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UNIDADE 2
ACERCA DO DESENHO: CONCEITO E ÊNFASE
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de:
	identificar a importância do desenho manual para os profissionais
que trabalham com criatividade e desenvolvimento de produtos;
	instrumentalizar o aluno à linguagem do desenho utilizando
para isso os recursos da representação gráfica e dos materiais
expressivos.
TÓPICO 1 – Acerca do Desenho
TÓPICO 2 – Técnicas básicas de Esboços
TÓPICO 3 – a PERSPECTIVA
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada
um deles, você encontrará atividades que o levarão a exercitar os
conhecimentos adquiridos.
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Acerca do Desenho
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 1
UNIDADE 2
O desenho é uma forma de linguagem expressiva já utilizada nos primórdios dos
tempos quando o homem incluía-o nos rituais de inscrições rupestres, como forma de retratar
seu cotidiano.
O artista renascentista Leonardo da Vinci (1452-1519), considerado, por muitos
historiadores, um dos homens mais criativos dos últimos tempos, em suas pesquisas de
anatomia humana utilizava o desenho para registro de seus estudos. “Baseado no estudo do
funcionamento do olho humano e do papel da luz na percepção visual, Da Vinci via o desenho
e a pintura como uma representação racional da experiência visual e da experiência em geral,
que ele considerava a base de qualquer conhecimento”. (GALILEU, 2004, p. 25).
O designer da emissora de televisão “Globo”, Hans Donner (1948-) é considerado por
muitos profissionais da área o “mago dos efeitos especiais”, pelo uso criativo das tecnologias de
filme, vídeo e computação. Ele é o responsável pelas vinhetas e peças de abertura de muitos
programas desta emissora e desenvolveu a logomarca da “Rede Globo”, rabiscando-a em um
guardanapo de papel, utilizando o recurso do desenho à mão livre.
Donner afirma em entrevista à revista Design Gráfico (1998, p. 20): “Não quero ser a
pessoa que lê manuais e fica ligado aos botões. Sou o criador, o designer gráfico. O homem
do lápis e do papel”.
Outra expressiva personalidade no cenário nacional e internacional, que utiliza o
desenho manual em seu trabalho, é o arquiteto Oscar Niemeyer (1907-). Considerado o mais
importante arquiteto brasileiro deste último século, em função da quantidade e qualidade de
obras construídas. Ele aventura-se nos rabiscos gráficos para desenvolver suas criações de
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linhas puras, simples e elegantes. Sua primeira concepção da ideia é captada e registrada em
traços elaborados manualmente.
Podemos perceber que na vida prática de vários profissionais como: artistas plásticos,
engenheiros, arquitetos, estilistas, enfim, designers de todas as áreas; resolvem muitos
problemas com a utilização do desenho à mão livre como ferramenta para registro de esboços,
ideias e criações.
No repasse de ideias, o desenho não é a única forma de difusão. Pode-se utilizar a
verbal, a gestual ou até outros meios como a colagem etc. O importante é saber transmitir
essas informações, porém o desenho é a ferramenta mais versátil para se exteriorizar algo.
Talvez, pelo seu fácil e rápido manuseio, sua habilidade de organizar formas, sua capacidade
de comunicar ideias, o desenho seja, provavelmente, a ferramenta mais importante para o
designer.
O profissional que utiliza o desenho como meio de transmissão de informação desenvolve
sua capacidade de percepção das diferentes opções gráficas, de forma mais rápida, mais prática
e, porque não, mais econômica.
Vamos entrar na área de desenho, efetivamente. Nesta
unidade, além de conceituar, pretende-se mostrar os materiais
expressivos e noções preliminares na representação gráfica.
Mãos à obra!
2 Conceito de Desenho
Desenho é uma forma de linguagem expressiva já utilizada pelos homens das cavernas
nos primórdios dos tempos. Pode-se dizer que é a interpretação e a comunicação de impressões
da realidade, sejam elas visuais, emocionais, psicológicas ou intelectuais.
Geralmente, os nossos pensamentos diários são lógicos e racionais. Mas para o
desenho, esta aplicabilidade racional pode nos conduzir a erros de interpretação na transposição
do real para o gráfico. Pode haver distorções na representação gráfica, pois, muitas vezes,
para retratar a realidade utilizamos de artifícios como luz e sombra, perspectivas e outros meios
para espelhar esta verdade.
A prática do desenho é, por excelência, a prática do pensamento analógico,
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ou seja, de comparações. Comparam-se diferentes tamanhos, espaços e
formas, claro e escuro. O desenho é feito de contrastes. É desta forma que
decodificamos o mundo tridimensional e o interpretamos de forma bidimen-
sional. (HALLAWELL, 1994, p. 11).
O desenho é um dos instrumentos usados pelo ser humano para expressar seu
pensamento de modo gráfico. Segundo Martin (1987, p. 12), ele “é a projeção normativa de
toda a configuração do Universo, no que é dado ao homem relacionar-se com o sentido de
toda e qualquer forma que o exprima por meio de linhas”. Então, a representação gráfica é a
arte de reproduzir os objetos por meio de linhas, sombras, manchas e ou tintas.
O exercício sistemático desse tipo de expressão nos dá condições de discernir e expandir
o conhecimento e a consciência crítica sobre, por exemplo, a qualidade, a funcionalidade e
a estética dos ambientes que nos abrigam, dos artefatos que nos servem e das mensagens
com que nos comunicamos.
Podemos então concluir que, para o designer, desenhar é um meio para exteriorizar
pensamentos, expor conceitos e comunicar informações aos responsáveis pela fabricação
(desenvolvimento) de um determinado produto como, também, é um recurso para documentar
e registrar suas próprias ideias e criações. Além de propiciar um aumento de seu repertório
visual e criativo.
3 Importância do Desenho
Muitos educadores expõem, em suas pesquisas, que o estudo do desenho é uma
prática que foi se perdendo no ensino de nível médio e superior, no decorrer dos anos. Hoje,
avaliam os estudiosos, que há um resgate deste assunto no cenário da educação. Percebe-se
sua importância para uma educação artística completa, pois é tendo o domínio das técnicas
do registro gráfico que o aluno consegue extravasar sua criatividade, exteriorizar suas ideias
com total liberdade e estimular o desenvolvimento do seu lado lúdico.
No exercício do desenho de observação desenvolve-se o pensamento analógi-
co e concreto, o senso de proporção, espaço, volume e planos.Asensibilidade
e a intuição são aguçadas enquanto se passa a apreciar melhor os outros
elementos da linguagem gráfica: textura, linha, cor, estrutura e composição.
(HALLAWELL, 2006, p. 9).
O aluno que exercita a observação para a representação gráfica desenvolve uma
“maneira” diferenciada de olhar, analisar e pensar. O aprendiz tem a possibilidade de desenvolver
sua sensibilidade, criatividade, tornando-se também mais crítico a sua realidade.Acaba também
por aplicar estes desenvolvimentos em outras áreas de sua vida (profissional e pessoal).
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Sendo o desenho uma ferramenta educacional que abarca, não só a expressão artística
em si, mas tudo que seu ensino pode desenvolver no aprendiz como: enriquecimento emocional,
intelectual, criativo e espiritual; ela é de suma importância para o desenvolvimento do aluno.
Por isso, a relevância de salientar as múltiplas possibilidades proporcionadas pelo ensino do
desenho não só no meio acadêmico.
Muitos pesquisadores acreditam que o lado esquerdo do cérebro é o dominante. É o
hemisfério mais estimulado e desenvolvido pelo ser humano e um dos fatores que confirmam
nesta afirmativa é a ênfase que a educação tradicional aplica em sua estrutura curricular.
Esta, segundo Hallawell (2006, p. 10) privilegia “a lógica, a racionalidade, a abstração, o
simbolismo, o pensamento linear, minucioso e analítico, e a concepção verbal, digital-aritmética
e temporal”.
O lado direito do cérebro privilegia o pensamento concreto, dados globais e perspectivos,
ele “trabalha com outros atributos, menos importantes para nossas atividades diárias: analogia,
síntese, intuição, conceitos concretos, espaciais, geométricos e holísticos”. (EDWARDS, 2004,
p. 21-22).
Hallawell (2006) enfatiza que no ato desenhar, para se ter um bom resultado, necessitamos
pensar concretamente e não abstratamente ou simbolicamente, como de hábito.
Normalmente, avistamos alguns detalhes significantes que nos dão as infor-
mações mínimas de que precisamos para decifrar aquilo que estamos vendo.
Quando desenhamos, essas informações são insuficientes, então precisamos
aprender a ver mais concretamente. (HALLAWELL, 2006, p. 10).
Sinteticamente o lado esquerdo do cérebro nos exige o resultado final de um desenho.
O lado direito ativa o processo de execução. Portanto, o desenho de observação estimula esse
tipo de pensamento sendo um excelente instrumento educacional, pois ajuda a desenvolver a
expressão, a sensibilidade e intuição e a criatividade do aprendiz.
IMPORTANTE!
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Parafraseando Marmo; Marmo (1976, p. 9): todo o conhecimento,
e isto se aplica ao aprendizado do desenho, é digno de ser
assimilado para que possamos, cada vez mais, aprimorar:
o senso de organização, adestrar o raciocínio, exercitar a
tranquilidade interior, e, principalmente, aprimorar a nossa
condição humana.
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4 Materiais Expressivos
Existem várias técnicas utilizadas para o desenho e para cada uma delas há um material
específico. O material escolhido depende do que se pretende realizar, se meros estudos ou
algo mais profissional e elaborado. Lembrando que é importante identificar a técnica que se
vai desenvolver para a escolha do material adequado.
Há no mercado diversas marcas e modelos dos materiais que utilizaremos no curso. A
escolha é opção do interessado, porém, vale a pena ressaltar a importância de se adquirir um
material de qualidade para produzir trabalhos com bons resultados. A seguir a relação desses
elementos:
•	 Lápis de grafite macio para desenho B, 2B, 4B e 6B (conforme figura 54, item 1 e 2,
preferencialmente), lápis de grafite puro (item 3), porta-minas para minas macias (ítem 4),
pau de grafite (ítem 5).
•	 Esfuminhos (conforme Figura 54 itens: 6 e 7) de duas ou mais grossuras (nº 2 e nº 6,
preferencialmente).
•	 Folhas sulfite e lay out no tamanho A4 e de gramatura entre 80 a 180 mg.
•	 Borracha (conforme Figura 55) - existem diferentes tipos: maleáveis (item 8), compacta de
plástico e goma (item10), mas utilizaremos, preferencialmente, aquelas incorporadas num
porta-minas (item 9).
•	 Apontador e estilete (Figura 56).
•	 Tesoura e régua (Figuras 56 e 57).
•	 Afiador de grafite ou apara-lápis (Fig. 58).
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FIGURA 54 – LÁPIS
Fonte: Parramón (1997, p. 31).
FIGURA 55 – BORRACHA
Fonte: Parramón (1997, p. 31)
IMPORTANTE!
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Na Figura 55, o item 11 apresenta as 19 graduações dos lápis
de qualidades superiores, com a série de lápis macios (B) e
duros (H).
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FIGURA 56 – ACESSÓRIOS
FONTE: Parramón (1997, p. 11-17)
FIGURA 57 - RÉGUAS
FONTE: Parramón (1997, p. 11-17)
FIGURA 58 – APARA LÁPIS
FONTE: Hallawell (2006, p. 63)
Os lápis podem afiar-se com apara-lápis (Figura 58), estilete (Figura 56, item 3) ou
apontador (Figura 56, item 1). As pontas podem ser feitas mais finas (Figura 59, item 1 e letra
A) ou mais grossas (item 1 e letra B), dependendo do que se pretende desenhar.
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FIGURA 59 – TIPOS DE TRAÇOS
FONTE: Parramón (1997, p. 32)
Analisando as imagens da figura anterior, percebem-se os vários tipos de traços
conseguidos com pontas distintas, do mesmo lápis. A imagem 2 mostra o traço fino, obtido
com o lápis virado em sentido contrário à cunha da mina. Na imagem 3, percebe-se a largura
do traço de um lápis segurado da maneira habitual, com uma inclinação de 45 graus. Já, a
imagem 4, demonstra que para intensificar o traço, enquanto se desenha, basta girar o lápis
sobre si mesmo.
Com o lápis dentro da mão, conforme imagem 5, pode-se incliná-lo mais, desenhando
com a ponta em forma de cunha e alargando o traço. Segurando um pedaço de barra de grafite
na horizontal, imagem 6, pode-se desenhar grisés e degradês, amplos e regulares.
5 Rudimentos do Desenho
Pode-se dizer que o desenho é a arte de criar e representar formas em superfícies,
por meio de pontos, linhas e manchas e tendo como suporte vários materiais como o papel e
o grafite.
O desenho é resultado da criação direta do artista, ele não transita nenhum meio de
manipulação mecânica como a litogravura e a litografia. Também não pode ser considerada
uma pintura, pois ela tem como característica o emprego de tinta sem a definição da figura.
Sendo que o contorno das formas é uma particularidade marcante da representação gráfica,
do desenho.
A elaboração de um desenho se torna mais fácil quando se conhecem os rudimentos
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IMPORTANTE!
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da geometria, como as linhas e as formas geométricas, a base fundamental da arte de
desenhar.
O desenvolvimento de um esboço, no desenho de observação, fica mais simples quando
o artista procura pontos de apoio, traça linhas imaginárias situando formas e começa um estudo
preliminar daquilo que depois lhe servirá para desenvolver a proporção e o encaixe do todo.
A qualidade da linha do desenho é um elemento importante
da obra final. As linhas podem ser grossas ou finas, retas
ou onduladas, com uma diversidade ilimitada. [...] O peso
e a grossura, sua fluidez e seu caráter experimental, sua
continuidade ou descontinuidade, tais artifícios podem criar
ilusões visuais eficazes no desenho. (PARRAMÓN, 2007, p.
75).
5.1 Treinamento da visão
Um dos pontos fortes na elaboração de um desenho de observação é, justamente, ter
um olho treinado para poder apreender no papel as dimensões e as proporções da imagem
analisada.
Calcula-se mentalmente a altura e a largura real dos objetos. Comparam-se distâncias
com outras, procuram-se pontos de referências que servirão de linhas básicas para se esboçar
as linhas imaginárias determinando a posição de algumas formas em relação a outras.
Demonstraremos alguns exercícios para o treinamento do olhar. Estes exercícios podem
ser reelaborados de muitas e variadas formas. O importante é saber que esta prática será
importante para o seu aprimoramento na arte de desenvolver desenho de observação.
1 Trace uma linha horizontal, de uns vinte centímetros de longitude e, a olho nu, divida-a
em duas, mediante um traço no seu centro.
FIGURA 60 – LINHA HORIZONTAL (20CM)
FONTE: O autor
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2 Trace uma linha horizontal de uns dez centímetros e, ao seu lado (não embaixo), trace
a olho, outra linha de igual comprimento.
FIGURA 61 – LINHA HORIZONTAL (10CM)
FONTE: O autor
3 Trace uma linha horizontal, aproximadamente de uns quinze centímetros de longitude
e, ao seu lado, outra, medindo a metade da primeira.
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FIGURA 62 – LINHA HORIZONTAL (15CM)
FONTE: O autor
Primeiro realize cada exercício demonstrado anteriormente e,
depois, comprove se errou por uma grande diferença ou por
pouca, no seu cálculo mental. Há vários tipos de exercícios para
treinar o olhar, ouse e crie outros. Lembre-se que só o treino
o ajudará a desenvolver a prática do desenho.
5.2 FIRMEZA NO TRAÇADO
Um dos obstáculos de um aprendiz ao começar um desenho talvez seja a dificuldade
de realizar um traçado seguro e contínuo. O iniciante geralmente tem o hábito de desenvolver
em seus esboços traços curtos, sucessivos e felpudos como demonstra a figura a seguir na
imagem 1. Isto acontece porque ele levanta o lápis sucessivas vezes deixando uma linha
descontínua e imprecisa. O correto é desenvolver traços precisos, firmes e contínuos sem
sobressaltos como ilustra a imagem 2.
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FIGURA 63 – TRAÇADOS
FONTE: O autor
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Este exemplo especificado na figura a seguir, imagem 1, mostra a representação de
um quadrado desenvolvido com linhas entrecortadas e pouco contínuas deixando o desenho
poluído e pouco agradável. A imagem 2 já apresenta um desenho de um quadrado com formas
bem definidas obtida através de traços contínuos.
FIGURA 64 – QUADRADOS
FONTE: O autor
Parramón (2007, p. 76) aponta que para não acontecer de se
desenvolver linhas descontínuas não se deve apoiar a mão
no papel como se estivesse escrevendo. A mão que desenha
não deve descansar no papel, mas correr e deslizar roçando,
acariciando a superfície, com maior ou menor rapidez, mas
sempre com vivacidade
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Demonstraremos alguns exercícios para o treinamento e aprimoramento do traçado.
Estes exercícios podem ser reelaborados de muitas e variadas formas. O importante é saber
que esta prática será importante para o seu aperfeiçoamento na arte de desenvolver desenho
de observação.
Afigura a seguir e a imagem 1 apresentam um exercício elaborado para o treinamento do
traço contínuo. O aluno vai desenvolver dentro de um quadrado linhas contínuas representadas
na horizontal (A) e na vertical (B). O detalhe é deixar a mesma distância entre uma repetição e
outra. Este mesmo exercício pode ser desenvolvido para o outro lado conforme imagem 2.
FIGURA 65 – EXERCÍCIO DE LINHAS
FONTE: O autor
Outro exercício para o desenvolvimento de linhas contínuas é representar uma série
de traçados paralelos e em diagonal (A) de mesma distância, conforme imagem 1, dentro de
um espaço delimitado como o exemplo apresentado na figura a seguir. Este treinamento pode
ser realizado também para o outro lado como mostra a imagem 2.
FIGURA 66 – EXERCÍCIO DE LINHAS INCLINADAS
FONTE: O autor
Neste próximo exercício ilustrado na figura a seguir, imagem 1, representamos uma
tela riscando linhas horizontais e verticais. Iniciamos o trabalho desenhando primeiramente a
série de linhas horizontais posteriormente cruzamos traçando as linhas verticais. O afastamento
entre as linhas (horizontais e verticais) precisam ser o mais regular possível. O detalhe é não
movimentar a folha mantendo-a em posição retrato (vertical). Este mesmo exercício pode ser
desenvolvido a partir do desenvolvimento de linhas inclinadas conforme imagem 2.
