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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
 ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO




                BRUNO SCARTOZZONI




PROJETO DE CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE ANTIGOS ALUNOS
              DO COLÉGIO SANTA CRUZ




                  Trabalho de Estágio apresentado ao Curso de
           Graduação em Administração Pública da FGV/EAESP
                Área de Concentração: Empreendimento Social




                       São Paulo
                       Dezembro
                         2002


                           1
SCARTOZZONI, Bruno. Projeto de Criação da Associação dos
Antigos Alunos do Colégio Santa Cruz. São Paulo: FGV/EAESP,
Novembro de 2002. 102 p. (Trabalho de Estágio apresentado no Curso
de Graduação em Administração Pública da EAESP/FGV. Área:
Empreendimento Social).

Resumo: A falta de ações organizadas de ex-alunos do Colégio Santa
Cruz demanda a criação de uma associação de ex-alunos, que, além
de funcionar como uma rede de ajuda mútua, pode ir além,
promovendo ação social transformadora.

Palavras-chave: Redes Sociais; Networks; Terceiro Setor; Ex-Aluno.




                                  2
Ao meu pai, que quase encontrou
meu avô este ano.


À minha mãe, que me ajudou a
superar tudo isso.




3
AGRADECIMENTOS




Agradeço a minha avó, a pessoa mais viva que eu conheço, apesar
                        dos 80 e poucos.


     Agradeço à família Guimarães, minha segunda família.


       Agradeço os meus amigos do Santa, sempre leais.


        Agradeço o que sobrou da patotinha, e não foi pó.


       Agradeço aos ex-santas, que acreditaram na idéia.




             Sou um teenager sem brevê espacial!




                                4
SUMÁRIO


Introdução
      • Breve Histórico do Colégio Santa Cruz
      • O Início da Associação
1. Referencial Teórico
2. Observação da Realidade da Empresa
   2.1   Descrição da Empresa
   2.2   Descrição do Estágio
   2.3   Metodologia
   2.4   Problema / Oportunidade
3. Proposta
   3.1   Solução
      3.1.1 Objetivos
      3.1.2 Aspectos Jurídicos
      3.1.3 Organização
      3.1.4 Marketing
      3.1.5 Finanças e Captação de Recursos
      3.1.6 Outros
   3.2   Resultados Esperados
   3.3   Facilitadores e Dificultadores
   3.4   Cronograma
   3.5   Orçamento
Conclusão
Bibliografia




                                 5
Anexos
        INTRODUÇÃO


        Breve Histórico do Colégio Santa Cruz


        O Colégio Santa Cruz, tradicional instituição de ensino da elite
paulistana, foi fundado em 1952, por padres canadenses da
congregação de Santa Cruz. Havia apenas o ginásio, em regime de
semi-internato, com 60 alunos do sexo masculino. Sua sede era na Av
Higienópolis, 890. Em 1957 os 185 alunos foram transferidos para a
nova sede, localizada em Alto de Pinheiros, onde está o colégio até
hoje. Em 1974 as matrículas foram abertas para meninas e foram
criados os cursos primário e supletivo. Em 1977 o número de alunos
passa para cerca de 2300, decorrente do processo de democratização
do ensino. Em 1992 se aposenta o Pe. Lionel Corbeil, até então
dirigente, e assume o professor Luiz Eduardo Cerqueira Magalhães.
Em 2000 é criado o curso de Educação Infantil, tão sonhado pelo Pe.
Corbeil. Por fim, em 2002, ocorrem as comemorações de 50 anos do
Colégio e a construção do Teatro Santa Cruz. Tendo em vista as
demandas do século que está começando, é prevista em 2004 a
inauguração de uma nova unidade, onde os alunos ficarão em período
integral e terão ensino bilíngüe (COLÉGIO SANTA CRUZ, 2002, p.
7-8).




                                    6
O Início da Associação


     Por volta de dezembro de 2001 recebi uma carta do Colégio
Santa Cruz, onde estudei durante os 11 anos anteriores à faculdade e
do qual agora sou ex-aluno. A carta era basicamente o convite para
entrar em uma área para ex-alunos no website do colégio, em uma
provável tentativa da diretoria de reaproximá-los. O cativante convite
veio acompanhado de senha e login individuais. Não dei muita
atenção à carta e a deixei na bagunça que é a minha escrivaninha.
     Alguns dias depois, me deparei com a carta e resolvi entrar no
website. Aos poucos redescobria um mundo há muito tempo perdido,
e certa nostalgia tomava conta de mim. As aulas de história, os
professores, os recreios e, como não poderia deixar de ser, os
próprios colegas e amigos que estiveram nos piores e melhor
momentos da minha infância e adolescência enchiam a minha cabeça
e os meus sentimentos naquele momento.
     O website era relativamente simples. Nele era possível encontrar
basicamente um mural de recados e uma área com a listagem de
todos os ex-alunos, desde a primeira turma, de 1955. Também havia a
possibilidade de atualizar seus respectivos dados e disponibilizá-los,
da maneira que fosse mais conveniente para cada um. No mural de
recados me deparei com depoimentos calorosos de ex-alunos, alguns
inclusive da minha turma. Todos invariavelmente procuravam alguém
de sua turma ou simplesmente falavam sobre o mesmo sentimento de
nostalgia que tomou conta de mim.


                                    7
Neste momento tive o insight de criar uma associação de ex-
alunos. Não era uma idéia brilhante, é verdade, até diria que era óbvia
demais, mas a triste realidade é que, até aquele momento, ninguém
tinha começado tal movimento. Na mesma hora escrevi um caloroso e-
mail falando sobre a minha idéia e procurando apoio moral e efetivo
para realizá-la e o enviei aleatoriamente para algumas pessoas que
disponibilizaram o e-mail no website.
       A idéia era construir uma rede organizada de ex-alunos onde
seus    membros      poderiam    viabilizar   realizações   pessoais   e
profissionais. Nesta rede, se poderia desde conseguir um emprego,
até fazer algum tipo de ação social transformadora.
       No dia seguinte, quando acordei, logo pensei: - “Nossa! O que foi
que eu fiz? Será que eu fiquei louco? Mandei uma proposta para um
monte de gente que eu não conheço, muitos mais velhos do que eu!”.
Depois de tomar o café da manhã, com mil coisas se passando por
minha cabeça, abri minha caixa postal, e para minha surpresa havia
algumas respostas ao meu e-mail. Algumas muito empolgadas, outras
céticas, mas nenhuma totalmente descrente da possibilidade que eu
havia levantado.
       Não havia tempo a perder. Logo respondi cordialmente todos os
e-mails. Aos entusiastas, expus minhas idéias de forma mais clara e
logo os convidei para a empreitada. Adicionalmente, contatei alguns
colegas da minha turma e outros que eu conhecia. Muitos gostaram da
idéia, mas não se disponibilizaram a ajudar de forma mais efetiva.
Mesmo assim, ao longo do tempo, pude formar uma equipe com uma
certa coesão e pluralidade de turmas, mais especificamente 2001,


                                    8
1998, 1996, 1982, 1981 e 1977. Era o suficiente para dar o primeiro
passo...
     Meses se passaram e, após algumas reuniões onde foram
discutidos   o   estatuto   e   outras   questões   mais   genéricas,   o
empreendimento está prestes a ser concretizado. Aproveitando a
oportunidade de adentrar neste mundo mais profundamente e, fazer
um Trabalho de Estágio original, resolvi adotar este tema para o
trabalho aqui desenvolvido. O fiz também porque havia subsídios
práticos que poderiam enriquecê-lo, além de demandas reais para um
planejamento mais detalhado da associação.
     Tendo em vista que neste trabalho é pretendido detalhar os
aspectos que cercam a criação e o subseqüente funcionamento da
Associação de Antigos Alunos do Colégio Santa Cruz, a divisão se dá
da seguinte forma.
     No Referencial Teórico é explicitada a teoria relacionada às
redes sociais, ou redes de conexões, uma vez que a criação desta é o
objetivo principal da A.A.A.C.S.C. e de muitas outras associações.
     Em seguida, descrevo a organização e o estágio realizado no
Núcleo Financeiro e Orçamentário da Justiça Federal de Primeira
Instância de São Paulo, onde trabalhei por seis meses na área de
projetos. No capítulo subseqüente descrevo a metodologia utilizada,
entrando em detalhes de como se deu a pesquisa bibliográfica até as
diversas entrevistas realizadas. Depois há a identificação do problema,
ou melhor, oportunidade.
     Por fim, temos a proposta em si, dividida em vários subcapítulos.
Primeiramente há uma análise dos aspectos legais, seguidos pela


                                    9
estrutura da organização, os aspectos de marketing, finanças e
captação de recursos, recursos humanos, tecnologia da informação,
cronograma e orçamento. É nesta parte onde os diversos braços deste
projeto são detalhados.
     O trabalho termina com os Resultados Esperados, Facilitadores
e Dificultadores, Cronograma e Orçamento. Logo após há a
bibliografia e alguns documentos em anexo, como o Estatuto Social,
alguns logos e a foto de uma das reuniões.




                                 10
1. REFERENCIAL TEÓRICO


      GERLACH e HINE, citados por LIPNACK e STAMPS (1992),
fizeram um dos primeiros trabalhos teóricos sobre redes sociais no
âmbito da Antropologia, em 1970, publicando People, Power, Change,
Movements of Social Transformation. Esse trabalho foi desenvolvido a
partir de dois movimentos sociais organizados em rede, o Pentecostal
e o do Poder Negro. Apesar de ideais bem distintos, ambas
organizações se assemelhavam quanto à estrutura, ou seja, formavam
“...´um   network   –   descentralizado,   segmentado     e    reticulado´.”
(LIPNACK e STAMPS, 1992, p. 7).
      É fato que as redes não são nenhuma novidade na sociedade
humana. De certa forma, pode-se dizer que uma tribo, uma família ou
mesmo um exército, sempre se constituíram redes em um certo
sentido. O próprio movimento social que resultou na independência
dos Estados Unidos, era uma rede de intelectuais que trocavam cartas
e resolveram se unir pessoalmente a partir de um certo momento.
Entretanto, durante as duas últimas décadas, as redes vem se
apresentando    como     alternativas    aos   impasses   da    burocracia
(LIPNACK e STAMPS, 1992, p. 1). Em Megatendências: as dez
grandes transformações ocorrendo na sociedade moderna, J.
NAISBITT (1987) a transição de hierarquia para rede como sendo uma
das maiores tendências para o futuro.
      A palavra network, ou rede, que apareceu pela primeira vez em
1560, serviu para designar estruturas complexas de coisas materiais,
como fios ou estradas. Através do tempo a palavra foi adquirindo


                                    11
novos significados e, para efeito desse trabalho, selecionei os que
melhor se aplicam: “um sistema de nodos e elos”; “uma identidade
persistente de relacionamentos”; “uma estrutura sem fronteiras”; “uma
comunidade não geográfica”; “um sistema de apoio”; “todo mundo que
você conhece” (LIPNACK e STAMPS, 1992, p. 3).


    “O que é um network? Um network é uma teia de participantes
    autônomos, unidos por valores e interesses compartilhados. Os
    networks são compostos por pessoas autoconfiantes e grupos
    independentes. (...)
    Trabalhar em redes de conexões significa pessoas conectando-
    se com pessoas, unindo idéias e recursos. Networking entrou nos
    dicionários significando estabelecer conexões com seus pares.
    Uma pessoa com uma necessidade faz contato com outra com
    um recurso, e a participação em networks se inicia.” (LIPNACK e
    STAMPS, 1992, p. 3)

     Mesmo sendo bem genérica, esta definição não abrange todas
as características das redes. GERLACH e HINE, citados por LIPNACK
e STAMPS (1992), descobriram que rede pressupõe a existência de
muitos líderes, “não uma autoridade suprema, mas muitas fontes de
responsabilidade” (LIPNACK E STAMPS, 1992, p. 8). “Nos networks, a
tomada de decisões é distribuída; networks são coordenados, não
controlados” (LIPNACK e STAMPS, 1992, p. 9). “O que ocorre numa
rede é que uns tratam os outros como iguais – porque o que importa é
a informação, o grande equalizador” (NAISBITT, 1987, p. 195).
     Saindo um pouco do contexto histórico das redes, suas
características e definições, acho interessante adentrar em seu
funcionamento.



                                 12
“A análise de rede social [ARS] é o mapeamento e mensuração
     das relações e fluxos entre pessoas, grupos, organizações,
     computadores e outras entidades processadoras de informação/
     conhecimento. Os nodos na rede são pessoas e grupos
     enquanto os elos mostram relações e fluxos entre os nodos. A
     ARS fornece ambas análises visual e matemática de sistemas
     humanos complexos.
     Um dos métodos usados para entender as redes e seus
     participantes é a avaliar a localização dos atores na rede.”
     (KREBS, 2002, http://www.orgnet.com/sna.html, consultado em
     19/10/2002, trad. por)

     No artigo An Introduction to Social Network Analysis, V. KREBS
introduz alguns conceitos da ARS. O primeiro deles mede a atividade
de um nodo através do número de ligações diretas que ele tem.
Entretanto, ao contrário do senso comum, o nodo mais ativo não é
necessariamente o mais importante, uma vez que este pode estar
conectado apenas com outros nodos que já estão conectados entre si.
     Outra medida diz respeito a quais nodos dependem de outros.
Assim, um nodo que não seja tão ativo pode ser mais importante se
estiver ligado aos que não estão ligados a nenhum outro. Se esse
nodo fosse cortado, os fluxos de informações dos outros nodos
unicamente ligados a esse seriam cortados.
     Por fim, a terceira medida diz respeito a quão perto um nodo
está dos outros. Assim, um nodo pode não ser muito ativo ou ter elos
que dependam exclusivamente dele, mas pode estar mais perto de
todos os nodos do que qualquer outro.




                                 13
Também é preciso lembrar que a periferia de um nodo pode ser
importante na medida em que esses nodos periféricos estão inseridos
em outras redes, podendo trazer novas informações e recursos de fora
para dentro.
      Redes altamente centralizadas e dependentes de um ou poucos
nodos são mais suscetíveis a falharem, uma vez que, caso esses
nodos saiam da rede, sobrarão pequenas sub-redes não conectadas
entre si.




                                 14
2. OBSERVAÇÃO DA REALIDADE DA EMPRESA


  2.1    Descrição da Empresa


      O estágio foi realizado no Núcleo Financeiro e Orçamentário
(NUFO) da Justiça Federal de Primeira Instância de São Paulo, no
Fórum Administrativo Líbero Badaró, localizado na Rua Líbero Badaró,
73, Centro, São Paulo - SP.
      Com o advento da República Federativa, foram criados órgãos
judiciários federais, que deveriam coexistir de forma harmoniosa com
os órgãos judiciários estaduais.
      Dentro da estrutura da Justiça Federal, o NUFO é uma área
administrativa de suporte da Justiça Federal de Primeira Instância de
São Paulo, que é subordinada ao Tribunal Regional Federal da 3ª
Região, que tem sede em São Paulo, mas também compreende o
estado de Mato Grosso do Sul.
      A Justiça Federal é responsável pelos processos relativos a leis
federais. Por exemplo, sendo tráfico de drogas um crime federal,
qualquer processo do gênero é julgado na Justiça Federal, e não na
estadual. Da mesma forma, ações de inconstitucionalidade também
são     da   responsabilidade     da        Justiça   Federal,   mas   cabem
especificamente ao seu órgão máximo, o Supremo Tribunal Federal.
      O NUFO é responsável pelo orçamento da Justiça Federal de
Primeira Instância, além da liberação de recursos e controle de
despesas. Este se destaca por ter sido um dos primeiros órgãos
públicos a adquirir o ISO 9002.


                                       15
2.2    Descrição do Estágio


     O    NUFO    está   dividido   em   quatro   áreas,   sendo   elas:
Planejamento   Orçamentário,    Execução    Orçamentária,    Execução
Financeira e Projetos. Trabalhei na área de Projetos do NUFO, onde
era responsável pelo desenvolvimento de um sistema de controle de
despesas em Access, o “5inco”. Em parceria com o Centro de
Colocação Profissional (CECOP) da EAESP, a área de Projetos do
NUFO desenvolveu um convênio, onde vagas para estágio seriam
oferecidas semestralmente, com o intuito de desenvolverem o sistema.
Assim, o sistema já estava em andamento quando lá ingressei. O
estágio começou em 29/01/2001 e terminou em 28/08/2001.
     Primeiramente obtive algumas aulas de programação em Access
com a Professora Ana Leda Moraes Silva, profissional de informática
contratada para o projeto para desenvolver o banco de dados e ser
uma espécie de monitora dos estagiários. Paralelamente, alguns
funcionários do NUFO davam as noções básicas do funcionamento da
Justiça Federal. Depois comecei a desenvolver o “5inco”, ficando
responsável por duas despesas específicas. Assim, tive que entender
as despesas conversando com seus responsáveis e lendo alguns
processos referentes a elas.
     Posso dizer que o estágio foi muito proveitoso pois, além de
poder conhecer um pouco mais sobre bancos de dados, o convívio
com um órgão público pode derrubar algumas visões distorcidas que
eu tinha do funcionamento do Estado em geral. Ao contrário do que o
senso comum diz, existem muitos funcionários públicos que trabalham


                                    16
muito e são competentes. Após esse período, passei a valorizar mais
a administração pública em geral.


   2.3   Metodologia


     Pode-se dizer que este trabalho, sem dúvida, foi muito
enriquecido pela prática. Mais do que uma necessidade acadêmica, o
projeto de criação da Associação de Antigos Alunos do Colégio Santa
Cruz já estava ocorrendo desde dezembro de 2001. Em inúmeros e-
mails trocados e algumas reuniões feitas, muito já foi discutido. A
experiência prática do projeto sem dúvida é a maior fonte de
inspiração, idéias e dados deste trabalho acadêmico, que só vem
completar um projeto que o extrapola.
     Entretanto não podemos relegar este trabalho a um segundo
plano, uma vez que ele tem como função para o grupo envolvido no
projeto organizar as idéias através de um documento sólido e conciso.
É um material que pretende ajudar a associação para que vá além de
um   simples    “clubinho”   de   ex-alunos,   construindo   paradigmas
inexistentes nessa área no Brasil.
     Não bastando os e-mails e reuniões feitas até agora como fonte
de material para esse trabalho, fui obrigado a adentrar em outras
áreas de pesquisa. O primeiro passo foi agendar reuniões com os
dirigentes de outras associações de ex-alunos que porventura se
assemelhassem, em forma ou conteúdo, do que pretende ser a
AAACSC. Através das reuniões pretendeu-se fazer um “benchmark”
dessa incipiente área do terceiro setor no Brasil.


                                     17
Através da Internet, cheguei a quatro associações que
despertaram interesse. Primeiramente visitei a presidente da AEACH,
ou Associação de Ex-Alunos do Colégio Humboldt, WELTER1. Por
recomendação da própria cheguei à Aaafaap, ou Associação de
Antigos alunos da FAAP, entrevistando o seu presidente, POSSIK
JR.2. Logo após entrevistei o presidente da ex-GV, ou Associação dos
Ex-Alunos da Fundação Getúlio Vargas, DUARTE3. Até a presente
data ainda não havia conseguido marcar uma entrevista com algum
diretor da AEDA, ou Associação dos Ex-Alunos do Colégio Dante
Alighieri, mas obtive uma cópia do seu estatuto, o que foi muito
proveitoso. Tais entrevistas estarão, de uma forma ou de outro,
diluídas pelas diferentes partes deste trabalho.
       Para enriquecer a pesquisa, também utilizei a Biblioteca Karl A.
Boedecker, localizada no complexo da EAESP. As referências
bibliográficas foram demasiadamente importantes para a construção
do referencial teórico, baseado em redes, e para as práticas de
gerenciamento da associação. É importante frisar que parece não
haver na literatura brasileira obras específicas sobre associações de
ex-alunos, ex-funcionários ou outros “alumni associations” que possam
existir. Através de pesquisas na Amazon (www.amazon.com) pude
perceber que há alguma coisa sobre as “alumni associations” nos
Estados Unidos, mas além de ser pouca coisa não há disponibilidade
desse material no Brasil. Assim, sobretudo a parte de administração
em si, foi baseada em literatura para o 3º setor em geral. O
1
  WELTER, Giselle. Comunicação Pessoal. 2002.
2
  POSSIK JR., Rafael. Comunicação Pessoal. 2002.
3
  DUARTE, Benedito Fernandes. Comunicação Pessoal. 2002.



                                               18
conhecimento adquirido dos livros foi devidamente lapidado pela
experiência prática e pela observação das outras associações.
     Uma terceira frente da pesquisa se deu através da ferramenta
ProQuest, um banco de dados de artigos retirados dos mais diversos
periódicos de administração e afins. Através do ProQuest pude travar
contato com notícias acerca das associações de ex-alunos de
faculdades   americanas       de   renome,   por   exemplo,   Harvard,
principalmente sobre suas práticas. Alguns casos de sucesso puderam
contribuir para que se norteasse melhor o futuro da associação.


  2.4   Problema / Oportunidade


     A falta de sistematização das ações dos ex-alunos do Colégio
Santa Cruz foi o problema, e também a oportunidade, encontradas. É
fato que há uma forte identificação de valores entre os ex-alunos do
Colégio Santa Cruz. A identificação ocorre tanto pelos valores
humanitários, tradicionalmente passados pelo colégio aos alunos,
como pelo status da instituição, que é uma das mais tradicionais de
São Paulo no ramo do ensino. Costuma-se dizer que o Colégio Santa
Cruz “prepara para a vida”.
     Através de uma série de relatos e experiências próprias, pude
perceber que, seja lá em qual situação se der, quando dois ou mais
ex-alunos do colégio se encontram, ocorre uma identificação e
conexão instantâneas, não importando a diferença de idade, área de
atuação profissional e local de residência. O senso comum diz que o
ex-aluno do Colégio Santa Cruz, em média, é uma pessoa que integra


                                   19
a pequena parcela da população de alta renda, além de serem
formadores de opinião. É comum que o ex-aluno do Colégio Santa
Cruz atribua sua condição social e intelectual mais aos anos passados
no ensino médio e fundamental do que ao curso universitário, mesmo
tendo a maioria deles estudado em universidades e faculdades
consideradas como sendo de ponta. Neste sentido, pode-se dizer que
o Colégio Santa Cruz, no âmbito da sociedade paulistana, tem seu
peso, em relação à tradição e status, comparável a universidades
como a USP e a UNICAMP, ou faculdades como a EAESP – FGV.
     Em relação à organização de encontros das turmas já formadas,
há apenas algumas ações isoladas de ex-alunos que tentam reunir as
pessoas do seu respectivo ano. Tais reuniões, muitas vezes não tem
periodicidade definida, e quase sempre dependem da boa vontade e
disponibilidade de um pequeno grupo que resolve “por a mão na
massa” e fazê-la. Ainda assim, há muitas turmas que não fazem
nenhum tipo de encontro por não haver iniciativa de um indivíduo ou
pequeno grupo.
     Por incrível que pareça, também não há nenhuma instituição
organizada de ex-alunos do Colégio Santa Cruz que tenha como
objetivo construir uma rede formal, dar benefícios tangíveis e
intangíveis ou mesmo canalizar as forças dos ex-alunos para algum
tipo de ação transformadora da sociedade, se aproveitando da
identidade e poder político e financeiro que há entre eles. Esse tipo de
organização   formal   de   ex-alunos    é   uma   prática   usual   em
universidades de renome americana, sendo que algumas delas
chegam até a ter uma influência indireta em grandes questões do país.


