para lidar com esta dor da separação da mãe, o bebê cria mecanismos mentais para recuperar a experiência de união, completude e prazer. Esta busca permanece durante toda a vida e parece se revelar nas escolhas amorosas e até profissionais. Os mecanismos elegem objetos que remetam à ideia da segurança da mãe, e com mais tempo “livre”, experimentamos outras ilusões e desilusões. Evoluímos para uma conduta que elege objetos transitórios, cuja função é remodelar o significado simbólico que substitua a mãe. Inicialmente pode ser a chupeta, ou o dedo, mas com o tempo eles se tornam mais abstratos, como a música, amizade, religião, etc, sendo atividades que estimulam o pensar e a experimentar. Nessas experimentações e brincadeiras, desenvolvemos a área mental do “criar”, e é neste espaço que arquivamos as experiências de desilusão. E seguimos ainda mais curiosos, agora com as contribuições das relações externas. Os pais exercem um papel importante pois eles facilitam novos caminhos para as relações futuras. O bebê é inserido em um novo meio social e, brincando, utiliza-se da sua personalidade integral. Na adolescência percebemos claramente o indivíduo se apoderando desta capacidade de um modo especial e se posiciona de diferentes maneiras frente a uma só realidade. Na mesma intensidade, a realidade se mostra mais dura, e somos estimulados a 16
  • 18. compreender sobre obediência, subserviência, consumismo, e outras relações. Fica mais claro que o mundo apenas exige adaptação. Ainda assim, adaptar-se não é submeter-se aos modelos e padrões que o mundo pode nos induzir ou tentar estabelecer. Assim como a impressão sobre o mundo exterior é relativa, a nossa própria também o é. Por isso, se autoconhecer é um exercício diário. Como qualquer jornada, os caminhos podem sofrer alterações e surgem as transições de carreira. Este momento pode ser planejado ou ocorrer abruptamente. 17
  • 19. O QUE É CARREIRA? ◇ ◇ ◇ CONSTRUÇÃO DE CARREIRA A construção da carreira é totalmente individual e pessoal, e sofre muitas influências externas - como familiar, social, político, econômico. Trata-se de fazer escolhas e representa nossa história passada e presente, nossa realidade subjetiva, e nosso jeito de ser. Já a carreira futura, diz respeito aos nossos sonhos e potencialidades. Desta maneira, podemos dizer que uma carreira é composta por nossas vocações de acordo com as demandas externas, como contexto social e estímulos do mercado de trabalho. Vocações e sonhos podem ser nossa carreira interna, pois diz respeito ao nosso individual. Demandas externas podem ser nossa carreira externa, pois diz respeito ao que nos envolve e transforma. Paralelo à carreira do profissional, existem os “ciclos de vida na organização”, que dizem respeito ao desenvolvimento do profissional dentro de uma empresa. Trata-se de uma trajetória com começo, meio e fim. Co = Contratação In = Integração Cr = Crescimento e ápice Cn = Conforto e Estabilidade 18
  • 20. De = Declínio Mo = Morte Após a “morte”, ou a saída da empresa, parte-se para um novo caminho, uma nova empresa, ou empreitada. Independente do estágio de evolução da carreira, o objetivo do profissional deve ser o de utilizar os ciclos na organização para promover a evolução natural de sua carreira. De acordo com Mariá Giuliesi, são três os objetivos das organizações em relação aos profissionais que nela atuam: 1. Acelerar as transições de carreira para que o profissional cresça a uma velocidade mais rápida; 2. Manter o profissional no estado de crescimento, o que garante à empresa uma maior produtividade; 3. Reduzir o estado de estabilização do colaborador e identificar o início do seu declínio para encurtar a duração de seus dois últimos estados, pois são desinteressantes para a empresa e envolvem altos custos para a organização ◇ ◇ ◇ “A carreira se constrói enquanto caminhamos, e quanto melhor nos parecer o terreno, os guias que encontramos ao longo do percurso, nossa capacidade de aprender com as experiências e nossa criatividade, melhor se tornará sua estruturação” (GIULIESE, Mariá) ◇ ◇ ◇ 19
  • 21. Vivenciar cada fase de crescimento na organização permite uma evolução rápida e consistente. Caso contrário, o profissional poderá sofrer paralisia e alienação, mantendo-se imóvel até que alguma medida seja tomada - promoção, transferência ou demissão. Assim como acontece na maturação emocional, a maturação profissional também exige compreensão, a fim de evitar patologias psíquicas, conhecendo-se e curando-se em todos os âmbitos. Uma carreira integrada caracteriza-se pela união da “carreira interna” com a “carreira externa”. A carreira interna trata mais da nossa realidade subjetiva, formada por nossos sonhos, desejos e vontades que muitas vezes não contamos a mais ninguém. Ela é formada a partir de um resgate de si mesmo, vontades, aptidões e habilidades muitas vezes esquecidas. A carreira externa fala do desejo do outro, de nossa necessidade em pertencer a um grupo e ser aceito e, assim, satisfazer desejos de familiares, 20
  • 22. amigos, professores, chefes. Ela é formada a partir das demandas do mercado, impulsionado por processos econômicos e socioculturais. Idealmente buscamos o equilíbrio entre ambas as carreiras, potencializando as experiências de auto realização e satisfação pessoal, além de melhor qualidade de vida e melhores resultados. Ao colocarmos a carreira externa a serviço da interna, e vice-versa, estamos justamente construindo a “carreira integrada”. Este movimento de ir e vir, a alternância das realidades objetiva e subjetiva, a verdadeira experiência de ser e de realizar. Tudo isso consequentemente provoca uma evolução mais natural e saudável, garantindo prazer na realização de uma atividade profissional verdadeiramente criativa e compatível com nossos sonhos. A carreira integrada atende às motivações de cada um e promove crescimento pessoal e profissional, faz com habilidade, facilidade e muita competência, gerando, necessariamente, melhor remuneração financeira, reconhecimento e realização. É um dos meios para se obter momentos duradouros de felicidade. Uma carreira integrada pode ser construída desde o início da vida profissional, ou a qualquer momento, desde que o indivíduo se sinta capaz de perceber e valorizar vocações e interesses que emergem e precisam ser utilizados, exigindo competências e experiências já desenvolvidas e outras a desenvolver. Muitas vezes, é possível colocar a carreira interna a serviço das necessidades do mercado e construir um espaço ainda mais independente. Utilizando-se, também, dos aprendizados na carreira externa, a chance de um negócio de sucesso parece ainda mais viável. 21
