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Senado Federal
Secretaria Geral da Mesa
Secretaria de Comissões
Coordenação de Comissões Especiais, Temporárias e Parlamentares de Inquérito
COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUÉRITO
“Com a finalidade de investigar a situação da violência contra a mulher no Brasil e apurar
denúncias de omissão por parte do poder público com relação à aplicação de instrumentos
instituídos em lei para proteger as mulheres em situação de violência”.
RELATÓRIO FINAL
Presidenta: Deputada Federal Jô Moraes (PCdoB/MG)
Vice-Presidenta: Deputada Federal Keiko Ota (PSB/SP)
Relatora: Senadora Ana Rita (PT/ES)
Brasília,
Julho de 2013
1
À memória de Márcia Santana
(Secretária de Políticas para as Muheres do Rio Grande do Sul)
2
Sumário
AGRADECIMENTOS................................................................................................................................6
APRESENTAÇÃO.....................................................................................................................................7
1 BALANÇO DOS TRABALHOS DA CPMI ..........................................................................................10
1.1 Composição da CPMIVCM ......................................................................................................10
1.2 Metodologia dos Trabalhos da CPMIVCM..............................................................................10
1.3 Audiências realizadas .............................................................................................................11
2 A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO BRASIL...............................................................................18
2.1 Antecedentes no Congresso Nacional: a CPMI de 1992, 2003 e 2013...................................18
2.2 A CPMI de 2012 e os números da violência contra as mulheres no Brasil..............................18
2.3 Dados internacionais sobre a violência contra mulheres ......................................................25
3 MARCO NORMATIVO DE PROTEÇÃO ÀS MULHERES.....................................................................29
3.1 Marco normativo internacional.............................................................................................29
3.2 Marco normativo nacional .....................................................................................................35
4 A POLÍTICA NACIONAL DE ENFRENTAMENTO ÀS VIOLÊNCIAS CONTRA MULHERES......................37
4.1 A Secretaria de Política para as Mulheres da Presidência da República – SPM/PR ...............37
4.2 A Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher ......................................39
4.3 O Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência Contra a Mulher – Pacto Nacional..........43
4.4 Análise das respostas multissetoriais: a Rede de Serviços de Atendimento às Mulheres em
Situação de Violência..........................................................................................................................45
4.5 Violência no parto...................................................................................................................61
4.6 Discriminações múltiplas ........................................................................................................62
4.7 Análise dos convênios e repasse de recursos do Pacto...........................................................64
4.8 Análise do Planejamento Orçamentário e da Execução dos Programas e Ações de Combate à
Violência Contra A Mulher..................................................................................................................91
5 SITUAÇÃO DO ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES NOS ESTADOS ..................105
ESTADO DO ACRE..................................................................................................................................106
1 Panorama do Estado ................................................................................................................106
2 O Estado do Acre e a CPMIVCM................................................................................................109
3 Pendências................................................................................................................................140
4 Recomendações........................................................................................................................141
ESTADO DE ALAGOAS ...........................................................................................................................143
1 Panorama do Estado ................................................................................................................143
2 O Estado de Alagoas e a CPMIVCM..........................................................................................146
3 Pendências...............................................................................................................................177
4 Recomendações........................................................................................................................179
ESTADO DO AMAPÁ..............................................................................................................................181
1 Panorama do Estado ................................................................................................................181
2 O Estado do Amapá e a CPMIVCM ...........................................................................................184
3 Pendências...............................................................................................................................190
4 Recomendações.......................................................................................................................191
ESTADO DO AMAZONAS .......................................................................................................................193
1 Panorama do Estado ................................................................................................................193
2 O Estado do Amazonas e a CPMIVCM ......................................................................................196
3
3 Pendências................................................................................................................................215
4 Recomendações.......................................................................................................................216
ESTADO DA BAHIA ................................................................................................................................219
1 Panorama do Estado ...............................................................................................................219
2 O Estado da Bahia e a CPMIVCM..............................................................................................223
3 Pendências...............................................................................................................................247
4 Recomendações........................................................................................................................250
ESTADO DO CEARÁ ...............................................................................................................................252
1 Panorama do Estado ................................................................................................................252
2 O Estado do Ceará e a CPMIVCM .............................................................................................255
3 Pendências...............................................................................................................................276
4 Recomendações........................................................................................................................277
DISTRITO FEDERAL................................................................................................................................279
1 Situação do Ente Federativo.....................................................................................................279
2 O Distrito Federal e a CPMIVCM...............................................................................................282
3 Pendências................................................................................................................................304
4 Recomendações........................................................................................................................305
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO................................................................................................................309
1 Panorama do Estado ................................................................................................................309
2 O Estado do Espírito Santo e a CPMIVCM.................................................................................312
3 Pendências:...............................................................................................................................336
4 Recomendações........................................................................................................................337
ESTADO DE GOIÁS.................................................................................................................................341
1 Panorama do Estado ................................................................................................................341
2 O Estado de Goiás e a CPMIVCM..............................................................................................344
3 Pendências................................................................................................................................368
4 Recomendações........................................................................................................................369
ESTADO DO MARANHÃO ......................................................................................................................372
1 Panorama do Estado ................................................................................................................372
2 O Estado do Maranhão e a CPMIVCM......................................................................................375
3 Pendências................................................................................................................................386
4 Recomendações........................................................................................................................387
ESTADO DE MATO GROSSO ..................................................................................................................389
1 Panorama do Estado ................................................................................................................389
2 O Estado do Mato Grosso e a CPMIVCM..................................................................................392
3 Pendências................................................................................................................................402
4 Recomendações........................................................................................................................403
ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL .....................................................................................................405
1 Panorama do Estado ................................................................................................................405
2 O Estado do Mato Grosso do Sul e a CPMIVCM .......................................................................408
3 Pendências................................................................................................................................434
4 Recomendações........................................................................................................................435
ESTADO DE MINAS GERAIS ...................................................................................................................438
1 Situação do Estado ...................................................................................................................438
2 O Estado de Minas Gerais e a CPMIVCM..................................................................................442
3 Pendências................................................................................................................................467
4 Recomendações........................................................................................................................469
ESTADO DO PARÁ .................................................................................................................................472
1 Panorama do Estado ................................................................................................................472
2 Estado do Pará e a CPMIVCM...................................................................................................475
4
3 Pendências................................................................................................................................495
4 Recomendações:.......................................................................................................................496
ESTADO DA PARAÍBA ............................................................................................................................498
1 Panorama do Estado ................................................................................................................498
2 O Estado da Paraíba e a CPMIVCM ..........................................................................................501
3 Pendências................................................................................................................................519
4 Recomendações........................................................................................................................521
ESTADO DO PARANÁ.............................................................................................................................524
1 Panorama do Estado ................................................................................................................524
2 O Estado do Paraná e a CPMIVCM ...........................................................................................528
3 Pendências................................................................................................................................547
4 Recomendações........................................................................................................................548
ESTADO DE PERNAMBUCO ...................................................................................................................551
1 Panorama do Estado ................................................................................................................551
3 O Estado de Pernambuco e a CPMIVCM...................................................................................554
3 Pendências...............................................................................................................................580
4 Recomendações........................................................................................................................581
ESTADO DO PIAUÍ .................................................................................................................................583
1 Panorama do Estado ................................................................................................................583
2 O Estado do Piauí e a CPMIVCM...............................................................................................585
3 Pendências................................................................................................................................596
4 Recomendações........................................................................................................................597
ESTADO DO RIO DE JANEIRO.................................................................................................................598
1 Panorama do Estado ................................................................................................................598
2 O Estado do Rio de Janeiro e a CPMIVCM ................................................................................601
3 Pendências...............................................................................................................................630
4 Recomendações........................................................................................................................632
ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE ....................................................................................................635
1 Panorama do Estado ................................................................................................................635
2 O Estado do Rio Grande do Norte e a CPMIVCM......................................................................638
3 Pendências................................................................................................................................644
4 Recomendações........................................................................................................................645
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL .........................................................................................................648
1 Panorama do Estado ................................................................................................................648
2 O Estado do Rio Grande do Sul e a CPMIVCM ..........................................................................652
3 Pendências................................................................................................................................680
4 Recomendações........................................................................................................................682
ESTADO DE RONDÔNIA.........................................................................................................................685
1 Panorama do Estado ................................................................................................................685
2 O Estado de Rondônia e a CPMIVCM........................................................................................687
3 Pendências................................................................................................................................692
4 Recomendações........................................................................................................................693
ESTADO DE RORAIMA...........................................................................................................................696
1 Panorama do Estado ................................................................................................................696
2 O Estado de Roraima e a CPMIVCM .........................................................................................698
3 Pendências................................................................................................................................710
4 Recomendações........................................................................................................................715
ESTADO DE SANTA CATARINA...............................................................................................................717
1 Panorama do Estado ................................................................................................................717
2 O Estado de Santa Catarina e a CPMIVCM...............................................................................720
5
3 Pendências................................................................................................................................738
4 Recomendações........................................................................................................................740
ESTADO DE SÃO PAULO ........................................................................................................................743
1 Situação do Estado ...................................................................................................................743
2 O Estado de São Paulo e a CPMIVCM .......................................................................................749
3 Pendências................................................................................................................................771
4 Recomendações........................................................................................................................774
ESTADO DE SERGIPE..............................................................................................................................777
1 Panorama do Estado ................................................................................................................777
2 O Estado de Sergipe e a CPMIVCM...........................................................................................779
3 Pendências................................................................................................................................794
4 Recomendações........................................................................................................................795
ESTADO DO TOCANTINS .......................................................................................................................797
1 Panorama do Estado ................................................................................................................797
2 O Estado do Tocantins e a CPMIVCM .......................................................................................800
3 Pendências................................................................................................................................819
4 Recomendações........................................................................................................................820
6 RESUMO DOS DEPOIMENTOS ....................................................................................................823
6.1 Audiências realizadas em Brasília.........................................................................................823
6.2 Audiência Realizadas nos Estados ........................................................................................846
7 CASOS EMBLEMÁTICOS..............................................................................................................963
7.1 O CASO ELIZA SAMÚDIO.......................................................................................................963
7.2 O CASO CHRISTINA GABRIELSEN...........................................................................................969
7.3 O CASO SANDRA GOMIDE ....................................................................................................974
7.4 O CASO LENI FLORIANO DA SILVA ........................................................................................979
7.5 O CASO DENISE QUIOCA .......................................................................................................981
7.6 O CASO ADENISE CRISTINA SANTOS LEÃO............................................................................983
7.7 O CASO DO ESTUPRO COLETIVO DA CIDADE DE QUEIMADAS..............................................984
7.8 O CASO D.C.S. .......................................................................................................................989
8 LEGISLAÇÃO ...............................................................................................................................999
9 CONCLUSÕES............................................................................................................................1038
AGRADECIMENTOS
São numerosas e valiosas as contribuições de pessoas e de movimentos de mulheres a esta
CPMI. Por isso, queremos agradecer:
Aos servidores dos gabinetes das e dos parlamentares integrantes desta Comissão, pelo
esforço e dedicação na realização das audiências públicas, diligências e visitas aos serviços de
atendimento às mulheres em situação de violência.
Aos servidores da Consultoria Legislativa e da Consultoria de Orçamentos do Senado Federal,
pela sua inestimável contribuição.
À Secretaria das Comissões, pelo prestativo trabalho realizado.
Ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal, ao Ministério Público do Distrito Federal, ao
Ministério Público de Mato Grosso e ao Tribunal de Contas da União, pela designação de
funcionários que tão competentemente assessoraram esta CPMI.
Aos servidores das bancadas, pelo trabalho de assessoria.
Ao movimento feminista e de mulheres, que estimulou e acompanhou desde o princípio as
atividades desta Comissão, esteve presente em todas as audiências, elaborou dossiês e
ofereceu informações relevantes ao trabalho da CPMIVCM.
7
APRESENTAÇÃO
Superar a violência contra as mulheres é um dos maiores desafios impostos ao Estado
brasileiro contemporaneamente. As diversas formas de violência – como a praticada no
âmbito doméstico por parceiros íntimos ou familiares, a violência sexual, o tráfico de
mulheres, a violência institucional, a violência contra mulheres com deficiência, a violência
decorrente do racismo, a lesbofobia e o sexismo – e o feminicídio são violações aos direitos
humanos das mulheres, incompatíveis com o Estado Democrático de Direito e com o avanço
da cidadania, em boa parte patrocinado pelas conquistas do movimento feminista e de
mulheres nos últimos séculos.
No último pleito, o povo brasileiro elegeu, pela primeira vez, uma mulher para a Presidência da
República, demonstrando maturidade ao reconhecer e respeitar o espaço social e político
conquistado e ocupado pelas mulheres neste País, um reconhecimento que não é condizente
com os altos índices de violência que as vitimam, com a ausência de políticas públicas eficazes
para o enfrentamento dessa violência nem tampouco com a tolerância das instituições do
sistema de justiça em relação a tal perversidade.
A curva ascendente de feminicídios (o assassinato de mulheres pelo fato de serem mulheres),
a permanência de altos padrões de violência contra mulheres e a tolerância estatal detectada
tanto por pesquisas, estudos e relatórios nacionais e internacionais quanto pelos trabalhos
desta CPMI estão a demonstrar a necessidade urgente de mudanças legais e culturais em
nossa sociedade. Conforme mostra a pesquisa intitulada Mapa da Violência: Homicídios de
Mulheres,mais de 92 mil mulheres foram assassinadas no Brasil nos últimos trinta anos, 43 mil
delas só na última década.
É preciso dar um basta nas diversas manifestações de violência contra as mulheres, sobretudo
em sua forma extrema: o assassinato. Também urge lembrar que, no Brasil, os assassinatos de
mulheres são praticados, majoritariamente, por parceiros íntimos. Nesse contexto, ganha
especial destaque a chamada Lei Maria da Penha, diploma legal destinado ao enfrentamento
da violência doméstica e familiar que este Colegiado busca aprimorar pontualmente, a fim de
garantir-lhe a máxima eficácia.
Importa considerar, ainda, no tocante ao feminicídio, a existência de recomendações
internacionais para a sua tipificação, a exemplo daquelas inscritas no Relatório sobre Violência
contra Mulheres, suas Causas e Consequências, assinado por Rashida Manjoo1
, assim como as
Conclusões Acordadas da Comissão sobre o Status da Mulher, em sua 57ª Sessão, em 15 de
março de 2013. Esses e outros instrumentos internacionais estão a exigir uma resposta
legislativa contra tal fenômeno, motivo por que leva este Colegiado a apresentar um projeto
de lei tipificando o feminicídio.
1
UN General Assembly. A/HRC/20/16/Add.4. Human Rights Council. Twentieth session, May, 2012.
8
Ademais, as políticas de enfrentamento à violência contra as mulheres devem ser
efetivamente assumidas pelos poderes públicos constituídos. Isso requer a criação de
mecanismos políticos de empoderamento das mulheres autônomos e bem estruturados, a
exemplo de Secretarias Estaduais e Municipais de Mulheres. Requer, ainda, tanto orçamento
específico para o desenvolvimento de políticas públicas integradas e multissetoriais quanto o
fortalecimento da Lei Maria da Penha, com a criação de Juizados, Promotorias e Defensorias
Especializadas de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, além do julgamento célere
dos agressores e homicidas, do enfrentamento das elevadas taxas de feminicídios e da
superação de preconceitos e estereótipos profundamente arraigados.
Vale dizer que passagem da CPMIVCM por diversos estados brasileiros, onde foram realizadas
dezenas de audiências públicas e diligências, deu ensejo a iniciativas importantes de efetivação
desse compromisso, produzindo efeitos muito positivos sobre as políticas. São exemplos disso
a criação de mais uma vara de violência doméstica e familiar contra a mulher em Minas Gerais,
no Paraná, em Pernambuco e no Mato Grosso do Sul, bem como a Patrulha Maria da Penha no
Rio Grande do Sul, a criação da Câmara Técnica em Pernambuco, a criação do Núcleo da
Promotoria da Mulher no Rio de Janeiro, a instituição do Portal da Lei Maria da Penha e do
Botão do Pânico no Espírito Santo e a criação da Secretaria da Mulher no Amazonas.
No âmbito nacional, a existência desta CPMI também parece ter sido capaz de estimular a
ampliação do orçamento da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) destinado ao
enfrentamento da violência e a recente criação da Casa da Mulher Brasileira, programa que
prevê a instituição de centros integrados para vítimas de violência, instituído pela Presidência
da República para ser executado pela SPM.
Apesar desses e de outros avanços, este Relatório apresenta um diagnóstico preocupante,
porque revelador da necessidade de que o Estado brasileiro leve a sério o enfrentamento à
violência contra as mulheres, particularmente para reduzir os feminicídios praticados por
parceiros íntimos e erradicar a tolerância estatal no processamento e julgamento desses
crimes. Lembramos, a propósito, do assassinato de Christina Gabrielsen, ocorrido na capital
pernambucana em 11 de novembro de 1995 e ainda não julgado. Como se percebe, o crime
está para prescrever, e a impunidade bate outra vez à porta do Poder Judiciário brasileiro.
Impõe-se, igualmente, a necessidade de mudar a cultura jurídica neste País de tolerância à
violência contra as mulheres e implementar a Lei Maria da Penha, punindo os agressores e
explicitando que o Estado brasileiro não admite mais a violência praticada nas relações
domésticas e familiares contra as mulheres. Afinal, a cultura jurídica de histórica tolerância
segue confrontando o ordenamento jurídico vigente.
A omissão na aplicação de mecanismos de enfrentamento à violência doméstica por
interpretações preconceituosas e perversas, bem como o privilégio concedido aos agressores
para que prossigam impunemente com seus atos violentos contra determinadas mulheres,
consideradas “desviantes” por não se enquadrarem no padrão “tradicional” de
comportamento sexual, diminuem a importância do Poder Judiciário e traduzem tolerância e
incentivo à violência doméstica contra a mulher e à perpetuação da discriminação de gênero.
9
Reiteramos a importância da Lei Maria da Penha para o enfrentamento à violência de gênero e
a efetiva proteção das mulheres em situação de violência doméstica. Contudo, após inspeção
em quase todo o País, constatamos que ela ainda não é plenamente aplicada no Brasil: em
algumas capitais e sobretudo no interior, os operadores jurídicos continuam aplicando a lei
conforme lhes convém, fazendo uso de instrumentos ultrapassados e já proibidos pelo
Supremo Tribunal Federal (STF), como os institutos despenalizadores da Lei nº 9.099, de 26 de
setembro de 1995, entre os quais se destaca a suspensão condicional do processo.
Do trabalho deste Colegiado emerge, como constatação primeira, a ausência de dados
estatísticos confiáveis e comparáveis em todos os poderes constituídos e em todas as esferas
de governo. Desponta, por conseguinte, a necessidade urgente de criar sistemas de
informações sobre a violência contra as mulheres que permitam planejar, monitorar e avaliar
as políticas públicas.
Em adição, para reduzir os índices de violência contra as mulheres e mudar os padrões de
sociabilidade entre homens e mulheres, construindo um caminho para a igualdade de gênero,
é necessário investir pesadamente, ter um orçamento específico: um orçamento destinado às
políticas para as mulheres, priorizando, de fato, as mulheres, que já algum tempo constituem a
maioria da população deste País.
Findo este trabalho investigativo, resta-nos a certeza de que a violência contra as mulheres só
será superada se houver o compromisso e dedicação de todos os Poderes, em todas as esferas
de governo e a ampla participação da sociedade civil, especialmente do movimento feminista
e de mulheres, protagonista no processo de mudança desta realidade.
Com o presente relatório, materialização do compromisso do Poder Legislativo federal com
essa questão, esta CPMI e o Congresso Nacional buscam contribuir para a construção de um
Brasil verdadeiramente democrático, pois não há democracia possível e sustentável sem o fim
da violência contra as mulheres.
Brasília , junho de 2012.
10
1 BALANÇO DOS TRABALHOS DA CPMI
Ao longo de pouco mais de um ano de trabalho, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da
Violência contra a Mulher (CPMIVCM) –criada por meio do Requerimento nº 4 de 2011-CN,
“com a finalidade de, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, investigar a situação da violência
contra a mulher no Brasil e apurar denúncias de omissão por parte do poder público com
relação à aplicação de instrumentos instituídos em lei para proteger as mulheres em situação
de violência” – visitou dezessete estados brasileiros e o Distrito Federal, sob a presidência da
Deputada Federal Jô Moraes (PCdoB/MG) e relatoria da Senadora Ana Rita (PT/ES).
