Análise do sistema de produção da Alliance Empreendimentos
1.
2. SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................. 1
2. CONCEITUAÇÃO ….................................................................................................................... 1
2.1 Componentes do sistema de produção …................................................................... 2
2.2 Classificação do sistema de produção quanto à função.............................................. 2
2.3 Classificação do sistema de produção quanto ao tipo de processo............................. 3
2.4 Arranjo Físico – Layout …............................................................................................ 4
2.5 Estratégia de Produção e Objetivos de desempenho ….............................................. 5
3. RESULTADOS.............................................................................................................................. 6
3.1 Produtos oferecidos pela Alliance................................................................................. 6
3.2 Estrutura organizacional da empresa..........................................................................10
3.3 Componentes do sistema de produção do Ultramare................................................. 11
3.4 Classificação do sistema de produção quanto à função – Ultramare......................... 12
3.5 Classificação do sistema de produção quanto ao tipo de processo – Ultramare........13
3.6 Arranjo Físico – Layout – Ultramare Class Club Residence........................................14
3.7 Estratégia de Produção e Objetivos de desempenho da Alliance...............................16
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................17
5. BIBLIOGRAFIA …....................................................................................................................... 18
3. 1. INTRODUÇÃO
Esse trabalho refere-se a um estudo de caso realizado na empresa Alliance
Empreendimentos Imobiliários Ltda, cuja sede fica na cidade de João Pessoa-PB.
Em visita técnica ao canteiro de obras de um de seus empreendimentos, o Ultramare Class
Club Residence, localizado no bairro do Altiplano Cabo Branco em João Pessoa, foram analisados
o método de trabalho, os recursos, estrutura e conceitos utilizados pela administração, área
técnica e equipes de produção. O objetivo desse trabalho é a classificação de seu sistema de
produção.
2. CONCEITUAÇÃO
Toda empresa é formada por alguns setores ou departamentos com funções específicas
que juntos trabalham para garantir que o produto (ou serviço) oferecido chegue aos clientes.
Alguns desses departamentos podem ser:
• Financeiro:
• Suprimentos:
• Gestão de Pessoas (ou Recursos Humanos – RH);
• Produção.
Abaixo a Figura 1 ilustra algumas das interações entre esses departamentos.
SUPRIMENTOS:
Trata prioritariamente das MÃO-DE-OBRA
entradas dos materiais
necessários à Produção da
CAPITAL empresa e depende dos recursos
PARA garantidos pelo departamento
COMPRAS Financeiro.
GESTÃO DE PESSOAS (RH):
Seleciona os profissionais mais
FINANCEIRO: adequados às funções
Coordena o fluxo de capital da MATÉRIA PRIMA específicas nos demais
empresa, garantindo que seus departamentos da empresa,
compromissos possam ser pagos inclusive os relacionados
em dia e que exista caixa diretamente à Produção.
suficiente para que o setor de
Suprimentos abasteça a PRODUÇÃO:
produção. Utiliza os recursos
disponibilizados pelos
departamentos de Suprimentos e MÃO-DE-OBRA
AUTORIZAÇÃO Gestão de Pessoas para garantir
PARA PAGAMENTO que o produto fabricado pela
DE empresa possa ser executado.
FORNECEDORES Ao receber o material comprado
por Suprimentos autoriza o
Financeiro a pagar essas faturas.
FIGURA 1 – Algumas das interações possíveis entre departamentos de uma empresa
Percebe-se na ilustração que as entradas de um departamento são processadas pelo
seguinte, cujas saídas servem de entradas para outro departamento. Essa forma de trabalho se
enquadra na definição de sistemas de produção, que são um conjunto de partes, ou subsistemas,
nesse caso os departamentos, que transformam as entradas em saídas na forma de produtos (ou
serviços) que passam por um processo definido. Dessa forma o sistema geral (a empresa) é a
4. soma de seus sub-sistemas (os departamentos) cuja saída (produto acabado ou serviço prestado)
deve ser maior que as saídas individuais das partes.
2.1 Componentes do sistema de produção
Os componentes básicos dos sistemas de produção são ilustrados na Figura 2, a seguir:
Fronteira
ENTRADAS PROCESSO SAÍDAS
Retro-alimentação (feedback)
• Fronteira: é o que delimita o sistema de produção, podendo ser uma fronteira física (limites
da fábrica) ou abstrata (mercado atuante da empresa;
• Entradas (ou inputs): são os insumos necessários a execução do processamento, podendo
ser:
o Informações necessárias à produção;
o Matérias-primas;
o Equipamentos;
o Mão-de-obra.