                                   20
No Brasil a atuação das diversas associações de ex-alunos de
instituições tradicionais ainda não chega a esse nível, mas é fato que
elas estão sendo repensadas de uns tempos para cá, de forma a atuar
mais efetivamente na sociedade.
     Da parte do Colégio Santa Cruz, houve um recente esforço em
relação aos ex-alunos, com a criação de uma página que contém as
listas de todas as turmas e um livro de visitas pouco interativo. Para
que uma carta apresentando a página chegasse à todos os ex-alunos,
foi montada uma equipe que pesquisou nomes e endereços, tentando
atualizar os registros existentes. O mesmo banco de dados renovado
também foi usado para que se enviasse os convites da festa de 50
anos. Neste campo pode-se dizer que o colégio obteve êxito, mas
ainda faltava uma organização de ex-alunos, gerida por ex-alunos, e
obviamente não seria o colégio o mais indicado a iniciar esse
movimento, afinal seria um pouco artificial.




                                   21
3. PROPOSTA


  3.1     Solução


     Tendo em vista os aspectos anteriormente discutidos, a proposta
deste trabalho é fazer o projeto de criação da Associação de Antigos
Alunos do Colégio Santa Cruz. A proposta não surge a partir desse
trabalho, mas é esse trabalho que surge a partir da proposta, que vem
sendo consolidada há meses por um grupo de pessoas do qual eu
faço parte. Assim, esse trabalho faz-se realmente útil como documento
escrito que, não só norteia de forma detalhada os vários aspectos da
criação    da     associação,     como   dá      maior    credibilidade   ao
empreendimento. Um plano de negócio com fundamentação teórica
para esta incipiente área do terceiro setor é algo que dá maior
refinamento     ao    empreendimento,       em   um      primeiro   momento
estruturando-o,      para   que    depois     possa      alcançar   destinos
anteriormente inimagináveis. Acredito que este trabalho possa ser um
marco nesta área pouco explorada.
     Antes de tudo, é importante destacar o fato de que uma
associação perde o sentido se não tem objetivos claros para os
associados. Foi isso que pude constatar na entrevista com o
presidente da ex-GV, Benedito Fernandes Duarte. A Associação dos
Ex-Alunos da Fundação Getúlio Vargas existe há cerca de 40 anos,
mas nunca teve uma razão clara para existir. Segundo o atual
presidente, que faz parte de uma gestão que pretende reinventar a
organização, a ex-GV era uma associação narcisista, onde o


                                    22
associado não tinha nenhum benefício a não ser continuar vinculado
de alguma forma ao nome da faculdade. A nova gestão quer focar a
ex-GV em duas frentes, sendo uma delas a ação social e a outra
referente à benefícios para o associado. Com magnitudes maiores ou
menores, faz-se necessário às associações de qualquer tipo um
objetivo, e este será o primeiro assunto a ser discutido.


      3.1.1 Objetivos


        Durante toda a discussão e execução do projeto, este que é um
dos mais importantes pontos da associação, se não o mais importante,
foi deixado de lado. Já havia uma idéia implícita de quais seriam os
nossos objetivos, e por isso mesmo não havia necessidade de discuti-
los com profundidade em um momento em que precisávamos de mais
ações e menos idéias. De certa forma, todos os envolvidos já sabiam
quais seriam os objetivos da associação. Mesmo quando a discussão
foi     proposta,   quando   outros        assuntos   já   estavam   melhor
encaminhados, ninguém foi capaz de trazer novas idéias ao que já
havia. Assim, decidiu-se por dividir em 4 grandes áreas os objetivos da
associação, mas é importante frisar que na maior parte das ações
esses objetivos devem se cruzar, mesmo porque eles devem ser
pensados em conjunto, de forma integrada. Abaixo, apresentarei as
grandes áreas e farei as reflexões necessárias sobre cada uma delas:


           • integração entre os ex-alunos, a comunidade do Colégio
             Santa Cruz em geral e a sociedade como um todo



                                      23
É sabido que já houve outras tentativas de fazer uma associação
de ex-alunos do Colégio Santa Cruz no passado. Entrando em contato
com um participante de uma dessas tentativas, provavelmente a
principal até então, descobri que faltaram duas coisas. A primeira
delas foi a falta da constituição jurídica da associação, uma vez que
ela consistia apenas em um grupo de ex-alunos que se reuniam de
vez em quando. Assim, a associação não era devidamente organizada
e, quando os participantes não tiveram mais tempo de continuá-la, ela
se tornou inativa. A outra, aparentemente sendo o erro crucial não só
dessa, como de todas as tentativas até então, foi a falta da
participação de todas as turmas do colégio. Eram associações
constituídas por uma turma específica ou, no máximo, algumas delas.
Essas antigas associações eram basicamente uma maneira mais ou
menos organizada de turmas específicas continuarem mantendo
contato, não consistindo em algo universal, no sentido de abranger
todos os ex-alunos do Colégio Santa Cruz.
     Como já discutido anteriormente, de fato há uma identidade
entre todos os ex-alunos do Colégio Santa Cruz, independentemente
de turma, idade, ideologia ou religião, e a AAACSC se propõe a ser
um espaço de integração entre todos os ex-alunos. A associação
também se propõe a integrar toda a comunidade do Colégio Santa
Cruz, compreendida não só pelos ex-alunos, mas também pelos
alunos, professores, diretores, padres, funcionários e quem mais tiver
algum tipo de contato com o colégio. Em um terceiro sentido, mais
amplo ainda, a AAACSC se propõe a integrar o ex-aluno com a


                                  24
sociedade como um todo, visando promover a ação transformadora,
que é um outro objetivo, e combater a isolação do ex-aluno em
círculos fechados.
      Na prática, esses objetivos se traduzem de várias maneiras. A
primeira delas seriam os tradicionais encontros de turmas. Na
realidade, eles já ocorrem em larga escala, porém nem sempre com
uma    periodicidade   certa,   sempre    dependendo      da      ação
empreendedora de pequeno grupo de ex-alunos e, infelizmente, não
ocorrem em todas as turmas. À associação cabe regularizar essa
saudável prática nas turmas que não a fazem, além fazer sinergias
como, por exemplo, conseguir descontos maiores em restaurantes,
bares e boates onde, porventura, encontros de mais de uma turma
sejam realizados. Também cabe a AAACSC promover um espaço de
troca de conhecimento e aprendizado de práticas para esse tipo de
evento, sem contar, é claro, com a maior possibilidade que uma
associação organizada tem de achar ex-alunos eventualmente
“perdidos”. É importante frisar que não se pretende excluir desses
encontros ex-alunos que não seja associados. Além de respeitar a
vontade deles, o encontro é dos ex-alunos e não dos associados.
      A AAACSC também se propõe a realizar encontros e eventos
que tenham intuito de integrar ex-alunos de diferentes turmas. O
número de associados em potencial faz com que grandes encontros
regulares sejam impossíveis de se realizar, como é feito na AEACH
(Associação de Ex-Alunos do Colégio Humboldt), a não ser em casos
especiais, como, por exemplo, aniversários da associação ou do
colégio. Neste sentido, correntemente é mais viável a realização de


                                 25
pequenos eventos para grupos de interesses específicos. Esses
grupos    podem     ser    profissionais   (administradores,     médicos,
engenheiros, etc...), de interesses em comum (cinéfilos, enólogos,
etc...) ou até mesmo, por exemplo, de ex-alunos homossexuais, como
acontece em várias associações de universidades americanas. Esse
espaço também pode ser utilizado para assuntos pontuais que
interessem a todos, podendo ser desde um debate sobre assuntos do
cotidiano (eleições, política, etc...) até o lançamento de um livro escrito
por um ex-aluno.
      Outra possibilidade se dá pela criação de núcleos de ex-alunos
em outros estados ou até no exterior. Em uma escala muito maior,
isso é feito por universidades americanas como Harvard e Stanford.
Essas universidades têm seus clubes de ex-alunos em diversos
países do mundo (MCCLUSKEY, 1998, p. 68). No caso da AAACSC, o
intuito não seria representar a instituição em outros países, o que não
faz sentido, mas transformar a vida do ex-aluno no exterior menos
tortuosa, uma vez que há uma pequena rede que pode ajudá-lo.
      A integração dos ex-alunos com a comunidade do Colégio Santa
Cruz e a sociedade em geral é algo mais amplo que, principalmente
no segundo caso, extrapola esse objetivo. Um exemplo de como isso
pode ser feito é a realização de competições esportivas envolvendo a
comunidade do colégio, com times montados pelas diversas
“categorias”, ou até outras associações de ex-alunos, com times dos
diferentes colégios e, porque não, faculdades. Ainda neste sentido,
pode ser interessante a realização de festas entre as associações de
ex-alunos por faixas de idade. Por fim, é claro que essa integração


                                    26
não só pode como deve extrapolar as amenidades de eventos
puramente sociais, mas aí se entra no âmbito de outro grande
objetivo, que é a promoção da ação social transformadora, e será
discutido mais a frente.
     De certa forma, abarcando todas essas ações dentro do objetivo
de integrar, a idéia maior é facilitar a construção de novos elos na rede
de ex-alunos, ação que mais uma vez extrapola este objetivo, mas
que, por uma questão didática, optou-se por encaixar melhor aqui. É
importante observar que não se fala na construção da rede, pois se
admite que ela, de uma forma ou de outra, já exista. Quando no
colégio, dificilmente o aluno limita-se a ter amizades apenas dentro do
seu ano. Além disso, através de dados fornecidos pelo colégio, sabe-
se que cerca de 55% dos alunos da recém-inaugurada pré-escola têm
ex-alunos   como     pais,   porcentagem     que   chega   a   30%    se
considerarmos os alunos de todas as séries. Isso significa que, se
pensarmos em uma rede, é muito provável que, em no máximo três
telefonemas, qualquer ex-aluno entre em contato com outro. Neste
sentido a rede já existe, mas, utilizando-se da estrutura da associação,
assim como da identidade entre os ex-alunos, pretende-se construir
novos elos para que se chegue diretamente nas pessoas, ou ao
menos precise de menos telefonemas para isso.
     Aqui especificamente, podemos resgatar a ferramenta de Análise
de   Rede   Social   (KREBS,     s.d.,   http://www.orgnet.com/sna.html,
consultado em 19/10/2002), anteriormente discutida no Referencial
Teórico. Em um nível mais técnico, a associação deve, por exemplo,
estimular que os nodos mais ativos da rede não se limitem a manter


                                   27
os elos que não dependem mais exclusivamente deles. Nodos com
muita atividade geralmente representam ex-alunos com muitos elos
potenciais, que devem ser trazidos à rede de forma constante. Por
outro lado, também deve haver mecanismos de criar novos elos para
aqueles nodos que são exclusivamente dependentes de outros.
Assim, evita-se que esses nodos se percam a medida que suas únicas
ligações saiam da rede por qualquer motivo. Na prática, se consegue
isso através das práticas anteriormente discutidas dentro desse
objetivo e das que serão discutidas adiante. A criação e o
fortalecimento dos elos só contribui para todos os outros objetivos da
associação, como para sua perpetuidade.


        • desenvolvimento pessoal e profissional dos ex-alunos e
            demais pessoas envolvidas


     Antes de realizar qualquer outro objetivo da associação, é claro
que seus membros precisam estar integrados através das práticas já
discutidas. Porém, é certo que seria um desperdício aproveitar essa
rede única e exclusivamente para objetivos sociais. Através do contato
com outros ex-alunos, o associado não só pode como deve buscar o
constante desenvolvimento pessoal e profissional e, neste sentido, a
associação deve criar mecanismos e oportunidades para que isso
aconteça.
     Dentro   desse   objetivo   deve   ser   discutido   que   tipo   de
desenvolvimento seria este, e para isso temos que firmar um conjunto
de pressupostos. Através da observação empírica acerca, sobretudo,


                                  28
dos fatos relacionados ao movimento de criação da AAACSC,
podemos perceber a grande predisposição que há de ex-alunos se
ajudarem. Esse fato decorre principalmente da identidade entre os ex-
alunos, tanto pelo “status” de terem estudado no Colégio Santa Cruz
quanto pelo conjunto de valores em comum, ambas facetas já
discutidas anteriormente. De certa forma, encontrar um ex-aluno no
ambiente de trabalho ou em uma viagem é como encontrar um “irmão”
perdido entre um mar de desconhecidos. Mesmo na minha experiência
como graduando da EAESP, pude perceber que alguns professores
ex-alunos se identificavam assim com orgulho e logo procuravam
“semelhantes” entre os alunos. Na incessante busca por ex-alunos
que apostassem na idéia, tive um número razoável de pessoas que
retornaram positivamente. Na verdade, houve apenas retorno positivo
e falta de retorno, mas nunca recebi uma resposta negativa. Aqueles
que responderam positivamente fizeram o possível para ajudar o
grupo nesta empreitada. Deste grupo inicial, apesar de algumas
grandes diferenças de idade, também já decorre uma certa unidade e
amizade entre os ex-alunos, sendo que muitos elos extrapolaram a
criação da AAACSC e entraram na seara da vida pessoal. Assim,
pressupõe-se que, com a criação de mecanismos e ferramentais onde
os ex-alunos possam se ajudar, em geral haverá boa vontade por
parte destes.
     Em segundo lugar, devemos discutir o que é desenvolvimento
pessoal e profissional. Separá-los seria uma prática didática que não
cabe à prática. Aqui se pressupõe que a maioria dos ex-alunos do
Colégio Santa Cruz são pessoas com uma visão de mundo e cultura


                                 29
acima da média, ou seja, formadores de opinião. Também é
pressuposto que o ex-aluno ocupa posições de destaque na
sociedade, como donos, presidentes, diretores ou gerentes de
empresas. Os que não estão inseridos no mundo convencional das
corporações, certamente tem um bom destaque em suas profissões,
sejam artistas, políticos ou profissionais liberais. Assim, a associação
deve promover o fluxo de conhecimentos, vivências, influências e
contatos entre os ex-alunos. Os ex-alunos só têm a ganhar partilhando
os frutos de suas experiências entre si.
     Em um sentido prático, a AAACSC deve, primeiramente,
organizar e estruturar a rede de ex-alunos. Ao visitar a AEACH e a
Aaafaap, um ponto em comum reforçado pelos presidentes das duas
associações foi a importância da Internet. De acordo com os
depoimentos, a Internet teria sido crucial para viabilizar a associação.
Quanto a isso, é inevitável refletir sobre como outras associações de
ex-alunos mais antigas foram viabilizadas, como a ex-GV e a AEDA. A
ex-GV, que não tem uma página bem estruturada como outras, existe
há cerca de 40 anos e possui algo em torno de 1.300 associados,
contra quase 100.000 ex-alunos. Após 40 anos de existência cerca de
1,3% dos ex-alunos da EAESP pertencem à ex-GV, ou seja, um
número pífio. Já a Aaafaap, que de certa forma nasceu junto ao
departamento de informática da FAAP e começou com a página na
Internet, atinge todos os ex-alunos, sendo que a maioria não é
contribuinte. É verdade que, ao se formar, o ex-aluno da FAAP se
torna associado compulsoriamente, facultando a ele o pagamento ou
não da contribuição, o que irá garantir ou não alguns benefícios. De


                                   30
qualquer forma, todo ex-aluno recebe boletins por e-mail. Giselle
Welter, presidente da AEACH, diz claramente que, sem o advento da
Internet, a associação, se não impossível, seria muito menos
abrangente. No caso do Colégio Humboldt, sabe-se que cerca de 33%
dos ex-alunos moram ou já moraram no exterior em alguma época, e a
Internet funciona como um facilitador para contatos nesse caso.
     Assim, a estruturação e a organização da rede deve, em primeiro
lugar, começar com a página da AAACSC na Internet. É claro que a
rede também deverá extrapolar o mundo virtual através de eventos e
encontros, mas é no mundo virtual onde a maior parte dos ex-alunos
estão em contato entre si ao mesmo tempo, em qualquer hora ou
lugar. É bom ressaltar a expressão “maior parte” porque há aqueles
que não tem o uso da Internet como parte de seus hábitos, sobretudo
os ex-alunos de turmas mais antigas. Na AEACH, por exemplo, apesar
da Internet, foram recebidas cerca de 800 cartas, ou seja, os excluídos
digitais não podem ser esquecidos.
     No sentido do desenvolvimento pessoal e profissional do ex-
aluno, devem ser pensados mecanismos que facilitem o casamento de
necessidades e recursos, que é um dos pressupostos de uma rede
(LIPNACK e STAMPS, 1992, p. 3). Assim, um ex-aluno jovem que
esteja precisando de alguém que o aconselhe para a vida, ou um ex-
aluno desempregado que esteja procurando novas oportunidades, ou
até um ex-aluno empreendedor procurando capital para colocar em
prática uma grande idéia, pode recorrer à rede. Afinal de contas, a
probabilidade de encontrar alguém no caso de qualquer necessidade
entre pessoas que se identificam e tem valores semelhantes, sempre


                                  31
é maior. As possibilidades são infinitas em um universo de 7.500 ex-
alunos das mais diversas profissões e com uma grande gama de
vivências. Pode-se dizer que, a própria criação da AAACSC coloca em
teste essa possibilidade, uma vez que o grupo que deu início à idéia
não possuía os conhecimentos necessários para a completa criação
da associação. Então, procuramos ex-alunos que tivessem as
competências necessárias, dessa maneira achando pessoas que
ingressaram no projeto.
     É importante ressaltar que, quando se pensa em uma
associação de ex-alunos, uma das primeiras idéias é facilitar aos
associados a busca por empregos. Sem dúvida que esta é uma
possibilidade, mas casar necessidades e recursos também abrange
outras áreas. Há necessidades que não são materiais ou de
empregos, mas afetivas e até espirituais. Pode ser que um ex-aluno
precise de outro apenas para conversar, ouvir conselhos ou discutir
sobre determinado assunto, e a AAACSC também se propõe a fazer
esse tipo de ponte.
     Em um sentido menos amplo, a AAACSC também pretende
prover benefícios ao associado. Uma prática muito comum entre as
“alumni associations” de universidades americanas é usar a força de
milhares de associados para negociar benefícios financeiros. O
princípio é que uma associação com milhares de ex-alunos pode
conseguir, por exemplo, maiores descontos em seguro de carro
através de uma negociação com a seguradora. Obviamente isso pode
se estender para seguro saúde, seguro de vida e outros serviços
financeiros. Com certeza é de interesse das provedoras desses


                                 32
serviços dar descontos em troca de uma carteira de clientes de alta
renda e formadores de opinião. Outra idéia é fazer um fundo de
pensão de ex-alunos.
     De encontro com esse objetivo, a AEACH tem em sua página
uma seção para que ex-alunos que tenham empresas de serviços,
como uma oficina mecânica, um restaurante ou uma pequena firma de
advocacia, dêem descontos aos ex-alunos associados, com o intuito
de aumentarem sua carteira de clientes e anunciarem no website da
associação.
     A premissa por trás da idéia de dar benefícios aos associados é
que uma carteira de clientes composta por ex-alunos do Colégio Santa
Cruz seria almejada por muitas empresas. Essa hipótese se confirma
através de muitos depoimentos como, por exemplo, de uma ex-aluna
dona de uma firma importadora de bens de consumo. Segundo ela,
“daria qualquer desconto. Com uma carteira de clientes composta por
ex-alunos do Santa, eu estaria realizada.”.