  • 23. No início da carreira, talvez por imaturidade e falta de experiência, temos mais dificuldade em identificar nossos interesses e vocações. Conforme estes ficam mais evidentes, naturalmente criam-se condições de aperfeiçoamento e evolução. Quando desprezados, vivendo apenas em função das demandas do mercado e da realidade externa, quebramos nossa relação mais íntima com a aquisição de conhecimentos e experiências com nossas vocações e interesses pessoais, o que nos provocará dor e sofrimento mais tarde. O mesmo acontece quando apenas realizamos para atender à nossa realidade interna, sem formatar e concretizar os sonhos contidos em nossa carreira interna. Desta mesma forma, inviabiliza-se, também, a criação de uma carreira integrada. Construir a carreira é, portanto, construir a própria vida. A carreira presente denota o jeito de ser de um profissional, enquanto a futura carreira remete aos sonhos e às potencialidades individuais. A trajetória delineada pertence ao mundo dos ideais e pode mudar a qualquer momento. Por isso, o planejamento deve ser ajustado dia a dia, à luz das realidades interna e externa que compõe o indivíduo. 22
  • 24. ◇ ◇ ◇ ​2​ ◇ ◇ ◇ AS FASES DA CARREIRA Ao compreendermos cada fase que compõe o caminhar de uma carreira, fica mais fácil identificar o desafio que poderá vir, bem como o objetivo em enfrentar todas essas dificuldades. A autora Mariá Giuliese propõe um novo olhar sobre a carreira, correlacionando com o desenvolvimento humano. Desta forma, para a autora, a carreira é composta pelas seguintes fases: infância, adolescência, jovem adulto, maturidade e pós carreira. 23
  • 25. DIAGRAMA DAS FASES DA CARREIRA Legenda: 1I) Primeira Infância 2I) Segunda Infância 3I) Terceira Infância A) Adolescência JA) Jovem Adulto M) Maturidade PC) Pós-carreira A evolução natural da carreira segue esta ordem, e em cada uma dessas fases apresenta uma transição para a fase seguinte e para o estado final. Essas fases transitórias são chamadas “estados de exceção”, e geralmente apresentam uma condição de desconforto ou sofrimentos. Nestas fases, o processo de evolução natural é interrompido ou modificado temporariamente. Este “estado de carreira” tem, ainda, mais duas fases transitórias: uma de recuperação, e outra de defesa ou regressão. As transições são de extrema importância pois geram crescimento e proporcionam um passo adiante em direção a uma nova fase da carreira. Quando não há compreensão ou a experiência é negativa, é possível que a pessoa retorne ao “estado de exceção”. Mesmo a dinâmica de mudanças podem causar certas “doenças de carreira”, como descreve Mariá Giuliese: 24
  • 26. ◇ ◇ ◇ “A tendência anti social, os comportamentos delinquentes e os distúrbios de caráter recorrentes, são causados, por exemplo, pela falha ambiental ocorrida em um estado de dependência relativa (infância de carreira)” ◇ ◇ ◇ Quando o profissional começa uma nova jornada em seu primeiro estado de desenvolvimento, é esperado que a passagem de uma fase à outra seja com mais rapidez em função da experiência anterior. Ainda que hajam muitas jornadas dentro desta única direção, ao se analisar uma carreira, é importante saber identificar o fio condutor para, enfim, detalhar cada acontecimento com fatos importantes. Esta análise resulta em um planejamento estratégico da carreira pois você passa a tomar decisões baseadas em fatos e aprendizados passados. A “Linha do Tempo” é um recurso que serve como mapa na busca pelo fio condutor de uma carreira. Além de nos dar uma visão panorâmica de como a carreira se constituiu, aponta quais os principais momentos que definiram sua carreira, bem como sua experiência nos “estados de exceção”. 25
  • 27. Exemplo de Linha do Tempo: Ano Idade Fase de Carreira Evento Chave Pessoal Profissional 2009 26 Jovem Adulto Início da pós graduação (sentia que precisava "humanizar" a minha carreira) Conquista de mais autonomia nos processos de trabalho (Sony) --- Não consegui mudar de área (TV para digital) 2010 27 Jovem Adulto Fim da pós graduação Mudança de empresa após 8 anos na mesma empresa (Sony) 2011 28 Jovem Adulto Mudança de casa (em SBC) Mudança de empresa e de área - mkt digital (Ideal Invest) 2012 29 Jovem Adulto Conflito familiar, início da psicoterapia --- Mudança de casa para SP Mudança de empresa (Discovery) na área digital 2013 30 Jovem Adulto Início de trabalho voluntário Promoção de cargo 2014 31 Maturidade Cursos fora da área: massagem ayurvédica Mudança de empresa (Click Jogos/NZN) 2015 32 Maturidade Fim do noivado Mudança de CLT para PJ 2016 33 Pós Carreira Novo relacionamento, nova casa Home office em mkt e vendas --- Massoterapia 2x por semana --- Transição completa de carreira em Setembro 26
  • 28. ​AS FASES DA CARREIRA ◇ ◇ ◇ INFÂNCIA A infância da carreira está dividida em três sub-fases: 1) primeira infância, 2) segunda infância e 3) terceira infância. A primeira infância pode ser entendida como um “estado de descoberta”, e simbolicamente falando, o bebê é totalmente dependente da mãe. Neste caso, a mãe é o chefe. Este período proporciona as primeiras experiências de trabalho, e o novo profissional é totalmente dependente das teorias e dos conhecimentos adquiridos nas instituições, sente-se insegura e desamparada e apresenta dificuldade em lidar com os estímulos externos e internos. Depende do chefe / professor para ajudá-la e quando ameaçada, tende a negar a realidade, responsabilizar os outros pelos problemas ou fechar-se para não transparecer sua fragilidade e insegurança. Assim, os desafios na primeira infância de sua carreira são: 1. Reunir inicialmente os conhecimentos e viver experiências, construindo uma visão em que começará a integrar tempo e espaço, processo no qual o chefe tem a função de ajudá-lo. 2. Reconhecer a si próprio e ao outro. Neste sentido, precisará contar com a contribuição de um chefe que o acolha e facilite tais relações. 3. Tolerar a ausência do trabalho, das funções a desempenhar, da empresa, da realidade corporativa e das pessoas com quem trabalha; desenvolver e construir relações edificantes a partir do uso do impulso 27
