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O mito da caverna
Imagine um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna
subterrânea. Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas
no pescoço e nos pés, de sorte que tudo o que veem é a parede da caverna.
Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse muro passam figuras de
formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para além da
borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas figuras, elas
projetam sombras bruxeleantes na parede da caverna. Assim, a única coisa
que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como
essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras
que veem são a única coisa que existe.
Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar
daquela prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas
sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se libertar dos
grilhões que o prendem. O que você acha que acontece quando ele se vira
para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, a luz
é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos
contornos das figuras, de que ele até então só vira as sombras, ofusca sua
visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da
caverna, terá mais dificuldade ainda para enxergar devido à abundância de
luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá como tudo é bonito. Pela
primeira vez verá cores e contornos precisos; verá animais e flores de
verdade, de que as figuras na parede da caverna não passavam de imitações
baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm
os animais e as flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá
vida às flores e aos animais da natureza, assim como também era graças ao
fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas na parede.
Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela
natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras
pessoas que ainda continuam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça.
E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros
que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações da realidade.
Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna
e dizem que aquilo que veem é tudo o que existe. Por fim, acabam matando-
o.
Jostein Gaarder. O Mundo de Sofia – Romance da história da
filosofia. São Paulo, Cia. das Letras, 1995. p. 104-5.
Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 112-4
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muro? Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada.
Depois, a precisão dos contornos das figuras, de que ele até então só vira
as sombras, ofusca sua visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar
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enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos,
ele verá como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos
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da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, ele tenta
explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas
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para a parede da caverna e dizem que aquilo que veem é tudo o que
existe. Por fim, acabam matando-o.
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da filosofia. São Paulo, Cia. das Letras, 1995. p. 104-5.
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O mito da caverna e a busca pela verdade

  • 1. O mito da caverna Imagine um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna subterrânea. Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas no pescoço e nos pés, de sorte que tudo o que veem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas figuras, elas projetam sombras bruxeleantes na parede da caverna. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que veem são a única coisa que existe. Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. O que você acha que acontece quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos contornos das figuras, de que ele até então só vira as sombras, ofusca sua visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da caverna, terá mais dificuldade ainda para enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos; verá animais e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passavam de imitações baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos animais da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas na parede. Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e dizem que aquilo que veem é tudo o que existe. Por fim, acabam matando- o. Jostein Gaarder. O Mundo de Sofia – Romance da história da filosofia. São Paulo, Cia. das Letras, 1995. p. 104-5. Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 112-4 O mito da caverna Imagine um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna subterrânea. Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas no pescoço e nos pés, de sorte que tudo o que veem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas figuras, elas projetam sombras bruxeleantes na parede da caverna. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que veem são a única coisa que existe. Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. O que você acha que acontece quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos contornos das figuras, de que ele até então só vira as sombras, ofusca sua visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da caverna, terá mais dificuldade ainda para enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos; verá animais e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passavam de imitações baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos animais da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas na parede. Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e dizem que aquilo que veem é tudo o que existe. Por fim, acabam matando-o. Jostein Gaarder. O Mundo de Sofia – Romance da história da filosofia. São Paulo, Cia. das Letras, 1995. p. 104-5. Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 112-4