5. INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA
ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA DE COIMBRA
CENTRO DE I&D CERNAS
Filomena Gomes – fgomes@esac.pt
Fernando Casau – fcasau@esac.pt
Filipe Melo – fmelo@esac.pt
Goreti Botelho – goreti@esac.pt
Ivo Rodrigues – ivorod@esac.pt
Justina Franco – jfranco@esac.pt
Marta Henriques – mhenriques@esac.pt
Pedro Bingre – bingre@esac.pt
Rosa Guilherme – rguilherme@esac.pt
Rosinda L. Pato – rlsp@esac.pt
DRAP CENTRO - DIREÇÃO
REGIONAL DE AGRICULTURA
E PESCAS DO CENTRO
João Gama – jdigama@gmail.com
INSTITUTO NACIONAL DE
INVESTIGAÇÃOAGRÁRIA
E VETERINÁRIA, I.P.
Helena Machado – helena.machado@iniav.pt
Jorge Capelo – jorge.capelo@iniav.pt
Maria João Barrento – mjoao.barrento@iniav.pt
Rui Sousa – rui.sousa@iniav.pt
COMO CITAR
Gomes F. et al., 2019. Medronheiro – Manual
de boas práticas para a cultura. Edição Digital.
REN – Redes Energéticas Nacionais.
IPC - Instituto Politécnico de Coimbra,
ESAC - Escola Superior Agrária de
Coimbra, CERNAS - Centro de Estudos e
Recursos Naturais Ambiente e Sociedade.
CPM – Cooperativa Portuguesa de Medronho
crl.. Coimbra, 110 p., ISBN 978-989-54532-0-7.
AUTORES
7. A publicação da 2.ª edição deste prático
Manual em menos de um ano após o
lançamento da sua 1.ª edição, vem confirmar
a relevância e o interesse generalizado
por esta cultura mediterrânica que, no
nosso país, vai ganhando cada vez mais
expressão não só em termos do número
de produtores, como de área plantada.
Para este facto, muito tem contribuído a
REN – Redes Energéticas Nacionais SGPS S.A.
que, em 2017, celebrou um protocolo
com a CPM – Cooperativa Portuguesa de
Medronho crl. com o objetivo da promoção
de plantações ordenadas de medronheiros
nas áreas de servidão da REN. A estratégia
firmada por estas duas entidades tem
uma tripla função:
.
. De Conservação da Natureza, uma
vez que a plantação de medronheiros
contribui para a preservação da
nossa floresta através de um recurso
pertencente ao património genético
português e que alberga elevados níveis
de Biodiversidade;
.
. Ambiental,diversificando-seocobertovegetal
e proporcionando um descontínuo florestal
que é uma relevante medida de gestão de
combustíveis contra incêndios rurais;
.
. Socioeconómico, promovendo-se uma
cultura agro-silvícola com impacto
para as comunidades locais em termos
históricos, culturais e económicos.
Todavia, todo este caminho que se vai
percorrendo todos os dias só faz sentido se
houver conhecimento e saber-fazer associado
e, neste campo, são várias as Universidades,
Politécnicos e Institutos de Investigação
nacionais que se têm dedicado a esta espécie
e sua cultura. A ESAC – Escola Superior Agrária
do Instituto Politécnico de Coimbra, de onde
provém grande parte dos autores desta obra,
tem-se destacado nesta árdua tarefa, estando
parte do seu trabalho e parcerias refletidos
nesta obra atualizada e melhorada.
O medronheiro, o mundo rural e a economia
nacional ficam, uma vez mais, beneficiados
com estas parcerias que convergem em obras
essenciais, como a que aqui se apresenta.
Bem-haja a todos os que para ela contribuíram!
Carlos Fonseca
Presidente da Direção da
Cooperativa Portuguesa de Medronho crl.
PRÓLOGO
MENSAGEM DO PRESIDENTE
9. 1. CARACTERIZAÇÃO
DA PLANTA
08
1.1. Espécie 10
1.2. Desenvolvimento do fruto 21
1.2.1. Fase de multiplicação celular 22
1.2.2. Fase do engrossamento celular 22
1.2.3. Fase de maturação e colheita 23
1.3. Associações simbióticas 24
1.3.1. Produção de plantas micorrizadas 26
1.3.2. Pomares de medronheiros
micorrizados 26
2. CULTURA
28
2.1. Exploração de medronheiros 30
2.1.1. Áreas naturais 31
2.1.2. Áreas de pomar em solos florestais
e agrícolas 32
2.2. Plantas de origem seminal vs clonal 33
2.3. Pomar produtor de semente 37
3. INSTALAÇÃO
38
3.1. Avaliação prévia da aptidão do local 40
3.2. Preparação do terreno 48
3.3. Fertilização de instalação 52
3.4. Plantação 57
3.4.1. Recomendações à plantação 60
4. PRÁTICAS
CULTURAIS
62
4.1. Controlo de infestantes 64
4.1.1. Vantagens do mulching orgânico 66
4.2. Nutrição e fertilização 67
4.3. Poda 73
4.3.1. O que podar 76
4.3.2. Ações a evitar 79
5. COLHEITA
DO FRUTO
80
5.1. Características do fruto 82
5.1.1. Evolução da maturação 83
5.2. Época de colheita 85
5.3. Métodos de colheita 87
5.3.1. Colheita para consumo em fresco 87
5.3.2. Colheita para transformação 89
6. POTENCIAL
DO FRUTO
90
6.1. Produtos fermentados 92
6.2. Produtos não fermentados 94
6.3. Valorização dos subprodutos 97
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
98
BIBLIOGRAFIA
102
Agradecimentos
Projetos desenvolvidos, Entidades e Equipas
| ÍNDICE
MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
13. O medronheiro é um arbusto que pode
atingir o porte arbóreo, mas cuja altura não
costuma exceder os 5 a 12 metros.
As suas folhas “lauróides” lustrosas são
perenes, largas e adaptadas a temperaturas
elevadas e a uma atmosfera húmida;
em contrapartida, apresentam menor
resistência à geada.
Outras espécies como a azinheira e
o sobreiro apresentam também folhas
perenes. No entanto, estas são pequenas
e estreitas, “esclerófilas”, melhor adaptadas
tanto à secura como à geada.
Folha lauróide de medronheiro
Folha esclerófila de azinheira
14. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
12
CLIMA
Apesar de atualmente ocorrer
espontaneamente na região
mediterrânica (e na Irlanda!),
o medronheiro é uma espécie
que surgiu dezenas de milhões
de anos antes do atual clima
existir. Na sua origem, crescia
sob um clima subtropical sem
secura estival, nem geadas
invernais, nem grandes
amplitudes térmicas e, por
isso, tem maior ocorrência nos
pontos com condições similares.
Não tolera os verões demasiado
secos (precipitações anuais
abaixo dos 550 mm), a menos
que se instale perto de cursos
de água ou lençóis freáticos.
Está normalmente excluído
das altitudes mais elevadas
(aprox. 900 m de altitude)
com períodos de geada mais
frequentes e prolongados.
Distribuição geográfica do medronheiro – Fonte: Caudullo et al. (2017)
15. SOLO
Vegeta melhor em solos
de profundidade moderada
(Cambissolos).
Indiferente à natureza química
do solo, pode crescer em
solos derivados de rochas
siliciosas (como por exemplo,
granitos, grauvaques, arenitos,
paleodunas, areias e a maioria
dos xistos) ou mesmo em
solos de origem calcária em
condições de descarbonatação
da solução do solo sob
precipitações mais elevadas.
Encontra-se um pouco por
todo o país, ainda que, nas
regiões de solos esqueléticos
predomine em troços côncavos
do relevo, onde a planta
pode encontrar um solo
mais espesso.
Distribuição geográfica – Fonte: Bingre et al. (2007)
16. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
14
ECOLOGIA E
DISTRIBUIÇÃO
Espécie dominante ao longo
da sequência de comunidades
vegetais de orlas arborescentes
(matagal alto) alteradas
naturalmente ou resultantes do
desadensamento (corte seletivo,
desmatação ou incêndio
moderado) ou da eliminação
de florestas espontâneas
de sobreiro (Quercus suber),
carvalho-negral (Q. pyrenaica),
carvalho-alvarinho (Q. robur)
ou mistas destas espécies.
Geralmente ausente nos matagais
altos das sucessões associadas
à azinheira (Q. rotundifolia) ou
dos sobreirais mais secos, com
zimbros (Juniperus oxycedrus
subsp. Lagunae).
O medronheiro em áreas com matagal alto, associado ao sobreiro, em Monchique
17. Pode constituir vegetação permanente
e dominante em cristas rochosas ou
noutras estações de solos incipientes,
fisiologicamente secas por ação do vento
ou ainda participar como co-dominante
em etapas sucessionais mais degradadas
como sejam urzais (matos baixos de
ericáceas), tojais (matos de Ulex sp. pl.)
e estevais (matos de Cistus sp. pl.).
O medronheiro em áreas secas e solos delgados, associado a matos baixos, como urzes, no Barranco do Velho,
Associação de Produtores Florestais da Serra do Caldeirão – Foto: P. Jesus
18. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
16
ECOLOGIA E
DISTRIBUIÇÃO:
DOIS GRUPOS
I. ÁREA LITORAL DO PAÍS,
de maior influência atlântica,
onde as precipitações são mais
elevadas e a amplitude térmica
verão/inverno é menor;
Corresponde a etapas pré
florestais de sobreirais e
carvalhais termófilos e mais
húmidos; com arbustos
de folha larga e lustrosa
lauroide (ex: azereiro/Prunus
lusitanica, loureiro/Laurus
nobilis, samouco/Morella faya)
e de forma localizada, com
a adelfeira/Rhododendron
ponticum (indicador de maior
disponibilidade de água).
Este grupo é também rico
em lianas (ex: salsaparrilha-
-do-reino/Smilax aspera,
pervinca/Vinca difformis).
II. ÁREA INTERIOR DO PAÍS,
de maior influência
mediterrânica, onde as
precipitações são mais
baixas e a amplitude térmica
verão/inverno é maior;
Região mais pobre em
arbustos de folha larga
e lustrosa e em lianas;
Ocorrem entre outras
espécies, características
do clima mediterrânico,
a urze-das-vassouras
(Erica scoparia), o estevão
(Cistus populifolius) ou
giestas (Cytisus sp. pl.),
espécies melhor adaptadas
à seca e a maiores
amplitudes térmicas.