1.1 Composição da CPMIVCM
Em conformidade com seu requerimento de criação, a CPMIVCM foi composta por onze
Senadores, onze Deputados Federais e igual número de suplentes. Para integrá-la, foram
designados os seguintes Congressistas: as Senadoras Ângela Portela (PT/RR), Ivonete Dantas
(PMDB/RN), Maria do Carmo Alves (DEM/SE), Marta Suplicy (PT/SP), Vanessa Grazziotin
(PCdoB/AM), Lídice da Mata (PSB/BA) e Lúcia Vânia (PSDB/GO); os Senadores Armando
Monteiro (PTB/PE), Humberto Costa (PE/PT) e José Agripino (DEM/RN); as Deputadas Federais
Aline Correa (PP/SP), Carmem Zanotto (PPS/SC), Célia Rocha (PTB/AL), Elcione Barbalho
(PMDB/PA), Fátima Pelaes (PMDB/AP), Flávia Moraes (PDT/GO), Gorete Pereira (PR/CE), Keiko
Ota (PSB/SP), Luci Choinacki (PT/SC), Marina Sant’Anna (PT/GO), Sandra Rosado (PSB/RN),
Seabra Resende (DEM/TO), Sueli Vidigal (PDT/ES), Dalva Figueiredo (PT/AP), Rebecca Garcia
(PP/AM), Profa. Dorinha Seabra Rezende (DEM/TO), Rosane Ferreira (PV/PR), Rosinha da
Adefal (PTdoB/AL) e Teresa Surita (PMDB/RR); e os Deputados Federais Neilton Mullim (PP/RJ),
Dr. Rosinha (PT/PR) e Eduardo Azeredo (PSDB/MG).
Na reunião do dia 08/02/2012, a Deputada Jô Moraes (PCdoB/MG) foi eleita Presidenta, e a
Senadora Ana Rita (PT/ES) foi designada relatora. Na reunião do dia 01/03/2012, foi eleita
como Vice-Presidenta a Deputada Keiko Ota (PSB/SP).
1.2 Metodologia dos Trabalhos da CPMIVCM
Os trabalhos da CPMIVCM iniciaram com a aprovação do Plano de Trabalho, apresentado pela
relatora, na sessão de 06/03/2012. Em conformidade com o Plano, a CPMI deveria investigar a
situação nos dez estados brasileiros mais violentos para as mulheres – nos termos d o Mapa
da Violência: Homicídios de Mulheres, elaborado pelo Instituto Sangari (2012) – e nos quatro
estados mais populosos.
Assim, conforme o Plano de Trabalho, a CPMI investigou os Estados de Pernambuco, Minas
Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Alagoas, São Paulo, Bahia,
Paraíba, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Pará, Distrito Federal e Goiás, visitando todos
eles. Também efetuou – em virtude da aprovação de requerimentos de seus integrantes –
visitas aos Estados do Amazonas, do Ceará e de Roraima, não programadas no Plano de
Trabalho.
11
A metodologia de trabalho de investigação prevista no Plano centrou-se na inquirição de
autoridades públicas e especialistas no tema, bem como na realização de diligências aos
serviços públicos que compõem a rede de atendimento a mulheres em situação de violência.
Para tanto, a CPMIVCM reuniu-se 37 vezes, por meio de 24 audiências públicas e 7 sessões
deliberativas, sem contar as reuniões administrativas preparatórias. Nas sessões deliberativas,
apreciou 744 requerimentos, aprovando 717 deles. Nas audiências públicas (dezoito das quais
realizadas fora de Brasília, quando das visitas aos estados), ouviu especialistas no tema,
representantes de organizações da sociedade civil, a Ministra da Secretaria de Políticas para as
Mulheres, Eleonora Menicucci, e a Secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra
Mulheres, Aparecida Gonçalves, além de outras autoridades do governo federal. Inquiriu,
ainda, os titulares ou representantes das pastas estaduais responsáveis pelas questões de
segurança pública, justiça e cidadania, saúde, políticas públicas para mulheres, assistência e
desenvolvimento social, afora os titulares ou representantes do Poder Judiciário, do Ministério
Público e das Defensorias Públicas dos estados.
A CPMIVCM também se reuniu com os governadores de vários estados, com organizações do
movimento de mulheres em dezoito das unidades federativas visitadas, com uma aldeia
indígena urbana no Estado de Mato Grosso do Sul e com familiares de mulheres vítimas de
violência no município paraibano de Queimadas.
O trabalho investigativo deste Colegiado demandou, igualmente, a expedição de 465 ofícios, a
análise de 370 documentos e a realização de dezenas de diligências. A análise documental
envolveu a leitura de cerca de trinta mil páginas pertencentes a relatórios e dossiês oriundos
de todas as unidades federativas. Já as diligências abarcaram 60 equipamentos públicos de
atendimento às mulheres que vivem em situação de violência, a saber: dezesseis delegacias
especializadas ou núcleos, doze centros de referência da mulher, três casas-abrigo, três
unidades de perícia médico-legal, quinze juizados ou varas especializadas de violência
doméstica e familiar, cinco núcleos ou promotorias da mulher, três núcleos de defesa da
mulher das Defensorias Públicas, um estabelecimento prisional de mulheres, um Centro de
Atendimento a Mulheres e uma delegacia de polícia comum.
Os quadros a seguir trazem um resumo de parte dessas atividades, discriminando as
audiências realizadas em Brasília e nos estados, as diligências e visitas efetuadas, bem como as
as reuniões realizadas com o movimento de mulheres.
1.3 Audiências realizadas
12
Quadro 1: Audiências Públicas Realizadas
Data Cidade/Estado Finalidade Depoentes
20/03/2012 Brasília/DF Apreciar diagnóstico de questões
relativas à violência de gênero.
Sra. Aparecida Gonçalves, Secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, da
Secretaria de Política para as Mulheres da Presidência da República
27/03/2012 Brasília/DF Ouvir representantes da sociedade civil. Sra. Meire Lúcia Gomes Monteiro Mota Coelho, representante da Ordem dos Advogados do Brasil;
Sra. Sônia Coelho Gomes Orellana, representante da Marcha Mundial das Mulheres; e Sra. Ana
Carolina Barbosa, representante da União Brasileira de Mulheres
29/03/2012 Brasília/DF Ouvir representantes da sociedade civil. Sra. Carmem Foro, representante da Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura; Sra.
Maria Helena Azumezohero, representante do Conselho Nacional das Mulheres Indígenas; e Sra.
Rosângela Piovizani, representante do Movimento das Mulheres Camponesas
10/04/2012 Brasília/DF Ouvir as representantes das instituições
universitárias sobre a sistematização e o
monitoramento de dados de violência
contra as mulheres.
Sra. Cecília Sardenberg, Coordenadora Nacional do Observatório para Implementação da Lei Maria da
Penha; Sra. Wania Pasinato, representante do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São
Paulo; Sra. Lia Zanotta, representante do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da
Universidade de Brasília; e Sra. Miriam Grossi, representante do Núcleo de Identidades de Gênero e
Subjetividade da Universidade Federal de Santa Catarina
16/04/2012 Recife/PE Ouvir explicações das autoridades
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
em Pernambuco.
Sr. Aguinaldo Fenelon de Barros, Procurador-Geral de Justiça; Sra. Maria Tereza Paes de Sá Machado,
Juíza do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; Sr. Wilson Salles Damázio,
Secretário de Defesa Social; Sra. Cristina Maria Buarque, Secretária da Mulher; Sra. Maria Betânia
Serrano, representante do Fórum de Mulheres de Pernambuco; Sra. Elaine Neves, assessora da
Diretoria de Políticas para as Mulheres da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de
Pernambuco; Sra. Rejane Pereira, Secretária da Mulher de Recife; Sr. Carlos Humberto Inojosa
Galindo, Juiz Assessor Especial da Presidência do Tribunal de Justiça
19/04/2012 Brasília/DF Ouvir os representantes dos Ministérios
da Justiça, da Saúde e da Educação sobre
as políticas de enfrentamento às
violências contra mulheres adotadas
pelas respectivas Pastas.
Sr. Helvécio Miranda Magalhães Junior, Secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde; Sr.
Fábio Meirelles Hardman de Castro, Coordenador-Geral de Direitos Humanos do Ministério da
Educação; e Sra. Cristina Villanova, representante do Ministério da Justiça
26/04/2012 Brasília/DF Ouvir a Ministra da Secretaria de Políticas
para as Mulheres da Presidência da
República.
Sra. Ministra Eleonora Menicucci; Sra. Iraê Lucena, Secretária da Mulher e Diversidade Humana da
Paraíba; Sra. Joelda Pais, Diretora de Direitos Humanos da Secretaria de Políticas para Mulheres do
Acre; Sra. Eliza Piola, gestora da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Mulheres de Minas
Gerais; e Sra. Aparecida Gonçalves, Secretária Nacional de Enfrentamento à Violência Contra a
Mulher
27/04/2012 Belo Horizonte/MG Ouvir explicações das autoridades
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
em Minas Gerais.
Sra. Heloísa de Ruiz Combat, Desembargadora do Tribunal de Justiça; Sra. Nívia Mônica Silva,
Procuradora de Justiça do Centro de Apoio às Promotorias de Justiça; Sr. Cássio Soares, Secretário de
Desenvolvimento Social; Sr. Denílson Feitosa Pacheco, Secretário Adjunto de Defesa Social, Sra.
Andrea Garzon Tonet, Defensora Pública-Geral; e Sra. Maria Izabel, representante da União Brasileira
13
Data Cidade/Estado Finalidade Depoentes
de Mulheres e da sociedade civil
04/05/2012 Florianópolis/SC Ouvir explicações das autoridades
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
em Santa Catarina.
Sr. Alexandre Karazawa Takashima, Juiz Corregedor; Sr. Júlio César Ferreira Melo, Juiz de Direito; Sra.
Maria Amélia Borges Moreira Abbad, Promotora de Justiça; Sra. Juliana Renda Gomes, Delegada de
Polícia da Deam; e Sra. Selma Elias Westphal, Coordenadora Estadual da Mulher
07/05/2012 Porto Alegre/RS Ouvir explicações das autoridades
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
no Rio Grande do Sul.
Sra. Márcia Santana, Secretária de Políticas para as Mulheres; Sra. Laís Ethel Corrêa Pias,
Desembargadora do TJRS; Sra. Carla Carrion Frós, Promotora de Justiça; Sra. Miriane Tagliari,
Defensora Pública; e Sr. Airton Michels, Secretário de Segurança Pública
11/05/2012 Vitória/ES Ouvir explicações das autoridades
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
no Espírito Santo.
Sra. Hermínia Maria Azoury, Juíza Coordenadora Estadual das Mulheres em Situação de Violência
Doméstica e Familiar; Sra. Maria Zumira Teixeira Bowen, Promotora Chefe da Promotoria de Justiça
de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher do Ministério Público; Sr. Gilmar Alves Batista,
Defensor Público Geral; Sr. Henrique Geaquinto Herkenhoff, Secretário de Segurança Pública e Defesa
Social; Sr. José Tadeu Marino, Secretário de Saúde; Sr. Rodrigo Coelho, Secretário de Assistência e
Direitos Humanos; Sra. Carla da Mata Machado Pedreira, representante do Conselho Estadual de
Defesa dos Direitos da Mulher; e Sra. Edna Martins, Coordenadora do Fórum Estadual de Mulheres
01/06/2012 Maceió/AL Ouvir explicações das autoridades
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
em Alagoas
Sra. Sandra Canuto, representante da Secretaria de Saúde; Sr. Dário César Barros Cavalcante,
Secretário de Defesa Social; Sr. Paulo Zacarias da Silva, Juiz Titular da Vara da Violência Doméstica;
Sra. Kátia Born, Secretária da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos; Sr. Eduardo Antônio de
Campos Lopes, Defensor Público-Geral; Sra. Andrea Malta, representante da Marcha Mundial de
Mulheres; e Sr. Sérgio Juca, Subprocurador-Geral de Justiça
25/06/2012 Curitiba/PR Ouvir explicações das autoridades
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
no Paraná.
Sra. Denise Krugner, Desembargadora do TJPR; Sra. Josiane Fruet Lupion, Defensora Pública-Geral;
Sra. Cláudia Martins, Promotora de Justiça da Violência Doméstica; Sr. Fabio Lourenço Bruzamolin,
Promotor de Justiça; Sr. Reinaldo de Almeida César, Secretário de Segurança Pública; Sra. Maria
Tereza Gomes, Secretária da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos; Sra. Maria Huçulck,
Superintendente da Secretaria de Saúde; Sra. Maria Cristina Ferreira, Coordenadora de Proteção
Social e Especial, da Secretaria de Família e Desenvolvimento Social
29/06/2012 São Paulo/SP Ouvir explicações das autoridades
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
no Estado de São Paulo.
Desembargadora Angélica de Maria Mello do Almeida, Coordenadora da Mulher em Situação de
Violência Doméstica e Familiar do TJSP; Sr. Arnaldo Hossepian Júnior, Subprocurador-Geral de Justiça
de Relações Externas; Sr. Fabiano Marques de Paula, Secretário Adjunto da Secretaria da Justiça e da
Defesa da Cidadania; Sra. Gislaine Doraide Ribeiro Pato, Delegada de Polícia dirigente do Serviço
Técnico de Apoio às Delegacias de Defesa da Mulher; Sra. Karina Barros Cafife Batista, Assessora em
Saúde da Mulher da Secretaria de Saúde; Sra Rosemary Corrêa, Gestora Executiva do Pacto Nacional
pelo Enfrentamento da Violência contra a Mulher; e Sr. Renato Campos Pinto e Vitto, Defensor
Público
03/07/2012 Brasília/DF Ouvir explicações das autoridades Sr. César Augusto Grubba, Secretário de Segurança Pública; e Sr. Dalmo Claro de Oliveira, Secretário
14
Data Cidade/Estado Finalidade Depoentes
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
em Santa Catarina.
de Saúde
13/07/2012 Salvador/BA Ouvir explicações das autoridades
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
na Bahia.
Sr. Maurício Teles Barbosa, Secretário de Segurança Pública; Sr. Jorge Santos Pereira Solla, Secretário
de Saúde; Sra. Vera Lúcia Barbosa, Secretária de Políticas para as Mulheres; Sra. Márcia Regina
Ribeiro Teixeira, Promotora de Justiça e Coordenadora do Grupo de Atuação Especial em Defesa da
Mulher; Sra. Mara Moraes, Secretária Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza; Sr.
Almiro Sena, Secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos; e Sra. Sulle Nascimento,
representante da Articulação de Mulheres Brasileiras
14/09/2012 João Pessoa/PB Ouvir explicações das autoridades
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
na Paraíba.
Sr. Cláudio Coelho Lima, Secretário de Segurança Pública; Sr. Waldson Dias de Souza, Secretário de
Saúde; Sra. Iraê Heusi de Lucena Nóbrega, Secretária da Mulher e da Diversidade Humana; Sra.
Antonieta Maroja Nóbrega Machado, Juíza Substituta da Vara de Violência Doméstica Contra a
Mulher; Roseane Araújo, Promotora de Justiça de Combate a Violência Doméstica Contra a Mulher; e
Vanildo Oliveira Brito, Defensor Público Geral
31/10/2012 Brasília/DF Ouvir explicações das autoridades
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
no Distrito Federal.
Sra. Ana Cristina Melo Santiago, Delegada Chefe da Deam; Sr. Sandro Avelar, Secretário de Segurança
Pública; Sr. Jorge Luiz Xavier, Diretor-Geral da Polícia Civil; Sra. Olgamir Amância Ferreira, Secretária
da Mulher; Sra. Marília Coelho Cunha, Subsecretária de Vigilância em Saúde; Sr. Thiago André
Pierobom, Promotor de Justiça; Sra. Fabiana Costa Oliveira, Promotora de Justiça; Sra. Dulcielly
Nóbrega de Almeida, Defensora Pública e Coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher; Sra. Leila
Rebouças, representante do movimento de mulheres
07/11/2012 Rio de Janeiro/RJ Ouvir explicações das autoridades
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
no Estado do Rio de Janeiro.
Sra. Tércia Amoldo Silveira, Diretora-Geral do Departamento Geral de Polícia da Baixada; Sra. Célia da
Silva Rosa, Delegada Titular da Deam-RJ; Sra. Mônica Almeida, Subsecretária de Atenção à Saúde da
Secretaria de Saúde; Sra. Maria Célia Vasconcelos, Subsecretária Executiva da Secretaria de
Assistência Social e Direitos Humanos; Sra. Ângela Fontes, Presidenta do Conselho Estadual dos
Direitos da Mulher; Sra. Renata de Vasconcelos Araújo Bresson, Promotora de Justiça; Sra. Emanuelle
Gangoni, Defensora Pública; e Sra. Sula Omari, Defensora Pública e Coordenadora do Núcleo de
Defesa da Mulher
13/11/2012 Campo Grande/MS Ouvir explicações das autoridades
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
no Mato Grosso do Sul.
Sr. Wantuir Francisco Brasil Jacini, Secretário de Segurança Pública; Sra. Tai Loschi, Subsecretária da
Mulher e de Promoção da Cidadania; Sr. Hildebrando Coelho Neto, Presidente do Tribunal de Justiça;
Sra. Ana Lara Camargo de Castro, Promotora de Justiça Titular da 48ª Promotoria de Justiça de Campo
Grande; Sra. Nancy Gomes de Carvalho, Subdefensora Pública-Geral; Sra. Susiê Guarani,
representante dos Direitos Indígenas; e Sra. Cristiane Duarte, Presidente do Conselho Estadual dos
Direitos da Mulher
23/11/2012 Manaus/AM Ouvir explicações das autoridades
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
Sr. Paulo Roberto Vital de Menezes, Secretário de Segurança Pública; Sr. José Duarte dos Santos Filho,
Secretário Executivo da Secretaria de Saúde; Sra. Maria das Graças Soares Prola, Secretária Executiva
da Secretaria de Assistência Social e Cidadania; Sra. Patrícia Macedo Campos, Juíza Titular da Vara
15
Data Cidade/Estado Finalidade Depoentes
no Amazonas. Especializada de Violência Doméstica; Sr. Mário Ipyranga Monteiro Neto, Promotor de Justiça; Sr. Davi
Santana da Câmara, Promotor de Justiça; Sr. Ariosto Lopes Braga Neto, Subdefensor Público-Geral;
Sra. Francy Júnior, representante do Fórum Permanente de Mulheres; e Sra. Miquelina Machado
Tucano, representante das mulheres indígenas
07/12/2012 Belém do Pará/PA Ouvir explicações das autoridades
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
no Pará.
Sra. Cristiane Lobato, Diretora de Atendimento a Grupos Vulneráveis da Polícia Civil; Sra. Maria da
Conceição Carneiro Oliveira, Coordenadora Estadual de Saúde da Mulher; Sra. Maria Alves dos
Santos, Secretária de Assistência Social; Sra. Maria de Nazaré Saaveira Guimarães, Desembargadora
do Tribunal de Justiça; Sr. Sandro Garcia de Castro, Promotor de Justiça; Sra. Rossana Parente,
Defensora Pública; Sra. Nilde Souza, representante da Articulação de Mulheres Brasileiras; Sra. Eunice
Guedes, representante do Fórum de Mulheres da Amazônia; e Sra. Fátima Matos, representante do
Centro de Defesa dos Negros e Negras do Pará
10/12/2012 Fortaleza/CE Ouvir explicações das autoridades
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
no Ceará.
Sr. Luiz Carlos Dantas, Superintendente da Polícia Civil; Sr. Raimundo José Arruda Bastos, Secretário
de Saúde; Sra. Mônica Maria de Paula Barroso, Coordenadora Especial de Políticas para as Mulheres;
Sra. Fátima Maria Rosa Mendonça, Juíza do Juizado da Violência Doméstica e Familiar; Sra. Maria
Magnólia Barbosa da Silva, Procuradora de Justiça; Sra. Elizabeth Souza, Defensora Pública; Sra. Nilde
Souza, representante da Articulação de Mulheres Brasileiras; e Sra. Maria da Penha, Presidente do
Instituto Maria da Penha
14/12/2012 Goiânia/GO Ouvir explicações das autoridades
públicas sobre as políticas criadas para
enfrentar as violências contra mulheres
no Goiás.