        • preservação e desenvolvimento do Colégio Santa Cruz
           como instituição e conjunto de valores que representa


     Uma dos principais fatores para a já discutida identidade entre os
ex-alunos do Colégio Santa Cruz é, sem dúvida, a paixão que o ex-
aluno nutre pela instituição. Não vem ao caso discutir de forma muito
aprofundada essa paixão, uma vez que ela não faz parte direta do
escopo deste trabalho, mas é interessante levantar uma questão.
Devemos nos perguntar se esse é um ponto em comum para uma


                                   33
associação de ex-alunos de um colégio ou de uma faculdade
qualquer.
       Até um certo ponto, sim. Não faz sentido que ex-alunos de uma
instituição de ensino qualquer se reúnam em uma associação sem que
elas gostem minimamente do colégio, seja pelo status de terem
estudado lá, seja pelo conjunto de valores que representa, seja pelo
apego ao espaço físico do lugar, seja pelo fato de terem passado
determinada época de suas vidas naquele ambiente. Na verdade,
esse último motivo de apego ao lugar parece ser o mais comum, mas
os três primeiros são peculiares de algumas poucas instituições.
Acredito que todos esses sejam motivos para a paixão que o ex-aluno
tem em relação ao Colégio Santa Cruz, e neste tópico iremos analisá-
los.
       O fato de ter passado determinada época da vida no colégio é
mais do que óbvio e não necessita de mais aprofundamento. Goste ou
não do lugar, as pessoas geralmente acabam desenvolvendo certo
apego aos lugares por onde passaram um bom tempo de suas vidas
e, neste caso, o ex-aluno do Colégio Santa Cruz também acaba se
apegando ao próprio espaço físico. A atual sede em Alto de Pinheiros
ocupa praticamente quase dois quarteirões normais. É bastante
arborizada e plana, contrastando, por exemplo, com o Colégio São
Luis da Avenida Paulista, que é totalmente verticalizado. A grandeza
do colégio em termos físicos é uma coisa que sem dúvida nenhuma
marca o ex-aluno.
       Outra explicação factível seria devido ao conjunto de valores que
o colégio representa. Como analisado anteriormente, o senso comum


                                   34
diz que o Colégio Santa Cruz “prepara para a vida”. Esse perfil
contrasta com o de outros renomados colégios paulistanos, como o
Colégio Bandeirantes, por exemplo, que é mais conhecido por
preparar o aluno para o vestibular. É bom frisar que não
necessariamente o senso comum está correto nestes casos, mas é
isso que faz a imagem do colégio perante o ex-aluno e a sociedade.
Em outras épocas o Colégio Santa Cruz também ganhou fama por
uma educação diferenciada, mais humanista, principalmente graças
ao Padre Charbonneau, um dos fundadores e principais educadores
do colégio. Depois do falecimento dos padres, mesmo com o colégio
adquirindo uma administração laica, ainda há essa percepção sobre
os valores do colégio.
     Por último, há o fator do status da instituição. Status esse não só
determinado por todos os outros fatores já discutidos, mas também
por este ser claramente um colégio das elites paulistanas. A verdade é
que, na média, os alunos e ex-alunos do Colégio Santa Cruz compõe
a elite financeira e intelectual do país. Reforçam essa noção alguns
ex-alunos famosos, como o economista Luiz Carlos Mendonça de
Barros, o piloto Gil de Ferran, o músico Chico Buarque de Holanda e
praticamente toda a família Montoro e Setubal.
     É importante frisar que não são todas as instituições de ensino
que contam com esses dois últimos fatores. A maioria das instituições
de ensino não conta com esse tipo de status, que gera a paixão no
aluno e ex-aluno. Isso se reflete claramente nas associações de ex-
alunos, na medida em que elas geralmente não conseguem integrar
os associados e realizar projetos que vão muito além do simples


                                  35
cadastro. Quando um aluno do Colégio Santa Cruz se forma no ensino
médio, há aquela sensação de “sempre Santa”, o que provavelmente
não ocorre em qualquer colégio ou faculdade. Contudo, é preciso fazer
a crítica de que esse tipo de sentimento muitas vezes leva o aluno ao
elitismo e a isolação em relação ao resto do mundo, não sendo esse o
objetivo da associação. A AAACSC quer apenas usar essa paixão
como ponto de identidade entre os associados, que será a força motriz
para o seu funcionamento.
     Ser uma representante do colégio na sociedade não é uma
questão de escolha para a AAACSC, mas sim um fato inexorável. Não
há como fugir dessa responsabilidade. Assim sendo, a AAACSC deve,
no mínimo, gerenciar suas relações com a sociedade de forma a não
prejudicar a imagem do colégio, símbolo que une os associados. Mais
do que obrigação, deve ser objetivo da associação não só preservar a
imagem do colégio, mas representá-lo e fortalecê-lo. Uma associação
de ex-alunos que pretenda extrapolar suas ações para fora do
ambiente interno deve tomar cuidado no sentido de agir como um
segundo relações-públicas da instituição que deu sua unidade e
origem.
     Dentro desse grupo de objetivos, a AAACSC também deve
preservar a memória do colégio. Não que o próprio Colégio Santa
Cruz já não o faça, pelo contrário, mas uma importante parte de suas
memórias são feitas pelos alunos, e uma associação teria uma
capacidade muito maior de recolhê-las, armazená-las e perpetuá-las,
obviamente em parceria com o colégio. Neste sentido a associação
pode fazer uma sala de memórias em parceria com o colégio, ou


                                 36
então criar um jornal que publique as estórias mais interessantes.
Neste campo o material é vasto, bastando haver vontade para
processá-lo e organizá-lo. A AEACH, por exemplo, faz um bom
trabalho nesta direção, dedicando um espaço no website para uma
pequena biografia mensal sobre um professor e um ex-aluno.
     Ainda dentro desse objetivo, podemos destacar a possibilidade
que uma associação de ex-alunos tem de orientar o aluno para a vida
como um todo. O aluno obviamente virá a ser um ex-aluno algum dia,
ou seja, uma vez que buscamos desenvolver o ex-aluno, também
deve ser nosso objetivo ajudar no desenvolvimento do aluno. Ainda de
encontro com isso, ajudando os alunos, que são uma das vitrines do
colégio, estaremos reforçando a imagem e os valores do próprio
Colégio Santa Cruz.
     Isso pode ser feito de várias maneiras. A AAACSC pode
aproveitar o conhecimento de seus associados sobre diversos
assuntos e promover palestras para os alunos. Também podem ser
oferecidos cursos extra-curriculares sobre temas pertinentes como, por
exemplo, economia básica. O aluno do Colégio Santa Cruz sairia
muito bem preparado do ensino médio em relação aos de outros
colégios se tomasse contato com assuntos como economia, direito,
funcionamento do estado, etc... E para organizar os cursos bastaria
que o colégio fornecesse o anfiteatro e um horário conveniente. Os ex-
alunos de cada área, por sua vez, poderiam se organizar de forma que
cada um desse uma aula sobre um certo aspecto do tema, assim não
prejudicando demais o tempo de ninguém e facilitando a participação
do maior número possível.


                                  37
Outra possibilidade seria a implantação de um sistema de tutoria,
onde um ex-aluno seria tutor de um ou alguns alunos, sobretudo
aqueles que estão terminando o ensino médio e necessitam de
orientação para a escolha da profissão. A idéia é que o tutor
aconselhe o aluno em qualquer assunto que for necessário, mas
principalmente sobre a profissão escolhida. Assim, o processo ficaria
facilitado se um médico fosse tutor de um estudante de medicina, um
executivo fosse tutor de um estudante de administração, e assim vai.


         • promoção da ação social transformadora


     Os três primeiros tópicos pareciam óbvios, já que os objetivos de
qualquer associação de ex-alunos não fogem muito disso. A grande
diferença estaria na promoção da ação social transformadora através
da rede. Esse parece ter sido um anseio de quase todos os ex-alunos
envolvidos, uma vez que vai de encontro com os valores humanistas
do colégio, e até com a própria realidade da instituição. Faz parte do
Colégio Santa Cruz o “SAN (Serviço de Auxílio aos Necessitados),
grupo formado por membros da Pastoral do Colégio Santa Cruz,
professores e pais de alunos, encarregados de conseguir os recursos
financeiros, através de festas e campanhas, e administrá-los para que
possam    beneficiar   o   maior   número    possível   de   pessoas”
(MAGALHÃES,        1996,    http://www.santacruz.g12.br/pj_pasto.htm,
consultado em 26/10/2002). Uma vez que o SAN conta com a
participação de muitos ex-alunos, sendo essa inclusive uma
oportunidade de sinergia e maior apoio do colégio.


                                   38
A ação social, por incrível que pareça, não parece ser um
objetivo comum às associações de ex-alunos. Mesmo a tradicional
“Alumni Association” de Harvard, na prática, funciona apenas para
captar recursos para a universidade. Esse tipo de objetivo representa
uma tônica nova a esse tipo de organização, e certamente vem de
encontro com a recente demanda por ações que promovam a
cidadania, geralmente vindas da sociedade civil organizada. A própria
gestão atual da ex-GV pretende reinventar a associação dando mais
ênfase à cidadania. Tendo em vista esse objetivo, a ex-GV inovou
lançando   uma   carta   de   intenções   chamada    “Brasil   +10   –
Desenvolvimento Sustentável com Justiça Social”, e já conta com o
apoio de outras importantes entidades e empresas.
     A AAACSC se propõe a adentrar nessa área pressupondo que o
ex-aluno do Colégio Santa Cruz tem efetiva vontade transformar a
sociedade dentro do conjunto de valores humanistas que a instituição
propaga. Decerto há o problema do tempo, escasso para a maioria
dos ex-alunos, e neste sentido a associação precisa conscientizar o
ex-aluno da importância desse tipo de ação. A idéia básica é que, se
cada ex-aluno contribuir um pouco, as ações se concretizam.
     O primeiro passo prático seria aproveitar as sinergias potenciais
com o SAN, uma vez que este órgão do Colégio Santa Cruz é
praticamente gerido por ex-alunos, como explicado a alguns
parágrafos acima. A AAACSC poderia tanto captar recursos adicionais
para o SAN como contribuir com mão-de-obra voluntária.
     Da mesma forma, parcerias poderiam ser firmadas com ONGs,
sobretudo em programas específicos que interessem à associação.


                                 39
Mais uma vez, a AAACSC poderia ajudar na captação de recursos, no
fornecimento de mão-de-obra voluntária, na divulgação ou em
qualquer outra área que seja necessária ajuda.
        A exemplo da ex-GV, a AAACSC não só pode como deve criar e
iniciar movimentos sociais, e aí buscar o apoio de ONGs e outras
entidades da sociedade civil organizada ou até do mundo privado. As
ações podem estar voltadas tanto para temas amplos, como o
combate à violência, quanto para questões mais pontuais, ligadas
diretamente à comunidade. O próprio SAN atua pontualmente na
favela do Jaguaré, transformando a comunidade local. Assim, a
AAACSC pode procurar outra comunidade com demandas sociais
ainda não atendidas, ou mesmo ajudar o SAN.
        Outra possibilidade seria canalizar o poder de influência dos ex-
alunos do Colégio Santa Cruz para pressionar a sociedade como um
todo, sobretudo o Estado e os políticos. A rede formada pelos ex-
alunos e seus contatos próprios fora da comunidade do colégio pode
ser um poderoso meio de se conseguir assinaturas e apoio político
para se fazer esse tipo de pressão. Quando atingir um nível de
conscientização maior, a associação poderá até propor novas leis,
através dos mecanismos que existem para que a sociedade civil o
faça.




                                    40
3.1.2 Aspectos Legais


     Um dos requisitos básicos para a perpetuidade e a organização
da AAACSC é que ela se torne pessoa jurídica. Neste capítulo
veremos os procedimentos que deverão ser tomados para fazê-lo.
     Em Manual de ONGs, BARBOSA e OLIVEIRA (2002) explicam
que organizações sem fins lucrativos ganham reconhecimento jurídico
através do registro de um estatuto, e não de um contrato como é o
caso de empresas convencionais. Uma organização sem fins
lucrativos pode ser constituída sob a forma de associação ou
fundação. Fundações pressupõem que haja um patrimônio destinado
a um certo fim. Associações não precisam de um patrimônio, já que
são caracterizadas pela reunião de pessoas.
     A associação deve ser registrada no Cartório Civil de Registro de
Pessoas Jurídicas mediante apresentação da ata de constituição,
estatuto social, ata da eleição da Diretoria e do Conselho Fiscal e o
requerimento de registro. Todos os documentos precisam estar de
acordo com as especificações da lei. Obrigatoriamente deve haver
registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da
Fazenda e no Cadastro de Contribuintes Mobiliários da Prefeitura
(BARBOSA      e   OLIVEIRA,   2002,    p.   14).   O   estatuto   deve
obrigatoriamente conter:


    “- a denominação, o fundo social (quando houver), os fins e a
    sede da associação ou fundação, bem como seu tempo de
    duração;



                                 41
- o modo pelo qual se administra e representa a sociedade, ativa
    e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
    - se o estatuto, o contrato ou o compromisso é reformável no
    tocante à administração e de que modo;
    - se os membros respondem ou não, subsidiariamente, pelas
    obrigações sociais;
    - as condições para a extinção da pessoas jurídica e, no caso de
    isso ocorrer, o destino de seu patrimônio;
    - os nomes dos fundadores ou instituidores e dos membros da
    diretoria, provisória ou definitiva, com indicação da nacionalidade,
    estado civil e profissão de cada um, bem como o nome e a
    residência do apresentante dos exemplares”
    (BARBOSA e OLIVEIRA, 2002, p. 15)

     É importante ressaltar que o estatuto é o documento mais
importante da associação. A alteração estatutária requer uma série de
procedimentos formais, inclusive o registro em cartório. Estatutos
muito detalhados ficam anacrônicos conforme o tempo passa, por
isso, no caso da AAACSC, optou-se por se fazer um estatuto amplo e
com o menor número de detalhes possíveis. Um bom exemplo do
anacronismo é o Estatuto Social da AEDA:


    “b) Filhos, irmãos e descendentes varões sem arrimo, todos
    menores, e os maiores até vinte e quatro (24) anos que cursem
    estabelecimento de ensino superior, sejam legítimos, legitimados,
    naturais, reconhecidos ou adotivos;
    c) Filhas, irmãs, e descendentes do sexo feminino sem arrimo,
    todas solteiras, legítimas, legitimadas, naturais, reconhecidas ou
    adotivas;”
    (ASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS DO COLÉGIO DANTE
    ALIGHIERI, 1959, p. 3)




                                  42
Os detalhes de organização e de funcionamento estarão no
Regimento Interno, que poderá ser alterado mais facilmente através
do Conselho Normativo, não ocorrendo esse tipo de problema.
Analogamente podemos comparar Estatuto Social e Regimento
Interno com a Constituição Federal e as demais leis, respectivamente.
     Quanto aos órgãos, a Assembléia Geral e a Diretoria são
obrigatórias. Conselho Fiscal, no caso das associações, e Conselho
Consultivo, em qualquer caso, são facultativos. Na AAACSC optamos
por chamar o Conselho Consultivo de Conselho Normativo. Esse
assunto será discutido melhor no capítulo seguinte.
     Pode haver diversas categorias de sócios. A AAACSC optou por
duas, sendo que haverá os sócios comuns e os sócios beneméritos. O
critério de sócio constitui-se em uma das discussões mais acaloradas
nas reuniões que precederam a criação da associação. Um grupo
advogava que o membro precisaria ser formado no Ensino Médio ou
Fundamental para ser ex-aluno do Colégio Santa Cruz. Outro dizia
que bastava ter estudado lá em alguma época por um período mínimo,
um ano, por exemplo. A primeira corrente ganhou a discussão, com o
argumento de que, se no decorrer do tempo a alteração deste critério
se mostrasse necessária, seria politicamente inviável restringi-lo, mas
não haveria problema de abri-lo. Assim, por enquanto, ex-alunos não
formados no Ensino Médio ou Fundamental poderão ingressar na
associação como membros beneméritos.
     Sobre a questão da imunidade e isenção de impostos temos:




                                  43
“...a Constituição torna imune a impostos as instituições de educação
e de assistência social. Em outro dispositivo, isenta (quando deveria
dizer imuniza) da contribuição social as entidades beneficentes de
assistência social.”
      (BARBOSA e OLIVEIRA, 2002, p. 50)

     A assistência social é claramente um dos objetivos da AAACSC,
mas em uma ordem de importância não seria o primeiro, além de ter
outros três de caráter claramente privado e não público. Até por volta
de 1993, era relativamente fácil de ser conseguir esses benefícios. A
CPI do Orçamento do mesmo ano revelou muitos casos onde os
benefícios estavam sendo usados de má fé, de forma que o governo
aumentou    a   fiscalização   e   impôs   barreiras   burocráticas   que
dificultaram o acesso aos benefícios. Em outras palavras, a AAACSC
não tem acesso à imunidade e isenção de impostos. Tampouco há
incentivos fiscais para a doações, já que uma associação de ex-alunos
não se enquadra nos quesitos necessários.
     Uma possibilidade a ser discutida, e aqui só deixo o embrião da
idéia, seria criar uma entidade separada para realizar a ação social
transformadora, mas que estaria sobre o controle da AAACSC. Assim,
os recursos destinados aos objetivos de assistência social poderiam
ser imunes ou isentos de impostos.
     Também está muito claro no texto da lei que a AAACSC não
pode ser classificada como uma OSCIP, ou organização da sociedade
civil de interesse público. O texto é claro em afirmar que entidades de
benefício mútuo, destinadas a proporcionar bens ou serviços a um
círculo restrito de sócios, não pode ser classificada desta maneira.
OSCIPs tem uma série de benefícios fiscais.


                                    44
3.1.3 Organização


      Como já discutido anteriormente, um dos motivos que levou a
não perpetuidade das outras associações de ex-alunos do Colégio
Santa Cruz que se tentou fazer, foi justamente a falta de organização.
Por isso é imperativo que a AAACSC seja estruturada com seus
devidos órgãos e cargos. Este capítulo trata justamente do
funcionamento da associação, ou seja, detalhamos o processo de
tomada de decisão e fiscalização.
      Não existindo um manual que indique a melhor maneira de se
organizar uma associação de ex-alunos, ou mesmo uma organização
sem    fins   lucrativos   genérica,    faz-se   necessário   delinear   os
pressupostos e o processo que levou a essa estrutura. Em primeiro
lugar usou-se a experiência de alguns ex-alunos em outras
associações como, por exemplo, a de engenheiros do Metrô. Em
seguida, durante as diversas reuniões que foram realizadas, o assunto
foi discutido pelos presentes. Mais adiante foram consultados alguns
livros que discutiam o assunto.


      “A entidade possui uma estrutura interna e desenvolve suas
      atividades mediante órgãos de natureza deliberativa ou decisória
      (Diretoria e Assembléia), fiscalizadora (Conselho Fiscal) ou
      consultiva (Conselho Consultivo).” (BARBOSA e OLIVEIRA, 2002,
      p. 17)

      Como já visto no tópico anterior, sabemos que a Assembléia e a
Diretoria são obrigatórias. O Conselho Fiscal é facultativo neste caso e



                                       45
o Conselho Consultivo é facultativo independente do tipo de
associação. Nesta associação, nenhum cargo ocupado por membros
será remunerado.


           • Órgãos


       A Diretoria é o órgão que dita as políticas, planeja no curto e
longo prazo, além de representar a associação. Apesar de poder ser
composta por um único individuo, foi decidido que ela seria composta
por cinco membros. A associação será dirigida pelo Secretário Geral,
ao qual estarão subordinados o Primeiro Secretário, Segundo
Secretário, Primeiro Tesoureiro e o Segundo Tesoureiro. A Diretoria
deve      administrar   a   AAACSC,        criando   políticas   para   o   seu
desenvolvimento e alocando os recursos do melhor modo possível. O
mandato dos membros da Diretoria é de dois anos, quando deverão
ocorrer     eleições.   Qualquer   membro       pode     nomear    secretários
auxiliares.
       O Conselho Normativo corresponde ao Conselho Consultivo, ou
seja, é o órgão que deve discutir e fazer as normas do Regimento
Interno. Ele é composto por nove membros, com mandato de dois
anos. O Conselho Normativo funciona como uma via mais rápida à
criação de novas normas, mas fica restrito ao Regimento Interno. O
Conselho Normativo também tem a função de aconselhar a Diretoria.
       O Conselho Fiscal é composto de três membros com mandato
de dois anos cada, e deverá fiscalizar a associação. Este não deve




                                      46
exarar normas, e sim fiscalizar qualquer procedimento que achar
pertinente.
      A Assembléia Geral é o órgão deliberativo composto por todos
os membros da associação. A Assembléia deve ser convocada pelo
menos uma vez ao ano pela Diretoria, para aprovação dos resultados
financeiros e patrimoniais do ano fiscal. Esse órgão serve basicamente
para tomar as grandes decisões que afetem a AAACSC. Resoluções
tomadas pela Diretoria, Conselho Normativo e Conselho Fiscal
poderão ser anuladas ou modificadas pela Assembléia Geral, que
também poderá remover qualquer membro desses três órgãos.
Obviamente que há um número mínimo de votos para que isso
aconteça, especificados no Estatuto Social. Em resumo, a Assembléia
Geral é o único órgão que pode fazer alterações no Estatuto Social,
além de ser usada especialmente para se decidir assuntos de grande
importância.
      Os quatro órgãos listados acima estão devidamente previstos no
estatuto, e por isso são da maior importância para o bom
funcionamento democrático da associação. O poder decisório deve ser
guiado pelo poder consultivo e normativo e fiscalizado pelo poder
fiscalizador.
      Convém ressaltar que ocupar um desses cargos não é apenas
uma honraria, mas uma “atividade que requer conhecimento,
comprometimento e tempo” (WOLF, 1990, p.29, trad. por). Em
Managing a Nonprofit Organization, WOLF (1990) lista algumas
responsabilidades dos membros do conselho de administração, que é
um requisito legal nos Estados Unidos para a constituição de


                                  47
organizações sem fins lucrativos. Tomo a liberdade de adaptar essas
responsabilidades para a realidade brasileira e da associação, ou seja,
estendendo-a para os membros dos órgãos previstos no estatuto, com
exceção da Assembléia Geral. Assim, é da responsabilidade desses
membros determinar a missão da organização e fazer as políticas para
o seu funcionamento, estabelecer o programa geral ano a ano,
estabelecer a política fiscal e os limites orçamentários, providenciar os
recursos necessários para as atividades, avaliar a administração e
desenvolver e manter canais de comunicação com os demais
interessados.


        • Representantes


     Paralelamente a isso, a AAACSC quer ser uma organização
inclusiva, ou seja, pretende fazer com que o maior número possível de
membros participe efetivamente do funcionamento e do processo
decisório da associação. Para isso foram pensados alguns cargos,
que provavelmente estarão previstos no Regimento Interno, e são
vitais para o melhor funcionamento da entidade.
     Em um dado momento percebeu-se que seria interessante que
houvesse um representante para cada turma para que fosse garantida
a capilaridade do sistema. Assim, toda decisão tomada pelos órgãos
“centrais” (diretoria e conselhos) poderia chegar de forma mais efetiva
aos membros através dos representantes. Da mesma forma, os
anseios de cada turma chegariam aos órgãos pelos representantes.
Além de constituírem-se canais de mão dupla entre os membros e os


                                   48
órgãos, cabe ao representante assumir a figura do empreendedor e
gestor ao viabilizar e organizar os encontros de sua turma. É
importante esclarecer que não caberá ao representante financiar os
encontros ou organizar sozinho. Ele deverá achar, dentro da sua
turma, membros que queiram participar da organização e, quanto ao
financiamento, esse tipo de evento deverá ser auto financiado, ou
seja, os participantes que o pagam. A associação em si, representada
pelos órgãos “centrais”, deverá dar todo o apoio técnico aos
representantes, fornecendo cadastro atualizado, indicando lugares que
ofereçam bons descontos, etc...
     Mais adiante é até possível, e recomendável, que os
representantes formem um conselho próprio para uma troca de
experiências mais direta e para a realização de eventos em conjunto.
Uma possibilidade é realizar eventos por faixa de idade. É provável
que turmas de uma mesma época, por exemplo, de 75 a 80, tenham
interesses em comum. O Conselho de Representantes seria mais um
órgão a equilibrar o processo decisório da associação, representando
as turmas de forma mais direta.
     É interessante discutir o fato de que, infelizmente, nem todo ex-
aluno será um associado. No entanto, o representante, por organizar
encontros de turma, estará em contato direto com os não membros da
associação, que com certeza não só podem como devem participar
dos encontros. Uma vez que o ideal seria que todos os ex-alunos
fossem membros da associação, o representante também poderá
trazer aos órgãos “centrais” os anseios daqueles que decidiram não se
associar. Na medida que for possível conhecer melhor os motivos que


                                  49
os levaram a essa decisão, a AAACSC poderá tomar medidas
inclusivas para abarcar uma porcentagem maior da totalidade dos ex-
alunos.
     Preferencialmente, o representante deve ser um daqueles que já
fazem esse papel de organizador dos encontros de sua turma
naturalmente, ou seja, antes da existência da AAACSC. Na
impossibilidade disso acontecer, é importante que seja uma pessoa
com bom trânsito dentro de sua turma. No último dos casos, o
representante    deve     estar   predisposto   a   assumir    essas
responsabilidades.