19. Na área litoral, o
medronheiro, aparece
associado a arbustos
de folha larga, como a
adelfeira (Rhododendron
ponticum), em Monchique.
Na área interior, o medronheiro, aparece associado à urze, ao estevão ou às giestas – Foto: A. Guerreiro
20. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
18
OCUPAÇÃO
ATUAL
Na figura é identificada:
I. Área estimada de ocupação
atual
II. Integração da área de
distribuição da espécie
com as Áreas Classificadas
(áreas Protegidas e Rede
Natura 2000), o que permite
a identificação das áreas
com maior potencial para
a conservação dinâmica
dos recursos genéticos
de medronheiro.
Áreas protegidas
Rede Natura 2000 (SIC)
ÁREA ESTIMADA DE OCUPAÇÃO
Umsólocal ~28,9km2
Fonte: Araújo et al. (2018)
21. RESILIÊNCIA A ÁREAS
DEGRADADAS
Adapta-se a diferentes tipos de solos,
mesmo os delgados e de baixa fertilidade,
vulgarmente denominados de solos
florestais dada a sua principal utilização.
A presença de medronheiros contribui para a
estabilização do solo, aumento da capacidade
de retenção de água, diminuição dos riscos
de erosão e aumento da biodiversidade
e da matéria orgânica dos solos.
Contributo do medronheiro para o aumento da matéria orgânica do solo: a altura da camada de folhada que
se deposita no solo é superior à do telemóvel, como evidenciado na figura em cima
22. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
20
RESILIÊNCIA
A INCÊNDIOS
O medronheiro detém uma forte
resiliência ao fogo.
Apresenta uma rápida
capacidade de regeneração e
recolonização após a ocorrência
de incêndios florestais,
sendo normalmente uma das
primeiras espécies a rebentar
nas áreas ardidas retomando
a produção após 2-3 anos.
Estas caraterísticas tornam‑na
numa espécie interessante para
programas de reflorestação
e em medidas de prevenção
a incêndios florestais.
Resiliência do medronheiro à passagem do incêndio (Outubro
2017), Parcela da Lenda da Beira. – Foto: J. Martins
Regeneração do medronheiro após a ocorrência
de um incêndio florestal, em Piódão (2005)
23. Curva de crescimento do fruto
1.2.
| DESENVOLVIMENTO
DO FRUTO
No estado de planta adulta, o medronheiro,
exibe em simultâneo flores e frutos em
diferentes estados de maturação, podendo
decorrer da floração à colheita cerca de
12 meses. Durante este ciclo ocorrem distintas
fases de desenvolvimento do fruto, nas quais
este fica exposto durante um longo período
de tempo a adversidades do meio envolvente.
Crescimento
do
fruto
Multiplicação
celular
Engrossamento
celular
Maturação
Colheita
Out Fev Jun
Nov Mar Jul Out
Dez Abr Ago Nov
Jan Mai Set
Indução
Diferenciação floral
Floração
24. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
22
1.2.1.
FASE DE
MULTIPLICAÇÃO
CELULAR
Após a fecundação, durante
a fase de multiplicação celular
(outubro a março), a planta
apresenta (Figura pág. 17):
I. Baixa taxa de fotossíntese
e de consumo de hidratos
de carbono de reserva;
II. Baixa taxa de crescimento
dos lançamentos e de folhas;
III. Reduzido crescimento
radicular;
IV. Reduzida absorção de
nutrientes, não aumentando
o fruto, praticamente, de
tamanho. Contudo, as células
que o vão constituir estão
em formação;
V. Nesta altura, inicia-se
a colheita dos frutos que
vingaram no ano anterior.
1.2.2.
FASE DO
ENGROSSAMENTO
CELULAR
Na primavera tem início a fase
do engrossamento celular
(março a outubro), ocorrendo
(Figura pág. 17):
I. Renovação de folhas
(com queda das mais velhas)
associada a uma elevada taxa
de fotossíntese, crescimento
vegetativo e acumulação de
fotoassimilados nos frutos;
II. Crescimento radicular
e elevada absorção
de nutrientes;
III. Competição entre
o crescimento vegetativo
e a frutificação do próprio
ano e do ano seguinte;
IV. Crescimento do fruto do
ano de acordo com as suas
características.
De junho a outubro ocorre a
indução e diferenciação floral,
definindo a produção de fruto
do ano seguinte.
25. 1.2.3.
FASE DE
MATURAÇÃO
E COLHEITA
No outono os frutos atingem
a fase de maturação (a partir
de outubro). Nesta fase
(Figura pág. 17) ocorre:
I. A diminuição da taxa de
fotossíntese, do consumo
de hidratos de carbono
de reserva e da taxa de
crescimento dos frutos;
II. O incremento da absorção
de potássio, que induz maior
teor em açúcares;
III. O aumento do calibre dos
frutos, seguido do processo
de alteração da cor, textura
e firmeza/dureza;
IV. A colheita do fruto que vingou
no ano anterior.
Início da floração nos ramos
do ano e da nova curva de
crescimento do fruto.
Medronheiro com frutos na fase de maturação e flores que irão
originar nova curva de crescimento dos frutos.
26. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
24
1.3.
| ASSOCIAÇÕES
SIMBIÓTICAS
Micorrizas são estruturas
resultantes da associação
simbiótica entre algumas
espécies de fungos e plantas.
As plantas micorrizadas
beneficiam de:
I. Uma melhor nutrição;
II. Um sistema radicular
mais eficaz;
III. Um volume de terra maior
explorado pelas raízes e hifas
de fungos micorrízicos para
satisfazer as necessidades
em água e nutrientes;
IV. Uma maior tolerância a
stresses bióticos e abióticos.
Fungo
micorrízico
Raízes
das plantas
Absorção de água
e nutrientes do solo
Energia e
fotoassimilados
Planta de medronheiro evidenciando a presença de micorrizas ao nível das raízes e as vantagens para ambas
as partes (planta e fungo)
MICORRIZAS
27. FUNGOS SIMBIONTES
O medronheiro estabelece simbiose
com uma grande variedade de fungos
micorrízicos.
I. Em condições naturais:
aparecem associados a várias espécies
de Laccaria, Russula, Cortinarius,
Inocybe e Hebeloma.
Lactarius deliciosus
Inocybe sp.
II. Em condições controladas
(viveiro e laboratório):
pode inocular-se com Lactarius deliciosus,
Pisolithus arhizus, Tuber borchii.
28. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
26
1.3.1.
PRODUÇÃO
DE PLANTAS
MICORRIZADAS
A micorrização controlada
engloba as seguintes tarefas
sequenciais:
I. O estabelecimento de
culturas puras e a sua
multiplicação em condições
laboratoriais;
II. A inoculação de
medronheiros em laboratório
ou em condições de viveiro;
III. A sua instalação no campo
após confirmação do sucesso
da micorrização.
1.3.2.
POMARES DE
MEDRONHEIROS
MICORRIZADOS
Para beneficiar de taxas de
sobrevivência e produtividade
mais elevadas, pode
proceder‑se à instalação
de pomares com medronheiros
inoculados artificialmente
com fungos micorrízicos.
A plantação será ainda mais
rentável utilizando plantas
selecionadas para a produção
de fruto e inoculadas com
cogumelos comestíveis.
Produção de plantas de medronheiro micorrizadas: I) em laboratório: A - estabelecimento e multiplicação
de culturas puras de fungos micorrízicos; B - inoculação das plantas; e II) em viveiro: C - aclimatação das
plantas e monitorização das raízes para confirmação da presença de micorrizas
A B C
29. Planta micorrizada com Lactarius
deliciosus e Tuber borchii antes
da instalação do ensaio
32. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
30
2.1.
| EXPLORAÇÃO
DE MEDRONHEIROS
B – ÁREAS NATURAIS NÃO
INTERVENCIONADAS
I. Plantas espontâneas,
dispersas, de grandes
dimensões e, a maioria das
vezes, no meio de matos
o que dificulta a colheita
do fruto;
II. Necessário intervir de forma
a beneficiar a regeneração
natural e a sua exploração,
controlando os matos.
A – ÁREAS NATURAIS
INTERVENCIONADAS
I. Plantas conduzidas de
forma aberta para facilitar
a produção de fruto e a
colheita;
II. Controlo da vegetação
espontânea, mantendo
o solo coberto (proteção
do solo e da água);
III. Realização de rolagem/corte
em plantas envelhecidas,
para promover a sua
regeneração.
A – Áreas naturais conduzidas em exploração, em Monchique,
na parcela de Francisca Melo Lda.
B – Áreas naturais não intervencionadas
33. Intervenção em áreas naturais: limpeza, seleção
de plantas e podas
2.1.1.
ÁREAS NATURAIS
INTERVENÇÕES
Recomendam-se algumas intervenções,
que apresentam como principais objetivos
o aumento da produção e a melhoria das
condições na colheita do fruto:
I. Limpeza de mato com corta-matos/
destroçador ou motorroçadora;
II. Seleção das plantas a constituir o
medronhal e a facilitar posteriores
intervenções;
III. Podas para seleção de ramos
e/ou rolagem de plantas de maiores
dimensões ou envelhecidas;
IV. Fertilizações ou correções do solo
se necessário;
V. Adensamento da área, com recurso
à plantação (caso seja necessário).
Intervenção em áreas naturais: Adensamento com
preparação do solo na linha e plantação em S. Pedro
de Alva, parcela da Medronhalva, Lda
34. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
32
2.1.2.
ÁREAS DE POMAR
EM SOLOS FLORESTAIS
E AGRÍCOLAS
Na última década, devido ao
crescente interesse económico
pela espécie, o medronheiro
tem sido instalado em pomares
ou plantações ordenadas.
Estas áreas já representam
cerca de 500 ha em Portugal
(Cooperativa Portuguesa
do Medronho/CPM).
Os pomares têm sido
instalados com:
.
. plantas de semente e clones;
.
. compasso: 3,5 m - 5 m
na entrelinha e 2,5 m - 4 m
na linha;
.
