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Arte e Técnicas de Titular Instituto Superior Miguel Torga  2006/2007 Dinis Manuel Alves http:// www.mediatico.com.pt HISTÓRIA
Nos primeiros tempos do jornalismo  os títulos não existiam.  Os diários eram folhas impressas para ler  na totalidade e com calma,  que passavam de mão em mão,  não perdiam facilmente a sua actualidade  nem  havia urgência em serem lidos.
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Suas Magestades e Altezas  passam sem novidade  em suas importantes saudes
Diário de Coimbra, n.º 1 – 24 de Maio 1930
O diário espanhol ABC, que iniciou a sua publicação em  1905, surgiu com a primeira página integralmente ocupada por publicidade, estilo que perdurou durante algum tempo. Motivo: evitar  que a humidade, a chuva ou a sujidade manchassem as notícias quando os exemplares se depositavam à porta dos assinantes.
[object Object],[object Object]
7 de Agosto 1966
25 de Junho1994
29 de Dezembro de 1864  20 de Março de 2003
Só alguns séculos depois do aparecimento dos primeiros jornais os títulos começaram a dar ares da sua graça a uma imprensa graficamente muito entediante.  Os jornais limitavam-se a rotular as  informações, etiquetá-las, mas não a titulá-las.  Os títulos eram simples enunciados, sem verbo, que indicavam o tema e contribuíam para ordenar as páginas e para a classificação das notícias.
02.02.1908
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19.01.1934
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11 de Maio 1958
Gazeta de Coimbra, 2.10.1928
2.10.1928
2.10.1928
2.10.1928
O aparecimento de jornais de grande difusão, com a quebra do peso das assinaturas e a sua substituição pela venda através dos ardinas e nas bancas; a concorrência entre os jornais e a conquista do mercado publicitário, iniciando a passagem do jornal para os leitores comprarem, ao jornal que devia  vender  o maior número de leitores aos anunciantes; tudo isso obrigou ao início da laboração das  fábricas de títulos .
“ Sem títulos as páginas de um jornal seriam um conjunto caótico de textos.  Através do tamanho das suas letras e do espaço que ocupam, indicam a relevância informativa dos textos jornalísticos que encabeçam.”   Zorilla Barroso
A graça do título está no facto das pessoas começarem a falar do facto antes de terem lido sequer a informação inteira que o conta.  O título move, agita e acelera a actualidade. A função das notícias é modificar a consciência da realidade, e a dos títulos promover uma consciência comum. Lorenzo Gomis
Trata de fazer um bom jornal e lembra-te de que a sensualidade moderna, que é o fundo do gosto moderno, gosta sobretudo de qualidades de forma e de plástica.  Não se vai ao restaurante onde se come melhor — mas àquele onde a mobília é mais vistosa.  Procura por isso que o jornal, como papel, tipo, impressão, etc., seja um primor.
Dá-lhe um feitio que não seja o do pesado e pançudo Comércio do Porto.  Fá-lo ligeiro e vibrante.  (…) Diz quando sai essa Província — e, repito, enverniza-lhe os tamancos.  Eça de Queiroz a Oliveira Martins  [5.05.1885]
E, logo no mês seguinte (10.6.1885), acrescenta: ‘A Província, por ora, não está bem feita nem malfeita — está provinciana. Tende ao ramerrão e à sonolência.  Precisas de espertá-la.  Um bom artigo teu não basta: é necessário que o resto do jornal viva e vibre, e por ora acho-lhe o ar molengão e empapado. Precisas melhoria de papel’.
Mais tarde escreverá o autor (1894): ‘Tudo neste nosso século é toilette, dizia o velho Carlyle. O apreço exterior pela arte é a sobrecasaca da inteligência. Quem se quererá apresentar diante dos seus amigos com uma inteligência nua? (…) Dispondo de algum dinheiro, e graças ao armazém de fato feito, e ao armazém de ideias feitas que se chama jornal, pode estar todo e dignamente vestido, por dentro e por fora, e sair à rua, e ser um senhor ”.
Arte E Técnicas de Titular  Instituto Superior Miguel Torga  2006/2007 Dinis Manuel Alves http:// www.mediatico.com.pt Apresentação destinada exclusivamente às aulas leccionadas pelo autor. A cedência aos alunos destina-se a uso exclusivo destes, para melhor preparação da unidade curricular. Proibido o empréstimo, a cedência ou o visionamento a terceiros.