Sra. Adriana Accorsi, Delegada Geral da Polícia Civil; Sra. Gláucia Maria Theodoro Reis, Secretária de
Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial; Sr. Donizete Martins de Oliveira, Juiz de
Direito; Sra. Rúbian Corrêa Coutinho, Promotora de Justiça dos Direitos da Mulher; Sra. Marina Melo,
Promotora de Justiça da Vara de Violência Doméstica de Luziânia; Sr. Alaor Arantes da Silva, Defensor
Público; e Sra. Fátima Veloso, Coordenadora do Fórum Goiano de Mulheres e representante dos
movimentos sociais
Quadro 2: Diligências e visitas institucionais realizadas pela CPMIVCM
DATA- CIDADE/ESTADO INSTITUIÇÕES DILIGENCIADAS E AUTORIDADES VISITADAS
16/04/2012 Recife/PE Governador do Estado, Sr. Eduardo Campos; e Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Jovaldo Nunes Gomes
27/04/2012 Belo Horizonte/MG Delegacia Especializada de Crimes contra a Mulher; Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública; e Juizados Especializados de Violência
Doméstica e Familiar Contra a Mulher
Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Cláudio Costa; e Defensora Pública-Geral, Sra. Andrea Abritta Garzon Tonet
04/05/2012 Florianópolis/SC 6ª Deam; e Centro de Referência
Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Cláudio Barreto Dutra
07/05/2012 Porto Alegre/RS Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher
Governador em exercício, Sr. Beto Grill; e Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Marcelo Bandeira Pereira
11/05/2012 Vitória/ES Deam de Vila Velha; e Centro de Referência do Município de Vitória
Governador do Estado, Sr. Renato Casagrande
16
DATA- CIDADE/ESTADO INSTITUIÇÕES DILIGENCIADAS E AUTORIDADES VISITADAS
01/06/2012 Maceió/AL Deam; Centro de Referência; Casa-abrigo; Vara de Violência Doméstica; e IML
Governador do Estado, Sr. Teotônio Vilela Filho
25/06/2012 Curitiba/PR Delegacia da Mulher; Centro de Referência
Governador em exercício, Sr. Flávio Arns
29/06/2012 São Paulo/SP Vara de Violência Doméstica; Delegacia de Defesa da Mulher; e Centro de Referência
Governador do Estado, Sr. Geraldo Alckmin
17/07/2012 Salvador/BA Vara de Violência Doméstica; Delegacia da Mulher; Ministério Público; e Defensoria Pública
Vice-Governador, Sr. Otto Alencar
14/09/2012 João Pessoa/PB Delegacia da Mulher; Centro de Referência Ednalva Bezerra; Fórum de Justiça de Queimadas
Governador do Estado, Sr. Ricardo Coutinho
31/10/2012 Brasília/DF Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher; Centro de Referência e Atendimento à Mulher de Brasília; IML; e 2º Juizado Especial de
Violência Doméstica e Familiar de Ceilândia
Governador do Distrito Federal, Sr. Agnelo Queiroz
07/11/2012 Rio de Janeiro/RJ Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Centro); Centro Integrado de Atendimento à Mulher Márcia Lyra; 1º Juizado de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher, Centro; Ministério Público; Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública; Casa-abrigo Lar da
Mulher, na Baixada Fluminense; 3º Juizado da Violência Doméstica de Jacarepaguá
Vice-Governador do Estado do Rio de Janeiro, Sr. Luiz Fernando de Souza
13/11/2012 Campo Grande/MS Aldeia Indígena Água Bonita; Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher; Centro de Referência; Juizado da Violência Doméstica; e
Promotoria da Violência Doméstica
Governador do Estado, Sr. André Puccinelli
23/11/2012 Manaus/AM Vara de Violência Doméstica; Delegacia da Mulher; Núcleo do Ministério Público; Defensoria Pública; e Centro de Atendimento
Governador do Estado, Sr. Omar Aziz
07/12/2012 Belém do Pará/PA 1ª, 2ª e 3ª Varas da Violência Doméstica; Delegacia da Mulher; Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência; e
Casa de Detenção Feminina
10/12/2012 Fortaleza/CE Governador do Estado, Sr. Cid Gomes
Delegacia da Mulher; e Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher
10/12/2012 Boa Vista/RR Juizado de Violência Doméstica; Casa-abrigo, Centro CHAME, Deam
14/12/2012 Goiânia/GO Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Luziânia; Seção de Atendimento à Mulher da 1ª Delegacia de Polícia de Valparaíso;
Delegacia de Planaltina de Goiás; e IML de Formosa
17
Quadro 3: Reunião com o movimento de mulheres
DATA LOCAL/ESTADO Entidades organizadoras
16/04/2012 SOS CORPO/PE Fórum de Mulheres de Pernambuco
24/04/2012 Consórcio Regional Mulheres das Gerais/MG Fórum de Mulheres de Minas Gerais
04/05/2012 Assembleia Legislativa/SC Fórum de Mulheres de Santa Catarina e Rede Feminista de Saúde
05/05/2012 Assembleia Legislativa/RS Fórum de Mulheres do Rio Grande do Sul
11/05/2012 Assembleia Legislativa/ES Fórum de Mulheres do Espírito Santo
01/06/2012 Câmara de Vereadores/AL Fórum de Mulheres de Alagoas
21/06/2012 Assembleia Legislativa/PR Fórum de Mulheres do Paraná
29/06/2012 Assembleia Legislativa/SP Movimento de Mulheres de São Paulo
17/07/2012 Divisão de Saúde do Trabalhador/BA Movimento de Mulheres da Bahia
14/09/2012 Sindicato dos Trabalhadores em Educação/PB Movimento de Mulheres da Paraíba
31/10/2012 Assembleia Distrital/DF Fórum da Mulher do DF e Entorno
07/11/2012 CEDIM/RJ Fórum de Mulheres do Rio de Janeiro
13/11/2012 Sindicato dos Trabalhadores em Educação/MS
Assembleia Legislativa/MS
Fórum de Mulheres do Mato Grosso do Sul
Lideranças indígenas das mulheres Kaiowá, Guarani e Terena
23/11/2012 Assembleia Legislativa Fórum de Mulheres do Amazonas
06/12/2012 FASE Fórum de Mulheres do Pará
14/12/2012 Centro Cultural Movimento de Mulheres do Goiás
18
2 A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO BRASIL
2.1 Antecedentes no Congresso Nacional: a CPMI de 1992, 2003 e
2013
A investigação da violência contra mulheres já mereceu atenção do Congresso Nacional em
outras oportunidades. Em 14 de março de 1992 foi instalada uma Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) para “investigar a questão da violência contra a mulher”, presidida pela
Deputada Federal Sandra Starling e tendo como relatora a também Deputada Federal Etevalda
Grassi de Menezes. Dentre suas principais conclusões destacam-se: a) inúmeras dificuldades
no tocante ao levantamento de dados sobre os índices de violência solicitados às Delegacias da
Mulher e às Comarcas; b) inexistência de uma nomenclatura unificada referente aos dados
sobre violência contra a mulher; c) dados incompletos ou que chegaram tardiamente à CPI. A
carência de informações foi considerada reveladora do descaso por parte das autoridades
governamentais que não supriram as comarcas e as delegacias de recursos humanos e
tecnológicos para fazer o levantamento necessário, conforme solicitado à época pela CPI.
No que se refere aos homicídios, a CPMI de 1992 apontou dados alarmantes em Alagoas
(24,8%), Espírito Santo (11,1%) e Pernambuco (13,2%). Uma das explicações para o caso de
Alagoas foi a sua “estrutura oligárquica autoritária, verticalizada, discriminatória em que as
relações sociais e afetivas operam a partir da desigualdade entre homens e mulheres, ricos e
pobres, e se traduzem em relações de mando e obediência, favor e clientela, superior e
inferior, agressor e vítima” (p.17).
Em 2003, a CPMI da exploração sexual contra crianças e adolescentes presidida pela Senadora
Patrícia Saboya, tendo como Relatora a Deputada federal Maria do Rosário, apontou a grave
violação aos direitos humanos das meninas e das adolescentes submetidas à exploração
sexual. A violência e o abuso sexual são formas de negar a condição de sujeito a meninas e
adolescentes femininas.
Mais recentemente, em 2013, a CPI do Tráfico de Pessoas, do Senado Federal, Presidida pela
Senadora Vanessa Grazziontin e tendo como Relatora a Senadora Lítice da Mata destacou a
necessidade de mudanças na legislação atual de modo a proteger às mulheres do tráfico e
punir os aliciadores e traficantes de mulheres.
2.2 A CPMI de 2012 e os números da violência contra as mulheres no
Brasil
Passados 20 anos da realização da CPI da Violência Contra a Mulher e tendo em vista a
crescente violência letal contra mulheres, o Congresso Nacional julgou pertinente a instalação
de uma CPMI para investigar a atual situação da violência contra mulher.
19
Por conseguinte, a CPMI nasce no contexto em que a mais grave forma de violência – o
homicídio - aumentou nos últimos 30 anos. Conforme o Instituto Sangari, nos últimos 30 anos
foram assassinadas no país perto de 91 mil mulheres, sendo que 43,5 mil só na última década.
O número de mortes nesses trinta anos passou de 1.353 para 4.297, o que representa um
aumento de 217,6%, mais que triplicando.
Dentre os 84 países do mundo, o Brasil ocupa a 7ª posição com uma taxa de 4,4 homicídios,
em 100 mil mulheres, atrás apenas El Salvador, Trinidad e Tobago, Guatemala, Rússia e
Colômbia.
Como se percebe, nesses 20 anos, os estados do Espírito Santo e de Alagoas alternaram-se nos
dois primeiros lugares. Surpreende a posição do estado do Paraná, agora em 3º lugar e o
deslocamento de Pernambuco, para a 10ª posição. Isso demonstra a inexistência ou a
ineficácia das políticas públicas de enfrentamento às violências contra mulheres,
especialmente nos estados que concentram as taxas mais elevadas, conforme se observa no
Mapa da Violência – Homicídios de Mulheres, do Instituto Sangari.
Quadro 4: Número e taxas de homicídio feminino (em 100 mil mulheres) por UF. Brasil. 2010
UF No Taxa Posição
Espírito Santo 175 9,8 1º
Alagoas 135 8,3 2º
Paraná 338 6,3 3º
Paraíba 117 6,0 4º
Mato Grosso do Sul 74 6,0 5º
Pará 225 6,0 6º
Distrito Federal 78 5,8 7º
Bahia 399 5,6 8º
Mato Grosso 81 5,5 9º
Pernambuco 249 5,4 10º
Tocantins 35 5,1 11º
Goiás 157 5,1 12º
Roraima 11 5,0 13º
Rondônia 37 4,8 14º
Amapá 16 4,8 15º
Acre 17 4,7 16º
Sergipe 45 4,2 17º
Rio Grande do Sul 226 4,1 18º
Minas Gerais 393 3,9 19º
Rio Grande do Norte 62 3,8 20º
Ceará 165 3,7 21º
Amazonas 65 3,7 22º
Santa Catarina 112 3,6 23º
Maranhão 114 3,4 24º
Rio de Janeiro 272 3,2 25º
São Paulo 663 3,1 26º
Piauí 41 2,6 27º
Fonte: Instituto Sangari (CABELA/FLASCO, 2012)
Embora nas últimas décadas tenham ocorrido mudanças na vida das mulheres brasileiras,
conforme apontou pesquisa realizada, em 2001, pela Fundação Perseu Abramo2, ainda há
2
Em 2001 a pesquisa foi realizada com mulheres brasileiras acima de 15 anos, através de questionário estruturado de entrevistas,
em uma amostra de 2.502 entrevistas, nas áreas urbana e rural, distribuídas geograficamente em 187 municípios, 24 estados e
cinco regiões do país. Capitais e municípios com mais de 500 mil/habitantes tiveram inclusão obrigatória. Nesta pesquisa, 65%
20
muito a ser feito. Para que a vida das mulheres melhore, 47% das entrevistadas afirmou que o
mercado de trabalho precisaria ser alterado, acabando com a desigualdade de oportunidades
e de remuneração; a igualdade de direitos, de forma mais ampla, foi mencionada por 10% e o
fim da violência contra as mulheres por 9%, como o que deveria mudar para que a vida de
todas as mulheres melhorasse.
Especificamente no que se refere à violência contra mulheres, 33% das entrevistadas
afirmaram já ter sido vítima em algum momento de sua vida, de alguma forma de violência
física (24% de ameaças com armas ao cerceamento do direito de ir e vir, de 22% de agressões
propriamente ditas e 13% de estupro conjugal ou abuso); 27% sofreram violências psíquicas e
11% afirmaram já ter sofrido assédio sexual. Um pouco mais da metade das mulheres
brasileiras declarou nunca ter sofrido qualquer tipo de violência por parte de algum homem
(57%).
Em todos os casos de violência, o pedido de ajuda recaiu principalmente sobre outra mulher
da família da vítima – mãe ou irmã, ou a alguma amiga próxima.
Os casos de denúncia pública ocorreram principalmente diante de ameaça à integridade física
por armas de fogo (31%), espancamento com marcas, fraturas ou cortes (21%) e ameaças de
espancamento à própria mulher ou aos filhos (19%). O órgão público mais utilizado para
denúncias foi a delegacia de polícia. A Delegacia da Mulher foi a mais utilizada nos casos de
espancamento com marcas, fraturas ou cortes, mas ainda assim por um pequeno índice de
mulheres (5%).3
Em 2010, a Fundação Perseu Abramo4 ampliou a pesquisa e no que se refere à violência, não
foram constatadas mudanças significativas. Como em 2001, cerca de uma em cada cinco
mulheres (hoje 18%, e antes, 19%) afirmaram já ter sofrido alguma vez “algum tipo de
violência de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido”. Diante de 20 modalidades
de violência citadas, no entanto, duas em cada cinco mulheres (40%) já teriam sofrido alguma,
ao menos uma vez na vida, sobretudo algum tipo de controle ou cerceamento (24%), alguma
violência psíquica ou verbal (23%), ou alguma ameaça ou violência física propriamente dita
(24%). Comparando-se a 2001, quando apenas 12 modalidades de violência haviam sido
investigadas, a taxa de mulheres que já sofreram alguma violência caiu de 43% para 34% - mais
especificamente a taxa agregada de violências ou ameaças físicas oscilou de 28% para 24% e a
de violências psíquicas caiu de 27% para 21%. Isoladamente, entre as modalidades mais
frequentes, 16% das mulheres já levaram tapas, empurrões ou foram sacudidas (20% em
2001), 16% sofreram xingamentos e ofensas recorrentes referidas a sua conduta sexual (antes
18%) e 15% foram controladas a respeito de aonde iriam e com quem sairiam.5
das mulheres avaliaram que a vida das mulheres melhorou nos últimos 20 e 30 anos. A Mulher nos Espaços Público e Privado.
Fundação Perseu Abramo. São Paulo, 2001.
3
A Mulher nos Espaços Público e Privado. Fundação Perseu Abramo. São Paulo, 2001.
4 Nesta nova pesquisa foram entrevistadas 2.365 mulheres e 1.181 homens, distribuídas nas 25 unidades da federação e nas cinco
macrorregiões do país (N, S, SE, NE e C-O), cobrindo as áreas urbana e rural de 176 municípios na amostra feminina e 104
municípios na masculina. Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado. Fundação Perseu Abramo/Sesc. São Paulo,
2010.
5
Esta última modalidade não foi investigada em 2001. Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado. Fundação
Perseu Abramo/Sesc. São Paulo, 2010.
21
Além de ameaças de surra (13%), uma em cada dez mulheres (10%) já foi de fato espancada ao
menos uma vez na vida (respectivamente 12% e 11% em 2001). Considerando-se a última vez
em que essas ocorrências teriam se dado e o contingente de mulheres representadas nos dois
levantamentos, o número de brasileiras espancadas permanece altíssimo, mas decresceu de
uma a cada 15 segundos para uma em cada 24 segundos – ou de 8 para 5 mulheres
espancadas a cada 2 minutos.
Quadro 5: Comparativo pelo tipo de violência relatada
Tipos de violência 2001 2010
Já sofreu alguma agressão 43% 34%
Violência física 28% 24%
Violência psíquica 27% 21%
Espancamento alguma vez na vida 12% 11%
Tapas, empurrões, sacudidas 20% 16%
Fonte: Fundação Perseu Abramo
Quadro 6: Projeção da taxa de espancamento
2001 01 mulher em cada 15 segundos
2010 01 em cada 24 segundos
Fonte: Fundação Perseu Abramo
Com exceção das modalidades de violência sexual e de assédio, em todas as demais
modalidades de violência o parceiro (marido ou namorado) é o responsável por mais 80% dos
casos reportados.6
Os pedidos de ajuda são mais frequentes (de metade a 2/3 dos casos) após ameaças ou
violências físicas, as mulheres recorrem às mães, irmãs e outros parentes. Mas em nenhuma
das modalidades investigadas as denúncias a alguma autoridade policial ou judicial ultrapassa
1/3 dos casos.7
No que respeita à raça/etnia, a pesquisa informa que 35% das mulheres que já sofreram
alguma violência são pardas, 11% negras e 45% brancas. Somando-se negras e pardas, estas
são agredidas em 46% dos casos. Amarelas e indígenas correspondem a 2% cada.
Como se percebe na comparação entre as duas pesquisas, em um intervalo de dez anos não
houve alteração relevante nos padrões de violência sofridos pelas mulheres brasileiras.
Observa-se ainda, uma grande subnotificação da violência, pois apenas um terço das mulheres
reporta à violência sofrida às autoridades públicas.
Segundo a Pesquisa Nacional de Domicílios – PNAD – Características da Vitimização e Acesso à
Justiça8, em 2009, 2,5 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade foram vítimas de
agressão física, ou seja, 1,6% dessa população no País. Nas Regiões Norte e Nordeste foram
observadas as maiores frequências, 1,9% e 1,8%, respectivamente. A menor, de 1,4%, foi
registrada nas Regiões Sudeste e Sul. O percentual de vitimização dos homens foi de 1,8% e
6
Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado. Fundação Perseu Abramo/Sesc. São Paulo, 2010.
7
Idem.
8
Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios. Suplemento Vitimização e Acesso à Justiça (2009). Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
22
das mulheres de 1,3%. As mulheres foram mais agredidas nas regiões Norte (1,5%), Nordeste
(1,4%) e Centro-Oeste (1,4%).9
No que respeita à autoria da agressão, pessoas desconhecidas foram responsáveis por 39,0%
dos casos de agressão, pessoas conhecidas respondem por 36,2%, o cônjuge, 12,2% e parente
8,1%. Somados os percentuais, tem-se que os casos de agressão cometidos por conhecidos,
incluindo cônjuges e parentes chega-se ao percentual de 52,5%. Dentre as mulheres agredidas,
25,9% delas foram agredidas por cônjuges ou ex-cônjuge.
Considerando o local de ocorrência, destaca-se que 25,4% das vítimas foram agredidas na
própria residência, enquanto 48,0% em via pública.10 No entanto, quando relacionados o
agressor e o local da residência, os cônjuges ou ex-cônjuges respondem por 25,9% das
agressões, sendo que 80,5% delas ocorreu na própria residência.
A faixa etária com maior frequência de agressores situou-se entre os 16 e 24 anos (2,2%) e dos
25 aos 30 anos (2,0%).11
Conforme a pesquisa, 55,7% das vítimas de agressão não procurou a polícia. Dentre as razões
para não procurar a polícia, 33,1% afirmaram que tinham medo de represália ou não queriam
envolver a polícia.12 Ainda conforme a pesquisa, das vítimas de agressão física que procuraram
a polícia (1,1 milhão de pessoas), 86,9% realizou registro, na delegacia, da última agressão
física sofrida. Aquelas vítimas que procuraram a polícia, mas não efetuaram o registro (147 mil
pessoas), apontaram como motivos para não fazê-lo, principalmente, o fato de a polícia não
querer fazer o registro (22,4%), não queria envolver a polícia ou medo de represália (19,2%), a
falta de provas (10,3%) e não acreditava na polícia (10,2%).13
A área de família corresponde a 22,0% dos conflitos.14 No entanto, a pesquisa não informa se
os conflitos familiares correspondem às agressões domésticas, ou mesmo quantas mulheres
procuraram o Poder Judiciário em virtude de agressão física pelo cônjuge ou ex-cônjuge.
Dados semelhantes são encontrados no Mapa da Violência15, no que se refere aos
atendimentos às violências doméstica e sexual pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a partir do
Sistema Nacional de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), do Ministério da Saúde.16
Em 2011, foram registrados no SINAM, 70.270 atendimentos de mulheres vítimas de violência.
O local de residência da mulher é o preponderante nas situações de violência, especialmente
9
Idem, p.53.
10
Idem, p.54.
11
Ibidem.
12
Idem, p. 55
13
Idem, p.56
14
Idem, p.59.
15
WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2012. Atualização: Homicídios de Mulheres. CEBELA. FLASCO/Brasil. 2012.
16 A notificação dos casos de violência doméstica e sexual pelo sistema de saúde público e privado tornou-se obrigatória com a Lei
10.778/2003. O Decreto nº 5.099, de 3 de junho de 2004, regulamentou, para todo o território nacional, a notificação compulsória
dos casos Secretaria de Vigilância em Saúde de violência contra a mulher, atribuindo ao MS a coordenação do plano estratégico de
ação para a instalação dos serviços de referência sentinela. Outras regulamentações internas foram feitas pelo Ministério da
Saúde através de Portarias.
23
até os 10 anos e a partir dos 30 anos de idade da mulher, correspondendo a 71,8%.17 Dos 20
aos 59 anos, o cônjuge aparece como o principal agressor, sendo que na faixa etária feminina
dos 30 aos 39 anos, é o agressor em 49,3% dos casos. A partir dos 60 anos, os filhos são
responsáveis pela violência, descortinando a violência praticada contra mulheres idosas.18 A
partir dos 30 anos de idade, o percentual de reincidência é bastante alto, variando de 56, 9%
(dos 30 aos 39 anos), 58,2% (40 aos 49 anos), 57,4% (50 aos 59 anos) e 62,5% a partir dos 60
anos. No entanto, nos casos de violência sexual, dos 15 aos 60 anos (ou mais), o desconhecido
é o principal agressor.19 A violência sexual corresponde a 12,2%, e está concentrada na faixa
etária de 1 a 14 anos20, sendo a residência também o local preponderante para essa violência,
nessa faixa etária.21
No sistema SUS, a violência física é também preponderante (44,2%) dos casos, a partir dos 15
anos de idade. A violência psicológica ou moral aparece em mais de 20% dos casos
informados. A residência é também o lugar de maior violência em 69,9% dos casos reportados
e a via pública em 18,6% dos casos.22
A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 – da Secretaria de Políticas para as Mulheres
foi criada em 2005 com o objetivo de orientar as mulheres em situação de risco e de violência
sobre seus direitos e sobre onde buscar ajuda. De abril de 2006 a dezembro de 2011 registrou
2.278.987 ligações com variadas solicitações: informações, reclamações, elogios, sugestões,
serviços e denúncias de violência. Os relatos de violência, incluindo as denúncias de tráfico,
contabilizaram 281.894 ligações. Como se observa, a Central de Atendimento à Mulher vem
registrando aumento sucessivo nas ligações.