. segundo as curvas de nível
em zonas de maior declive (A);
.
. adubação à plantação;
.
. recurso a rega, em alguns
casos (B).
A – Pomar de sequeiro segundo as curvas de nível, na Pampilhosa
da Serra, parcela da Lenda da Beira, Lda
B – Pomar de regadio, em Cuba, parcela de C. Guerreiro
35. Seleção de plantas em Piódão, parcela de J. Fontinha
2.2.
| PLANTAS DE ORIGEM
SEMINAL VS CLONAL
Tradicionalmente, o medronheiro é
explorado em áreas naturais não ocorrendo
nenhum processo de seleção das melhores
plantas para extração de semente e posterior
produção de plantas.
Este processo natural tem como principais
VANTAGENS:
I. A existência de grande variabilidade das
plantas no estado selvagem, o que permite
a adaptabilidade da espécie a condições
de stresse ambiental (ex: défice hídrico,
geada, tipo de solo);
II. O potencial de conservação dinâmica
dadiversidadedaespécie,emparticularnas
ÁreasClassificadas(ÁreasProtegidaseRede
Natura 2000, 21,5% do território nacional).
E como principal LIMITAÇÃO:
III. A inexistência da seleção das melhores
plantas para a produção de fruto, não
garantindo a homogeneidade da produção
e da qualidade do fruto.
PLANTAS SEMINAIS
Quando são utilizadas plantas provenientes
de semente é importante:
I. Utilizar sementes provenientes da mesma
região para garantir a adaptabilidade
da planta ao meio envolvente e,
consequentemente, menores perdas;
II. Utilizar, também, sementes provenientes
das melhores plantas.
A seleção das plantas deve ser realizada
com base nos seguintes aspetos:
I. Porte da planta;
II. Produção (homogeneidade/safra);
III. Qualidade do fruto - calibre; firmeza/
dureza; peso; Brix (≥ 18%); açúcares
redutores (≤ 600 mg/L); pH( 3-3,5)
e acidez total( ≥ 12 %).
36. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
34
PLANTAS CLONAIS:
SELEÇÃO E
PROPAGAÇÃO
A obtenção de plantas iguais
às plantas-mãe (clones) é um
processo de melhoramento
de acordo com as seguintes
etapas: 1) Seleção de plantas em
diferentes condições ecológicas;
2) Avaliação da produção e
qualidade do fruto; 3) Propagação
vegetativa por estacaria (A)
ou micropropagação (B); 4)
Produção de plantas clonais para
instalação de ensaios de campo.
Produção de plantas clonais: seleção (1); avaliação da produção e qualidade do fruto (2); métodos de propagação
(3A - por estacaria ou 3B - por micropropagação) e atempamento final em viveiro (4)
1 2 3 (A ou B) 4
B
A
37. PLANTAS CLONAIS:
AVALIAÇÃO EM
ENSAIOS DE CAMPO
Antes de utilizar as plantas
clonais em larga escala,
deve‑se:
I. Instalar ensaios com
plantas clonais e seminais
em diferentes regiões
ecológicas;
II. Monitorizar a taxa de
sobrevivência, crescimento,
a nutrição, a produção e a
qualidade do fruto;
III. Identificar os clones melhor
adaptados às diferentes
regiões, para posterior
alocação.
Têm sido instalados ensaios
de campo, no Centro e Sul
do País, para avaliação do
comportamento dos clones
e posterior alocação (indicação
das estações ecológicas, para
os diferentes clones em função
dos resultados de adaptação
e produção).
Ensaios clonais instalados em 2007 (idade 7 anos): – Estreito, parcela
de A. Lourenço
Ensaios clonais instalados em 2007 (idade 7 anos): – Pampilhosa
da Serra, parcela da Lenda da Beira, Lda
38. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
36
PLANTAS CLONAIS:
ALOCAÇÃO
Alocação dos clones:
identificação dos clones
melhor adaptados às
diferentes condições
de solo e clima, em função
dos resultados dos ensaios
de campo e dos objetivos
dos produtores (aguardente,
consumo em fresco,
transformação / incorporação
em novos produtos).
Instalação de pomares com recurso a plantas clonais selecionadas em função da estação ecológica e objetivo do produtor,
em A - Proença-a-Nova, parcela de Tiago Cristóvão; 2,5 anos após a instalação/2014; B - Em Aljezur, parcela de João Pacheco
A B
39. Pomar produtor de semente instalado na ESAC
2.3.
| POMAR PRODUTOR
DE SEMENTE
Foi instalado, na ESAC, um pomar produtor
de semente tendo como objetivos:
I. Promover o cruzamento entre clones
selecionados:
.
. seleção de área isolada (de outras
plantas da mesma espécie), para
garantir a não contaminação com pólen
de origem desconhecida;
.
. instalação de clones (20 clones/2015);
.
. monitorização da floração e produção;
.
. colheita de fruto por planta/clone.
II. Obter plantas de semente provenientes do
cruzamento de clones selecionados para
instalação de novos ensaios de campo.
III. Fornecer plantas ao mercado.
42. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
40
3.1.
| AVALIAÇÃO PRÉVIA
DA APTIDÃO DO LOCAL
A análise da vegetação
envolventeéoprimeiroindicador
dascaracterísticasdolocal,
sendoaexistêncianatural
demedronheirosumindicador
daaptidãoparaacultura.
Outras características devem
ser consideradas:
.
. climáticas;
.
. altitude, exposição solar, rocha,
solo,decliveehidrografia;
.
. vegetação associada ao
medronheiro e existência
de espécies protegidas e/ou
áreas de proteção;
.
. vegetação indicadora das
características do meio
(encharcamento, pH);
.
. perfil do solo e avaliação
da fertilidade do solo
(análise de terra).
Estas características
identificam o potencial da
área para a cultura e apoiam
nas decisões relativamente
a espécies a proteger, à área
a afetar e às intervenções a
efetuar (mobilização do solo
de forma contínua, em faixas,
localizada ou pontual).
Clima Altitude,
Rocha-mãe e solo
Vegetação
associada
Vegetação
indicadora
A não existência de espécies arbustivas poderá ser indicador de limitações do meio físico
A presença natural de medronheiro no local é um indicador da aptidão para a cultura
• Clima
ampla aptidão
climática
• Precipitação igual
ou superior a 550 mm
• Período geada não
muito longo
• Altitude
inferior a 900 m
• Rocha-mãe
xistos, granitos,
grauvaques, arenitos,
paleodunas, calcários
descarbonatados
• Solos
ampla aptidão edáfica
• Em função da
humidade:
• Maior
folhado, azereiro,
loureiro, lentisco
• Menor
giesta, urze, esteva
• Fetos:
indicador
de humidade
• Azedas:
indicador de pH
baixo (acidez) –
necessária
a correção
(calagem)
43. OBSERVAÇÕES
PRELIMINARES
A observação do perfil do solo
permite identificar:
I. A espessura efetiva do solo,
que informa sobre o volume atual
de solo disponível para as raízes;
II. A profundidade da rocha‑mãe
e grau de dureza, que informa
sobre o tipo de máquina a utilizar
para a mobilização do solo
e a profundidade a atingir;
III. A existência de horizontes/
camadas impermeáveis
compactas e profundidade (calo
da lavoura ou camada compactada
pela presença de argila ou ferro,
de tons pardos ou avermelhados);
IV. A profundidade de mobilização
para romper esses horizontes
através de ripagem ou
subsolagem; não são
aconselháveis lavouras (levam
à inversão dos horizontes).
Perfil com espessura efetiva do solo reduzida para
o desenvolvimento das raízes, com exposição de
caraterísticas da rocha-mãe (tipo e dureza)
A profundidade de desenvolvimento das raízes
e a presença de camada compacta, podem ser
observadas neste perfil
44. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
42
OBSERVAÇÕES
PRELIMINARES
A observação do perfil do solo
permite identificar:
V. A pedregosidade (com
diâmetro superior a 100 mm)
e a existência de pedras;
VI. A existência e profundidade
da toalha freática;
VII. A presença de minhocas
e outros invertebrados de
solo (indicador de um solo
rico em matéria orgânica);
VIII. A profundidade de
desenvolvimento das
raízes; a textura (arenosa,
franca, argilosa/pesada)
e a agregação do solo
ao longo do perfil.
Globalmente, estes fatores
fornecem informação sobre:
.
. O tipo de máquina e
equipamento a utilizar
na mobilização;
.
. A profundidade de trabalho
(aumento do volume de terra
disponível para as raízes,
nutrientes e água);
.
. Os custos associados
às mobilizações.
Abertura do perfil do solo
45. CONDICIONANTES
A – ZONAS PLANAS E COM
EXCESSO DE ÁGUA:
I. Em áreas planas, a presença
de ferro reduzido no perfil
(tons cinzentos e escuros)
indica a profundidade da
toalha freática (se perto
da superfície limita o
desenvolvimento das raízes
e favorece o aparecimento
de doenças);
II. As plantas reagem mal ao
excesso de água no solo;
III. Em terrenos ligeiramente
inclinados a drenagem
ocorre de forma natural;
IV. É necessário garantir
a drenagem através da
plantação num terreno
armado em camalhões
ou, mais eficaz, através
da abertura de valas
de drenagem (rede de
drenagem superficial
ou subterrânea).
Armação do terreno em camalhões, Banco Clonal, na ESAC
46. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
44
B - O DECLIVE DO TERRENO
INDICA O RISCO DE EROSÃO E
DA NECESSIDADE DE PROTEÇÃO
DA EROSÃO (SOLO E ÁGUA):
I. A mobilização do solo deve
ser realizada segundo as
curvas de nível;
II. Para declives superiores
a 15% devem ficar faixas
não mobilizadas de cerca de
3-4 metros (todos os 40-20m,
função do declive), ou limpas
com corta-matos, de modo
a reduzir o risco de erosão;
III. As faixas não mobilizadas
com vegetação espontânea
(com baixo grau de
combustibilidade) ou outras
espécies (ex: melíferas)
reduzem o risco de incêndios,
protegem o solo e aumentam
a biodiversidade.
Mobilização do solo segundo as curvas de nível, em Aljezur, parcela de J. Pacheco
47. Declives superiores a 30%:
.