          • Comissões


     Outra forma de viabilizar uma maior participação é com a criação
das comissões para assuntos específicos. O material humano
composto pelo conjunto de ex-alunos do Colégio Santa Cruz é muito
vasto e rico, de forma que seria impossível aproveitá-lo somente nos
órgãos “centrais”. As comissões poderiam reunir os especialistas de
cada assunto para que discutissem e apresentassem sugestões e
opiniões aos diferentes órgãos da associação. Da mesma forma,
diante de algum dúvida ou questionamento específico, os órgãos
deveriam consultar as comissões. A forma das comissões não precisa
ser necessariamente física. Como tudo hoje em dia, cada uma pode
realizar as discussões eletronicamente. É interessante que alguém
assuma a coordenação da comissão, para garantir a unidade dos
relatórios e pareceres.


                                  50
Na verdade isso já vem acontecendo de forma natural durante o
processo de criação da associação. Os participantes mais íntimos da
tecnologia se aglutinaram em uma célula para discutir assuntos mais
específicos, que a maioria não saberia opinar. O mesmo aconteceu
com os ex-alunos da área jurídica. Além da Comissão de Tecnologia
da Informação e da Comissão Jurídica, seria interessante a criação de
uma Comissão de Eventos, Comissão da Ação Social e, porque não,
comissões que tratassem dos assuntos mais “corporativos”, voltadas
para o marketing, captação de recursos, gestão financeira, relações
com o colégio, etc...
     Tendo em vista que a associação pretende representar todos os
ex-alunos e seus interesses (desde que não entrem em conflito), é
possível que, com o tempo, sejam formados grupos de interesses
dentro da AAACSC. É interessante institucionalizar esses grupos na
forma de comissões, que representem oficialmente e de forma clara e
publicamente esses interesses. Por exemplo, os órgãos “centrais”
podem não perceber os anseios de se criar eventos específicos para
os ex-alunos com mais de sessenta anos, ou para os ex-alunos
engenheiros. Nesses casos uma Comissão da 3ª Idade e uma
Comissão de Ex-Alunos Engenheiros poderiam colocar de forma mais
clara seus anseios. A idéia de que a associação tenha seus diferentes
interesses bem organizados de forma a influir a diretamente na
tomada de decisão.


         • Gestores de Projetos




                                  51
Por sua vez, haverá a figura do gestor de projetos dentro da
associação. Com a política de incentivar ao máximo a livre iniciativa
dos membros, a AAACSC inovará permitindo que membros com boas
idéias toquem seus projetos. O membro deverá apresentar a idéia à
diretoria, que por sua vez deverá verificar se ela agrega alguma coisa
aos objetivos da associação. A partir disso, o próprio gestor fica
responsável por juntar outros membros, ou até pessoas de fora
dependendo do projeto, que queiram participar, além do planejamento
e execução. Em vez de um único gestor, pode haver um grupo de
gestores. O importante é distinguir que, neste caso, o membro deve
participar agindo, diferente da das comissões, que serão um espaço
para discussão e sugestão. A idéia por trás da figura do gestor é
diminuir ao máximo a burocracia. A partir do momento que um
membro tem uma boa idéia, ele pode colocar em prática, utilizando os
próprios recursos disponíveis na rede. Os demais órgãos da
associação deverão dar suporte aos gestores.
     Com esse conjunto de órgãos e processos, a AAACSC quer ser
uma rede organizada que represente os diversos interesses de seus
membros. Acredito que, dispostos dessa forma, os fluxos de
necessidades e recursos serão mais intensos e eficientes. Para isso
os membros têm que ser ativos dentro da organização. De forma
alguma esta pretende ser uma associação que realiza diante da
passividade de seus membros.




                                  52
3.1.4 Marketing


     Em Marketing for Nonprofit Organizations, KOTLER (1975) não
discute se esse tipo de organização deve ou não desenvolver práticas
de marketing, mas com qual intensidade devem fazê-lo. O autor
aponta para dois aspectos da orientação de marketing. Há a atitude
por parte da administração para entender e satisfazer os clientes, e o
conhecimento técnico de como as variáveis influenciam o mercado.
Contudo, é preciso ter consciência de que essas organizações têm
recursos limitados e públicos.
     Segundo as classificações de KOTLER, a AAACSC estaria
dentro das associações de benefício mútuo. Essas associações têm
como objetivo criar benefícios mais para o grupo de pessoas que as
compõe do que para os outros. Isso não significa que elas não podem
beneficiar outras pessoas, mas não é o “core business” da
organização. Esse tipo de organização oferece serviços ao associado
e recebe recursos financeiros e trabalho voluntário em troca, ou seja, o
marketing deve estar voltado para o próprio associado. Em alguns
casos, a organização precisa de reconhecimento externo, tendo que
se promover para outros públicos (KOTLER, 1975, p. 32).
     A AAACSC se enquadra muito bem no conceito do KOTLER
uma vez que, de acordo com seus objetivos, ela não pretende se
voltar única e exclusivamente para os seus membros. Pretendendo
representar seus membros e o Colégio Santa Cruz na sociedade, além
de promover a ação social transformadora, a associação precisa se
relacionar com outros públicos.


                                   53
Em Managing a Nonprofit Organization, WOLF (1990) diz que
estratégias de marketing de sucesso não só permite que as
organizações atinjam seus objetivos e cumpram sua missão, como
garantem sua estabilidade financeira através do foco na necessidade
do cliente.


         • Segmentação


      WOLF segue discutindo a segmentação de mercado em
organizações sem fins lucrativos, que devem desenvolver estratégias
diferentes para cada “cliente”. No caso da AAACSC, estratégias
diferentes devem ser desenvolvidas para os ex-alunos, alunos,
colégio, empresas e sociedade. Dentro do grupo dos ex-alunos, é
possível dividi-los por faixas etárias, por membros e não-membros e
ainda pelo nível de atividade de cada membro.
      A seguir serão levemente traçadas as estratégias que devem
guiar cada segmento da AAACSC e para isso devemos entender as
relações que teremos com eles. Pode-se dizer que os ex-alunos são
nosso principal mercado por motivos óbvios. Sem os ex-alunos, a
associação    perderia   completamente   o   sentido.   Os   ex-alunos
representam ao mesmo tempo o funcionamento e a clientela da
associação. Em um primeiro instante, no movimento de captação e
manutenção dos ex-alunos, a AAACSC deve oferecer benefícios
tangíveis e intangíveis ao ex-aluno, que dará em troca recursos
financeiros e parte do seu tempo para trabalho voluntário. Quanto
maiores forem os benefícios tangíveis e intangíveis em relação ao que


                                 54
ele terá que despender na percepção do ex-aluno, maior a
possibilidade dele se tornar um membro. Em um segundo momento,
além de manter a qualidade e expandir os benefícios oferecidos, a
associação deve fazer uma estratégia de endomarketing, no sentido
de encorajar o maior dispêndio de recursos financeiros e horas de
trabalho voluntário para a associação. Para isso, a associação deve
buscar maneiras de se valorizar institucionalmente e valorizar aqueles
que a constroem, incentivando e premiando a maior participação e
doação de recursos.
     A divisão do grupo de ex-alunos por faixa etária se dá devido as
diferentes necessidades que elas possam apresentar. É razoável
imaginar que ex-alunos formados há pouco tempo estejam mais
preocupados com o desenvolvimento profissional, principalmente com
a possibilidade ampliada de se desenvolver na carreira através da
rede. Já alunos de turmas mais antigas provavelmente estão mais
preocupados com o desenvolvimento pessoal, no sentido de terem um
espaço agradável para bater um papo e tomar chopp.
     A divisão entre membros e não-membros é clara, no sentido de
que os primeiros devem ser cultivados, e os segundos convencidos de
que os benefícios tangíveis e intangíveis são maiores que os custos
da associação. Os membros podem ser segmentados entre ativos e
não ativos, no sentido de que os primeiros devem ser cultivados e os
segundos precisam de estratégias de endomarketing para que os
tragam para mais perto do processo decisório.
     Quanto aos alunos, é preciso ter consciência de que esses serão
nossos futuros clientes, ou seja, ex-alunos. Quanto melhor preparados


                                  55
estiverem os alunos para a vida e para o mercado de trabalho, melhor
a AAACSC será gerida e representada no futuro. É preciso manter
essa visão de longo prazo para garantir a perpetuidade da associação.
É importante que o aluno conheça e admire a associação, de modo
que venha a se tornar membro depois de formado.
     O Colégio Santa Cruz também não deixa de ser um cliente, no
sentido de que a AAACSC precisa de seu aval não para funcionar,
mas para ganhar legitimidade perante ex-alunos e a sociedade. O
Colégio Santa Cruz certamente será o maior parceiro da associação
de seus ex-alunos, portanto é absolutamente necessário cultivar um
bom relacionamento.
     As diferentes empresas que possam ter alguma relação com a
associação também devem ser cultivadas. A AAACSC precisa se
relacionar com as empresas que proporcionarão benefícios para o seu
associado. A título de exemplo, a associação pretende prover seguro
saúde mais barato para os seus associados. Para isso é preciso que
tenhamos uma boa relação com a seguradora, que em troca receberá
uma carteira potencial de clientes constituída dos ex-alunos do
Colégio Santa Cruz. Neste sentido, antes de tudo a AAACSC precisa
promover seu produto (a carteira de clientes) construindo uma boa
imagem no mercado.
     Por fim há a sociedade como um todo, que também entra no
mérito da imagem. O conhecimento e reconhecimento da associação,
de forma alguma deve estar limitada à comunidade do Colégio Santa
Cruz. Pelo contrário, a AAACSC deve procurar ser conhecida e
reconhecida em toda a sociedade como uma organização séria,


                                 56
visionária e estável, sendo necessária a construção de uma marca
forte. Esse cliente é especialmente importante para o objetivo da ação
social transformadora.


        • Imagem


     Outro aspecto do marketing seria a imagem, um elemento crítico
para se ganhar clientes e apoio da sociedade, sobretudo para
organizações do terceiro setor (WOLF, 1990, p. 121). Criar uma marca
própria que tenha prestígio faz com que o ex-aluno se interesse mais
pela associação, aumentando a porcentagem de membros e, dentre
os membros, dos ativos. Essa mesma marca chamaria mais atenção
do aluno, futuro ex-aluno. Ela certamente fortaleceria as relações com
o colégio, além de ganhar o respeito das empresas e da sociedade.
Na prática, ter uma marca forte é fazer com que as empresas
procurem associá-la a sua, sobretudo no âmbito do marketing social.
     Aqui é interessante abrir parênteses para comentar um curioso
fato ocorrido ao longo das discussões. Em certo momento foi feita uma
votação para que fosse escolhido o nome fantasia, ou marca, da
AAACSC. Os dois nomes mais cotados eram “Ex-Santa” e “Alumni
Santa”. As vantagens desse último seriam a credibilidade transmitida
por um termo em latim. A desvantagem seria a “pompa” excessiva,
que poderia fazer com que a AAACSC perdesse o foco. Neste sentido,
“Ex-Santa” seria um nome de simples identificação, que traduziria
melhor o espírito da associação. No final não foi possível prosseguir
com a votação devido a paixão com que os colaboradores começaram


                                  57
a defender suas opiniões. Qualquer um que ganhasse, certamente
geraria um mal-estar no grupo opositor, o que poderia efetivamente
atrapalhar o andamento das coisas. A questão foi prorrogada para
quando tivermos uma melhor estrutura e todos puderem participar. Até
lá, espera-se que apareçam novas opções.
         Também é interessante discutir a força da marca “Colégio Santa
Cruz” na sociedade paulistana. Tanto pela educação de vanguarda
atribuída aos padres, como pelos ex-alunos de sucesso, o Colégio
Santa Cruz é uma instituição que desperta admiração para os que a
vem de fora e orgulho para quem lá estuda. Nos últimos rankings das
melhores escolas paulistanas, elaborados pela Revista Veja São
Paulo, o Colégio Santa Cruz manteve-se nas primeiras posições. No
último ranking o colégio ficou em 2º lugar, como mostra o quadro
abaixo. (KOSTMAN, 2001,
<http://www2.uol.com.br/veja/idade/educacao/031001/ranking_s.html>,
consultado em 07/11/2002).


                                     As vencedoras
Ranking elaborado com dados da pesquisa Veja São Paulo-Ipsos Marplan
   1º                      Visconde de Porto Seguro                    94,1
   2º                          Colégio Santa Cruz                      92,1
   3º                         Colégio Santa Clara                      88,8
   4º                         Colégio Santa Maria                      84,7
   5º                                                                  83,1
                    Escola Nossa Senhora das Graças - Itaim
   6º                       Colégio Santo Américo                      82,7
   7º                     Colégio Miguel de Cervantes                  81,1
   8º                       Colégio Dante Alighieri                    79,9
   9º                          Escola Vera Cruz                        79,0
   10º                         Colégio Humboldt                        76,9
   11º                       Colégio Rainha da Paz                     76,6




                                            58
12º                  Colégio Rio Branco            76,2
13º                   Colégio Palmares             76,1
14º                   Colégio I. L. Peretz         76,0
15º             Escola Waldorf Rudolf Steiner      74,6
16º                   Colégio Assunção             74,2
17º           Colégio Guilherme Dumont Villares    73,1
18º                                                73,0
             Colégio Hebraico Brasil.Renascença
19º            Escola Nova Lourenço Castanho       72,6
20º                    Colégio Objetivo            71,8
21º                Colégio São Domingos            71,5
22º            Colégio Santo Antonio de Lisboa     71,1
23º                                                71,1
                 Colégio São Vicente de Paulo
24º                      Colégio Iavne             70,2
25º                    Colégio São Luís            70,1
26º                    Colégio Friburgo            70,0
27º                  Colégio Regina Mundi          69,9
28º             Colégio Marista Arquidiocesano     69,8
29º               Colégio Domus Sapientiae         69,7
30º           Colégio Montessori Santa Terezinha   69,6
31º                    Colégio Cristo Rei          69,5
32º               Colégio Benjanim Constant        69,4
33º            Escola Experimental Pueri Domus     68,9
34º                      Colégio Etapa             68,8
35º           Colégio Nossa Senhora do Rosário     68,7
36º                     Colégio Pio XII            68,5
37º            Colégio Nossa Senhora Aparecida     68,4
38º                      Colégio Opec              68,3
39º             Colégio da Companhia de Maria      68,2
40º                      Escola Móbile             68,1
41º                   Colégio Mackenzie            68,0
42º                 Colégio Ofélia Fonseca         67,6
43º                   Colégio Notre Dame           67,4
44º                      Liceu Pasteur             66,3
45º            Externato Nossa Senhora Menina      66,1
46º                     Escola Carandá             65,6
47º                      Escola Logos              65,5
48º                      Escola da Vila            65,4
49º          Colégio Oswald de Andrade/Caravelas   64,9
50º           Colégio Sagrado Coração de Jesus     64,7



      • Mix de Marketing



                                  59
Voltando ao assunto, podemos analisar os quatro elementos do
mix de marketing no âmbito de uma associação de ex-alunos, mais
especificamente da AAACSC. O produto, neste caso, corresponde aos
benefícios oferecidos ao associado. Em organizações sem fins
lucrativos costuma-se não haver muito rigor em se desenvolver e
testar novos serviços. Essas organizações geralmente estão mais
orientadas para a missão do que para o produto. Não há nada de
errado com isso, mas o produto em si não pode ser esquecido, uma
vez que pode ficar ultrapassado. Nesse tipo de produto, muitas vezes
a marca da organização tem uma importância maior que outros
elementos (WOKF, 1990, p. 127-128).
     No caso da AAACSC, apesar da marca já ter sido discutida no
tópico acima, não custa ressaltar a força do nome Colégio Santa Cruz.
Apesar disso, é bom que seja construída uma marca própria,
utilizando o poder do nome Colégio Santa Cruz, mas deixando bem
clara que é a AAACSC e não a instituição em si.
     Os produtos oferecidos serão tanto tangíveis, como os
encontros, eventos, o uso da rede de ex-alunos, descontos em
diversos serviços e produtos, como intangíveis, sobretudo em relação
aos frutos da rede de ex-alunos. A AAACSC será um ótimo espaço
para troca de conhecimentos e contatos, e não há como medir
quantitativamente esse benefício, mais importando a percepção do
que o valor. Nesta mesma categoria está o eventual orgulho de
participar da associação, sentimento esse que será mais forte a
medida que o valor da marca se fortaleça perante a sociedade.


                                 60
Quanto à promoção, é muito importante que a AAACSC busque
ficar conhecida, em um primeiro momento entre os ex-alunos, e depois
na sociedade como um todo. Se o ex-aluno não souber da existência
da associação, ele não irá se associar. Mesmo que todos não se
tornem membro, é muito importante que todos já tenham ouvido falar,
de modo que, se virem em algum lugar algo relacionado à entidade,
possam identificar rapidamente.
     O modo mais barato de promoção entre os ex-alunos é o boca a
boca. Na verdade ações desse tipo já estão sendo pensadas e
executadas, antes mesmo da inauguração da AAACSC. Ao procurar-
se os líderes naturais de cada turma e incorporá-los no grupo inicial,
pretende-se fazer com que eles sejam futuros canais de divulgação de
importância inestimável.
     Mesmo assim esse canal não é suficiente. Pretende-se que uma
carta de material “premium” seja enviada para todos os ex-alunos do
Colégio Santa Cruz, no mesmo molde do convite aos 50 anos do
colégio. A própria direção do Colégio Santa Cruz já sinalizou
positivamente no sentido de ajudar com o cadastro e a mala-direta
neste caso. Assim, estaremos de fato sinalizando a real existência da
AAACSC. O material “premium” agregará o valor necessário para dar
um caráter de oficialização e seriedade da organização.
     Outra importante ação será garantir a publicidade da AAACSC.
Uma vez que há ex-alunos jornalistas trabalhando nos mais
importantes órgãos de imprensa de São Paulo, não será difícil
conseguir cobertura na fundação e grandes eventos em geral. Para
que se torne cada vez mais conhecida e respeitada entre os ex-alunos


                                  61
e a sociedade, é necessário que a organização esteja presente na
mídia.
     Também há a vertente do marketing social, obtido através do
objetivo da ação social transformadora. É importante ressaltar que a
ação social transformadora é um objetivo por si só e não para se
promover, mas nada impede que a AAACSC se promova também
através disso.
     A associação ainda deve se promover para os alunos, futuros
ex-alunos, principalmente com eventos e palestras que a tornem
conhecida, ou melhor, almejada. Os eventos na verdade servirão
também para promover a AAACSC. Seja para alunos ou ex-alunos, é
sempre importante ressaltar a marca, deixando o logo bem visível e
exibindo algum tipo de vídeo institucional.
     O terceiro elemento do mix de marketing é o preço, que ajuda a
estabelecer a percepção de valor para um produto ou serviço.
Certamente haverá uma taxa mensal ou anual com que o associado
deverá contribuir, sobretudo para cobrir a despesas gerais da
AAACSC.
     Essa taxa não pode ser muito alta, uma vez que, de certa forma,
a AAACSC compete com outras entidades e associações que também
cobram suas taxas. Hoje em dia as pessoas estão expostas cada vez
mais a uma infinidade de organizações sem fins lucrativos com
missões legítimas, mas é irreal pensar que alguém possa contribuir
com todas, por mais que simpatize com todas as idéias. Dessa forma,
o membro em potencial faz escolhas sobre quais entidades quer




                                   62
ingressar como contribuinte. Para que a AAACSC seja uma delas, o
valor da taxa não pode ser demasiadamente alto.
     Entretanto, esse valor tampouco pode ser muito baixo, mesmo
que seja suficiente para cobrir as despesas atuais. Além de ser
politicamente complicado aumentar a taxa futuramente, mesmo que o
valor relativo em relação à renda continue baixo, uma taxa muito baixa
não agrega valor. No caso dos produtos “premium” o preço alto
geralmente é percebido como refletindo um alto valor agregado, e a
AAACSC certamente quer ser percebida como uma associação que
oferece benefícios de alto valor agregado, sobretudo os intangíveis.
     Por último temos a praça, sendo que esse elemento tem que ser
discutido sobre vários aspectos. A maioria dos benefícios oferecidos
pela AAACSC não precisará de um local físico para ocorrer. Neste
caso, é muito importante que haja uma página na Internet muito bem
estruturada. O design deve ser criativo e bonito, e o acesso aos
diferentes serviços devem ser simples e seguros.
     O outro ponto refere-se quanto aos diversos eventos, como
encontros e palestras. Os encontros geralmente são feitos em
restaurantes e bares que disponibilizem um espaço fechado. Analisar
o ambiente e a fácil localização para a maioria é necessário para
garantir o sucesso. Palestras poderão ser realizadas no anfiteatro do
Colégio Santa Cruz, ou mesmo no novo Teatro Santa Cruz, se o
colégio permitir. Seria ideal, de modo que os ex-alunos pudessem
entrar em contato direto com o ambiente do colégio. No caso de não
ser possível, o lugar escolhido terá que possuir as instalações
necessárias e ser de fácil acesso.


                                     63
Por último temos a sede da associação. Mais uma vez, o ideal
seria que o Colégio Santa Cruz oferecesse uma sala para que lá fosse
instalada. No entanto essa parece ser uma hipótese inviável para o
colégio nos dias de hoje, sobretudo por causa da falta de espaço. Se a
impossibilidade se confirmar, a sede precisará ser instalada em um
lugar que agregue valor à associação. Podemos tomar como exemplo
a ex-GV, que fica em uma cobertura de um prédio na Paulista.
Certamente é um lugar que agrega valor à organização. Outro fator
importante é, mais uma vez, o acesso.
     Outras questões devem ser levantadas acerca da sede. É
importante decidir se ela seria apenas um espaço administrativo ou se
também deveria abrigar reuniões e eventos de pequeno porte. Mas
uma vez, teremos como exemplo a sede da ex-GV, que tem uma sala
exclusiva para a gravação dos programas transmitidos pela TV
Comunitária e um bar de tamanho razoável. Como disse seu
presidente, Benedito Fernandes Duarte, esses acabam se tornando
espaços muito ociosos, portanto custosos para a associação. A idéia é
que o espaço seja ocupado somente pela administração mesmo,
sendo que os demais eventos ocorrerão em espaço alugado ou
disponibilizado com desconto ou de graça por membros. O próprio
Colégio Santa Cruz oferece seu espaço para eventos e reuniões,
sendo interessante utilizá-lo com o pretexto de economizar e reforçar o
vínculo.