A Central é majoritariamente acionada por mulheres, cujo percentual atinge 98,97% das
ligações. De todas(os) as usuárias(as) que contatam a Central e declararam suas escolaridades
a maioria (45,49%) possui ensino fundamental (completo ou incompleto), 41,29% tem ensino
médio (completo ou incompleto), 11,3% tem ensino superior (completo e incompleto) e 1,93%
é analfabeta. Observa-se o acesso ao serviço por pessoas com baixa escolaridade. Além disso,
o serviço é majoritariamente procurado por mulheres adultas e, mais especificamente, em
período economicamente produtivo e biologicamente reprodutivo, sendo assim constituído:
de 20 a 29 anos: 31,19%; de 30 a 39 anos: 32,08%; de 40 a 49 anos: 17,88% e de 50 a 59 anos:
8,64%.
Quanto à cor/raça, dos 40,7% das(os) usuárias(os) que declararam esse item, 47,68% se
identificou-se como pardas(os). As(os) usuárias(os) de cor/raça branca computaram 39,83% e
11,23% se declararam da cor/raça preta. Houve, também, o registro de 2.072 (0,76%) da
cor/raça amarela e 1.333 (0,49%) indígena.
Como se percebe, as mulheres pardas e negras são as que mais utilizaram o serviço.
17
WAISELFISZ, Julio Jacobo. Op.cit., 2012, p.18.
18
Idem, p. 21.
19
Idem, p.25.
20
Ibidem.
21
Idem, p.24.
22
Idem, p.23.
24
Quadro 7: Atendimentos realizados
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* Total
46.423 204.514 271.212 401.729 734.930 667.116 135.585 2.461.509
*janeiro a março
Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres
Quadro 8: Na tabela abaixo, verifica-se que os relatos de violência doméstica são expressivos:
Violência
Doméstica
2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total
13.416 23.080 37.910 95.905 65.851 21.341 257.562
Fonte: Secretaria de Política para as Mulheres
Assim como nas demais pesquisas, o cônjuge ou companheiro responde pela maioria das
agressões.
Quadro 9: Relação da vítima com o agressor
2009 2010 2011 2012
Companheiro 10266 31824 27222 8817
Cônjuge 17789 21246 14647 4153
Ex-marido 2376 9579 6850 2451
Fonte: Secretaria de Política para as mulheres
O tempo médio da relação entre a vítima e o agressor identificada é de 10 anos. Isto é, são
relações longas, embora a violência também seja expressiva nas relações de 5 a 10 anos. À
medida que o tempo da relação aumenta a violência também progride.
Quadro 10: Tempo médio da relação com o agressor
Tempo da relação com o agressor 2010 2011 2012* Total
Até 6 meses 3129 2401 721 5.530
Entre 1 e 2 anos 9565 6167 1875 15.732
Entre 2 e 3 anos 7564 4906 1460 12.470
Entre 3 e 4 anos 6049 3784 1126 9.833
Entre 4 e 5 anos 6392 419 1293 6.811
Entre 5 e 10 anos 16279 11204 3422 27.483
10 anos ou mais 25439 23455 7761 48.894
Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres
*Janeiro a março
Outro aspecto importante também detectado pela Central de Atendimento é relativo à
frequência da violência, que em geral, acontece uma vez por semana.
Quadro 11: Frequência em que a violência ocorre
Frequência da
violência
2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total
Diariamente 9142 15.916 28.606 46.536 31303 10.072 141.585
Semanalmente 2395 3939 5186 18281 11568 3618 44.987
Mensalmente 790 1018 1447 4443 2822 899 11.419
Raramente 1143 1425 1791 6506 4905 1363 17.133
Uma vez 1166 1630 2262 4277 2782 939 13.056
Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres
A avaliação do risco percebido pelas mulheres é um fator relevante a ser observado na
concessão de medidas protetivas, no encaminhamento para os serviços especializados e
também para os pedidos de prisão preventiva.
25
Quadro 12: Risco percebido pelas mulheres
Risco que se
percebe
2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total
Espancamento 5369 6776 9547 30.791 19.446 6025 77.954
Estupro 197 185 221 1269 777 271 2917
Morte 5451 9107 14678 33772 22676 7000 92684
Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres
Dado igualmente significativo identificado pela Central revela que 59,51% das vitimas não
dependem financeiramente do agressor. Os números do Ligue 180 também demonstram que
em 58,27% dos casos de agressão nem sempre ou nunca ocorreram sob efeito de álcool ou
droga. Apenas em 41,73% dos casos registrados a agressão foi cometida sob efeito de alguma
substância (droga e/ou álcool).
Como os dados de todas essas pesquisas de abrangência nacional demonstram a violência
contra mulheres na sociedade brasileira é endêmica. A violência doméstica é majoritariamente
praticada pelo parceiro; a residência não é um local seguro para as mulheres, em 80% dos
casos; a reincidência é um fator de risco e está presente em quase 60% dos casos a partir dos
30 anos. A violência física contra mulheres idosas e sexual contra meninas e adolescentes é
igualmente preocupante. Estas pesquisas devem ser consideradas quando da elaboração de
políticas públicas de prevenção à violência contra mulheres.
2.3 Dados internacionais sobre a violência contra mulheres
Dados do Relatório sobre o Peso Mundial da Violência Armada23 apontam que 66 mil mulheres
morrem anualmente vítimas de homicídio doloso. O femicídio ou feminicídio – a morte de
mulheres - na maioria dos casos, ocorre no âmbito doméstico. Estes dados são convergentes
aos encontrados no Brasil. Conforme o Mapa da Violência, 41% das mortes de mulheres
ocorreram dentro de casa24 e em 68,8% dos atendimentos a mulheres vítimas de violência, a
agressão aconteceu na residência da vítima.25 Na pesquisa do PNAD, 80% das agressões
ocorreram dentro de casa.
O relatório informa ainda, que a maioria das mortes de mulheres é praticada por parceiros
íntimos, familiares ou amigos das mulheres e que a maioria das vítimas sofreu violência ou
abuso anteriormente pelo autor do crime. 26 No Brasil, 42,5% do total de agressões contra a
mulher enquadram-se nessa situação. Mas, ao se tomar a faixa etária dos 20 aos 49 anos, em
mais de 65% dos casos agressões a autoria foi do parceiro ou ex.27
Conforme o relatório, a exibição de arma de fogo para ameaçar, intimidar ou coagir alguém é
um indicador de seu provável uso. Muitas mulheres relataram terem sido ameaçadas com uma
arma de fogo antes de serem vítimas. Armas de fogo na casa da vítimas representam um risco
maior para mulheres, pois tendem a serem usadas para ameaçar e causar danos aos membros
23
Geneva Declaration Secretariat. The Burden of Armed Violence. Geneva, 2011.
24
WAISELFISZ, Julio Jacobo. Op.cit, 2012, p.10.
25
Idem, p. 26.
26
Small Arms Survey Research Notes. Armed Violence. Femicide: a global problem, no. 14, February, 2012.
27
WAISELFISZ, Julio Jacobo. Op.cit, 2012, p.26.
26
da família e não para proteger a casa contra estranhos.28 Análise em 24 países com dados
detalhados sobre o tipo de armas usadas em feminicídios revela uma correlação direta entre
as taxas de femicídio e do uso de armas de fogo.29 No Brasil, 49,2% das mortes de mulheres
foram com armas de fogo.30
Especificamente, os países com altos níveis de feminicídio apresentam uma maior proporção
de feminicídios cometidos com armas de fogo. Em média, as armas de fogo foram usadas em
um terço de todos os feminicídios em todo o mundo. Conforme o relatório, no Brasil,
Colômbia, El Salvador, Guatemala e Honduras as armas de fogo foram usadas em mais de 60 %
dos feminicídios.31
O Relatório Acesso à Justiça para as Mulheres Vítimas de Violência nas Américas32, da
Comissão Interamericana de Direitos Humanos, destaca que na Argentina, entre 1999 a 2003,
os crimes de violência contra mulheres representaram 78 a 83% de todos os delitos ocorridos
no país. Na Costa Rica, 58% das mulheres sofreu um incidente de violência física ou sexual
depois de completarem 16 anos ou mais. Nos Estados Unidos, em 2003, cerca de meio milhão
de mulheres sofreu violência doméstica e aproximadamente 200 mil violações e agressões
sexuais, segundo a Pesquisa Nacional de Vitimização daquele país.33 No México, em 2003,
46,6% das mulheres mexicanas, entre 15 anos ou mais, que viviam com seus parceiros,
reportou ter sofrido alguma violência durante os doze meses que antecederam a entrevista.
Na Republica Dominicana, 23,9% das mulheres afirmou ter sofrido alguma violência desde os
15 anos de idade.34
Segundo o mesmo Relatório, o estado brasileiro informou não dispor de estatísticas sobre a
quantidade de denúncias de violência contra mulheres que foram feitas no período solicitado
pela Comissão.35
Igualmente, o Relatório Prevenção da violência sexual e da violência por parceiro íntimo36
, da
OMS, destaca que a carga esmagadora da violência pelo parceiro íntimo (física, sexual e
emocional) é suportada pelas mulheres nas mãos dos homens. Segundo o relatório, o custo
médio por pessoa para a mulher que sofreu pelo menos uma ocorrência de violência praticada
pelo parceiro íntimo foi mais que o dobro daquele do homem. Os custos globais para a
sociedade são ainda maiores quando são contabilizados os custos dos indivíduos que não
alcançam seu pleno potencial produtivo.37
28
Idem, p.3-4.
29
Idem, p.4.
30
WAISELFISZ, Julio Jacobo. Op.cit, 2012, p. 10.
31
Ibidem.
32
Aceso a la justicia em las Americas. Comision Interamericana de Derechos Humanos. Organización de los Estados Americanos.
OEA/Ser.L/V/II. Doc. 68 , 20 enero 2007, p. 141, Anexo C.
33
Idem, p.142.
34
Ibidem.
35 Idem, p.7
36
Prevenção da violência sexual e da violência pelo parceiro íntimo: ação e produção de evidência. Organização Mundial da
Saúde. Genebra, 2012.
37
Idem, p.6.
27
Da mesma forma, o Relatório Mundial sobre Violência e Saúde38 informa que a violência
praticada por parceiro íntimo custa milhões de dólares anualmente às economias dos países,
considerando os gastos com assistência à saúde, legais, ausências e perda da produtividade no
trabalho.39 Conforme estudo do Banco Mundial, em 1997, no Brasil 1,9% do PIB foi destinado
às despesas com saúde decorrentes da violência.40
O referido Relatório aponta ainda que mulheres que sofreram violência durante uma fase da
vida (infância ou vida adulta), tem uma saúde pior, tanto física quanto emocionalmente.
Dentre os principais agravos e riscos à saúde feminina, com a violência antecedente,
destacam-se: depressão, tentativas de suicídio, síndrome de dor crônica, transtornos
psicossomáticos, lesões físicas, transtornos do aparelho digestivo e diversas repercussões na
saúde reprodutiva41, tais como complicações na gravidez, aborto espontâneo, aborto
praticado em condições inseguras, gravidez não desejada, doenças sexualmente
transmissíveis, esterilidade, etc..42 Ou seja, repercussões sobre a saúde física, mental e
reprodutiva das mulheres.
Além disso, o Relatório informa que em geral, os filhos que presenciam eventos de violência
contra mulheres apresentam maiores riscos de sofrerem diversos transtornos emocionais e de
conduta, tais como ansiedade, depressão, baixo rendimento escolar, baixa estima,
desobediência, pesadelos, queixas sobre a saúde física43 e maior probabilidade de morte antes
dos 5 anos de idade.44
No Brasil, o relatório apontou que, dentre os homens brasileiros entrevistados, 19%
aprovaram o uso da violência física sob a justificativa da suspeita de adultério feminino.45
O Relatório sublinha a existência de inúmeras ações para prevenir a violência contra mulheres,
mas registra que são pouco avaliadas. Destaca ainda, os princípios que devem reger as práticas
adequadas ao enfrentamento da violência praticada por parceiros íntimos: a) medidas para
enfrentar a violência devem aplicar-se no âmbito nacional e local; b) a participação das
mulheres na elaboração e execução dos projetos de segurança das mulheres deve guiar todas
as decisões relativas às intervenções; c) as tentativas de reformar as instituições, entre elas as
polícias, o setor saúde e o sistema judicial, devem ir além da capacitação e mudar a cultura
institucional respectiva; d) as intervenções devem abranger uma variedade de setores
diferentes.46
Por sua vez, segundo o Relatório sobre o Progresso das Mulheres no Mundo na busca pela
Justiça47, os sistemas de justiça que são efetivos podem converter-se em mecanismos vitais
38
Informe Mundial sobre Volencia y Salud. Organización Mundial de Salud. Genebra, 2002.
39
Idem, p.13.
40
Ibidem.
41
Idem, p. 110.
42
Ibidem.
43
Idem, p.112.
44
Idem, p. 113.
45
Idem, p. 104. O resultado refere-se aos homens entrevistados na cidade de Salvador, Bahia.
46
Idem, p.122.
47
El Progreso de las Mujeres en el Mundo: en busca de la justicia ( 2011-2012). ONU Mulheres, 2011.
28
para o respeito aos direitos das mulheres, já que podem facilitar a prestação de contas, frear o
abuso de poder e criar novas normas.48 Os tribunais de justiça têm sido o principal lugar onde
as mulheres têm exigido o cumprimento de seus direitos e onde litígios estratégicos têm sido
propostos para mudar a vida das mulheres.49 No entanto, o Relatório registra que os tribunais
de justiça atuais têm um viés que vai contra os interesses das mulheres e que reforça a
desigualdade de poder entre homens e mulheres, devendo ser transformados para alcançar
seu pleno potencial no avanço para a igualdade de gênero.50
O Relatório sublinha ainda, o baixo percentual de mulheres juízas. Em todo o mundo, as
mulheres representam apenas 27% dos juízes. A presença de mulheres no Poder Judiciário é
uma questão de igualdade e imparcialidade e também para manter a confiança no sistema de
justiça.51
Tratando especificamente do caso brasileiro, o Relatório enfatiza a existência de apenas 147
Juizados Especializados de Violência Doméstica e Familiar para uma população de quase 200
milhões de pessoas, o que indica a necessidade de maiores investimentos para que possam
atender as mulheres.52
No que se refere à participação das mulheres nos tribunais superiores, no Brasil, a CPMI
observou uma nítida discriminação de gênero. No Supremo Tribunal Federal há apenas duas
ministras dentre os seus 11 integrantes, o que representa 18,18%. O Superior Tribunal de
Justiça composto por 33 ministros possui apenas 6 ministras, cujo percentual corresponde
igualmente a 18,18% de mulheres.53
O Conselho Nacional de Justiça é composto por 15 conselheiros e todos são homens. O
Conselho Nacional do Ministério Público possui 14 conselheiros, sendo apenas três mulheres,
o que representa 21,42%. Ou seja, os organismos de poder no âmbito da justiça são
eminentemente masculinos.
No entanto, de 1992 a 2012, muitas alterações institucionais e legais ocorreram no país, no
que concerne às políticas de enfrentamento às violências contra as mulheres. Destacam-se a
criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres (2003), o Pacto Nacional pelo
Enfrentamento à Violência contra Mulheres (2007) e a Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha).
Igualmente, o Relatório sobre o Progresso das Mulheres no Brasil observa que de 2003 a 2010
houve significativos avanços no enfrentamento à violência contra mulheres, que se traduzem
na mudança da legislação, produção crescente de estudos e dados estatísticos sobre a
incidência da violência contra as mulheres, na criação de serviços públicos especializados de
atendimento, além da adoção de planos nacionais para enfrentar o problema.54
48
Idem, p.8.
49
Idem p.8-9.
50
Idem, p.9.
51
Idem, p.61.
52
Idem, p.68.
53
Há ainda três magistradas convocadas. Informação disponível no site www.stj.gov.br
54
BARSTED, Leila Linhares. O progresso das mulheres no enfrentamento à violência. In O Progresso das Mulheres no Brasil 2003-
2010. Brasília: ONU Mulheres/Cepia, 2012, p.347.
29
3 MARCO NORMATIVO DE PROTEÇÃO ÀS MULHERES
3.1 Marco normativo internacional
A ONU reconheceu a violência contra as mulheres como uma forma de discriminação e
violação de direitos humanos, tal qual delineado na sua Declaração sobre a Eliminação da
Violência contra as Mulheres (DEVAW55), formulando, nesse e em vários outros documentos,
importantes recomendações para a criação e implementação de mecanismos de combate a
esse tipo de violência. Destacam-se, dentre eles, mecanismos de monitoramento e facilitação
da implementação dessas recomendações, com realce, no âmbito nacional, para os
“mecanismos autônomos e independentes”, tais como observatórios de monitoramento, para
dar conta do controle social, necessário para a eficácia da legislação em vigor.
A Plataforma de Ação de Pequim, adotada na 4ª Conferência Mundial sobre as Mulheres, em
1995, identificou a violência contra as mulheres como uma das 12 áreas críticas de
preocupação e que requeriam ações urgentes para atingir os objetivos de igualdade,
desenvolvimento e paz, e clamou por ações de prevenção.
Em 2001, foi proclamada a Declaração da Conferência Mundial contra o Racismo, Xenofobia e
Intolerância Conexa – Declaração de Durban e seu Programa de Ação – cujo reconhecimento
do racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância praticada contra afrodescendentes,
povos indígenas, migrantes, refugiados e outras vítimas requer dos Estados medidas urgentes
para sua prevenção, reparação e eliminação para a construção da plena igualdade.
O Brasil é signatário de importantes instrumentos internacionais de proteção aos direitos
humanos das mulheres, no âmbito global e regional. No âmbito global destacam-se a
Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher –
Convenção CEDAW - e seu Protocolo Facultativo, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência, a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial56 e no âmbito regional, a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir
e Erradicar a Violência contra a Mulher – Convenção de Belém do Pará. Estes instrumentos em
conjunto com a Constituição Federal formam um sistema de proteção constitucional ampliado
de importância ímpar.
Conforme a Recomendação Geral 19, da Convenção CEDAW:
“1. A violência baseada no gênero é uma forma de discriminação contra a mulher que
inibe seriamente a capacidade das mulheres de desfrutar os direitos e as liberdades
em uma base de igualdade com os homens”.
(...)
“6. A Convenção no artigo 1 define a discriminação contra a mulher. Essa definição
inclui a violência de gênero, isto é, a violência que é dirigida contra uma mulher por ser
mulher ou que afeta desproporcionalmente as mulheres. Inclui atos que infligem
danos ou o sofrimento físico, mental ou sexual, ameaças de tais atos, a coerção e
55 Declaration on the Elimination of Violence against Women. A/RES/48/104. 85th Plenary Meeting, 20 December 1993.
56 Ratificada pelo Brasil em 27 de março de 1968. Aprovada pelo Decreto nº 65.810 - de 8 de dezembro de 1969
30
outras privações da liberdade. A violência de gênero pode violar disposições
específicas da Convenção, independentemente dessas disposições expressamente
mencionarem a violência.”57
Além disso, a vulnerabilidade das mulheres com deficiência, em geral pouco visibilizada. O
assunto é complexo e delicado, sendo tratado especialmente no artigo 6 da Convenção sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência, da Organização das Nações Unidas, tratado
internacional que ingressou no ordenamento jurídico brasileiro com status de emenda
constitucional (art. 5º, §3º), que reconhece que as mulheres e meninas com deficiência estão
mais sujeitas a inúmeras formas de discriminação, violência e abuso, e que carecem do apoio
do Estado, que deverá atuar para garantir o gozo de seus direitos humanos e liberdades
fundamentais. Vejamos:
Artigo 6
Mulheres com deficiência
1. Os Estados Partes reconhecem que as mulheres e meninas com deficiência estão
sujeitas a múltiplas formas de discriminação e, portanto, tomarão medidas para
assegurar às mulheres e meninas com deficiência o pleno e igual exercício de todos os
direitos humanos e liberdades fundamentais.
2. Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas para assegurar o pleno
desenvolvimento, o avanço e o empoderamento das mulheres, a fim de garantir-lhes o
exercício e o gozo dos direitos humanos e liberdades fundamentais estabelecidos na
presente Convenção.