. Em áreas integradas na Reserva
Ecológica Nacional (REN): intervenções
localizadas/pontuais para a limpeza
de mato e abertura de covas;
.
. A mobilização segundo as curvas
de nível, armação do terreno em
socalcos/terraços intervaladas por
faixas não intervencionadas, só é
possível após a autorização do ICNF.
A existência de espécies protegidas
dá indicação:
.
. Das espécies a proteger/conservar
(área que não pode ser mobilizada);
.
. Da área a afetar;
.
. Tipo de intervenção a realizar (em faixas
segundo as curvas de nível, localizada
ou pontual).
Declives superiores a 30% (área da REN) Intervenção localizada com motorroçadora
48. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
46
C - FAIXAS DE VEGETAÇÃO
ESPONTÂNEA OU DE ÁREA
NÃO MOBILIZADA:
I. Protegem a cultura
de pragas, através do
alimento e abrigo que
proporcionam a insetos
auxiliares (e.g. joaninhas)
e aves insetívoras, espécies
predadoras ou parasitoides
de afídios, cochonilhas
e lagartas, protegendo
preventivamente as plantas
no pomar;
II. Devem estar localizadas nas
linhas de água, bordadura de
caminhos, extremos, fins de
linha, vedações e entrelinhas;
III. Constituídas por espécies
autóctones favoráveis ao
abrigo e alimento a insetos
auxiliares e polinizadores;
mas que não sejam
hospedeiros de pragas
ou doenças do medronheiro;
IV. Reduzem o escoamento
superficial da água (proteção
do solo).
Faixas de proteção com espécies autóctones,
rosmaninho (em cima) e colmeias (em baixo) para abrigo
de polinizadores, na Pampilhosa da Serra, parcela
da Lenda da Beira, Lda – Foto de baixo: C. Gama
49. D - PROTEÇÃO DO VENTO:
I. Instalação de quebra-ventos para os
ventos dominantes, em forma de L
(com espécies melíferas, de folha perene,
em filas duplas ou triplas para fornecer
maior proteção);
II. Os quebra-ventos semipermeáveis
protegem uma área de 15 a 20 vezes
a sua altura;
III. Os quebra-ventos impermeáveis são
desaconselháveis uma vez que a área
protegida é menor e provocam remoinho.
Sebe como quebra-vento para proteção dos ventos
dominantes (redução da queda do fruto)
Presença de polinizadores
E - EXPOSIÇÃO:
I. A exposição a sul, com maior
insolação, favorece a polinização
e consequentemente a frutificação.
Durante o processo de desenvolvimento
do fruto, ocorrem fenómenos naturais
de queda de fruto provocada por ventos,
geada, granizo e seca.
50. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
48
3.2.
| PREPARAÇÃO
DO TERRENO
A - CONTROLO DOS MATOS /
VEGETAÇÃO ESPONTÂNEA:
I. Em função da altura,
densidade, tipo (herbáceo
ou lenhoso; risco de
regeneração) e porte;
II. Intervençãosegundoascurvas
de nível nas áreas a mobilizar;
III. Gradagem simples vs cruzada
ou com 2 passagens função
do tipo de vegetação e área
a afetar.
B - MOBILIZAÇÃO
DO SOLO:
I. Ripagem simples na linha
de plantação para quebrar
camadas compactas,
aumentar a profundidade
e o volume do solo explorado
pelas raízes;
II. Ripagem cruzada, se
necessário, em que aúltima
passagem é realizada
à curva de nível.
Ripagem para aumentar a profundidade do solo
(em pormenor dentes do ríper)
Gradagem, com grade rebocada para limpeza
da vegetação espontânea
51. III. Em alternativa, usar a alfaia de duplo
efeito (gradagem e ripagem em
simultâneo);
IV. Mobilizar quando o solo está em sazão
ou seco, para promover o rompimento
e arejamento do solo;
V. Não mobilizar com excesso de água,
induz a compactação do solo e limita
o desenvolvimento das raízes.
Mobilização com excesso de água no solo (a não realizar) Carreamento de pedras após ripagem realizada
a profundidade inadequada
VI. A profundidade da ripagem varia
em função do grau de desagregação
e da profundidade da rocha-mãe,
da existência de camadas compactas
e da textura do solo;
VII. A profundidade de trabalho pode variar
entre 0,6 m a 1 m. Em solos pedregosos,
o dente do ríper deverá ter um ângulo
entre 76° e 90° de forma a não favorecer
a subida/carreamento de pedras.
52. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
50
C - OPERAÇÕES
COMPLEMENTARES:
I. No primeiro ano efetuar
um permanente controlo
das infestantes na linha de
plantação ou junto à planta;
II. Um ano após a plantação
realizar a retancha de falhas;
III. Se possível efetuar a sacha
e amontoa.
IV. O revestimento das
entrelinhas tem a função
de controlar infestantes,
proteger o solo, melhorar
a fertilidade do solo
(leguminosas – N), reduzir
a erosão e promover
a biodiversidade;
V. Na ausência de vegetação
espontânea, proceder à
sementeira de leguminosas
e gramíneas ou à cobertura
com mulch (resíduos
orgânicos castanhos,
ricos em carbono, casca
de pinheiro) ou outro
coberto vegetal.
Proteção do solo, através do revestimento das entrelinhas
Controlo de infestantes na linha de plantação, no 1º ano,
parcela de J. Pacheco
53. Perfil do solo Análise do solo Vegetação Topografia
• Espessura efetiva
• Presença de raízes
• Camadas
compactas
• Profundidade
e grau de
desagregação
da rocha–mãe
• Pedregosidade
• Textura
• Reação do solo
• Disponibilidade
de nutrientes
• Altura
• Porte
• Densidade
• Zonas planas
• vs declive
• Aplicação de
corretivos
(calagem)
• Adubação de fundo
(P) e localizada
à plantação
• Corte e
incorporação
a 20–40cm
• Gradagem segundo
as curvas de nível,
simples ou cruzada
• Valas de drenagem
• vs mobilização
curvas de nível
Caracterização geral da estação para a decisão sobre
o tipo de intervenção
Proteção
Área a mobilizar(contínua, faixas), intensidade (gradagem
simples vs cruzada; profundidade da ripagem), para estimular
o crescimento das raízes, reduzir os custos e o impacto ambiental
(proteção do solo e das culturas).
• Faixas de proteção
da erosão, de
pragas e do vento
Operações complementares
Retancha, sacha, amontoa e revestimento
das entrelinhas
54. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
52
3.3.
| FERTILIZAÇÃO
DE INSTALAÇÃO
A fertilização de instalação
é determinante para corrigir
a fertilidade do solo e assegurar
um desenvolvimento das
plantas que permita obter
o nível de produção esperado
e a qualidade desejada.
Colheita de amostras de terra para análise, em São Pedro de Alva, parcela da Medronhalva, Lda.
Antes da instalação da cultura
é fundamental conhecer
o estado de fertilidade do
solo através da realização
de análises de terra.
55. COLHEITA DE
AMOSTRAS DE TERRA
Delimitar parcelas homogéneas
de terreno quanto à cor, textura,
declive, drenagem, culturas
anteriores e técnicas culturais;
I. Antes da colheita das
amostras, retirar os resíduos
vegetais, pedras e outros
detritos à superfície do ponto
de amostragem;
II. Colher em ziguezague, ao
longo da parcela homogénea,
15 a 20 subamostras de
0 a 50 cm de profundidade.
Misturar num balde e retirar
as pedras com dimensão
superior a 2 cm;
III. Retirar 0,5 a 1 kg de terra
para um saco de plástico
limpo e identificar com duas
etiquetas, uma colocada
dentro do saco e outra
por fora, com os dados do
proprietário e da parcela;
IV. A amostra final deve ser
representativa de uma
unidade homogénea,
no máximo com 5 ha.
Colheita de amostra de terra com sonda de trado
Colheita de amostras de terra em zigzag em duas parcelas homogéneas
56. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
54
ANÁLISES
A REALIZAR
Os resultados das análises de
terra permitem tomar decisões
sobre a necessidade de
melhorar o nível de fertilidade
do solo, nomeadamente, a
correção da acidez e do teor de
matéria orgânica bem como a
aplicação de nutrientes como o
fósforo, o potássio e o magnésio.
ANÁLISES MÍNIMAS
ACONSELHÁVEIS:
Textura de campo, pH,
necessidade em cal, matéria
orgânica, fósforo (P2O5) e
potássio (K2O) extraíveis, cálcio
(Ca) e magnésio (Mg) de troca
e boro (B) extraível.
ANÁLISES OBRIGATÓRIAS
DE ACORDO COM AS NORMAS
DA PRODUÇÃO INTEGRADA
(FRUTEIRAS):
Análise granulométrica,
matéria orgânica, pH (H2O),
necessidade em cal, fósforo
(P2O5) e potássio (K2O)
extraíveis; calcário total
(e ativo, se a pesquisa de
carbonatos for positiva),
condutividade elétrica,
magnésio (Mg) extraível, bases
de troca (Ca2+, Mg2+, K+, Na+)
e capacidade de troca catiónica
(CTC), boro (B), cobre (Cu),
ferro (Fe), manganês (Mn),
zinco (Zn) extraíveis.
A colheita e a análise das
amostras deverá ser realizada
com a antecedência em
relação à instalação da
cultura, de modo a permitir
a aplicação de corretivos
e/ou fertilizantes.
57. PARÂMETROS
INDICADORES DA
FERTILIDADE DO SOLO
Alguns parâmetros são
indicadores do estado de
fertilidade do solo, à plantação,
influenciando positivamente
o desenvolvimento das plantas
e a produção, concretamente:
.
. solo com textura média;
.
. pH na gama de pouco ácido
(5,6-6,5);
.
. teores médios de matéria
orgânica (2,1-4%), em solos
com textura média;
.
. teores médios de fósforo
(P2O5) e potássio (K2O)
extraíveis (50-100 mg kg-1
);
.
. teores médios de cálcio
e magnésio de troca
(5–10 cmol(+)
Ca2+
100g-1
;
1-2,5 cmol(+)
Mg2+
100g-1
);
.