           • Pesquisa




                                  64
Para que a AAACSC entenda as necessidades de seus
membros, como é percebida e avaliada pela comunidade e como os
benefícios oferecidos estão sendo vistos, fazem-se necessárias
pesquisas de marketing. Através dos resultados pode-se elaborar um
plano de marketing que posicione melhor a associação perante seus
clientes.
      Também devem ser feitas pesquisas periódicas para que se
conheça melhor o associado. Qual a distribuição de faixa etária? Qual
a renda média de cada faixa etária? Qual a distribuição por turmas?
Qual a distribuição por sexo? Pelo que os membros se interessam?
Qual a disponibilidade deles? Essas e outras perguntas têm que ser
respondidas através de pesquisas para que a AAACSC aprimore seus
benefícios e saiba para que estão sendo oferecidos.
      Para que as empresas saibam qual será a carteira de clientes
potencial que elas estarão trocando por patrocínio em eventos e
descontos, é necessário que esses dados estejam disponíveis. A
AAACSC não pode operar na base da adivinhação. Os dados são
necessários como ferramenta gerencial e para agregar valor aos
produtos.
   3.1.5 Finanças e Captação de Recursos


      Para que uma organização sem fins lucrativos como a AAACSC
entre em operação, é necessário um certo montante de recursos.
Neste capítulo analisaremos quais as fontes de recursos disponíveis e
quais as melhores estratégias para captá-los.




                                  65
A literatura sobre captação de recursos certamente é muito
vasta, mas nenhuma delas aborda a realidade de associações de
benefício mútuo. Os livros geralmente tratam da captação de recursos
em ONGs, que ao ter causas mais universais, comportam uma
abordagem mais ampla quanto as possíveis fontes de recursos. Já os
artigos sobre a captação de recursos das “alumni associations” de
universidades americanas e de outras localidades, possuem um
objetivo bem distinto do nosso. Essas associações via de regra
captam recursos para a própria universidade que as deu origem. Não
é o caso da AAACSC, que neste primeiro momento precisa viabilizar
os recursos para o seu próprio funcionamento. Captar recursos para o
Colégio Santa Cruz é algo que não está nos planos da associação
agora, mesmo porque o colégio passou por uma profissionalização na
gestão atualmente e aparentemente não faltam recursos. Contudo, se
for necessário, a AAACSC certamente se disponibilizará para isso.


        • Taxa


     Tendo em visto que seria necessária uma fonte de recursos mais
estável para financiar as operações corriqueiras da AAACSC, foi
decidido que os membros deveriam pagar uma taxa, como é de praxe
na maioria das associações. Além de não poder depender da boa
vontade dos doadores eventuais para funcionar, achou-se que seria
mais justo se todos fossem obrigados a contribuir com um mínimo.
     O valor da taxa foi baseado nos fatores de marketing
anteriormente discutidos e nos valores usualmente cobrados por


                                 66
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Projeto de Criação da Associação de Antigos Alunos do Colégio Santa Cruz - TCC Administração Pública FGV 2002

