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Main Currents of Marxism
Leszek Kolakowski
Tradução da edição norte-americana
por Rodrigo Guimarães
Introdução
Karl Marx era um filósofo alemão. Esta frase não parece esclarecer muita coisa, mesmo assim
não se trata de algo trivial, como uma primeira impressão pode sugerir. Jules Michelet, para recordar,
tinha o hábito de começar suas palestras sobre a história Britânica com a seguinte expressão:
‘Senhores, a Inglaterra é uma ilha’. Faz muita diferença se simplesmente conhecemos o fato de que
a Grã-Bretanha é uma ilha ou se interpretamos sua história à luz desse fato, que faz com que a
interpretação assuma um sentido bastante peculiar. De forma análoga, afirmar que Marx era um
filósofo alemão pode implicar uma determinada interpretação de seu pensamento e a importância
histórica e filosófica do mesmo, enquanto sistema que se desdobra nos termos de uma análise
econômica e de uma doutrina política. Apresentá-lo assim não é algo auto evidente nem, tampouco,
incontroverso. Além disso, embora esteja claro que Marx foi um filósofo alemão, há meio século atrás
(1917) as coisas eram um pouco diferentes. Na época da Segunda Internacional, a maioria dos
Marxistas o consideravam como um autor de uma determinada teoria econômica e social que,
segundo eles, era compatível com perspectivas metafísicas ou epistemológicas variadas; enquanto
outros tinham a visão de que o Marxismo foi constituído a partir da base filosófica de Engels, sendo,
em sua verdadeira acepção, um corpo teórico composto por duas ou três partes elaboradas
respectivamente por Marx e Engels.
Nós estamos todos familiarizados com os antecedentes políticos que tornam o Marxismo
interessante até os dias atuais, considerando-o como a tradição ideológica que fundamenta o
Comunismo. Aqueles que se consideram marxistas, assim como seus oponentes, estão preocupados
com o problema: o Comunismo moderno, através de suas ideologias e instituições, é um herdeiro
legítimo das doutrinas marxistas? As três formas mais comuns que esta questão é respondida podem
ser, simplificadamente, colocadas assim: (1) Sim, o Comunismo moderno é uma encarnação perfeita
do Marxismo, o que, portanto, prova que se trata de uma doutrina que termina em escravidão, tirania
e crime; (2) Sim, o Comunismo moderno é uma perfeita encarnação do Marxismo, e que, portanto,
significa uma esperança de libertação e felicidade para a humanidade; (3) Não, Comunismo como
nós o conhecemos é uma profunda deformação do evangelho de Marx e uma traição aos fundamentos
do socialismo Marxiano. A primeira resposta corresponde à tradicional ortodoxia anticomunista, a
segunda à tradicional ortodoxia Comunista e a terceira, às várias formas do Marxismo crítico,
revisionista ou ‘aberto’. A tese do presente trabalho, entretanto, é a de que a questão está
equivocadamente formulada, assim, suas tentativas de resposta não são válidas. Mais precisamente,
é impossível responder a essas questões: ‘Como os vários problemas do mundo moderno podem ser
resolvidos de acordo com o Marxismo?’; ‘O que Marx diria se ele pudesse ver o que seus seguidores
fazem?’ Ambas são questões estéreis e não há um modo racional para procurar uma resposta para
elas. O Marxismo não fornece nenhum método específico para resolver questões que Marx não se
perguntou a si mesmo ou que não existiam em seu tempo. Se sua vida pudesse ter sido prolongada
por mais noventa anos, ele teria alterado suas perspectivas de maneira que nós não temos condições
de especular.
Aqueles que asseguram que o Comunismo é uma ‘traição’ ou ‘distorção’ do Marxismo
procuram, com isso, absolver Marx da responsabilidade pelas ações daqueles que se consideraram
seus herdeiros espirituais. Do mesmo modo, heréticos e cismáticos dos séculos XVI e XVII acusavam
a Igreja Romana de trair sua missão e procuravam desvincular o apóstolo Paulo de qualquer
associação com a corrupção de Roma. Igualmente, admiradores de Nietzsche queriam limpar o nome
do filósofo de qualquer responsabilidade pela ideologia e prática do Nazismo.Amotivação ideológica
de tais tentativas é suficientemente clara, mas seu valor explicativo é próximo do zero. Há muitas
evidências de que todo movimento social deve ser explicado por uma variedade de circunstâncias e
que as fontes ideológicas as quais eles apelam e que procuram se manterem fiéis, são somente um
dos fatores determinantes do formato que assumem, de seus padrões de pensamento e de ação. Por
isso, podemos ter a certeza de antemão que tanto os movimentos políticos quanto religiosos não são
uma expressão perfeita da ‘essência’ do movimento tal como foi proposto nos seus escritos sagrados;
em contrapartida, estes escritos não são meramente passivos, mas exercem uma influência própria no
curso do movimento. O que normalmente ocorre é que as forças sociais que se tornam representantes
de uma dada ideologia são mais fortes do que aquela ideologia, porém, de certo modo, ainda
dependentes de sua própria tradição.