. teores médios em boro
extraível (0,4-1,0 mg B kg-1
).
pH (H2O) Designação*
≤ 4,5 Muito Ácido
Ácido
4,6 ‑ 5,5 Ácido
5,6 ‑ 6,5 Pouco ácido
6,6 ‑ 7,5 Neutro Neutro
7,6 ‑ 8,5 Pouco alcalino
Alcalino
8,6 ‑ 9,5 Alcalino
> 9,5 Muito alcalino
Matéria orgânica* (%)
Classe de
fertilidade
Solos
textura ligeira
Solos
textura média
ou pesada
≤ 0,5 ≤ 1,0 Muito baixa
0,6 – 1,5 1,1 – 2,0 Baixa
1,6 – 3,0 2,1 – 4,0 Média
3,1 – 4,5 4,1 – 6,0 Alta
> 4,5 > 6,0 Muito alta
P2O5 e K2O extraíveis
(mg kg-1
)
Classe de
Fertilidade*
≤ 25 Muito baixa
26-50 Baixa
51-100 Média
101-200 Alta
> 200 Muito alta
*Fonte: LQARS (2006)
58. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
56
Em função do resultado da
análise de terra, poderão ser
aplicados ao solo:
I. Corretivos minerais para
aumentar ou diminuir o pH;
II. Corretivos orgânicos para
aumentar o teor em matéria
orgânica;
III. Adubos para aumentar o
teor no solo dos nutrientes
necessários para a
instalação da cultura,
em particular de fósforo,
potássio, magnésio e boro.
À instalação não deverá ser
aplicado azoto mineral.
Durante o 1º ano poderão ser
aplicados 20 kg N ha-1, podendo
as quantidades ser ajustadas
anualmente*.
*Fonte: LQARS (2006)
Aplicação localizada de adubo de libertação controlada,
ao fundo da cova, em simultâneo com a plantação
59. 3.4.
| PLANTAÇÃO
Antes de proceder à plantação há que,
obrigatoriamente, ponderar um conjunto
de decisões culturais:
I. Densidade de plantação (nº plantas/ha).
A distância entre plantas varia de acordo
com as caraterísticas da parcela sendo os
compassos (entrelinha*linha) mais usuais
3,5 m* 2,0/3,0 m a 5,0 m* 2,0/3,0 m
(± 1 000 plantas/ha). Nas plantações
nas faixas de linhas de transporte de
energia da REN, as distâncias devem
ser aumentadas para 6,0 m x 6,0 m,
já que é um espaço inserido nas redes
secundárias da defesa da floresta
contra incêndios;
Em sequeiro, a densidade varia em função
da precipitação (menor precipitação
menor densidade) e das características
do solo (aptidão do local);
II. Tipo de planta (clonal vs seminal);
III. Orientação das linhas de plantação;
IV. Revestimento do solo;
V. Sequeiro ou regadio;
VI. Poda.
Pomar de sequeiro na Pampilhosa da Serra, parcela da Lenda da Beira, Lda – Foto: C. Gama
60. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
58
A época de plantação está
dependente das características
climáticas.
Nas condições de Portugal,
com períodos longos de verão
quente e seco é aconselhável
plantar no outono e sempre
com o solo húmido.
No caso de maior risco de
ocorrência de geada poderá
optar-se pela plantação no
final do inverno ou no início
da primavera.
Em condições de regadio
o período de plantação poderá
ser alargado para a primavera.
Pode, ainda, recorrer-se
à colocação de protetores
individuais, se possível
perfurados, para proteção das
plantas de fatores climáticos
e roedores, favorecendo
em simultâneo o controlo
de infestantes na linha.
A plantação deve ser efetuada
na linha de passagem do dente
do ríper ou no cruzamento
de linhas, no caso de ripagem
cruzada, tirando vantagem
do aumento da profundidade
do solo. São desaconselháveis
as mobilizações do solo após
a instalação da cultura, para
reduzir o risco de propagação
de doenças pelas raízes.
De acordo com os resultados
analíticos e das recomendações
de fertilização poderá ser
feita uma adubação localizada,
ao fundo da cova, de forma
a estimular o crescimento
inicial das raízes e a aumentar
a tolerância ao stresse hídrico
no verão.
Recomenda-se o uso de
cortinas/sebes de abrigo
para, futuramente, proteger
o fruto da queda pelo vento
e, ao mesmo tempo, promover
a biodiversidade local.
61. Cruzamento de linhas do ríper para plantação
Instalação de plantas
de medronheiro com
protetores
Foto: J. Pacheco
62. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
60
Para a plantação é necessário:
.
. garantir que seja respeitada
a época mais favorável para a
plantação, de forma a tolerar
posteriormente as restrições
ambientais mais severas
como a secura ou a geada;
.
. garantir o transporte das
plantas em carrinhas
fechadas de forma a
protegê-las do calor, vento
e consequente desidratação;
.
. imergir os contentores
com as plantas em água
imediatamente antes da
plantação, até à saturação
do substrato;
.
. plantar plantas selecionadas
e testadas para as condições
ambientais pretendidas;
I – ÉPOCA DE PLANTAÇÃO
.
. utilizar diversos clones,
provenientes da mesma
região e/ou testados nessas
condições, no caso de plantas
clonais, para garantir uma
maior variabilidade genética;
.
. efetuar uma caldeira ao redor
das plantas para favorecer
a concentração de água,
em regime de sequeiro.
Nota: após a plantação, se
necessária a realização de regas
esporádicas, deverá utilizar‑se
a caldeira, tendo o cuidado de
cobrir a zona de rega (com uma
pá de terra ou palhas), depois da
infiltração da água, de forma a
reduzir as perdas por evaporação
e a conservar o teor de humidade
durante mais tempo.
Depende da disponibilidade de água/rega
3.4.1.
RECOMENDAÇÕES
À PLANTAÇÃO
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Tipo
de
cultura
Regadio
Sequeiro
Fonte: Curado et al. (2015)
63. II – TIPO DE PLANTAS
IV – QUALIDADE DA PLANTA V – ADUBAÇÃO LOCALIZADA
III – COMPASSOS DE PLANTAÇÃO
De Semente
.
. Sem garantia de produção;
.
. Maior variabilidade genética.
Clones
.
. Cópia de plantas selecionadas;
.
. Usar diferentes clones.
.
. Planta equilibrada: parte aérea
e radicular;
.
. Torrão coeso e raíz bem formada;
(presença de micorrizas, observação
das raízes)
.
. Diâmetro do colo e colo sem danos;
.
. Bom estado sanitário;
.
. Planta atempada ao exterior.
.
. Em função do resultado da análise
de terra, aplicar adubo de libertação
controlada (ex. N:P:K + MgO, B;
período 8-9 meses).
Importante:
Utilizar adubo em boas condições
de armazenamento, pois o potencial
de libertação controlada é degradado
na presença de humidade.
De modo a maximizar a produtividade,
recomenda-se:
3,5-5m
2-3m
+/- 1000 plantas por hectare
2-3m
66. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
64
4.1.
| CONTROLO
DE INFESTANTES
Nas áreas de medronheiros
(áreas naturais ou pomares)
as infestantes devem estar
sob controlo para evitar a
concorrência pela água e pelos
nutrientes. É recomendável:
.
. evitar que o solo esteja nu,
nomeadamente em zonas
de encosta onde os riscos
de erosão são grandes;
Plantação de medronheiros com compasso que
permite o controlo das infestantes na entrelinha
Plantação de medronheiros com revestimento vegetal do solo
na entrelinha – Foto: C. Gama
.
. revestir as entrelinhas com
um coberto vegetal herbáceo
que pode ser espontâneo
ou semeado (consociação
de leguminosas e gramíneas
adaptadas às características
da parcela), para diminuir
a erosão e aumentar
a fertilidade do solo.
67. NA LINHA
Deve deixar-se uma faixa de terreno (pode
ir até 1 m de cada lado da linha de plantação)
livre de vegetação:
.
. se o espaço entre as plantas não permitir
a passagem do trator o controlo deve
ser feito com motorroçadora ou herbicida;
.
. se o compasso for grande e permitir a
passagem do trator, o controlo deve ser
feito com corta‑mato ou destroçador
e complementado com a motorroçadora.
NA ENTRE-LINHA
O coberto vegetal herbáceo deve estar
sob controlo, nomeadamente:
.
. na época de colheita, para melhorar
a transitabilidade;
.
. na primavera-verão, para diminuir
a concorrência hídrica e reduzir o risco
de incêndio.
Deve-se cortar a vegetação com o corta‑mato
ou destroçador e deixar a massa vegetal no
solo para funcionar como mulching orgânico
com inúmeras vantagens.
Aspeto após a passagem com corta matos na entrelinha
Controlo de infestantes/matos com corta-matos
68. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
66
4.1.1.
VANTAGENS DO
MULCHING ORGÂNICO
I. Evita a erosão;
II. Permite reposição de
matéria orgânica;
III. Há acréscimo de azoto se
as leguminosas estiverem
presentes;
IV. Favorece o aparecimento
de micorrizas;
V. Melhora a transitabilidade;
VI. Preserva a biodiversidade
no ecossistema.
Plantação de medronheiros com mulching orgânico na entrelinha, em Odemira
69. 4.2.
| NUTRIÇÃO
E FERTILIZAÇÃO
Os nutrientes, através das suas funções,
são essenciais para o crescimento
e desenvolvimento da planta e para
a frutificação.
Nutriente Fase de maior absorção (meses) Funções
Azoto
(N)
Início da frutificação até ao final
do crescimento celular (mar-ago)
Vigor vegetativo;
Produção e crescimento de novos
lançamentos;
Calibre dos frutos.
Fósforo
(P)
Início do crescimento até ao final
da maturação (mar-nov/dez)
Crescimento radicular, acumulação
de reservas, floração e diferenciação
floral, vingamento e desenvolvimento
precoce dos frutos.
Potássio
(K)
Início do crescimento até ao final
da maturação (mar-nov/dez)
Indução floral, qualidade dos frutos
(peso, calibre, cor, sabor, teor em
açúcares), maturação, rendimento
na transformação;
Resistência à secura e ao frio.