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FIGURA 67 – EXERCÍCIO DE LINHAS EM FORMA DE TELA
FONTE: O autor
5.3 HACHURAS
Hachura é uma técnica empregada no desenho onde se vale da representação de
várias linhas retas e ou curvas desenvolvidas de forma paralela. Às vezes, estas linhas são
realizadas mais próximas uma das outras, outras vezes não dependendo do efeito de sombra
ou meio tom que se deseja criar.
Há vários tipos de hachuras como a paralela, de linhas grossas, as cruzadas, oblíquas
etc.. A figura a seguir mostra um estudo de hachuras de vários tipos:
FIGURA 68 – TIPOS DE HACHURAS
FONTE: Parramón (2007, p. 70-71)
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A figura a seguir apresenta outros estudos de hachuras.
FIGURA 69 – HACHURAS
FONTE: Disponível em: <http://artemarcello.arteblog.com.br/285413/Estudos-de-
Hachuras/>. Acesso em: 29 abr. 2011.
A figura a seguir mostra um desenho todo representado através do uso da técnica da
hachuras.
figura 70 – RETRATO, 2005. GRAFITE
FONTE: Mozart (2005, p. 49)
Leonardo Da Vinci (1452-1519), artista renascentista, utilizava de esboços preliminares
para realizar suas obras. E muitos destes estudos ele se valia da técnica da hachura para
desenvolver o claro-escuro. Na figura a seguir, imagem 1, percebemos um esboço feito pelo
artista para a representação do rosto do anjo para a primeira versão da obra “A Virgem dos
Rochedos”, imagem 2.
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FIGURA 71 – A VIRGEM DOS ROCHEDOS, DE 1480
FONTE: Mannering (1981, p. 34)
A figura que segue apresenta um exercício elaborado para o treinamento da técnica da
hachura. O aluno desenvolve um esboço de um círculo (imagem 1) que é uma figura geométrica
de fácil representação. A imagem 2 demonstra o posicionamento da sombra, respeitando a
luminosidade que incide do lado esquerdo. Já a imagem 3 mostra a finalização do desenho
com a intensificação da hachura desenvolvidas com linhas reta e curvas transformando-o em
uma esfera.
FIGURA 72 – EXERCÍCIO COM A TÉCNICA DE HACHURA – ESFERA
FONTE: O autor
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Lembrando que a luz incide do lado esquerdo e acima do círculo
conforme exemplificado na figura anterior, a incidência de linhas
vão se acumular do lado oposto. Este mesmo exercício pode ser
desenvolvido tendo como base outras formas geométricas.
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5.4 Linhas Geométricas
Sendo a base do desenho, as linhas nos auxiliam na sua construção. Elas estão
presentes em todas as representações gráficas e podem ser horizontais, inclinadas, oblíquas,
paralelas, sinuosas, verticais, perpendiculares e pontilhadas. Analise a figura a seguir.
FIGURA 73 – TIPOS DE LINHAS
FONTE: O autor
Waldemar Cordeiro um dos precursores do concretismo no Brasil se valeu de linhas
retas e cores para desenvolver sua obra conforme figura a seguir. Outros artistas também se
utilizam de linhas para desenvolver seus trabalhos.
FIGURA 74 – WALDEMAR CORDEIRO. IDEIA INVISÍVEL, 1955. TINTA
E MASSA SOBRE AGLOMERADO, 60X61CM.
FONTE: Garcez; Oliveira (2006, p. 136)
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DICAS!
Atividades Complementares
Para se desenvolver a destreza de um bom traço é importante
treinar a representação das linhas em vários sentidos, como as
demonstradas na figura a seguir. A partir deste exemplo, faça
treinamentos representando graficamente várias linhas como:
horizontal, inclinada, oblíqua, paralela, vertical, perpendicular,
pontilhada e sinuosa. Crie outros exercícios e não use borracha,
pois o objetivo desta dinâmica é soltar o traço. Utilize lápis 6B
e folha sulfite em formato A4.
FIGURA 75 – QUADRO DE TREINAMENTO DE LINHAS
FONTE: O autor
5.5 Formas Geométricas
O estudo do desenho geométrico é a base imprescindível para estudar os demais tipos
de desenho como: técnico, moda, observação etc. Qualquer objeto pode ser convertido em
uma forma geométrica a partir de esboços de linhas iniciais.
Ao compor um desenho, preliminarmente, pode-se representá-lo utilizando figuras
geométricas. Estas figuras funcionam como esboços iniciais, que auxiliam na projeção de sua
concepção final. Atualmente, o estudo da geometria aplicado ao desenho é indispensável para
as diversas áreas técnicas ou artísticas.
Pode-se trabalhar a mente a se habituar a visualizar, nas imagens que nos rodeiam,
as formas geométricas. Este, geralmente, não é um procedimento espontâneo, mas se torna
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rotineiro com o tempo, à medida que treinamos o olhar, facilitando assim ao desenhista
desenvolver seus esboços com mais facilidade e rapidez.
Afigura a seguir mostra algumas formas mais convencionais em geometria: os polígonos.
Elas nos auxiliam na construção dos esboços preliminares de um desenho.
FIGURA 76 – POLÍGONOS
FONTE: O autor
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Lembrando que polígono é uma figura geométrica plana
formada por três ou mais segmentos de reta (fechadas) que
se intersectam dois a dois. Por exemplo, o hexágono é um
polígono de seis lados. A palavra “polígono” advém do grego,
poly é muitos e gon significa ângulos.
É importante guardar de memória, não só os nomes das figuras, mas, principalmente,
os diferentes aspectos com que se apresentam graficamente.As formas das diversas gravuras,
apresentadas na figura a seguir, são chamadas de sólidos e são de grande importância para
o desenho, pois são elas que servem de base para se desenvolver volumes.
FIGURA 77 – SÓLIDOS
FONTE: O autor
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IMPORTANTE!
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Um sólido geométrico é uma região do espaço limitada por
uma superfície fechada. Há dois tipos de sólidos geométricos:
os poliedros (Ex.: tetraedro, cubo, octaedro, dodecaedro,
icosaedro) e os não poliedros (Ex.: esfera, cone e elipse).
DICAS!
A Google adquiriu um software chamado de “sketchUp”, tendo
disponível em versão gratuita para uso comercial. Com este
programa pode-se criar projetos arquitetônicos, criações de
desenhos em duas ou mais dimensões, podendo torná-los
tridimensionalmente visuais. Ferramenta que pode ser explorada
com alunos do Ensino Médio.
Na representação inicial de um desenho, utiliza-se a conjugação de linhas e formas.
Conforme ilustra a figura a seguir, extraída do livro de Wong (2001), uma linha pode ser
determinada por uma série de pontos, (item A). Um plano pode ser representado por uma série
de linhas, (item B). Um volume pode ser representado por uma série de planos (item C).
FIGURA 78 – PONTOS, LINHAS, PLANOS E VOLUMES
FONTE: Wong (2001, p. 247)
Na figura a seguir podemos reconhecer, nos diversos temas, várias formas geométricas
puras: na cabeça da mulher, por exemplo, é possível reconhecer uma esfera, na janela um
quadrado, na superfície da composição do abajur e do vaso pode-se perceber um trapézio. A
cúpula do abajur foi construída a partir da representação de um cone.
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FIGURA 79 – RECONHECIMENTO DAS FORMAS GEOMÉTRICAS NAS IMAGENS
FONTE: Escola de Arte: teoria e técnica. São Paulo: Globo, 1998. p. 7.
A obra mostrada na figura que segue, de Alfredo Volpi (1896-1988), sinaliza uma forma
geométrica abstracionista. Este, a partir de elementos muito simples da realidade, compunha
imagens coloridas bastante agradáveis visualmente.
FIGURA 80 – VOLPI. FACHADA COM BANDEIRINHAS, 1950 (DETALHE).
DIMENSÕES: 73X1,16 CM. COLEÇÃO PARTICULAR
FONTE: Proença (2006, p. 209)
Você pode se valer das formas simples e geométricas das
obras de Afredo Volpi para treinar o traço. Selecione uma
de suas pinturas e reproduza-a utilizando apenas o grafite
e representando apenas as formas, sem desenvolver a
pintura.
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DICAS!
Atividades Complementares
Seguindo a linha de pensamento que para se desenvolver a
destreza de um bom traço é importante treinar, vamos nos
exercitar representando graficamente várias formas geométricas
apresentadas na figura 76, como: triângulo, quadrado, retângulo,
paralelogramo, losango, trapézio, pentágono, hexágono entre
outras. Tente desenvolver traços contínuos, decididos, rápidos.
Crie outros exercícios e não use borracha, pois o objetivo desta
dinâmica é soltar o traço. Utilize lápis 6B e folha sulfite em
formato A4.
LEITURA COMPLEMENTAR
INTRODUÇÃO AOS SÓLIDOS GEOMÉTRICOS
É sabido que a Geometria, considerada por alguns como sendo a Matemática do Espaço,
está profundamente ligada à vida do homem, ajudando-o a resolver os diversos problemas que
poderá enfrentar no seu quotidiano, e talvez com isto se explique o surgimento da Geometria
desde os tempos mais remotos da vida do homem.
A Geometria está presente no mundo que nos rodeia, apesar de por vezes, não nos
apercebemos da sua existência. Através de formas, desenhos e propriedades geométricas, a
Geometria está cada vez mais acessível e presente no nosso dia a dia. Das civilizações mais
antigas, podemos enunciar exemplos da arte chinesa, egípcia, céltica e portuguesa, e desta
última destacamos os vitrais.
Na natureza podemos encontrar as mais diversas formas geométricas: desde, por
exemplo, os anéis de Saturno aos cristais de quartzo, ou mesmo nos favos de mel de uma
colmeia, e ainda numa simples teia de aranha ou numa concha do Nautilus.
FIGURA 81 – CONJUNTO DE IMAGENS
FONTE: O autor
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A Geometria trata de formas, das suas propriedades e das suas relações. Olhando
à nossa volta, rapidamente tomamos consciência de que na Natureza são produzidas e
reproduzidas determinadas formas e que, além disso, a Natureza prefere certas formas em
relação a outras também possíveis. Por exemplo:
O azeite que deitamos no caldo verde forma, na superfície da sopa, círculos, e não
quadrados ou outra forma geométrica.
As colmeias das abelhas obedecem a um padrão (pavimentação) hexagonal.
O vento produz, na superfície dos oceanos, ondas com uma determinada forma, em
vez de ondas quadradas.
Três bolinhas de sabão, se deixadas livremente, formarão sempre ângulos de 120º.
FONTE: Adaptado de: Introdução aos Sólidos Geométricos. Disponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/
icm/icm99/icm21/frame.htm>. Acesso em: 8 fev. 2007.
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Neste tópico, você viu que:
•	 Desenho é uma forma de linguagem expressiva já utilizada nos primórdios dos tempos.
Pode-se dizer que é a interpretação e a comunicação de impressões da realidade, sejam
elas visuais, emocionais, psicológicas ou intelectuais.
•	 “No exercício do desenho de observação desenvolve-se o pensamento analógico e concreto,
o senso de proporção, espaço, volume e planos. A sensibilidade e a intuição são aguçadas
enquanto se passa a apreciar melhor os outros elementos da linguagem gráfica: textura,
linha, cor, estrutura e composição”. (HALLAWELL, 2006, p. 9)
•	 Pode-se dizer que o desenho é a arte de criar e representar formas, geralmente em superfície
de papel, por meio de pontos, linhas e manchas e tendo como suporte vários materiais como,
por exemplo, o papel e o grafite.
•	 É importante treinar o olhar para se aprimorar a habilidade da observação, para isso, existem
vários exercícios que servem de facilitador para o seu desenvolvimento.
•	 O entendimento das linhas e formas geométricas básicas são importantes para o profissional
pois, a conjugação delas são a base do desenho preliminar, o esboço.
RESUMO DO TÓPICO 1
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Ao observarmos a natureza, podemos reconhecer muitas formas geométricas.
Analisando algumas destas formas a exemplo das colmeias, feitas pelas abelhas,
notamos que elas obedecem a um padrão (pavimentação) hexagonal. Com base nesta
afirmativa, selecione imagens da natureza, de formatos geométricos variados, como:
triângulo, quadrado, retângulo, paralelogramo, losango, trapézio, pentágono, hexágono
etc. Em seguida, represente-os graficamente (apenas a forma da figura geométrica, não
a imagem). Utilize, para isto, lápis 6B e folha sulfite em formato A4. O texto anexado em
leitura complementar: “Introdução aos Sólidos Geométricos”, esclarece pontos deste
exercício.
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TÉCNICAS BÁSICAS
DE ESBOÇOS
1 INTRODUÇÃO
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A representação gráfica é um dos instrumentos que uma pessoa usa para exteriorizar
pensamentos, expor conceitos e comunicar ideias.
Conforme menciona Gomes (1996, p. 13), “o desenho é uma das formas de expressão
humana que melhor permite a representação das coisas concretas e abstratas que compõem
o mundo natural ou artificial em que vivemos.”
Representar graficamente é elaborar desenhos através do uso de um suporte sobre
uma superfície podendo ser de observação ou não.
O desenho de observação se origina no olhar do espectador para o mundo onde estas
imagens se configuram em registros pictóricos. Há outros tipos de representações gráficas
como transformar imagens extraídas da mente em contornos, esboços, desenhos.
Vamos enfatizar, neste item, algumas técnicas e meios que o auxiliarão na elaboração
e desenvolvimento de esboços que o ajudarão a aprimorar a habilidade do desenho.
É importante lembrar que não se deve preocupar-se com o
desenho acabado, mas com o processo de aprendizado e o seu
descobrimento. O aluno deve se preocupar com o entendimento
e o domínio dos elementos que formam uma obra visual, e aí o
produto será uma consequência natural desse domínio. Quando
desenhamos, precisamos pensar concretamente e não, como de
costume, simbolicamente ou abstratamente.
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2 ELEMENTOS DA LINGUAGEM GRÁFICA
São muitos os códigos que o homem utiliza para se comunicar, tanto verbais (oral e/ou
escrito) como não verbais para exprimir seus sentimentos, suas opiniões, seus conhecimentos,
seus desejos. São esses códigos, denominados conjuntos organizados de sinais utilizados na
comunicação, que formam a linguagem.
Existem dois tipos de linguagem: a) Verbal - código que utiliza a linguagem falada ou
escrita (crônica, rádio etc.); b) Não Verbal - qualquer código que não utilize a palavra (dança,
gestos etc.).
A  linguagem  não verbal  representa  grande parte de nossa comunicação e pode ser
expressa mediante gestos espontâneos, olhar, expressão facial, expressão corporal,  música, 
sinais etc.
Utilizamos de diferentes códigos na comunicação como: afetivo, cognitivo, denotativo,
conotativo, lúdico, simbólico, erudito, jurídico, obsceno, coloquial, entre outros. É um desses
códigos, o gráfico, que vamos abordar em nosso trabalho.
No estudo do desenho, primeiro se conhecem seus fundamentos (baseados em
conhecimentos científicos e estéticos) que fazem parte do alfabeto da linguagem gráfica:
composição, proporção, perspectiva, concepção de espaços, eixos, luz e sombra, estrutura,
para depois decodificá-los.
3 COMPOSIÇÃO
A composição é a primeira etapa desenvolvida em qualquer trabalho visual. O
diagramador aplica a composição; também o fotógrafo, quando enquadra o assunto da
fotografia, o decorador na elaboração das disposições dos móveis e o desenhista ao organizar
os elementos do desenho.
A composição é um dos primeiros fundamentos a ser abordado no aprendizado do
desenho. Antes de se iniciar o desenho, antes mesmo de medir as proporções, verificar as
formas do objeto (a ser desenhado), organiza-se seus elementos, ou seja, as linhas, os pontos,
as manchas, as cores e os espaços vazios, de maneira equilibrada no espaço disponível. É
importante verificar qual a composição ideal dos elementos dispostos.
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É importante saber posicionar um desenho num espaço, conhecer as propriedades
desse espaço e como o olho reage a ele para realizar uma composição harmônica, visualmente
equilibrada, empregando assim expressividade e qualidade à obra.
Na elaboração de uma boa composição, precisam-se respeitar os limites impostos pelas
margens do papel, e o “senso de peso” na distribuição destes elementos no mesmo.
Em geral, conforme exemplifica Hallawell (2006, p. 14), “o tamanho do desenho deve
ser suficientemente grande para dominar os espaços vazios, mas não tão grande que invada
as margens.” Na Figura 82, o desenho é oprimido pelos espaços, enquanto, na Figura 83, é
sufocado pelas margens. A Figura 84 mostra uma solução equilibrada onde se respeitam as
margens superiores, inferiores e laterais da folha deixando o desenho centralizado.
FIGURA 82 – IMAGEM PEQUENA
FONTE: Hallawell (1994, p. 14)
FIGURA 83 – IMAGEM GRANDE
FONTE: Hallawell (1994, p. 14)
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FIGURA 84 – IMAGEM EQUILIBRADA
FONTE: Hallawell (1994, p. 14)
Na figura a seguir, percebe-se um peso maior no lado esquerdo, provocando um
desequilíbrio. A Figura 86 apresenta uma harmonia visual.
FIGURA 85 – IMAGEM EM DESEQUILÍBRIO
FONTE: Hallawell (1994, p. 14)
FIGURA 86 – IMAGEM EQUILIBRADA
FONTE: Hallawell (1994, p. 14)
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3.1 PROPORÇÃO ÀUREA NA COMPOSIÇÃO
Aproporção das folhas de papel que utilizamos, incluindo as usadas no desenho, segue
um padrão próximo à proporção áurea, termo que reporta a estudos da proporção perfeita,
realizados por Euclides de Alexandria (365 a.C. - 300 a.C.), na Grécia antiga. Ele elaborou
a teoria da proporção áurea (Número de Ouro ou Número Áureo), que é uma constante real
algébrica irracional que resulta em harmonizar as proporções do desenho.
No exemplo demonstrado por Hallawell (2006, p. 16), dois números (X e Y, por exemplo)
estão em proporção áurea se a razão entre o menor deles sobre o maior for igual ao maior
sobre a soma dos dois (ou seja, X/Y = Y/X+Y).
Ainda, segundo Hallawell (2006, p. 16), analisando a linha ABC e o retângulo ACDF,
das figuras a seguir, constata-se que ambos têm proporções áureas porque a proporção de
AB para BC é igual à proporção de BC para AC, e de DC para AC. Esta proporção estabelece
um coeficiente áureo que se aproximam de 1:1.61.