O problema que se depara o historiador das ideias, então, não consiste em comparar a
‘essência’ de uma ideia específica com sua ‘existência’ prática, em relação a um dado movimento
social. A questão está mais na maneira como, em consequência de quais circunstâncias, a ideia
original se tornou um ponto de convergência de tantas forças divergentes e hostis entre si. Assim,
quais foram, na ideia em si mesma, as ambiguidades e tendências conflitivas que comandaram seu
desenvolvimento? É um fato bem conhecido, sobre o qual a história da civilização não registra
exceções, que todas as ideias importantes estão sujeitas à divisão e à diferenciação enquanto sua
influência continua a se espalhar. Então, não faz sentido perguntar qual é o ‘verdadeiro’Marxismo no
mundo moderno, pois questões como essa só podem surgir dentro dos limites de uma perspectiva
ideológica que assume os escritos canônicos como a autêntica fonte da verdade, e que qualquer
interprete justo destes deve estar, portanto, rigorosamente, possuído pela verdade. Não há nenhuma
razão, de fato, para nós não reconhecermos que os diferentes movimentos e ideologias, mesmo que
antagonistas uns dos outros, tem igual direito de invocar o nome de Marx - exceto para alguns casos
extremos, em relação aos quais este trabalho não se estenderá. Do mesmo modo, não faz sentido
inquirir sobre: ‘Quem foi o verdadeiro aristotélico – Averroës, Thomas de Aquino ou Pomponazzi?’,
ou ‘Quem foi o verdadeiro Cristão – Calvino, Erasmus, Bellarmine, ou Loyola?’ Esta última questão
pode fazer sentido para os cristãos devotos, mas ela não tem relevância para a história das ideias. O
historiador pode, entretanto, estar preocupado com o questionamento sobre o que havia no
Cristianismo primitivo que possibilitou a homens tão diferentes quanto Calvino, Erasmus, Bellarmine
e Loyola apelarem para a mesma fonte. Em outras palavras, o historiador trabalha seriamente com
ideias e não as considera completamente submissas aos eventos, nem possuidoras de vida própria
(neste caso não haveria razão em estudá-las), mas ele não acredita que elas possam durar de uma
geração a outra sem alguma mudança de significado.
A relação entre o Marxismo de Marx com o dos Marxistas compõe um legítimo campo de
investigação, mas isto não permite decidirmos quem são os “verdadeiros” Marxistas. Se, enquanto
historiador das ideias, nós nos colocamos além das ideologias, isto não significa que nós nos
colocamos fora da cultura dentro da qual nós vivemos. Pelo contrário, a história das ideias, e
especialmente daquelas que foram e continuam sendo muito influentes, é de certo modo um exercício
de autocrítica cultural. Eu me proponho neste trabalho a estudar o Marxismo de um ponto de vista
similar àquele adotado por Thomas Mann em Doutor Fausto em face do Nazismo e de suas relações
com a cultura Alemã. Thomas Mann tinha o direito de dizer que o Nazismo não tinha nada a ver com
a cultura Alemã ou que era sua negação indecentemente travestida dela. Entretanto, ele não disse isto:
pelo contrário, ele investigou como tais fenômenos como o movimento de Hitler e a ideologia Nazi
puderam surgir naAlemanha, e quais foram os elementos na culturaAlemã que tornaram isto possível.