Cálcio
(Ca)
Crescimento celular até
à maturação (abr-set)
Fecundação e vingamento do fruto;
Resistência da planta ao ataque por
microrganismos.
Magnésio
(Mg)
Crescimento celular até ao início
da maturação (abr-ago)
Promove a fotossíntese. Facilita a
assimilação de fósforo (sinergismo
iónico).
Boro (B) Indução e diferenciação floral
(jun-out)
Promove a fecundação e vingamento
do fruto, o desenvolvimento radicular
e a tolerância à secura.
70. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
68
Os nutrientes e o
desenvolvimento do fruto:
.
. Após o vingamento ocorre
a fase de multiplicação
celular, entre outubro
e março, com elevada
importância na produção
e qualidade do fruto;
.
. Na primavera ocorre
o crescimento celular
e verifica-se um aumento
na absorção de nutrientes,
sendo vantajosa a fertilização
no início da primavera;
.
. De março a agosto, fase de
crescimentodofrutoedenovos
lançamentos, é importante
manter o adequado estado
nutritivo das plantas para
a produção do ano e para a
diferenciaçãofloralquedefinirá
a produção do ano seguinte.
Os resultados dos ensaios
mostram a importância,
por ordem decrescente, dos
nutrientes na produção, avaliada
pela sua extração pelo fruto,
K>Ca>Mg>N>P>N>Fe>Zn>Mn>B>Cu.
Evolução do crescimento do fruto, na Pampilhosa da Serra, parcela da Lenda da Beira, Lda
24 Março 2017 24 Maio 2017 13 Julho 2017
71. Antes de efetuar qualquer correção/
fertilização deve-se:
I. Monitorizar a fertilidade do solo:
.
.colher amostras de terra para análise
(final no inverno/ início da primavera);
.
.colher as amostras na zona da projeção
da copa numa camada com 0 a 50 cm
de profundidade;
.
.realizar as amostragens para análise
de 4 em 4 anos.
II. Monitorizar e avaliar o estado nutricional
das plantas e da sintomatologia visual:
.
.amostrar cerca de 15 plantas
selecionadas ao acaso na parcela;
Colheita de amostras de folhas, no início da primavera,
inseridas no terço médio de ramos frutíferos e à mesma
altura da copa
Colheita de amostras de terra, com sonda de trado, na
zona de projeção da copa
.
.colher folhas nos ramos frutíferos,
inseridas no terço médio dos ramos,
à mesma altura da copa;
.
.colher de 4-8 folhas/planta, de modo
a obter folhas dos 4 pontos cardeais.
III. Monitorizar a qualidade da água de rega
(em regadio):
.
.amostrar 1,5 l, meia hora após o início
da bombagem.
72. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
70
Nas áreas em produção, a
fertilização deverá ser realizada
em função dos resultados
analíticos das amostras
de terra, do material vegetal
(folhas) e da água de rega
(em áreas de regadio).
As determinações analíticas
aconselhadas são as seguintes:
I. Análise de terra
.
.Terra fina, textura de
campo, pH em H2O,
necessidade em cal,
matéria orgânica, fósforo
(P2O5), potássio (K2O),
magnésio (Mg) e boro (B)
extraíveis;
.
.Em solos ácidos,
recomenda-se também
a determinação dos
micronutrientes extraíveis
cobre (Cu), zinco (Zn), ferro
(Fe) e manganês (Mn).
II. Análise foliar
.
.Macronutrientes: azoto (N),
fósforo (P), potássio (K),
cálcio (Ca), magnésio (Mg),
enxofre (S);
.
.Micronutrientes: boro
(B), cobre (Cu), ferro (Fe),
manganês (Mn), zinco (Zn).
III. Análise da água de rega
.
.pH, condutividade elétrica,
nitratos, cloretos, boro,
cálcio, magnésio, potássio,
sódio, bicarbonatos, razão
de adsorção de sódio (RAS).
73. Ensaios realizados e resultados obtidos:
Ensaio com plantas clone (AL) e plantas de
semente (SE), com os seguintes tratamentos
à instalação do pomar:
.
. sem fertilização;
.
. adubo de libertação controlada
9:23:14+4MgO+0,1B (8-9 meses),
30 g/planta (LL);
.
. adubo composto granulado 7:21:21,
140 g/planta (133).
Aspeto geral do ensaio instalado em 2007 (7 anos), na Pampilhosa da Serra, parcela da Lenda da Beira, Lda
74. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
72
Os resultados indicam
o seguinte:
.
. aumento da produção
ao longo do período dos
5-8 anos, mais evidente
nas plantas clonais;
.
. ao 7º ano, a produção foi
significativamente superior
(1 200 kg ha-1
) em plantas
com fertilização à instalação,
comparativamente a plantas
sem fertilização (370 kg ha-1
);
o valor máximo de produção
foi registado em plantas
clonais com fertilização
à instalação (3 626 kg ha-1
);
.
. dos 5-8 anos, o teor de
sólidos solúveis totais em
plantas com fertilização
à instalação foi superior
comparativamente a plantas
sem fertilização, situando‑se
os valores dentro dos
parâmetros de qualidade
exigidos (TSS≥18%; açúcares
redutores ≤600 mg/L);
.
. os resíduos orgânicos/
folhada em áreas com
medronheiros em pomar
ou em regeneração natural
deverão ser mantidos no
solo - elevada importância
na restituição de nutrientes
ao solo (60 kg N ha-1
;
46 kg Ca ha-1
).
Verifica-se que os nutrientes
são essenciais ao crescimento
e desenvolvimento equilibrado
das plantas, com efeito
relevante no aumento
da produção e qualidade.
A utilização adequada dos
fertilizantes permite repor
as perdas de nutrientes
por erosão da camada
superficial do solo, lixiviação
e extração pelos frutos, novos
crescimentos e lenha de poda
(se esta for retirada).
75. Poda de formação, com seleção dos lançamentos exteriores melhor posicionados
4.3.
| PODA
OBJETIVOS
Na poda corta-se com determinado fim, mas
mais do que a habilidade manual de cortar,
tem importância conhecer a planta, avaliar
as suas deficiências e interpretar as suas
reações. No entanto, não existe um sistema
que sirva todos os tipos de produção e todas
as plantas.
Com a poda pretende-se um bom equilíbrio
entre a parte aérea e o sistema radicular,
entre os crescimentos vegetativos
e a produção por forma a regularizar
as colheitas obtendo frutos de qualidade
e prolongando a vida económica da planta,
acrescentando-lhe valor. Através desta
operação promove-se a entrada da luz
e a circulação do ar no interior da copa
reduzindo a possibilidade de aparecimento
de problemas sanitários.
76. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
74
CARATERÍSTICAS
DA PLANTA
.
. Pequena árvore ou arbusto
que normalmente não
ultrapassa os 5 m de altura;
.
. As raízes emitem
lançamentos, com grande
facilidade, nomeadamente
quando se fazem cortes
muito intensos na parte
aérea ou quando sujeita
a grandes stresses (poda
intensa, fogo, …).
Aspeto geral de plantas de medronheiro em áreas naturais, em Monchique, parcela de Francisca Melo, Lda
77. HÁBITOS DE
FRUTIFICAÇÃO
.
. Na madeira mais velha
formam-se gomos
adventícios ou dormentes
que evoluem dando origem
a ramos ladrões como
resposta a grandes cortes;
.
. Não tem dominância
apical muito marcada e os
lançamentos da base não
dominam relativamente
aos da zona apical – planta
mesotona;
.
. Frutifica em ramos do ano;
.
. Nos ramos mais velhos
não se verifica indução
e diferenciação floral,
floração e frutificação.
Abrolhamento de gomos na
madeira mais velha
Aspeto da planta mesotona Indução floral em ramos do ano
78. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
76
4.3.1.
O QUE PODAR
Tendo presente as
características da planta e os
objetivos pretendidos, de uma
maneira geral, em plantas
equilibradas e em plena
produção, devemos cortar:
.
. ramos ou partes da planta
mortas, secas, doentes
ou danificadas;
.
. rebentações das raízes ou nos
primeiros 50 cm do(s) eixo(s);
.
. ramos cruzados, mal orientados
equeemaranhama copa;
.
. ramos muito próximos
entre si ou do(s) eixo(s);
.
. respeitar, sempre, a hierarquia
dos ramos: os ramos mais
velhos devem ter maior
diâmetro que os mais novos
e os ramos muito vigorosos
(grossos e compridos) devem
ser eliminados, com corte
inclinado, junto à pernada onde
estão inseridos. Devidoaos
gomosdormentespresentes,
irão surgir novos ramos
equilibrados e produtivos;
.
. quando as pernadas atingem a
altura desejada (2,2 m a 2,5 m)
devem ser atarracadas sobre
ramo lateral voltado para fora
da copa.
Aspeto geral de plantas de medronheiro em áreas naturais
79. EM ÁREAS DE
REGENERAÇÃO
NATURAL
Medronheiros que ao longo do
tempo estiveram em condições
de competição pela luz com
os matos, tornam-se por
vezes, altos e desguarnecidos
na base tornando a colheita
difícil e cara.
Nesta situação, deve:
I. Proceder à rolagem no
final do inverno – início
da primavera
.
. a resposta da planta
passará pela emissão
de lançamentos mais
ou menos numerosos
e vigorosos conforme
a fertilidade do solo;
.
. após alguns meses, estes
lançamentos têm que ser
selecionados para formar
um ou vários eixos de
acordo com a fertilidade
do solo e o sistema
de condução adotado.
Resposta da planta à rolagem com
emissão de numerosos lançamentos
Rolagem de planta de medronheiro
80. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
78
.
. selecionar os lançamentos
mais direitos e guarnecidos
de ramificações;
.
. deixar 3 a 5 lançamentos em
volta da seção cortada;
.
. ao 3º ano inicia-se a
indução e diferenciação
floral e a atuação anual
será de acordo com o
comportamento da planta.
II. Desadensar a copa dos
medronheiros que não
estejam muito altos, através
de desramações, deixando os
ramos melhor posicionados
para formar o(s) eixo(s).
III.Efetuar atarraque sobre ramo
lateral voltado para fora
da copa no(s) eixo(s), para
diminuir a altura. Mantém-se,
assim, alguma produção no
ano da intervenção.