  • 29. criativo aplicado à realização das tarefas (brincar, criar) para o que precisará contar com um ambiente construtivo em que prevaleça a confiança. Nota-se que o gestor tem uma enorme importância neste sentido para o jovem profissional. Ele é o responsável por estabelecer a ponte entre sua realidade interna e externa, dando início à formação da identidade profissional. Assim como ensina sobre o mundo dos negócios, os relacionamentos, as tarefas e os caminhos. Quanto mais admirado e disponível este mentor for, mais desejoso de aprender e evoluir será o colaborador. E, assim, facilmente passa à fase seguinte: a segunda infância. A “segunda infância” pode ser reconhecida como um "estado de imitação", quando o processo de aprendizagem se baseia na imitação e jogo. Nesta fase, além de buscar a aceitação, a criança procura delimitar o seu próprio território. As figuras de poder (pai e mãe) são vistos como figuras fortes, grandiosas, donas de poder e conhecimento. No campo profissional, o colaborador já se percebe separado das teorias, se espelha em seu gestor e até confunde seus colegas de trabalho como concorrentes. Emerge e experimenta sentimentos como ciúme, inveja e a rivalidade. Nesta fase, o indivíduo entre em contato consigo para buscar recursos que o conforte ao se deparar com tais situações. O mentor de novo ganha importância pois ele terá de desenvolver os valores e princípios éticos e morais, capazes de garantir agressividade e competitividade saudáveis e que, ainda assim, seja capaz de construir. A frustração dos desejos constrói sua identidade psíquica, representando a matriz do pensamento e da criatividade. Novas possibilidades tendem a ser imaginadas e criadas, caminhando à realização. 28
  • 30. A terceira infância, também conhecida como "pré-adolescência", pode ser chamada de "estado de idealização". Nesta fase a criança tende a ser chamada por mais responsabilidades, no campo profissional, o indivíduo começa a ter dúvidas, ao mesmo tempo que sente necessidade de realizar ao seu modo. Teme fazê-lo de maneira independente. Nesta fase ocorrem grandes desenvolvimentos intelectuais e emocionais. As relações interpessoais e sociais se acentuam. Os ideais de relacionamento, amizade, entre outros, começam a ser delineados. Nesta fase, o gestor dita as regras do jogo e estabelece limites para brincadeiras e erros. Reconhece o desenvolvimento e lhe oferece espaço e alimento suficientes para que cresça saudável. E é nesta fase, também, que o profissional poderá perceber a complexidade da empresa, a força e a fragilidade do chefe e a relatividade dos processos. Percebe e compreende fatos e opiniões, discurso e prática, o que se deseja e o que é viável. Em toda a infância, a identidade psíquica e a qualidade da sua mentoria constituem a base para seu caráter profissional. Quando a mentoria se mostra rígida, permissiva ou superprotetora, desestimulam as necessidades de aprendizagem e curiosidade, e podem levar até a "doenças de carreira": 1. Autismo: o profissional cria um mundo só para ele e vive encapsulado neste universo, sem reconhecer ou interagir com a realidade externa. Fechado, solitário, sistemático e repetitivo. 2. Inibido e subnutrido: fruto de uma gestão infantilizada e rígida, se mostra fraco, impotente e desmotivado. Apresenta rigidez de pensamento e 29
  • 31. ódio da realidade. Apresenta delírios de perseguição e desconfiança em relação a tudo e a todos. 3. Deprimido: perde a vontade e a força para realizar e mudar o ambiente e a si mesmo. Vive em constante insatisfação e têm comportamentos críticos. Sente culpa ou é vitimizado em relação aos fatos que ocorrem consigo. 4. Histérico: atua de maneira exagerada, visceral e estrondosa 5. Narcisista: atua de maneira onipotente e arrogante, sabe tudo e entende tudo. Usa o colega para seu prazer. Desconsidera o fracasso. 30
  • 32. AS FASES DA CARREIRA ◇ ◇ ◇ ADOLESCÊNCIA Também conhecido como "estado da revolução", é um período de grande dinamismo, cheio de energia para construir, aprender e realizar. O indivíduo entra em contato consigo mesmo, se vê cheio de dúvidas e incertezas sobre quem é e quem pretende ser. Ele ainda não sabe o que quer nem do que precisa. O adolescente já se percebe a si como uma pessoa isolada. Passa a se comparar aos demais e a incorporar o "efeito manada", seguindo grupos e abandonando a figura paterna. Experimenta ilusões. O profissional nesta fase já está preparado para tarefas e áreas operacionais, realiza projetos e organiza informações. Sente um forte desejo por áreas e tarefas estratégicas mas ainda não possui maturidade e experiência. Muito propício a perversões e desvios de caminhos, é neste período que forma sua visão relativa a valores, princípios, moral e ética. O gestor precisa orientar sobre regras, normas e valores. Terá de confiar e dar espaço, estruturar e limitar para que não se perca. Precisa estimular e provocar para continuar em frente. Fase de grandes aprendizados, em que a ousadia para correr riscos e a consciência dos interesses e vocações podem levar o profissional a um salto quantitativo e qualitativo em sua carreira. Se o profissional se encontra inseguro ou inibido, o gestor também toma a responsabilidade por ser coach, alguém que aceite, imponha comando, respeite e se faça respeitar. 31
  • 33. Gestores ou ambientes de trabalho inadequados facilitam para a emergência do profissional delinquente, normótico ou submisso patológico. 1. Delinquente: aético e amoral, características autodestrutivas, atua com perversidade, causa intrigas para conseguir o que quer. 2. Submissos patológicos: também são autodestrutivos, manifestam fragilidade, insegurança, repressão e depressão. 3. Normóticos: inflexíveis e previsíveis, pois sempre tentam agradar e funcionar conforme modelos pré estabelecidos. 32
