1. Análise crítica ao Modelo de Auto-Avaliação
das
Bibliotecas Escolares
Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para as
bibliotecas escolares.
Em plena Sociedade da Informação, em que nos deparamos com
novos ambientes e conceitos de aprendizagem, decorrentes das mudanças
que a revolução das TIC vieram trazer à sociedade, à economia e ao
desenvolvimento pessoal, torna-se pertinente a afirmação do papel das
bibliotecas (que, mais do que disponibilizar recursos e serviços tem que
promover a transformação da informação em conhecimento) e a sua
validação através de uma avaliação centrada essencialmente no seu
impacto qualitativo, isto é, na aferição/medição da eficácia – os resultados,
“o valor que eles acrescentam nas atitudes e nas competências dos
utilizadores”. A acção da BE deve, pois, basear-se numa orientação
estratégica (o que se faz, como se faz, porque se faz, o que se pretende
alcançar) de modo a evidenciar o seu impacto e valor.
O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria de
melhoria. Conceitos implicados.
A necessidade de enquadrar as Bibliotecas Escolares no actual
contexto de mudança levou à construção de um modelo de auto-avaliação
capaz de potenciar o seu desenvolvimento, constituindo-se como instrumento
pedagógico e de melhoria contínua com impacto no funcionamento da
escola e nas aprendizagens dos alunos.
As perspectivas subjacentes à construção do modelo são a do
conceito de Biblioteca Escolar e a do desenvolvimento organizacional.
Enquanto a primeira tem a ver com os princípios orientadores da missão da BE
(definidos nos manifestos do IFLA, UNESCO e na declaração do IASL), que
põem a tónica no contributo da BE para as aprendizagens dos alunos, para o
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2. sucesso educativo e para a promoção da aprendizagem ao longo da vida, a
segunda enfatiza a prestação de serviços e a sua qualidade.
Os conceitos primordiais que enformam o documento reforçam
essencialmente o seu valor pedagógico e formativo e justificam de forma
clara a necessidade de se proceder a uma avaliação do trabalho que tem
vindo a ser desenvolvido, ao mesmo tempo que apontam para novas pistas
de actuação e valorização da BE:
- a BE deve ser capaz de produzir resultados que contribuam
efectivamente para atingir os objectivos definidos no Projecto Educativo da
escola;
- a auto-avaliação surge como um processo pedagógico e regulador;
- a identificação das áreas nucleares do trabalho com a BE são
determinantes para o ensino/aprendizagem;
- a avaliação deve ser entendida como um processo gerador de
mudanças e não um fim em si mesmo;
- o modelo pretende ser um instrumento pedagógico e orientador;
- a auto-avaliação deve contribuir essencialmente, a partir da
identificação clara dos pontos fortes e fracos, para a elaboração de novos
planos de desenvolvimento. Para isso são necessárias práticas sistemáticas de
recolha de evidências e práticas de pesquisa/acção que ponham a tónica
nos impactos e nas mais-valias que acrescentam às aprendizagens e à escola,
marcando assim a diferença.
Organização estrutural e funcional.
O modelo criado para avaliação das Bibliotecas Escolares constitui-se
assim como um quadro de referência e um instrumento orientador da sua
transformação em organizações direccionadas para a melhoria da qualidade.
Está organizado em quatro domínios tendo sido definidos os indicadores
para cada um deles. Estes concretizam-se em factores críticos de sucesso, que
operacionalizam o respectivo indicador. Para cada indicador são apontados
possíveis instrumentos de recolha de evidências e também exemplos de
acções para a melhoria. A avaliação realizada articula-se com os perfis de
desempenho que caracterizam o que se espera da BE.
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3. Esta organização estrutural e funcional tem a enorme vantagem de se
constituir como instrumento orientador informativo e formativo, facilitando a
perspectivação de acções a desenvolver, considero porém que as
percentagens referidas nos perfis de desempenho estão um pouco
desajustadas à realidade portuguesa, em que os níveis de leitura e literacia
dos nossos alunos são ainda muito baixos. Não poderei deixar de referir
também a minha preocupação relativamente ao tempo que é necessário
para pôr em prática as acções sugeridas nos factores críticos de sucesso,
tendo como objectivo a sua aplicação a toda a escola.
Naquilo que à recolha de evidências diz respeito, podemos deparar-nos
também com alguns constrangimentos derivados, por exemplo, da
receptividade dos docentes aos questionários que lhes são feitos, da
incompreensão em relação à análise de actas e planificações, sobretudo
neste momento tão problemático como o que se está a viver, com a
implementação da avaliação do desempenho. Quanto às grelhas de
observação, aplicadas ao mesmo grupo de alunos, coloca-se o problema da
necessidade de um contacto regular com esses alunos, para melhor os
conhecer, ou então só as poderemos preencher com a colaboração dos
docentes (por exemplo para a grelha proposta no domínio B).
Integração/ Aplicação à realidade da escola/ biblioteca escolar.
Oportunidades e constrangimentos.
A avaliação do desempenho não depende só da acção isolada da BE,
envolve/implica também os docentes e a direcção da escola.