Nesse viés, para melhor entendimento, também é de se ressaltar os artigos 14 a 17, da
mencionada Convenção, que tratam, respectivamente, da Liberdade e segurança da pessoa da
pessoa com deficiência; da prevenção contra tortura ou tratamentos ou penas cruéis,
desumanos ou degradantes; da prevenção contra a exploração, a violência e o abuso; e da
proteção da integridade da pessoa com deficiência, todos oportunos à questão que nos
propomos a trazer a debate. Seguem os artigos mencionados:
Artigo 14
Liberdade e segurança da pessoa
1. Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com deficiência, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas:
(a) Gozem do direito à liberdade e à segurança da pessoa;
(b) Não sejam privadas ilegal ou arbitrariamente de sua liberdade e que toda privação
de liberdade esteja em conformidade com a lei, e que a existência de deficiência não
justifique a privação de liberdade;
2. Os Estados Partes assegurarão que, se pessoas com deficiência forem privadas de
liberdade mediante algum processo, elas, em igualdade de oportunidades com as
demais pessoas, façam jus a garantias de acordo com o direito internacional dos
direitos humanos e sejam tratadas em conformidade com os objetivos e princípios da
presente Convenção, inclusive mediante a provisão de adaptação razoável.
Artigo 15
Prevenção contra tortura ou tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes
57
Disponível online: http://www.un.org/womenwatch/daw/cedaw/recommendations/recomm.htm#recom19
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Relatório final aprovado da CPMI da Violência contra as Mulheres

  • 1. Senado Federal Secretaria Geral da Mesa Secretaria de Comissões Coordenação de Comissões Especiais, Temporárias e Parlamentares de Inquérito COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUÉRITO “Com a finalidade de investigar a situação da violência contra a mulher no Brasil e apurar denúncias de omissão por parte do poder público com relação à aplicação de instrumentos instituídos em lei para proteger as mulheres em situação de violência”. RELATÓRIO FINAL Presidenta: Deputada Federal Jô Moraes (PCdoB/MG) Vice-Presidenta: Deputada Federal Keiko Ota (PSB/SP) Relatora: Senadora Ana Rita (PT/ES) Brasília, Julho de 2013
  • 2. 1 À memória de Márcia Santana (Secretária de Políticas para as Muheres do Rio Grande do Sul)
  • 3. 2 Sumário AGRADECIMENTOS................................................................................................................................6 APRESENTAÇÃO.....................................................................................................................................7 1 BALANÇO DOS TRABALHOS DA CPMI ..........................................................................................10 1.1 Composição da CPMIVCM ......................................................................................................10 1.2 Metodologia dos Trabalhos da CPMIVCM..............................................................................10 1.3 Audiências realizadas .............................................................................................................11 2 A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO BRASIL...............................................................................18 2.1 Antecedentes no Congresso Nacional: a CPMI de 1992, 2003 e 2013...................................18 2.2 A CPMI de 2012 e os números da violência contra as mulheres no Brasil..............................18 2.3 Dados internacionais sobre a violência contra mulheres ......................................................25 3 MARCO NORMATIVO DE PROTEÇÃO ÀS MULHERES.....................................................................29 3.1 Marco normativo internacional.............................................................................................29 3.2 Marco normativo nacional .....................................................................................................35 4 A POLÍTICA NACIONAL DE ENFRENTAMENTO ÀS VIOLÊNCIAS CONTRA MULHERES......................37 4.1 A Secretaria de Política para as Mulheres da Presidência da República – SPM/PR ...............37 4.2 A Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher ......................................39 4.3 O Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência Contra a Mulher – Pacto Nacional..........43 4.4 Análise das respostas multissetoriais: a Rede de Serviços de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência..........................................................................................................................45 4.5 Violência no parto...................................................................................................................61 4.6 Discriminações múltiplas ........................................................................................................62 4.7 Análise dos convênios e repasse de recursos do Pacto...........................................................64 4.8 Análise do Planejamento Orçamentário e da Execução dos Programas e Ações de Combate à Violência Contra A Mulher..................................................................................................................91 5 SITUAÇÃO DO ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES NOS ESTADOS ..................105 ESTADO DO ACRE..................................................................................................................................106 1 Panorama do Estado ................................................................................................................106 2 O Estado do Acre e a CPMIVCM................................................................................................109 3 Pendências................................................................................................................................140 4 Recomendações........................................................................................................................141 ESTADO DE ALAGOAS ...........................................................................................................................143 1 Panorama do Estado ................................................................................................................143 2 O Estado de Alagoas e a CPMIVCM..........................................................................................146 3 Pendências...............................................................................................................................177 4 Recomendações........................................................................................................................179 ESTADO DO AMAPÁ..............................................................................................................................181 1 Panorama do Estado ................................................................................................................181 2 O Estado do Amapá e a CPMIVCM ...........................................................................................184 3 Pendências...............................................................................................................................190 4 Recomendações.......................................................................................................................191 ESTADO DO AMAZONAS .......................................................................................................................193 1 Panorama do Estado ................................................................................................................193 2 O Estado do Amazonas e a CPMIVCM ......................................................................................196
  • 4. 3 3 Pendências................................................................................................................................215 4 Recomendações.......................................................................................................................216 ESTADO DA BAHIA ................................................................................................................................219 1 Panorama do Estado ...............................................................................................................219 2 O Estado da Bahia e a CPMIVCM..............................................................................................223 3 Pendências...............................................................................................................................247 4 Recomendações........................................................................................................................250 ESTADO DO CEARÁ ...............................................................................................................................252 1 Panorama do Estado ................................................................................................................252 2 O Estado do Ceará e a CPMIVCM .............................................................................................255 3 Pendências...............................................................................................................................276 4 Recomendações........................................................................................................................277 DISTRITO FEDERAL................................................................................................................................279 1 Situação do Ente Federativo.....................................................................................................279 2 O Distrito Federal e a CPMIVCM...............................................................................................282 3 Pendências................................................................................................................................304 4 Recomendações........................................................................................................................305 ESTADO DO ESPÍRITO SANTO................................................................................................................309 1 Panorama do Estado ................................................................................................................309 2 O Estado do Espírito Santo e a CPMIVCM.................................................................................312 3 Pendências:...............................................................................................................................336 4 Recomendações........................................................................................................................337 ESTADO DE GOIÁS.................................................................................................................................341 1 Panorama do Estado ................................................................................................................341 2 O Estado de Goiás e a CPMIVCM..............................................................................................344 3 Pendências................................................................................................................................368 4 Recomendações........................................................................................................................369 ESTADO DO MARANHÃO ......................................................................................................................372 1 Panorama do Estado ................................................................................................................372 2 O Estado do Maranhão e a CPMIVCM......................................................................................375 3 Pendências................................................................................................................................386 4 Recomendações........................................................................................................................387 ESTADO DE MATO GROSSO ..................................................................................................................389 1 Panorama do Estado ................................................................................................................389 2 O Estado do Mato Grosso e a CPMIVCM..................................................................................392 3 Pendências................................................................................................................................402 4 Recomendações........................................................................................................................403 ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL .....................................................................................................405 1 Panorama do Estado ................................................................................................................405 2 O Estado do Mato Grosso do Sul e a CPMIVCM .......................................................................408 3 Pendências................................................................................................................................434 4 Recomendações........................................................................................................................435 ESTADO DE MINAS GERAIS ...................................................................................................................438 1 Situação do Estado ...................................................................................................................438 2 O Estado de Minas Gerais e a CPMIVCM..................................................................................442 3 Pendências................................................................................................................................467 4 Recomendações........................................................................................................................469 ESTADO DO PARÁ .................................................................................................................................472 1 Panorama do Estado ................................................................................................................472 2 Estado do Pará e a CPMIVCM...................................................................................................475
  • 5. 4 3 Pendências................................................................................................................................495 4 Recomendações:.......................................................................................................................496 ESTADO DA PARAÍBA ............................................................................................................................498 1 Panorama do Estado ................................................................................................................498 2 O Estado da Paraíba e a CPMIVCM ..........................................................................................501 3 Pendências................................................................................................................................519 4 Recomendações........................................................................................................................521 ESTADO DO PARANÁ.............................................................................................................................524 1 Panorama do Estado ................................................................................................................524 2 O Estado do Paraná e a CPMIVCM ...........................................................................................528 3 Pendências................................................................................................................................547 4 Recomendações........................................................................................................................548 ESTADO DE PERNAMBUCO ...................................................................................................................551 1 Panorama do Estado ................................................................................................................551 3 O Estado de Pernambuco e a CPMIVCM...................................................................................554 3 Pendências...............................................................................................................................580 4 Recomendações........................................................................................................................581 ESTADO DO PIAUÍ .................................................................................................................................583 1 Panorama do Estado ................................................................................................................583 2 O Estado do Piauí e a CPMIVCM...............................................................................................585 3 Pendências................................................................................................................................596 4 Recomendações........................................................................................................................597 ESTADO DO RIO DE JANEIRO.................................................................................................................598 1 Panorama do Estado ................................................................................................................598 2 O Estado do Rio de Janeiro e a CPMIVCM ................................................................................601 3 Pendências...............................................................................................................................630 4 Recomendações........................................................................................................................632 ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE ....................................................................................................635 1 Panorama do Estado ................................................................................................................635 2 O Estado do Rio Grande do Norte e a CPMIVCM......................................................................638 3 Pendências................................................................................................................................644 4 Recomendações........................................................................................................................645 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL .........................................................................................................648 1 Panorama do Estado ................................................................................................................648 2 O Estado do Rio Grande do Sul e a CPMIVCM ..........................................................................652 3 Pendências................................................................................................................................680 4 Recomendações........................................................................................................................682 ESTADO DE RONDÔNIA.........................................................................................................................685 1 Panorama do Estado ................................................................................................................685 2 O Estado de Rondônia e a CPMIVCM........................................................................................687 3 Pendências................................................................................................................................692 4 Recomendações........................................................................................................................693 ESTADO DE RORAIMA...........................................................................................................................696 1 Panorama do Estado ................................................................................................................696 2 O Estado de Roraima e a CPMIVCM .........................................................................................698 3 Pendências................................................................................................................................710 4 Recomendações........................................................................................................................715 ESTADO DE SANTA CATARINA...............................................................................................................717 1 Panorama do Estado ................................................................................................................717 2 O Estado de Santa Catarina e a CPMIVCM...............................................................................720
  • 6. 5 3 Pendências................................................................................................................................738 4 Recomendações........................................................................................................................740 ESTADO DE SÃO PAULO ........................................................................................................................743 1 Situação do Estado ...................................................................................................................743 2 O Estado de São Paulo e a CPMIVCM .......................................................................................749 3 Pendências................................................................................................................................771 4 Recomendações........................................................................................................................774 ESTADO DE SERGIPE..............................................................................................................................777 1 Panorama do Estado ................................................................................................................777 2 O Estado de Sergipe e a CPMIVCM...........................................................................................779 3 Pendências................................................................................................................................794 4 Recomendações........................................................................................................................795 ESTADO DO TOCANTINS .......................................................................................................................797 1 Panorama do Estado ................................................................................................................797 2 O Estado do Tocantins e a CPMIVCM .......................................................................................800 3 Pendências................................................................................................................................819 4 Recomendações........................................................................................................................820 6 RESUMO DOS DEPOIMENTOS ....................................................................................................823 6.1 Audiências realizadas em Brasília.........................................................................................823 6.2 Audiência Realizadas nos Estados ........................................................................................846 7 CASOS EMBLEMÁTICOS..............................................................................................................963 7.1 O CASO ELIZA SAMÚDIO.......................................................................................................963 7.2 O CASO CHRISTINA GABRIELSEN...........................................................................................969 7.3 O CASO SANDRA GOMIDE ....................................................................................................974 7.4 O CASO LENI FLORIANO DA SILVA ........................................................................................979 7.5 O CASO DENISE QUIOCA .......................................................................................................981 7.6 O CASO ADENISE CRISTINA SANTOS LEÃO............................................................................983 7.7 O CASO DO ESTUPRO COLETIVO DA CIDADE DE QUEIMADAS..............................................984 7.8 O CASO D.C.S. .......................................................................................................................989 8 LEGISLAÇÃO ...............................................................................................................................999 9 CONCLUSÕES............................................................................................................................1038
  • 7. AGRADECIMENTOS São numerosas e valiosas as contribuições de pessoas e de movimentos de mulheres a esta CPMI. Por isso, queremos agradecer: Aos servidores dos gabinetes das e dos parlamentares integrantes desta Comissão, pelo esforço e dedicação na realização das audiências públicas, diligências e visitas aos serviços de atendimento às mulheres em situação de violência. Aos servidores da Consultoria Legislativa e da Consultoria de Orçamentos do Senado Federal, pela sua inestimável contribuição. À Secretaria das Comissões, pelo prestativo trabalho realizado. Ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal, ao Ministério Público do Distrito Federal, ao Ministério Público de Mato Grosso e ao Tribunal de Contas da União, pela designação de funcionários que tão competentemente assessoraram esta CPMI. Aos servidores das bancadas, pelo trabalho de assessoria. Ao movimento feminista e de mulheres, que estimulou e acompanhou desde o princípio as atividades desta Comissão, esteve presente em todas as audiências, elaborou dossiês e ofereceu informações relevantes ao trabalho da CPMIVCM.
  • 8. 7 APRESENTAÇÃO Superar a violência contra as mulheres é um dos maiores desafios impostos ao Estado brasileiro contemporaneamente. As diversas formas de violência – como a praticada no âmbito doméstico por parceiros íntimos ou familiares, a violência sexual, o tráfico de mulheres, a violência institucional, a violência contra mulheres com deficiência, a violência decorrente do racismo, a lesbofobia e o sexismo – e o feminicídio são violações aos direitos humanos das mulheres, incompatíveis com o Estado Democrático de Direito e com o avanço da cidadania, em boa parte patrocinado pelas conquistas do movimento feminista e de mulheres nos últimos séculos. No último pleito, o povo brasileiro elegeu, pela primeira vez, uma mulher para a Presidência da República, demonstrando maturidade ao reconhecer e respeitar o espaço social e político conquistado e ocupado pelas mulheres neste País, um reconhecimento que não é condizente com os altos índices de violência que as vitimam, com a ausência de políticas públicas eficazes para o enfrentamento dessa violência nem tampouco com a tolerância das instituições do sistema de justiça em relação a tal perversidade. A curva ascendente de feminicídios (o assassinato de mulheres pelo fato de serem mulheres), a permanência de altos padrões de violência contra mulheres e a tolerância estatal detectada tanto por pesquisas, estudos e relatórios nacionais e internacionais quanto pelos trabalhos desta CPMI estão a demonstrar a necessidade urgente de mudanças legais e culturais em nossa sociedade. Conforme mostra a pesquisa intitulada Mapa da Violência: Homicídios de Mulheres,mais de 92 mil mulheres foram assassinadas no Brasil nos últimos trinta anos, 43 mil delas só na última década. É preciso dar um basta nas diversas manifestações de violência contra as mulheres, sobretudo em sua forma extrema: o assassinato. Também urge lembrar que, no Brasil, os assassinatos de mulheres são praticados, majoritariamente, por parceiros íntimos. Nesse contexto, ganha especial destaque a chamada Lei Maria da Penha, diploma legal destinado ao enfrentamento da violência doméstica e familiar que este Colegiado busca aprimorar pontualmente, a fim de garantir-lhe a máxima eficácia. Importa considerar, ainda, no tocante ao feminicídio, a existência de recomendações internacionais para a sua tipificação, a exemplo daquelas inscritas no Relatório sobre Violência contra Mulheres, suas Causas e Consequências, assinado por Rashida Manjoo1 , assim como as Conclusões Acordadas da Comissão sobre o Status da Mulher, em sua 57ª Sessão, em 15 de março de 2013. Esses e outros instrumentos internacionais estão a exigir uma resposta legislativa contra tal fenômeno, motivo por que leva este Colegiado a apresentar um projeto de lei tipificando o feminicídio. 1 UN General Assembly. A/HRC/20/16/Add.4. Human Rights Council. Twentieth session, May, 2012.
  • 9. 8 Ademais, as políticas de enfrentamento à violência contra as mulheres devem ser efetivamente assumidas pelos poderes públicos constituídos. Isso requer a criação de mecanismos políticos de empoderamento das mulheres autônomos e bem estruturados, a exemplo de Secretarias Estaduais e Municipais de Mulheres. Requer, ainda, tanto orçamento específico para o desenvolvimento de políticas públicas integradas e multissetoriais quanto o fortalecimento da Lei Maria da Penha, com a criação de Juizados, Promotorias e Defensorias Especializadas de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, além do julgamento célere dos agressores e homicidas, do enfrentamento das elevadas taxas de feminicídios e da superação de preconceitos e estereótipos profundamente arraigados. Vale dizer que passagem da CPMIVCM por diversos estados brasileiros, onde foram realizadas dezenas de audiências públicas e diligências, deu ensejo a iniciativas importantes de efetivação desse compromisso, produzindo efeitos muito positivos sobre as políticas. São exemplos disso a criação de mais uma vara de violência doméstica e familiar contra a mulher em Minas Gerais, no Paraná, em Pernambuco e no Mato Grosso do Sul, bem como a Patrulha Maria da Penha no Rio Grande do Sul, a criação da Câmara Técnica em Pernambuco, a criação do Núcleo da Promotoria da Mulher no Rio de Janeiro, a instituição do Portal da Lei Maria da Penha e do Botão do Pânico no Espírito Santo e a criação da Secretaria da Mulher no Amazonas. No âmbito nacional, a existência desta CPMI também parece ter sido capaz de estimular a ampliação do orçamento da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) destinado ao enfrentamento da violência e a recente criação da Casa da Mulher Brasileira, programa que prevê a instituição de centros integrados para vítimas de violência, instituído pela Presidência da República para ser executado pela SPM. Apesar desses e de outros avanços, este Relatório apresenta um diagnóstico preocupante, porque revelador da necessidade de que o Estado brasileiro leve a sério o enfrentamento à violência contra as mulheres, particularmente para reduzir os feminicídios praticados por parceiros íntimos e erradicar a tolerância estatal no processamento e julgamento desses crimes. Lembramos, a propósito, do assassinato de Christina Gabrielsen, ocorrido na capital pernambucana em 11 de novembro de 1995 e ainda não julgado. Como se percebe, o crime está para prescrever, e a impunidade bate outra vez à porta do Poder Judiciário brasileiro. Impõe-se, igualmente, a necessidade de mudar a cultura jurídica neste País de tolerância à violência contra as mulheres e implementar a Lei Maria da Penha, punindo os agressores e explicitando que o Estado brasileiro não admite mais a violência praticada nas relações domésticas e familiares contra as mulheres. Afinal, a cultura jurídica de histórica tolerância segue confrontando o ordenamento jurídico vigente. A omissão na aplicação de mecanismos de enfrentamento à violência doméstica por interpretações preconceituosas e perversas, bem como o privilégio concedido aos agressores para que prossigam impunemente com seus atos violentos contra determinadas mulheres, consideradas “desviantes” por não se enquadrarem no padrão “tradicional” de comportamento sexual, diminuem a importância do Poder Judiciário e traduzem tolerância e incentivo à violência doméstica contra a mulher e à perpetuação da discriminação de gênero.
  • 10. 9 Reiteramos a importância da Lei Maria da Penha para o enfrentamento à violência de gênero e a efetiva proteção das mulheres em situação de violência doméstica. Contudo, após inspeção em quase todo o País, constatamos que ela ainda não é plenamente aplicada no Brasil: em algumas capitais e sobretudo no interior, os operadores jurídicos continuam aplicando a lei conforme lhes convém, fazendo uso de instrumentos ultrapassados e já proibidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), como os institutos despenalizadores da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, entre os quais se destaca a suspensão condicional do processo. Do trabalho deste Colegiado emerge, como constatação primeira, a ausência de dados estatísticos confiáveis e comparáveis em todos os poderes constituídos e em todas as esferas de governo. Desponta, por conseguinte, a necessidade urgente de criar sistemas de informações sobre a violência contra as mulheres que permitam planejar, monitorar e avaliar as políticas públicas. Em adição, para reduzir os índices de violência contra as mulheres e mudar os padrões de sociabilidade entre homens e mulheres, construindo um caminho para a igualdade de gênero, é necessário investir pesadamente, ter um orçamento específico: um orçamento destinado às políticas para as mulheres, priorizando, de fato, as mulheres, que já algum tempo constituem a maioria da população deste País. Findo este trabalho investigativo, resta-nos a certeza de que a violência contra as mulheres só será superada se houver o compromisso e dedicação de todos os Poderes, em todas as esferas de governo e a ampla participação da sociedade civil, especialmente do movimento feminista e de mulheres, protagonista no processo de mudança desta realidade. Com o presente relatório, materialização do compromisso do Poder Legislativo federal com essa questão, esta CPMI e o Congresso Nacional buscam contribuir para a construção de um Brasil verdadeiramente democrático, pois não há democracia possível e sustentável sem o fim da violência contra as mulheres. Brasília , junho de 2012.