Corte e seleção de lançamentos em plantas
de medronheiro, em São Pedro de Alva, parcela
da Medronhalva, Lda.
Poda realizada em plantas de medronheiro em áreas
naturais, em S. Pedro de Alva, parcela da Medronhalva, Lda
81. Atarraque, corte da parte terminal de ramos Inclinação
4.3.2.
AÇÕES A EVITAR
ATARRAQUES
.
. São de evitar porque estimulam
as ramificações promovendo
o adensamento da copa e
dificultam a entrada da luz
e a circulação do ar.
EMPAS E INCLINAÇÕES
.
. Apesar de poderem conduzir
ao aumento da produção,
são operações que exigem
muita mão de obra e o
acréscimo de produtividade
não justifica os custos.
84. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
82
5.1.
| CARACTERÍSTICAS
DO FRUTO
O fruto do medronheiro, o medronho, possui
algumas particularidades:
I. Ao longo da maturação verifica‑se
um aumento do teor de sólidos
solúveis (Brix);
II. Em simultâneo, ocorre a diminuição
da firmeza;
III. Tem um pico de intensidade respiratória;
IV. Observa-se uma evolução da cor em
pós-colheita: de amarelo passa a laranja
e desta passa a vermelho;
V. Tem uma produção de etileno semelhante
a outros frutos, como por exemplo,
a maçã e a banana.
Estas particularidades indiciam que
o medronho é um fruto climatérico.
85. 5.1.1.
EVOLUÇÃO DA MATURAÇÃO
FRUTOS COLHIDOS EM DIFERENTES ESTADOS
.
. em frutos colhidos com coloração
alaranjada ou amarela e mantidos
à temperatura ambiente, verifica-se
que a maturação ocorre normalmente,
apresentando um teor de sólidos solúveis
(TSS/ºBrix) de 21,3 e 21,4 ao fim de
5 e 7 dias, respetivamente;
.
. em frutos colhidos verdes o elevado teor
de sólidos solúveis (26,6°Brix), ao fim de
10 dias, deve-se à evolução da maturação
e, também, ao aumento da concentração
devido à perda de peso (transpiração).
Evolução do grau de firmeza e teor final de °Brix observados em frutos com diferentes colorações (verde, amarelo
e alaranjado) após a colheita
12
nov
13
nov
14
ov
15
nov
16
nov
17
nov
18
nov
19
nov
20
nov
21
nov
22
nov
21,4 ºBrix
26,6 ºBrix
Firmeza
(%)
21,3 ºBrix
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Verdes Amarelos Alaranjados
86. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
84
.
. após 6 dias à temperatura
ambiente é evidente a
evolução da cor;
.
. se o fruto for colhido já com
uma coloração avermelhada
a sua firmeza é muito baixa
(inferior a 10%) e, nesse
caso, é necessário ter
cuidados adicionais tanto no
ato da colheita como no seu
armazenamento, uma vez que
se deteriora muito facilmente
devido à compressão;
.
. se o fruto for colhido no
final do engrossamento,
completamente verde, ao
longo do período pós-colheita
muda de cor podendo atingir
a cor vermelha. No entanto,
não fica doce e adquire uma
textura encortiçada, o que faz
com que nem sempre perca
a sua firmeza. Assim, é de
evitar a colheita de frutos
com coloração verde.
12 novembro
18 novembro
Evolução da cor em frutos colhidos em diferentes estados de desenvolvimento:
colheita dos frutos em 12 de nov. e avaliação final em 18 de nov.
Amarelos
Amarelos
Louros
Verdes
Verdes
87. Fruto com coloração vermelha, adequado para transformação ou para consumo em fresco imediato
5.2.
| ÉPOCA DE
COLHEITA
A colheita do medronho normalmente
decorre de setembro a dezembro,
dependendo da região e das condições
climáticas em cada ano. É escalonada
mesmo ao nível da panícula, o que obriga
a várias passagens.
Devido à grande variabilidade genética
da espécie há grandes diferenças nas
caraterísticas dos frutos, quer na maturação
comercial quer na maturação gustativa.
Em frutos vermelhos analisados
verificaram-se as seguintes variações:
.
. massa: 2,5 e 19,5 g;
.
. teor de sólidos solúveis: 15 e 30 Brix;
.
. pH: 3,2 a 4,7;
.
. acidez titulável: 7,5 e 12 g/L de ácido
málico.
88. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
86
Atualmente, a cor do fruto
parece ser o melhor parâmetro
para determinar a época de
colheita visto que existe uma
relação muito próxima com
a firmeza, cuja determinação
é mais difícil para os produtores.
Para ajuda na tomada de
decisão quanto à colheita do
medronho, pode recorrer‑se
a uma escala de cor.
A época de colheita de
medronho para consumo em
fresco deve ter início a partir
do momento que atinge a cor
amarela, porque:
.
. tem capacidade de continuar
o amadurecimento;
.
. a duração em prateleira
é mais longa.
A época de colheita de
medronho para transformação
deve ser quando está totalmente
vermelho, o que obriga a muitas
passagens na mesma planta
tornando-a uma operação
dispendiosa. No entanto, para se
reduzir o número de passagens
podem utilizar‑se dois
recipientes: um para os frutos
vermelhos e outro para os
amarelo e amarelo‑alaranjados.
Os frutos amarelos e
amarelo‑alaranjados devem ser
colocados em locais arejados
e à temperatura ambiente
(por exemplo, em prateleiras
de rede mosqueira) estando,
normalmente, completamente
maduros ao fim de 8 a 10 dias
após a colheita.
Escala de cor dos frutos de medronho para tomada de decisão quanto à colheita.
Não Sim
89. 5.3.
| MÉTODOS
DE COLHEITA
5.3.1.
COLHEITA PARA
CONSUMO EM FRESCO
Na colheita de medronho devem
ter-se alguns cuidados de modo
a que o período em prateleira
seja o mais longo possível.
Neste caso, o medronho deve
ser colhido:
.
. no estado de maturação
adequado, de acordo com
a distância de mercado e as
exigências do consumidor;
.
. sem excesso de humidade,
limpo, sem folhas, sem
pedúnculo e sem ferida
peduncular;
.
. de forma selecionada, sem
sintomas de pragas, doenças
ou fisiopatias;
.
. diretamente para a
embalagem de consumo,
se possível, diminuindo o
número de manipulações e
a probabilidade de ocorrência
de danos mecânicos.
Após a colheita o fruto deve
ser transportado o mais
rapidamente possível para
um local com sistema de frio.
90. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
88
EMBALAGENS PARA
COMERCIALIZAÇÃO
O medronho é um fruto perecível
e, por isso, aconselha‑se o
seu embalamento em cuvetes
pequenas onde, no máximo, se
colocam duas camadas de frutos
evitando, assim, o efeito da
compressão.
As opções podem passar por
embalagens de 125 a 150 g
ou um pouco maiores
de 400 a 500 g.
Exemplos de embalagens para comercialização do fruto em fresco
91. 5.3.2.
COLHEITA PARA
TRANSFORMAÇÃO
Na tranformação de medronho, tal como
noutros frutos, a qualidade do produto final
depende da qualidade da matéria-prima.
Assim, neste caso, o fruto deve ser colhido:
.
. no estado de maturação adequado;
.
. sem excesso de humidade, limpo, sem
folhas e sem pedúnculo;
.
. com aspeto são e sem bolores.
Manual de boas práticas de fabrico de aguardente de medronho (2016)
No caso em que o uso pretendido do
medronho seja a transformação em
aguardente, aconselha-se a consulta
do ‘Manual de boas práticas de fabrico
de aguardente de medronho’.
94. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
92
6.1.
| PRODUTOS
FERMENTADOS
Tradicionalmente o medronho
tem sido utilizado para produção
de aguardente. Todavia, existem
outros produtos de elevado
potencial comercial que podem
ser obtidos.
Da fermentação do medronho
podem resultar:
AGUARDENTE
Licor
VINAGRE
BAGAÇO
Extração de compostos
bioativos (antioxidantes
e corantes naturais)
MEDRONHO
FERMENTAÇÃO
ALCOÓLICA
DESTILAÇÃO
BAGAÇO
AGUARDENTE
LICOR
FERMENTAÇÃO
ACÉTICA
VINAGRE
95. I - LICORES
De acordo com o disposto no Regulamento
(CE) N.º 110/2008, o licor de medronho é
uma bebida espirituosa:
.
. destinada ao consumo humano;
.
. com características organoléticas
específicas;
.
. com um teor mínimo de açúcar, expresso
em açúcar invertido, de 100 g por litro;
.
. com um título alcoométrico volúmico
mínimo de 15 %.
II - VINAGRES
De acordo com o disposto no Dec.- Lei
174/2007 de 8 de maio, o vinagre é um
produto:
.
. obtido exclusivamente, a partir de um
processo biológico de dupla fermentação:
alcoólica e acética;
.
. cuja fermentação ocorre com base em
líquidos ou outras substâncias de origem
agrícola;
.
. apresenta aspeto límpido, podendo
admitir-se ligeiro depósito ou turvação;
.
. apresenta cor, aroma e sabor próprios
da natureza da matéria-prima.
96. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
94
6.2.
| PRODUTOS
NÃO FERMENTADOS
FRUTO EM FRESCO
FRUTO DESIDRATADO (SECO, LIOFILIZADO)
Muesli, snacks
Bolachas e biscoitos
POLPAS
Doces e geleias
Chutney
Sumos e néctares de fruta
Preparados de fruta (iogurte, gelados,…)
CONFITADOS
GOMAS
98. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
96
TECNOLOGIA
A transformação do fruto
permite ultrapassar a sua
elevada pericibilidade em fresco,
podendo recorrer-se a:
I. Processos de secagem (por
ar quente) e liofilização que
permitem:
.
.o aumento considerável do
tempo de vida útil do fruto;
.
.a possibilidade de consumo
direto ou por incorporação
noutros produtos
alimentares.
II. Desidratação osmótica que
permite:
.
.através da utilização de
substâncias osmoticamente
ativas (sacarose, glucose,
sorbitol) a obtenção de
produtos prontos a comer
com considerável teor de
humidade, mas estáveis
microbiologicamente.
III. Transformação em polpa que
permite:
.