FIGURA 87 – PROPORÇÃO ÁUREA
FONTE: Hallawell (1994, p. 16)
FIGURA 88 – PROPORÇÃO ÁUREA
FONTE: Hallawell (1994, p. 16)
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Na composição do(s) objetos(s) para a elaboração do desenho, é importante observar
a melhor posição do papel em relação aos elementos: na horizontal, posição paisagem ou na
vertical, posição retrato, analise as figuras a seguir. Invariavelmente, o ponto determinante é a
proporção do conjunto dos objetos: se os objetos são mais altos ou mais largos.
FIGURA 89 – POSIÇÃO FOTO
FONTE: Hallawell (1994, p. 16)
FIGURA 90 – POSIÇÃO PAISAGEM
FONTE: Hallawell (1994, p. 16)
Quase que em sua totalidade, na elaboração de uma composição, ela é organizada
em torno do ponto focal. Observando o exemplo da figura seguinte, demonstrado por Hallawell
(2006, p. 16) em seu livro, e analisando os ítens 1, 2 e 3 que apresentam as diversas formas
de se compor uma imagem, podemos avaliar que: o desenho é assentado colocando-se a base
dos objetos principais dentro da parte pesada. Se o desenho for colocado dentro da parte leve,
uma sensação de flutuação será criada (figura a seguir, item 4).
leve
PESADO
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FIGURA 91 – ACHANDO O PONTO FOCAL DE UMA COMPOSIÇÃO
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FONTE: Hallawell (1994, p. 16)
Ainda citando o exemplo de Halawell (2006, p. 16), existem quatro “pontos áureos” (P)
importantes a serem mencionados para a realização de uma composição. Eles se posicionam
onde as linhas áureas se cruzam, portanto são quatro em cada retângulo, conforme se observa
na figura anterior, item 5.
Segundo Hallawell (2006, p. 16), “a composição dos elementos pode ser organizada em
volta deles, desde que os pesos laterais sejam equilibrados. Portanto, são pontos de equilíbrio
relativo.”
Tudo o que se encontra na natureza está inscrito na Proporção
Áurea, seja o corpo humano, uma colmeia de abelhas, uma
estrela-do-mar, uma concha etc.
3.2 TIPOS DE COMPOSIÇÕES
A composição é um passo prévio ao desenho e é de fundamental importância e que,
se bem empregada, dá equilíbrio e qualidade à obra.
Existem muitos tipos de composições que fazem um mesmo grupo de objetos produzirem
efeitos visuais distintos. Analisaremos três desses tipos de composições: a diagonal, a central
e a triangular.
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3.2.1 Composição diagonal
A composição em diagonal é determinada quando as formas do modelo podem ser
simplificadas com uma linha que cruza o papel em diagonal. Neste caso de composição, pode-
se dividir a imagem em duas partes: para dar equilíbrio ou como um elemento que indica uma
direção. Analise o exemplo da figura seguinte.
FIGURA 92 – COMPOSIÇÃO DIAGONAL
FONTE: Parramón (1997, p. 28)
3.2.2 Composição central
Na composição central, o motivo se agrupa no centro da imagem criando uma sensação
de unidade frente ao fundo. Na maioria desses tipos de composições, podem-se resumir os
componentes da imagem dentro de um círculo. Observe a figura a seguir.
FIGURA 93 – COMPOSIÇÃO CENTRAL
FONTE: Parramón (1997, p. 28)
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3.2.3 Composição triangular
A composição triangular é aquela em que os objetos se reúnem de tal forma que se
pode construir um triângulo para delimitá-los. Este tipo de composição tem algo parecido com
a central, pois o triângulo se acha no centro do papel, porém não permite reunir os objetos que
a compõem em um círculo (figura a seguir).
O exemplo a seguir, extraído do livro do autor Parramón (1997, p. 28-29), sinaliza
uma sequência de esboços (figuras 95, 96 e 97) sendo desenvolvidos a partir da composição
triangular demonstradas na imagem a seguir.
FIGURA 94 – COMPOSIÇÃO TRIANGULAR
FONTE: Parramón (1997, p. 28)
FIGURA 95 – ESBOÇO 1
FONTE: Parramón (1997, p. 28)
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Vimos três tipos de composições, porém existem vários outros
modelos. O importante é saber que, antes de se iniciar o desenho,
devem-se analisar os elementos que integram uma imagem e
realizar uma disposição (entre eles) que deixe o motivo de forma
harmônica e equilibrada.
FIGURA 97 – ESBOÇO 3
FONTE: Parramón (1997, p. 29)
FIGURA 96 – ESBOÇO 2
FONTE: Parramón (1997, p. 29)
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DICAS!
Atividades Complementares.
Desenhe três figuras geométricas de tamanhos e formatos
distintos como, por exemplo: círculo, quadrado e triângulo.
Para isto não se preocupe com a perspectiva, volume e cor.
Represente-as de maneira plana, utilizando apenas lápis grafite
(6B). Recorte-as e arranje-as sobre uma folha em formato
A4.
Utilizando as informações adquiridas nos textos de composição,
escolha o posicionamento do papel (paisagem ou retrato) e
depois tente criar diferentes tipos de composições. Agrupe-as
de vários modos e lugares diferentes da folha e preocupe-se,
somente, com o equilíbrio da composição. Você pode também
sinalizar as diversas possibilidades, fazendo um contorno em
volta das figuras. Desenvolva, no mínimo, 5 possibilidades de
composição e depois as analise comparando qual delas é mais
harmônica.
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4 DESENHO DE OBSERVAÇÃO
Abordaremos, neste Caderno de Estudos, o desenho de observação, não como cópia
ou prática acadêmica, mas como instrumento para o desenvolvimento da percepção visual e
como ferramenta para a evolução do processo criativo.
Antes de iniciar a representação gráfica do desenho de observação, é importante
analisar bem o objeto ou imagem escolhidos, e ao desenvolvê-los, centralizar o motivo no
papel à disposição dos elementos em um plano bidimensional, ou seja, estabelecer o layout
(composição). Isto é muito importante para a harmonia visual do resultado final.
Num primeiro momento, na representação gráfica, atenha-se apenas à forma geral do
assunto, sem levar em conta os detalhes, pois eles serão examinados posteriormente.
O próximo passo é transformar a imagem em contornos ou blocos geométricos, que
chamamos de esboço. Ele é uma síntese, um planejamento em linhas gerais ou em seus
fundamentos. Para tanto, podem-se utilizar esquemas e técnicas para dar proporcionalidade
ao desenho.
Depois de pronta a primeira parte, “o esboço”, partimos para outras etapas que são as
pormenorizações do trabalho e então o tratamento de luz e sombra, texturas etc.
A figura a seguir, destacada no livro de Parramón (1997, p. 50-53), mostra este passo a
passo: a foto (item 1), o esboço em bloco (item 2), as pormenorizações (itens 3, 4 e 5), detalhes
de sombras e texturas (itens: 6 e 7), e o resultado final (item 8).
FIGURA 98 – DESENVOLVENDO UM DESENHO DE OBSERVAÇÃO
FONTE: Parramón (1997, p. 50-53)
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Deve-se ressaltar que, antes de começar a desenvolver um
desenho, é importante analisar bem o objeto escolhido e, ao
iniciar seu esboço, achar sua melhor composição e, assim,
centralizá-lo no papel. Num primeiro momento, atenha-se
apenas à forma geral, sem levar em conta os detalhes que serão
examinados posteriormente.
4.1 TRASLADAR (TRANSFERIR) IMAGENS
	 DO PLANO REAL PARA O DESENHO
Saber trasladar para o papel a relação de proporção que mantém um modelo, objeto
ou paisagem, real (que não é de foto), é fundamental para que o desenho resultante tenha
coerência e verossimilhança, de uma maneira mais natural possível.
Uma das chaves para se conseguir um bom resultado na representação gráfica é a
observação, pois é através dela que o artista toma consciência das formas e da relação de
proporção que há entre elas (imagem x desenho) e repassa as para o papel.
Uma das formas de colocar no desenho as mesmas proporções da imagem (real) que
está sendo retratada, consiste em medi-la com lápis e trasladar (estas medidas) para o papel.
Deste modo é difícil que se cometam grandes erros. É aconselhável voltar a comparar as
medidas, tomadas ao longo do processo de desenhar, para se ter certeza do bom resultado
do esboço.
Analise o exemplo, de Parramón (1997, p. 34-42), publicado em seu livro, referente aos
passos realizados para a elaboração de um desenho de observação:
1 Para começar observe atentamente o objeto (urso de pelúcia figura a seguir) e faça uma
esquematização básica. Elabore um quadrado ao redor de todo o espaço a ser utilizado para
desenvolver o desenho (Figura 100). Podendo ser um triângulo ou outras formas geométricas
dependendo da composição da imagem.
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FIGURA 99 – FOTO DE UM URSO DE PELÚCIA
FONTE: Parramón (1997, p. 32)
FIGURA 100 – ESBOÇO DE UMA FORMA GEOMÉTRICA
(QUADRADO)
FONTE: Parramón (1997, p. 33)
2 Divida o quadrado em duas partes: a que ocupa o urso e a que corresponde à bola (Figura
101).
3 No estudo do modelo se tomam medidas com ajuda do lápis para ter certa ideia correta das
diferenças de tamanhos, (figuras 102 e 103).
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FIGURA 101 – MEDIDA DA BOLA
FONTE: Parramón (1997, p. 32)
FIGURA 102 – CONFERÊNCIA DE MEDIDAS (ALTURA)
FONTE: Parramón (1997, p. 32)
4 Depois de realizar o esboço das formas, voltaremos a comprovar que as proporções estão
corretas, e, neste caso, conferir a distância dos pés (figuras 104 e 105).
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FIGURA 103 – CONFERÊNCIA DE MEDIDAS (LARGURA)
FONTE: Parramón (1997, p. 32)
FIGURA 104 – CONFERÊNCIA DE MEDIDAS DO ESBOÇO
FONTE: Parramón (1997, p. 33)
5 Antes de prosseguir é interessante rever as medidas já esboçadas como as dos pés e da
bola etc.
6 Para achar o tamanho proporcional da cabeça do urso, repetir o processo de medir com o
lápis para esboçar no papel (figuras 105 e 106).
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FIGURA 105 – CONFERÊNCIAS FINAIS DAS MEDIDAS
FONTE: Parramón (1997, p. 32)
FONTE: Parramón (1997, p. 33)
FIGURA 106 – CONFERÊNCIAS FINAIS DO ESBOÇO
7 Uma vez feita à comprovação de que as proporções estão corretas se realiza o esboço com
mais detalhes e traços seguros (Figura 107).
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DICAS!
FIGURA 107 – DESENHO DO URSO DE PELÚCIA
ATENÇÃO!
FONTE: Parramón, (1997, p. 33).
É importante observar atentamente a imagem e não ter pressa
para começar a desenhar. E, para evitar erros, ao tirar as medidas
do modelo utilizando o lápis, deve-se manter sempre a mesma
distância entre a mão e o corpo, para isso o mais aconselhável é
fazê-lo com o braço totalmente esticado.
Atividades Complementares
Selecione um objeto, uma garrafa, por exemplo, e mantendo uma
distância de um metro, tente representá-lo graficamente. Para
isto, utilize os ensinamentos do item 4.1 Trasladar (Transferir)
imagens do plano real para o desenho.
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5 PROPORÇÃO
Muitos são os sistemas de medidas criados ao longo da história para se representar
graficamente uma imagem. Com seus códigos e convenções culturais, suas regras de
proporções, suas leis de anatomia e simetria, foram se transformando no decorrer dos tempos
dando suporte ao artista em suas reproduções.
Desde a antiguidade, grandes artistas preocuparam-se em representar as proporções
exatas das imagens como paisagens, construções, objetos e principalmente do corpo humano.
Várias foram as formas de medir o corpo humano para depois reproduzi-lo em desenhos,
pinturas e esculturas. Chamados também de cânon (do grego Kanón, que significa regra), se
instituiu uma unidade de medida para depois realizar suas representações.
Os cânones são sistemas de medidas proporcionais do corpo humano, onde
é aplicada a antropometria comparativa, consistindo em tomar como medida
padrão uma parte do corpo. A comparação desta unidade com outras partes
do mesmo determinam um sistema de medidas proporcionais entre si. (CA-
MARGO, 1986, p. 9).
Um exemplo de estudo de proporções foi utilizado pelos egípcios, na idade antiga, a
lei da frontalidade. Nesta regra, a forma de representar os olhos e os ombros das pessoas era
sempre de frente para o observador, conforme demosntrado na pintura sobre gesso da figura
a seguir.
Esta figura representa a cabeça de uma moça com flor-de-lótus nos cabelos e se
encontra no túmulo de Menna, Sheikh-abd-el-Qrnah de Tebas de meados da décima-oitava
dinastia no reinado de Tutmés IV (c. 1425-1.415 a.C.).
FIGURA 108 – CABEÇA DE UMA MOÇA COM FLOR-DE-LÓTUS
NOS CABELOS
FONTE: Disponível em: <http://www.salesianost.com.br/aulaweb/
educart/historiadaarteArteEgip.htm>. Acesso em: 8 fev.
2007.
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A lei da frontalidade se aplica mesmo que os pés e a cabeça estivessem de perfil, de
acordo com o demonstrado na pintura do portador de oferendas da figura a seguir. Esta pintura
sobre gesso é um detalhe da parede sul do túmulo de Nakht, Shwikh-abd-el-Qrnah de Tebas
de meados da décima oitava dinastia.
FIGURA 109 – PORTADOR DE OFERENDAS
FONTE: Disponível em: <http://www.salesianost.com.br/aulaweb/educart/
historiadaarte/ArteEgip.htm>. Acesso em: 8 fev. 2007.
Camargo (1986, p. 9) relata que, os gregos, “tendo um maior domínio das proporções,
criaram o chamado Kanón lógico – sistema baseado na beleza, tendo como medida padrão a
cabeça (1 corpo é igual a 7,5 cabeças)”. Ver representações humanas retratadas nas figuras
a seguir.
FIGURA 110 – ATLETAS EM CERÂMICA DE 440-375 a.C.
FONTE: Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/
image:Athletes_red_cup_Louvre_G639.jpg>. Acesso em: 8
fev. 2007.
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FIGURA 111 – CORREDORES COMPETINDO DE 530-520 a.C.
FONTE: Disponível em: <http://www.greciantiga.org/art/art04v-gal2.asp>.
Acesso em: 8 fev. 2007.
O romano Vitrúvio (80/70 a.C. há 25 a.C.), como salienta Camargo (1986, p.9), partindo
de estudos realizados pelos gregos em relação à proporção do corpo humano, “veio estabelecer
um novo cânon: o corpo dividido em 8 cabeças”. A figura a seguir expõe um afresco com
representações da figura humana.
FIGURA 112 – FOLIÕES, DA TUMBA DOS LEOPARDOS DE 470 a.C.
FONTE: Beckett (2002, p. 18)
Albrechrt Dürer (1471-1528), uma das figuras centrais da Renascença, inventou
aparelhos para resolver o problema das dimensões e proporções nas representações dos
temas que desenhava.
Dürer desenvolveu muitos estudos sobre proporções do corpo humano tendo como base
ensinamentos dos autores clássicos. Em seus esboços, conforme cita Gombrich (1999, p. 347),
experimentou várias regras distorcendo a compleição humana ao desenhar corpos demasiado
longos ou demasiado largos, a fim de descobrir o equilíbrio adequado e a harmonia perfeita.
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“Entre os primeiros resultados desses estudos, que o absorveriam durante toda a vida,
está a gravura de Adão e Eva, na qual consubstanciou todas as suas novas ideias de beleza
e harmonia” (GOMBRICH, 1999, p. 347), representada na Figura 113.
FIGURA 113 – DÜRER. ADÃO E EVA, 1504. ÁGUA-FORTE
UNI
FONTE: Gombrich, (1999, p. 348).
Muitos artistas, para facilitar seus trabalhos e conferi-los proporcionalidades,
desenvolveram vários métodos distintos para auxiliá-los nas suas representações gráficas. Um
dos métodos mais utilizados pelos desenhistas no desenho de observação é o auxílio do lápis,
já demonstrado no texto sobre desenho de observação. Com um lápis podem-se comparar
proporções, (altura, largura) e transpô-las para o papel.
Abordaremos, a seguir, algumas maneiras de se dar proporcionalidade ao desenho
como expondo a técnica de Dürer.
Segundo o dicionário Aurélio, proporção é a relação entre as
coisas; comparação. Dimensão, extensão. Disposição regular,
harmônica; simetria. Conformidade, identidade. Igualdade entre
duas razões.
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5.1 TÉCNICA DE DÜRER
Albrecht Dürer foi um artista polivalente. Desenhista, pintor e gravador, ele recorreu
às construções geométricas e inventou alguns aparelhos para auxiliá-lo no problema  das
dimensões e proporções dos temas que representava.
Um desses aparelhos consistia num vidro quadriculado, colocado entre o artista e o
modelo. Dürer traçava uma quadrícula com os mesmos espaços na folha e, mantendo o mesmo
ângulo de observação, transferia os traços do modelo para o papel, ajudado pela quadrícula.
Na realidade, a técnica não passa de um sistema para aplicar alguns princípios
geométricos elementares (neste caso um dos critérios da proporcionalidade), tão próprios das
preocupações dos homens do Renascimento e utilizados até hoje.
Para representar um desenho pode-se utilizar a técnica de Dürer. Esta técnica é usada
principalmente para copiar, ampliar e reduzir corretamente um desenho.
A seguir, conforme exemplo conferido por Parramón (1997, p. 38-39), acompanhe a
seguir um passo a passo para a construção desta quadrícula.
1 	Primeiramente, trace linhas formando quadrados do mesmo tamanho, sobre o desenho em
questão (Figura 114).
2 	Em seguida, faça um quadriculado igual (de mesmas medidas), maior ou menor, conforme
o interesse: apenas copiar, ampliar ou reduzir o desenho (Figura 115).
FIGURA 114 – FOTOS DE FLORES
FONTE: Parramón, (1997, p. 38).
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FIGURAS 115 – QUADRÍCULA
FONTE: Parramón (1997, p. 38)
3 Então, reconstrua a imagem analisando cada área do modelo, quadrado por quadrado.
Reproduza-o através de um desenho, depois de sua finalização apague as linhas bases,
conforme ilustra a Figura 116.
4 Finalize o desenho dando tratamento de luz e sombra conforme Figura 117. Este passo será
tratado no tópico seguinte.
FIGURA 116 – ESBOÇO
FONTE: Parramón (1997, p. 39)
FIGURA 117 – FINALIZAÇÃO
FONTE: Parramón (1997, p. 39)
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DICAS!