  • 1. FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO BRUNO SCARTOZZONI PROJETO DE CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE ANTIGOS ALUNOS DO COLÉGIO SANTA CRUZ Trabalho de Estágio apresentado ao Curso de Graduação em Administração Pública da FGV/EAESP Área de Concentração: Empreendimento Social São Paulo Dezembro 2002 1
  • 2. SCARTOZZONI, Bruno. Projeto de Criação da Associação dos Antigos Alunos do Colégio Santa Cruz. São Paulo: FGV/EAESP, Novembro de 2002. 102 p. (Trabalho de Estágio apresentado no Curso de Graduação em Administração Pública da EAESP/FGV. Área: Empreendimento Social). Resumo: A falta de ações organizadas de ex-alunos do Colégio Santa Cruz demanda a criação de uma associação de ex-alunos, que, além de funcionar como uma rede de ajuda mútua, pode ir além, promovendo ação social transformadora. Palavras-chave: Redes Sociais; Networks; Terceiro Setor; Ex-Aluno. 2
  • 3. Ao meu pai, que quase encontrou meu avô este ano. À minha mãe, que me ajudou a superar tudo isso. 3
  • 4. AGRADECIMENTOS Agradeço a minha avó, a pessoa mais viva que eu conheço, apesar dos 80 e poucos. Agradeço à família Guimarães, minha segunda família. Agradeço os meus amigos do Santa, sempre leais. Agradeço o que sobrou da patotinha, e não foi pó. Agradeço aos ex-santas, que acreditaram na idéia. Sou um teenager sem brevê espacial! 4
  • 5. SUMÁRIO Introdução • Breve Histórico do Colégio Santa Cruz • O Início da Associação 1. Referencial Teórico 2. Observação da Realidade da Empresa 2.1 Descrição da Empresa 2.2 Descrição do Estágio 2.3 Metodologia 2.4 Problema / Oportunidade 3. Proposta 3.1 Solução 3.1.1 Objetivos 3.1.2 Aspectos Jurídicos 3.1.3 Organização 3.1.4 Marketing 3.1.5 Finanças e Captação de Recursos 3.1.6 Outros 3.2 Resultados Esperados 3.3 Facilitadores e Dificultadores 3.4 Cronograma 3.5 Orçamento Conclusão Bibliografia 5
  • 6. Anexos INTRODUÇÃO Breve Histórico do Colégio Santa Cruz O Colégio Santa Cruz, tradicional instituição de ensino da elite paulistana, foi fundado em 1952, por padres canadenses da congregação de Santa Cruz. Havia apenas o ginásio, em regime de semi-internato, com 60 alunos do sexo masculino. Sua sede era na Av Higienópolis, 890. Em 1957 os 185 alunos foram transferidos para a nova sede, localizada em Alto de Pinheiros, onde está o colégio até hoje. Em 1974 as matrículas foram abertas para meninas e foram criados os cursos primário e supletivo. Em 1977 o número de alunos passa para cerca de 2300, decorrente do processo de democratização do ensino. Em 1992 se aposenta o Pe. Lionel Corbeil, até então dirigente, e assume o professor Luiz Eduardo Cerqueira Magalhães. Em 2000 é criado o curso de Educação Infantil, tão sonhado pelo Pe. Corbeil. Por fim, em 2002, ocorrem as comemorações de 50 anos do Colégio e a construção do Teatro Santa Cruz. Tendo em vista as demandas do século que está começando, é prevista em 2004 a inauguração de uma nova unidade, onde os alunos ficarão em período integral e terão ensino bilíngüe (COLÉGIO SANTA CRUZ, 2002, p. 7-8). 6
  • 7. O Início da Associação Por volta de dezembro de 2001 recebi uma carta do Colégio Santa Cruz, onde estudei durante os 11 anos anteriores à faculdade e do qual agora sou ex-aluno. A carta era basicamente o convite para entrar em uma área para ex-alunos no website do colégio, em uma provável tentativa da diretoria de reaproximá-los. O cativante convite veio acompanhado de senha e login individuais. Não dei muita atenção à carta e a deixei na bagunça que é a minha escrivaninha. Alguns dias depois, me deparei com a carta e resolvi entrar no website. Aos poucos redescobria um mundo há muito tempo perdido, e certa nostalgia tomava conta de mim. As aulas de história, os professores, os recreios e, como não poderia deixar de ser, os próprios colegas e amigos que estiveram nos piores e melhor momentos da minha infância e adolescência enchiam a minha cabeça e os meus sentimentos naquele momento. O website era relativamente simples. Nele era possível encontrar basicamente um mural de recados e uma área com a listagem de todos os ex-alunos, desde a primeira turma, de 1955. Também havia a possibilidade de atualizar seus respectivos dados e disponibilizá-los, da maneira que fosse mais conveniente para cada um. No mural de recados me deparei com depoimentos calorosos de ex-alunos, alguns inclusive da minha turma. Todos invariavelmente procuravam alguém de sua turma ou simplesmente falavam sobre o mesmo sentimento de nostalgia que tomou conta de mim. 7
  • 8. Neste momento tive o insight de criar uma associação de ex- alunos. Não era uma idéia brilhante, é verdade, até diria que era óbvia demais, mas a triste realidade é que, até aquele momento, ninguém tinha começado tal movimento. Na mesma hora escrevi um caloroso e- mail falando sobre a minha idéia e procurando apoio moral e efetivo para realizá-la e o enviei aleatoriamente para algumas pessoas que disponibilizaram o e-mail no website. A idéia era construir uma rede organizada de ex-alunos onde seus membros poderiam viabilizar realizações pessoais e profissionais. Nesta rede, se poderia desde conseguir um emprego, até fazer algum tipo de ação social transformadora. No dia seguinte, quando acordei, logo pensei: - “Nossa! O que foi que eu fiz? Será que eu fiquei louco? Mandei uma proposta para um monte de gente que eu não conheço, muitos mais velhos do que eu!”. Depois de tomar o café da manhã, com mil coisas se passando por minha cabeça, abri minha caixa postal, e para minha surpresa havia algumas respostas ao meu e-mail. Algumas muito empolgadas, outras céticas, mas nenhuma totalmente descrente da possibilidade que eu havia levantado. Não havia tempo a perder. Logo respondi cordialmente todos os e-mails. Aos entusiastas, expus minhas idéias de forma mais clara e logo os convidei para a empreitada. Adicionalmente, contatei alguns colegas da minha turma e outros que eu conhecia. Muitos gostaram da idéia, mas não se disponibilizaram a ajudar de forma mais efetiva. Mesmo assim, ao longo do tempo, pude formar uma equipe com uma certa coesão e pluralidade de turmas, mais especificamente 2001, 8
  • 9. 1998, 1996, 1982, 1981 e 1977. Era o suficiente para dar o primeiro passo... Meses se passaram e, após algumas reuniões onde foram discutidos o estatuto e outras questões mais genéricas, o empreendimento está prestes a ser concretizado. Aproveitando a oportunidade de adentrar neste mundo mais profundamente e, fazer um Trabalho de Estágio original, resolvi adotar este tema para o trabalho aqui desenvolvido. O fiz também porque havia subsídios práticos que poderiam enriquecê-lo, além de demandas reais para um planejamento mais detalhado da associação. Tendo em vista que neste trabalho é pretendido detalhar os aspectos que cercam a criação e o subseqüente funcionamento da Associação de Antigos Alunos do Colégio Santa Cruz, a divisão se dá da seguinte forma. No Referencial Teórico é explicitada a teoria relacionada às redes sociais, ou redes de conexões, uma vez que a criação desta é o objetivo principal da A.A.A.C.S.C. e de muitas outras associações. Em seguida, descrevo a organização e o estágio realizado no Núcleo Financeiro e Orçamentário da Justiça Federal de Primeira Instância de São Paulo, onde trabalhei por seis meses na área de projetos. No capítulo subseqüente descrevo a metodologia utilizada, entrando em detalhes de como se deu a pesquisa bibliográfica até as diversas entrevistas realizadas. Depois há a identificação do problema, ou melhor, oportunidade. Por fim, temos a proposta em si, dividida em vários subcapítulos. Primeiramente há uma análise dos aspectos legais, seguidos pela 9
  • 10. estrutura da organização, os aspectos de marketing, finanças e captação de recursos, recursos humanos, tecnologia da informação, cronograma e orçamento. É nesta parte onde os diversos braços deste projeto são detalhados. O trabalho termina com os Resultados Esperados, Facilitadores e Dificultadores, Cronograma e Orçamento. Logo após há a bibliografia e alguns documentos em anexo, como o Estatuto Social, alguns logos e a foto de uma das reuniões. 10
  • 11. 1. REFERENCIAL TEÓRICO GERLACH e HINE, citados por LIPNACK e STAMPS (1992), fizeram um dos primeiros trabalhos teóricos sobre redes sociais no âmbito da Antropologia, em 1970, publicando People, Power, Change, Movements of Social Transformation. Esse trabalho foi desenvolvido a partir de dois movimentos sociais organizados em rede, o Pentecostal e o do Poder Negro. Apesar de ideais bem distintos, ambas organizações se assemelhavam quanto à estrutura, ou seja, formavam “...´um network – descentralizado, segmentado e reticulado´.” (LIPNACK e STAMPS, 1992, p. 7). É fato que as redes não são nenhuma novidade na sociedade humana. De certa forma, pode-se dizer que uma tribo, uma família ou mesmo um exército, sempre se constituíram redes em um certo sentido. O próprio movimento social que resultou na independência dos Estados Unidos, era uma rede de intelectuais que trocavam cartas e resolveram se unir pessoalmente a partir de um certo momento. Entretanto, durante as duas últimas décadas, as redes vem se apresentando como alternativas aos impasses da burocracia (LIPNACK e STAMPS, 1992, p. 1). Em Megatendências: as dez grandes transformações ocorrendo na sociedade moderna, J. NAISBITT (1987) a transição de hierarquia para rede como sendo uma das maiores tendências para o futuro. A palavra network, ou rede, que apareceu pela primeira vez em 1560, serviu para designar estruturas complexas de coisas materiais, como fios ou estradas. Através do tempo a palavra foi adquirindo 11
  • 12. novos significados e, para efeito desse trabalho, selecionei os que melhor se aplicam: “um sistema de nodos e elos”; “uma identidade persistente de relacionamentos”; “uma estrutura sem fronteiras”; “uma comunidade não geográfica”; “um sistema de apoio”; “todo mundo que você conhece” (LIPNACK e STAMPS, 1992, p. 3). “O que é um network? Um network é uma teia de participantes autônomos, unidos por valores e interesses compartilhados. Os networks são compostos por pessoas autoconfiantes e grupos independentes. (...) Trabalhar em redes de conexões significa pessoas conectando- se com pessoas, unindo idéias e recursos. Networking entrou nos dicionários significando estabelecer conexões com seus pares. Uma pessoa com uma necessidade faz contato com outra com um recurso, e a participação em networks se inicia.” (LIPNACK e STAMPS, 1992, p. 3) Mesmo sendo bem genérica, esta definição não abrange todas as características das redes. GERLACH e HINE, citados por LIPNACK e STAMPS (1992), descobriram que rede pressupõe a existência de muitos líderes, “não uma autoridade suprema, mas muitas fontes de responsabilidade” (LIPNACK E STAMPS, 1992, p. 8). “Nos networks, a tomada de decisões é distribuída; networks são coordenados, não controlados” (LIPNACK e STAMPS, 1992, p. 9). “O que ocorre numa rede é que uns tratam os outros como iguais – porque o que importa é a informação, o grande equalizador” (NAISBITT, 1987, p. 195). Saindo um pouco do contexto histórico das redes, suas características e definições, acho interessante adentrar em seu funcionamento. 12
  • 13. “A análise de rede social [ARS] é o mapeamento e mensuração das relações e fluxos entre pessoas, grupos, organizações, computadores e outras entidades processadoras de informação/ conhecimento. Os nodos na rede são pessoas e grupos enquanto os elos mostram relações e fluxos entre os nodos. A ARS fornece ambas análises visual e matemática de sistemas humanos complexos. Um dos métodos usados para entender as redes e seus participantes é a avaliar a localização dos atores na rede.” (KREBS, 2002, http://www.orgnet.com/sna.html, consultado em 19/10/2002, trad. por) No artigo An Introduction to Social Network Analysis, V. KREBS introduz alguns conceitos da ARS. O primeiro deles mede a atividade de um nodo através do número de ligações diretas que ele tem. Entretanto, ao contrário do senso comum, o nodo mais ativo não é necessariamente o mais importante, uma vez que este pode estar conectado apenas com outros nodos que já estão conectados entre si. Outra medida diz respeito a quais nodos dependem de outros. Assim, um nodo que não seja tão ativo pode ser mais importante se estiver ligado aos que não estão ligados a nenhum outro. Se esse nodo fosse cortado, os fluxos de informações dos outros nodos unicamente ligados a esse seriam cortados. Por fim, a terceira medida diz respeito a quão perto um nodo está dos outros. Assim, um nodo pode não ser muito ativo ou ter elos que dependam exclusivamente dele, mas pode estar mais perto de todos os nodos do que qualquer outro. 13
  • 14. Também é preciso lembrar que a periferia de um nodo pode ser importante na medida em que esses nodos periféricos estão inseridos em outras redes, podendo trazer novas informações e recursos de fora para dentro. Redes altamente centralizadas e dependentes de um ou poucos nodos são mais suscetíveis a falharem, uma vez que, caso esses nodos saiam da rede, sobrarão pequenas sub-redes não conectadas entre si. 14
  • 15. 2. OBSERVAÇÃO DA REALIDADE DA EMPRESA 2.1 Descrição da Empresa O estágio foi realizado no Núcleo Financeiro e Orçamentário (NUFO) da Justiça Federal de Primeira Instância de São Paulo, no Fórum Administrativo Líbero Badaró, localizado na Rua Líbero Badaró, 73, Centro, São Paulo - SP. Com o advento da República Federativa, foram criados órgãos judiciários federais, que deveriam coexistir de forma harmoniosa com os órgãos judiciários estaduais. Dentro da estrutura da Justiça Federal, o NUFO é uma área administrativa de suporte da Justiça Federal de Primeira Instância de São Paulo, que é subordinada ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que tem sede em São Paulo, mas também compreende o estado de Mato Grosso do Sul. A Justiça Federal é responsável pelos processos relativos a leis federais. Por exemplo, sendo tráfico de drogas um crime federal, qualquer processo do gênero é julgado na Justiça Federal, e não na estadual. Da mesma forma, ações de inconstitucionalidade também são da responsabilidade da Justiça Federal, mas cabem especificamente ao seu órgão máximo, o Supremo Tribunal Federal. O NUFO é responsável pelo orçamento da Justiça Federal de Primeira Instância, além da liberação de recursos e controle de despesas. Este se destaca por ter sido um dos primeiros órgãos públicos a adquirir o ISO 9002. 15
  • 16. 2.2 Descrição do Estágio O NUFO está dividido em quatro áreas, sendo elas: Planejamento Orçamentário, Execução Orçamentária, Execução Financeira e Projetos. Trabalhei na área de Projetos do NUFO, onde era responsável pelo desenvolvimento de um sistema de controle de despesas em Access, o “5inco”. Em parceria com o Centro de Colocação Profissional (CECOP) da EAESP, a área de Projetos do NUFO desenvolveu um convênio, onde vagas para estágio seriam oferecidas semestralmente, com o intuito de desenvolverem o sistema. Assim, o sistema já estava em andamento quando lá ingressei. O estágio começou em 29/01/2001 e terminou em 28/08/2001. Primeiramente obtive algumas aulas de programação em Access com a Professora Ana Leda Moraes Silva, profissional de informática contratada para o projeto para desenvolver o banco de dados e ser uma espécie de monitora dos estagiários. Paralelamente, alguns funcionários do NUFO davam as noções básicas do funcionamento da Justiça Federal. Depois comecei a desenvolver o “5inco”, ficando responsável por duas despesas específicas. Assim, tive que entender as despesas conversando com seus responsáveis e lendo alguns processos referentes a elas. Posso dizer que o estágio foi muito proveitoso pois, além de poder conhecer um pouco mais sobre bancos de dados, o convívio com um órgão público pode derrubar algumas visões distorcidas que eu tinha do funcionamento do Estado em geral. Ao contrário do que o senso comum diz, existem muitos funcionários públicos que trabalham 16
  • 17. muito e são competentes. Após esse período, passei a valorizar mais a administração pública em geral. 2.3 Metodologia Pode-se dizer que este trabalho, sem dúvida, foi muito enriquecido pela prática. Mais do que uma necessidade acadêmica, o projeto de criação da Associação de Antigos Alunos do Colégio Santa Cruz já estava ocorrendo desde dezembro de 2001. Em inúmeros e- mails trocados e algumas reuniões feitas, muito já foi discutido. A experiência prática do projeto sem dúvida é a maior fonte de inspiração, idéias e dados deste trabalho acadêmico, que só vem completar um projeto que o extrapola. Entretanto não podemos relegar este trabalho a um segundo plano, uma vez que ele tem como função para o grupo envolvido no projeto organizar as idéias através de um documento sólido e conciso. É um material que pretende ajudar a associação para que vá além de um simples “clubinho” de ex-alunos, construindo paradigmas inexistentes nessa área no Brasil. Não bastando os e-mails e reuniões feitas até agora como fonte de material para esse trabalho, fui obrigado a adentrar em outras áreas de pesquisa. O primeiro passo foi agendar reuniões com os dirigentes de outras associações de ex-alunos que porventura se assemelhassem, em forma ou conteúdo, do que pretende ser a AAACSC. Através das reuniões pretendeu-se fazer um “benchmark” dessa incipiente área do terceiro setor no Brasil. 17
  • 18. Através da Internet, cheguei a quatro associações que despertaram interesse. Primeiramente visitei a presidente da AEACH, ou Associação de Ex-Alunos do Colégio Humboldt, WELTER1. Por recomendação da própria cheguei à Aaafaap, ou Associação de Antigos alunos da FAAP, entrevistando o seu presidente, POSSIK JR.2. Logo após entrevistei o presidente da ex-GV, ou Associação dos Ex-Alunos da Fundação Getúlio Vargas, DUARTE3. Até a presente data ainda não havia conseguido marcar uma entrevista com algum diretor da AEDA, ou Associação dos Ex-Alunos do Colégio Dante Alighieri, mas obtive uma cópia do seu estatuto, o que foi muito proveitoso. Tais entrevistas estarão, de uma forma ou de outro, diluídas pelas diferentes partes deste trabalho. Para enriquecer a pesquisa, também utilizei a Biblioteca Karl A. Boedecker, localizada no complexo da EAESP. As referências bibliográficas foram demasiadamente importantes para a construção do referencial teórico, baseado em redes, e para as práticas de gerenciamento da associação. É importante frisar que parece não haver na literatura brasileira obras específicas sobre associações de ex-alunos, ex-funcionários ou outros “alumni associations” que possam existir. Através de pesquisas na Amazon (www.amazon.com) pude perceber que há alguma coisa sobre as “alumni associations” nos Estados Unidos, mas além de ser pouca coisa não há disponibilidade desse material no Brasil. Assim, sobretudo a parte de administração em si, foi baseada em literatura para o 3º setor em geral. O 1 WELTER, Giselle. Comunicação Pessoal. 2002. 2 POSSIK JR., Rafael. Comunicação Pessoal. 2002. 3 DUARTE, Benedito Fernandes. Comunicação Pessoal. 2002. 18
  • 19. conhecimento adquirido dos livros foi devidamente lapidado pela experiência prática e pela observação das outras associações. Uma terceira frente da pesquisa se deu através da ferramenta ProQuest, um banco de dados de artigos retirados dos mais diversos periódicos de administração e afins. Através do ProQuest pude travar contato com notícias acerca das associações de ex-alunos de faculdades americanas de renome, por exemplo, Harvard, principalmente sobre suas práticas. Alguns casos de sucesso puderam contribuir para que se norteasse melhor o futuro da associação. 2.4 Problema / Oportunidade A falta de sistematização das ações dos ex-alunos do Colégio Santa Cruz foi o problema, e também a oportunidade, encontradas. É fato que há uma forte identificação de valores entre os ex-alunos do Colégio Santa Cruz. A identificação ocorre tanto pelos valores humanitários, tradicionalmente passados pelo colégio aos alunos, como pelo status da instituição, que é uma das mais tradicionais de São Paulo no ramo do ensino. Costuma-se dizer que o Colégio Santa Cruz “prepara para a vida”. Através de uma série de relatos e experiências próprias, pude perceber que, seja lá em qual situação se der, quando dois ou mais ex-alunos do colégio se encontram, ocorre uma identificação e conexão instantâneas, não importando a diferença de idade, área de atuação profissional e local de residência. O senso comum diz que o ex-aluno do Colégio Santa Cruz, em média, é uma pessoa que integra 19
  • 20. a pequena parcela da população de alta renda, além de serem formadores de opinião. É comum que o ex-aluno do Colégio Santa Cruz atribua sua condição social e intelectual mais aos anos passados no ensino médio e fundamental do que ao curso universitário, mesmo tendo a maioria deles estudado em universidades e faculdades consideradas como sendo de ponta. Neste sentido, pode-se dizer que o Colégio Santa Cruz, no âmbito da sociedade paulistana, tem seu peso, em relação à tradição e status, comparável a universidades como a USP e a UNICAMP, ou faculdades como a EAESP – FGV. Em relação à organização de encontros das turmas já formadas, há apenas algumas ações isoladas de ex-alunos que tentam reunir as pessoas do seu respectivo ano. Tais reuniões, muitas vezes não tem periodicidade definida, e quase sempre dependem da boa vontade e disponibilidade de um pequeno grupo que resolve “por a mão na massa” e fazê-la. Ainda assim, há muitas turmas que não fazem nenhum tipo de encontro por não haver iniciativa de um indivíduo ou pequeno grupo. Por incrível que pareça, também não há nenhuma instituição organizada de ex-alunos do Colégio Santa Cruz que tenha como objetivo construir uma rede formal, dar benefícios tangíveis e intangíveis ou mesmo canalizar as forças dos ex-alunos para algum tipo de ação transformadora da sociedade, se aproveitando da identidade e poder político e financeiro que há entre eles. Esse tipo de organização formal de ex-alunos é uma prática usual em universidades de renome americana, sendo que algumas delas chegam até a ter uma influência indireta em grandes questões do país. 20
  • 21. No Brasil a atuação das diversas associações de ex-alunos de instituições tradicionais ainda não chega a esse nível, mas é fato que elas estão sendo repensadas de uns tempos para cá, de forma a atuar mais efetivamente na sociedade. Da parte do Colégio Santa Cruz, houve um recente esforço em relação aos ex-alunos, com a criação de uma página que contém as listas de todas as turmas e um livro de visitas pouco interativo. Para que uma carta apresentando a página chegasse à todos os ex-alunos, foi montada uma equipe que pesquisou nomes e endereços, tentando atualizar os registros existentes. O mesmo banco de dados renovado também foi usado para que se enviasse os convites da festa de 50 anos. Neste campo pode-se dizer que o colégio obteve êxito, mas ainda faltava uma organização de ex-alunos, gerida por ex-alunos, e obviamente não seria o colégio o mais indicado a iniciar esse movimento, afinal seria um pouco artificial. 21
  • 22. 3. PROPOSTA 3.1 Solução Tendo em vista os aspectos anteriormente discutidos, a proposta deste trabalho é fazer o projeto de criação da Associação de Antigos Alunos do Colégio Santa Cruz. A proposta não surge a partir desse trabalho, mas é esse trabalho que surge a partir da proposta, que vem sendo consolidada há meses por um grupo de pessoas do qual eu faço parte. Assim, esse trabalho faz-se realmente útil como documento escrito que, não só norteia de forma detalhada os vários aspectos da criação da associação, como dá maior credibilidade ao empreendimento. Um plano de negócio com fundamentação teórica para esta incipiente área do terceiro setor é algo que dá maior refinamento ao empreendimento, em um primeiro momento estruturando-o, para que depois possa alcançar destinos anteriormente inimagináveis. Acredito que este trabalho possa ser um marco nesta área pouco explorada. Antes de tudo, é importante destacar o fato de que uma associação perde o sentido se não tem objetivos claros para os associados. Foi isso que pude constatar na entrevista com o presidente da ex-GV, Benedito Fernandes Duarte. A Associação dos Ex-Alunos da Fundação Getúlio Vargas existe há cerca de 40 anos, mas nunca teve uma razão clara para existir. Segundo o atual presidente, que faz parte de uma gestão que pretende reinventar a organização, a ex-GV era uma associação narcisista, onde o 22
  • 23. associado não tinha nenhum benefício a não ser continuar vinculado de alguma forma ao nome da faculdade. A nova gestão quer focar a ex-GV em duas frentes, sendo uma delas a ação social e a outra referente à benefícios para o associado. Com magnitudes maiores ou menores, faz-se necessário às associações de qualquer tipo um objetivo, e este será o primeiro assunto a ser discutido. 3.1.1 Objetivos Durante toda a discussão e execução do projeto, este que é um dos mais importantes pontos da associação, se não o mais importante, foi deixado de lado. Já havia uma idéia implícita de quais seriam os nossos objetivos, e por isso mesmo não havia necessidade de discuti- los com profundidade em um momento em que precisávamos de mais ações e menos idéias. De certa forma, todos os envolvidos já sabiam quais seriam os objetivos da associação. Mesmo quando a discussão foi proposta, quando outros assuntos já estavam melhor encaminhados, ninguém foi capaz de trazer novas idéias ao que já havia. Assim, decidiu-se por dividir em 4 grandes áreas os objetivos da associação, mas é importante frisar que na maior parte das ações esses objetivos devem se cruzar, mesmo porque eles devem ser pensados em conjunto, de forma integrada. Abaixo, apresentarei as grandes áreas e farei as reflexões necessárias sobre cada uma delas: • integração entre os ex-alunos, a comunidade do Colégio Santa Cruz em geral e a sociedade como um todo 23
  • 24. É sabido que já houve outras tentativas de fazer uma associação de ex-alunos do Colégio Santa Cruz no passado. Entrando em contato com um participante de uma dessas tentativas, provavelmente a principal até então, descobri que faltaram duas coisas. A primeira delas foi a falta da constituição jurídica da associação, uma vez que ela consistia apenas em um grupo de ex-alunos que se reuniam de vez em quando. Assim, a associação não era devidamente organizada e, quando os participantes não tiveram mais tempo de continuá-la, ela se tornou inativa. A outra, aparentemente sendo o erro crucial não só dessa, como de todas as tentativas até então, foi a falta da participação de todas as turmas do colégio. Eram associações constituídas por uma turma específica ou, no máximo, algumas delas. Essas antigas associações eram basicamente uma maneira mais ou menos organizada de turmas específicas continuarem mantendo contato, não consistindo em algo universal, no sentido de abranger todos os ex-alunos do Colégio Santa Cruz. Como já discutido anteriormente, de fato há uma identidade entre todos os ex-alunos do Colégio Santa Cruz, independentemente de turma, idade, ideologia ou religião, e a AAACSC se propõe a ser um espaço de integração entre todos os ex-alunos. A associação também se propõe a integrar toda a comunidade do Colégio Santa Cruz, compreendida não só pelos ex-alunos, mas também pelos alunos, professores, diretores, padres, funcionários e quem mais tiver algum tipo de contato com o colégio. Em um terceiro sentido, mais amplo ainda, a AAACSC se propõe a integrar o ex-aluno com a 24
  • 25. sociedade como um todo, visando promover a ação transformadora, que é um outro objetivo, e combater a isolação do ex-aluno em círculos fechados. Na prática, esses objetivos se traduzem de várias maneiras. A primeira delas seriam os tradicionais encontros de turmas. Na realidade, eles já ocorrem em larga escala, porém nem sempre com uma periodicidade certa, sempre dependendo da ação empreendedora de pequeno grupo de ex-alunos e, infelizmente, não ocorrem em todas as turmas. À associação cabe regularizar essa saudável prática nas turmas que não a fazem, além fazer sinergias como, por exemplo, conseguir descontos maiores em restaurantes, bares e boates onde, porventura, encontros de mais de uma turma sejam realizados. Também cabe a AAACSC promover um espaço de troca de conhecimento e aprendizado de práticas para esse tipo de evento, sem contar, é claro, com a maior possibilidade que uma associação organizada tem de achar ex-alunos eventualmente “perdidos”. É importante frisar que não se pretende excluir desses encontros ex-alunos que não seja associados. Além de respeitar a vontade deles, o encontro é dos ex-alunos e não dos associados. A AAACSC também se propõe a realizar encontros e eventos que tenham intuito de integrar ex-alunos de diferentes turmas. O número de associados em potencial faz com que grandes encontros regulares sejam impossíveis de se realizar, como é feito na AEACH (Associação de Ex-Alunos do Colégio Humboldt), a não ser em casos especiais, como, por exemplo, aniversários da associação ou do colégio. Neste sentido, correntemente é mais viável a realização de 25
  • 26. pequenos eventos para grupos de interesses específicos. Esses grupos podem ser profissionais (administradores, médicos, engenheiros, etc...), de interesses em comum (cinéfilos, enólogos, etc...) ou até mesmo, por exemplo, de ex-alunos homossexuais, como acontece em várias associações de universidades americanas. Esse espaço também pode ser utilizado para assuntos pontuais que interessem a todos, podendo ser desde um debate sobre assuntos do cotidiano (eleições, política, etc...) até o lançamento de um livro escrito por um ex-aluno. Outra possibilidade se dá pela criação de núcleos de ex-alunos em outros estados ou até no exterior. Em uma escala muito maior, isso é feito por universidades americanas como Harvard e Stanford. Essas universidades têm seus clubes de ex-alunos em diversos países do mundo (MCCLUSKEY, 1998, p. 68). No caso da AAACSC, o intuito não seria representar a instituição em outros países, o que não faz sentido, mas transformar a vida do ex-aluno no exterior menos tortuosa, uma vez que há uma pequena rede que pode ajudá-lo. A integração dos ex-alunos com a comunidade do Colégio Santa Cruz e a sociedade em geral é algo mais amplo que, principalmente no segundo caso, extrapola esse objetivo. Um exemplo de como isso pode ser feito é a realização de competições esportivas envolvendo a comunidade do colégio, com times montados pelas diversas “categorias”, ou até outras associações de ex-alunos, com times dos diferentes colégios e, porque não, faculdades. Ainda neste sentido, pode ser interessante a realização de festas entre as associações de ex-alunos por faixas de idade. Por fim, é claro que essa integração 26