Qualquer Alemão, ele sustentou, poderia reconhecer com horror, nas bestialidades do Nazismo, a
distorção de aspectos que poderiam ser encontrados até mesmo nos mais elevados representantes (este
é o ponto essencial) da cultura nacional. Mann não se satisfaz em ignorar a questão do nascimento do
Nazismo tal como era usual, nem se permite alegar que nele não havia nenhum princípio legítimo
relacionado a algum aspecto da herança Alemã. Ao invés disso, ele criticou francamente aquela
cultura na qual ele mesmo era parte e um elemento criativo. Não é, na verdade, suficiente afirmar que
a ideologia Nazi era uma “caricatura” de Nietzsche, já que está na essência de tal caricatura aquilo
que nos ajuda a reconhecer a ideologia original. Os Nazis instruíram seus super-homens a lerem A
Vontade de Poder, e não adianta afirmar que isso foi um mero acaso e que eles poderiam da mesma
forma terem escolhido Crítica da Razão Prática. Não é uma questão de estabelecer a ‘culpa’ de
Nietzsche, que como um indivíduo não foi o responsável pelo uso de seus escritos; entretanto, o fato
de que eles foram usados é um fato que causa espanto e não pode ser descartado como irrelevante
para o entendimento daquilo que estava na mente deles. O apóstolo Paulo não foi responsável,
pessoalmente, pela Inquisição e pela Igreja de Roma do final do século XV, mas o pesquisador, sendo
Cristão ou não, não pode se contentar com a observação de que o Cristianismo foi deturpado e
distorcido pela conduta indigna de papas e bispos; ele deve antes procurar o que havia nas epístolas
de Paulo que permitiu, numa determinada época, dar vazão a ações indignas e criminosas. Nossa
atitude para o problema de Marx e do Marxismo deve ser a mesma, sendo assim, este estudo não é
somente um levantamento histórico, mas uma tentativa de analisar o fato estranho de uma ideia ter
começado com o humanismo de Prometeu e ter culminado na tirania monstruosa de Stalin.
***
A cronologia do Marxismo é complexa pela razão principal de que muito do que se considera
agora como os mais importantes escritos de Marx não terem sido publicados até os anos 20 e 30 do
século XX ou, até mesmo, mais tarde. Isto se aplica, por exemplo, ao texto completo da A Ideologia
Alemã; ao texto completo de sua tese de doutorado sobre A Diferença entra a filosofia da Natureza
em Demócrito e Epicuro; à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel; aos Manuscritos Econômicos e
Filosóficos de 1844; à Contribuição à Crítica da Economia Política (Grundrisse); e, também, à
Dialética da Natureza de Engels. Estes livros podem não ter afetado a época na qual foram escritos,
mas hoje eles são considerados como importantes, não somente de um ponto de vista biográfico, mas
também como partes integrais de uma doutrina que não pode ser entendida sem eles. É ainda
controverso se, e em que medida, aquilo que é considerado como as ideias maduras de Marx, como
foram especialmente concebidas em O Capital, seriam o natural desenvolvimento de sua filosofia
desde a juventude, ou se, como alguns críticos asseguram, elas representariam uma radical mudança
intelectual. Em outras palavras, Marx teria abandonado nos anos de 1850 e 1860 um modo de pensar
e pesquisar circunscrito ao horizonte da filosofia hegeliana e do jovem hegelianismo? Alguns
acreditam que a filosofia social do Capital está, de algum modo, predefinida pelos seus escritos mais
antigos, tratando-se de um desenvolvimento ou especificação destes. Outros asseguram que as
análises da sociedade capitalista denotariam uma ruptura com a retórica utópica e normativa do
período anterior. Essas duas visões conflitantes podem ser relacionadas com interpretações opostas
do corpo teórico de Marx como um todo.
