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Justificados, mas não perdoados
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2. Lendo o livro de sermões de John Piper “Provai e Vede”, nos deparamos
com uma mensagem com o subtítulo: “A diferença entre a ira judicial e o
desprazer paternal”. Muitos de nós podemos estar vivendo esse dilema,
sabe que é perdoado, mas não sente o perdão de Deus. Alguns já se
acostumaram com a falta da presença de Deus, ou nunca a tiveram e
para esses pode estar parecendo normal o que é anormal no Novo
Testamento.
Notando a progressão da
revelação de Deus na sua
Palavra, partindo nessa
aventura de Gênesis, ao
chegarmos em Efésios, poderá
causar-nos surpresa que a
vontade de Deus seja todos
sermos cheios do Espírito
Santo de Deus.
Jesus em muitos sentidos
frustrou e continua frustrando
tantos outros que
interpretaram a Bíblia a seu bel
prazer e quando a sombra
deixou de ser sombra e raiou a
verdadeira luz, muitos não a
compreenderam.
E para piorar a situação o Evangelho de hoje não ajuda em nada.
Enquanto estivermos voltados para mensagens antropocêntricas e não
teocêntricas, onde o homem é o foco e as suas necessidades e não Deus,
haverá uma falência espiritual.
Enquanto houver sinais de arrependimento, ainda haverá solução para o
suplicante, mas quando o individuo, agora com o coração endurecido, não
enxerga mais motivos de arrependimento e a quebra dos Mandamentos
de Cristo for uma constante, então não resta muito o que se fazer.
OS DOIS NOVOS MANDAMENTOS
“E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de
toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande
mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo
como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os
profetas.” (Mateus 22:37-40)
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3. Inquirido sobre qual era o grande mandamento da Lei, Jesus resumiu a Lei
em dois Novos Mandamentos: Amar a Deus e amar o próximo como a ti
mesmo. O que acabamos notando insistentemente é um ativismo na
Igreja, onde existe muita correria, mas não conversão genuína.
Paulo nos ensina algo difícil de fazer: “Mas agora vos escrevi que não vos
associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou
idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda
comais.” (1 Corintios 5:11)
Esse irmão pecador aqui descrito, é símbolo de um crente não convertido.
A leitura correta desse versículo, ultrapassa em muito essas poucas
características.
Como vemos em Apocalipse, Jesus anda no meio dos candelabros, que
são a Igreja. E Apocalipse acusa que na Igreja tem aqueles que deixaram
o seu primeiro amor; os que adoram ídolos; os que praticam prostituição;
os que tem apenas a aparência de estarem vivos espiritualmente, mas
estavam mortos para Deus; e aqueles que tinham a necessidade
premente de se arrependerem.
Uma forma prática de observar se o crente está em Deus é como ele
reage para com Deus e para com o próximo. Alguém que aparenta estar
na presença de Deus, mas que despreza o seu próximo, pode estar muito
enganado a respeito de si mesmo.
Vemos muitos crentes ultimamente, sem testemunho cristão, porque não
tem vida com Deus, mas uma ilusão, baseada no passado.
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4. JUSTIFICADOS, MAS NÃO PERDOADOS
Tem ocorrido no Novo Testamento, ou seja, na nossa época, que muito
perdão é liberado, mas apesar de que os ministros estão ali liberando o
arrependimento, não está acontecendo uma confirmação do Espírito
Santo para muitos.
Temos visto um desnível enorme na Igreja, onde no mesmo culto uma
parte da Igreja está visivelmente cheia do Espírito Santo, enquanto a outra
parte está seca.
Uma parcela de culpa desse fenômeno é causada pelo Evangelho pregado
hoje em dia, onde uma nova interpretação atualizada da mensagem
bíblica, acaba desvirtuando o sentido original.
Esse baixo Evangelho, ou sub-Evangelho é pregado por sacerdotes que ao
invés de serem pontes para Deus, querem a fama para si. Vemos
sacerdotes requerendo a glória para si e não levando os homens a Deus.
A crise do púlpito causa uma crise interna, pessoal, ao membro da Igreja,
que sem parâmetros, vive na Igreja, carecendo de perdão divino.
Assim como o governo que está ai, embasado na Lei, para servir ao povo,
mas que corrupto, invés de ser o canal que vai ajudar o povo, acaba
sendo a causa do problema, muitos sacerdotes e seus supostos
evangelhos acabam afastando cada vez mais o povo de Deus.
O sentido da pregação seria o ministro explicar Deus para o mundo e o
mundo é que precisa se enquadrar na Palavra. Aprendemos muito cedo
que é a Palavra que vai dar testemunho de nós, ou nos salvando, ou nos
acusando.
5. Como pergunta o Pastor John Piper: Como podemos ser justificados pela
fé e, apesar disso, precisarmos continuar confessando nossos pecados,
todos os dias, para que sejamos perdoados? Paulo já nos explicou que
somos perdoados:
COMO DESCOBRIR QUE ESTAMOS PERDOADOS?
Judicialmente, como vemos, somos considerados justos e nada pode
mudar isso. O problema é que podemos ser justificados da ira judicial,
mas ainda estarmos inseridos no desprazer paternal. Justificados sim,
perdoados não. Sabemos que não estamos perdoados, quando o Espírito
Santo não flui. É muito simples. Se o Espírito não flui, não estamos
perdoados.
Na primeira carta para a Igreja em Apocalipse, Jesus acusa que eles
tinham perdido o primeiro amor. O que será que causou essa perca em
alguns irmãos, que mesmo hoje, aparentando estarem vivos estão
mortos?