  • 11. 10 1 BALANÇO DOS TRABALHOS DA CPMI Ao longo de pouco mais de um ano de trabalho, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Violência contra a Mulher (CPMIVCM) –criada por meio do Requerimento nº 4 de 2011-CN, “com a finalidade de, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, investigar a situação da violência contra a mulher no Brasil e apurar denúncias de omissão por parte do poder público com relação à aplicação de instrumentos instituídos em lei para proteger as mulheres em situação de violência” – visitou dezessete estados brasileiros e o Distrito Federal, sob a presidência da Deputada Federal Jô Moraes (PCdoB/MG) e relatoria da Senadora Ana Rita (PT/ES). 1.1 Composição da CPMIVCM Em conformidade com seu requerimento de criação, a CPMIVCM foi composta por onze Senadores, onze Deputados Federais e igual número de suplentes. Para integrá-la, foram designados os seguintes Congressistas: as Senadoras Ângela Portela (PT/RR), Ivonete Dantas (PMDB/RN), Maria do Carmo Alves (DEM/SE), Marta Suplicy (PT/SP), Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM), Lídice da Mata (PSB/BA) e Lúcia Vânia (PSDB/GO); os Senadores Armando Monteiro (PTB/PE), Humberto Costa (PE/PT) e José Agripino (DEM/RN); as Deputadas Federais Aline Correa (PP/SP), Carmem Zanotto (PPS/SC), Célia Rocha (PTB/AL), Elcione Barbalho (PMDB/PA), Fátima Pelaes (PMDB/AP), Flávia Moraes (PDT/GO), Gorete Pereira (PR/CE), Keiko Ota (PSB/SP), Luci Choinacki (PT/SC), Marina Sant’Anna (PT/GO), Sandra Rosado (PSB/RN), Seabra Resende (DEM/TO), Sueli Vidigal (PDT/ES), Dalva Figueiredo (PT/AP), Rebecca Garcia (PP/AM), Profa. Dorinha Seabra Rezende (DEM/TO), Rosane Ferreira (PV/PR), Rosinha da Adefal (PTdoB/AL) e Teresa Surita (PMDB/RR); e os Deputados Federais Neilton Mullim (PP/RJ), Dr. Rosinha (PT/PR) e Eduardo Azeredo (PSDB/MG). Na reunião do dia 08/02/2012, a Deputada Jô Moraes (PCdoB/MG) foi eleita Presidenta, e a Senadora Ana Rita (PT/ES) foi designada relatora. Na reunião do dia 01/03/2012, foi eleita como Vice-Presidenta a Deputada Keiko Ota (PSB/SP). 1.2 Metodologia dos Trabalhos da CPMIVCM Os trabalhos da CPMIVCM iniciaram com a aprovação do Plano de Trabalho, apresentado pela relatora, na sessão de 06/03/2012. Em conformidade com o Plano, a CPMI deveria investigar a situação nos dez estados brasileiros mais violentos para as mulheres – nos termos d o Mapa da Violência: Homicídios de Mulheres, elaborado pelo Instituto Sangari (2012) – e nos quatro estados mais populosos. Assim, conforme o Plano de Trabalho, a CPMI investigou os Estados de Pernambuco, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Alagoas, São Paulo, Bahia, Paraíba, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Pará, Distrito Federal e Goiás, visitando todos eles. Também efetuou – em virtude da aprovação de requerimentos de seus integrantes – visitas aos Estados do Amazonas, do Ceará e de Roraima, não programadas no Plano de Trabalho.
  • 12. 11 A metodologia de trabalho de investigação prevista no Plano centrou-se na inquirição de autoridades públicas e especialistas no tema, bem como na realização de diligências aos serviços públicos que compõem a rede de atendimento a mulheres em situação de violência. Para tanto, a CPMIVCM reuniu-se 37 vezes, por meio de 24 audiências públicas e 7 sessões deliberativas, sem contar as reuniões administrativas preparatórias. Nas sessões deliberativas, apreciou 744 requerimentos, aprovando 717 deles. Nas audiências públicas (dezoito das quais realizadas fora de Brasília, quando das visitas aos estados), ouviu especialistas no tema, representantes de organizações da sociedade civil, a Ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, e a Secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra Mulheres, Aparecida Gonçalves, além de outras autoridades do governo federal. Inquiriu, ainda, os titulares ou representantes das pastas estaduais responsáveis pelas questões de segurança pública, justiça e cidadania, saúde, políticas públicas para mulheres, assistência e desenvolvimento social, afora os titulares ou representantes do Poder Judiciário, do Ministério Público e das Defensorias Públicas dos estados. A CPMIVCM também se reuniu com os governadores de vários estados, com organizações do movimento de mulheres em dezoito das unidades federativas visitadas, com uma aldeia indígena urbana no Estado de Mato Grosso do Sul e com familiares de mulheres vítimas de violência no município paraibano de Queimadas. O trabalho investigativo deste Colegiado demandou, igualmente, a expedição de 465 ofícios, a análise de 370 documentos e a realização de dezenas de diligências. A análise documental envolveu a leitura de cerca de trinta mil páginas pertencentes a relatórios e dossiês oriundos de todas as unidades federativas. Já as diligências abarcaram 60 equipamentos públicos de atendimento às mulheres que vivem em situação de violência, a saber: dezesseis delegacias especializadas ou núcleos, doze centros de referência da mulher, três casas-abrigo, três unidades de perícia médico-legal, quinze juizados ou varas especializadas de violência doméstica e familiar, cinco núcleos ou promotorias da mulher, três núcleos de defesa da mulher das Defensorias Públicas, um estabelecimento prisional de mulheres, um Centro de Atendimento a Mulheres e uma delegacia de polícia comum. Os quadros a seguir trazem um resumo de parte dessas atividades, discriminando as audiências realizadas em Brasília e nos estados, as diligências e visitas efetuadas, bem como as as reuniões realizadas com o movimento de mulheres. 1.3 Audiências realizadas
  • 13. 12 Quadro 1: Audiências Públicas Realizadas Data Cidade/Estado Finalidade Depoentes 20/03/2012 Brasília/DF Apreciar diagnóstico de questões relativas à violência de gênero. Sra. Aparecida Gonçalves, Secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, da Secretaria de Política para as Mulheres da Presidência da República 27/03/2012 Brasília/DF Ouvir representantes da sociedade civil. Sra. Meire Lúcia Gomes Monteiro Mota Coelho, representante da Ordem dos Advogados do Brasil; Sra. Sônia Coelho Gomes Orellana, representante da Marcha Mundial das Mulheres; e Sra. Ana Carolina Barbosa, representante da União Brasileira de Mulheres 29/03/2012 Brasília/DF Ouvir representantes da sociedade civil. Sra. Carmem Foro, representante da Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura; Sra. Maria Helena Azumezohero, representante do Conselho Nacional das Mulheres Indígenas; e Sra. Rosângela Piovizani, representante do Movimento das Mulheres Camponesas 10/04/2012 Brasília/DF Ouvir as representantes das instituições universitárias sobre a sistematização e o monitoramento de dados de violência contra as mulheres. Sra. Cecília Sardenberg, Coordenadora Nacional do Observatório para Implementação da Lei Maria da Penha; Sra. Wania Pasinato, representante do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo; Sra. Lia Zanotta, representante do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da Universidade de Brasília; e Sra. Miriam Grossi, representante do Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividade da Universidade Federal de Santa Catarina 16/04/2012 Recife/PE Ouvir explicações das autoridades públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres em Pernambuco. Sr. Aguinaldo Fenelon de Barros, Procurador-Geral de Justiça; Sra. Maria Tereza Paes de Sá Machado, Juíza do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; Sr. Wilson Salles Damázio, Secretário de Defesa Social; Sra. Cristina Maria Buarque, Secretária da Mulher; Sra. Maria Betânia Serrano, representante do Fórum de Mulheres de Pernambuco; Sra. Elaine Neves, assessora da Diretoria de Políticas para as Mulheres da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco; Sra. Rejane Pereira, Secretária da Mulher de Recife; Sr. Carlos Humberto Inojosa Galindo, Juiz Assessor Especial da Presidência do Tribunal de Justiça 19/04/2012 Brasília/DF Ouvir os representantes dos Ministérios da Justiça, da Saúde e da Educação sobre as políticas de enfrentamento às violências contra mulheres adotadas pelas respectivas Pastas. Sr. Helvécio Miranda Magalhães Junior, Secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde; Sr. Fábio Meirelles Hardman de Castro, Coordenador-Geral de Direitos Humanos do Ministério da Educação; e Sra. Cristina Villanova, representante do Ministério da Justiça 26/04/2012 Brasília/DF Ouvir a Ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. Sra. Ministra Eleonora Menicucci; Sra. Iraê Lucena, Secretária da Mulher e Diversidade Humana da Paraíba; Sra. Joelda Pais, Diretora de Direitos Humanos da Secretaria de Políticas para Mulheres do Acre; Sra. Eliza Piola, gestora da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Mulheres de Minas Gerais; e Sra. Aparecida Gonçalves, Secretária Nacional de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher 27/04/2012 Belo Horizonte/MG Ouvir explicações das autoridades públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres em Minas Gerais. Sra. Heloísa de Ruiz Combat, Desembargadora do Tribunal de Justiça; Sra. Nívia Mônica Silva, Procuradora de Justiça do Centro de Apoio às Promotorias de Justiça; Sr. Cássio Soares, Secretário de Desenvolvimento Social; Sr. Denílson Feitosa Pacheco, Secretário Adjunto de Defesa Social, Sra. Andrea Garzon Tonet, Defensora Pública-Geral; e Sra. Maria Izabel, representante da União Brasileira
  • 14. 13 Data Cidade/Estado Finalidade Depoentes de Mulheres e da sociedade civil 04/05/2012 Florianópolis/SC Ouvir explicações das autoridades públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres em Santa Catarina. Sr. Alexandre Karazawa Takashima, Juiz Corregedor; Sr. Júlio César Ferreira Melo, Juiz de Direito; Sra. Maria Amélia Borges Moreira Abbad, Promotora de Justiça; Sra. Juliana Renda Gomes, Delegada de Polícia da Deam; e Sra. Selma Elias Westphal, Coordenadora Estadual da Mulher 07/05/2012 Porto Alegre/RS Ouvir explicações das autoridades públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres no Rio Grande do Sul. Sra. Márcia Santana, Secretária de Políticas para as Mulheres; Sra. Laís Ethel Corrêa Pias, Desembargadora do TJRS; Sra. Carla Carrion Frós, Promotora de Justiça; Sra. Miriane Tagliari, Defensora Pública; e Sr. Airton Michels, Secretário de Segurança Pública 11/05/2012 Vitória/ES Ouvir explicações das autoridades públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres no Espírito Santo. Sra. Hermínia Maria Azoury, Juíza Coordenadora Estadual das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar; Sra. Maria Zumira Teixeira Bowen, Promotora Chefe da Promotoria de Justiça de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher do Ministério Público; Sr. Gilmar Alves Batista, Defensor Público Geral; Sr. Henrique Geaquinto Herkenhoff, Secretário de Segurança Pública e Defesa Social; Sr. José Tadeu Marino, Secretário de Saúde; Sr. Rodrigo Coelho, Secretário de Assistência e Direitos Humanos; Sra. Carla da Mata Machado Pedreira, representante do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher; e Sra. Edna Martins, Coordenadora do Fórum Estadual de Mulheres 01/06/2012 Maceió/AL Ouvir explicações das autoridades públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres em Alagoas Sra. Sandra Canuto, representante da Secretaria de Saúde; Sr. Dário César Barros Cavalcante, Secretário de Defesa Social; Sr. Paulo Zacarias da Silva, Juiz Titular da Vara da Violência Doméstica; Sra. Kátia Born, Secretária da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos; Sr. Eduardo Antônio de Campos Lopes, Defensor Público-Geral; Sra. Andrea Malta, representante da Marcha Mundial de Mulheres; e Sr. Sérgio Juca, Subprocurador-Geral de Justiça 25/06/2012 Curitiba/PR Ouvir explicações das autoridades públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres no Paraná. Sra. Denise Krugner, Desembargadora do TJPR; Sra. Josiane Fruet Lupion, Defensora Pública-Geral; Sra. Cláudia Martins, Promotora de Justiça da Violência Doméstica; Sr. Fabio Lourenço Bruzamolin, Promotor de Justiça; Sr. Reinaldo de Almeida César, Secretário de Segurança Pública; Sra. Maria Tereza Gomes, Secretária da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos; Sra. Maria Huçulck, Superintendente da Secretaria de Saúde; Sra. Maria Cristina Ferreira, Coordenadora de Proteção Social e Especial, da Secretaria de Família e Desenvolvimento Social 29/06/2012 São Paulo/SP Ouvir explicações das autoridades públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres no Estado de São Paulo. Desembargadora Angélica de Maria Mello do Almeida, Coordenadora da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJSP; Sr. Arnaldo Hossepian Júnior, Subprocurador-Geral de Justiça de Relações Externas; Sr. Fabiano Marques de Paula, Secretário Adjunto da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania; Sra. Gislaine Doraide Ribeiro Pato, Delegada de Polícia dirigente do Serviço Técnico de Apoio às Delegacias de Defesa da Mulher; Sra. Karina Barros Cafife Batista, Assessora em Saúde da Mulher da Secretaria de Saúde; Sra Rosemary Corrêa, Gestora Executiva do Pacto Nacional pelo Enfrentamento da Violência contra a Mulher; e Sr. Renato Campos Pinto e Vitto, Defensor Público 03/07/2012 Brasília/DF Ouvir explicações das autoridades Sr. César Augusto Grubba, Secretário de Segurança Pública; e Sr. Dalmo Claro de Oliveira, Secretário
  • 15. 14 Data Cidade/Estado Finalidade Depoentes públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres em Santa Catarina. de Saúde 13/07/2012 Salvador/BA Ouvir explicações das autoridades públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres na Bahia. Sr. Maurício Teles Barbosa, Secretário de Segurança Pública; Sr. Jorge Santos Pereira Solla, Secretário de Saúde; Sra. Vera Lúcia Barbosa, Secretária de Políticas para as Mulheres; Sra. Márcia Regina Ribeiro Teixeira, Promotora de Justiça e Coordenadora do Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher; Sra. Mara Moraes, Secretária Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza; Sr. Almiro Sena, Secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos; e Sra. Sulle Nascimento, representante da Articulação de Mulheres Brasileiras 14/09/2012 João Pessoa/PB Ouvir explicações das autoridades públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres na Paraíba. Sr. Cláudio Coelho Lima, Secretário de Segurança Pública; Sr. Waldson Dias de Souza, Secretário de Saúde; Sra. Iraê Heusi de Lucena Nóbrega, Secretária da Mulher e da Diversidade Humana; Sra. Antonieta Maroja Nóbrega Machado, Juíza Substituta da Vara de Violência Doméstica Contra a Mulher; Roseane Araújo, Promotora de Justiça de Combate a Violência Doméstica Contra a Mulher; e Vanildo Oliveira Brito, Defensor Público Geral 31/10/2012 Brasília/DF Ouvir explicações das autoridades públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres no Distrito Federal. Sra. Ana Cristina Melo Santiago, Delegada Chefe da Deam; Sr. Sandro Avelar, Secretário de Segurança Pública; Sr. Jorge Luiz Xavier, Diretor-Geral da Polícia Civil; Sra. Olgamir Amância Ferreira, Secretária da Mulher; Sra. Marília Coelho Cunha, Subsecretária de Vigilância em Saúde; Sr. Thiago André Pierobom, Promotor de Justiça; Sra. Fabiana Costa Oliveira, Promotora de Justiça; Sra. Dulcielly Nóbrega de Almeida, Defensora Pública e Coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher; Sra. Leila Rebouças, representante do movimento de mulheres 07/11/2012 Rio de Janeiro/RJ Ouvir explicações das autoridades públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres no Estado do Rio de Janeiro. Sra. Tércia Amoldo Silveira, Diretora-Geral do Departamento Geral de Polícia da Baixada; Sra. Célia da Silva Rosa, Delegada Titular da Deam-RJ; Sra. Mônica Almeida, Subsecretária de Atenção à Saúde da Secretaria de Saúde; Sra. Maria Célia Vasconcelos, Subsecretária Executiva da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos; Sra. Ângela Fontes, Presidenta do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher; Sra. Renata de Vasconcelos Araújo Bresson, Promotora de Justiça; Sra. Emanuelle Gangoni, Defensora Pública; e Sra. Sula Omari, Defensora Pública e Coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher 13/11/2012 Campo Grande/MS Ouvir explicações das autoridades públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres no Mato Grosso do Sul. Sr. Wantuir Francisco Brasil Jacini, Secretário de Segurança Pública; Sra. Tai Loschi, Subsecretária da Mulher e de Promoção da Cidadania; Sr. Hildebrando Coelho Neto, Presidente do Tribunal de Justiça; Sra. Ana Lara Camargo de Castro, Promotora de Justiça Titular da 48ª Promotoria de Justiça de Campo Grande; Sra. Nancy Gomes de Carvalho, Subdefensora Pública-Geral; Sra. Susiê Guarani, representante dos Direitos Indígenas; e Sra. Cristiane Duarte, Presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher 23/11/2012 Manaus/AM Ouvir explicações das autoridades públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres Sr. Paulo Roberto Vital de Menezes, Secretário de Segurança Pública; Sr. José Duarte dos Santos Filho, Secretário Executivo da Secretaria de Saúde; Sra. Maria das Graças Soares Prola, Secretária Executiva da Secretaria de Assistência Social e Cidadania; Sra. Patrícia Macedo Campos, Juíza Titular da Vara
  • 16. 15 Data Cidade/Estado Finalidade Depoentes no Amazonas. Especializada de Violência Doméstica; Sr. Mário Ipyranga Monteiro Neto, Promotor de Justiça; Sr. Davi Santana da Câmara, Promotor de Justiça; Sr. Ariosto Lopes Braga Neto, Subdefensor Público-Geral; Sra. Francy Júnior, representante do Fórum Permanente de Mulheres; e Sra. Miquelina Machado Tucano, representante das mulheres indígenas 07/12/2012 Belém do Pará/PA Ouvir explicações das autoridades públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres no Pará. Sra. Cristiane Lobato, Diretora de Atendimento a Grupos Vulneráveis da Polícia Civil; Sra. Maria da Conceição Carneiro Oliveira, Coordenadora Estadual de Saúde da Mulher; Sra. Maria Alves dos Santos, Secretária de Assistência Social; Sra. Maria de Nazaré Saaveira Guimarães, Desembargadora do Tribunal de Justiça; Sr. Sandro Garcia de Castro, Promotor de Justiça; Sra. Rossana Parente, Defensora Pública; Sra. Nilde Souza, representante da Articulação de Mulheres Brasileiras; Sra. Eunice Guedes, representante do Fórum de Mulheres da Amazônia; e Sra. Fátima Matos, representante do Centro de Defesa dos Negros e Negras do Pará 10/12/2012 Fortaleza/CE Ouvir explicações das autoridades públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres no Ceará. Sr. Luiz Carlos Dantas, Superintendente da Polícia Civil; Sr. Raimundo José Arruda Bastos, Secretário de Saúde; Sra. Mônica Maria de Paula Barroso, Coordenadora Especial de Políticas para as Mulheres; Sra. Fátima Maria Rosa Mendonça, Juíza do Juizado da Violência Doméstica e Familiar; Sra. Maria Magnólia Barbosa da Silva, Procuradora de Justiça; Sra. Elizabeth Souza, Defensora Pública; Sra. Nilde Souza, representante da Articulação de Mulheres Brasileiras; e Sra. Maria da Penha, Presidente do Instituto Maria da Penha 14/12/2012 Goiânia/GO Ouvir explicações das autoridades públicas sobre as políticas criadas para enfrentar as violências contra mulheres no Goiás. Sra. Adriana Accorsi, Delegada Geral da Polícia Civil; Sra. Gláucia Maria Theodoro Reis, Secretária de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial; Sr. Donizete Martins de Oliveira, Juiz de Direito; Sra. Rúbian Corrêa Coutinho, Promotora de Justiça dos Direitos da Mulher; Sra. Marina Melo, Promotora de Justiça da Vara de Violência Doméstica de Luziânia; Sr. Alaor Arantes da Silva, Defensor Público; e Sra. Fátima Veloso, Coordenadora do Fórum Goiano de Mulheres e representante dos movimentos sociais Quadro 2: Diligências e visitas institucionais realizadas pela CPMIVCM DATA- CIDADE/ESTADO INSTITUIÇÕES DILIGENCIADAS E AUTORIDADES VISITADAS 16/04/2012 Recife/PE Governador do Estado, Sr. Eduardo Campos; e Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Jovaldo Nunes Gomes 27/04/2012 Belo Horizonte/MG Delegacia Especializada de Crimes contra a Mulher; Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública; e Juizados Especializados de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Cláudio Costa; e Defensora Pública-Geral, Sra. Andrea Abritta Garzon Tonet 04/05/2012 Florianópolis/SC 6ª Deam; e Centro de Referência Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Cláudio Barreto Dutra 07/05/2012 Porto Alegre/RS Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher Governador em exercício, Sr. Beto Grill; e Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Marcelo Bandeira Pereira 11/05/2012 Vitória/ES Deam de Vila Velha; e Centro de Referência do Município de Vitória Governador do Estado, Sr. Renato Casagrande