É uma premissa deste trabalho que, tanto lógica quanto cronologicamente, o ponto fundador
do Marxismo se encontra na antropologia filosófica. Ao mesmo tempo, é virtualmente impossível
isolar o conteúdo filosófico do corpo principal do pensamento de Marx. Marx não era um escritor
acadêmico, mas um humanista no sentido renascentista do termo: sua mente estava preocupada com
todos os assuntos humanos, e sua visão da libertação social abarcava, como um todo interdependente,
os principais problemas que a humanidade se depara. Porém, tem se tornado comum dividir o
Marxismo em três campos de especulação – filosofia antropológica básica, doutrina socialista e
análise econômica – que apontam para as suas três fontes respectivas: a dialética Germânica, o
pensamento socialista Francês e a política econômica Britânica. Muitos têm a opinião, entretanto, que
esta divisão restrita é contrária ao próprio propósito de Marx, que era o de estabelecer uma
interpretação global do comportamento humano e da história reconstruindo uma teoria integral do ser
humano, onde questões específicas somente teriam significado se relacionadas ao todo. Não é
possível definir em uma única frase a forma segundo a qual os elementos do Marxismo estão inter-
relacionados, assim como a natureza de sua coerência interna. Aparentemente, entretanto, Marx
esforçou-se por identificar os aspectos do processo histórico que confeririam uma importância
comum às questões epistemológicas e econômicas, além dos ideias sociais. Em outras palavras, ele
procurou criar instrumentos de análise conceitual que fossem suficientemente gerais e que tornassem
inteligível qualquer fenômeno humano. Se, entretanto, nós tentarmos reconstruir estas categorias,
exibindo o pensamento de Marx de acordo com elas, nós corremos o risco de negligenciar sua
evolução como pensador e tratar todo o seu trabalho como um bloco simples e homogêneo. Entretanto,
parece-me mais adequado, antes de percorrer o desenvolvimento de seu pensamento em suas linhas
principais, considerar os princípios que estariam presentes desde o seu início, mesmo que
implicitamente, e o que poderia ser considerado como transitório e acidental.
O presente compêndio da história do Marxismo está focado na questão que é recorrente e que
tem ocupado um lugar central nos pensadores Marxistas independentes, a saber: como é possível
evitar o dilema do utopismo versus o fatalismo histórico? Em outras palavras, como pode alguém
articular e defender um ponto de vista que não seria nem a proclamação arbitrária de ideais
imaginados, nem a uma aceitação resignada da proposição de que os assuntos humanos estão sujeitos
a um processo histórico do qual todos participam, mas que ninguém é capaz de controlar? A
surpreendente diversidade de posições expressas pelos Marxistas a respeito do chamado
determinismo histórico de Marx transforma-se num fator que possibilita apresentar e esquematizar
com precisão as linhagens marxistas do século XX. É também evidente que a reposta para a questão
do lugar da consciência e da vontade humana no processo histórico contribui para determinar o
sentido que se atribuí aos ideais socialistas, e está diretamente ligado com a teoria das revoluções e
das crises.
O ponto inicial do pensamento de Marx, entretanto, se compõe das questões filosóficas
legadas pela herança hegeliana, e a ruptura daquela herança é o pano de fundo natural para qualquer
tentativa de expor suas ideias.

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As Correntes Principais do Marxismo

  • 1. Main Currents of Marxism Leszek Kolakowski Tradução da edição norte-americana por Rodrigo Guimarães Introdução Karl Marx era um filósofo alemão. Esta frase não parece esclarecer muita coisa, mesmo assim não se trata de algo trivial, como uma primeira impressão pode sugerir. Jules Michelet, para recordar, tinha o hábito de começar suas palestras sobre a história Britânica com a seguinte expressão: ‘Senhores, a Inglaterra é uma ilha’. Faz muita diferença se simplesmente conhecemos o fato de que a Grã-Bretanha é uma ilha ou se interpretamos sua história à luz desse fato, que faz com que a interpretação assuma um sentido bastante peculiar. De forma análoga, afirmar que Marx era um filósofo alemão pode implicar uma determinada interpretação de seu pensamento e a importância histórica e filosófica do mesmo, enquanto sistema que se desdobra nos termos de uma análise econômica e de uma doutrina política. Apresentá-lo assim não é algo auto evidente nem, tampouco, incontroverso. Além disso, embora esteja claro que Marx foi um filósofo alemão, há meio século atrás (1917) as coisas eram um pouco diferentes. Na época da Segunda Internacional, a maioria dos Marxistas o consideravam