Essa técnica também pode ser utilizada para elaborar os detalhes
de um desenho a partir de um esboço. É importante traçar o
quadriculado bem de leve, para apagá-lo posteriormente e com
medidas precisas, de modo a representar o desenho de forma
não distorcida.
Atividades Complementares
Tendo como suporte, para este exercício, a foto proposta (Figura
118), ou outra que se julgue interessante, elabore uma quadrícula
como a descrita no item 5.1, Técnica de Dürer. Após desenvolver
os traços preliminares de mesmas medidas, refaça o diagrama em
uma folha A4 e, esboce a imagem. Nesta etapa, não é necessário
demonstrar no desenho o tratamento de luz e a sombra, apenas
as formas dos objetos. Utilize uma foto com poucas informações
visuais para melhor desempenho no treinamento.
FIGURA 118 – NATUREZA MORTA
FONTE: Disponível em:<http://portfolio.llis.org/gdesign.php>. Acesso: 8 fev.
2007.
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Neste tópico, você viu que:
• 	Pode-se dizer que o desenho de observação é um meio para se adquirir o domínio dos
fundamentos do desenho, sobre a percepção visual e sobre o espaço no qual se desenvolve
o produto, seja ele bi ou tridimensional, e leva-nos a conhecer todos os elementos que
compõem a linguagem gráfica: composição, proporção, perspectiva, concepção de espaço,
eixos, luz e sombra, valor linear e estruturas etc.
• 	É um meio para que se conheça a linguagem da arte visual, através de uma investigação
da realidade plástica à nossa volta, e para que cada um conheça sua própria maneira de
lidar com esta linguagem.
• 	É importante não atrelar o ensinamento do desenho de observação apenas usando regras,
estilos ou soluções, para não interferir na criatividade do aprendiz e inibir a busca de sua
própria expressão. Porém, existem técnicas, para determinados casos, que nos ajudam a
desenvolver um esboço de melhor qualidade como a técnica da quadrícula, desenvolvida
por Dürer.
• 	Neste tópico, demonstramos ensinamentos básicos para se iniciar um esboço como: a
realização de uma composição de extrema importância para dar equilíbrio, expressividade
e qualidade ao desenho; o uso da proporção para se desenvolver um esboço mais realista
e equilibrado e, até a concepção final do desenho.
RESUMO DO TÓPICO 2
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Composição gráfica. Observe com atenção a obra de Vincent Van Gogh, na
figura a seguir:
AUTOATIVIDADE
!FIGURA 119 – VAN GOGH’S BEDROOM IN ARLES, 1889
FONTE: Cumming, (1996, p. 94-95).
Os artistas Roy Lichtenstein e Tsing-Fang Chen fizeram uma releitura dessa
obra. Observe-a nas figuras 120, “O Quarto em Arles” e 121, “Andy Saiu Agora”,
respectivamente:
FIGURA 120 – ROY LICHTENSTEIN – O QUARTO EM ARLES, 1992
FONTE: Cowart et al., (1999, p. 36).
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FIGURA 121 – TSING-FAG CHEN – ANDY SAIU AGORA, 1990
FONTE: Disponível em: <http://www.superstock.com/search/Modern/
icon>. Acesso em: 8 fev. 2007.
Agora, faça você também uma composição gráfica. Para isto, tome como base
não o quarto de Van Gogh, mas o “seu próprio quarto”, elegendo elementos (objetos)
significativos como: cadeira, piso, espelho, cortina, janela, quadros, guarda-roupa etc.
Você escolherá, dentre as várias opções encontradas no seu quarto (mínimo e) aquelas
com que você mais se identifica. Para a realização dessa composição, utilize os materiais
de desenho mencionado até agora.
Aideia do exercício de desenvolver um desenho a partir da análise de elementos
contidos em uma obra de arte é fazer o aluno trabalhar sua percepção diante das
coisas, percebendo sentimentos, sensações, formas, cores, texturas. Ajudá-lo a extrair
informações através do ato da observação de modo geral, pois, no nosso cotidiano,
muitas informações são transmitidas pelas propagandas: obras de arte, anúncios,
natureza, enfim tudo que nos rodeia. Temos que estar atentos para saber lê-las e
interpretá-las.
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A PERSPECTIVA
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 3
UNIDADE 2
Desde a antiguidade, os povos gregos já empregavam noções de perspectiva em
seus estudos, denominando-os de “escorço”. Durante o período medieval, grande parte do
conhecimento teórico a respeito da perspectiva se perdeu. Porém, no período do Renascimento,
a perspectiva foi profundamente estudada e desvendada, abrindo o caminho para o seu estudo
matemático através da Geometria Descritiva, que a sistematizou.
A perspectiva é um sistema que foi idealizado pelo homem e teve como Giotto Di
Bondone (1267-1337) – famoso pintor italiano, considerado o elo de transição entre a pintura
medieval bizantina e a pintura renascentista, devido ao alto grau de inovação de seu trabalho.
– um dos precursores a utilizar esta técnica. A figura a seguir ilustra muito bem o emprego da
perspectiva desenvolvida por Giotto.
FIGURA 122 – GIOTTO DI BONDONE, MARRIAGE AT CANA, 1305-
1306, FRESCO
FONTE: PROPROFS. Art History Lecture. Disponível em: <http://www.
proprofs.com/flashcards/cardshowall.php?title=art-history-
lecture-1> . Acesso em: 1 mar. 2011.
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Ela foi desenvolvida para reproduzir a terceira dimensão, ou seja, representar em duas
dimensões a realidade tridimensional. Trocou o estilo congelado desta fase por formas mais
suaves, mais vivas.
Com algumas técnicas podemos desenvolver um esboço utilizando a perspectiva nas
representações gráficas. Neste tópico, analisaremos as duas formas mais comuns de se utilizar
a perspectiva: a paralela e a oblíqua.
2 A PERSPECTIVA
Podemos definir a perspectiva como sendo uma projeção em uma superfície bidimensional
de um determinado fenômeno tridimensional. Tal evento manifesta-se especialmente na
percepção visual do ser humano.
A perspectiva é a parte da ótica que ensina as regras segundo as quais devem ser
representados os objetos, não com as suas dimensões e formas reais, mas de tal maneira
como aparecem à nossa vista, com as deformações que experimentam em razão do grau do
afastamento e da posição do espectador. É a arte e a técnica de representar os objetos vistos
em profundidades, à distância.
Vamos analisar um objeto esférico que não se modifica: uma bola de metal, por exemplo,
(figura a seguir). Estando ela suspensa ou estabilizada e vista sob quaisquer ângulos, parecerá
aumentar ou diminuir – conforme nos aproximamos ou afastamos – mas apresentará sempre
o mesmo aspecto esférico. Este é o princípio fundamental da perspectiva, tudo que está longe
parece menor que tudo o que está perto.
FIGURA 123 – BOLAS
FONTE: O autor
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Parramón (2007, p. 163), conforme figura a seguir, ilustra e enfatiza que:
À medida que se afasta, o objeto diminui de tamanho. Do mesmo modo, o
efeito de distanciamento faz que as formas se diluam progressivamente, que
os contornos se mostrem cada vez mais imprecisos, se percam no detalhe, e
que o grau de síntese e abstração do objeto desenhado aumente.
FIGURA 124 – DESENHO COM EFEITO DE DISTANCIAMENTO
FONTE: Parramón (2007, p. 162)
Para se desenvolver uma perspectiva há de se conhecer seus fundamentos básicos
como a linha do horizonte (LH) e os pontos de fuga (PF).
2.1 LINHA DO HORIZONTE (LH)
A linha do horizonte é uma linha imaginária que se encontra sempre diante de nós, à
altura dos nossos olhos, a nossa frente.
O exemplo mais explícito desta definição podemos perceber quando olhamos o mar:
a linha do horizonte é a linha que limita a água com o céu. Observe a figura a seguir.
FIGURA 125 – LINHA DO HORIZONTE
FONTE: FERNANDES, Carlos José. Ilustração desenvolvida para o texto
sobre a água. Disponível em: <http://sotaodaines.chrome.pt/sotao/
histor46.html>. Acesso: 8 fev. 2007.
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2.2 PONTOS DE FUGA (PF)
Os pontos de fuga encontram-se sempre na linha de horizonte e têm a missão de reunir
as linhas do modelo paralelas e perpendiculares bem como as oblíquas, na linha do horizonte,
conforme a perspectiva seja de um só ponto ou de dois pontos de fuga.
As imagens a seguir nos mostram exemplos da perspectiva paralela e oblíqua.
FIGURA 126 – PERSPECTIVA PARALELA
FONTE: Parramón (1994, p. 11)
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FIGURA 127 – PERSPECTIVA OBLÍQUA
FONTE: Parramón (1994, p. 11)
A seguir, vamos enfatizar duas formas mais comuns de se utilizar
a perspectiva: a paralela e a oblíqua.
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2.3 PERSPECTIVA PARALELA
A perspectiva paralela é aquela que conta com um só ponto de fuga e que permite
representar os objetos quando estão em frente do espectador. Para introduzirmos este tema,
utilizaremos a forma tridimensional mais conhecida: o cubo de cristal.
Analise a construção da perspectiva descrita por Parramón (1997, p. 34) e apresentada
nas figuras 128, 129, 130 e 131. Perceba que com o auxílio deste método pode-se imprimir
profundidade ao objeto representado, o sofá.
FIGURA 128 - QUADRADO
FONTE: Parramón (1997, p. 34)
FIGURA 129 – PONTO DE FUGA
FONTE: Parramón (1997, p. 34)
FIGURA 130 – CUBO
FONTE: Parramón (1997, p. 34)
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FIGURA 131 – SOFÁ
FONTE: Parramón (1997, p. 34)
Parramón (2007, p. 164) salienta (figura a seguir) que “nas paisagens urbanas e
rurais, é comum precisar aplicar os princípios da perspectiva paralela para resolver ruas ou
fachadas.”
FIGURA 132 – PARRAMÓN, 2007
FONTE: Parramón (2007, p. 164)
2.4 PERSPECTIVA OBLÍQUA
A perspectiva oblíqua é aquela em que aparecem dois pontos de fuga e a que vemos
os corpos de lado. É importante conhecer esta perspectiva, já que não é comum que todos os
objetos de uma imagem apareçam totalmente de frente.
Analise a construção da perspectiva, como demonstra Parramón (1997, p. 35), nas
figuras 133, 134 e 135, representada através de um cubo de cristal.Assim como na perspectiva
paralela, a oblíqua também cumpre a função de dar profundidade ao objeto representado, no
caso a mesa, figura 136.
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FIGURA 133 – ESBOÇO INICIAL
FONTE: Parramón (1997, p. 35)
FIGURA 134 – APLICANDO PERSPECTIVA
FONTE: Parramón (1997, p. 35)
FIGURA 135 – CUBO DE CRISTAL
FONTE: Parramón (1997, p. 35)
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FIGURA 136 – MESA
FONTE: Parramón (1997, p. 35)
Parramón (2007, p. 166) comenta que “a perspectiva oblíqua é muito adequada para
desenhar as esquinas dos edifícios. Confere aspecto solene às construções.“ Observe a figura
a seguir.
FIGURA 137 – UTILIZAÇÃO DA PERSPECTIVA OBLÍQUA
UNI
FONTE: Parramón (2007, p. 166)
Conhecer as bases da perspectiva é uma valiosa ajuda para
o desenhista pois, ela é um dos meios que o auxiliam na
transposição da realidade tridimensional para o papel.
UNIDADE 2 TÓPICO 3 131
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FIGURA 138 – QUADRADO EM DUAS DIREÇÕES
FONTE: CARRION, Wellington. Entendendo a Perspectiva. Disponível em:
<http://www.imasters.com.br/artigo/3045/teoria/entendeno_a_
perpectiva>. Acesso em: 1 maio 2011.
Para representar a perspectiva fazemos uso destes elementos básicos:
Ponto de Fuga (PF): É a direção a qual o objeto estará se dirigindo, se aprofundada.
Linha do Horizonte (LH): Linha imaginária que separa o lado superior e inferior da
visão. É também o local onde se localiza o ponto de fuga.
Para melhor visualização da Linha do Horizonte e Ponto de Fuga, iremos fazer uso da
Perspectiva Linear e Oblíqua.
Perspectiva Linear
Como podemos ver na figura acima, o objeto foi criado fazendo uso do Ponto de Fuga.
Este objeto está acima da Linha do Horizonte, a que se refere ao centro de nossos olhos, o
que faz entender que o mesmo está acima de nós.
LEITURA COMPLEMENTAR
ENTENDENDO A PERSPECTIVA
Wellington Carrion
A perspectiva não é nada mais que uma grande ilusão que nossa percepção visual
fabrica para que possamos entender a profundidade, volume e distância dos objetos.
Se pegarmos um objeto, nesse caso um quadrado mostrado na figura XX, e colocarmos
um de seus lados em outra direção, parecerá à nossa visão que ele terá dimensões diferentes,
ou seja, o lado mais próximo de nós parecerá maior do que o lado mais distante.
UNIDADE 2TÓPICO 3132
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FIGURA 139 – QUADRADO EM DUAS DIREÇÕES
FONTE: CARRION, Wellington. Entendendo a Perspectiva. Disponível em: <http://
www.imasters.com.br/artigo/3045/teoria/entendeno_a_perpectiva>.
Acesso em: 1 maio 2011.
Podemos dispor de outras possibilidades, tais como:
Resumindo, a Perspectiva Linear trabalha apenas com um único Ponto de Fuga.
Perspectiva Oblíqua
Fazendo uso dessa perspectiva conseguimos criar sensações de profundidade e volume
em um desenho geométrico. Porém há uma limitação: só é possível ver dois lados do objeto
formado. Nesse caso chamamos isso de perspectiva bidimensional, ou, 2D. E como poderíamos
aumentar essa noção de profundidade e maior visão de outros lados? Criando um objeto em
3D, ou seja, tridimensional. Veja o exemplo na figura a seguir:
FIGURA 140 – QUADRADO EM DUAS DIREÇÕES
FONTE: CARRION, Wellington. Entendendo a Perspectiva. Disponível em:
<http://www.imasters.com.br/artigo/3045/teoria/entendeno_a_
perpectiva>. Acesso em: 1 maio 2011.
Além disso, nós podemos criar sensações mais vertiginosas, com mais profundidades
e mais intensas. Para isso, adicionamos mais pontos de fuga. E não será sobre a linha do
horizonte, mas fora dela. Veja o exemplo na figura a seguir:
UNIDADE 2 TÓPICO 3 133
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FIGURA 141 – QUADRADO EM DUAS DIREÇÕES
FONTE: CARRION, Wellington. Entendendo a Perspectiva. Disponível em: <http://
www.imasters.com.br/artigo/3045/teoria/entendeno_a_perpectiva>.
Acesso em: 1 maio 2011.
Como podemos ver, a tridimensão nos dá a sensação de altura, largura e profundidade
concomitantemente.
Fazendo uso de guias como estas, também podemos nos aventurar a criar ambientes
com luz e sombra, sempre respeitando a localização da luz. Exemplo:
Na figura acima, vemos que a luz se torna uma referência para o término da sombra
do objeto. Também na figura a seguir temos essa noção:
Os dois exemplos acima são exemplos básicos que constituem a luz e sombra. Para
um melhor entendimento é importante que você observe melhor tudo que está ao seu redor,
treinando assim sua percepção visual.
FONTE: Adaptado de: CARRION, Wellington. Entendendo a Perspectiva. Disponível em: <www.
imasters.com.br/artigo/3045/teoria/entendeno_a_perpectiva>. Acesso: 1 maio 2011.
UNIDADE 2TÓPICO 3134
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Neste tópico, você viu que:
• 	A perspectiva já era empregada na antiguidade, na Grécia, com a denominação de escorço.
Esquecida na Idade Medieval, foi na Renascença que ela entrou em cena, por Giotto (1267-
1337), um dos precursores a utilizar a perspectiva em seus estudos.
• 	Podemos definir a perspectiva como sendo a projeção em uma superfície bidimensional de
um determinado fenômeno tridimensional. Ela é a arte e a técnica de representar os objetos
vistos em profundidades, a distância.
• 	O princípio fundamental da perspectiva é que tudo que está longe parece menor que tudo o
que está perto. E podemos enfatizar duas formas mais comuns para o design, de se utilizar
a perspectiva: a paralela e a oblíqua.
• 	Aperspectiva paralela é aquela que conta com um só ponto de fuga e que permite representar
os objetos quando estão em frente do espectador.
• 	A perspectiva oblíqua é aquela em que aparecem dois pontos de fuga e a que vemos os
corpos de lado.
RESUMO DO TÓPICO 3
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Ainda se valendo das formas geométricas, vamos utilizá-las para elaborar
desenhos em perspectivas. Para isto siga as instruções:
•	 Analise os exemplos demonstrados nas figuras 128, 129 e 130 construa graficamente
um quadrado, em perspectiva paralela.
•	 Observe os modelos apresentados nas figuras 132, 133 e 134 e desenhe um quadrado,
em perspectiva oblíqua.
Para esta dinâmica utilize lápis 2B, borracha e folha sulfite formato A4.
AUTOATIVIDADE
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AVALIAÇÃO
Prezado(a) acadêmico(a), agora que chegamos ao final
da Unidade 2, você deverá fazer a Avaliação referente a esta
unidade.
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UNIDADE 3
TRATAMENTO DO DESENHO
Objetivos de aprendizagem
	 Ao final desta unidade você será capaz de:
•	 realizar croquis rápidos, esboços à mão livre para a exteriorização
de ideias e criações;
•	 estimular o aluno a elaborar sua produção a fim de que ele teste
suas habilidades criativas, pictóricas e gráficas como recursos ao
desenvolvimento do seu estilo no desenho.
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada
um deles, você encontrará atividades que o levarão a exercitar os
conhecimentos adquiridos.
TÓPICO 1 – LUZ E SOMBRA
TÓPICO 2 – TEXTURAS
TÓPICO 3 – AQUARELA
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Desenho artistico e_de_apresen (1)

  • 1. D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O UNIDADE 2 ACERCA DO DESENHO: CONCEITO E ÊNFASE Objetivos de aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de:  identificar a importância do desenho manual para os profissionais que trabalham com criatividade e desenvolvimento de produtos;  instrumentalizar o aluno à linguagem do desenho utilizando para isso os recursos da representação gráfica e dos materiais expressivos. TÓPICO 1 – Acerca do Desenho TÓPICO 2 – Técnicas básicas de Esboços TÓPICO 3 – a PERSPECTIVA PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que o levarão a exercitar os conhecimentos adquiridos.