  • 17. 16 DATA- CIDADE/ESTADO INSTITUIÇÕES DILIGENCIADAS E AUTORIDADES VISITADAS 01/06/2012 Maceió/AL Deam; Centro de Referência; Casa-abrigo; Vara de Violência Doméstica; e IML Governador do Estado, Sr. Teotônio Vilela Filho 25/06/2012 Curitiba/PR Delegacia da Mulher; Centro de Referência Governador em exercício, Sr. Flávio Arns 29/06/2012 São Paulo/SP Vara de Violência Doméstica; Delegacia de Defesa da Mulher; e Centro de Referência Governador do Estado, Sr. Geraldo Alckmin 17/07/2012 Salvador/BA Vara de Violência Doméstica; Delegacia da Mulher; Ministério Público; e Defensoria Pública Vice-Governador, Sr. Otto Alencar 14/09/2012 João Pessoa/PB Delegacia da Mulher; Centro de Referência Ednalva Bezerra; Fórum de Justiça de Queimadas Governador do Estado, Sr. Ricardo Coutinho 31/10/2012 Brasília/DF Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher; Centro de Referência e Atendimento à Mulher de Brasília; IML; e 2º Juizado Especial de Violência Doméstica e Familiar de Ceilândia Governador do Distrito Federal, Sr. Agnelo Queiroz 07/11/2012 Rio de Janeiro/RJ Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Centro); Centro Integrado de Atendimento à Mulher Márcia Lyra; 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Centro; Ministério Público; Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública; Casa-abrigo Lar da Mulher, na Baixada Fluminense; 3º Juizado da Violência Doméstica de Jacarepaguá Vice-Governador do Estado do Rio de Janeiro, Sr. Luiz Fernando de Souza 13/11/2012 Campo Grande/MS Aldeia Indígena Água Bonita; Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher; Centro de Referência; Juizado da Violência Doméstica; e Promotoria da Violência Doméstica Governador do Estado, Sr. André Puccinelli 23/11/2012 Manaus/AM Vara de Violência Doméstica; Delegacia da Mulher; Núcleo do Ministério Público; Defensoria Pública; e Centro de Atendimento Governador do Estado, Sr. Omar Aziz 07/12/2012 Belém do Pará/PA 1ª, 2ª e 3ª Varas da Violência Doméstica; Delegacia da Mulher; Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência; e Casa de Detenção Feminina 10/12/2012 Fortaleza/CE Governador do Estado, Sr. Cid Gomes Delegacia da Mulher; e Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher 10/12/2012 Boa Vista/RR Juizado de Violência Doméstica; Casa-abrigo, Centro CHAME, Deam 14/12/2012 Goiânia/GO Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Luziânia; Seção de Atendimento à Mulher da 1ª Delegacia de Polícia de Valparaíso; Delegacia de Planaltina de Goiás; e IML de Formosa
  • 18. 17 Quadro 3: Reunião com o movimento de mulheres DATA LOCAL/ESTADO Entidades organizadoras 16/04/2012 SOS CORPO/PE Fórum de Mulheres de Pernambuco 24/04/2012 Consórcio Regional Mulheres das Gerais/MG Fórum de Mulheres de Minas Gerais 04/05/2012 Assembleia Legislativa/SC Fórum de Mulheres de Santa Catarina e Rede Feminista de Saúde 05/05/2012 Assembleia Legislativa/RS Fórum de Mulheres do Rio Grande do Sul 11/05/2012 Assembleia Legislativa/ES Fórum de Mulheres do Espírito Santo 01/06/2012 Câmara de Vereadores/AL Fórum de Mulheres de Alagoas 21/06/2012 Assembleia Legislativa/PR Fórum de Mulheres do Paraná 29/06/2012 Assembleia Legislativa/SP Movimento de Mulheres de São Paulo 17/07/2012 Divisão de Saúde do Trabalhador/BA Movimento de Mulheres da Bahia 14/09/2012 Sindicato dos Trabalhadores em Educação/PB Movimento de Mulheres da Paraíba 31/10/2012 Assembleia Distrital/DF Fórum da Mulher do DF e Entorno 07/11/2012 CEDIM/RJ Fórum de Mulheres do Rio de Janeiro 13/11/2012 Sindicato dos Trabalhadores em Educação/MS Assembleia Legislativa/MS Fórum de Mulheres do Mato Grosso do Sul Lideranças indígenas das mulheres Kaiowá, Guarani e Terena 23/11/2012 Assembleia Legislativa Fórum de Mulheres do Amazonas 06/12/2012 FASE Fórum de Mulheres do Pará 14/12/2012 Centro Cultural Movimento de Mulheres do Goiás
  • 19. 18 2 A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO BRASIL 2.1 Antecedentes no Congresso Nacional: a CPMI de 1992, 2003 e 2013 A investigação da violência contra mulheres já mereceu atenção do Congresso Nacional em outras oportunidades. Em 14 de março de 1992 foi instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para “investigar a questão da violência contra a mulher”, presidida pela Deputada Federal Sandra Starling e tendo como relatora a também Deputada Federal Etevalda Grassi de Menezes. Dentre suas principais conclusões destacam-se: a) inúmeras dificuldades no tocante ao levantamento de dados sobre os índices de violência solicitados às Delegacias da Mulher e às Comarcas; b) inexistência de uma nomenclatura unificada referente aos dados sobre violência contra a mulher; c) dados incompletos ou que chegaram tardiamente à CPI. A carência de informações foi considerada reveladora do descaso por parte das autoridades governamentais que não supriram as comarcas e as delegacias de recursos humanos e tecnológicos para fazer o levantamento necessário, conforme solicitado à época pela CPI. No que se refere aos homicídios, a CPMI de 1992 apontou dados alarmantes em Alagoas (24,8%), Espírito Santo (11,1%) e Pernambuco (13,2%). Uma das explicações para o caso de Alagoas foi a sua “estrutura oligárquica autoritária, verticalizada, discriminatória em que as relações sociais e afetivas operam a partir da desigualdade entre homens e mulheres, ricos e pobres, e se traduzem em relações de mando e obediência, favor e clientela, superior e inferior, agressor e vítima” (p.17). Em 2003, a CPMI da exploração sexual contra crianças e adolescentes presidida pela Senadora Patrícia Saboya, tendo como Relatora a Deputada federal Maria do Rosário, apontou a grave violação aos direitos humanos das meninas e das adolescentes submetidas à exploração sexual. A violência e o abuso sexual são formas de negar a condição de sujeito a meninas e adolescentes femininas. Mais recentemente, em 2013, a CPI do Tráfico de Pessoas, do Senado Federal, Presidida pela Senadora Vanessa Grazziontin e tendo como Relatora a Senadora Lítice da Mata destacou a necessidade de mudanças na legislação atual de modo a proteger às mulheres do tráfico e punir os aliciadores e traficantes de mulheres. 2.2 A CPMI de 2012 e os números da violência contra as mulheres no Brasil Passados 20 anos da realização da CPI da Violência Contra a Mulher e tendo em vista a crescente violência letal contra mulheres, o Congresso Nacional julgou pertinente a instalação de uma CPMI para investigar a atual situação da violência contra mulher.
  • 20. 19 Por conseguinte, a CPMI nasce no contexto em que a mais grave forma de violência – o homicídio - aumentou nos últimos 30 anos. Conforme o Instituto Sangari, nos últimos 30 anos foram assassinadas no país perto de 91 mil mulheres, sendo que 43,5 mil só na última década. O número de mortes nesses trinta anos passou de 1.353 para 4.297, o que representa um aumento de 217,6%, mais que triplicando. Dentre os 84 países do mundo, o Brasil ocupa a 7ª posição com uma taxa de 4,4 homicídios, em 100 mil mulheres, atrás apenas El Salvador, Trinidad e Tobago, Guatemala, Rússia e Colômbia. Como se percebe, nesses 20 anos, os estados do Espírito Santo e de Alagoas alternaram-se nos dois primeiros lugares. Surpreende a posição do estado do Paraná, agora em 3º lugar e o deslocamento de Pernambuco, para a 10ª posição. Isso demonstra a inexistência ou a ineficácia das políticas públicas de enfrentamento às violências contra mulheres, especialmente nos estados que concentram as taxas mais elevadas, conforme se observa no Mapa da Violência – Homicídios de Mulheres, do Instituto Sangari. Quadro 4: Número e taxas de homicídio feminino (em 100 mil mulheres) por UF. Brasil. 2010 UF No Taxa Posição Espírito Santo 175 9,8 1º Alagoas 135 8,3 2º Paraná 338 6,3 3º Paraíba 117 6,0 4º Mato Grosso do Sul 74 6,0 5º Pará 225 6,0 6º Distrito Federal 78 5,8 7º Bahia 399 5,6 8º Mato Grosso 81 5,5 9º Pernambuco 249 5,4 10º Tocantins 35 5,1 11º Goiás 157 5,1 12º Roraima 11 5,0 13º Rondônia 37 4,8 14º Amapá 16 4,8 15º Acre 17 4,7 16º Sergipe 45 4,2 17º Rio Grande do Sul 226 4,1 18º Minas Gerais 393 3,9 19º Rio Grande do Norte 62 3,8 20º Ceará 165 3,7 21º Amazonas 65 3,7 22º Santa Catarina 112 3,6 23º Maranhão 114 3,4 24º Rio de Janeiro 272 3,2 25º São Paulo 663 3,1 26º Piauí 41 2,6 27º Fonte: Instituto Sangari (CABELA/FLASCO, 2012) Embora nas últimas décadas tenham ocorrido mudanças na vida das mulheres brasileiras, conforme apontou pesquisa realizada, em 2001, pela Fundação Perseu Abramo2, ainda há 2 Em 2001 a pesquisa foi realizada com mulheres brasileiras acima de 15 anos, através de questionário estruturado de entrevistas, em uma amostra de 2.502 entrevistas, nas áreas urbana e rural, distribuídas geograficamente em 187 municípios, 24 estados e cinco regiões do país. Capitais e municípios com mais de 500 mil/habitantes tiveram inclusão obrigatória. Nesta pesquisa, 65%
  • 21. 20 muito a ser feito. Para que a vida das mulheres melhore, 47% das entrevistadas afirmou que o mercado de trabalho precisaria ser alterado, acabando com a desigualdade de oportunidades e de remuneração; a igualdade de direitos, de forma mais ampla, foi mencionada por 10% e o fim da violência contra as mulheres por 9%, como o que deveria mudar para que a vida de todas as mulheres melhorasse. Especificamente no que se refere à violência contra mulheres, 33% das entrevistadas afirmaram já ter sido vítima em algum momento de sua vida, de alguma forma de violência física (24% de ameaças com armas ao cerceamento do direito de ir e vir, de 22% de agressões propriamente ditas e 13% de estupro conjugal ou abuso); 27% sofreram violências psíquicas e 11% afirmaram já ter sofrido assédio sexual. Um pouco mais da metade das mulheres brasileiras declarou nunca ter sofrido qualquer tipo de violência por parte de algum homem (57%). Em todos os casos de violência, o pedido de ajuda recaiu principalmente sobre outra mulher da família da vítima – mãe ou irmã, ou a alguma amiga próxima. Os casos de denúncia pública ocorreram principalmente diante de ameaça à integridade física por armas de fogo (31%), espancamento com marcas, fraturas ou cortes (21%) e ameaças de espancamento à própria mulher ou aos filhos (19%). O órgão público mais utilizado para denúncias foi a delegacia de polícia. A Delegacia da Mulher foi a mais utilizada nos casos de espancamento com marcas, fraturas ou cortes, mas ainda assim por um pequeno índice de mulheres (5%).3 Em 2010, a Fundação Perseu Abramo4 ampliou a pesquisa e no que se refere à violência, não foram constatadas mudanças significativas. Como em 2001, cerca de uma em cada cinco mulheres (hoje 18%, e antes, 19%) afirmaram já ter sofrido alguma vez “algum tipo de violência de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido”. Diante de 20 modalidades de violência citadas, no entanto, duas em cada cinco mulheres (40%) já teriam sofrido alguma, ao menos uma vez na vida, sobretudo algum tipo de controle ou cerceamento (24%), alguma violência psíquica ou verbal (23%), ou alguma ameaça ou violência física propriamente dita (24%). Comparando-se a 2001, quando apenas 12 modalidades de violência haviam sido investigadas, a taxa de mulheres que já sofreram alguma violência caiu de 43% para 34% - mais especificamente a taxa agregada de violências ou ameaças físicas oscilou de 28% para 24% e a de violências psíquicas caiu de 27% para 21%. Isoladamente, entre as modalidades mais frequentes, 16% das mulheres já levaram tapas, empurrões ou foram sacudidas (20% em 2001), 16% sofreram xingamentos e ofensas recorrentes referidas a sua conduta sexual (antes 18%) e 15% foram controladas a respeito de aonde iriam e com quem sairiam.5 das mulheres avaliaram que a vida das mulheres melhorou nos últimos 20 e 30 anos. A Mulher nos Espaços Público e Privado. Fundação Perseu Abramo. São Paulo, 2001. 3 A Mulher nos Espaços Público e Privado. Fundação Perseu Abramo. São Paulo, 2001. 4 Nesta nova pesquisa foram entrevistadas 2.365 mulheres e 1.181 homens, distribuídas nas 25 unidades da federação e nas cinco macrorregiões do país (N, S, SE, NE e C-O), cobrindo as áreas urbana e rural de 176 municípios na amostra feminina e 104 municípios na masculina. Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado. Fundação Perseu Abramo/Sesc. São Paulo, 2010. 5 Esta última modalidade não foi investigada em 2001. Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado. Fundação Perseu Abramo/Sesc. São Paulo, 2010.
  • 22. 21 Além de ameaças de surra (13%), uma em cada dez mulheres (10%) já foi de fato espancada ao menos uma vez na vida (respectivamente 12% e 11% em 2001). Considerando-se a última vez em que essas ocorrências teriam se dado e o contingente de mulheres representadas nos dois levantamentos, o número de brasileiras espancadas permanece altíssimo, mas decresceu de uma a cada 15 segundos para uma em cada 24 segundos – ou de 8 para 5 mulheres espancadas a cada 2 minutos. Quadro 5: Comparativo pelo tipo de violência relatada Tipos de violência 2001 2010 Já sofreu alguma agressão 43% 34% Violência física 28% 24% Violência psíquica 27% 21% Espancamento alguma vez na vida 12% 11% Tapas, empurrões, sacudidas 20% 16% Fonte: Fundação Perseu Abramo Quadro 6: Projeção da taxa de espancamento 2001 01 mulher em cada 15 segundos 2010 01 em cada 24 segundos Fonte: Fundação Perseu Abramo Com exceção das modalidades de violência sexual e de assédio, em todas as demais modalidades de violência o parceiro (marido ou namorado) é o responsável por mais 80% dos casos reportados.6 Os pedidos de ajuda são mais frequentes (de metade a 2/3 dos casos) após ameaças ou violências físicas, as mulheres recorrem às mães, irmãs e outros parentes. Mas em nenhuma das modalidades investigadas as denúncias a alguma autoridade policial ou judicial ultrapassa 1/3 dos casos.7 No que respeita à raça/etnia, a pesquisa informa que 35% das mulheres que já sofreram alguma violência são pardas, 11% negras e 45% brancas. Somando-se negras e pardas, estas são agredidas em 46% dos casos. Amarelas e indígenas correspondem a 2% cada. Como se percebe na comparação entre as duas pesquisas, em um intervalo de dez anos não houve alteração relevante nos padrões de violência sofridos pelas mulheres brasileiras. Observa-se ainda, uma grande subnotificação da violência, pois apenas um terço das mulheres reporta à violência sofrida às autoridades públicas. Segundo a Pesquisa Nacional de Domicílios – PNAD – Características da Vitimização e Acesso à Justiça8, em 2009, 2,5 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade foram vítimas de agressão física, ou seja, 1,6% dessa população no País. Nas Regiões Norte e Nordeste foram observadas as maiores frequências, 1,9% e 1,8%, respectivamente. A menor, de 1,4%, foi registrada nas Regiões Sudeste e Sul. O percentual de vitimização dos homens foi de 1,8% e 6 Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado. Fundação Perseu Abramo/Sesc. São Paulo, 2010. 7 Idem. 8 Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios. Suplemento Vitimização e Acesso à Justiça (2009). Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
  • 23. 22 das mulheres de 1,3%. As mulheres foram mais agredidas nas regiões Norte (1,5%), Nordeste (1,4%) e Centro-Oeste (1,4%).9 No que respeita à autoria da agressão, pessoas desconhecidas foram responsáveis por 39,0% dos casos de agressão, pessoas conhecidas respondem por 36,2%, o cônjuge, 12,2% e parente 8,1%. Somados os percentuais, tem-se que os casos de agressão cometidos por conhecidos, incluindo cônjuges e parentes chega-se ao percentual de 52,5%. Dentre as mulheres agredidas, 25,9% delas foram agredidas por cônjuges ou ex-cônjuge. Considerando o local de ocorrência, destaca-se que 25,4% das vítimas foram agredidas na própria residência, enquanto 48,0% em via pública.10 No entanto, quando relacionados o agressor e o local da residência, os cônjuges ou ex-cônjuges respondem por 25,9% das agressões, sendo que 80,5% delas ocorreu na própria residência. A faixa etária com maior frequência de agressores situou-se entre os 16 e 24 anos (2,2%) e dos 25 aos 30 anos (2,0%).11 Conforme a pesquisa, 55,7% das vítimas de agressão não procurou a polícia. Dentre as razões para não procurar a polícia, 33,1% afirmaram que tinham medo de represália ou não queriam envolver a polícia.12 Ainda conforme a pesquisa, das vítimas de agressão física que procuraram a polícia (1,1 milhão de pessoas), 86,9% realizou registro, na delegacia, da última agressão física sofrida. Aquelas vítimas que procuraram a polícia, mas não efetuaram o registro (147 mil pessoas), apontaram como motivos para não fazê-lo, principalmente, o fato de a polícia não querer fazer o registro (22,4%), não queria envolver a polícia ou medo de represália (19,2%), a falta de provas (10,3%) e não acreditava na polícia (10,2%).13 A área de família corresponde a 22,0% dos conflitos.14 No entanto, a pesquisa não informa se os conflitos familiares correspondem às agressões domésticas, ou mesmo quantas mulheres procuraram o Poder Judiciário em virtude de agressão física pelo cônjuge ou ex-cônjuge. Dados semelhantes são encontrados no Mapa da Violência15, no que se refere aos atendimentos às violências doméstica e sexual pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a partir do Sistema Nacional de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), do Ministério da Saúde.16 Em 2011, foram registrados no SINAM, 70.270 atendimentos de mulheres vítimas de violência. O local de residência da mulher é o preponderante nas situações de violência, especialmente 9 Idem, p.53. 10 Idem, p.54. 11 Ibidem. 12 Idem, p. 55 13 Idem, p.56 14 Idem, p.59. 15 WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2012. Atualização: Homicídios de Mulheres. CEBELA. FLASCO/Brasil. 2012. 16 A notificação dos casos de violência doméstica e sexual pelo sistema de saúde público e privado tornou-se obrigatória com a Lei 10.778/2003. O Decreto nº 5.099, de 3 de junho de 2004, regulamentou, para todo o território nacional, a notificação compulsória dos casos Secretaria de Vigilância em Saúde de violência contra a mulher, atribuindo ao MS a coordenação do plano estratégico de ação para a instalação dos serviços de referência sentinela. Outras regulamentações internas foram feitas pelo Ministério da Saúde através de Portarias.
