2. O ressurgimento urbano
O vigoroso ressurgimento da
vida urbana, desde os começos
do século XI, prosseguia a um
ritmo acelerado e a importância
das cidades não se fez sentir
apenas no campo económico ou
político, mas também noutras
esferas: os bispos e o clero
urbano ganham influência; as
escolas catedrais e as
universidades ocuparam o lugar
dos mosteiros como centros do
saber, enquanto os esforços
artísticos da época culminavam
nas grandes catedrais.
H.W.Janson, História da Arte
3. O surgimento do estilo gótico
O burguês é um homem orgulhoso de si
próprio e da sua cidade, não se poupando a
esforços para a embelezar e engrandecer.
Assim, contribui com quantias avultadas para
as grandes construções urbanas: muralhas,
portas monumentais, palácios, catedrais… A
burguesia estava empenhada em demonstrar
o seu poder financeiro, rivalizando com as
elites das cidades vizinhas.
Esta vontade de promover as cidades
coincidiu com o surgimento de um novo estilo
artístico, o gótico. Este surgiu pela primeira
vez na abadia de Saint-Denis, perto de Paris,
quando o abade Suger mandou efectuar
obras de remodelação e ampliação do templo
(1137).
Uma combinação engenhosa de elementos
arquitectónicos permitiu então elevar as
construções góticas a alturas até então
desconhecidas. As torres dos palácios
comunais e, sobretudo, das igrejas podiam
assim ser vistas de muito longe, anunciando a
importância do burgo e das suas gentes.
4. Arte gótica ou estilo gótico - definição
Estilo artístico que dominou a
arte europeia entre os séculos
XII e XV. Irradiou do Norte de
França e, embora se tenha
desenvolvido em várias
vertentes artísticas (pintura,
escultura, vitral, ourivesaria,
etc.), permaneceu
essencialmente ligado à
arquitectura, recebendo por
vezes o nome de ogival, em
referência aos arcos cruzados
das abóbadas.
Nota: O estilo gótico foi precedido na Europa
pelo estilo românico. Este definia-se pela
horizontalidade e pela obscuridade dos
interiores, fazendo utilização sistemática do
arco de volta perfeita e da abóbada de berço.
5. A catedral, expoente do gótico
A arte gótica teve na
catedral a sua melhor
expressão.
O que imediatamente
distingue as catedrais
góticas é a sua elevação
e verticalidade
(por exemplo, a catedral de
Amiens media 145 metros).
O exterior é imponente e
profusamente decorado.
O interior é amplo,
elevado e luminoso, de
formas arquitectónicas
graciosas e leves, quase
sem peso, se as
compararmos com a
solidez maciça dos
interiores românicos.
6. A catedral, expoente do gótico
Grandes janelas,
adornadas de magníficos
vitrais, dão ao interior
uma luminosidade
coada, que
simultaneamente
deslumbra e convida à
meditação. “Deus é luz”
e essa vivência espiritual
é deliberadamente
realçada pelo estilo
gótico.
10. Os elementos construtivos
Arco quebrado – vem
substituir o arco de volta
perfeita, semicircular,
utilizado na arte românica;
o arco quebrado ou ogival
pode ser “estirado” em
altura, independentemente
da largura da sua base, o
que confere aos portais e
às arcaturas interiores um
aspecto de verticalidade e
elevação.
12. Os elementos construtivos
Abóbada de cruzamento de
ogivas – deriva da abóbada de
aresta e identifica-se facilmente
pelos arcos diagonais de suporte
(ogivas); ao contrário das
abóbadas de berço do estilo
românico (que descarregam o seu
peso de forma contínua sobre as
paredes), as abóbadas góticas
são articuladas, isto é, compostas
por secções independentes
(tramos); os arcos de cada tramo
desempenham o papel de uma
armação, suportando o peso da
abóbada e descarregando-o nos
pilares. É esta concentração do
peso em pontos específicos que
permite fragilizar as paredes,
introduzindo-lhes grandes
aberturas preenchidas por vitrais.
14. Os elementos construtivos
Arcobotantes – vão
reforçar no exterior os
pontos de pressão. O
arcobotante compõe-se de
duas partes: uma massa
sólida, espécie de
contraforte (estribo) e um
ou mais arcos que, partindo
o estribo, vêm apoiar as
paredes da nave central.
Para reforçar o estribo, este
é, muitas vezes, encimado
por um pináculo.
23. A escultura gótica – algumas características
Ligação à arquitectura:
A relação escultura-
arquitectura é muito
intensa. Uma nuvem de
imagens invade as
fachadas, os portais, os
telhados. As esculturas
góticas perfilam-se de
forma ordenada e
simétrica, destacando-se
dos elementos
arquitectónicos aos quais
se encontram unidas.
25. A escultura gótica – algumas características
Naturalismo
idealizado:
Apresentam rostos
serenos e vestes
detalhadas,
revelando uma
qualidade no
tratamento desses
elementos que o
Ocidente não
conhecia desde o
declínio da arte
romana.
26. A escultura gótica – algumas características
Existência de gárgulas:
- Esculturas de diabos,
monstros ou animais que
adornam o exterior da
catedral.
27. A escultura gótica – algumas características
Valor doutrinal:
- A escultura é o “livro de
imagens” da Cristandade. As
esculturas contavam ao povo
analfabeto da Idade Média a
vida de Cristo e dos Santos,
enquanto as gárgulas
alertavam para a possibilidade
de condenação do pecado.
28. A pintura gótica – os vitrais
No domínio da pintura e artes afins sobressai
o vitral, constituído por vidros coloridos
unidos por pedaços de chumbo. Embora seja
de origens mais antigas, o desenvolvimento
da arte do vitral está obviamente ligado à
possibilidade (trazida pelo estilo gótico) de
rasgar amplas janelas nas paredes dos
edifícios.
A luz era considerada uma manifestação
divina, razão pela qual as representações
projectadas no interior dos edifícios através
dos vitrais produziam uma forte impressão
mística, uma vez que a luz entrava coada
pelos vidros coloridos.
As figuras e cenas mais recriadas nos vitrais
diziam respeito a temas religiosos, como a
vida de Cristo, da Virgem ou dos Santos, ou
ainda actividades características dos
diferentes ofícios.
As tonalidades utilizadas nos vitrais eram
essencialmente o vermelho e o azul, mas
também branco, púrpura, amarelo e verde.
30. A pintura gótica – os retábulos
A pintura dos retábulos
marcou a última etapa do
gótico.
A escola flamenga destacou-
se neste tipo de pintura, pela
expressividade do seu modo
de pintar a óleo, pela minúcia
da representação e pela
expressão mística das figuras.
31. A pintura gótica – a iluminura
A iluminura consistia num tipo de
representação pictórica,
profundamente colorida e decorativa
que, organizada em pequenos
quadros ao longo dos livros
manuscritos de pergaminho, visava
ilustrar e tornar mais compreensíveis
as diferentes passagens do texto.
A iluminura readquiriu importância na
segunda metade do século XIII, à
medida que a actividade
arquitectónica declinava e as
encomendas de vitrais se tornavam
mais raras.
O renovado interesse por esta técnica
está relacionado com o
desenvolvimento de gostos
requintados no seio do mundo urbano
e das cortes europeias e pela
crescente valorização da escrita e da
leitura que se lhe encontrava
associada.