como um autor de uma determinada teoria econômica e social que, segundo eles, era compatível com perspectivas metafísicas ou epistemológicas variadas; enquanto outros tinham a visão de que o Marxismo foi constituído a partir da base filosófica de Engels, sendo, em sua verdadeira acepção, um corpo teórico composto por duas ou três partes elaboradas respectivamente por Marx e Engels. Nós estamos todos familiarizados com os antecedentes políticos que tornam o Marxismo interessante até os dias atuais, considerando-o como a tradição ideológica que fundamenta o Comunismo. Aqueles que se consideram marxistas, assim como seus oponentes, estão preocupados com o problema: o Comunismo moderno, através de suas ideologias e instituições, é um herdeiro legítimo das doutrinas marxistas? As três formas mais comuns que esta questão é respondida podem ser, simplificadamente, colocadas assim: (1) Sim, o Comunismo moderno é uma encarnação perfeita do Marxismo, o que, portanto, prova que se trata de uma doutrina que termina em escravidão, tirania e crime; (2) Sim, o Comunismo moderno é uma perfeita encarnação do Marxismo, e que, portanto, significa uma esperança de libertação e felicidade para a humanidade; (3) Não, Comunismo como nós o conhecemos é uma profunda deformação do evangelho de Marx e uma traição aos fundamentos do socialismo Marxiano. A primeira resposta corresponde à tradicional ortodoxia anticomunista, a
  • 2. segunda à tradicional ortodoxia Comunista e a terceira, às várias formas do Marxismo crítico, revisionista ou ‘aberto’. A tese do presente trabalho, entretanto, é a de que a questão está equivocadamente formulada, assim, suas tentativas de resposta não são válidas. Mais precisamente, é impossível responder a essas questões: ‘Como os vários problemas do mundo moderno podem ser resolvidos de acordo com o Marxismo?’; ‘O que Marx diria se ele pudesse ver o que seus seguidores fazem?’ Ambas são questões estéreis e não há um modo racional para procurar uma resposta para elas. O Marxismo não fornece nenhum método específico para resolver questões que Marx não se perguntou a si mesmo ou que não existiam em seu tempo. Se sua vida pudesse ter sido prolongada por mais noventa anos, ele teria alterado suas perspectivas de maneira que nós não temos condições de especular. Aqueles que asseguram que o Comunismo é uma ‘traição’ ou ‘distorção’ do Marxismo procuram, com isso, absolver Marx da responsabilidade pelas ações daqueles que se consideraram seus herdeiros espirituais. Do mesmo modo, heréticos e cismáticos dos séculos XVI e XVII acusavam a Igreja Romana de trair sua missão e procuravam desvincular o apóstolo Paulo de qualquer associação com a corrupção de Roma. Igualmente, admiradores de Nietzsche queriam limpar o nome do filósofo de qualquer responsabilidade pela ideologia e prática do Nazismo.Amotivação ideológica de tais tentativas é suficientemente clara, mas seu valor explicativo é próximo do zero. Há muitas evidências de que todo movimento social deve ser explicado por uma variedade de circunstâncias e que as fontes ideológicas as quais eles apelam e que procuram se manterem fiéis, são somente um dos fatores determinantes do formato que assumem, de seus padrões de pensamento e de ação. Por isso, podemos ter a certeza de antemão que tanto os movimentos políticos quanto religiosos não são uma expressão perfeita da ‘essência’ do movimento tal como foi proposto nos seus escritos sagrados; em contrapartida, estes escritos não são meramente passivos, mas exercem uma influência própria no curso do movimento. O que normalmente ocorre é que as forças sociais que se tornam representantes de uma dada ideologia são mais fortes do que aquela ideologia, porém, de certo modo, ainda dependentes de sua própria tradição. O problema que se depara o historiador das ideias, então, não consiste em comparar a ‘essência’ de uma ideia específica com sua ‘existência’ prática, em relação a um dado movimento social. A questão está mais na maneira como, em consequência de quais circunstâncias, a ideia original se tornou um ponto de convergência de tantas forças divergentes e hostis entre si. Assim, quais foram, na ideia em si mesma, as ambiguidades e tendências conflitivas que comandaram seu desenvolvimento? É um fato bem conhecido, sobre o qual a história da civilização não registra exceções, que todas as ideias importantes estão sujeitas à divisão e à diferenciação enquanto sua influência continua a se espalhar. Então, não faz sentido perguntar qual é o ‘verdadeiro’Marxismo no mundo moderno, pois questões como essa só podem surgir dentro dos limites de uma perspectiva
