Este conto ficcional relata como uma estudante chamada Margarida quase se envolveu em um esquema de tráfico de drogas, mas foi impedida por sua amiga. A amiga seguiu Margarida para casa e descobriu sua conversa com um traficante tatuado. A amiga confrontou e alertou Margarida sobre os perigos, e as duas contaram aos pais dela. A polícia foi notificada e prendeu o traficante três dias depois.
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1. Sessão de escrita criativa
Orientada pelo jornalista Rui Barbosa Batista
março de 2012
1º Prémio:
Ao virar da esquina o perigo espreita-nos…
Era o último dia de aulas e Margarida, uma rapariga alta, de olhos do mais profundo azul e
cabelo loiro, estava estranhamente nervosa, quase se conseguia ver o suor a escorrer-lhe pela
testa.
Quando, finalmente, soou o toque da campainha, saltei do meu lugar nas traseiras de uma
pequena sala de aula toda pintada de bege com os cortinados do mais bonito azul, dirigi-me o
mais rapidamente possível à Margarida e perguntei-lhe:
-Que se passa?
-Nada. Só estou um pouco cansada- respondeu-me secamente.
Não convencida com a resposta e, ao mesmo tempo, preocupada com ela, decidi segui-la
até casa.
Passámos por montes de ruas estreitas cheias de curvas que cheiravam a uma mistura de
cigarro e terra húmida tal como quando as primeiras chuvas caem. A cada curva, a Margarida
apressava mais o passo e quanto mais eu me concentrava na perseguição silenciosa, mais
desorientada ficava. “Para onde é que ela vai?”- pensava eu surpreendida.
Margarida parou bruscamente, atrás de uma casa velha e abandonada, e eu parei também.
Só consegui perceber um pouco da conversa que ela teve com um homem alto, magro, todo
tatuado e cheio de piercings, mas pelo que consegui ouvir, apercebi-me que ela ia transportar
droga para o Brasil.
Entretanto, o homem saiu da casa e desapareceu por uma ruela sem deixar rasto.
Aproximei-me de Margarida, empurrei-a contra a parede húmida e fria. Desta forma, ela não
recusaria ouvir-me:
- Tu és doida ou o quê?! Vais transportar droga, sabes que isso pode arruinar a tua vida?!-
gritei furiosamente.
2. - Não te preocupes, eu apenas vim até aqui, com receio que o homem me fizesse mal, vim
desmarcar tudo. Eu não quero meter-me neste esquema do tráfico de droga, pois sei exatamente
que tudo acabaria mal – replicou com muita calma.
Dito isto, resolvemos voltar para casa da Margarida, porque afinal ela estava tão nervosa
quanto eu, embora não aparentasse. Falámos com os pais dela que foram bastante compreensivos
e nos deram a segurança que nos faltava. A ajuda deles foi duplamente preciosa. Quando ligaram
para a polícia a relatar os factos, não só nos sentimos aliviadas do peso que trazíamos, como
achámos importante a divulgação, através dos meios de comunicação, da descrição do traficante,
para alertar outras jovens.
Finalmente, pudemos ficar descansadas, dado que a polícia organizou uma busca cerrada,
tendo detido este perigoso traficante, ao fim de três dias.
Assim, o nosso último dia de aulas serviu de exemplo para aquilo que nunca devemos
fazer, ou seja, conversar com estranhos sem a presença de um adulto no qual possamos confiar.
Sofia Gomes da Rocha, nº17, 6ºE