• Processo: são as ações executadas sobre as entradas do sistema resultando nas saídas;
• Saídas (ou outputs): são os resultados dos processamentos das entradas. Podem
representar as entradas para um outro subsistema dentro de uma empresa;
• Retro-alimentação (ou feedback): são as informações derivadas das saídas do sistema
responsáveis pelo ajuste do sistema, garantindo sua melhoria constante.
2.2 Classificação do sistema de produção quanto à função
Os sistemas de produção podem ser classificados de diversas formas: quanto à função,
atividade econômica, tipo de padronização do produto/ serviço, forma de interação com o cliente,
tipo de processo, entre outras classificações.
Quanto à função, os sistemas de produção podem ser divididos em:
• Manufatura:
o Sua principal característica é a criação de algo físico, à partir das entradas
(produtos de consumo como: calçados, roupas, automóveis...) => Transformação
na utilidade dos recursos.
• Serviço:
o Tem como principal característica a acomodação ou tratamento de alguma coisa ou
de alguém (escolas, hotéis, hospitais, pet-shops...) => Mudança na utilidade dos
recursos.
• Transporte:
o A característica principal é o deslocamento de algo ou alguém, de um lugar à outro
(empresas aéreas, transporte rodoviário de cargas, oleodutos...) => Mudança de
local dos recursos.
5. • Suprimento:
o Tem como característica principal a mudança na posse de bens (farmácias,
supermercados, livrarias...) => Mudança na posse de recursos.
• Extração:
o Caracteriza-se pela retirada dos produtos da natureza de seu depósito original
(pesca, mineração...) => Mudança de acesso à utilidade dos recursos.
• Cultivo:
o Tem como principal característica o cultivo do bem até sua maturação para que
possa ser usado como insumo ou matéria-prima (agricultura, pecuária,
carcinocultura...) => Mudança no estágio de utilidade dos recursos.
2.3 Classificação do sistema de produção quanto ao tipo de processo
Quando os sistemas de produção são estudados com foco no fluxo produtivo, seus
processos podem ser classificados como:
• Contínuos: Assumem qualquer valor dentro de um intervalo. São utilizados em produtos
extremamente padronizados e oferecidos por um longo período de tempo. Muitas vezes os
produtos também são contínuos, produzidos em fluxo ininterrupto (extração de petróleo e
gás, siderúrgicas...). Os recursos transformadores (máquinas e infra-estrutura) são
dedicados e pouco flexíveis, necessitando de um uso intensivo de capital
o O fluxo do processo é contínuo;
o O tempo de configuração do processo (set up) é pequeno, se comparado ao tempo
total da operação.
• Discretos: Assumem valores específicos (determinados) dentro de um intervalo.
o O fluxo do processo é intermitente;
o O tempo de configuração do processo (set up) é grande, se comparado ao tempo
total da operação.
Dentro dessa classificação os sistemas de produção discretos ainda podem ser subdivididos em:
• Sob encomenda:
o Projeto (indústria naval, aeronáutica...):
Os produtos tem como característica uma alta personalização;
A produção, normalmente, tem um período longo, com início e final bem
definido;
Os recursos transformadores são dedicados mas flexíveis, normalmente
organizados de forma espacial para cada produto.
o Jobbing (alfaiates, eventos...):
Produtos personalizados, podendo ser produzidos em pequena escala;
Recursos transformadores flexíveis e compartilhados.
• Repetitivo:
o Batch (calçados, móveis...):
Também conhecida como produção em lote:
• Lotes pequenos se enquadram em Jobbing;
• Lotes grandes se enquadram em Massa (repetitivo).
Os produtos são padronizados e fabricados em lotes com quantidades
limitadas de um tipo de produto de cada vez;
Os produtos de tem ciclo de vida relativamente curtos.
o Massa (automóveis, eletrodomésticos...):
Produtos altamente padronizados, com ciclo de vida relativamente longo;
6. Caso exista alguma variedade nos produtos o processo básico não é
afetado;
Operações previsíveis e repetitivas, normalmente automatizadas, com baixa
flexibilidade dos recursos transformadores.