O que será que causou isso a ponto de se fazer hoje uma obra no
automático para Deus, que não passe de ativismo que não leva para o
Céu? Será muito triste aquele dia onde perante Jesus alguns tentarão se
justificar dizendo que no Nome de Jesus pregaram, ministraram e oraram
pelos doentes e Jesus responder que não os conhece e os mande se
afastar.
Na mente de Paulo a justificação incluía o perdão, contudo o perdão
continuo depende da confissão de nossos pecados: “Se confessarmos os
nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda injustiça” (1 João 1.9).
Confessar continuamente faz parte de andar na luz. Thomas Watson,
“Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado
como justiça. Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o
galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas, àquele que
não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é
imputada como justiça.
Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus
imputa a justiça sem as obras, dizendo: Bem-aventurados aqueles
cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos.”
(Romanos 4:3-7).
6. Confessar continuamente faz parte de andar na luz. Thomas Watson,
importante pastor pregador da Idade Média nos fala que percebeu que
Deus perdoa todos os nossos pecados, mas que esses pecados eram
referentes aos pecados passados, e não os pecados ainda não cometidos.
Pois um pecado não cometido carece de arrependimento, para ser
perdoado. Os pecados por vir são perdoados somente quando nos
arrependermos deles. Ele dizia achar absurdo pensar que o pecado era
perdoado antes de ser cometido.
Essa fala pode conflitar com o que alguns imaginam de Bíblia, pois
entendemos que na Cruz todos os nossos pecados já estão perdoados. O
problema é que se todos os pecados já estão perdoados, então, alguém
poderia imaginar, se eu praticar o pecado já estarei perdoado, uma vez
que sou cristão, e isso, sabemos não é verdade.
Deus perdoa através do arrependimento. Para que haja perdão, há de ser
necessário um arrependimento verdadeiro, um voltar-se dos caminhos
que andava e seguir em nova direção, como é o sentido real do termo
Arrependimento. Arrependimento não é chorar, ou se lamentar, mas
andar em caminho diferente, fazer diferente.
A opinião de que os pecados passados ou futuros já estão perdoados,
anula a intercessão de Cristo. Ele é um advogado que intercede pelos
pecados cotidianos. (1 João 2:1) Falas como a de 1 João, seriam
desnecessárias, se não houvesse a necessidade do arrependimento.
Watson chega a conclusão que os pecados vindouros não são perdoados,
enquanto não há arrependimento renovado. O que ocasiona a seguinte
pergunta: Quando então obtemos o perdão pelos pecados que
cometemos?
Essa pergunta significa: Quando o perdão foi comprado e garantido para
nós? E quando o perdão será aplicado a cada transgressão, de modo que
“Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas,
mentimos, e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz,
como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o
sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.
Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos,
e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é
fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a
injustiça.” (1 João 1:6-9)
7. nós? E quando o perdão será aplicado a cada transgressão, de modo que
remova o desagrado de Deus? Na primeira pergunta a resposta é na Cruz.
Na segunda pergunta a resposta é na renovação do nosso
arrependimento. O que John Piper assinala com uma outra pergunta
importantíssima. Deus sente desprazer em relação a seus filhos
justificados?
Essa tristeza de Deus, contudo não é a ira judicial, mas o desprazer do Pai
com o filho desobediente. Apesar de o filho de Deus ser justificado, ainda
assim ele pode estar em desagrado com o Pai que está no Céu.
Ainda assim, Deus vê os nossos pecados como “cobertos” e não
“imputados”: “Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas e
cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor
não imputa o pecado.” (Romanos 4:7-8)
A idéia de pecado coberto vem de Gênesis, onde um animal inocente
morreu para cobrir a nudez de Adão e Eva. O Sacrificio de Cristo na Cruz
encobre o pecado, onde Deus vê o Sangue de Jesus sobre nós e não os
nossos pecados, quando estamos vivendo uma vida arrependida e santa.
O Sangue de Jesus é a nossa cobertura.
O pecado encoberto é o pecado escondido, que não apresentei a Deus e
não me arrependi. Que também posso ou não estar praticando. Pode ser
que um dia houve o pecado e nunca houve um arrependimento real a
respeito daquilo.
E imputar é um termo econômico que significa “colocar isso na sua
conta”. Ou seja, o pecado encoberto, nunca apresentado, nunca
arrependido, pode estar imputado, agregado à minha conta.
ARREPENDEI-VOS, É CHEGADO A VÓS O REINO
DOS CÉUS (MATEUS 4:17)
Em 2 Coríntios 6, Deus nos convoca ao arrependimento: “Não vos
prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a
justiça com a injustiça”? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que
concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?
E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o
templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles
andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.”
8. “Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis
nada imundo, E eu vos receberei; E eu serei para vós Pai, E vós sereis
para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.” (dois Coríntios
6:14-18)
Deus está comprometido em nos trazer a um arrependimento verdadeiro.
O Pai deseja ardentemente restaurar-nos à sua presença, à sua
satisfação, tantas quantas forem as vezes que se achar necessário, até
que essas restaurações não sejam mais necessárias.
Deveríamos sentir toda a nossa miserabilidade humana com toda a sua
força, mas a Igreja está perdendo o temor a Deus, o amor está esfriando.
As mensagens são de paz, no tempo de guerra.
O temor a Deus é originado no medo de Deus. O medo de recair na ira
divina traz a nós o temor, o respeito e a gravidade. Precisamos ser
incomodados a respeito do pecado não confessado. Deus tem para a
Igreja uma vida abundante, que muitos de nós nunca vivenciamos.
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JURACI ROCHA
Juraci Rocha, um paulistano já cinquentão. Escrevo neste blog
onde procuro captar os anseios e expectativas dos leitores que