  • 34. AS FASES DA CARREIRA ◇ ◇ ◇ JOVEM ADULTO Nesta fase, o jovem adulto já conseguiu consolidar sua identidade profissional e estabilizar valores e princípios afetivos, religiosos e morais. Já demonstra aptidão a coordenar uma equipe, embora ainda necessite de uma gestão. Possui maior capacidade para pensar, criar, escolher, dirigir e decidir. Desenvolve visão estratégica e se torna menos operacional. Tendo enfrentando muitas desilusões, aprendeu e valoriza sua capacidade por esperar. Tudo indica o caminho da maturidade chegando. A chefia que necessita é mais voltada à orientação e menos para a disciplina, é capaz de desenvolver parceria em que as funções sejam delegadas e os poderes estabelecidos esclarecidos. Começa a entender que a qualidade das relações estabelecidas na empresa, a política, o jogo de poder, o sistema corporativo são muito mais fortes do que ele e por isso não consegue mudar tudo o que deseja. Desta maneira, passa a ter vontade de agir com mais independência. Utilizando-se de seus aprendizados, utilizando cada vez mais os seus próprios modelos de gestão para se destacar e avançar ainda mais passos. É comum perceber profissionais de corporações que chegam a esta fase e têm conflitos internos sobre querer agir mais independentemente mas enfrentam o medo e a insegurança em realizar a transição pois foram criados para obedecer ao comando e ter medo de agir independentemente. 33
  • 35. Quando supera este obstáculo, o jovem adulto profissional passa a aperfeiçoar suas competências, principalmente nas áreas de gestão de negócios e pessoas. Deseja maior autonomia e dedica-se a projetos novos e diversificados. Precisa testar seus próprios recursos, interesses e vocações. Sabe identificar o que lhe gera sofrimento e deseja ser tratado como igual. Quando o jovem profissional não possui autoconfiança o suficiente, apresenta comportamento imaturo, necessidade de controle e centralização. Poderá ter dificuldade em tolerar as diferenças individuais e a exigir obediência a seus métodos. O jovem adulto precisa validar suas escolhas e planejar seu futuro. Neste sentido, conta com os feedbacks de sua equipe e chefia, porém só se beneficiará das considerações se tiver maturidade para reconhecer e avaliar seus sentimentos e comportamentos. A chefia contribui para seu crescimento se consegue orientar e impulsionar o crescimento do profissional que se encontra nesta fase. 34
  • 36. AS FASES DA CARREIRA ◇ ◇ ◇ MATURIDADE A maturidade é também entendida como “estado de consolidação”. Nesta fase, o profissional maneja a serenidade de quem conhece seus limites, recursos e não têm mais nada a provar a si e a mais ninguém. Suas capacidades em compreender, assistir, orientar e informar estão plenamente desenvolvidas. Suas relações afetivas e emocionais evoluíram e suas percepções, estão mais agudas. São capazes de se deprimir ao perceber que não conduziram sua carreira como queriam e na direção desejada. Contudo, são capazes de vibrar ao retomar o caminho, desenhar o futuro e desenvolver competências necessárias para se chegar aonde desejam. A maturidade é libertadora. Permite que o profissional se aproprie de si mesmo e de sua história. Percebe que ele é quem escolhe o que se escreve a seguir. Ocupa-se com aquilo que, de fato, preenche sua vida e dá sentido. Quando percebe-se realizando atividades desprazerosas e que o tiram a identidade real de quem é, sofre-se muito, pois a situação exige grandes mudanças. Na maturidade, as escolhas e decisões dizem muito mais sobre um alinhamento cada vez maior do profissional ao seus interesses e vocações. Esta é a hora de assumir posições mais estratégicas e comandar negócios maiores e mais desafiantes. Pode ser o momento de ser o chefe e de prestar serviço para várias empresas e / ou desenvolver seu próprio negócio. É a ocasião certa para uma atuação mais independente e segura. 35
  • 37. Nesta fase, possui recursos internos melhores elaborados a fim de realizar uma avaliação sincera de suas possibilidades no que se refere à construção do pós-carreira. Esta é a hora de consolidar grandes conquistas, abrir mão de vaidades e competições para efetivamente realizar o melhor caminhar rumo ao pós-carreira. 36
  • 38. AS FASES DA CARREIRA ◇ ◇ ◇ PÓS-CARREIRA A última fase da carreira é representado pelo pós-carreira, pela aposentadoria ou por um “estado de sabedoria”. Pode ser o estado de carreira mais próspero, e o indivíduo experimenta maior liberdade e independência. Ao mesmo tempo que vivencia uma forte angústia por se confrontar com o envelhecimento e a “morte de carreira” que se aproxima. É um estado de balanços e constatações. O profissional se sente seguro e suficientemente experiente, sente a necessidade de ser um orientador, tem vontade de passar seus conhecimentos adiante. Este é um estado especial da maturidade pessoal e profissional. Assim como os demais, especialmente nesta fase fica evidente a necessidade de integração, que ocorre por meio do autoconhecimento em paralelo à tentativa de se entender e integrar o meio externo, a realidade sócio-econômica-cultural que o envolve também. Inclusive o campo sócio-cultural lhe abre caminhos para discernir o que é permitido e o que não é permitido em seu mundo de valores, consolidados a partir de anos de experiência em sua jornada de vida e carreira. Orientam-se a estruturação das vocações e interesses e determinam o modo como atuará no mundo. O profissional ganha a tolerância que antes não possuía e sua ações não estão mais sustentadas pela ascensão no poder, mas pela experiência de vida como uma passagem. Passa a ter questionamentos mais humanos: 37
  • 39. ● Qual é o sentido da minha vida? ● Qual é a hierarquia de valores que me apoio? ● Qual é o meu valor maior? O valor maior é efetivamente aquilo que dá sentido à vida. Ele possibilita a sensação de ter encontrado uma caminho (carreira) a seguir, um sentido para o mundo, reflete o modo pelo qual irá cooperar com a comunidade em que vive, e pelo qual será percebido. No pós-carreira, surge a necessidade de escrever um livro, contribuir com a comunidade onde vive, tem vontade de construir ou reconstruir, viabilizar projetos e negócios familiares. É neste sentido que o “nós” prevalece sobre o “eu”. Desenvolve a consciência política, da importância de contribuir para o bem público e os demais. Assume suas escolhas e entende que a separação faz parte do processo de crescimento. Porém, baseado na Teoria do Amadurecimento, de Winnicot, e no conceito de desmame, de Freud e Melanie Klein, a separação do mundo corporativo, por demissão ou aposentadoria, será menos dolorosa e traumática quando as razões forem claras, quando os gestores auxiliarem seu colaborador a pavimentar o caminho que ele irá trilhar, e construírem com ele um ambiente de confiança que o estimule a ousar, experimentar a si próprio e o mundo lá fora. Quando o profissional chega a esta fase e se depara com amadurecimento emocional insuficiente para acompanhar seu envelhecimento profissional, poderá apresentar algumas doenças de carreira: 38