  • 27. não só pode como deve extrapolar as amenidades de eventos puramente sociais, mas aí se entra no âmbito de outro grande objetivo, que é a promoção da ação social transformadora, e será discutido mais a frente. De certa forma, abarcando todas essas ações dentro do objetivo de integrar, a idéia maior é facilitar a construção de novos elos na rede de ex-alunos, ação que mais uma vez extrapola este objetivo, mas que, por uma questão didática, optou-se por encaixar melhor aqui. É importante observar que não se fala na construção da rede, pois se admite que ela, de uma forma ou de outra, já exista. Quando no colégio, dificilmente o aluno limita-se a ter amizades apenas dentro do seu ano. Além disso, através de dados fornecidos pelo colégio, sabe- se que cerca de 55% dos alunos da recém-inaugurada pré-escola têm ex-alunos como pais, porcentagem que chega a 30% se considerarmos os alunos de todas as séries. Isso significa que, se pensarmos em uma rede, é muito provável que, em no máximo três telefonemas, qualquer ex-aluno entre em contato com outro. Neste sentido a rede já existe, mas, utilizando-se da estrutura da associação, assim como da identidade entre os ex-alunos, pretende-se construir novos elos para que se chegue diretamente nas pessoas, ou ao menos precise de menos telefonemas para isso. Aqui especificamente, podemos resgatar a ferramenta de Análise de Rede Social (KREBS, s.d., http://www.orgnet.com/sna.html, consultado em 19/10/2002), anteriormente discutida no Referencial Teórico. Em um nível mais técnico, a associação deve, por exemplo, estimular que os nodos mais ativos da rede não se limitem a manter 27
  • 28. os elos que não dependem mais exclusivamente deles. Nodos com muita atividade geralmente representam ex-alunos com muitos elos potenciais, que devem ser trazidos à rede de forma constante. Por outro lado, também deve haver mecanismos de criar novos elos para aqueles nodos que são exclusivamente dependentes de outros. Assim, evita-se que esses nodos se percam a medida que suas únicas ligações saiam da rede por qualquer motivo. Na prática, se consegue isso através das práticas anteriormente discutidas dentro desse objetivo e das que serão discutidas adiante. A criação e o fortalecimento dos elos só contribui para todos os outros objetivos da associação, como para sua perpetuidade. • desenvolvimento pessoal e profissional dos ex-alunos e demais pessoas envolvidas Antes de realizar qualquer outro objetivo da associação, é claro que seus membros precisam estar integrados através das práticas já discutidas. Porém, é certo que seria um desperdício aproveitar essa rede única e exclusivamente para objetivos sociais. Através do contato com outros ex-alunos, o associado não só pode como deve buscar o constante desenvolvimento pessoal e profissional e, neste sentido, a associação deve criar mecanismos e oportunidades para que isso aconteça. Dentro desse objetivo deve ser discutido que tipo de desenvolvimento seria este, e para isso temos que firmar um conjunto de pressupostos. Através da observação empírica acerca, sobretudo, 28
  • 29. dos fatos relacionados ao movimento de criação da AAACSC, podemos perceber a grande predisposição que há de ex-alunos se ajudarem. Esse fato decorre principalmente da identidade entre os ex- alunos, tanto pelo “status” de terem estudado no Colégio Santa Cruz quanto pelo conjunto de valores em comum, ambas facetas já discutidas anteriormente. De certa forma, encontrar um ex-aluno no ambiente de trabalho ou em uma viagem é como encontrar um “irmão” perdido entre um mar de desconhecidos. Mesmo na minha experiência como graduando da EAESP, pude perceber que alguns professores ex-alunos se identificavam assim com orgulho e logo procuravam “semelhantes” entre os alunos. Na incessante busca por ex-alunos que apostassem na idéia, tive um número razoável de pessoas que retornaram positivamente. Na verdade, houve apenas retorno positivo e falta de retorno, mas nunca recebi uma resposta negativa. Aqueles que responderam positivamente fizeram o possível para ajudar o grupo nesta empreitada. Deste grupo inicial, apesar de algumas grandes diferenças de idade, também já decorre uma certa unidade e amizade entre os ex-alunos, sendo que muitos elos extrapolaram a criação da AAACSC e entraram na seara da vida pessoal. Assim, pressupõe-se que, com a criação de mecanismos e ferramentais onde os ex-alunos possam se ajudar, em geral haverá boa vontade por parte destes. Em segundo lugar, devemos discutir o que é desenvolvimento pessoal e profissional. Separá-los seria uma prática didática que não cabe à prática. Aqui se pressupõe que a maioria dos ex-alunos do Colégio Santa Cruz são pessoas com uma visão de mundo e cultura 29
  • 30. acima da média, ou seja, formadores de opinião. Também é pressuposto que o ex-aluno ocupa posições de destaque na sociedade, como donos, presidentes, diretores ou gerentes de empresas. Os que não estão inseridos no mundo convencional das corporações, certamente tem um bom destaque em suas profissões, sejam artistas, políticos ou profissionais liberais. Assim, a associação deve promover o fluxo de conhecimentos, vivências, influências e contatos entre os ex-alunos. Os ex-alunos só têm a ganhar partilhando os frutos de suas experiências entre si. Em um sentido prático, a AAACSC deve, primeiramente, organizar e estruturar a rede de ex-alunos. Ao visitar a AEACH e a Aaafaap, um ponto em comum reforçado pelos presidentes das duas associações foi a importância da Internet. De acordo com os depoimentos, a Internet teria sido crucial para viabilizar a associação. Quanto a isso, é inevitável refletir sobre como outras associações de ex-alunos mais antigas foram viabilizadas, como a ex-GV e a AEDA. A ex-GV, que não tem uma página bem estruturada como outras, existe há cerca de 40 anos e possui algo em torno de 1.300 associados, contra quase 100.000 ex-alunos. Após 40 anos de existência cerca de 1,3% dos ex-alunos da EAESP pertencem à ex-GV, ou seja, um número pífio. Já a Aaafaap, que de certa forma nasceu junto ao departamento de informática da FAAP e começou com a página na Internet, atinge todos os ex-alunos, sendo que a maioria não é contribuinte. É verdade que, ao se formar, o ex-aluno da FAAP se torna associado compulsoriamente, facultando a ele o pagamento ou não da contribuição, o que irá garantir ou não alguns benefícios. De 30
  • 31. qualquer forma, todo ex-aluno recebe boletins por e-mail. Giselle Welter, presidente da AEACH, diz claramente que, sem o advento da Internet, a associação, se não impossível, seria muito menos abrangente. No caso do Colégio Humboldt, sabe-se que cerca de 33% dos ex-alunos moram ou já moraram no exterior em alguma época, e a Internet funciona como um facilitador para contatos nesse caso. Assim, a estruturação e a organização da rede deve, em primeiro lugar, começar com a página da AAACSC na Internet. É claro que a rede também deverá extrapolar o mundo virtual através de eventos e encontros, mas é no mundo virtual onde a maior parte dos ex-alunos estão em contato entre si ao mesmo tempo, em qualquer hora ou lugar. É bom ressaltar a expressão “maior parte” porque há aqueles que não tem o uso da Internet como parte de seus hábitos, sobretudo os ex-alunos de turmas mais antigas. Na AEACH, por exemplo, apesar da Internet, foram recebidas cerca de 800 cartas, ou seja, os excluídos digitais não podem ser esquecidos. No sentido do desenvolvimento pessoal e profissional do ex- aluno, devem ser pensados mecanismos que facilitem o casamento de necessidades e recursos, que é um dos pressupostos de uma rede (LIPNACK e STAMPS, 1992, p. 3). Assim, um ex-aluno jovem que esteja precisando de alguém que o aconselhe para a vida, ou um ex- aluno desempregado que esteja procurando novas oportunidades, ou até um ex-aluno empreendedor procurando capital para colocar em prática uma grande idéia, pode recorrer à rede. Afinal de contas, a probabilidade de encontrar alguém no caso de qualquer necessidade entre pessoas que se identificam e tem valores semelhantes, sempre 31
  • 32. é maior. As possibilidades são infinitas em um universo de 7.500 ex- alunos das mais diversas profissões e com uma grande gama de vivências. Pode-se dizer que, a própria criação da AAACSC coloca em teste essa possibilidade, uma vez que o grupo que deu início à idéia não possuía os conhecimentos necessários para a completa criação da associação. Então, procuramos ex-alunos que tivessem as competências necessárias, dessa maneira achando pessoas que ingressaram no projeto. É importante ressaltar que, quando se pensa em uma associação de ex-alunos, uma das primeiras idéias é facilitar aos associados a busca por empregos. Sem dúvida que esta é uma possibilidade, mas casar necessidades e recursos também abrange outras áreas. Há necessidades que não são materiais ou de empregos, mas afetivas e até espirituais. Pode ser que um ex-aluno precise de outro apenas para conversar, ouvir conselhos ou discutir sobre determinado assunto, e a AAACSC também se propõe a fazer esse tipo de ponte. Em um sentido menos amplo, a AAACSC também pretende prover benefícios ao associado. Uma prática muito comum entre as “alumni associations” de universidades americanas é usar a força de milhares de associados para negociar benefícios financeiros. O princípio é que uma associação com milhares de ex-alunos pode conseguir, por exemplo, maiores descontos em seguro de carro através de uma negociação com a seguradora. Obviamente isso pode se estender para seguro saúde, seguro de vida e outros serviços financeiros. Com certeza é de interesse das provedoras desses 32
  • 33. serviços dar descontos em troca de uma carteira de clientes de alta renda e formadores de opinião. Outra idéia é fazer um fundo de pensão de ex-alunos. De encontro com esse objetivo, a AEACH tem em sua página uma seção para que ex-alunos que tenham empresas de serviços, como uma oficina mecânica, um restaurante ou uma pequena firma de advocacia, dêem descontos aos ex-alunos associados, com o intuito de aumentarem sua carteira de clientes e anunciarem no website da associação. A premissa por trás da idéia de dar benefícios aos associados é que uma carteira de clientes composta por ex-alunos do Colégio Santa Cruz seria almejada por muitas empresas. Essa hipótese se confirma através de muitos depoimentos como, por exemplo, de uma ex-aluna dona de uma firma importadora de bens de consumo. Segundo ela, “daria qualquer desconto. Com uma carteira de clientes composta por ex-alunos do Santa, eu estaria realizada.”. • preservação e desenvolvimento do Colégio Santa Cruz como instituição e conjunto de valores que representa Uma dos principais fatores para a já discutida identidade entre os ex-alunos do Colégio Santa Cruz é, sem dúvida, a paixão que o ex- aluno nutre pela instituição. Não vem ao caso discutir de forma muito aprofundada essa paixão, uma vez que ela não faz parte direta do escopo deste trabalho, mas é interessante levantar uma questão. Devemos nos perguntar se esse é um ponto em comum para uma 33
  • 34. associação de ex-alunos de um colégio ou de uma faculdade qualquer. Até um certo ponto, sim. Não faz sentido que ex-alunos de uma instituição de ensino qualquer se reúnam em uma associação sem que elas gostem minimamente do colégio, seja pelo status de terem estudado lá, seja pelo conjunto de valores que representa, seja pelo apego ao espaço físico do lugar, seja pelo fato de terem passado determinada época de suas vidas naquele ambiente. Na verdade, esse último motivo de apego ao lugar parece ser o mais comum, mas os três primeiros são peculiares de algumas poucas instituições. Acredito que todos esses sejam motivos para a paixão que o ex-aluno tem em relação ao Colégio Santa Cruz, e neste tópico iremos analisá- los. O fato de ter passado determinada época da vida no colégio é mais do que óbvio e não necessita de mais aprofundamento. Goste ou não do lugar, as pessoas geralmente acabam desenvolvendo certo apego aos lugares por onde passaram um bom tempo de suas vidas e, neste caso, o ex-aluno do Colégio Santa Cruz também acaba se apegando ao próprio espaço físico. A atual sede em Alto de Pinheiros ocupa praticamente quase dois quarteirões normais. É bastante arborizada e plana, contrastando, por exemplo, com o Colégio São Luis da Avenida Paulista, que é totalmente verticalizado. A grandeza do colégio em termos físicos é uma coisa que sem dúvida nenhuma marca o ex-aluno. Outra explicação factível seria devido ao conjunto de valores que o colégio representa. Como analisado anteriormente, o senso comum 34
  • 35. diz que o Colégio Santa Cruz “prepara para a vida”. Esse perfil contrasta com o de outros renomados colégios paulistanos, como o Colégio Bandeirantes, por exemplo, que é mais conhecido por preparar o aluno para o vestibular. É bom frisar que não necessariamente o senso comum está correto nestes casos, mas é isso que faz a imagem do colégio perante o ex-aluno e a sociedade. Em outras épocas o Colégio Santa Cruz também ganhou fama por uma educação diferenciada, mais humanista, principalmente graças ao Padre Charbonneau, um dos fundadores e principais educadores do colégio. Depois do falecimento dos padres, mesmo com o colégio adquirindo uma administração laica, ainda há essa percepção sobre os valores do colégio. Por último, há o fator do status da instituição. Status esse não só determinado por todos os outros fatores já discutidos, mas também por este ser claramente um colégio das elites paulistanas. A verdade é que, na média, os alunos e ex-alunos do Colégio Santa Cruz compõe a elite financeira e intelectual do país. Reforçam essa noção alguns ex-alunos famosos, como o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, o piloto Gil de Ferran, o músico Chico Buarque de Holanda e praticamente toda a família Montoro e Setubal. É importante frisar que não são todas as instituições de ensino que contam com esses dois últimos fatores. A maioria das instituições de ensino não conta com esse tipo de status, que gera a paixão no aluno e ex-aluno. Isso se reflete claramente nas associações de ex- alunos, na medida em que elas geralmente não conseguem integrar os associados e realizar projetos que vão muito além do simples 35
  • 36. cadastro. Quando um aluno do Colégio Santa Cruz se forma no ensino médio, há aquela sensação de “sempre Santa”, o que provavelmente não ocorre em qualquer colégio ou faculdade. Contudo, é preciso fazer a crítica de que esse tipo de sentimento muitas vezes leva o aluno ao elitismo e a isolação em relação ao resto do mundo, não sendo esse o objetivo da associação. A AAACSC quer apenas usar essa paixão como ponto de identidade entre os associados, que será a força motriz para o seu funcionamento. Ser uma representante do colégio na sociedade não é uma questão de escolha para a AAACSC, mas sim um fato inexorável. Não há como fugir dessa responsabilidade. Assim sendo, a AAACSC deve, no mínimo, gerenciar suas relações com a sociedade de forma a não prejudicar a imagem do colégio, símbolo que une os associados. Mais do que obrigação, deve ser objetivo da associação não só preservar a imagem do colégio, mas representá-lo e fortalecê-lo. Uma associação de ex-alunos que pretenda extrapolar suas ações para fora do ambiente interno deve tomar cuidado no sentido de agir como um segundo relações-públicas da instituição que deu sua unidade e origem. Dentro desse grupo de objetivos, a AAACSC também deve preservar a memória do colégio. Não que o próprio Colégio Santa Cruz já não o faça, pelo contrário, mas uma importante parte de suas memórias são feitas pelos alunos, e uma associação teria uma capacidade muito maior de recolhê-las, armazená-las e perpetuá-las, obviamente em parceria com o colégio. Neste sentido a associação pode fazer uma sala de memórias em parceria com o colégio, ou 36
  • 37. então criar um jornal que publique as estórias mais interessantes. Neste campo o material é vasto, bastando haver vontade para processá-lo e organizá-lo. A AEACH, por exemplo, faz um bom trabalho nesta direção, dedicando um espaço no website para uma pequena biografia mensal sobre um professor e um ex-aluno. Ainda dentro desse objetivo, podemos destacar a possibilidade que uma associação de ex-alunos tem de orientar o aluno para a vida como um todo. O aluno obviamente virá a ser um ex-aluno algum dia, ou seja, uma vez que buscamos desenvolver o ex-aluno, também deve ser nosso objetivo ajudar no desenvolvimento do aluno. Ainda de encontro com isso, ajudando os alunos, que são uma das vitrines do colégio, estaremos reforçando a imagem e os valores do próprio Colégio Santa Cruz. Isso pode ser feito de várias maneiras. A AAACSC pode aproveitar o conhecimento de seus associados sobre diversos assuntos e promover palestras para os alunos. Também podem ser oferecidos cursos extra-curriculares sobre temas pertinentes como, por exemplo, economia básica. O aluno do Colégio Santa Cruz sairia muito bem preparado do ensino médio em relação aos de outros colégios se tomasse contato com assuntos como economia, direito, funcionamento do estado, etc... E para organizar os cursos bastaria que o colégio fornecesse o anfiteatro e um horário conveniente. Os ex- alunos de cada área, por sua vez, poderiam se organizar de forma que cada um desse uma aula sobre um certo aspecto do tema, assim não prejudicando demais o tempo de ninguém e facilitando a participação do maior número possível. 37
  • 38. Outra possibilidade seria a implantação de um sistema de tutoria, onde um ex-aluno seria tutor de um ou alguns alunos, sobretudo aqueles que estão terminando o ensino médio e necessitam de orientação para a escolha da profissão. A idéia é que o tutor aconselhe o aluno em qualquer assunto que for necessário, mas principalmente sobre a profissão escolhida. Assim, o processo ficaria facilitado se um médico fosse tutor de um estudante de medicina, um executivo fosse tutor de um estudante de administração, e assim vai. • promoção da ação social transformadora Os três primeiros tópicos pareciam óbvios, já que os objetivos de qualquer associação de ex-alunos não fogem muito disso. A grande diferença estaria na promoção da ação social transformadora através da rede. Esse parece ter sido um anseio de quase todos os ex-alunos envolvidos, uma vez que vai de encontro com os valores humanistas do colégio, e até com a própria realidade da instituição. Faz parte do Colégio Santa Cruz o “SAN (Serviço de Auxílio aos Necessitados), grupo formado por membros da Pastoral do Colégio Santa Cruz, professores e pais de alunos, encarregados de conseguir os recursos financeiros, através de festas e campanhas, e administrá-los para que possam beneficiar o maior número possível de pessoas” (MAGALHÃES, 1996, http://www.santacruz.g12.br/pj_pasto.htm, consultado em 26/10/2002). Uma vez que o SAN conta com a participação de muitos ex-alunos, sendo essa inclusive uma oportunidade de sinergia e maior apoio do colégio. 38
  • 39. A ação social, por incrível que pareça, não parece ser um objetivo comum às associações de ex-alunos. Mesmo a tradicional “Alumni Association” de Harvard, na prática, funciona apenas para captar recursos para a universidade. Esse tipo de objetivo representa uma tônica nova a esse tipo de organização, e certamente vem de encontro com a recente demanda por ações que promovam a cidadania, geralmente vindas da sociedade civil organizada. A própria gestão atual da ex-GV pretende reinventar a associação dando mais ênfase à cidadania. Tendo em vista esse objetivo, a ex-GV inovou lançando uma carta de intenções chamada “Brasil +10 – Desenvolvimento Sustentável com Justiça Social”, e já conta com o apoio de outras importantes entidades e empresas. A AAACSC se propõe a adentrar nessa área pressupondo que o ex-aluno do Colégio Santa Cruz tem efetiva vontade transformar a sociedade dentro do conjunto de valores humanistas que a instituição propaga. Decerto há o problema do tempo, escasso para a maioria dos ex-alunos, e neste sentido a associação precisa conscientizar o ex-aluno da importância desse tipo de ação. A idéia básica é que, se cada ex-aluno contribuir um pouco, as ações se concretizam. O primeiro passo prático seria aproveitar as sinergias potenciais com o SAN, uma vez que este órgão do Colégio Santa Cruz é praticamente gerido por ex-alunos, como explicado a alguns parágrafos acima. A AAACSC poderia tanto captar recursos adicionais para o SAN como contribuir com mão-de-obra voluntária. Da mesma forma, parcerias poderiam ser firmadas com ONGs, sobretudo em programas específicos que interessem à associação. 39
  • 40. Mais uma vez, a AAACSC poderia ajudar na captação de recursos, no fornecimento de mão-de-obra voluntária, na divulgação ou em qualquer outra área que seja necessária ajuda. A exemplo da ex-GV, a AAACSC não só pode como deve criar e iniciar movimentos sociais, e aí buscar o apoio de ONGs e outras entidades da sociedade civil organizada ou até do mundo privado. As ações podem estar voltadas tanto para temas amplos, como o combate à violência, quanto para questões mais pontuais, ligadas diretamente à comunidade. O próprio SAN atua pontualmente na favela do Jaguaré, transformando a comunidade local. Assim, a AAACSC pode procurar outra comunidade com demandas sociais ainda não atendidas, ou mesmo ajudar o SAN. Outra possibilidade seria canalizar o poder de influência dos ex- alunos do Colégio Santa Cruz para pressionar a sociedade como um todo, sobretudo o Estado e os políticos. A rede formada pelos ex- alunos e seus contatos próprios fora da comunidade do colégio pode ser um poderoso meio de se conseguir assinaturas e apoio político para se fazer esse tipo de pressão. Quando atingir um nível de conscientização maior, a associação poderá até propor novas leis, através dos mecanismos que existem para que a sociedade civil o faça. 40
  • 41. 3.1.2 Aspectos Legais Um dos requisitos básicos para a perpetuidade e a organização da AAACSC é que ela se torne pessoa jurídica. Neste capítulo veremos os procedimentos que deverão ser tomados para fazê-lo. Em Manual de ONGs, BARBOSA e OLIVEIRA (2002) explicam que organizações sem fins lucrativos ganham reconhecimento jurídico através do registro de um estatuto, e não de um contrato como é o caso de empresas convencionais. Uma organização sem fins lucrativos pode ser constituída sob a forma de associação ou fundação. Fundações pressupõem que haja um patrimônio destinado a um certo fim. Associações não precisam de um patrimônio, já que são caracterizadas pela reunião de pessoas. A associação deve ser registrada no Cartório Civil de Registro de Pessoas Jurídicas mediante apresentação da ata de constituição, estatuto social, ata da eleição da Diretoria e do Conselho Fiscal e o requerimento de registro. Todos os documentos precisam estar de acordo com as especificações da lei. Obrigatoriamente deve haver registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda e no Cadastro de Contribuintes Mobiliários da Prefeitura (BARBOSA e OLIVEIRA, 2002, p. 14). O estatuto deve obrigatoriamente conter: “- a denominação, o fundo social (quando houver), os fins e a sede da associação ou fundação, bem como seu tempo de duração; 41
  • 42. - o modo pelo qual se administra e representa a sociedade, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; - se o estatuto, o contrato ou o compromisso é reformável no tocante à administração e de que modo; - se os membros respondem ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; - as condições para a extinção da pessoas jurídica e, no caso de isso ocorrer, o destino de seu patrimônio; - os nomes dos fundadores ou instituidores e dos membros da diretoria, provisória ou definitiva, com indicação da nacionalidade, estado civil e profissão de cada um, bem como o nome e a residência do apresentante dos exemplares” (BARBOSA e OLIVEIRA, 2002, p. 15) É importante ressaltar que o estatuto é o documento mais importante da associação. A alteração estatutária requer uma série de procedimentos formais, inclusive o registro em cartório. Estatutos muito detalhados ficam anacrônicos conforme o tempo passa, por isso, no caso da AAACSC, optou-se por se fazer um estatuto amplo e com o menor número de detalhes possíveis. Um bom exemplo do anacronismo é o Estatuto Social da AEDA: “b) Filhos, irmãos e descendentes varões sem arrimo, todos menores, e os maiores até vinte e quatro (24) anos que cursem estabelecimento de ensino superior, sejam legítimos, legitimados, naturais, reconhecidos ou adotivos; c) Filhas, irmãs, e descendentes do sexo feminino sem arrimo, todas solteiras, legítimas, legitimadas, naturais, reconhecidas ou adotivas;” (ASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS DO COLÉGIO DANTE ALIGHIERI, 1959, p. 3) 42
  • 43. Os detalhes de organização e de funcionamento estarão no Regimento Interno, que poderá ser alterado mais facilmente através do Conselho Normativo, não ocorrendo esse tipo de problema. Analogamente podemos comparar Estatuto Social e Regimento Interno com a Constituição Federal e as demais leis, respectivamente. Quanto aos órgãos, a Assembléia Geral e a Diretoria são obrigatórias. Conselho Fiscal, no caso das associações, e Conselho Consultivo, em qualquer caso, são facultativos. Na AAACSC optamos por chamar o Conselho Consultivo de Conselho Normativo. Esse assunto será discutido melhor no capítulo seguinte. Pode haver diversas categorias de sócios. A AAACSC optou por duas, sendo que haverá os sócios comuns e os sócios beneméritos. O critério de sócio constitui-se em uma das discussões mais acaloradas nas reuniões que precederam a criação da associação. Um grupo advogava que o membro precisaria ser formado no Ensino Médio ou Fundamental para ser ex-aluno do Colégio Santa Cruz. Outro dizia que bastava ter estudado lá em alguma época por um período mínimo, um ano, por exemplo. A primeira corrente ganhou a discussão, com o argumento de que, se no decorrer do tempo a alteração deste critério se mostrasse necessária, seria politicamente inviável restringi-lo, mas não haveria problema de abri-lo. Assim, por enquanto, ex-alunos não formados no Ensino Médio ou Fundamental poderão ingressar na associação como membros beneméritos. Sobre a questão da imunidade e isenção de impostos temos: 43
  • 44. “...a Constituição torna imune a impostos as instituições de educação e de assistência social. Em outro dispositivo, isenta (quando deveria dizer imuniza) da contribuição social as entidades beneficentes de assistência social.” (BARBOSA e OLIVEIRA, 2002, p. 50) A assistência social é claramente um dos objetivos da AAACSC, mas em uma ordem de importância não seria o primeiro, além de ter outros três de caráter claramente privado e não público. Até por volta de 1993, era relativamente fácil de ser conseguir esses benefícios. A CPI do Orçamento do mesmo ano revelou muitos casos onde os benefícios estavam sendo usados de má fé, de forma que o governo aumentou a fiscalização e impôs barreiras burocráticas que dificultaram o acesso aos benefícios. Em outras palavras, a AAACSC não tem acesso à imunidade e isenção de impostos. Tampouco há incentivos fiscais para a doações, já que uma associação de ex-alunos não se enquadra nos quesitos necessários. Uma possibilidade a ser discutida, e aqui só deixo o embrião da idéia, seria criar uma entidade separada para realizar a ação social transformadora, mas que estaria sobre o controle da AAACSC. Assim, os recursos destinados aos objetivos de assistência social poderiam ser imunes ou isentos de impostos. Também está muito claro no texto da lei que a AAACSC não pode ser classificada como uma OSCIP, ou organização da sociedade civil de interesse público. O texto é claro em afirmar que entidades de benefício mútuo, destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de sócios, não pode ser classificada desta maneira. OSCIPs tem uma série de benefícios fiscais. 44
  • 45. 3.1.3 Organização Como já discutido anteriormente, um dos motivos que levou a não perpetuidade das outras associações de ex-alunos do Colégio Santa Cruz que se tentou fazer, foi justamente a falta de organização. Por isso é imperativo que a AAACSC seja estruturada com seus devidos órgãos e cargos. Este capítulo trata justamente do funcionamento da associação, ou seja, detalhamos o processo de tomada de decisão e fiscalização. Não existindo um manual que indique a melhor maneira de se organizar uma associação de ex-alunos, ou mesmo uma organização sem fins lucrativos genérica, faz-se necessário delinear os pressupostos e o processo que levou a essa estrutura. Em primeiro lugar usou-se a experiência de alguns ex-alunos em outras associações como, por exemplo, a de engenheiros do Metrô. Em seguida, durante as diversas reuniões que foram realizadas, o assunto foi discutido pelos presentes. Mais adiante foram consultados alguns livros que discutiam o assunto. “A entidade possui uma estrutura interna e desenvolve suas atividades mediante órgãos de natureza deliberativa ou decisória (Diretoria e Assembléia), fiscalizadora (Conselho Fiscal) ou consultiva (Conselho Consultivo).” (BARBOSA e OLIVEIRA, 2002, p. 17) Como já visto no tópico anterior, sabemos que a Assembléia e a Diretoria são obrigatórias. O Conselho Fiscal é facultativo neste caso e 45