  • 3. ideológica que assume os escritos canônicos como a autêntica fonte da verdade, e que qualquer interprete justo destes deve estar, portanto, rigorosamente, possuído pela verdade. Não há nenhuma razão, de fato, para nós não reconhecermos que os diferentes movimentos e ideologias, mesmo que antagonistas uns dos outros, tem igual direito de invocar o nome de Marx - exceto para alguns casos extremos, em relação aos quais este trabalho não se estenderá. Do mesmo modo, não faz sentido inquirir sobre: ‘Quem foi o verdadeiro aristotélico – Averroës, Thomas de Aquino ou Pomponazzi?’, ou ‘Quem foi o verdadeiro Cristão – Calvino, Erasmus, Bellarmine, ou Loyola?’ Esta última questão pode fazer sentido para os cristãos devotos, mas ela não tem relevância para a história das ideias. O historiador pode, entretanto, estar preocupado com o questionamento sobre o que havia no Cristianismo primitivo que possibilitou a homens tão diferentes quanto Calvino, Erasmus, Bellarmine e Loyola apelarem para a mesma fonte. Em outras palavras, o historiador trabalha seriamente com ideias e não as considera completamente submissas aos eventos, nem possuidoras de vida própria (neste caso não haveria razão em estudá-las), mas ele não acredita que elas possam durar de uma geração a outra sem alguma mudança de significado. A relação entre o Marxismo de Marx com o dos Marxistas compõe um legítimo campo de investigação, mas isto não permite decidirmos quem são os “verdadeiros” Marxistas. Se, enquanto historiador das ideias, nós nos colocamos além das ideologias, isto não significa que nós nos colocamos fora da cultura dentro da qual nós vivemos. Pelo contrário, a história das ideias, e especialmente daquelas que foram e continuam sendo muito influentes, é de certo modo um exercício de autocrítica cultural. Eu me proponho neste trabalho a estudar o Marxismo de um ponto de vista similar àquele adotado por Thomas Mann em Doutor Fausto em face do Nazismo e de suas relações com a cultura Alemã. Thomas Mann tinha o direito de dizer que o Nazismo não tinha nada a ver com a cultura Alemã ou que era sua negação indecentemente travestida dela. Entretanto, ele não disse isto: pelo contrário, ele investigou como tais fenômenos como o movimento de Hitler e a ideologia Nazi puderam surgir naAlemanha, e quais foram os elementos na culturaAlemã que tornaram isto possível. Qualquer Alemão, ele sustentou, poderia reconhecer com horror, nas bestialidades do Nazismo, a distorção de aspectos que poderiam ser encontrados até mesmo nos mais elevados representantes (este é o ponto essencial) da cultura nacional. Mann não se satisfaz em ignorar a questão do nascimento do Nazismo tal como era usual, nem se permite alegar que nele não havia nenhum princípio legítimo relacionado a algum aspecto da herança Alemã. Ao invés disso, ele criticou francamente aquela cultura na qual ele mesmo era parte e um elemento criativo. Não é, na verdade, suficiente afirmar que a ideologia Nazi era uma “caricatura” de Nietzsche, já que está na essência de tal caricatura aquilo que nos ajuda a reconhecer a ideologia original. Os Nazis instruíram seus super-homens a lerem A Vontade de Poder, e não adianta afirmar que isso foi um mero acaso e que eles poderiam da mesma forma terem escolhido Crítica da Razão Prática. Não é uma questão de estabelecer a ‘culpa’ de
  • 4. Nietzsche, que como um indivíduo não foi o responsável pelo uso de seus escritos; entretanto, o fato de que eles foram usados é um fato que causa espanto e não pode ser descartado como irrelevante para o entendimento daquilo que estava na mente deles. O apóstolo Paulo não foi responsável, pessoalmente, pela Inquisição e pela Igreja de Roma do final do século XV, mas o pesquisador, sendo Cristão ou não, não pode se contentar com a observação de que o Cristianismo foi deturpado e distorcido pela conduta indigna de papas e bispos; ele deve antes procurar o que havia nas epístolas de Paulo que permitiu, numa determinada época, dar vazão a ações indignas e criminosas. Nossa atitude para o problema de Marx e do Marxismo deve ser a mesma, sendo assim, este estudo não é somente um levantamento histórico, mas uma tentativa de analisar o fato estranho de uma ideia ter começado com o humanismo de Prometeu e ter culminado na tirania monstruosa de Stalin. *** A cronologia do Marxismo é complexa pela razão principal de que muito do que se considera agora como os mais importantes escritos de Marx não terem sido publicados até os anos 20 e 30 do século XX ou, até mesmo, mais tarde. Isto se aplica, por exemplo, ao texto completo da A Ideologia Alemã; ao texto completo de sua tese de doutorado sobre A Diferença entra a filosofia da Natureza em Demócrito e Epicuro; à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel; aos Manuscritos Econômicos e Filosóficos