  • 40. 1. Senilidade precoce: não aceitação do novo e do moderno 2. Melancolia: prostração ao constatar o envelhecimento 3. Mania: apresenta agitação e euforia, negando a realidade e atuando de maneira incompatível com sua real condição 4. Regressão: voltam à adolescência da carreira e passam a se comportar de maneira infantil, impulsiva e passional É importante salientar que é comum que o profissional apresente características de mais de uma fase de carreira. O que deve prevalecer é o estudo da pessoa como um todo e a consciência de que ela pode viver inúmeros estados e transições de carreira. Aos profissionais que optaram por carreiras independentes, como consultores, empresários ou acadêmicos, as “fases de carreira” evoluem de maneira semelhante, sendo o chefe/pai sendo representado por um profissional de mais experiência - um mentor, consultado nos momentos de dificuldade. 39
  • 41. ◇ ◇ ◇ ​3​ ◇ ◇ ◇ TRANSIÇÕES DE CARREIRA O movimento transicional se assemelha ao crescimento da criança em seus desenvolvimentos físico e mental. Mais importante do que entender a fase de carreira onde o indivíduo se encontra, é acompanhá-lo em sua transição de forma que se aproveite o momento para seguir adiante com seu crescimento pessoal e profissional, e não regredir e permanecer estagnado. A transição, para efeito da análise da carreira, pode ser vista como um processo que envolve vários momentos, os quais poderiam ser tomados como estados intermediários entre as fases da carreira propriamente dita. 40
  • 42. São três os possíveis movimentos de transição a partir de um estado de carreira: ● a transição que representa a evolução natural e leva o profissional do estado N para o estado seguinte na escala de amadurecimento; ● a transição que representa a entrada em um “estado de exceção” correspondente; ● a transição que leva ao final de uma carreira e ao possível início de uma nova. Na realidade, toda transição envolve um “estado de exceção”, mas no caso do item 01, uma “evolução natural”, o estado de exceção é mais rápido e menos significativo para o estudo em questão. É um processo natural, e até de certo modo, esperado, não gera dúvidas e reflexões tão evidentes como a ruptura inesperada (como uma demissão, transferência ou até mesmo uma promoção de cargo). As mudanças surgem por demandas da realidade interna, quando passamos a perceber movimentos e dinâmicas próprias, das pessoas que nos cercam ou do meio que vivemos e sentimos a necessidade de mudar. Ou até mesmo exigências das demandas externas, quando a situação ou o outro provoca ou impõem novas ações. Chamamos de “evento” o fato que desencadeia um processo de mudança e transição, pode ter origem interna ou externa, sua existência é inerente à vida e constitui estímulo para crescimento, mesmo que muitas vezes nos provoque regressão de fases, ainda que temporárias. Todo evento gera novas percepções e exige a revisão do modo antigo de ver e agir. A demissão, por exemplo, pode-se denominar um evento mas que é consequência de uma série de eventos que desencadeavam desconforto e a confirmação de que algo já não caminhava bem. 41
  • 43. Até que a necessidade se exteriorize e alguém tome as providências para efetivar a mudança, ocorre um período de desconforto e de tentativas de reverter o quadro. Afinal, ninguém gosta de lidar com rupturas e separações. Ainda que negociada, a demissão promove fortes emoções e sentimentos de exclusão. De início, a experiência da demissão provoca o contato com o insucesso e com a perda. Mais tarde vem a percepção de ganho e a conscientização quanto à demora para se concretizar com legitimidade o que já existia de fato. Seja na vida ou na carreira, toda transição apresenta três momentos principais. O primeiro é desencadeado pelo evento que se caracteriza como a sensação de que algo precisa mudar. Surgem as dúvidas, o desconforto, a desilusão, a incerteza e o medo. Ainda assim, são sentimentos pouco claros pois ainda não ganharam significado suficiente. É comum sentir uma excitação, uma ansiedade generalizada e, simultaneamente uma tentativa de abafar, dissimular ou negar o desconforto. Muitas vezes essa situação é confundida com estresse e é comum pessoas tirarem férias ou associarem o estado emocional como uma falta de qualidade de vida. Poucos são os profissionais que conseguem entender que a sensação está associada ao trabalho e procuram ajuda especializada ou até mesmo conversar com amigos e familiares sobre esta questão. Assim, a primeira etapa da transição envolve a finalização de uma separação que já existia, sua formalização legal e seu ritual de afastamento. Entra aí o processo de luto , que envolve o afastamento de um objeto sobre o qual investiu-se de melhor: afeto, conhecimento, experiência, tempo, energia etc. Este momento gera tristeza e até mesmo culpa, quando nos colocamos como os causadores dessa separação. De qualquer maneira, o olhar de quem se separa é lançado sobre o que aconteceu em sua vida até então, e sobre os danos causados nele mesmo e em suas outras relações. 42
  • 44. O segundo momento de transição se expressa por meio do espaço vazio resultante da separação. Há desamparo e dúvidas quando ao que fazer e para onde ir. É o momento em que se toma consciência de estar experimentando uma transição - algo terminou e nada foi colocado em seu lugar. A pessoa fica no escuro, sente um enorme vazio, muitas saudades do passado e medo do futuro desconhecido. Muitas vezes tende a negar a dor e o medo. Neste caso, imediatamente ocorre o terceiro momento da transição, dando início a um novo trabalho ou relacionamento. Por não se permitir o tempo necessário para elaborar e compreender o ocorrido, a tendência é repetir o passado e os mesmos equívocos, construindo um círculo vicioso. Ao suportar o frio e o escuro, usufruindo o tempo necessário para perceber o que fazer, acolhendo dúvidas e medos, o indivíduo pode realmente aproveitar-se deste momento de transição. Mais do que isso, de efetiva transformação, crescimento e evolução em todos os âmbitos. É a hora da revisão completa de sua vida, e tempo apropriado para, se houver viabilidade, de se pedir ajuda e aconselhamento. É o grande momento para se perceber as “fases de carreira” já vivenciadas, as transições e os períodos de exceção que já incorreram em sua história. Desta forma, o indivíduo se apresenta muito mais apto a construir um novo projeto. O escuro não deve ser um momento de desespero e aflição, a pessoa sabe onde está, apenas desconhece para onde prosseguir. É hora de aproveitar o momento para uma reflexão calma e serena. O ritmo interno de cada um deve ser respeitado, e ele tende a ser mais lento que o ritmo externo. É no segundo momento da transição que o indivíduo experimenta o “estado de exceção” que tratamos até então. 43