.obter matéria-prima com
vasta aplicação na indústria
alimentar;
.
.substituir a adição de
açúcares convencionais
devido ao seu elevado teor
em sólidos solúveis totais.
99. Os subprodutos da transformação
do medronho são:
I. Bagaço não fermentado resultante
da extração de polpa e sumo;
II. Bagaço fermentado resultante
da destilação.
São ricos em:
.
. antioxidantes;
.
. agentes antimicrobianos;
.
. corantes naturais.
6.3.
| VALORIZAÇÃO
DOS SUBPRODUTOS
Podem ser aplicados em:
.
. cosméticos;
.
. fármacos;
.
. suplementos alimentares;
.
. indústria alimentar.
Subprodutos obtidos pela transformação do medronho triturado – Foto C: C. Marques
Bagaço não
fermentado
Bagaço fermentado
não destilado
Bagaço resultante
de destilação
A B C
100. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
98
A segunda edição deste Manual só foi
possível graças à parceria com a REN,
que vai muito além de um mero apoio
financeiro: nos últimos anos a REN tem
sido um agente ativo na promoção de
plantações ordenadas de medronheiros
nas faixas de servidão das suas linhas
elétricas, com o objetivo de estabelecer
as condições de segurança à exploração
das linhas e adequar aqueles espaços ao
propósito das redes de defesa da floresta
contra incêndios, tornando-se assim um
agente dinamizador desta cultura. No final
de 2018 já tinham sido plantados perto de
350 ha, muitos dos quais na região centro
de Portugal Continental.
Esta segunda edição também foi possível
graças à interação que tem existido
entre a REN, a Cooperativa Portuguesa
do Medronho, as Instituições de I&D,
em particular a ESAC, da FCT, de
produtores e outras empresas à volta
da Fileira do Medronho. O trabalho
desenvolvido, de investigação aplicada, teve
como objetivo responder às necessidades
dos produtores e dos técnicos para o
aumento do conhecimento e valorização
de um recurso autóctone e do potencial
de uma cultura emergente.
A espécie explorada como fruteira,
em ambientes muito diversos, tem
101. uma história muito recente, quando
comparada com outras espécies
fruteiras. Assim sendo, o melhoramento
da espécie, a instalação, as práticas
culturais, a transformação do fruto para
integração em produtos inovadores, são
áreas que ainda requerem investigação
e apoio financeiro pelas entidades
competentes. O medronho faz parte
da nossa tradição e da nossa cultura.
Faltará transformá-lo num produto
com real valor económico e com taxas
de penetração no mercado de maiores
dimensões, permitindo dessa forma
aumentar o rendimento dos proprietários
florestais das empresas.
Para sermos capazes de responder,
globalmente, aos desafios do mercado
nacional e internacional, teremos que ter
capacidade de atingir escala de produção,
sustentada nos resultados alcançados
pela investigação aplicada, a par de um
aumento da capacidade de organização da
produção e da comercialização. Chegámos
até aqui, interagindo com Entidades,
Produtores, Empresas e Associações, mas
queremos ir mais longe. Temos um grande
caminho ainda a percorrer!
102. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
100
O MEDRONHEIRO
COMO APOSTA NA DEFESA
DA FLORESTA PORTUGUESA
A REN tem um forte compromisso com
a defesa e sustentabilidade da floresta
portuguesa, uma vez que 60% das suas
infraestruturas estão inseridas em espaços
florestais. Para garantir as condições de
segurança das infraestruturas energéticas
e para dar resposta à legislação em vigor,
nomeadamente a relacionada com o Sistema
de Defesa da Floresta Contra Incêndios,
implementamos uma abordagem ativa
na gestão das faixas de proteção/servidão.
Para aumentar o nosso envolvimento
com as florestas e com a economia
rural, desenvolvemos um Programa de
Reflorestação das Faixas de Servidão que
promove a diversidade do coberto vegetal,
colocando as árvores certas no sitio certo.
Pretendemos igualmente aumentar a
rentabilização da exploração dos solos,
trazendo negócio a todos os proprietários,
valorizando a paisagem e aumentando
a resiliência dos territórios, por exemplo
aos incêndios florestais.
103. Paralelamente a este compromisso com
a floresta, a REN tem desenvolvido um pouco
por todo o país, em parceria com a Quercus
e com as autarquias locais, a iniciativa
“Juntos Plantamos o Amanhã” – uma ação
de reflorestação com alunos das escolas
do município, que tem como objetivo
sensibilizar os mais novos para a promoção
e defesa da natureza e da biodiversidade.
Atualmente, a espécie que a REN pretende
aumentar em área de plantação é o
medronheiro. Para promover a plantação
do medronheiro junto dos proprietários
de terrenos atravessados pelos corredores
das linhas de transporte de energia,
estabelecemos uma parceria com a
Cooperativa Portuguesa de Medronho
(CPM). A associação da REN como
parceira neste Manual reflete esta
aposta, cujo objetivo passa por divulgar
as potencialidades desta espécie enquanto
fruto com elevado potencial na indústria
agroalimentar, cosmética, medicinal ou
ornamental. Nos últimos 10 anos, a REN
já plantou mais de um milhão de árvores
em cerca de 2 000 ha, o que representa a
plantação de cerca de 300 árvores por dia.
104. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
102
Alarcão-E-Silva M., Leitão A., Azinheira, H.,
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110. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
108
Aos produtores de medronho pelo
incentivo e pela confiança que têm
demonstrado
Às associações de produtores pela
relevância no desenvolvimento
sustentável da fileira do medronho
Às empresas associadas à fileira
do medronho pela sua capacidade
de iniciativa e estreita colaboração
Aos parceiros dos projetos de I&D pela
colaboração e partilha de conhecimento
A todos os membros das equipas
e bolseiros dos projetos de I&D pela
colaboração nas diferentes fases
dos projetos que permitiram que
este manual seja uma realidade
Às investigadoras Fátima Calouro
e Anabela Veloso do INIAV, pela
disponibilidade manifestada e contributos
nos temas sobre a Fertilidade e Nutrição
À Doutora Susana Gonçalves e aos
designers Paula Cruz e João Teles do
MediaLab/CINEP (IPC) pela inestimável
colaboração na 1ª edição deste manual
112. MEDRONHEIRO–MANUALDEBOASPRÁTICASPARA A CULTURA
110
Título:
Melhoramento da espécie e a valorização
do Medronheiro. [2014-2017]
Financiamento:
ProDeR, medida 4.1, Cooperação para
a Inovação; IPC/ESAC, Ref.ª53106,
URL: www.iia.pt; www.esac.pt/medronho
Entidade Proponente:
GreenClon
Organismos Participantes:
IPC/ESAC; INIAV; DRAPC; Lenda da Beira;
CEVRM; Francisca Melo; Universidade
do Algarve IPC / ESAC, Ref.ª 53106,
URL: www.iia.pt; www.esac.pt/medronho
Título:
O Medronho - Conversão da planta silvestre
numa espécie fruteira rentável. [2012-2015]
Financiamento:
ProDeR, medida 4.1, Cooperação para
a Inovação, IPC / ESAC; Ref.ª 43748;
URL: www.iia.pt; www.esac.pt medronho
Entidade Proponente:
Patrícia Figueiredo
Organismos Participantes:
IPC/ESAC; INIAV; DRAPC; FCTUC; Patrícia
Figueiredo; Lenda da Beira; Tiago Cristóvão
Título:
Arbutus unedo plants and products quality
improvement for the agro-forestry sector.
[2013-2015]
Financiamento:
FCT, IPC/ESAC Ref.ª
PTDC/AGR‑FOR/3746/2012
PROJETOS
113. Entidade Proponente:
Universidade de Coimbra
Organismos Participantes:
FCTUC; IPC/ESAC; INRB;
IPCB/ESACB; ADPM
Título:
Produtos Silvestres, Mel e Medronho,
Grupo de Trabalho / GT8. [2012-2013]
Financiamento:
In-agri, rede de oficinas de inovação
para o sector agro-industrial,
CENTRO-01-AC28-FEDER-004038; nº 3494
Entidade Proponente:
IPC / CERNAS
Organismos Participantes:
IPC/ESAC; IPCB/ESACB; FCTUC; DRAPC;
Tiago Cristovão
ESAC: Filomena Gomes, Cláudia João,
David Gomes, David Rodrigues, Fátima Abreu,
Fátima Oliveira, Fernando Casau, Filipe Melo,
Goreti Botelho, Heleno Abreu, Isabel Duarte,
Ivo Rodrigues, Jorge Varejão, José Borralho,
José Maia, Justina Franco, Maria Conceição
Cruz Costa, Rosa Guilherme, Rosinda Leonor
Pato, Sandra Gamboa, Sandra Santos,
Teresa Vasconcelos.
ESAC (Bolseiros): Rita Santos,
Patrícia Figueiredo, Neusa Nazaré, Marta
Clemente, Fani Plácito, Ana Frias, Sara
Pereira, Celso Santos, Filipa Carreira.
DRAPC: João Gama, Fátima Curado, Rui Silva,
Sérgio Martins.
INIAV: Helena Machado, Ilda Caldeira,
Maria João Barrento, Rui Sousa, Rita Costa,
Francisco Martins, J. A. Passarinho, M. Luis
Fernandes, M. Lurdes Conceição, Ana
Margarida Fontes, M. Isabel Paquete, Sofia
Catarino, Otília Figueiredo, Deolinda Marques.
ENTIDADES E EQUIPAS
Universidade do Algarve: M. Dulce Antunes,
Ludovina Galego, Adriana Guerreiro, M. Graça
Miguel, T. Panagopoulos, M. Leonor Faleiro,
Vera M. Francisco.
Universidade de Coimbra: Jorge Canhoto,
Elisa Figueiredo, João Martins, António
Portugal, Augusto Dinis, M. Teresa Gonçalves.
IPCB/ESACB: Margarida Ataíde Ribeiro.
GreenClon: Luis Pessoa.
Lenda da Beira, Lda: José Martins.
Tiago Cristóvão: Tiago Cristóvão.
Francisca Melo, Lda: José Paulo Nunes.
CEVRM: Duarte Candeias.
ADPM: Marta Guerreiro.