de 1844; à Contribuição à Crítica da Economia Política (Grundrisse); e, também, à Dialética da Natureza de Engels. Estes livros podem não ter afetado a época na qual foram escritos, mas hoje eles são considerados como importantes, não somente de um ponto de vista biográfico, mas também como partes integrais de uma doutrina que não pode ser entendida sem eles. É ainda controverso se, e em que medida, aquilo que é considerado como as ideias maduras de Marx, como foram especialmente concebidas em O Capital, seriam o natural desenvolvimento de sua filosofia desde a juventude, ou se, como alguns críticos asseguram, elas representariam uma radical mudança intelectual. Em outras palavras, Marx teria abandonado nos anos de 1850 e 1860 um modo de pensar e pesquisar circunscrito ao horizonte da filosofia hegeliana e do jovem hegelianismo? Alguns acreditam que a filosofia social do Capital está, de algum modo, predefinida pelos seus escritos mais antigos, tratando-se de um desenvolvimento ou especificação destes. Outros asseguram que as análises da sociedade capitalista denotariam uma ruptura com a retórica utópica e normativa do período anterior. Essas duas visões conflitantes podem ser relacionadas com interpretações opostas do corpo teórico de Marx como um todo. É uma premissa deste trabalho que, tanto lógica quanto cronologicamente, o ponto fundador do Marxismo se encontra na antropologia filosófica. Ao mesmo tempo, é virtualmente impossível isolar o conteúdo filosófico do corpo principal do pensamento de Marx. Marx não era um escritor
  • 5. acadêmico, mas um humanista no sentido renascentista do termo: sua mente estava preocupada com todos os assuntos humanos, e sua visão da libertação social abarcava, como um todo interdependente, os principais problemas que a humanidade se depara. Porém, tem se tornado comum dividir o Marxismo em três campos de especulação – filosofia antropológica básica, doutrina socialista e análise econômica – que apontam para as suas três fontes respectivas: a dialética Germânica, o pensamento socialista Francês e a política econômica Britânica. Muitos têm a opinião, entretanto, que esta divisão restrita é contrária ao próprio propósito de Marx, que era o de estabelecer uma interpretação global do comportamento humano e da história reconstruindo uma teoria integral do ser humano, onde questões específicas somente teriam significado se relacionadas ao todo. Não é possível definir em uma única frase a forma segundo a qual os elementos do Marxismo estão inter- relacionados, assim como a natureza de sua coerência interna. Aparentemente, entretanto, Marx esforçou-se por identificar os aspectos do processo histórico que confeririam uma importância comum às questões epistemológicas e econômicas, além dos ideias sociais. Em outras palavras, ele procurou criar instrumentos de análise conceitual que fossem suficientemente gerais e que tornassem inteligível qualquer fenômeno humano. Se, entretanto, nós tentarmos reconstruir estas categorias, exibindo o pensamento de Marx de acordo com elas, nós corremos o risco de negligenciar sua evolução como pensador e tratar todo o seu trabalho como um bloco simples e homogêneo. Entretanto, parece-me mais adequado, antes de percorrer o desenvolvimento de seu pensamento em suas linhas principais, considerar os princípios que estariam presentes desde o seu início, mesmo que implicitamente, e o que poderia ser considerado como transitório e acidental. O presente compêndio da história do Marxismo está focado na questão que é recorrente e que tem ocupado um lugar central nos pensadores Marxistas independentes, a saber: como é possível evitar o dilema do utopismo versus o fatalismo histórico? Em outras palavras, como pode alguém articular e defender um ponto de vista que não seria nem a proclamação arbitrária de ideais imaginados, nem a uma aceitação resignada da proposição de que os assuntos humanos estão sujeitos a um processo histórico do qual todos participam, mas que ninguém é capaz de controlar? A surpreendente diversidade de posições expressas pelos Marxistas a respeito do chamado determinismo histórico de Marx transforma-se num fator que possibilita apresentar e esquematizar com precisão as linhagens marxistas do século XX. É também evidente que a reposta para a questão do lugar da consciência e da vontade humana no processo histórico contribui para determinar o sentido que se atribuí aos ideais socialistas, e está diretamente ligado com a teoria das revoluções e das crises. O ponto inicial do pensamento de Marx, entretanto, se compõe das questões filosóficas legadas pela herança hegeliana, e a ruptura daquela herança é o pano de fundo natural para qualquer tentativa de expor suas ideias.