  • 46. o Conselho Consultivo é facultativo independente do tipo de associação. Nesta associação, nenhum cargo ocupado por membros será remunerado. • Órgãos A Diretoria é o órgão que dita as políticas, planeja no curto e longo prazo, além de representar a associação. Apesar de poder ser composta por um único individuo, foi decidido que ela seria composta por cinco membros. A associação será dirigida pelo Secretário Geral, ao qual estarão subordinados o Primeiro Secretário, Segundo Secretário, Primeiro Tesoureiro e o Segundo Tesoureiro. A Diretoria deve administrar a AAACSC, criando políticas para o seu desenvolvimento e alocando os recursos do melhor modo possível. O mandato dos membros da Diretoria é de dois anos, quando deverão ocorrer eleições. Qualquer membro pode nomear secretários auxiliares. O Conselho Normativo corresponde ao Conselho Consultivo, ou seja, é o órgão que deve discutir e fazer as normas do Regimento Interno. Ele é composto por nove membros, com mandato de dois anos. O Conselho Normativo funciona como uma via mais rápida à criação de novas normas, mas fica restrito ao Regimento Interno. O Conselho Normativo também tem a função de aconselhar a Diretoria. O Conselho Fiscal é composto de três membros com mandato de dois anos cada, e deverá fiscalizar a associação. Este não deve 46
  • 47. exarar normas, e sim fiscalizar qualquer procedimento que achar pertinente. A Assembléia Geral é o órgão deliberativo composto por todos os membros da associação. A Assembléia deve ser convocada pelo menos uma vez ao ano pela Diretoria, para aprovação dos resultados financeiros e patrimoniais do ano fiscal. Esse órgão serve basicamente para tomar as grandes decisões que afetem a AAACSC. Resoluções tomadas pela Diretoria, Conselho Normativo e Conselho Fiscal poderão ser anuladas ou modificadas pela Assembléia Geral, que também poderá remover qualquer membro desses três órgãos. Obviamente que há um número mínimo de votos para que isso aconteça, especificados no Estatuto Social. Em resumo, a Assembléia Geral é o único órgão que pode fazer alterações no Estatuto Social, além de ser usada especialmente para se decidir assuntos de grande importância. Os quatro órgãos listados acima estão devidamente previstos no estatuto, e por isso são da maior importância para o bom funcionamento democrático da associação. O poder decisório deve ser guiado pelo poder consultivo e normativo e fiscalizado pelo poder fiscalizador. Convém ressaltar que ocupar um desses cargos não é apenas uma honraria, mas uma “atividade que requer conhecimento, comprometimento e tempo” (WOLF, 1990, p.29, trad. por). Em Managing a Nonprofit Organization, WOLF (1990) lista algumas responsabilidades dos membros do conselho de administração, que é um requisito legal nos Estados Unidos para a constituição de 47
  • 48. organizações sem fins lucrativos. Tomo a liberdade de adaptar essas responsabilidades para a realidade brasileira e da associação, ou seja, estendendo-a para os membros dos órgãos previstos no estatuto, com exceção da Assembléia Geral. Assim, é da responsabilidade desses membros determinar a missão da organização e fazer as políticas para o seu funcionamento, estabelecer o programa geral ano a ano, estabelecer a política fiscal e os limites orçamentários, providenciar os recursos necessários para as atividades, avaliar a administração e desenvolver e manter canais de comunicação com os demais interessados. • Representantes Paralelamente a isso, a AAACSC quer ser uma organização inclusiva, ou seja, pretende fazer com que o maior número possível de membros participe efetivamente do funcionamento e do processo decisório da associação. Para isso foram pensados alguns cargos, que provavelmente estarão previstos no Regimento Interno, e são vitais para o melhor funcionamento da entidade. Em um dado momento percebeu-se que seria interessante que houvesse um representante para cada turma para que fosse garantida a capilaridade do sistema. Assim, toda decisão tomada pelos órgãos “centrais” (diretoria e conselhos) poderia chegar de forma mais efetiva aos membros através dos representantes. Da mesma forma, os anseios de cada turma chegariam aos órgãos pelos representantes. Além de constituírem-se canais de mão dupla entre os membros e os 48
  • 49. órgãos, cabe ao representante assumir a figura do empreendedor e gestor ao viabilizar e organizar os encontros de sua turma. É importante esclarecer que não caberá ao representante financiar os encontros ou organizar sozinho. Ele deverá achar, dentro da sua turma, membros que queiram participar da organização e, quanto ao financiamento, esse tipo de evento deverá ser auto financiado, ou seja, os participantes que o pagam. A associação em si, representada pelos órgãos “centrais”, deverá dar todo o apoio técnico aos representantes, fornecendo cadastro atualizado, indicando lugares que ofereçam bons descontos, etc... Mais adiante é até possível, e recomendável, que os representantes formem um conselho próprio para uma troca de experiências mais direta e para a realização de eventos em conjunto. Uma possibilidade é realizar eventos por faixa de idade. É provável que turmas de uma mesma época, por exemplo, de 75 a 80, tenham interesses em comum. O Conselho de Representantes seria mais um órgão a equilibrar o processo decisório da associação, representando as turmas de forma mais direta. É interessante discutir o fato de que, infelizmente, nem todo ex- aluno será um associado. No entanto, o representante, por organizar encontros de turma, estará em contato direto com os não membros da associação, que com certeza não só podem como devem participar dos encontros. Uma vez que o ideal seria que todos os ex-alunos fossem membros da associação, o representante também poderá trazer aos órgãos “centrais” os anseios daqueles que decidiram não se associar. Na medida que for possível conhecer melhor os motivos que 49
  • 50. os levaram a essa decisão, a AAACSC poderá tomar medidas inclusivas para abarcar uma porcentagem maior da totalidade dos ex- alunos. Preferencialmente, o representante deve ser um daqueles que já fazem esse papel de organizador dos encontros de sua turma naturalmente, ou seja, antes da existência da AAACSC. Na impossibilidade disso acontecer, é importante que seja uma pessoa com bom trânsito dentro de sua turma. No último dos casos, o representante deve estar predisposto a assumir essas responsabilidades. • Comissões Outra forma de viabilizar uma maior participação é com a criação das comissões para assuntos específicos. O material humano composto pelo conjunto de ex-alunos do Colégio Santa Cruz é muito vasto e rico, de forma que seria impossível aproveitá-lo somente nos órgãos “centrais”. As comissões poderiam reunir os especialistas de cada assunto para que discutissem e apresentassem sugestões e opiniões aos diferentes órgãos da associação. Da mesma forma, diante de algum dúvida ou questionamento específico, os órgãos deveriam consultar as comissões. A forma das comissões não precisa ser necessariamente física. Como tudo hoje em dia, cada uma pode realizar as discussões eletronicamente. É interessante que alguém assuma a coordenação da comissão, para garantir a unidade dos relatórios e pareceres. 50
  • 51. Na verdade isso já vem acontecendo de forma natural durante o processo de criação da associação. Os participantes mais íntimos da tecnologia se aglutinaram em uma célula para discutir assuntos mais específicos, que a maioria não saberia opinar. O mesmo aconteceu com os ex-alunos da área jurídica. Além da Comissão de Tecnologia da Informação e da Comissão Jurídica, seria interessante a criação de uma Comissão de Eventos, Comissão da Ação Social e, porque não, comissões que tratassem dos assuntos mais “corporativos”, voltadas para o marketing, captação de recursos, gestão financeira, relações com o colégio, etc... Tendo em vista que a associação pretende representar todos os ex-alunos e seus interesses (desde que não entrem em conflito), é possível que, com o tempo, sejam formados grupos de interesses dentro da AAACSC. É interessante institucionalizar esses grupos na forma de comissões, que representem oficialmente e de forma clara e publicamente esses interesses. Por exemplo, os órgãos “centrais” podem não perceber os anseios de se criar eventos específicos para os ex-alunos com mais de sessenta anos, ou para os ex-alunos engenheiros. Nesses casos uma Comissão da 3ª Idade e uma Comissão de Ex-Alunos Engenheiros poderiam colocar de forma mais clara seus anseios. A idéia de que a associação tenha seus diferentes interesses bem organizados de forma a influir a diretamente na tomada de decisão. • Gestores de Projetos 51
  • 52. Por sua vez, haverá a figura do gestor de projetos dentro da associação. Com a política de incentivar ao máximo a livre iniciativa dos membros, a AAACSC inovará permitindo que membros com boas idéias toquem seus projetos. O membro deverá apresentar a idéia à diretoria, que por sua vez deverá verificar se ela agrega alguma coisa aos objetivos da associação. A partir disso, o próprio gestor fica responsável por juntar outros membros, ou até pessoas de fora dependendo do projeto, que queiram participar, além do planejamento e execução. Em vez de um único gestor, pode haver um grupo de gestores. O importante é distinguir que, neste caso, o membro deve participar agindo, diferente da das comissões, que serão um espaço para discussão e sugestão. A idéia por trás da figura do gestor é diminuir ao máximo a burocracia. A partir do momento que um membro tem uma boa idéia, ele pode colocar em prática, utilizando os próprios recursos disponíveis na rede. Os demais órgãos da associação deverão dar suporte aos gestores. Com esse conjunto de órgãos e processos, a AAACSC quer ser uma rede organizada que represente os diversos interesses de seus membros. Acredito que, dispostos dessa forma, os fluxos de necessidades e recursos serão mais intensos e eficientes. Para isso os membros têm que ser ativos dentro da organização. De forma alguma esta pretende ser uma associação que realiza diante da passividade de seus membros. 52
  • 53. 3.1.4 Marketing Em Marketing for Nonprofit Organizations, KOTLER (1975) não discute se esse tipo de organização deve ou não desenvolver práticas de marketing, mas com qual intensidade devem fazê-lo. O autor aponta para dois aspectos da orientação de marketing. Há a atitude por parte da administração para entender e satisfazer os clientes, e o conhecimento técnico de como as variáveis influenciam o mercado. Contudo, é preciso ter consciência de que essas organizações têm recursos limitados e públicos. Segundo as classificações de KOTLER, a AAACSC estaria dentro das associações de benefício mútuo. Essas associações têm como objetivo criar benefícios mais para o grupo de pessoas que as compõe do que para os outros. Isso não significa que elas não podem beneficiar outras pessoas, mas não é o “core business” da organização. Esse tipo de organização oferece serviços ao associado e recebe recursos financeiros e trabalho voluntário em troca, ou seja, o marketing deve estar voltado para o próprio associado. Em alguns casos, a organização precisa de reconhecimento externo, tendo que se promover para outros públicos (KOTLER, 1975, p. 32). A AAACSC se enquadra muito bem no conceito do KOTLER uma vez que, de acordo com seus objetivos, ela não pretende se voltar única e exclusivamente para os seus membros. Pretendendo representar seus membros e o Colégio Santa Cruz na sociedade, além de promover a ação social transformadora, a associação precisa se relacionar com outros públicos. 53
  • 54. Em Managing a Nonprofit Organization, WOLF (1990) diz que estratégias de marketing de sucesso não só permite que as organizações atinjam seus objetivos e cumpram sua missão, como garantem sua estabilidade financeira através do foco na necessidade do cliente. • Segmentação WOLF segue discutindo a segmentação de mercado em organizações sem fins lucrativos, que devem desenvolver estratégias diferentes para cada “cliente”. No caso da AAACSC, estratégias diferentes devem ser desenvolvidas para os ex-alunos, alunos, colégio, empresas e sociedade. Dentro do grupo dos ex-alunos, é possível dividi-los por faixas etárias, por membros e não-membros e ainda pelo nível de atividade de cada membro. A seguir serão levemente traçadas as estratégias que devem guiar cada segmento da AAACSC e para isso devemos entender as relações que teremos com eles. Pode-se dizer que os ex-alunos são nosso principal mercado por motivos óbvios. Sem os ex-alunos, a associação perderia completamente o sentido. Os ex-alunos representam ao mesmo tempo o funcionamento e a clientela da associação. Em um primeiro instante, no movimento de captação e manutenção dos ex-alunos, a AAACSC deve oferecer benefícios tangíveis e intangíveis ao ex-aluno, que dará em troca recursos financeiros e parte do seu tempo para trabalho voluntário. Quanto maiores forem os benefícios tangíveis e intangíveis em relação ao que 54
  • 55. ele terá que despender na percepção do ex-aluno, maior a possibilidade dele se tornar um membro. Em um segundo momento, além de manter a qualidade e expandir os benefícios oferecidos, a associação deve fazer uma estratégia de endomarketing, no sentido de encorajar o maior dispêndio de recursos financeiros e horas de trabalho voluntário para a associação. Para isso, a associação deve buscar maneiras de se valorizar institucionalmente e valorizar aqueles que a constroem, incentivando e premiando a maior participação e doação de recursos. A divisão do grupo de ex-alunos por faixa etária se dá devido as diferentes necessidades que elas possam apresentar. É razoável imaginar que ex-alunos formados há pouco tempo estejam mais preocupados com o desenvolvimento profissional, principalmente com a possibilidade ampliada de se desenvolver na carreira através da rede. Já alunos de turmas mais antigas provavelmente estão mais preocupados com o desenvolvimento pessoal, no sentido de terem um espaço agradável para bater um papo e tomar chopp. A divisão entre membros e não-membros é clara, no sentido de que os primeiros devem ser cultivados, e os segundos convencidos de que os benefícios tangíveis e intangíveis são maiores que os custos da associação. Os membros podem ser segmentados entre ativos e não ativos, no sentido de que os primeiros devem ser cultivados e os segundos precisam de estratégias de endomarketing para que os tragam para mais perto do processo decisório. Quanto aos alunos, é preciso ter consciência de que esses serão nossos futuros clientes, ou seja, ex-alunos. Quanto melhor preparados 55
  • 56. estiverem os alunos para a vida e para o mercado de trabalho, melhor a AAACSC será gerida e representada no futuro. É preciso manter essa visão de longo prazo para garantir a perpetuidade da associação. É importante que o aluno conheça e admire a associação, de modo que venha a se tornar membro depois de formado. O Colégio Santa Cruz também não deixa de ser um cliente, no sentido de que a AAACSC precisa de seu aval não para funcionar, mas para ganhar legitimidade perante ex-alunos e a sociedade. O Colégio Santa Cruz certamente será o maior parceiro da associação de seus ex-alunos, portanto é absolutamente necessário cultivar um bom relacionamento. As diferentes empresas que possam ter alguma relação com a associação também devem ser cultivadas. A AAACSC precisa se relacionar com as empresas que proporcionarão benefícios para o seu associado. A título de exemplo, a associação pretende prover seguro saúde mais barato para os seus associados. Para isso é preciso que tenhamos uma boa relação com a seguradora, que em troca receberá uma carteira potencial de clientes constituída dos ex-alunos do Colégio Santa Cruz. Neste sentido, antes de tudo a AAACSC precisa promover seu produto (a carteira de clientes) construindo uma boa imagem no mercado. Por fim há a sociedade como um todo, que também entra no mérito da imagem. O conhecimento e reconhecimento da associação, de forma alguma deve estar limitada à comunidade do Colégio Santa Cruz. Pelo contrário, a AAACSC deve procurar ser conhecida e reconhecida em toda a sociedade como uma organização séria, 56
  • 57. visionária e estável, sendo necessária a construção de uma marca forte. Esse cliente é especialmente importante para o objetivo da ação social transformadora. • Imagem Outro aspecto do marketing seria a imagem, um elemento crítico para se ganhar clientes e apoio da sociedade, sobretudo para organizações do terceiro setor (WOLF, 1990, p. 121). Criar uma marca própria que tenha prestígio faz com que o ex-aluno se interesse mais pela associação, aumentando a porcentagem de membros e, dentre os membros, dos ativos. Essa mesma marca chamaria mais atenção do aluno, futuro ex-aluno. Ela certamente fortaleceria as relações com o colégio, além de ganhar o respeito das empresas e da sociedade. Na prática, ter uma marca forte é fazer com que as empresas procurem associá-la a sua, sobretudo no âmbito do marketing social. Aqui é interessante abrir parênteses para comentar um curioso fato ocorrido ao longo das discussões. Em certo momento foi feita uma votação para que fosse escolhido o nome fantasia, ou marca, da AAACSC. Os dois nomes mais cotados eram “Ex-Santa” e “Alumni Santa”. As vantagens desse último seriam a credibilidade transmitida por um termo em latim. A desvantagem seria a “pompa” excessiva, que poderia fazer com que a AAACSC perdesse o foco. Neste sentido, “Ex-Santa” seria um nome de simples identificação, que traduziria melhor o espírito da associação. No final não foi possível prosseguir com a votação devido a paixão com que os colaboradores começaram 57
  • 58. a defender suas opiniões. Qualquer um que ganhasse, certamente geraria um mal-estar no grupo opositor, o que poderia efetivamente atrapalhar o andamento das coisas. A questão foi prorrogada para quando tivermos uma melhor estrutura e todos puderem participar. Até lá, espera-se que apareçam novas opções. Também é interessante discutir a força da marca “Colégio Santa Cruz” na sociedade paulistana. Tanto pela educação de vanguarda atribuída aos padres, como pelos ex-alunos de sucesso, o Colégio Santa Cruz é uma instituição que desperta admiração para os que a vem de fora e orgulho para quem lá estuda. Nos últimos rankings das melhores escolas paulistanas, elaborados pela Revista Veja São Paulo, o Colégio Santa Cruz manteve-se nas primeiras posições. No último ranking o colégio ficou em 2º lugar, como mostra o quadro abaixo. (KOSTMAN, 2001, <http://www2.uol.com.br/veja/idade/educacao/031001/ranking_s.html>, consultado em 07/11/2002). As vencedoras Ranking elaborado com dados da pesquisa Veja São Paulo-Ipsos Marplan 1º Visconde de Porto Seguro 94,1 2º Colégio Santa Cruz 92,1 3º Colégio Santa Clara 88,8 4º Colégio Santa Maria 84,7 5º 83,1 Escola Nossa Senhora das Graças - Itaim 6º Colégio Santo Américo 82,7 7º Colégio Miguel de Cervantes 81,1 8º Colégio Dante Alighieri 79,9 9º Escola Vera Cruz 79,0 10º Colégio Humboldt 76,9 11º Colégio Rainha da Paz 76,6 58
  • 59. 12º Colégio Rio Branco 76,2 13º Colégio Palmares 76,1 14º Colégio I. L. Peretz 76,0 15º Escola Waldorf Rudolf Steiner 74,6 16º Colégio Assunção 74,2 17º Colégio Guilherme Dumont Villares 73,1 18º 73,0 Colégio Hebraico Brasil.Renascença 19º Escola Nova Lourenço Castanho 72,6 20º Colégio Objetivo 71,8 21º Colégio São Domingos 71,5 22º Colégio Santo Antonio de Lisboa 71,1 23º 71,1 Colégio São Vicente de Paulo 24º Colégio Iavne 70,2 25º Colégio São Luís 70,1 26º Colégio Friburgo 70,0 27º Colégio Regina Mundi 69,9 28º Colégio Marista Arquidiocesano 69,8 29º Colégio Domus Sapientiae 69,7 30º Colégio Montessori Santa Terezinha 69,6 31º Colégio Cristo Rei 69,5 32º Colégio Benjanim Constant 69,4 33º Escola Experimental Pueri Domus 68,9 34º Colégio Etapa 68,8 35º Colégio Nossa Senhora do Rosário 68,7 36º Colégio Pio XII 68,5 37º Colégio Nossa Senhora Aparecida 68,4 38º Colégio Opec 68,3 39º Colégio da Companhia de Maria 68,2 40º Escola Móbile 68,1 41º Colégio Mackenzie 68,0 42º Colégio Ofélia Fonseca 67,6 43º Colégio Notre Dame 67,4 44º Liceu Pasteur 66,3 45º Externato Nossa Senhora Menina 66,1 46º Escola Carandá 65,6 47º Escola Logos 65,5 48º Escola da Vila 65,4 49º Colégio Oswald de Andrade/Caravelas 64,9 50º Colégio Sagrado Coração de Jesus 64,7 • Mix de Marketing 59
  • 60. Voltando ao assunto, podemos analisar os quatro elementos do mix de marketing no âmbito de uma associação de ex-alunos, mais especificamente da AAACSC. O produto, neste caso, corresponde aos benefícios oferecidos ao associado. Em organizações sem fins lucrativos costuma-se não haver muito rigor em se desenvolver e testar novos serviços. Essas organizações geralmente estão mais orientadas para a missão do que para o produto. Não há nada de errado com isso, mas o produto em si não pode ser esquecido, uma vez que pode ficar ultrapassado. Nesse tipo de produto, muitas vezes a marca da organização tem uma importância maior que outros elementos (WOKF, 1990, p. 127-128). No caso da AAACSC, apesar da marca já ter sido discutida no tópico acima, não custa ressaltar a força do nome Colégio Santa Cruz. Apesar disso, é bom que seja construída uma marca própria, utilizando o poder do nome Colégio Santa Cruz, mas deixando bem clara que é a AAACSC e não a instituição em si. Os produtos oferecidos serão tanto tangíveis, como os encontros, eventos, o uso da rede de ex-alunos, descontos em diversos serviços e produtos, como intangíveis, sobretudo em relação aos frutos da rede de ex-alunos. A AAACSC será um ótimo espaço para troca de conhecimentos e contatos, e não há como medir quantitativamente esse benefício, mais importando a percepção do que o valor. Nesta mesma categoria está o eventual orgulho de participar da associação, sentimento esse que será mais forte a medida que o valor da marca se fortaleça perante a sociedade. 60
  • 61. Quanto à promoção, é muito importante que a AAACSC busque ficar conhecida, em um primeiro momento entre os ex-alunos, e depois na sociedade como um todo. Se o ex-aluno não souber da existência da associação, ele não irá se associar. Mesmo que todos não se tornem membro, é muito importante que todos já tenham ouvido falar, de modo que, se virem em algum lugar algo relacionado à entidade, possam identificar rapidamente. O modo mais barato de promoção entre os ex-alunos é o boca a boca. Na verdade ações desse tipo já estão sendo pensadas e executadas, antes mesmo da inauguração da AAACSC. Ao procurar- se os líderes naturais de cada turma e incorporá-los no grupo inicial, pretende-se fazer com que eles sejam futuros canais de divulgação de importância inestimável. Mesmo assim esse canal não é suficiente. Pretende-se que uma carta de material “premium” seja enviada para todos os ex-alunos do Colégio Santa Cruz, no mesmo molde do convite aos 50 anos do colégio. A própria direção do Colégio Santa Cruz já sinalizou positivamente no sentido de ajudar com o cadastro e a mala-direta neste caso. Assim, estaremos de fato sinalizando a real existência da AAACSC. O material “premium” agregará o valor necessário para dar um caráter de oficialização e seriedade da organização. Outra importante ação será garantir a publicidade da AAACSC. Uma vez que há ex-alunos jornalistas trabalhando nos mais importantes órgãos de imprensa de São Paulo, não será difícil conseguir cobertura na fundação e grandes eventos em geral. Para que se torne cada vez mais conhecida e respeitada entre os ex-alunos 61
  • 62. e a sociedade, é necessário que a organização esteja presente na mídia. Também há a vertente do marketing social, obtido através do objetivo da ação social transformadora. É importante ressaltar que a ação social transformadora é um objetivo por si só e não para se promover, mas nada impede que a AAACSC se promova também através disso. A associação ainda deve se promover para os alunos, futuros ex-alunos, principalmente com eventos e palestras que a tornem conhecida, ou melhor, almejada. Os eventos na verdade servirão também para promover a AAACSC. Seja para alunos ou ex-alunos, é sempre importante ressaltar a marca, deixando o logo bem visível e exibindo algum tipo de vídeo institucional. O terceiro elemento do mix de marketing é o preço, que ajuda a estabelecer a percepção de valor para um produto ou serviço. Certamente haverá uma taxa mensal ou anual com que o associado deverá contribuir, sobretudo para cobrir a despesas gerais da AAACSC. Essa taxa não pode ser muito alta, uma vez que, de certa forma, a AAACSC compete com outras entidades e associações que também cobram suas taxas. Hoje em dia as pessoas estão expostas cada vez mais a uma infinidade de organizações sem fins lucrativos com missões legítimas, mas é irreal pensar que alguém possa contribuir com todas, por mais que simpatize com todas as idéias. Dessa forma, o membro em potencial faz escolhas sobre quais entidades quer 62
  • 63. ingressar como contribuinte. Para que a AAACSC seja uma delas, o valor da taxa não pode ser demasiadamente alto. Entretanto, esse valor tampouco pode ser muito baixo, mesmo que seja suficiente para cobrir as despesas atuais. Além de ser politicamente complicado aumentar a taxa futuramente, mesmo que o valor relativo em relação à renda continue baixo, uma taxa muito baixa não agrega valor. No caso dos produtos “premium” o preço alto geralmente é percebido como refletindo um alto valor agregado, e a AAACSC certamente quer ser percebida como uma associação que oferece benefícios de alto valor agregado, sobretudo os intangíveis. Por último temos a praça, sendo que esse elemento tem que ser discutido sobre vários aspectos. A maioria dos benefícios oferecidos pela AAACSC não precisará de um local físico para ocorrer. Neste caso, é muito importante que haja uma página na Internet muito bem estruturada. O design deve ser criativo e bonito, e o acesso aos diferentes serviços devem ser simples e seguros. O outro ponto refere-se quanto aos diversos eventos, como encontros e palestras. Os encontros geralmente são feitos em restaurantes e bares que disponibilizem um espaço fechado. Analisar o ambiente e a fácil localização para a maioria é necessário para garantir o sucesso. Palestras poderão ser realizadas no anfiteatro do Colégio Santa Cruz, ou mesmo no novo Teatro Santa Cruz, se o colégio permitir. Seria ideal, de modo que os ex-alunos pudessem entrar em contato direto com o ambiente do colégio. No caso de não ser possível, o lugar escolhido terá que possuir as instalações necessárias e ser de fácil acesso. 63
  • 64. Por último temos a sede da associação. Mais uma vez, o ideal seria que o Colégio Santa Cruz oferecesse uma sala para que lá fosse instalada. No entanto essa parece ser uma hipótese inviável para o colégio nos dias de hoje, sobretudo por causa da falta de espaço. Se a impossibilidade se confirmar, a sede precisará ser instalada em um lugar que agregue valor à associação. Podemos tomar como exemplo a ex-GV, que fica em uma cobertura de um prédio na Paulista. Certamente é um lugar que agrega valor à organização. Outro fator importante é, mais uma vez, o acesso. Outras questões devem ser levantadas acerca da sede. É importante decidir se ela seria apenas um espaço administrativo ou se também deveria abrigar reuniões e eventos de pequeno porte. Mas uma vez, teremos como exemplo a sede da ex-GV, que tem uma sala exclusiva para a gravação dos programas transmitidos pela TV Comunitária e um bar de tamanho razoável. Como disse seu presidente, Benedito Fernandes Duarte, esses acabam se tornando espaços muito ociosos, portanto custosos para a associação. A idéia é que o espaço seja ocupado somente pela administração mesmo, sendo que os demais eventos ocorrerão em espaço alugado ou disponibilizado com desconto ou de graça por membros. O próprio Colégio Santa Cruz oferece seu espaço para eventos e reuniões, sendo interessante utilizá-lo com o pretexto de economizar e reforçar o vínculo. • Pesquisa 64
  • 65. Para que a AAACSC entenda as necessidades de seus membros, como é percebida e avaliada pela comunidade e como os benefícios oferecidos estão sendo vistos, fazem-se necessárias pesquisas de marketing. Através dos resultados pode-se elaborar um plano de marketing que posicione melhor a associação perante seus clientes. Também devem ser feitas pesquisas periódicas para que se conheça melhor o associado. Qual a distribuição de faixa etária? Qual a renda média de cada faixa etária? Qual a distribuição por turmas? Qual a distribuição por sexo? Pelo que os membros se interessam? Qual a disponibilidade deles? Essas e outras perguntas têm que ser respondidas através de pesquisas para que a AAACSC aprimore seus benefícios e saiba para que estão sendo oferecidos. Para que as empresas saibam qual será a carteira de clientes potencial que elas estarão trocando por patrocínio em eventos e descontos, é necessário que esses dados estejam disponíveis. A AAACSC não pode operar na base da adivinhação. Os dados são necessários como ferramenta gerencial e para agregar valor aos produtos. 3.1.5 Finanças e Captação de Recursos Para que uma organização sem fins lucrativos como a AAACSC entre em operação, é necessário um certo montante de recursos. Neste capítulo analisaremos quais as fontes de recursos disponíveis e quais as melhores estratégias para captá-los. 65
  • 66. A literatura sobre captação de recursos certamente é muito vasta, mas nenhuma delas aborda a realidade de associações de benefício mútuo. Os livros geralmente tratam da captação de recursos em ONGs, que ao ter causas mais universais, comportam uma abordagem mais ampla quanto as possíveis fontes de recursos. Já os artigos sobre a captação de recursos das “alumni associations” de universidades americanas e de outras localidades, possuem um objetivo bem distinto do nosso. Essas associações via de regra captam recursos para a própria universidade que as deu origem. Não é o caso da AAACSC, que neste primeiro momento precisa viabilizar os recursos para o seu próprio funcionamento. Captar recursos para o Colégio Santa Cruz é algo que não está nos planos da associação agora, mesmo porque o colégio passou por uma profissionalização na gestão atualmente e aparentemente não faltam recursos. Contudo, se for necessário, a AAACSC certamente se disponibilizará para isso. • Taxa Tendo em visto que seria necessária uma fonte de recursos mais estável para financiar as operações corriqueiras da AAACSC, foi decidido que os membros deveriam pagar uma taxa, como é de praxe na maioria das associações. Além de não poder depender da boa vontade dos doadores eventuais para funcionar, achou-se que seria mais justo se todos fossem obrigados a contribuir com um mínimo. O valor da taxa foi baseado nos fatores de marketing anteriormente discutidos e nos valores usualmente cobrados por 66