  • 3. D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O Acerca do Desenho 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 1 UNIDADE 2 O desenho é uma forma de linguagem expressiva já utilizada nos primórdios dos tempos quando o homem incluía-o nos rituais de inscrições rupestres, como forma de retratar seu cotidiano. O artista renascentista Leonardo da Vinci (1452-1519), considerado, por muitos historiadores, um dos homens mais criativos dos últimos tempos, em suas pesquisas de anatomia humana utilizava o desenho para registro de seus estudos. “Baseado no estudo do funcionamento do olho humano e do papel da luz na percepção visual, Da Vinci via o desenho e a pintura como uma representação racional da experiência visual e da experiência em geral, que ele considerava a base de qualquer conhecimento”. (GALILEU, 2004, p. 25). O designer da emissora de televisão “Globo”, Hans Donner (1948-) é considerado por muitos profissionais da área o “mago dos efeitos especiais”, pelo uso criativo das tecnologias de filme, vídeo e computação. Ele é o responsável pelas vinhetas e peças de abertura de muitos programas desta emissora e desenvolveu a logomarca da “Rede Globo”, rabiscando-a em um guardanapo de papel, utilizando o recurso do desenho à mão livre. Donner afirma em entrevista à revista Design Gráfico (1998, p. 20): “Não quero ser a pessoa que lê manuais e fica ligado aos botões. Sou o criador, o designer gráfico. O homem do lápis e do papel”. Outra expressiva personalidade no cenário nacional e internacional, que utiliza o desenho manual em seu trabalho, é o arquiteto Oscar Niemeyer (1907-). Considerado o mais importante arquiteto brasileiro deste último século, em função da quantidade e qualidade de obras construídas. Ele aventura-se nos rabiscos gráficos para desenvolver suas criações de
  • 4. UNIDADE 2TÓPICO 172 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O UNI linhas puras, simples e elegantes. Sua primeira concepção da ideia é captada e registrada em traços elaborados manualmente. Podemos perceber que na vida prática de vários profissionais como: artistas plásticos, engenheiros, arquitetos, estilistas, enfim, designers de todas as áreas; resolvem muitos problemas com a utilização do desenho à mão livre como ferramenta para registro de esboços, ideias e criações. No repasse de ideias, o desenho não é a única forma de difusão. Pode-se utilizar a verbal, a gestual ou até outros meios como a colagem etc. O importante é saber transmitir essas informações, porém o desenho é a ferramenta mais versátil para se exteriorizar algo. Talvez, pelo seu fácil e rápido manuseio, sua habilidade de organizar formas, sua capacidade de comunicar ideias, o desenho seja, provavelmente, a ferramenta mais importante para o designer. O profissional que utiliza o desenho como meio de transmissão de informação desenvolve sua capacidade de percepção das diferentes opções gráficas, de forma mais rápida, mais prática e, porque não, mais econômica. Vamos entrar na área de desenho, efetivamente. Nesta unidade, além de conceituar, pretende-se mostrar os materiais expressivos e noções preliminares na representação gráfica. Mãos à obra! 2 Conceito de Desenho Desenho é uma forma de linguagem expressiva já utilizada pelos homens das cavernas nos primórdios dos tempos. Pode-se dizer que é a interpretação e a comunicação de impressões da realidade, sejam elas visuais, emocionais, psicológicas ou intelectuais. Geralmente, os nossos pensamentos diários são lógicos e racionais. Mas para o desenho, esta aplicabilidade racional pode nos conduzir a erros de interpretação na transposição do real para o gráfico. Pode haver distorções na representação gráfica, pois, muitas vezes, para retratar a realidade utilizamos de artifícios como luz e sombra, perspectivas e outros meios para espelhar esta verdade. A prática do desenho é, por excelência, a prática do pensamento analógico,
  • 5. UNIDADE 2 TÓPICO 1 73 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O ou seja, de comparações. Comparam-se diferentes tamanhos, espaços e formas, claro e escuro. O desenho é feito de contrastes. É desta forma que decodificamos o mundo tridimensional e o interpretamos de forma bidimen- sional. (HALLAWELL, 1994, p. 11). O desenho é um dos instrumentos usados pelo ser humano para expressar seu pensamento de modo gráfico. Segundo Martin (1987, p. 12), ele “é a projeção normativa de toda a configuração do Universo, no que é dado ao homem relacionar-se com o sentido de toda e qualquer forma que o exprima por meio de linhas”. Então, a representação gráfica é a arte de reproduzir os objetos por meio de linhas, sombras, manchas e ou tintas. O exercício sistemático desse tipo de expressão nos dá condições de discernir e expandir o conhecimento e a consciência crítica sobre, por exemplo, a qualidade, a funcionalidade e a estética dos ambientes que nos abrigam, dos artefatos que nos servem e das mensagens com que nos comunicamos. Podemos então concluir que, para o designer, desenhar é um meio para exteriorizar pensamentos, expor conceitos e comunicar informações aos responsáveis pela fabricação (desenvolvimento) de um determinado produto como, também, é um recurso para documentar e registrar suas próprias ideias e criações. Além de propiciar um aumento de seu repertório visual e criativo. 3 Importância do Desenho Muitos educadores expõem, em suas pesquisas, que o estudo do desenho é uma prática que foi se perdendo no ensino de nível médio e superior, no decorrer dos anos. Hoje, avaliam os estudiosos, que há um resgate deste assunto no cenário da educação. Percebe-se sua importância para uma educação artística completa, pois é tendo o domínio das técnicas do registro gráfico que o aluno consegue extravasar sua criatividade, exteriorizar suas ideias com total liberdade e estimular o desenvolvimento do seu lado lúdico. No exercício do desenho de observação desenvolve-se o pensamento analógi- co e concreto, o senso de proporção, espaço, volume e planos.Asensibilidade e a intuição são aguçadas enquanto se passa a apreciar melhor os outros elementos da linguagem gráfica: textura, linha, cor, estrutura e composição. (HALLAWELL, 2006, p. 9). O aluno que exercita a observação para a representação gráfica desenvolve uma “maneira” diferenciada de olhar, analisar e pensar. O aprendiz tem a possibilidade de desenvolver sua sensibilidade, criatividade, tornando-se também mais crítico a sua realidade.Acaba também por aplicar estes desenvolvimentos em outras áreas de sua vida (profissional e pessoal).
  • 6. UNIDADE 2TÓPICO 174 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O Sendo o desenho uma ferramenta educacional que abarca, não só a expressão artística em si, mas tudo que seu ensino pode desenvolver no aprendiz como: enriquecimento emocional, intelectual, criativo e espiritual; ela é de suma importância para o desenvolvimento do aluno. Por isso, a relevância de salientar as múltiplas possibilidades proporcionadas pelo ensino do desenho não só no meio acadêmico. Muitos pesquisadores acreditam que o lado esquerdo do cérebro é o dominante. É o hemisfério mais estimulado e desenvolvido pelo ser humano e um dos fatores que confirmam nesta afirmativa é a ênfase que a educação tradicional aplica em sua estrutura curricular. Esta, segundo Hallawell (2006, p. 10) privilegia “a lógica, a racionalidade, a abstração, o simbolismo, o pensamento linear, minucioso e analítico, e a concepção verbal, digital-aritmética e temporal”. O lado direito do cérebro privilegia o pensamento concreto, dados globais e perspectivos, ele “trabalha com outros atributos, menos importantes para nossas atividades diárias: analogia, síntese, intuição, conceitos concretos, espaciais, geométricos e holísticos”. (EDWARDS, 2004, p. 21-22). Hallawell (2006) enfatiza que no ato desenhar, para se ter um bom resultado, necessitamos pensar concretamente e não abstratamente ou simbolicamente, como de hábito. Normalmente, avistamos alguns detalhes significantes que nos dão as infor- mações mínimas de que precisamos para decifrar aquilo que estamos vendo. Quando desenhamos, essas informações são insuficientes, então precisamos aprender a ver mais concretamente. (HALLAWELL, 2006, p. 10). Sinteticamente o lado esquerdo do cérebro nos exige o resultado final de um desenho. O lado direito ativa o processo de execução. Portanto, o desenho de observação estimula esse tipo de pensamento sendo um excelente instrumento educacional, pois ajuda a desenvolver a expressão, a sensibilidade e intuição e a criatividade do aprendiz. IMPORTANTE! i Parafraseando Marmo; Marmo (1976, p. 9): todo o conhecimento, e isto se aplica ao aprendizado do desenho, é digno de ser assimilado para que possamos, cada vez mais, aprimorar: o senso de organização, adestrar o raciocínio, exercitar a tranquilidade interior, e, principalmente, aprimorar a nossa condição humana.
  • 7. UNIDADE 2 TÓPICO 1 75 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O 4 Materiais Expressivos Existem várias técnicas utilizadas para o desenho e para cada uma delas há um material específico. O material escolhido depende do que se pretende realizar, se meros estudos ou algo mais profissional e elaborado. Lembrando que é importante identificar a técnica que se vai desenvolver para a escolha do material adequado. Há no mercado diversas marcas e modelos dos materiais que utilizaremos no curso. A escolha é opção do interessado, porém, vale a pena ressaltar a importância de se adquirir um material de qualidade para produzir trabalhos com bons resultados. A seguir a relação desses elementos: • Lápis de grafite macio para desenho B, 2B, 4B e 6B (conforme figura 54, item 1 e 2, preferencialmente), lápis de grafite puro (item 3), porta-minas para minas macias (ítem 4), pau de grafite (ítem 5). • Esfuminhos (conforme Figura 54 itens: 6 e 7) de duas ou mais grossuras (nº 2 e nº 6, preferencialmente). • Folhas sulfite e lay out no tamanho A4 e de gramatura entre 80 a 180 mg. • Borracha (conforme Figura 55) - existem diferentes tipos: maleáveis (item 8), compacta de plástico e goma (item10), mas utilizaremos, preferencialmente, aquelas incorporadas num porta-minas (item 9). • Apontador e estilete (Figura 56). • Tesoura e régua (Figuras 56 e 57). • Afiador de grafite ou apara-lápis (Fig. 58).
  • 8. UNIDADE 2TÓPICO 176 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 54 – LÁPIS Fonte: Parramón (1997, p. 31). FIGURA 55 – BORRACHA Fonte: Parramón (1997, p. 31) IMPORTANTE! i Na Figura 55, o item 11 apresenta as 19 graduações dos lápis de qualidades superiores, com a série de lápis macios (B) e duros (H).
  • 9. UNIDADE 2 TÓPICO 1 77 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 56 – ACESSÓRIOS FONTE: Parramón (1997, p. 11-17) FIGURA 57 - RÉGUAS FONTE: Parramón (1997, p. 11-17) FIGURA 58 – APARA LÁPIS FONTE: Hallawell (2006, p. 63) Os lápis podem afiar-se com apara-lápis (Figura 58), estilete (Figura 56, item 3) ou apontador (Figura 56, item 1). As pontas podem ser feitas mais finas (Figura 59, item 1 e letra A) ou mais grossas (item 1 e letra B), dependendo do que se pretende desenhar.
  • 10. UNIDADE 2TÓPICO 178 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 59 – TIPOS DE TRAÇOS FONTE: Parramón (1997, p. 32) Analisando as imagens da figura anterior, percebem-se os vários tipos de traços conseguidos com pontas distintas, do mesmo lápis. A imagem 2 mostra o traço fino, obtido com o lápis virado em sentido contrário à cunha da mina. Na imagem 3, percebe-se a largura do traço de um lápis segurado da maneira habitual, com uma inclinação de 45 graus. Já, a imagem 4, demonstra que para intensificar o traço, enquanto se desenha, basta girar o lápis sobre si mesmo. Com o lápis dentro da mão, conforme imagem 5, pode-se incliná-lo mais, desenhando com a ponta em forma de cunha e alargando o traço. Segurando um pedaço de barra de grafite na horizontal, imagem 6, pode-se desenhar grisés e degradês, amplos e regulares. 5 Rudimentos do Desenho Pode-se dizer que o desenho é a arte de criar e representar formas em superfícies, por meio de pontos, linhas e manchas e tendo como suporte vários materiais como o papel e o grafite. O desenho é resultado da criação direta do artista, ele não transita nenhum meio de manipulação mecânica como a litogravura e a litografia. Também não pode ser considerada uma pintura, pois ela tem como característica o emprego de tinta sem a definição da figura. Sendo que o contorno das formas é uma particularidade marcante da representação gráfica, do desenho. A elaboração de um desenho se torna mais fácil quando se conhecem os rudimentos
  • 11. UNIDADE 2 TÓPICO 1 79 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O IMPORTANTE! i da geometria, como as linhas e as formas geométricas, a base fundamental da arte de desenhar. O desenvolvimento de um esboço, no desenho de observação, fica mais simples quando o artista procura pontos de apoio, traça linhas imaginárias situando formas e começa um estudo preliminar daquilo que depois lhe servirá para desenvolver a proporção e o encaixe do todo. A qualidade da linha do desenho é um elemento importante da obra final. As linhas podem ser grossas ou finas, retas ou onduladas, com uma diversidade ilimitada. [...] O peso e a grossura, sua fluidez e seu caráter experimental, sua continuidade ou descontinuidade, tais artifícios podem criar ilusões visuais eficazes no desenho. (PARRAMÓN, 2007, p. 75). 5.1 Treinamento da visão Um dos pontos fortes na elaboração de um desenho de observação é, justamente, ter um olho treinado para poder apreender no papel as dimensões e as proporções da imagem analisada. Calcula-se mentalmente a altura e a largura real dos objetos. Comparam-se distâncias com outras, procuram-se pontos de referências que servirão de linhas básicas para se esboçar as linhas imaginárias determinando a posição de algumas formas em relação a outras. Demonstraremos alguns exercícios para o treinamento do olhar. Estes exercícios podem ser reelaborados de muitas e variadas formas. O importante é saber que esta prática será importante para o seu aprimoramento na arte de desenvolver desenho de observação. 1 Trace uma linha horizontal, de uns vinte centímetros de longitude e, a olho nu, divida-a em duas, mediante um traço no seu centro. FIGURA 60 – LINHA HORIZONTAL (20CM) FONTE: O autor
  • 12. UNIDADE 2TÓPICO 180 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O 2 Trace uma linha horizontal de uns dez centímetros e, ao seu lado (não embaixo), trace a olho, outra linha de igual comprimento. FIGURA 61 – LINHA HORIZONTAL (10CM) FONTE: O autor 3 Trace uma linha horizontal, aproximadamente de uns quinze centímetros de longitude e, ao seu lado, outra, medindo a metade da primeira. UNI FIGURA 62 – LINHA HORIZONTAL (15CM) FONTE: O autor Primeiro realize cada exercício demonstrado anteriormente e, depois, comprove se errou por uma grande diferença ou por pouca, no seu cálculo mental. Há vários tipos de exercícios para treinar o olhar, ouse e crie outros. Lembre-se que só o treino o ajudará a desenvolver a prática do desenho. 5.2 FIRMEZA NO TRAÇADO Um dos obstáculos de um aprendiz ao começar um desenho talvez seja a dificuldade de realizar um traçado seguro e contínuo. O iniciante geralmente tem o hábito de desenvolver em seus esboços traços curtos, sucessivos e felpudos como demonstra a figura a seguir na imagem 1. Isto acontece porque ele levanta o lápis sucessivas vezes deixando uma linha descontínua e imprecisa. O correto é desenvolver traços precisos, firmes e contínuos sem sobressaltos como ilustra a imagem 2.
  • 13. UNIDADE 2 TÓPICO 1 81 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 63 – TRAÇADOS FONTE: O autor UNI Este exemplo especificado na figura a seguir, imagem 1, mostra a representação de um quadrado desenvolvido com linhas entrecortadas e pouco contínuas deixando o desenho poluído e pouco agradável. A imagem 2 já apresenta um desenho de um quadrado com formas bem definidas obtida através de traços contínuos. FIGURA 64 – QUADRADOS FONTE: O autor Parramón (2007, p. 76) aponta que para não acontecer de se desenvolver linhas descontínuas não se deve apoiar a mão no papel como se estivesse escrevendo. A mão que desenha não deve descansar no papel, mas correr e deslizar roçando, acariciando a superfície, com maior ou menor rapidez, mas sempre com vivacidade
  • 14. UNIDADE 2TÓPICO 182 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O Demonstraremos alguns exercícios para o treinamento e aprimoramento do traçado. Estes exercícios podem ser reelaborados de muitas e variadas formas. O importante é saber que esta prática será importante para o seu aperfeiçoamento na arte de desenvolver desenho de observação. Afigura a seguir e a imagem 1 apresentam um exercício elaborado para o treinamento do traço contínuo. O aluno vai desenvolver dentro de um quadrado linhas contínuas representadas na horizontal (A) e na vertical (B). O detalhe é deixar a mesma distância entre uma repetição e outra. Este mesmo exercício pode ser desenvolvido para o outro lado conforme imagem 2. FIGURA 65 – EXERCÍCIO DE LINHAS FONTE: O autor Outro exercício para o desenvolvimento de linhas contínuas é representar uma série de traçados paralelos e em diagonal (A) de mesma distância, conforme imagem 1, dentro de um espaço delimitado como o exemplo apresentado na figura a seguir. Este treinamento pode ser realizado também para o outro lado como mostra a imagem 2. FIGURA 66 – EXERCÍCIO DE LINHAS INCLINADAS FONTE: O autor Neste próximo exercício ilustrado na figura a seguir, imagem 1, representamos uma tela riscando linhas horizontais e verticais. Iniciamos o trabalho desenhando primeiramente a série de linhas horizontais posteriormente cruzamos traçando as linhas verticais. O afastamento entre as linhas (horizontais e verticais) precisam ser o mais regular possível. O detalhe é não movimentar a folha mantendo-a em posição retrato (vertical). Este mesmo exercício pode ser desenvolvido a partir do desenvolvimento de linhas inclinadas conforme imagem 2.