2.4 Arranjo Físico – Layout
O arranjo físico ou layout representa a organização espacial dos recursos necessários ao
processo de produção dentro de sua fronteira física. Esses recursos são:
• Recursos transformados: matéria prima;
• Recursos transformadores: máquinas, equipamentos, mão-de-obra.
O arranjo físico é influenciado diretamente pelo tipo de sistema de produção adotado pela
empresa. Cada tipo de processo possa adotar diferentes tipos ou combinações de arranjos físicos,
a relação mais adequada é escolhida comparando-se a relação entre a variabilidade e o volume
de produção. Dessa forma temos:
Variabili- Volume de Sistemas de
dade produção
Arranjo Físico Vantagens Desvantagens
produção
- Alta flexibilidade - Custos unitários
de mix e de muito altos;
produtos;
Projeto - Layout complexo;
Posicional - Alta variedade - Alta
de tarefas para a movimentação de
mão-de-obra. equipamentos e
mão-de-obra.
- Alta flexibilidade - Baixa utilização de
de mix e de recursos;
Jobbing produtos; - Alto estoque em
- Suporta processo ou fila de
interrupções de clientes;
Funcional uma etapa por - Difícil controle de
algum tempo; fluxo de processo.
- Supervisão e
instalações dos
equipamentos
Batch relativamente fácil
- Redução do - Reconfiguração
tempo da requer alto
atividade (lead investimento;
time); - Pode requerer
- Fluxo bem capacidade
definido; adicional no caso
Celular - Movimentação e de aumento da
manuseio produção;
Massa reduzidos - Pode gerar
ociosidade da
- Pouco estoque.
produção, caso seja
reduzida.
- Baixos custos - Baixa flexibilidade
unitários para de mix e de
baixos volumes; produto;
- Equipamentos - Pouca robustez
Linear especializados; contra interrupções;
Contínuo - Movimentação - Trabalho pode se
de materiais e tornar repetitivo.
clientes
conveniente.
7. O arranjo físico define a forma e aparência da operação e o fluxo dos recursos. As
principais características dos tipos de arranjo físico são:
• Posicional – O arranjo físico deve possibilitar o melhor fluxo possível dos recursos
garantindo o fluidez no processo:
o Os recursos transformadores se deslocam ao longo do processo;
o Os recursos transformados são estacionários seja pelas dimensões ou fragilidade.
• Funcional:
o Processos similares são colocados lado a lado;
o O arranjo é determinado pelos recursos transformadores (departamentos);
o Os recursos transformados percorrem diferentes percursos através do sistema, de
acordo com os departamentos,tornando o fluxo complexo.
• Celular – Tenta equilibrar a flexibilidade do arranjo funcional à simplicidade do arranjo
linear:
o Os recursos transformadores são agrupados de forma a produzir famílias de
produtos;
o As células de produção (grupo de trabalhadores polivalentes) podem ser
distribuídas segundo um arranjo funcional ou linear.
• Linear:
o Os recursos transformados definem a localização dos recursos transformadores,
sendo dispostos na sequencia das atividades necessárias à produção;
o Fluxo claro e previsível.
2.5 Estratégia de Produção e Objetivos de desempenho
Os produtos (ou serviços) oferecidos por uma empresa podem ter seu desempenho
baseado fortemente em dois aspectos principais:
• Características do produto;
• Estratégia de produção.
Esses dois fatores são influenciados diretamente pelos objetivos de desempenho
adotados pela empresa, isto é, pela forma como esta deseja se diferenciar no mercado em que
atua, o que impacta diretamente sobre o sistema de produção. Os objetivos de desempenho
podem ser classificados com foco em:
• Qualidade: Está diretamente ligado à satisfação do cliente. Um produto focado em
qualidade atende ou supera o desejo (requisitos) do cliente. Compreende:
o Garantir que o produto atenda aos padrões de normatização específicos;
o Atingir às especificações do projeto;
o Fazer com que a expectativa do cliente seja assegurada com o fornecimento do
produto ou serviço
A busca pela Qualidade na produção reduz os desperdícios e os custos, aumenta a confiabilidade
e melhora as condições dos responsáveis pela produção.