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ESTÓRIAS DA HISTÓRIA DOS TÍTULOS

  • 1. Arte e Técnicas de Titular Instituto Superior Miguel Torga 2006/2007 Dinis Manuel Alves http:// www.mediatico.com.pt HISTÓRIA
  • 2. Nos primeiros tempos do jornalismo os títulos não existiam. Os diários eram folhas impressas para ler na totalidade e com calma, que passavam de mão em mão, não perdiam facilmente a sua actualidade nem havia urgência em serem lidos.
  • 3.
  • 4. Suas Magestades e Altezas passam sem novidade em suas importantes saudes
  • 5. Diário de Coimbra, n.º 1 – 24 de Maio 1930
  • 6. O diário espanhol ABC, que iniciou a sua publicação em 1905, surgiu com a primeira página integralmente ocupada por publicidade, estilo que perdurou durante algum tempo. Motivo: evitar que a humidade, a chuva ou a sujidade manchassem as notícias quando os exemplares se depositavam à porta dos assinantes.
  • 7.
  • 8. 7 de Agosto 1966
  • 10. 29 de Dezembro de 1864 20 de Março de 2003
  • 11. Só alguns séculos depois do aparecimento dos primeiros jornais os títulos começaram a dar ares da sua graça a uma imprensa graficamente muito entediante. Os jornais limitavam-se a rotular as informações, etiquetá-las, mas não a titulá-las. Os títulos eram simples enunciados, sem verbo, que indicavam o tema e contribuíam para ordenar as páginas e para a classificação das notícias.
  • 14.  
  • 17. 11 de Maio 1958
  • 18. Gazeta de Coimbra, 2.10.1928
  • 22. O aparecimento de jornais de grande difusão, com a quebra do peso das assinaturas e a sua substituição pela venda através dos ardinas e nas bancas; a concorrência entre os jornais e a conquista do mercado publicitário, iniciando a passagem do jornal para os leitores comprarem, ao jornal que devia vender o maior número de leitores aos anunciantes; tudo isso obrigou ao início da laboração das fábricas de títulos .
  • 23. “ Sem títulos as páginas de um jornal seriam um conjunto caótico de textos. Através do tamanho das suas letras e do espaço que ocupam, indicam a relevância informativa dos textos jornalísticos que encabeçam.” Zorilla Barroso
  • 24. A graça do título está no facto das pessoas começarem a falar do facto antes de terem lido sequer a informação inteira que o conta. O título move, agita e acelera a actualidade. A função das notícias é modificar a consciência da realidade, e a dos títulos promover uma consciência comum. Lorenzo Gomis
  • 25. Trata de fazer um bom jornal e lembra-te de que a sensualidade moderna, que é o fundo do gosto moderno, gosta sobretudo de qualidades de forma e de plástica. Não se vai ao restaurante onde se come melhor — mas àquele onde a mobília é mais vistosa. Procura por isso que o jornal, como papel, tipo, impressão, etc., seja um primor.
  • 26. Dá-lhe um feitio que não seja o do pesado e pançudo Comércio do Porto. Fá-lo ligeiro e vibrante. (…) Diz quando sai essa Província — e, repito, enverniza-lhe os tamancos.  Eça de Queiroz a Oliveira Martins [5.05.1885]
  • 27. E, logo no mês seguinte (10.6.1885), acrescenta: ‘A Província, por ora, não está bem feita nem malfeita — está provinciana. Tende ao ramerrão e à sonolência. Precisas de espertá-la. Um bom artigo teu não basta: é necessário que o resto do jornal viva e vibre, e por ora acho-lhe o ar molengão e empapado. Precisas melhoria de papel’.
  • 28. Mais tarde escreverá o autor (1894): ‘Tudo neste nosso século é toilette, dizia o velho Carlyle. O apreço exterior pela arte é a sobrecasaca da inteligência. Quem se quererá apresentar diante dos seus amigos com uma inteligência nua? (…) Dispondo de algum dinheiro, e graças ao armazém de fato feito, e ao armazém de ideias feitas que se chama jornal, pode estar todo e dignamente vestido, por dentro e por fora, e sair à rua, e ser um senhor ”.
  • 29. Arte E Técnicas de Titular Instituto Superior Miguel Torga 2006/2007 Dinis Manuel Alves http:// www.mediatico.com.pt Apresentação destinada exclusivamente às aulas leccionadas pelo autor. A cedência aos alunos destina-se a uso exclusivo destes, para melhor preparação da unidade curricular. Proibido o empréstimo, a cedência ou o visionamento a terceiros.