  • 15. UNIDADE 2 TÓPICO 1 83 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 67 – EXERCÍCIO DE LINHAS EM FORMA DE TELA FONTE: O autor 5.3 HACHURAS Hachura é uma técnica empregada no desenho onde se vale da representação de várias linhas retas e ou curvas desenvolvidas de forma paralela. Às vezes, estas linhas são realizadas mais próximas uma das outras, outras vezes não dependendo do efeito de sombra ou meio tom que se deseja criar. Há vários tipos de hachuras como a paralela, de linhas grossas, as cruzadas, oblíquas etc.. A figura a seguir mostra um estudo de hachuras de vários tipos: FIGURA 68 – TIPOS DE HACHURAS FONTE: Parramón (2007, p. 70-71)
  • 16. UNIDADE 2TÓPICO 184 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O A figura a seguir apresenta outros estudos de hachuras. FIGURA 69 – HACHURAS FONTE: Disponível em: <http://artemarcello.arteblog.com.br/285413/Estudos-de- Hachuras/>. Acesso em: 29 abr. 2011. A figura a seguir mostra um desenho todo representado através do uso da técnica da hachuras. figura 70 – RETRATO, 2005. GRAFITE FONTE: Mozart (2005, p. 49) Leonardo Da Vinci (1452-1519), artista renascentista, utilizava de esboços preliminares para realizar suas obras. E muitos destes estudos ele se valia da técnica da hachura para desenvolver o claro-escuro. Na figura a seguir, imagem 1, percebemos um esboço feito pelo artista para a representação do rosto do anjo para a primeira versão da obra “A Virgem dos Rochedos”, imagem 2.
  • 17. UNIDADE 2 TÓPICO 1 85 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 71 – A VIRGEM DOS ROCHEDOS, DE 1480 FONTE: Mannering (1981, p. 34) A figura que segue apresenta um exercício elaborado para o treinamento da técnica da hachura. O aluno desenvolve um esboço de um círculo (imagem 1) que é uma figura geométrica de fácil representação. A imagem 2 demonstra o posicionamento da sombra, respeitando a luminosidade que incide do lado esquerdo. Já a imagem 3 mostra a finalização do desenho com a intensificação da hachura desenvolvidas com linhas reta e curvas transformando-o em uma esfera. FIGURA 72 – EXERCÍCIO COM A TÉCNICA DE HACHURA – ESFERA FONTE: O autor UNI Lembrando que a luz incide do lado esquerdo e acima do círculo conforme exemplificado na figura anterior, a incidência de linhas vão se acumular do lado oposto. Este mesmo exercício pode ser desenvolvido tendo como base outras formas geométricas.
  • 18. UNIDADE 2TÓPICO 186 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O 5.4 Linhas Geométricas Sendo a base do desenho, as linhas nos auxiliam na sua construção. Elas estão presentes em todas as representações gráficas e podem ser horizontais, inclinadas, oblíquas, paralelas, sinuosas, verticais, perpendiculares e pontilhadas. Analise a figura a seguir. FIGURA 73 – TIPOS DE LINHAS FONTE: O autor Waldemar Cordeiro um dos precursores do concretismo no Brasil se valeu de linhas retas e cores para desenvolver sua obra conforme figura a seguir. Outros artistas também se utilizam de linhas para desenvolver seus trabalhos. FIGURA 74 – WALDEMAR CORDEIRO. IDEIA INVISÍVEL, 1955. TINTA E MASSA SOBRE AGLOMERADO, 60X61CM. FONTE: Garcez; Oliveira (2006, p. 136)
  • 19. UNIDADE 2 TÓPICO 1 87 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O DICAS! Atividades Complementares Para se desenvolver a destreza de um bom traço é importante treinar a representação das linhas em vários sentidos, como as demonstradas na figura a seguir. A partir deste exemplo, faça treinamentos representando graficamente várias linhas como: horizontal, inclinada, oblíqua, paralela, vertical, perpendicular, pontilhada e sinuosa. Crie outros exercícios e não use borracha, pois o objetivo desta dinâmica é soltar o traço. Utilize lápis 6B e folha sulfite em formato A4. FIGURA 75 – QUADRO DE TREINAMENTO DE LINHAS FONTE: O autor 5.5 Formas Geométricas O estudo do desenho geométrico é a base imprescindível para estudar os demais tipos de desenho como: técnico, moda, observação etc. Qualquer objeto pode ser convertido em uma forma geométrica a partir de esboços de linhas iniciais. Ao compor um desenho, preliminarmente, pode-se representá-lo utilizando figuras geométricas. Estas figuras funcionam como esboços iniciais, que auxiliam na projeção de sua concepção final. Atualmente, o estudo da geometria aplicado ao desenho é indispensável para as diversas áreas técnicas ou artísticas. Pode-se trabalhar a mente a se habituar a visualizar, nas imagens que nos rodeiam, as formas geométricas. Este, geralmente, não é um procedimento espontâneo, mas se torna
  • 20. UNIDADE 2TÓPICO 188 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O rotineiro com o tempo, à medida que treinamos o olhar, facilitando assim ao desenhista desenvolver seus esboços com mais facilidade e rapidez. Afigura a seguir mostra algumas formas mais convencionais em geometria: os polígonos. Elas nos auxiliam na construção dos esboços preliminares de um desenho. FIGURA 76 – POLÍGONOS FONTE: O autor IMPORTANTE! i Lembrando que polígono é uma figura geométrica plana formada por três ou mais segmentos de reta (fechadas) que se intersectam dois a dois. Por exemplo, o hexágono é um polígono de seis lados. A palavra “polígono” advém do grego, poly é muitos e gon significa ângulos. É importante guardar de memória, não só os nomes das figuras, mas, principalmente, os diferentes aspectos com que se apresentam graficamente.As formas das diversas gravuras, apresentadas na figura a seguir, são chamadas de sólidos e são de grande importância para o desenho, pois são elas que servem de base para se desenvolver volumes. FIGURA 77 – SÓLIDOS FONTE: O autor
  • 21. UNIDADE 2 TÓPICO 1 89 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O IMPORTANTE! i Um sólido geométrico é uma região do espaço limitada por uma superfície fechada. Há dois tipos de sólidos geométricos: os poliedros (Ex.: tetraedro, cubo, octaedro, dodecaedro, icosaedro) e os não poliedros (Ex.: esfera, cone e elipse). DICAS! A Google adquiriu um software chamado de “sketchUp”, tendo disponível em versão gratuita para uso comercial. Com este programa pode-se criar projetos arquitetônicos, criações de desenhos em duas ou mais dimensões, podendo torná-los tridimensionalmente visuais. Ferramenta que pode ser explorada com alunos do Ensino Médio. Na representação inicial de um desenho, utiliza-se a conjugação de linhas e formas. Conforme ilustra a figura a seguir, extraída do livro de Wong (2001), uma linha pode ser determinada por uma série de pontos, (item A). Um plano pode ser representado por uma série de linhas, (item B). Um volume pode ser representado por uma série de planos (item C). FIGURA 78 – PONTOS, LINHAS, PLANOS E VOLUMES FONTE: Wong (2001, p. 247) Na figura a seguir podemos reconhecer, nos diversos temas, várias formas geométricas puras: na cabeça da mulher, por exemplo, é possível reconhecer uma esfera, na janela um quadrado, na superfície da composição do abajur e do vaso pode-se perceber um trapézio. A cúpula do abajur foi construída a partir da representação de um cone.
  • 22. UNIDADE 2TÓPICO 190 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O UNI FIGURA 79 – RECONHECIMENTO DAS FORMAS GEOMÉTRICAS NAS IMAGENS FONTE: Escola de Arte: teoria e técnica. São Paulo: Globo, 1998. p. 7. A obra mostrada na figura que segue, de Alfredo Volpi (1896-1988), sinaliza uma forma geométrica abstracionista. Este, a partir de elementos muito simples da realidade, compunha imagens coloridas bastante agradáveis visualmente. FIGURA 80 – VOLPI. FACHADA COM BANDEIRINHAS, 1950 (DETALHE). DIMENSÕES: 73X1,16 CM. COLEÇÃO PARTICULAR FONTE: Proença (2006, p. 209) Você pode se valer das formas simples e geométricas das obras de Afredo Volpi para treinar o traço. Selecione uma de suas pinturas e reproduza-a utilizando apenas o grafite e representando apenas as formas, sem desenvolver a pintura.
  • 23. UNIDADE 2 TÓPICO 1 91 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O DICAS! Atividades Complementares Seguindo a linha de pensamento que para se desenvolver a destreza de um bom traço é importante treinar, vamos nos exercitar representando graficamente várias formas geométricas apresentadas na figura 76, como: triângulo, quadrado, retângulo, paralelogramo, losango, trapézio, pentágono, hexágono entre outras. Tente desenvolver traços contínuos, decididos, rápidos. Crie outros exercícios e não use borracha, pois o objetivo desta dinâmica é soltar o traço. Utilize lápis 6B e folha sulfite em formato A4. LEITURA COMPLEMENTAR INTRODUÇÃO AOS SÓLIDOS GEOMÉTRICOS É sabido que a Geometria, considerada por alguns como sendo a Matemática do Espaço, está profundamente ligada à vida do homem, ajudando-o a resolver os diversos problemas que poderá enfrentar no seu quotidiano, e talvez com isto se explique o surgimento da Geometria desde os tempos mais remotos da vida do homem. A Geometria está presente no mundo que nos rodeia, apesar de por vezes, não nos apercebemos da sua existência. Através de formas, desenhos e propriedades geométricas, a Geometria está cada vez mais acessível e presente no nosso dia a dia. Das civilizações mais antigas, podemos enunciar exemplos da arte chinesa, egípcia, céltica e portuguesa, e desta última destacamos os vitrais. Na natureza podemos encontrar as mais diversas formas geométricas: desde, por exemplo, os anéis de Saturno aos cristais de quartzo, ou mesmo nos favos de mel de uma colmeia, e ainda numa simples teia de aranha ou numa concha do Nautilus. FIGURA 81 – CONJUNTO DE IMAGENS FONTE: O autor
  • 24. UNIDADE 2TÓPICO 192 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O A Geometria trata de formas, das suas propriedades e das suas relações. Olhando à nossa volta, rapidamente tomamos consciência de que na Natureza são produzidas e reproduzidas determinadas formas e que, além disso, a Natureza prefere certas formas em relação a outras também possíveis. Por exemplo: O azeite que deitamos no caldo verde forma, na superfície da sopa, círculos, e não quadrados ou outra forma geométrica. As colmeias das abelhas obedecem a um padrão (pavimentação) hexagonal. O vento produz, na superfície dos oceanos, ondas com uma determinada forma, em vez de ondas quadradas. Três bolinhas de sabão, se deixadas livremente, formarão sempre ângulos de 120º. FONTE: Adaptado de: Introdução aos Sólidos Geométricos. Disponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/ icm/icm99/icm21/frame.htm>. Acesso em: 8 fev. 2007.
  • 25. UNIDADE 2 TÓPICO 1 93 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O Neste tópico, você viu que: • Desenho é uma forma de linguagem expressiva já utilizada nos primórdios dos tempos. Pode-se dizer que é a interpretação e a comunicação de impressões da realidade, sejam elas visuais, emocionais, psicológicas ou intelectuais. • “No exercício do desenho de observação desenvolve-se o pensamento analógico e concreto, o senso de proporção, espaço, volume e planos. A sensibilidade e a intuição são aguçadas enquanto se passa a apreciar melhor os outros elementos da linguagem gráfica: textura, linha, cor, estrutura e composição”. (HALLAWELL, 2006, p. 9) • Pode-se dizer que o desenho é a arte de criar e representar formas, geralmente em superfície de papel, por meio de pontos, linhas e manchas e tendo como suporte vários materiais como, por exemplo, o papel e o grafite. • É importante treinar o olhar para se aprimorar a habilidade da observação, para isso, existem vários exercícios que servem de facilitador para o seu desenvolvimento. • O entendimento das linhas e formas geométricas básicas são importantes para o profissional pois, a conjugação delas são a base do desenho preliminar, o esboço. RESUMO DO TÓPICO 1
  • 26. UNIDADE 2TÓPICO 194 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O Ao observarmos a natureza, podemos reconhecer muitas formas geométricas. Analisando algumas destas formas a exemplo das colmeias, feitas pelas abelhas, notamos que elas obedecem a um padrão (pavimentação) hexagonal. Com base nesta afirmativa, selecione imagens da natureza, de formatos geométricos variados, como: triângulo, quadrado, retângulo, paralelogramo, losango, trapézio, pentágono, hexágono etc. Em seguida, represente-os graficamente (apenas a forma da figura geométrica, não a imagem). Utilize, para isto, lápis 6B e folha sulfite em formato A4. O texto anexado em leitura complementar: “Introdução aos Sólidos Geométricos”, esclarece pontos deste exercício. AUTOATIVIDADE !
  • 27. D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O TÉCNICAS BÁSICAS DE ESBOÇOS 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 2 UNIDADE 2 UNI A representação gráfica é um dos instrumentos que uma pessoa usa para exteriorizar pensamentos, expor conceitos e comunicar ideias. Conforme menciona Gomes (1996, p. 13), “o desenho é uma das formas de expressão humana que melhor permite a representação das coisas concretas e abstratas que compõem o mundo natural ou artificial em que vivemos.” Representar graficamente é elaborar desenhos através do uso de um suporte sobre uma superfície podendo ser de observação ou não. O desenho de observação se origina no olhar do espectador para o mundo onde estas imagens se configuram em registros pictóricos. Há outros tipos de representações gráficas como transformar imagens extraídas da mente em contornos, esboços, desenhos. Vamos enfatizar, neste item, algumas técnicas e meios que o auxiliarão na elaboração e desenvolvimento de esboços que o ajudarão a aprimorar a habilidade do desenho. É importante lembrar que não se deve preocupar-se com o desenho acabado, mas com o processo de aprendizado e o seu descobrimento. O aluno deve se preocupar com o entendimento e o domínio dos elementos que formam uma obra visual, e aí o produto será uma consequência natural desse domínio. Quando desenhamos, precisamos pensar concretamente e não, como de costume, simbolicamente ou abstratamente.
  • 28. UNIDADE 2TÓPICO 296 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O 2 ELEMENTOS DA LINGUAGEM GRÁFICA São muitos os códigos que o homem utiliza para se comunicar, tanto verbais (oral e/ou escrito) como não verbais para exprimir seus sentimentos, suas opiniões, seus conhecimentos, seus desejos. São esses códigos, denominados conjuntos organizados de sinais utilizados na comunicação, que formam a linguagem. Existem dois tipos de linguagem: a) Verbal - código que utiliza a linguagem falada ou escrita (crônica, rádio etc.); b) Não Verbal - qualquer código que não utilize a palavra (dança, gestos etc.). A  linguagem  não verbal  representa  grande parte de nossa comunicação e pode ser expressa mediante gestos espontâneos, olhar, expressão facial, expressão corporal,  música,  sinais etc. Utilizamos de diferentes códigos na comunicação como: afetivo, cognitivo, denotativo, conotativo, lúdico, simbólico, erudito, jurídico, obsceno, coloquial, entre outros. É um desses códigos, o gráfico, que vamos abordar em nosso trabalho. No estudo do desenho, primeiro se conhecem seus fundamentos (baseados em conhecimentos científicos e estéticos) que fazem parte do alfabeto da linguagem gráfica: composição, proporção, perspectiva, concepção de espaços, eixos, luz e sombra, estrutura, para depois decodificá-los. 3 COMPOSIÇÃO A composição é a primeira etapa desenvolvida em qualquer trabalho visual. O diagramador aplica a composição; também o fotógrafo, quando enquadra o assunto da fotografia, o decorador na elaboração das disposições dos móveis e o desenhista ao organizar os elementos do desenho. A composição é um dos primeiros fundamentos a ser abordado no aprendizado do desenho. Antes de se iniciar o desenho, antes mesmo de medir as proporções, verificar as formas do objeto (a ser desenhado), organiza-se seus elementos, ou seja, as linhas, os pontos, as manchas, as cores e os espaços vazios, de maneira equilibrada no espaço disponível. É importante verificar qual a composição ideal dos elementos dispostos.
  • 29. UNIDADE 2 TÓPICO 2 97 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O É importante saber posicionar um desenho num espaço, conhecer as propriedades desse espaço e como o olho reage a ele para realizar uma composição harmônica, visualmente equilibrada, empregando assim expressividade e qualidade à obra. Na elaboração de uma boa composição, precisam-se respeitar os limites impostos pelas margens do papel, e o “senso de peso” na distribuição destes elementos no mesmo. Em geral, conforme exemplifica Hallawell (2006, p. 14), “o tamanho do desenho deve ser suficientemente grande para dominar os espaços vazios, mas não tão grande que invada as margens.” Na Figura 82, o desenho é oprimido pelos espaços, enquanto, na Figura 83, é sufocado pelas margens. A Figura 84 mostra uma solução equilibrada onde se respeitam as margens superiores, inferiores e laterais da folha deixando o desenho centralizado. FIGURA 82 – IMAGEM PEQUENA FONTE: Hallawell (1994, p. 14) FIGURA 83 – IMAGEM GRANDE FONTE: Hallawell (1994, p. 14)
  • 30. UNIDADE 2TÓPICO 298 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 84 – IMAGEM EQUILIBRADA FONTE: Hallawell (1994, p. 14) Na figura a seguir, percebe-se um peso maior no lado esquerdo, provocando um desequilíbrio. A Figura 86 apresenta uma harmonia visual. FIGURA 85 – IMAGEM EM DESEQUILÍBRIO FONTE: Hallawell (1994, p. 14) FIGURA 86 – IMAGEM EQUILIBRADA FONTE: Hallawell (1994, p. 14)
  • 31. UNIDADE 2 TÓPICO 2 99 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O 3.1 PROPORÇÃO ÀUREA NA COMPOSIÇÃO Aproporção das folhas de papel que utilizamos, incluindo as usadas no desenho, segue um padrão próximo à proporção áurea, termo que reporta a estudos da proporção perfeita, realizados por Euclides de Alexandria (365 a.C. - 300 a.C.), na Grécia antiga. Ele elaborou a teoria da proporção áurea (Número de Ouro ou Número Áureo), que é uma constante real algébrica irracional que resulta em harmonizar as proporções do desenho. No exemplo demonstrado por Hallawell (2006, p. 16), dois números (X e Y, por exemplo) estão em proporção áurea se a razão entre o menor deles sobre o maior for igual ao maior sobre a soma dos dois (ou seja, X/Y = Y/X+Y). Ainda, segundo Hallawell (2006, p. 16), analisando a linha ABC e o retângulo ACDF, das figuras a seguir, constata-se que ambos têm proporções áureas porque a proporção de AB para BC é igual à proporção de BC para AC, e de DC para AC. Esta proporção estabelece um coeficiente áureo que se aproximam de 1:1.61. FIGURA 87 – PROPORÇÃO ÁUREA FONTE: Hallawell (1994, p. 16) FIGURA 88 – PROPORÇÃO ÁUREA FONTE: Hallawell (1994, p. 16)
  • 32. UNIDADE 2TÓPICO 2100 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O Na composição do(s) objetos(s) para a elaboração do desenho, é importante observar a melhor posição do papel em relação aos elementos: na horizontal, posição paisagem ou na vertical, posição retrato, analise as figuras a seguir. Invariavelmente, o ponto determinante é a proporção do conjunto dos objetos: se os objetos são mais altos ou mais largos. FIGURA 89 – POSIÇÃO FOTO FONTE: Hallawell (1994, p. 16) FIGURA 90 – POSIÇÃO PAISAGEM FONTE: Hallawell (1994, p. 16) Quase que em sua totalidade, na elaboração de uma composição, ela é organizada em torno do ponto focal. Observando o exemplo da figura seguinte, demonstrado por Hallawell (2006, p. 16) em seu livro, e analisando os ítens 1, 2 e 3 que apresentam as diversas formas de se compor uma imagem, podemos avaliar que: o desenho é assentado colocando-se a base dos objetos principais dentro da parte pesada. Se o desenho for colocado dentro da parte leve, uma sensação de flutuação será criada (figura a seguir, item 4). leve PESADO
  • 33. UNIDADE 2 TÓPICO 2 101 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 91 – ACHANDO O PONTO FOCAL DE UMA COMPOSIÇÃO UNI FONTE: Hallawell (1994, p. 16) Ainda citando o exemplo de Halawell (2006, p. 16), existem quatro “pontos áureos” (P) importantes a serem mencionados para a realização de uma composição. Eles se posicionam onde as linhas áureas se cruzam, portanto são quatro em cada retângulo, conforme se observa na figura anterior, item 5. Segundo Hallawell (2006, p. 16), “a composição dos elementos pode ser organizada em volta deles, desde que os pesos laterais sejam equilibrados. Portanto, são pontos de equilíbrio relativo.” Tudo o que se encontra na natureza está inscrito na Proporção Áurea, seja o corpo humano, uma colmeia de abelhas, uma estrela-do-mar, uma concha etc. 3.2 TIPOS DE COMPOSIÇÕES A composição é um passo prévio ao desenho e é de fundamental importância e que, se bem empregada, dá equilíbrio e qualidade à obra. Existem muitos tipos de composições que fazem um mesmo grupo de objetos produzirem efeitos visuais distintos. Analisaremos três desses tipos de composições: a diagonal, a central e a triangular.