  • 45. O terceiro momento é marcado pela estruturação da nova atividade, do novo início. Depois de tomar a distância necessária para observar os fatos e viver por completo as emoções, o primeiro passo é compreender a situação, reconhecer e dar nome é o segundo. Quanto mais ampla e profunda a visão, melhor o conhecimento. Conhecer o caminho torna a jornada menos angustiante. Intensifica a oportunidade de aprendizagem e constrói novas visões de onde e como seguir adiante. Existe um alto ganho de autoconhecimento e da confiança em si mesmo. 44
  • 46. TRANSIÇÕES DE CARREIRA ◇ ◇ ◇ ESTADOS DE EXCEÇÃO Um “estado de exceção” ocorre muitas vezes na intersecção entre a carreira e o ciclo de vida do profissional na organização. É limitado e se encerra quando, por alguma razão, a relação é interrompida. Faz parte de qualquer processo transitório e dará origem a um novo começo. Este estado é caracterizado por condição de sofrimento do profissional, de modo consciente ou não. Este é um estado de autoconhecimento, geralmente a fase mais dolorosa, pois temos que enfrentar muitos dos nossos medos e anseios que, em algum momento lá atrás, deixamos para “resolver depois”. Por isso, experimentar este estado com paciência e respeito é, também, um exercício de auto amor e auto respeito consigo mesmo. O que diferencia um estado de exceção do outro são as características emocionais associadas a cada fase do desenvolvimento do profissional e às condições em que ele ocorre. Assim, é possível dizer que as regressões de fases são mais comuns no início da carreira, e do ponto de vista emocional, ficam mais raras nos últimos. Quanto melhores forem as condições de elaboração emocional, de percepção dos próprios sentimentos e da qualidade, e quanto maiores forem os recurso psíquicos e emocionais da pessoa, mais eficiente e rápida será a sua passagem pelos “estados de exceção”. E, quanto mais saudável e respeitoso for o processo de separação, mais breve será tal passagem, em contrapartida, quando a separação é feita de modo traumático, a tendência à regressão e à longa permanência no “estado de exceção” é maior. O 45
  • 47. “estado de exceção” representa a iminência da transformação ou da regressão. O estado que representa o fim da carreira pressupõe uma transição e um “estado de exceção”. Quando o fim da carreira coincide com a primeira infância de uma nova carreira, essa transição é feita praticamente sem sofrimento e dispensa o “estado de exceção”. Nesses casos, o profissional apresenta boa estrutura emocional pois já vinha, de certa forma, construindo o novo caminho a seguir. Mas a maioria das pessoas não se prepara para o próximo passo. O fato de não estudar, pensar ou planejar uma sequência da própria vida profissional provoca intensos sentimentos de culpa e desamparo, provocando longos e dolorosos “estados de exceção". Algumas pessoas se vêem incapazes de decidir um rumo a seguir que acaba por abandonando sua atividade profissional e requer ajuda de especialistas para se restabelecer. As pessoas que entram em contato com seu próprio sofrimento e se percebem doentes vivem necessariamente um “estado de exceção” e podem desenvolver alguma doença psíquica associadas ao trabalho. Podem ser temporárias e desaparecer com uma mudança de emprego ou ajuda especializada. Muitas vezes, a pessoa não sabe/não assume a doença e acaba por não perceber seu comportamento frente os desafios. Assim todo “estado de exceção” é uma zona neutra, espaço intermediário entre um processo que terminou e pode começar novamente. Apesar do sofrimento, é preciso sentir e refletir. Identificar os aprendizados e as competências desenvolvidas, os recursos adquiridos, para que se possa planejar o próximo passo e investir em um novo desafio profissional. 46
  • 48. É hora de resgatar a auto-estima, o desejo por investir energia e afeto em outro trabalho e até adquirir melhor compreensão do que pode utilizar na próxima etapa de vida. Poderá parecer aterrorizante e muitos pensam em desistir e repetir o caminho conhecido. Mas se a pessoa for boa parceira e conseguir instruir a si mesma, se conseguir buscar ajuda na travessia, ela poderá desfrutar do novo, de reconhecer suas possibilidades, forças e fragilidades, e dar mais um passo em direção ao futuro planejado. Valerá a pena desenvolver a paciência, aceitando que não se tem controle sobre o que poderá acontecer, curvando-se diante as realidades interna e externa, desenvolvendo também flexibilidade e sabedoria para reconhecê-las. 47
  • 49. ◇ ◇ ◇ ​4​ ◇ ◇ ◇ CARREIRA MASSOTERAPEUTA Durante todo o tempo que frequento a Escola Oriental de Massagem e Acupuntura, observei e conversei com muitas pessoas sobre suas motivações no curso, o que pretendiam fazer e o que esperavam com esta nova qualificação. São muitos os alunos que buscavam o curso como o “Plano B” de sua carreira. Eu mesma, em minha própria experiência, busquei o curso com este objetivo, mas tinha em mente que o faria depois de 3 a 5 anos após o término do curso. Em apenas um ano eu já estava trabalhando na área e em apenas um ano e meio de curso, fiz a minha transição de carreira de vez, e atualmente a Massoterapia é minha principal ocupação profissional. 48