• Rapidez: Representa a espera que existe entre a solicitação e a entrega do produto ou
serviço ao cliente. Quanto mais rápido o atendimento ao cliente maior a probabilidade de
compra. Na produção a rapidez nas operações internas reduzem os estoques e os riscos
em relação ao atendimento das previsões de demanda que têm um ciclo reduzido;
• Confiabilidade: Também está relacionado com a satisfação do cliente, que deve receber
exatamente aquilo que foi prometido, no tempo e quantidades programadas. A empresa
deve poder flexibilizar a produção de forma que:
o Possa introduzir novos bens ou serviços;
o Possa ter a capacidade de fornecer uma ampla gama de produtos;
8. o Garanta um nível adequado de fornecimento equilibrando as quantidades das
saídas de forma que a produção não fique ociosa e também não gere espera para
o cliente (filas);
o Tenha capacidade de mudar a programação de entrega garantindo o atendimento a
antecipações ou postergações da entrega.
• Flexibilidade: É a capacidade da empresa em mudar seu sistema de produção de forma
que:
o Possa introduzir novos produtos ou serviços;
o Fornecer ampla gama de produtos;
o Alterar os níveis de saídas do sistema (quantidades), atendendo demanda que
varia com o tempo;
o Possa alterar a programação de entrega para atender aos clientes.
• Custos: Quando a empresa se concentra em ter um produto com o menor custo possível,
possibilitando:
o Adoção de preços mais baixos;
o Obtenção de maiores lucros, principalmente com a escala de produção;
Para isso a empresa deve reduzir:
• Retrabalhos;
• Desperdícios;
• Estoques;
• Custos indiretos.
3. RESULTADOS
A Alliance Empreendimentos Imobiliários Ltda é uma empresa nova, fundada em 2008,
atuando no desenvolvimento de projetos, incorporação e construção de edifícios residenciais, com
atuação nos mercados da Paraíba e Rio Grande do Norte. É formada pela união estratégica entre
as construtoras Andrade Marinho, Atlanta, MB, Natal e Nordeste Construções, com o diferencial
de possuir uma diretoria administrativa profissional e filosofia de gestão baseada em governança
corporativa, cujas decisões estratégicas são tomadas por um Conselho Administrativo, formado
pelo Diretor Executivo e Sócios. As decisões táticas e operacionais são definidas em Comitês
multidisciplinares formados pelo Diretor Executivo e Gerentes.
3.1 Produtos oferecidos pela Alliance
A empresa oferece empreendimentos residenciais verticais focados nas classes A e B
(alta e média-alta). Atualmente possuí quatro obras em execução, além de dois lançamentos
prestes a iniciar e vários produtos e fase de pré-lançamento.
9. OBRAS EM EXECUÇÃO
Ultramare Class Club
Residence
Bairro do Altiplano - João Pessoa
(PB);
• Seis opções de
apartamentos de 125m2
até 175m2;
• Área total construída =
33.021,72 m2.
Luxor Cabo Branco
Bairro do Cabo Branco – João
Pessoa (PB);
• Seis opções de
apartamentos de 52,85m2
até 60m2;
• Área total construída =
4.821,75 m2.
10. OBRAS EM EXECUÇÃO
Aquamare Club Residence
Bairro do Altiplano – João
Pessoa (PB);
• Três opções de
apartamentos de 87m2
até 131m2;
• Área total construída =
25.615,95 m2.
Residencial Vivant
Bairro de Lagoa Nova – Natal
(RN).
• Nove tipos de
apartamentos de
141,60m2 até 270,39m2;
• Área total construída =
19.244,41 m2.
11. ÚLTIMOS LANÇAMENTOS
Vivant Club Residence
Bairro dos Estados – João
Pessoa (PB)
• Quatro opções de
apartamentos de
84,43m2 até
265,59m2;
• Área total
construída =
26.604,45 m2.
Luxor Paulo Miranda
Bairro do Cabo Branco –
João Pessoa (PB)
• Cinco opções de
apartamentos de
58,9m2 até 60,33m2;
• Área total
construída =
12.471,58 m2.
12.
13. 3.3 Componentes do sistema de produção do Ultramare
Visando alcançar um maior nível de controle do produto e melhoria do desempenho do
sistema produtivo o planejamento da construção do edifício Ultramare é baseado nos princípios da
construção enxuta (lean construction), sendo os principais:
• Reduzir:
◦ Parcela de atividades que não agregam valor;
◦ Variabilidade dos processos;
◦ Número de passos ou partes componentes de um processo (simplificação);
◦ Tempo de ciclo.