  • 34. UNIDADE 2TÓPICO 2102 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O 3.2.1 Composição diagonal A composição em diagonal é determinada quando as formas do modelo podem ser simplificadas com uma linha que cruza o papel em diagonal. Neste caso de composição, pode- se dividir a imagem em duas partes: para dar equilíbrio ou como um elemento que indica uma direção. Analise o exemplo da figura seguinte. FIGURA 92 – COMPOSIÇÃO DIAGONAL FONTE: Parramón (1997, p. 28) 3.2.2 Composição central Na composição central, o motivo se agrupa no centro da imagem criando uma sensação de unidade frente ao fundo. Na maioria desses tipos de composições, podem-se resumir os componentes da imagem dentro de um círculo. Observe a figura a seguir. FIGURA 93 – COMPOSIÇÃO CENTRAL FONTE: Parramón (1997, p. 28)
  • 35. UNIDADE 2 TÓPICO 2 103 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O 3.2.3 Composição triangular A composição triangular é aquela em que os objetos se reúnem de tal forma que se pode construir um triângulo para delimitá-los. Este tipo de composição tem algo parecido com a central, pois o triângulo se acha no centro do papel, porém não permite reunir os objetos que a compõem em um círculo (figura a seguir). O exemplo a seguir, extraído do livro do autor Parramón (1997, p. 28-29), sinaliza uma sequência de esboços (figuras 95, 96 e 97) sendo desenvolvidos a partir da composição triangular demonstradas na imagem a seguir. FIGURA 94 – COMPOSIÇÃO TRIANGULAR FONTE: Parramón (1997, p. 28) FIGURA 95 – ESBOÇO 1 FONTE: Parramón (1997, p. 28)
  • 36. UNIDADE 2TÓPICO 2104 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O UNI Vimos três tipos de composições, porém existem vários outros modelos. O importante é saber que, antes de se iniciar o desenho, devem-se analisar os elementos que integram uma imagem e realizar uma disposição (entre eles) que deixe o motivo de forma harmônica e equilibrada. FIGURA 97 – ESBOÇO 3 FONTE: Parramón (1997, p. 29) FIGURA 96 – ESBOÇO 2 FONTE: Parramón (1997, p. 29)
  • 37. UNIDADE 2 TÓPICO 2 105 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O DICAS! Atividades Complementares. Desenhe três figuras geométricas de tamanhos e formatos distintos como, por exemplo: círculo, quadrado e triângulo. Para isto não se preocupe com a perspectiva, volume e cor. Represente-as de maneira plana, utilizando apenas lápis grafite (6B). Recorte-as e arranje-as sobre uma folha em formato A4. Utilizando as informações adquiridas nos textos de composição, escolha o posicionamento do papel (paisagem ou retrato) e depois tente criar diferentes tipos de composições. Agrupe-as de vários modos e lugares diferentes da folha e preocupe-se, somente, com o equilíbrio da composição. Você pode também sinalizar as diversas possibilidades, fazendo um contorno em volta das figuras. Desenvolva, no mínimo, 5 possibilidades de composição e depois as analise comparando qual delas é mais harmônica.
  • 38. UNIDADE 2TÓPICO 2106 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O 4 DESENHO DE OBSERVAÇÃO Abordaremos, neste Caderno de Estudos, o desenho de observação, não como cópia ou prática acadêmica, mas como instrumento para o desenvolvimento da percepção visual e como ferramenta para a evolução do processo criativo. Antes de iniciar a representação gráfica do desenho de observação, é importante analisar bem o objeto ou imagem escolhidos, e ao desenvolvê-los, centralizar o motivo no papel à disposição dos elementos em um plano bidimensional, ou seja, estabelecer o layout (composição). Isto é muito importante para a harmonia visual do resultado final. Num primeiro momento, na representação gráfica, atenha-se apenas à forma geral do assunto, sem levar em conta os detalhes, pois eles serão examinados posteriormente. O próximo passo é transformar a imagem em contornos ou blocos geométricos, que chamamos de esboço. Ele é uma síntese, um planejamento em linhas gerais ou em seus fundamentos. Para tanto, podem-se utilizar esquemas e técnicas para dar proporcionalidade ao desenho. Depois de pronta a primeira parte, “o esboço”, partimos para outras etapas que são as pormenorizações do trabalho e então o tratamento de luz e sombra, texturas etc. A figura a seguir, destacada no livro de Parramón (1997, p. 50-53), mostra este passo a passo: a foto (item 1), o esboço em bloco (item 2), as pormenorizações (itens 3, 4 e 5), detalhes de sombras e texturas (itens: 6 e 7), e o resultado final (item 8). FIGURA 98 – DESENVOLVENDO UM DESENHO DE OBSERVAÇÃO FONTE: Parramón (1997, p. 50-53)
  • 39. UNIDADE 2 TÓPICO 2 107 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O UNI Deve-se ressaltar que, antes de começar a desenvolver um desenho, é importante analisar bem o objeto escolhido e, ao iniciar seu esboço, achar sua melhor composição e, assim, centralizá-lo no papel. Num primeiro momento, atenha-se apenas à forma geral, sem levar em conta os detalhes que serão examinados posteriormente. 4.1 TRASLADAR (TRANSFERIR) IMAGENS DO PLANO REAL PARA O DESENHO Saber trasladar para o papel a relação de proporção que mantém um modelo, objeto ou paisagem, real (que não é de foto), é fundamental para que o desenho resultante tenha coerência e verossimilhança, de uma maneira mais natural possível. Uma das chaves para se conseguir um bom resultado na representação gráfica é a observação, pois é através dela que o artista toma consciência das formas e da relação de proporção que há entre elas (imagem x desenho) e repassa as para o papel. Uma das formas de colocar no desenho as mesmas proporções da imagem (real) que está sendo retratada, consiste em medi-la com lápis e trasladar (estas medidas) para o papel. Deste modo é difícil que se cometam grandes erros. É aconselhável voltar a comparar as medidas, tomadas ao longo do processo de desenhar, para se ter certeza do bom resultado do esboço. Analise o exemplo, de Parramón (1997, p. 34-42), publicado em seu livro, referente aos passos realizados para a elaboração de um desenho de observação: 1 Para começar observe atentamente o objeto (urso de pelúcia figura a seguir) e faça uma esquematização básica. Elabore um quadrado ao redor de todo o espaço a ser utilizado para desenvolver o desenho (Figura 100). Podendo ser um triângulo ou outras formas geométricas dependendo da composição da imagem.
  • 40. UNIDADE 2TÓPICO 2108 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 99 – FOTO DE UM URSO DE PELÚCIA FONTE: Parramón (1997, p. 32) FIGURA 100 – ESBOÇO DE UMA FORMA GEOMÉTRICA (QUADRADO) FONTE: Parramón (1997, p. 33) 2 Divida o quadrado em duas partes: a que ocupa o urso e a que corresponde à bola (Figura 101). 3 No estudo do modelo se tomam medidas com ajuda do lápis para ter certa ideia correta das diferenças de tamanhos, (figuras 102 e 103).
  • 41. UNIDADE 2 TÓPICO 2 109 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 101 – MEDIDA DA BOLA FONTE: Parramón (1997, p. 32) FIGURA 102 – CONFERÊNCIA DE MEDIDAS (ALTURA) FONTE: Parramón (1997, p. 32) 4 Depois de realizar o esboço das formas, voltaremos a comprovar que as proporções estão corretas, e, neste caso, conferir a distância dos pés (figuras 104 e 105).
  • 42. UNIDADE 2TÓPICO 2110 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 103 – CONFERÊNCIA DE MEDIDAS (LARGURA) FONTE: Parramón (1997, p. 32) FIGURA 104 – CONFERÊNCIA DE MEDIDAS DO ESBOÇO FONTE: Parramón (1997, p. 33) 5 Antes de prosseguir é interessante rever as medidas já esboçadas como as dos pés e da bola etc. 6 Para achar o tamanho proporcional da cabeça do urso, repetir o processo de medir com o lápis para esboçar no papel (figuras 105 e 106).
  • 43. UNIDADE 2 TÓPICO 2 111 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 105 – CONFERÊNCIAS FINAIS DAS MEDIDAS FONTE: Parramón (1997, p. 32) FONTE: Parramón (1997, p. 33) FIGURA 106 – CONFERÊNCIAS FINAIS DO ESBOÇO 7 Uma vez feita à comprovação de que as proporções estão corretas se realiza o esboço com mais detalhes e traços seguros (Figura 107).
  • 44. UNIDADE 2TÓPICO 2112 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O DICAS! FIGURA 107 – DESENHO DO URSO DE PELÚCIA ATENÇÃO! FONTE: Parramón, (1997, p. 33). É importante observar atentamente a imagem e não ter pressa para começar a desenhar. E, para evitar erros, ao tirar as medidas do modelo utilizando o lápis, deve-se manter sempre a mesma distância entre a mão e o corpo, para isso o mais aconselhável é fazê-lo com o braço totalmente esticado. Atividades Complementares Selecione um objeto, uma garrafa, por exemplo, e mantendo uma distância de um metro, tente representá-lo graficamente. Para isto, utilize os ensinamentos do item 4.1 Trasladar (Transferir) imagens do plano real para o desenho.
  • 45. UNIDADE 2 TÓPICO 2 113 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O 5 PROPORÇÃO Muitos são os sistemas de medidas criados ao longo da história para se representar graficamente uma imagem. Com seus códigos e convenções culturais, suas regras de proporções, suas leis de anatomia e simetria, foram se transformando no decorrer dos tempos dando suporte ao artista em suas reproduções. Desde a antiguidade, grandes artistas preocuparam-se em representar as proporções exatas das imagens como paisagens, construções, objetos e principalmente do corpo humano. Várias foram as formas de medir o corpo humano para depois reproduzi-lo em desenhos, pinturas e esculturas. Chamados também de cânon (do grego Kanón, que significa regra), se instituiu uma unidade de medida para depois realizar suas representações. Os cânones são sistemas de medidas proporcionais do corpo humano, onde é aplicada a antropometria comparativa, consistindo em tomar como medida padrão uma parte do corpo. A comparação desta unidade com outras partes do mesmo determinam um sistema de medidas proporcionais entre si. (CA- MARGO, 1986, p. 9). Um exemplo de estudo de proporções foi utilizado pelos egípcios, na idade antiga, a lei da frontalidade. Nesta regra, a forma de representar os olhos e os ombros das pessoas era sempre de frente para o observador, conforme demosntrado na pintura sobre gesso da figura a seguir. Esta figura representa a cabeça de uma moça com flor-de-lótus nos cabelos e se encontra no túmulo de Menna, Sheikh-abd-el-Qrnah de Tebas de meados da décima-oitava dinastia no reinado de Tutmés IV (c. 1425-1.415 a.C.). FIGURA 108 – CABEÇA DE UMA MOÇA COM FLOR-DE-LÓTUS NOS CABELOS FONTE: Disponível em: <http://www.salesianost.com.br/aulaweb/ educart/historiadaarteArteEgip.htm>. Acesso em: 8 fev. 2007.
  • 46. UNIDADE 2TÓPICO 2114 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O A lei da frontalidade se aplica mesmo que os pés e a cabeça estivessem de perfil, de acordo com o demonstrado na pintura do portador de oferendas da figura a seguir. Esta pintura sobre gesso é um detalhe da parede sul do túmulo de Nakht, Shwikh-abd-el-Qrnah de Tebas de meados da décima oitava dinastia. FIGURA 109 – PORTADOR DE OFERENDAS FONTE: Disponível em: <http://www.salesianost.com.br/aulaweb/educart/ historiadaarte/ArteEgip.htm>. Acesso em: 8 fev. 2007. Camargo (1986, p. 9) relata que, os gregos, “tendo um maior domínio das proporções, criaram o chamado Kanón lógico – sistema baseado na beleza, tendo como medida padrão a cabeça (1 corpo é igual a 7,5 cabeças)”. Ver representações humanas retratadas nas figuras a seguir. FIGURA 110 – ATLETAS EM CERÂMICA DE 440-375 a.C. FONTE: Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/ image:Athletes_red_cup_Louvre_G639.jpg>. Acesso em: 8 fev. 2007.
  • 47. UNIDADE 2 TÓPICO 2 115 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 111 – CORREDORES COMPETINDO DE 530-520 a.C. FONTE: Disponível em: <http://www.greciantiga.org/art/art04v-gal2.asp>. Acesso em: 8 fev. 2007. O romano Vitrúvio (80/70 a.C. há 25 a.C.), como salienta Camargo (1986, p.9), partindo de estudos realizados pelos gregos em relação à proporção do corpo humano, “veio estabelecer um novo cânon: o corpo dividido em 8 cabeças”. A figura a seguir expõe um afresco com representações da figura humana. FIGURA 112 – FOLIÕES, DA TUMBA DOS LEOPARDOS DE 470 a.C. FONTE: Beckett (2002, p. 18) Albrechrt Dürer (1471-1528), uma das figuras centrais da Renascença, inventou aparelhos para resolver o problema das dimensões e proporções nas representações dos temas que desenhava. Dürer desenvolveu muitos estudos sobre proporções do corpo humano tendo como base ensinamentos dos autores clássicos. Em seus esboços, conforme cita Gombrich (1999, p. 347), experimentou várias regras distorcendo a compleição humana ao desenhar corpos demasiado longos ou demasiado largos, a fim de descobrir o equilíbrio adequado e a harmonia perfeita.
  • 48. UNIDADE 2TÓPICO 2116 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O “Entre os primeiros resultados desses estudos, que o absorveriam durante toda a vida, está a gravura de Adão e Eva, na qual consubstanciou todas as suas novas ideias de beleza e harmonia” (GOMBRICH, 1999, p. 347), representada na Figura 113. FIGURA 113 – DÜRER. ADÃO E EVA, 1504. ÁGUA-FORTE UNI FONTE: Gombrich, (1999, p. 348). Muitos artistas, para facilitar seus trabalhos e conferi-los proporcionalidades, desenvolveram vários métodos distintos para auxiliá-los nas suas representações gráficas. Um dos métodos mais utilizados pelos desenhistas no desenho de observação é o auxílio do lápis, já demonstrado no texto sobre desenho de observação. Com um lápis podem-se comparar proporções, (altura, largura) e transpô-las para o papel. Abordaremos, a seguir, algumas maneiras de se dar proporcionalidade ao desenho como expondo a técnica de Dürer. Segundo o dicionário Aurélio, proporção é a relação entre as coisas; comparação. Dimensão, extensão. Disposição regular, harmônica; simetria. Conformidade, identidade. Igualdade entre duas razões.
  • 49. UNIDADE 2 TÓPICO 2 117 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O 5.1 TÉCNICA DE DÜRER Albrecht Dürer foi um artista polivalente. Desenhista, pintor e gravador, ele recorreu às construções geométricas e inventou alguns aparelhos para auxiliá-lo no problema  das dimensões e proporções dos temas que representava. Um desses aparelhos consistia num vidro quadriculado, colocado entre o artista e o modelo. Dürer traçava uma quadrícula com os mesmos espaços na folha e, mantendo o mesmo ângulo de observação, transferia os traços do modelo para o papel, ajudado pela quadrícula. Na realidade, a técnica não passa de um sistema para aplicar alguns princípios geométricos elementares (neste caso um dos critérios da proporcionalidade), tão próprios das preocupações dos homens do Renascimento e utilizados até hoje. Para representar um desenho pode-se utilizar a técnica de Dürer. Esta técnica é usada principalmente para copiar, ampliar e reduzir corretamente um desenho. A seguir, conforme exemplo conferido por Parramón (1997, p. 38-39), acompanhe a seguir um passo a passo para a construção desta quadrícula. 1 Primeiramente, trace linhas formando quadrados do mesmo tamanho, sobre o desenho em questão (Figura 114). 2 Em seguida, faça um quadriculado igual (de mesmas medidas), maior ou menor, conforme o interesse: apenas copiar, ampliar ou reduzir o desenho (Figura 115). FIGURA 114 – FOTOS DE FLORES FONTE: Parramón, (1997, p. 38).