  • 50. A grande vantagem da profissão do Massoterapeuta é que a qualificação e desenvolvimento depende apenas do próprio profissional. Diferente do que almejar um cargo de diretoria executiva, onde o caminho a ser trilhado já tem mais ou menos uma estrutura a ser seguida, e apresentam degraus que você conquista um a um, a carreira de Massoterapeuta, pode-se dizer, inicia-se logo no primeiro dia de aula prática. Você passa a treinar, praticar, desenvolver a técnica, passo a passo, mas a evolução intensifica e agiliza se você despende tempo para a prática constante. Como em qualquer outra área, a Massoterapia também exige qualificação e constante atualização a fim de oferecer o melhor serviço ao cliente. Outra grande vantagem é que a Escola Oriental de Massagem e Acupuntura faz parte do Grupo Oriental, que possui uma rede de clínicas em shoppings e em empresas que promovem relaxamento e bem-estar através de massagens terapêuticas. Todos os colaboradores da Clínica Oriental têm a formação EOMA, o que garante a qualidade da técnica e do conhecimento, além de ser extrema vantagem para o aluno EOMA em se profissionalizar com chances grandes de atuação no mercado ainda durante o curso. Esta possibilidade permite ao então aluno se decidir quanto a seguir para os próximos passos. O mercado de Massoterapia vem apresentando uma crescente procura, muito em função do estilo de vida atual: estresse, depressão, crises de ansiedade e pânico. Muitas pessoas procuram o profissional massoterapeuta para alívio de dores físicas e emocionais, e as vantagens fisiológicas e energéticas que as manobras terapêuticas oferecem têm-se destacado frente aos métodos convencionais de cura. Seguindo a tendência da Europa e Estados Unidos, surgem muitos spas urbanos e clínicas destinadas ao bem estar e prevenção da saúde. Isso abre muitas possibilidades aos já atuantes e novos profissionais que podem 49
  • 51. trabalhar em seu próprio espaço, em institutos de estética e bem estar, clínicas médicas, casas de repouso, clubes desportivos ou sociais, navios, hotéis, spas, academias e programas de qualidade de vida em empresas públicas ou privadas. Muitos procuram a Massoterapia no anseio da autonomia e flexibilidade de horário, mas mais do que isso, é percebido que a grande maioria dos estudantes já vêm de um outro caminho profissional e visam uma nova carreira na área. Desta maneira, a fim de enriquecer ainda mais o conteúdo deste projeto, foi elaborada uma pesquisa com perguntas acerca do tema “Transição de Carreira”, aplicada somente a alunos e ex-alunos da EOMA, mantendo a linha de raciocínio de toda a fundamentação teórica para este universo. 50
  • 52. ​CARREIRA MASSOTERAPEUTA ◇ ◇ ◇ PESQUISA A pesquisa é uma ferramenta muito utilizada para se obter dados, números ou ​insights acerca de um tema. Para Gil (1999, p. 42), a pesquisa tem um caráter pragmático, é um "processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos". As conversas que tive com alunos e ex-alunos foi como uma pesquisa qualitativa, que se caracteriza por entrevistas aleatórias, mas que me permitiu analisar tendências e comportamentos de um grupo de alunos e ex-alunos da EOMA. Nada fora formalizado, mas me proporcionou bastantes insights para criar um questionário que me permitisse ter uma visão mais clara de quem eram os alunos e ex-alunos, quais as motivações e expectativas que este grupo tinham acerca a carreira da Massoterapia. A pesquisa quantitativa foi eleita como a metodologia da base científica pois ela transforma opiniões em números, permitindo classificá-las e analisá-las para poder, enfim, concluir sobre o assunto. 51
  • 53. OBJETIVOS DA PESQUISA ● Traçar perfil dos alunos e ex-alunos da Escola Oriental de Massagem e Acupuntura ● Identificar as motivações que o levaram a optar pela escolha do curso Técnico de Massoterapia ● Identificar as expectativas sobre a carreira de Massoterapeuta METODOLOGIA ● Metodologia Quantitativa ● Questionário online ● Tema: Transição de Carreira ● Amostragem: 35 respondentes ● Segmentação: alunos e ex-alunos da EOMA ● Total de 10 perguntas, média de 2 minutos de resposta 52
  • 55. 54
  • 56. RESULTADOS PERFIL DOS RESPONDENTES A pesquisa foi enviada aleatoriamente a alunos e ex-alunos, não obedecendo nenhuma regra de proporção para alunos e ex-alunos. A maioria (66%) dos respondentes são do gênero feminino e notoriamente é o gênero que majoritariamente ocupa as salas de aulas e o mercado de trabalho, ainda que existam bons massoterapeutas de gênero masculino. Em relação a idade, a maioria dos respondentes têm entre 20 a 39 anos, representando 77,1% dos respondentes. 55
  • 57. A grande maioria dos respondentes estão no 4o semestre do curso, representando 37% do total de respondentes. Quando questionados sobre sua ocupação atual, 57,1% responderam que já são Massoterapeutas, enquanto os demais (42,9%) ainda se dedicam à carreira em outra área / atividade / função. Atividades que não têm nada a ver com Massoterapia, como agente de viagem, assistente administrativo, auxiliar de escritório, babá, engenheira de alimentos, fisioterapeuta, secretária executiva e servidor público. 56
  • 58. Os respondentes Massoterapeutas são jovens de profissão, representando quase 86% dos respondentes que exercem a Massoterapia há no máximo 2 anos. Sobre o nível de formação educacional, 60% dos respondentes concluíram o ensino médio, 34% já possuem uma graduação e 6% são especializados dentro da graduação que escolheram anteriormente. É interessante notar que apenas 20% fizeram uma graduação dentro da área da Saúde. Os outros 80% estão adquirindo conhecimento e têm seu primeiro contato com a área da Saúde. 57
  • 59. MOTIVAÇÕES PELA CARREIRA DE MASSOTERAPEUTA De longe, a motivação que leva à carreira de Massoterapia é a mudança de carreira, com 45,7% dos respondentes. Destaque também para o item “Sempre me disseram que tenho talento para isso” - com 37,1% dos respondentes e que confirma que todo momento transitório exige um esforço e paciência sobre o auto conhecer e seguir o caminho das vocações e interesses naturais que desenvolvemos ao longo da vida. Em “outros”, apareceram motivações como a curiosidade (6%), já apreciava a função (6%), passou por uma crise e recorreu a um massoterapeuta (3%) e flexibilidade de horário (3%). Quando questionado pelo motivo pelo qual está cursando Massoterapia na EOMA, os resultados são: 58