  • 24. 23 até os 10 anos e a partir dos 30 anos de idade da mulher, correspondendo a 71,8%.17 Dos 20 aos 59 anos, o cônjuge aparece como o principal agressor, sendo que na faixa etária feminina dos 30 aos 39 anos, é o agressor em 49,3% dos casos. A partir dos 60 anos, os filhos são responsáveis pela violência, descortinando a violência praticada contra mulheres idosas.18 A partir dos 30 anos de idade, o percentual de reincidência é bastante alto, variando de 56, 9% (dos 30 aos 39 anos), 58,2% (40 aos 49 anos), 57,4% (50 aos 59 anos) e 62,5% a partir dos 60 anos. No entanto, nos casos de violência sexual, dos 15 aos 60 anos (ou mais), o desconhecido é o principal agressor.19 A violência sexual corresponde a 12,2%, e está concentrada na faixa etária de 1 a 14 anos20, sendo a residência também o local preponderante para essa violência, nessa faixa etária.21 No sistema SUS, a violência física é também preponderante (44,2%) dos casos, a partir dos 15 anos de idade. A violência psicológica ou moral aparece em mais de 20% dos casos informados. A residência é também o lugar de maior violência em 69,9% dos casos reportados e a via pública em 18,6% dos casos.22 A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 – da Secretaria de Políticas para as Mulheres foi criada em 2005 com o objetivo de orientar as mulheres em situação de risco e de violência sobre seus direitos e sobre onde buscar ajuda. De abril de 2006 a dezembro de 2011 registrou 2.278.987 ligações com variadas solicitações: informações, reclamações, elogios, sugestões, serviços e denúncias de violência. Os relatos de violência, incluindo as denúncias de tráfico, contabilizaram 281.894 ligações. Como se observa, a Central de Atendimento à Mulher vem registrando aumento sucessivo nas ligações. A Central é majoritariamente acionada por mulheres, cujo percentual atinge 98,97% das ligações. De todas(os) as usuárias(as) que contatam a Central e declararam suas escolaridades a maioria (45,49%) possui ensino fundamental (completo ou incompleto), 41,29% tem ensino médio (completo ou incompleto), 11,3% tem ensino superior (completo e incompleto) e 1,93% é analfabeta. Observa-se o acesso ao serviço por pessoas com baixa escolaridade. Além disso, o serviço é majoritariamente procurado por mulheres adultas e, mais especificamente, em período economicamente produtivo e biologicamente reprodutivo, sendo assim constituído: de 20 a 29 anos: 31,19%; de 30 a 39 anos: 32,08%; de 40 a 49 anos: 17,88% e de 50 a 59 anos: 8,64%. Quanto à cor/raça, dos 40,7% das(os) usuárias(os) que declararam esse item, 47,68% se identificou-se como pardas(os). As(os) usuárias(os) de cor/raça branca computaram 39,83% e 11,23% se declararam da cor/raça preta. Houve, também, o registro de 2.072 (0,76%) da cor/raça amarela e 1.333 (0,49%) indígena. Como se percebe, as mulheres pardas e negras são as que mais utilizaram o serviço. 17 WAISELFISZ, Julio Jacobo. Op.cit., 2012, p.18. 18 Idem, p. 21. 19 Idem, p.25. 20 Ibidem. 21 Idem, p.24. 22 Idem, p.23.
  • 25. 24 Quadro 7: Atendimentos realizados 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* Total 46.423 204.514 271.212 401.729 734.930 667.116 135.585 2.461.509 *janeiro a março Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres Quadro 8: Na tabela abaixo, verifica-se que os relatos de violência doméstica são expressivos: Violência Doméstica 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total 13.416 23.080 37.910 95.905 65.851 21.341 257.562 Fonte: Secretaria de Política para as Mulheres Assim como nas demais pesquisas, o cônjuge ou companheiro responde pela maioria das agressões. Quadro 9: Relação da vítima com o agressor 2009 2010 2011 2012 Companheiro 10266 31824 27222 8817 Cônjuge 17789 21246 14647 4153 Ex-marido 2376 9579 6850 2451 Fonte: Secretaria de Política para as mulheres O tempo médio da relação entre a vítima e o agressor identificada é de 10 anos. Isto é, são relações longas, embora a violência também seja expressiva nas relações de 5 a 10 anos. À medida que o tempo da relação aumenta a violência também progride. Quadro 10: Tempo médio da relação com o agressor Tempo da relação com o agressor 2010 2011 2012* Total Até 6 meses 3129 2401 721 5.530 Entre 1 e 2 anos 9565 6167 1875 15.732 Entre 2 e 3 anos 7564 4906 1460 12.470 Entre 3 e 4 anos 6049 3784 1126 9.833 Entre 4 e 5 anos 6392 419 1293 6.811 Entre 5 e 10 anos 16279 11204 3422 27.483 10 anos ou mais 25439 23455 7761 48.894 Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres *Janeiro a março Outro aspecto importante também detectado pela Central de Atendimento é relativo à frequência da violência, que em geral, acontece uma vez por semana. Quadro 11: Frequência em que a violência ocorre Frequência da violência 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total Diariamente 9142 15.916 28.606 46.536 31303 10.072 141.585 Semanalmente 2395 3939 5186 18281 11568 3618 44.987 Mensalmente 790 1018 1447 4443 2822 899 11.419 Raramente 1143 1425 1791 6506 4905 1363 17.133 Uma vez 1166 1630 2262 4277 2782 939 13.056 Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres A avaliação do risco percebido pelas mulheres é um fator relevante a ser observado na concessão de medidas protetivas, no encaminhamento para os serviços especializados e também para os pedidos de prisão preventiva.
  • 26. 25 Quadro 12: Risco percebido pelas mulheres Risco que se percebe 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total Espancamento 5369 6776 9547 30.791 19.446 6025 77.954 Estupro 197 185 221 1269 777 271 2917 Morte 5451 9107 14678 33772 22676 7000 92684 Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres Dado igualmente significativo identificado pela Central revela que 59,51% das vitimas não dependem financeiramente do agressor. Os números do Ligue 180 também demonstram que em 58,27% dos casos de agressão nem sempre ou nunca ocorreram sob efeito de álcool ou droga. Apenas em 41,73% dos casos registrados a agressão foi cometida sob efeito de alguma substância (droga e/ou álcool). Como os dados de todas essas pesquisas de abrangência nacional demonstram a violência contra mulheres na sociedade brasileira é endêmica. A violência doméstica é majoritariamente praticada pelo parceiro; a residência não é um local seguro para as mulheres, em 80% dos casos; a reincidência é um fator de risco e está presente em quase 60% dos casos a partir dos 30 anos. A violência física contra mulheres idosas e sexual contra meninas e adolescentes é igualmente preocupante. Estas pesquisas devem ser consideradas quando da elaboração de políticas públicas de prevenção à violência contra mulheres. 2.3 Dados internacionais sobre a violência contra mulheres Dados do Relatório sobre o Peso Mundial da Violência Armada23 apontam que 66 mil mulheres morrem anualmente vítimas de homicídio doloso. O femicídio ou feminicídio – a morte de mulheres - na maioria dos casos, ocorre no âmbito doméstico. Estes dados são convergentes aos encontrados no Brasil. Conforme o Mapa da Violência, 41% das mortes de mulheres ocorreram dentro de casa24 e em 68,8% dos atendimentos a mulheres vítimas de violência, a agressão aconteceu na residência da vítima.25 Na pesquisa do PNAD, 80% das agressões ocorreram dentro de casa. O relatório informa ainda, que a maioria das mortes de mulheres é praticada por parceiros íntimos, familiares ou amigos das mulheres e que a maioria das vítimas sofreu violência ou abuso anteriormente pelo autor do crime. 26 No Brasil, 42,5% do total de agressões contra a mulher enquadram-se nessa situação. Mas, ao se tomar a faixa etária dos 20 aos 49 anos, em mais de 65% dos casos agressões a autoria foi do parceiro ou ex.27 Conforme o relatório, a exibição de arma de fogo para ameaçar, intimidar ou coagir alguém é um indicador de seu provável uso. Muitas mulheres relataram terem sido ameaçadas com uma arma de fogo antes de serem vítimas. Armas de fogo na casa da vítimas representam um risco maior para mulheres, pois tendem a serem usadas para ameaçar e causar danos aos membros 23 Geneva Declaration Secretariat. The Burden of Armed Violence. Geneva, 2011. 24 WAISELFISZ, Julio Jacobo. Op.cit, 2012, p.10. 25 Idem, p. 26. 26 Small Arms Survey Research Notes. Armed Violence. Femicide: a global problem, no. 14, February, 2012. 27 WAISELFISZ, Julio Jacobo. Op.cit, 2012, p.26.
  • 27. 26 da família e não para proteger a casa contra estranhos.28 Análise em 24 países com dados detalhados sobre o tipo de armas usadas em feminicídios revela uma correlação direta entre as taxas de femicídio e do uso de armas de fogo.29 No Brasil, 49,2% das mortes de mulheres foram com armas de fogo.30 Especificamente, os países com altos níveis de feminicídio apresentam uma maior proporção de feminicídios cometidos com armas de fogo. Em média, as armas de fogo foram usadas em um terço de todos os feminicídios em todo o mundo. Conforme o relatório, no Brasil, Colômbia, El Salvador, Guatemala e Honduras as armas de fogo foram usadas em mais de 60 % dos feminicídios.31 O Relatório Acesso à Justiça para as Mulheres Vítimas de Violência nas Américas32, da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, destaca que na Argentina, entre 1999 a 2003, os crimes de violência contra mulheres representaram 78 a 83% de todos os delitos ocorridos no país. Na Costa Rica, 58% das mulheres sofreu um incidente de violência física ou sexual depois de completarem 16 anos ou mais. Nos Estados Unidos, em 2003, cerca de meio milhão de mulheres sofreu violência doméstica e aproximadamente 200 mil violações e agressões sexuais, segundo a Pesquisa Nacional de Vitimização daquele país.33 No México, em 2003, 46,6% das mulheres mexicanas, entre 15 anos ou mais, que viviam com seus parceiros, reportou ter sofrido alguma violência durante os doze meses que antecederam a entrevista. Na Republica Dominicana, 23,9% das mulheres afirmou ter sofrido alguma violência desde os 15 anos de idade.34 Segundo o mesmo Relatório, o estado brasileiro informou não dispor de estatísticas sobre a quantidade de denúncias de violência contra mulheres que foram feitas no período solicitado pela Comissão.35 Igualmente, o Relatório Prevenção da violência sexual e da violência por parceiro íntimo36 , da OMS, destaca que a carga esmagadora da violência pelo parceiro íntimo (física, sexual e emocional) é suportada pelas mulheres nas mãos dos homens. Segundo o relatório, o custo médio por pessoa para a mulher que sofreu pelo menos uma ocorrência de violência praticada pelo parceiro íntimo foi mais que o dobro daquele do homem. Os custos globais para a sociedade são ainda maiores quando são contabilizados os custos dos indivíduos que não alcançam seu pleno potencial produtivo.37 28 Idem, p.3-4. 29 Idem, p.4. 30 WAISELFISZ, Julio Jacobo. Op.cit, 2012, p. 10. 31 Ibidem. 32 Aceso a la justicia em las Americas. Comision Interamericana de Derechos Humanos. Organización de los Estados Americanos. OEA/Ser.L/V/II. Doc. 68 , 20 enero 2007, p. 141, Anexo C. 33 Idem, p.142. 34 Ibidem. 35 Idem, p.7 36 Prevenção da violência sexual e da violência pelo parceiro íntimo: ação e produção de evidência. Organização Mundial da Saúde. Genebra, 2012. 37 Idem, p.6.
  • 28. 27 Da mesma forma, o Relatório Mundial sobre Violência e Saúde38 informa que a violência praticada por parceiro íntimo custa milhões de dólares anualmente às economias dos países, considerando os gastos com assistência à saúde, legais, ausências e perda da produtividade no trabalho.39 Conforme estudo do Banco Mundial, em 1997, no Brasil 1,9% do PIB foi destinado às despesas com saúde decorrentes da violência.40 O referido Relatório aponta ainda que mulheres que sofreram violência durante uma fase da vida (infância ou vida adulta), tem uma saúde pior, tanto física quanto emocionalmente. Dentre os principais agravos e riscos à saúde feminina, com a violência antecedente, destacam-se: depressão, tentativas de suicídio, síndrome de dor crônica, transtornos psicossomáticos, lesões físicas, transtornos do aparelho digestivo e diversas repercussões na saúde reprodutiva41, tais como complicações na gravidez, aborto espontâneo, aborto praticado em condições inseguras, gravidez não desejada, doenças sexualmente transmissíveis, esterilidade, etc..42 Ou seja, repercussões sobre a saúde física, mental e reprodutiva das mulheres. Além disso, o Relatório informa que em geral, os filhos que presenciam eventos de violência contra mulheres apresentam maiores riscos de sofrerem diversos transtornos emocionais e de conduta, tais como ansiedade, depressão, baixo rendimento escolar, baixa estima, desobediência, pesadelos, queixas sobre a saúde física43 e maior probabilidade de morte antes dos 5 anos de idade.44 No Brasil, o relatório apontou que, dentre os homens brasileiros entrevistados, 19% aprovaram o uso da violência física sob a justificativa da suspeita de adultério feminino.45 O Relatório sublinha a existência de inúmeras ações para prevenir a violência contra mulheres, mas registra que são pouco avaliadas. Destaca ainda, os princípios que devem reger as práticas adequadas ao enfrentamento da violência praticada por parceiros íntimos: a) medidas para enfrentar a violência devem aplicar-se no âmbito nacional e local; b) a participação das mulheres na elaboração e execução dos projetos de segurança das mulheres deve guiar todas as decisões relativas às intervenções; c) as tentativas de reformar as instituições, entre elas as polícias, o setor saúde e o sistema judicial, devem ir além da capacitação e mudar a cultura institucional respectiva; d) as intervenções devem abranger uma variedade de setores diferentes.46 Por sua vez, segundo o Relatório sobre o Progresso das Mulheres no Mundo na busca pela Justiça47, os sistemas de justiça que são efetivos podem converter-se em mecanismos vitais 38 Informe Mundial sobre Volencia y Salud. Organización Mundial de Salud. Genebra, 2002. 39 Idem, p.13. 40 Ibidem. 41 Idem, p. 110. 42 Ibidem. 43 Idem, p.112. 44 Idem, p. 113. 45 Idem, p. 104. O resultado refere-se aos homens entrevistados na cidade de Salvador, Bahia. 46 Idem, p.122. 47 El Progreso de las Mujeres en el Mundo: en busca de la justicia ( 2011-2012). ONU Mulheres, 2011.
  • 29. 28 para o respeito aos direitos das mulheres, já que podem facilitar a prestação de contas, frear o abuso de poder e criar novas normas.48 Os tribunais de justiça têm sido o principal lugar onde as mulheres têm exigido o cumprimento de seus direitos e onde litígios estratégicos têm sido propostos para mudar a vida das mulheres.49 No entanto, o Relatório registra que os tribunais de justiça atuais têm um viés que vai contra os interesses das mulheres e que reforça a desigualdade de poder entre homens e mulheres, devendo ser transformados para alcançar seu pleno potencial no avanço para a igualdade de gênero.50 O Relatório sublinha ainda, o baixo percentual de mulheres juízas. Em todo o mundo, as mulheres representam apenas 27% dos juízes. A presença de mulheres no Poder Judiciário é uma questão de igualdade e imparcialidade e também para manter a confiança no sistema de justiça.51 Tratando especificamente do caso brasileiro, o Relatório enfatiza a existência de apenas 147 Juizados Especializados de Violência Doméstica e Familiar para uma população de quase 200 milhões de pessoas, o que indica a necessidade de maiores investimentos para que possam atender as mulheres.52 No que se refere à participação das mulheres nos tribunais superiores, no Brasil, a CPMI observou uma nítida discriminação de gênero. No Supremo Tribunal Federal há apenas duas ministras dentre os seus 11 integrantes, o que representa 18,18%. O Superior Tribunal de Justiça composto por 33 ministros possui apenas 6 ministras, cujo percentual corresponde igualmente a 18,18% de mulheres.53 O Conselho Nacional de Justiça é composto por 15 conselheiros e todos são homens. O Conselho Nacional do Ministério Público possui 14 conselheiros, sendo apenas três mulheres, o que representa 21,42%. Ou seja, os organismos de poder no âmbito da justiça são eminentemente masculinos. No entanto, de 1992 a 2012, muitas alterações institucionais e legais ocorreram no país, no que concerne às políticas de enfrentamento às violências contra as mulheres. Destacam-se a criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres (2003), o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra Mulheres (2007) e a Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Igualmente, o Relatório sobre o Progresso das Mulheres no Brasil observa que de 2003 a 2010 houve significativos avanços no enfrentamento à violência contra mulheres, que se traduzem na mudança da legislação, produção crescente de estudos e dados estatísticos sobre a incidência da violência contra as mulheres, na criação de serviços públicos especializados de atendimento, além da adoção de planos nacionais para enfrentar o problema.54 48 Idem, p.8. 49 Idem p.8-9. 50 Idem, p.9. 51 Idem, p.61. 52 Idem, p.68. 53 Há ainda três magistradas convocadas. Informação disponível no site www.stj.gov.br 54 BARSTED, Leila Linhares. O progresso das mulheres no enfrentamento à violência. In O Progresso das Mulheres no Brasil 2003- 2010. Brasília: ONU Mulheres/Cepia, 2012, p.347.
  • 30. 29 3 MARCO NORMATIVO DE PROTEÇÃO ÀS MULHERES 3.1 Marco normativo internacional A ONU reconheceu a violência contra as mulheres como uma forma de discriminação e violação de direitos humanos, tal qual delineado na sua Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres (DEVAW55), formulando, nesse e em vários outros documentos, importantes recomendações para a criação e implementação de mecanismos de combate a esse tipo de violência. Destacam-se, dentre eles, mecanismos de monitoramento e facilitação da implementação dessas recomendações, com realce, no âmbito nacional, para os “mecanismos autônomos e independentes”, tais como observatórios de monitoramento, para dar conta do controle social, necessário para a eficácia da legislação em vigor. A Plataforma de Ação de Pequim, adotada na 4ª Conferência Mundial sobre as Mulheres, em 1995, identificou a violência contra as mulheres como uma das 12 áreas críticas de preocupação e que requeriam ações urgentes para atingir os objetivos de igualdade, desenvolvimento e paz, e clamou por ações de prevenção. Em 2001, foi proclamada a Declaração da Conferência Mundial contra o Racismo, Xenofobia e Intolerância Conexa – Declaração de Durban e seu Programa de Ação – cujo reconhecimento do racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância praticada contra afrodescendentes, povos indígenas, migrantes, refugiados e outras vítimas requer dos Estados medidas urgentes para sua prevenção, reparação e eliminação para a construção da plena igualdade. O Brasil é signatário de importantes instrumentos internacionais de proteção aos direitos humanos das mulheres, no âmbito global e regional. No âmbito global destacam-se a Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher – Convenção CEDAW - e seu Protocolo Facultativo, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial56 e no âmbito regional, a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher – Convenção de Belém do Pará. Estes instrumentos em conjunto com a Constituição Federal formam um sistema de proteção constitucional ampliado de importância ímpar. Conforme a Recomendação Geral 19, da Convenção CEDAW: “1. A violência baseada no gênero é uma forma de discriminação contra a mulher que inibe seriamente a capacidade das mulheres de desfrutar os direitos e as liberdades em uma base de igualdade com os homens”. (...) “6. A Convenção no artigo 1 define a discriminação contra a mulher. Essa definição inclui a violência de gênero, isto é, a violência que é dirigida contra uma mulher por ser mulher ou que afeta desproporcionalmente as mulheres. Inclui atos que infligem danos ou o sofrimento físico, mental ou sexual, ameaças de tais atos, a coerção e 55 Declaration on the Elimination of Violence against Women. A/RES/48/104. 85th Plenary Meeting, 20 December 1993. 56 Ratificada pelo Brasil em 27 de março de 1968. Aprovada pelo Decreto nº 65.810 - de 8 de dezembro de 1969
  • 31. 30 outras privações da liberdade. A violência de gênero pode violar disposições específicas da Convenção, independentemente dessas disposições expressamente mencionarem a violência.”57 Além disso, a vulnerabilidade das mulheres com deficiência, em geral pouco visibilizada. O assunto é complexo e delicado, sendo tratado especialmente no artigo 6 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da Organização das Nações Unidas, tratado internacional que ingressou no ordenamento jurídico brasileiro com status de emenda constitucional (art. 5º, §3º), que reconhece que as mulheres e meninas com deficiência estão mais sujeitas a inúmeras formas de discriminação, violência e abuso, e que carecem do apoio do Estado, que deverá atuar para garantir o gozo de seus direitos humanos e liberdades fundamentais. Vejamos: Artigo 6 Mulheres com deficiência 1. Os Estados Partes reconhecem que as mulheres e meninas com deficiência estão sujeitas a múltiplas formas de discriminação e, portanto, tomarão medidas para assegurar às mulheres e meninas com deficiência o pleno e igual exercício de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais. 2. Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas para assegurar o pleno desenvolvimento, o avanço e o empoderamento das mulheres, a fim de garantir-lhes o exercício e o gozo dos direitos humanos e liberdades fundamentais estabelecidos na presente Convenção. Nesse viés, para melhor entendimento, também é de se ressaltar os artigos 14 a 17, da mencionada Convenção, que tratam, respectivamente, da Liberdade e segurança da pessoa da pessoa com deficiência; da prevenção contra tortura ou tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes; da prevenção contra a exploração, a violência e o abuso; e da proteção da integridade da pessoa com deficiência, todos oportunos à questão que nos propomos a trazer a debate. Seguem os artigos mencionados: Artigo 14 Liberdade e segurança da pessoa 1. Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com deficiência, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas: (a) Gozem do direito à liberdade e à segurança da pessoa; (b) Não sejam privadas ilegal ou arbitrariamente de sua liberdade e que toda privação de liberdade esteja em conformidade com a lei, e que a existência de deficiência não justifique a privação de liberdade; 2. Os Estados Partes assegurarão que, se pessoas com deficiência forem privadas de liberdade mediante algum processo, elas, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, façam jus a garantias de acordo com o direito internacional dos direitos humanos e sejam tratadas em conformidade com os objetivos e princípios da presente Convenção, inclusive mediante a provisão de adaptação razoável. Artigo 15 Prevenção contra tortura ou tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes 57 Disponível online: http://www.un.org/womenwatch/daw/cedaw/recommendations/recomm.htm#recom19