  • 50. UNIDADE 2TÓPICO 2118 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURAS 115 – QUADRÍCULA FONTE: Parramón (1997, p. 38) 3 Então, reconstrua a imagem analisando cada área do modelo, quadrado por quadrado. Reproduza-o através de um desenho, depois de sua finalização apague as linhas bases, conforme ilustra a Figura 116. 4 Finalize o desenho dando tratamento de luz e sombra conforme Figura 117. Este passo será tratado no tópico seguinte. FIGURA 116 – ESBOÇO FONTE: Parramón (1997, p. 39) FIGURA 117 – FINALIZAÇÃO FONTE: Parramón (1997, p. 39)
  • 51. UNIDADE 2 TÓPICO 2 119 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O UNI DICAS! Essa técnica também pode ser utilizada para elaborar os detalhes de um desenho a partir de um esboço. É importante traçar o quadriculado bem de leve, para apagá-lo posteriormente e com medidas precisas, de modo a representar o desenho de forma não distorcida. Atividades Complementares Tendo como suporte, para este exercício, a foto proposta (Figura 118), ou outra que se julgue interessante, elabore uma quadrícula como a descrita no item 5.1, Técnica de Dürer. Após desenvolver os traços preliminares de mesmas medidas, refaça o diagrama em uma folha A4 e, esboce a imagem. Nesta etapa, não é necessário demonstrar no desenho o tratamento de luz e a sombra, apenas as formas dos objetos. Utilize uma foto com poucas informações visuais para melhor desempenho no treinamento. FIGURA 118 – NATUREZA MORTA FONTE: Disponível em:<http://portfolio.llis.org/gdesign.php>. Acesso: 8 fev. 2007.
  • 52. UNIDADE 2TÓPICO 2120 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O Neste tópico, você viu que: • Pode-se dizer que o desenho de observação é um meio para se adquirir o domínio dos fundamentos do desenho, sobre a percepção visual e sobre o espaço no qual se desenvolve o produto, seja ele bi ou tridimensional, e leva-nos a conhecer todos os elementos que compõem a linguagem gráfica: composição, proporção, perspectiva, concepção de espaço, eixos, luz e sombra, valor linear e estruturas etc. • É um meio para que se conheça a linguagem da arte visual, através de uma investigação da realidade plástica à nossa volta, e para que cada um conheça sua própria maneira de lidar com esta linguagem. • É importante não atrelar o ensinamento do desenho de observação apenas usando regras, estilos ou soluções, para não interferir na criatividade do aprendiz e inibir a busca de sua própria expressão. Porém, existem técnicas, para determinados casos, que nos ajudam a desenvolver um esboço de melhor qualidade como a técnica da quadrícula, desenvolvida por Dürer. • Neste tópico, demonstramos ensinamentos básicos para se iniciar um esboço como: a realização de uma composição de extrema importância para dar equilíbrio, expressividade e qualidade ao desenho; o uso da proporção para se desenvolver um esboço mais realista e equilibrado e, até a concepção final do desenho. RESUMO DO TÓPICO 2
  • 53. UNIDADE 2 TÓPICO 2 121 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O Composição gráfica. Observe com atenção a obra de Vincent Van Gogh, na figura a seguir: AUTOATIVIDADE !FIGURA 119 – VAN GOGH’S BEDROOM IN ARLES, 1889 FONTE: Cumming, (1996, p. 94-95). Os artistas Roy Lichtenstein e Tsing-Fang Chen fizeram uma releitura dessa obra. Observe-a nas figuras 120, “O Quarto em Arles” e 121, “Andy Saiu Agora”, respectivamente: FIGURA 120 – ROY LICHTENSTEIN – O QUARTO EM ARLES, 1992 FONTE: Cowart et al., (1999, p. 36).
  • 54. UNIDADE 2TÓPICO 2122 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 121 – TSING-FAG CHEN – ANDY SAIU AGORA, 1990 FONTE: Disponível em: <http://www.superstock.com/search/Modern/ icon>. Acesso em: 8 fev. 2007. Agora, faça você também uma composição gráfica. Para isto, tome como base não o quarto de Van Gogh, mas o “seu próprio quarto”, elegendo elementos (objetos) significativos como: cadeira, piso, espelho, cortina, janela, quadros, guarda-roupa etc. Você escolherá, dentre as várias opções encontradas no seu quarto (mínimo e) aquelas com que você mais se identifica. Para a realização dessa composição, utilize os materiais de desenho mencionado até agora. Aideia do exercício de desenvolver um desenho a partir da análise de elementos contidos em uma obra de arte é fazer o aluno trabalhar sua percepção diante das coisas, percebendo sentimentos, sensações, formas, cores, texturas. Ajudá-lo a extrair informações através do ato da observação de modo geral, pois, no nosso cotidiano, muitas informações são transmitidas pelas propagandas: obras de arte, anúncios, natureza, enfim tudo que nos rodeia. Temos que estar atentos para saber lê-las e interpretá-las.
  • 55. D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O A PERSPECTIVA 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 3 UNIDADE 2 Desde a antiguidade, os povos gregos já empregavam noções de perspectiva em seus estudos, denominando-os de “escorço”. Durante o período medieval, grande parte do conhecimento teórico a respeito da perspectiva se perdeu. Porém, no período do Renascimento, a perspectiva foi profundamente estudada e desvendada, abrindo o caminho para o seu estudo matemático através da Geometria Descritiva, que a sistematizou. A perspectiva é um sistema que foi idealizado pelo homem e teve como Giotto Di Bondone (1267-1337) – famoso pintor italiano, considerado o elo de transição entre a pintura medieval bizantina e a pintura renascentista, devido ao alto grau de inovação de seu trabalho. – um dos precursores a utilizar esta técnica. A figura a seguir ilustra muito bem o emprego da perspectiva desenvolvida por Giotto. FIGURA 122 – GIOTTO DI BONDONE, MARRIAGE AT CANA, 1305- 1306, FRESCO FONTE: PROPROFS. Art History Lecture. Disponível em: <http://www. proprofs.com/flashcards/cardshowall.php?title=art-history- lecture-1> . Acesso em: 1 mar. 2011.
  • 56. UNIDADE 2TÓPICO 3124 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O Ela foi desenvolvida para reproduzir a terceira dimensão, ou seja, representar em duas dimensões a realidade tridimensional. Trocou o estilo congelado desta fase por formas mais suaves, mais vivas. Com algumas técnicas podemos desenvolver um esboço utilizando a perspectiva nas representações gráficas. Neste tópico, analisaremos as duas formas mais comuns de se utilizar a perspectiva: a paralela e a oblíqua. 2 A PERSPECTIVA Podemos definir a perspectiva como sendo uma projeção em uma superfície bidimensional de um determinado fenômeno tridimensional. Tal evento manifesta-se especialmente na percepção visual do ser humano. A perspectiva é a parte da ótica que ensina as regras segundo as quais devem ser representados os objetos, não com as suas dimensões e formas reais, mas de tal maneira como aparecem à nossa vista, com as deformações que experimentam em razão do grau do afastamento e da posição do espectador. É a arte e a técnica de representar os objetos vistos em profundidades, à distância. Vamos analisar um objeto esférico que não se modifica: uma bola de metal, por exemplo, (figura a seguir). Estando ela suspensa ou estabilizada e vista sob quaisquer ângulos, parecerá aumentar ou diminuir – conforme nos aproximamos ou afastamos – mas apresentará sempre o mesmo aspecto esférico. Este é o princípio fundamental da perspectiva, tudo que está longe parece menor que tudo o que está perto. FIGURA 123 – BOLAS FONTE: O autor
  • 57. UNIDADE 2 TÓPICO 3 125 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O Parramón (2007, p. 163), conforme figura a seguir, ilustra e enfatiza que: À medida que se afasta, o objeto diminui de tamanho. Do mesmo modo, o efeito de distanciamento faz que as formas se diluam progressivamente, que os contornos se mostrem cada vez mais imprecisos, se percam no detalhe, e que o grau de síntese e abstração do objeto desenhado aumente. FIGURA 124 – DESENHO COM EFEITO DE DISTANCIAMENTO FONTE: Parramón (2007, p. 162) Para se desenvolver uma perspectiva há de se conhecer seus fundamentos básicos como a linha do horizonte (LH) e os pontos de fuga (PF). 2.1 LINHA DO HORIZONTE (LH) A linha do horizonte é uma linha imaginária que se encontra sempre diante de nós, à altura dos nossos olhos, a nossa frente. O exemplo mais explícito desta definição podemos perceber quando olhamos o mar: a linha do horizonte é a linha que limita a água com o céu. Observe a figura a seguir. FIGURA 125 – LINHA DO HORIZONTE FONTE: FERNANDES, Carlos José. Ilustração desenvolvida para o texto sobre a água. Disponível em: <http://sotaodaines.chrome.pt/sotao/ histor46.html>. Acesso: 8 fev. 2007.
  • 58. UNIDADE 2TÓPICO 3126 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O 2.2 PONTOS DE FUGA (PF) Os pontos de fuga encontram-se sempre na linha de horizonte e têm a missão de reunir as linhas do modelo paralelas e perpendiculares bem como as oblíquas, na linha do horizonte, conforme a perspectiva seja de um só ponto ou de dois pontos de fuga. As imagens a seguir nos mostram exemplos da perspectiva paralela e oblíqua. FIGURA 126 – PERSPECTIVA PARALELA FONTE: Parramón (1994, p. 11) UNI FIGURA 127 – PERSPECTIVA OBLÍQUA FONTE: Parramón (1994, p. 11) A seguir, vamos enfatizar duas formas mais comuns de se utilizar a perspectiva: a paralela e a oblíqua.
  • 59. UNIDADE 2 TÓPICO 3 127 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O 2.3 PERSPECTIVA PARALELA A perspectiva paralela é aquela que conta com um só ponto de fuga e que permite representar os objetos quando estão em frente do espectador. Para introduzirmos este tema, utilizaremos a forma tridimensional mais conhecida: o cubo de cristal. Analise a construção da perspectiva descrita por Parramón (1997, p. 34) e apresentada nas figuras 128, 129, 130 e 131. Perceba que com o auxílio deste método pode-se imprimir profundidade ao objeto representado, o sofá. FIGURA 128 - QUADRADO FONTE: Parramón (1997, p. 34) FIGURA 129 – PONTO DE FUGA FONTE: Parramón (1997, p. 34) FIGURA 130 – CUBO FONTE: Parramón (1997, p. 34)
  • 60. UNIDADE 2TÓPICO 3128 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 131 – SOFÁ FONTE: Parramón (1997, p. 34) Parramón (2007, p. 164) salienta (figura a seguir) que “nas paisagens urbanas e rurais, é comum precisar aplicar os princípios da perspectiva paralela para resolver ruas ou fachadas.” FIGURA 132 – PARRAMÓN, 2007 FONTE: Parramón (2007, p. 164) 2.4 PERSPECTIVA OBLÍQUA A perspectiva oblíqua é aquela em que aparecem dois pontos de fuga e a que vemos os corpos de lado. É importante conhecer esta perspectiva, já que não é comum que todos os objetos de uma imagem apareçam totalmente de frente. Analise a construção da perspectiva, como demonstra Parramón (1997, p. 35), nas figuras 133, 134 e 135, representada através de um cubo de cristal.Assim como na perspectiva paralela, a oblíqua também cumpre a função de dar profundidade ao objeto representado, no caso a mesa, figura 136.
  • 61. UNIDADE 2 TÓPICO 3 129 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 133 – ESBOÇO INICIAL FONTE: Parramón (1997, p. 35) FIGURA 134 – APLICANDO PERSPECTIVA FONTE: Parramón (1997, p. 35) FIGURA 135 – CUBO DE CRISTAL FONTE: Parramón (1997, p. 35)
  • 62. UNIDADE 2TÓPICO 3130 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 136 – MESA FONTE: Parramón (1997, p. 35) Parramón (2007, p. 166) comenta que “a perspectiva oblíqua é muito adequada para desenhar as esquinas dos edifícios. Confere aspecto solene às construções.“ Observe a figura a seguir. FIGURA 137 – UTILIZAÇÃO DA PERSPECTIVA OBLÍQUA UNI FONTE: Parramón (2007, p. 166) Conhecer as bases da perspectiva é uma valiosa ajuda para o desenhista pois, ela é um dos meios que o auxiliam na transposição da realidade tridimensional para o papel.
  • 63. UNIDADE 2 TÓPICO 3 131 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 138 – QUADRADO EM DUAS DIREÇÕES FONTE: CARRION, Wellington. Entendendo a Perspectiva. Disponível em: <http://www.imasters.com.br/artigo/3045/teoria/entendeno_a_ perpectiva>. Acesso em: 1 maio 2011. Para representar a perspectiva fazemos uso destes elementos básicos: Ponto de Fuga (PF): É a direção a qual o objeto estará se dirigindo, se aprofundada. Linha do Horizonte (LH): Linha imaginária que separa o lado superior e inferior da visão. É também o local onde se localiza o ponto de fuga. Para melhor visualização da Linha do Horizonte e Ponto de Fuga, iremos fazer uso da Perspectiva Linear e Oblíqua. Perspectiva Linear Como podemos ver na figura acima, o objeto foi criado fazendo uso do Ponto de Fuga. Este objeto está acima da Linha do Horizonte, a que se refere ao centro de nossos olhos, o que faz entender que o mesmo está acima de nós. LEITURA COMPLEMENTAR ENTENDENDO A PERSPECTIVA Wellington Carrion A perspectiva não é nada mais que uma grande ilusão que nossa percepção visual fabrica para que possamos entender a profundidade, volume e distância dos objetos. Se pegarmos um objeto, nesse caso um quadrado mostrado na figura XX, e colocarmos um de seus lados em outra direção, parecerá à nossa visão que ele terá dimensões diferentes, ou seja, o lado mais próximo de nós parecerá maior do que o lado mais distante.
  • 64. UNIDADE 2TÓPICO 3132 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 139 – QUADRADO EM DUAS DIREÇÕES FONTE: CARRION, Wellington. Entendendo a Perspectiva. Disponível em: <http:// www.imasters.com.br/artigo/3045/teoria/entendeno_a_perpectiva>. Acesso em: 1 maio 2011. Podemos dispor de outras possibilidades, tais como: Resumindo, a Perspectiva Linear trabalha apenas com um único Ponto de Fuga. Perspectiva Oblíqua Fazendo uso dessa perspectiva conseguimos criar sensações de profundidade e volume em um desenho geométrico. Porém há uma limitação: só é possível ver dois lados do objeto formado. Nesse caso chamamos isso de perspectiva bidimensional, ou, 2D. E como poderíamos aumentar essa noção de profundidade e maior visão de outros lados? Criando um objeto em 3D, ou seja, tridimensional. Veja o exemplo na figura a seguir: FIGURA 140 – QUADRADO EM DUAS DIREÇÕES FONTE: CARRION, Wellington. Entendendo a Perspectiva. Disponível em: <http://www.imasters.com.br/artigo/3045/teoria/entendeno_a_ perpectiva>. Acesso em: 1 maio 2011. Além disso, nós podemos criar sensações mais vertiginosas, com mais profundidades e mais intensas. Para isso, adicionamos mais pontos de fuga. E não será sobre a linha do horizonte, mas fora dela. Veja o exemplo na figura a seguir:
  • 65. UNIDADE 2 TÓPICO 3 133 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O FIGURA 141 – QUADRADO EM DUAS DIREÇÕES FONTE: CARRION, Wellington. Entendendo a Perspectiva. Disponível em: <http:// www.imasters.com.br/artigo/3045/teoria/entendeno_a_perpectiva>. Acesso em: 1 maio 2011. Como podemos ver, a tridimensão nos dá a sensação de altura, largura e profundidade concomitantemente. Fazendo uso de guias como estas, também podemos nos aventurar a criar ambientes com luz e sombra, sempre respeitando a localização da luz. Exemplo: Na figura acima, vemos que a luz se torna uma referência para o término da sombra do objeto. Também na figura a seguir temos essa noção: Os dois exemplos acima são exemplos básicos que constituem a luz e sombra. Para um melhor entendimento é importante que você observe melhor tudo que está ao seu redor, treinando assim sua percepção visual. FONTE: Adaptado de: CARRION, Wellington. Entendendo a Perspectiva. Disponível em: <www. imasters.com.br/artigo/3045/teoria/entendeno_a_perpectiva>. Acesso: 1 maio 2011.
  • 66. UNIDADE 2TÓPICO 3134 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O Neste tópico, você viu que: • A perspectiva já era empregada na antiguidade, na Grécia, com a denominação de escorço. Esquecida na Idade Medieval, foi na Renascença que ela entrou em cena, por Giotto (1267- 1337), um dos precursores a utilizar a perspectiva em seus estudos. • Podemos definir a perspectiva como sendo a projeção em uma superfície bidimensional de um determinado fenômeno tridimensional. Ela é a arte e a técnica de representar os objetos vistos em profundidades, a distância. • O princípio fundamental da perspectiva é que tudo que está longe parece menor que tudo o que está perto. E podemos enfatizar duas formas mais comuns para o design, de se utilizar a perspectiva: a paralela e a oblíqua. • Aperspectiva paralela é aquela que conta com um só ponto de fuga e que permite representar os objetos quando estão em frente do espectador. • A perspectiva oblíqua é aquela em que aparecem dois pontos de fuga e a que vemos os corpos de lado. RESUMO DO TÓPICO 3
  • 67. UNIDADE 2 TÓPICO 3 135 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O Ainda se valendo das formas geométricas, vamos utilizá-las para elaborar desenhos em perspectivas. Para isto siga as instruções: • Analise os exemplos demonstrados nas figuras 128, 129 e 130 construa graficamente um quadrado, em perspectiva paralela. • Observe os modelos apresentados nas figuras 132, 133 e 134 e desenhe um quadrado, em perspectiva oblíqua. Para esta dinâmica utilize lápis 2B, borracha e folha sulfite formato A4. AUTOATIVIDADE !
  • 68. UNIDADE 2TÓPICO 3136 D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O AVALIAÇÃO Prezado(a) acadêmico(a), agora que chegamos ao final da Unidade 2, você deverá fazer a Avaliação referente a esta unidade.
  • 69. D E S E N H O A R T Í S T I C O E D E A P R E S E N T A Ç Ã O UNIDADE 3 TRATAMENTO DO DESENHO Objetivos de aprendizagem Ao final desta unidade você será capaz de: • realizar croquis rápidos, esboços à mão livre para a exteriorização de ideias e criações; • estimular o aluno a elaborar sua produção a fim de que ele teste suas habilidades criativas, pictóricas e gráficas como recursos ao desenvolvimento do seu estilo no desenho. PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que o levarão a exercitar os conhecimentos adquiridos. TÓPICO 1 – LUZ E SOMBRA TÓPICO 2 – TEXTURAS TÓPICO 3 – AQUARELA