• Aumentar:
◦ Valor do produto através da consideração das necessidades do cliente (externo e
interno);
◦ Flexibilidade da saída;
◦ Transparência do processo.
A indústria da construção civil é um ramo de atividade cujo produto final, o edifício,
confunde-se com a fábrica. Sendo assim os insumos necessários a sua produção deslocam-se
pelo empreendimento, de acordo com a fase de execução, da fundação à coberta.
No caso estudado, o canteiro de obras do edifício residencial Ultramare Class Club
Residence, pode-se definir os principais componentes de seu sistema de produção como:
• Fronteira: é o que delimita a área de construção, nesse caso, os limites do terreno da
obra;
• Subsistemas: são as divisões entre as diversas partes da obra ou subsistemas
construtivos, cujas principais são:
◦ Fundações: define como o edifício será sustentado pelo solo de sua base. Na obra em
questão foram utilizadas estacas de concreto com blocos de coroamento;
◦ Superestrutura: é o esqueleto que sustenta todos os outros subsistemas, as pessoas e
bens localizados no edifício durante sua utilização. No Ultramare a estrutura é de
concreto armado;
◦ Vedações: são os fechamentos que protegem as pessoas e os bens do edifício das
intempéries e também servem para dividir as áreas independentes (apartamentos e
cômodos). Foram utilizadas paredes de alvenaria de blocos cerâmicos;
◦ Revestimentos: é o conjunto de técnicas e materiais utilizados para regularização e
acabamento das superfícies delimitadas pela superestrutura e vedações. Diversos
sistemas de revestimentos são utilizados no Ultramare, entre eles: pintura, placas
cerâmicas, pedras naturais e outros;
◦ Instalações: são os subsistemas responsáveis pelo fornecimento da infraestrutura
necessária à usabilidade do edifício, dentre os principais temos: instalações
hidráulicas, sanitárias, combate à incêndio, elétricas, telecomunicações entre várias
outras.
• Entradas: em um sistema complexo como um edifício existe um grande número de
entradas necessárias a sua execução, entre as principais estão:
◦ Projetos: são as representações gráficas necessárias para execução dos diversos
subsistemas do edifício;
◦ Matérias-primas: são os materiais que, ao serem transformados, geram os diversos
subsistemas do edifício, sendo alguns deles: agregados (areia, brita, etc.),
aglomerantes (cimento, cal, gesso, etc.), água, aço, entre tantos outros;
◦ Equipamentos: são as máquinas necessárias a execução das transformações na
matéria-prima;
14. ◦ Mão-de-obra: é a força de trabalho utilizada nas transformações dos diversos
subsistemas;
• Saídas: representam a conclusão das transformações dos diversos subsistemas, como:
◦ Paredes para o subsistemas de vedações;
◦ Estrutura de concreto;
◦ Revestimento cerâmico.
Na conclusão do processo a saída definitiva do sistema é o edifício concluído e pronto para a
utilização.
• Processamento: envolve as atividades desenvolvidas pelas interações dos diversos
subsistemas, transformando entradas em saídas. Isto é, é o processo envolvido em cada
um dos subsistemas que convertem o conjunto de entradas (projetos, matérias-primas,
equipamentos e mão-de-obra) nos resultados, ou saídas (estrutura, vedações,
revestimentos, etc.);
• Retro-alimentação: é a influência que as saídas do sistema exercem sobre suas entradas
no sentido de ajustá-las ao funcionamento do sistema. Essa retro-alimentação é
proporcionada pelo sistema de planejamento adotado pela empresa, baseado na filosofia
da construção enxuta (baseado no paradigma da lean production), onde os resultados das
análises de médio prazo sobre os pacotes de serviços (subsistemas) influenciam
diretamente no planejamento da próxima sequencia do edifício.
3.4 Classificação do sistema de produção quanto à função - Ultramare
As atividades da indústria da construção civil, como as executadas no canteiro do
Ultramare, segundo sua função, são basicamente de Manufatura, existindo uma transformação
na forma da utilidade dos recursos utilizados nos processo. Isto é, as entradas (projetos, matérias-
primas, mão-de-obra,...) são convertidas em uma edificação preparada para o uso ao qual se
destina (residencial, comercial, hospitalar,...) quando concluída.