  • 60. A curiosidade pelo curso e pela função delimitam dois caminhos: o de desistir ou de continuar. Neste sentido, vemos que a escola tem se esforçado e cumprido com sua função quando se torna fator determinante para se construir um novo caminho, no caso, a nova carreira do então estudante e futuro profissional. A maioria dos respondentes (34,3%) iniciaram seus estudos como curiosidade, mas foram tão estimulados e incentivados, que desejam fortemente exercer a atividade. Destes respondentes, 42% estão no 4o semestre do curso, já estão para se formar; 33% já concluíram, 17% estão no 3o semestre e 8% estão no 2o semestre. Em “outros”, destaque para o reconhecimento dos alunos pelo ensino de qualidade que a escola oferece. Este fator foi mencionado por 9% dos respondentes. Também foram mencionados fatores como: amor à saúde, oferecer bem estar ao próximo e desenvolver negócio próprio. EXPECTATIVAS SOBRE A CARREIRA DE MASSOTERAPIA Por fim, quando abordamos as expectativas que os respondentes possuem sobre a carreira de Massoterapia, 74,3% acreditam que a nova profissão trará mais satisfação pessoal, flexibilidade de horário (54,3%) e mais qualidade de vida (40%), e esses fatores representam muito a integração da carreira interna com a carreira externa. Fica claro e explícito que o futuro Massoterapeuta não tem como objetivo principal o ganho financeiro, ainda que busque ter mais autonomia em sua carreira. Caso contrário, este item se destacaria entre os demais, mas aparece em pior colocação no ranking de prioridades, sendo apontado por 22,9% dos respondentes. Nos comentários adicionais e extras, uma respondente destacou: 59
  • 61. ◇ ◇ ◇ “A minha profissão como massoterapeuta me proporcionou muita experiência boa, tanto de novos conhecimentos como financeiramente. Gosto do que faço e faço com muito amor!” ◇ ◇ ◇ Assim como em qualquer outra carreira, o ganho financeiro é sempre uma consequência de um trabalho bem realizado, e por bem realizado entende-se: feito com amor, dedicação e boa intenção. Tanto a si mesmo, que constrói um novo caminho, quando ao outro, que recebe os benefícios fisiológicos e energéticos do toque terapêutico através das mãos. O desejo em ajudar a si e ao próximo demonstra boa dose de humanidade da parte de todos, e atesta que este tem de ser o estímulo que qualquer corporação ou instituição de ensino deve se valer para fazer a experiência do estudante ou do profissional em uma passagem importante em sua vida, que é a de se descobrir, desenvolver e, então, buscar cumprir com sua missão em busca de autonomia e liberdade. 60
  • 62. ◇ ◇ ◇ ​5​ ◇ ◇ ◇ CONCLUSÃO Nosso desafio, em qualquer fase de vida e carreira, é aprender a nos equilibrar diante de diversas situações novas que proporcionem crescimento e evolução. Ouvimos muito sobre como buscar o equilíbrio a todo instante, mas o que realmente nos engrandece - e se faz necessário - é aprender a viver o desequilíbrio. Vivemos em constante amadurecimento, buscando pela liberdade, pelo poder, pela felicidade ou pelo equilíbrio. E no mundo que vivemos, somos muito mais estimulados a olhar mais para fora do que para dentro, então, como desenvolver o autoconhecimento diante dessa realidade? 61
  • 63. O ideal e saudável é que de tempos em tempos façamos um check up sincero e profundo sobre nós mesmos, assim evitamos surpresas e nos preparamos melhor frente a um novo desafio. É mais saudável escolher rever sua trajetória de vida e carreira do que ser obrigado a fazê-lo. Desta forma, o processo ocorre de maneira mais natural, menos doloroso, com mais tranquilidade e menos pressão externa por resultado. Pensar em um movimento preventivo evita as graves doenças psíquicas e emocionais, como facilita a percepção do melhor momento para tomar decisões e realizar as mudanças que se fizerem necessárias. O objetivo deste projeto é estimular que cada um seja apto a construir uma relação melhor consigo, sua vocação e suas aptidões profissionais, tornando-se mais independente e com autonomia necessária para, frente a uma situação de ruptura, realizá-lo de maneira construtiva e menos sofrimento. Este ato individual beneficia diretamente o coletivo, que passará a enfrentar mais empresas e profissionais maduros, experientes e sensíveis em relação a si mesmo e aos outros, promovendo relações mais consistentes e amorosas, construindo espaços transitórios em que predomine a confiança e a liberdade em criar, descobrir e crescer. Desta forma, cada indivíduo perceberá que seu projeto pessoal e profissional é o mais importante da sua vida, sendo, portanto, seu ​Plano A​. O ser humano adulto e maduro poderá fazer escolhas alinhadas ao seu desejo pessoal e jeito de ser. Responsabilizar-se por seus atos e escolhas propicia um desenvolvimento saudável em benefício próprio e de todos os que o cerca. Consequentemente, as relações de trabalho serão cada vez mais saudáveis e libertadoras. 62
  • 64. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ◇ ◇ ◇ CARREIRA. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_de_carreira Acesso em 19 de Outubro 2016. COMO MONTAR UM SERVIÇO DE MASSAGEM. Disponível em: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/como-montar-um-se rvico-de-massagem,bd987a51b9105410VgnVCM1000003b74010aRCRD#nav eCapituloTopo Acesso em 18 de Outubro 2016. DESAFIOS NA TRANSIÇÃO DE VIDA E CARREIRA. Disponível em: http://oamarelinho.com.br/noticias/2015/5/1044-desafios-na-transicao-d e-vida-e-carreira.aspx Acesso em 20 de Outubro 2016. GIULIESE, Mariá. ​Desenhando o Futuro: transições de vida e carreira. 2 ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2008. GIULIESE, Mariá. ​Será mesmo que você nasceu para ser empregado? O mal-estar nas organizações. São Paulo: Gente, 2009. GIULIESE, Mariá. ​O Jogo da Transição: sua carreira em movimento. 1 ed. São Paulo: Évora, 2011. GUIA DA CARREIRA: MASSOTERAPIA. Disponível em: http://www.guiadacarreira.com.br/cursos/massoterapia/ Acesso em 18 de Outubro 2016. 63
  • 65. MASSOTERAPIA: CONHEÇA A PROFISSÃO, FORMAÇÃO E MERCADO DE TRABALHO. Disponível em: http://blog.carreirabeauty.com/massoterapia-conheca-profissao-mercado/ #.WBj18eErJE8 Acesso em 18 de Outubro 2016. PESQUISA QUANTITATIVA E QUALITATIVA. Disponível em: http://www.institutophd.com.br/blog/pesquisa-quantitativa-e-pesquisa-q ualitativa-entenda-a-diferenca/ Acesso em 02 de Novembro 2016. TIPOS DE PESQUISA. Disponível em: http://www.administradores.com.br/producao-academica/tipos-de-pesqui sas-o-que-e-e-para-que-serve/5236/ Acesso em 02 de Novembro 2016. 64
  • 66. ORIENTADOR ◇ ◇ ◇ PROF. EDINEI MANOJO Formado em Educação Física pela Universidade de Mogi das Cruzes. Formado em Massoterapia pela Escola Oriental de Massagem e Acupuntura EOMA. Especialista em Iridologia e Terapia Floral pelo IBEHE. Especialista em Enfermidades da Coluna e Ginástica Postural Especialista em Medicina Comportamental Especialista em Terapia Floral 65