Além dos subsistemas definidos anteriormente, os quais formam o sistema de produção
(fundações, superestrutura, vedações, revestimentos...) a obra interagem também com outros
subsistemas, tanto internos, da própria empresa, quanto externos, do seu ramo de atividade.
Esses principais subsistemas são:
• Subprocessos internos à empresa:
o Departamento Financeiro: responsável pelo equilíbrio do fluxo de caixa da
empresa, controlando os pagamentos referentes às compras de insumos para a
produção dos empreendimentos. É classificado como um subsistema de
Serviços;
o Departamento de Contas a Receber: Após fechado os contratos de venda emite
as cobranças dos clientes que compram as unidades habitacionais. Também
acompanham os processos e cobranças de clientes inadimplentes, garantindo a
receita necessária para a produção dos empreendimentos. É classificado,
também, como um subsistema de Serviços;
o Suprimentos: Coordena o abastecimento de insumos ao sistema de produção
dos empreendimentos, de acordo com o fluxo de caixa gerido pelo Financeiro.
Serve de intermediador entre os fornecedores e os gestores das obras. Como o
próprio nome do departamento, classifica-se como um subsistema de
Suprimentos;
o Gestão de Pessoas (RH): Recruta e treina a mão-de-obra necessária a
execução dos empreendimentos. É classificado como um subsistema de
Serviços;
o Departamento Técnico: Coordena as ações técnicas diretamente ligadas à
produção como a coordenação dos projetos dos empreendimentos, o
15.
16. Avaliando as características do gráfico, verifica-se que a atividade de construção
civil realizada no Ultramare enquadra-se no sistema de produção por Projeto, onde existe alta
variedade de produtos, tempo de set up/ operação, flexibilidade e dedicação dos recursos,
sendo que, ao mesmo tempo, ocorre um baixo volume de produção, baixa padronização e
ciclo de vida do produto.
3.6 Arranjo Físico – Layout – Ultramare Class Club Residence
Durante a vista à obra do Ultramare foi analisada a distribuição das instalações provisórias,
estoques de matérias-primas e localização dos principais equipamentos de transporte, segundo o
arranjo físico (layout) do canteiro apresentado na Figura 4.
Torre A
Torre B
1. Escritório e salas técnicas; 10. Fabricação de vergas – Torre A;
2. Banheiros e vestiários dos operários; 11. Fabricação de vergas – Torre B;
3. Almoxarifado; 12. Estoque de cimento;
4. Depósito de tijolos – Torre A; 13. Estoque de brita;
5. Depósito de tijolos – Torre B; 14. Estoque de areia;
6. Estoque de argamassa – Torre A; 15. Betoneira;
7. Estoque de Argamassa – Torre B 16. Elevador – Torre A;
8. Montagem de caixas elétricas – Torre A; 17. Elevador – Torre B;
9. Montagem de caixas elétricas – Torre B 18. Grua – Torre A;
19. Grua – Torre B
Destaca-se, observando o layout do canteiro, que existe apenas um centro de produção de
argamassa para as duas torres formado pela betoneira localizada no subsolo (15). Embora as
baias de agregados (13 e 14) e o depósito de cimento (12) estejam próximos ao equipamento
(distancia máxima de 10m para o depósito de cimento), verifica-se que essa central está distante
dos elevadores de carga (32m para a Torre A e 33m para a Torre B), ocasionando problemas de
espera das equipes de trabalho de execução de alvenaria e revestimento interno em argamassa
17. (reboco), pois esses materiais competem pelo transporte vertical dos elevadores com outros
materiais, como revestimento cerâmico e materiais para instalações.
Embora o argamassa para contrapiso seja executada na mesma central, o problema de
transporte vertical é reduzido pois esse material é transportado pelas gruas que, no caso da Torre
A, consegue alcançar o material diretamente no ponto de mistura, levando-o até o pavimento de
aplicação onde é descarregado sobre plataformas. Como a grua da Torre B não alcança a central
de produção, existe um componente de transporte horizontal até que o material chegue em seu
raio de alcance. Além disso, a carga máxima da grua da Torre B é cerca da metade da grua da
Torre A, o que faz com que a mesma quantidade de material leve mais que o dobro do tempo para
ser transportado até o pavimento de trabalho da Torre B.
Todos esses fatores, além da competição pelo uso dos elevadores para transporte da
mão-de-obra que, por norma (NR-18), não pode ser executado simultaneamente ao transporte de
materiais, ocasionam problemas de abastecimento e esperas desnecessárias às equipes de
trabalho, gerando desperdício de tempo. Esses problemas já foram identificados pela equipe
administrativa da obra através de seu planejamento. Algumas soluções estão sendo postas em
prática como:
• Horário de trabalho da equipe da betoneira e dos guincheiros iniciando uma hora
antes das demais equipes para garantir o abastecimento de argamassa no início da
jornada;
• Os tijolos para execução da alvenaria estão sendo armazenados nos pavimentos
de trabalho após o horário normal do expediente e em sábados alternados;
• Conscientização dos operários que trabalham nos pavimentos inferiores que
utilizem as escadas para deslocamento, evitando o uso dos elevadores;
• Além disso a administração da obra está orçando a locação de mais um elevador
para cada
torre.
A obra encontra-se com os seguintes serviços principais em execução:
• Estrutura de concreto;
o Montagem de fôrma;
o Montagem de armadura;
o Concretagem.
• Execução de vedações em alvenaria;
• Execução de contrapiso;
• Revestimento interno em argamassa (reboco);
• Revestimento cerâmico interno;
• Tubulação elétrica e de telecomunicações;
• Tubulação hidráulica e sanitária.
Como se vê a execução da estrutura de concreto é dividida em três subprocessos. O
processo de montagem de formas é executado sempre entre os dois últimos pavimentos, quando
a forma é desmontada do pavimento inferior, transportada para o pavimento superior e
remontada. Todo o transporte desse material é realizado pelas gruas.
O corte e dobra das armaduras de aço é executado em um galpão em frente ao canteiro
de obras. Para que as peças cheguem até o alcance das gruas, que as levam para serem
montadas definitivamente no pavimento de trabalho, é necessário que os operários atravessem a
rua, percorrendo um distância superior a 40m. Essa etapa do transporte poderia ser evitada se o
aço estivesse depositado no próprio canteiro. Por uma decisão estratégica da empresa todo o aço
18. para execução da obra foi comprado antes de seu início, garantindo um preço de compra
competitivo. Infelizmente, nessa época, a escavação do canteiro de obras não havia sido
executada, o que não permitia o descarrego do aço no canteiro. Dessa forma todo o transporte
das armaduras tem sido prejudicado.
A concretagem é executada com concreto usinado, comprado pronto, transportado até a
laje de trabalho por uma bomba da concreteira. O processo de espalhamento e acabamento da
superfície é realizado pelos próprios operários da obra.
De forma similar, os materiais utilizados nos serviços de execução de alvenaria,
contrapiso, reboco, revestimento cerâmico e instalações são armazenados no subsolo,
transportados até os pavimentos de trabalho onde são processados e aplicados.
Percebe-se, então, que a mão-de-obra e os equipamentos necessários a produção se
deslocam enquanto o produto acabado (o edifício) permanece fixo, devido a suas grandes
dimensões. Essas características são compatíveis com o arranjo físico do tipo Posicional.
3.7 Estratégia de Produção e Objetivos de Desempenho da Alliance
Pelo mix de produtos da empresa, focados no mercado de padrão elevado, é natural que
as características mais valorizadas pelos clientes sejam:
• Qualidade: A execução do produto deve oferecer a melhor experiência de utilização ao
usuário final, garantindo um ótimo acabamento e apresentando o mínimo possível de
problemas pós-entrega;
• Confiabilidade: O longo tempo de ciclo para execução do produto pode gerar incertezas
para o cliente. Dessa forma, a certeza da entrega do empreendimento como especificado,
no prazo garante a satisfação do cliente e abre caminho para outros negócios futuros;
• Rapidez: Com o aquecimento do mercado, ter o produto pronto para entrega em no menor
prazo garante a empresa a capacidade de aproveitar novas oportunidades de negócio,
além de proporcionar um fluxo de trabalho constante para sua mão-de-obra e superar a
expectativa do cliente.
A partir de fevereiro de 2010 a Alliance iniciou um planejamento estratégico visando
orientar suas decisões de forma a garantir uma posição de destaque no mercado em que atua.
Esse planejamento engloba:
• Análise do ambiente interno:
• O negócio da empresa:
◦ Definição;
◦ Abrangência;
◦ Foco estratégico.
• Os fatores que os clientes mais valorizam nos produtos da empresa:
◦ Localização;
◦ Concepção e conceito;
◦ Credibilidade e segurança;
◦ Qualidade e apresentação do produto.
• O que a empresa pode agregar de valor aos clientes:
◦ Processos;
◦ Organização;
◦ Melhoria do atendimento e relacionamento com o cliente.
• Análise do ambiente externo;
◦ Concorrentes.
• Pontos fortes e oportunidades;
19. • Pontos fracos e ameaças;
• Definição da Visão, Missão e Valores da empresa;
• Estratégia competitiva da empresa baseada na Qualidade e Diferenciação, cujos objetivos
principais são, entre outros:
◦ Garantir a Qualidade do produto, através da:
▪ Padronização dos processos e implementação de um sistema de gestão da
qualidade;
▪ Implementar programa de treinamento de mão-de-obra;
◦ Garantir a Confiabilidade do processo, pela definição da sistemática para
planejamento e acompanhamento do desenvolvimento do produto;
◦ Garantir a Rapidez no ciclo do produto através do aprimoramento dos cronogramas
dos empreendimentos baseados em experiências acumuladas.
Essas ações fortaleceram o planejamento dos empreendimentos, e iniciaram um
processo de implantação do Sistema de Gestão de Qualidade, baseado na certificação do
Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), através da:
• Documentação e padronização dos processos relacionados às obras e ao
escritório
• Treinamentos de mão-de-obra;
• Estudo aprimorado do arranjo físico dos canteiros, garantindo um fluxo contínuo
do trabalho;
• Melhoria da visão sistêmica do processo produtivo focado na eliminação dos
desperdícios, em todas as suas categorias:
◦ Superprodução;
◦ Estoque;
◦ Espera;
◦ Transporte;
◦ Movimentação;
◦ Defeito;
◦ Processamento desnecessário;
◦ Improvisações.
• Uso de melhores técnicas de execução de serviços.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através das observações realizadas na visita ao canteiro de obras do Ultramare pôde-se
verificar parte dos subsistemas relacionados a produção do edifício, e a interdependência entre
eles. Com isso foi possível a classificação do sistema de produção da obra. Pontos importantes
como a interação entre os setores da empresa e o levantamento dos objetivos de desempenho
ajudaram a equipe a ter uma visão global do indústria da construção civil, especificamente da
prática realizada em nossa região.
Em um produto tão complexo e com um tempo tão longo de ciclo quanto um edifício se
torna impossível estudar todos os subsistemas participantes no curto período de tempo do
trabalho. Mas, mesmo assim, foi possível alcançar o objetivo de classificar o sistema de produção
utilizado na indústria da construção.
Um trabalho prático é sempre mais interessante para o aprendizado do grupo pois ilustra e
consolida os conhecimentos adquiridos em sala de aula. Fica a sugestão de convidar gestores
representantes dos diversos setores da indústria para um seminário na própria sala de aula, de
uma ou duas seções, apresentando suas experiências e desafios futuros de seus respectivos
setores.
20. 5. BIBLIOGRAFIA
PINTO, Marcel G. Conceitos de Sistema e Sistemas de Produção. Apresentação de
slides – Departamento de Engenharia de Produção/ UFPB, João Pessoa, 2010.
PINTO, Marcel G. Classificação dos Sistemas de Produção. Apresentação de slides –
Departamento de Engenharia de Produção/ UFPB, João Pessoa, 2010.
PINTO, Marcel G. Objetivos de Desempenho. Apresentação de slides – Departamento
de Engenharia de Produção/ UFPB, João Pessoa, 2010.
RODRIGUES, Alana A. O Projeto do Sistema de Produção no Contexto de Obras Complexas.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – PPGEC/ UFRGS, Porto Alegre, 2006.
FORMOSO, Carlos T. Lean Construction: Princípios Básicos e Exemplos. Artigo – NORIE/
PPGEC/ UFRGS, 2002.
HENRICH, G.; SANTOS, A.; KOSKELA, L. Teoria e Métodos Para Gestão da Produção na
Construção. Artigo – Departamento de Design/ Núcleo de Design e Sustentabilidade/ UFPR.
KOSKELA, L. Making-Do – The Eighth Category of Waste. Artigo, 2006.