Os domínios em que se vai centrar a avaliação da BE são referidos em
vários estudos internacionais como cruciais ao desenvolvimento e qualidade
das BEs, enquanto espaços formativos e de aprendizagem, intrinsecamente
relacionados com a escola, com o processo de ensino/aprendizagem, com a
leitura e com as diferentes literacias. Neste contexto, a BE tem que,
forçosamente, estar integrada nos objectivos educacionais e programáticos
da escola, nos documentos reguladores e orientadores da sua actividade e
articular com toda a comunidade educativa na planificação e
desenvolvimento de actividades educativas e de aprendizagem.
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4. Consequentemente a avaliação da biblioteca deve estar incorporada no
processo de avaliação da própria escola, devendo ser vista como um
processo participativo e por isso ser conhecida e divulgada. Se o contributo da
biblioteca no apoio ao ensino aprendizagem for reconhecido, a sua
avaliação será vista como parte integrante da auto-avaliação da escola.
Mobilizar toda a escola para o processo de auto-avaliação da BE é pois
de crucial importância, será talvez o desafio maior que se coloca aos
professores bibliotecários, não só devido à pouca abertura dos docentes ao
trabalho colaborativo, como também à falta de tempo para planificações
conjuntas originada pela sobrecarga de trabalho que lhes é actualmente
exigido; neste momento, a tudo isto, há ainda a somar o modelo de avaliação
dos professores que tanta contestação tem gerado.
“O modelo indica o caminho, a metodologia, a operacionalização. A
obtenção da melhoria contínua da qualidade exige que a organização esteja
preparada para a aprendizagem contínua. Pressupõe a motivação individual
dos seus membros e a liderança forte do professor coordenador, que tem de
mobilizar a escola para a necessidade e implementação do processo
avaliativo.” (Texto da sessão, p.7)
Gestão das mudanças que a sua aplicação impõe. Níveis de
participação da e na escola.
Segundo as palavras de Mike Einsenberg, o professor bibliotecário
deverá aliar-se aos restantes professores para solucionarem as necessidades
de informação dos alunos, articulando conteúdos curriculares, educativos e os
recursos impressos, não impressos e electrónicos existentes na BE.
O professor bibliotecário deve ser um professor especialista em literacia
da informação e um parceiro dos outros professores. Enquanto professor,
colabora com os alunos e outros utilizadores analisando a aprendizagem e as
necessidades de informação, localizando a disponibilizando recursos que
satisfaçam essas necessidades e comunicando a informação e que os
recursos fornecem.
No ponto de vista de Eisenberg (2002) e do texto da sessão (pág.8), o
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5. professor bibliotecário deve evidenciar as seguintes competências:
a) Ser um comunicador efectivo no seio da instituição;
b) Ser proactivo;
c) Saber exercer influência junto de professores e do órgão
directivo;
d) Ser útil, relevante e considerado pelos outros membros da
comunidade educativa;
e) Ser observador e investigativo;
f) Ser capaz de ver o todo - “the big picture”;
g) Saber estabelecer prioridades;
h) Realizar uma abordagem construtiva aos problemas e à
realidade;
i) Ser gestor de serviços de aprendizagem no seio da escola;
j) Saber gerir recursos no sentido lato do termo;
k) Ser promotor dos serviços e dos recursos;
l) Ser tutor, professor e um avaliador de recursos, com o objectivo
de apoiar e contribuir para as aprendizagens;
m) Saber gerir e avaliar de acordo com a missão e objectivos da
escola.
n) Saber trabalhar com departamentos e colegas.
O professor bibliotecário deverá ter uma capacidade de liderança
associada a uma visão de gestão estratégica determinantes para o sucesso
da implementação de um processo de avaliação. Assim sendo o professor
bibliotecário deverá orientar estrategicamente articulando a sua gestão com
as prioridades e objectivos da escola; promover uma cultura de avaliação e
comunicar continuamente com a comunidade educativa. Ao professor
bibliotecário “Cabe-lhe como Todd (2001) refere, transformar a biblioteca
escolar em “espaço de conhecimento, por oposição a um espaço de
informação”.
No entanto é de recordar que a auto-avaliação da biblioteca “não é
um fim em si mesma. É um processo de melhoria que deve facultar
informação de qualidade capaz de apoiar a tomada de decisão.” (Texto da
sessão, pág.9).
A aplicação do modelo de avaliação depende, de acordo com o que
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6. atrás foi dito, em grande parte da liderança do professor bibliotecário. Este
deverá evidenciar uma série de competências que lhe permitam delinear um
programa que assegure a visão e o programa da Biblioteca Escolar (ensino da
literacia da informação, promoção da leitura, gestão da informação,
integração dos skills da informação e das tecnologias no currículo escolar).
Deverá pensar estrategicamente, tomar decisões, gerir e planear
estrategicamente, em consonância com as prioridades da escola, promover
uma cultura de avaliação, comunicar continuamente com os órgãos de
gestão, os professores, difundir os dados obtidos, sucessos e insucessos, gerir a
mudança necessária à superação dos problemas detectados…
Discordo de Mike Eisenberg uma vez que não se me afigura tão simples a
opinião de apesar de o professor bibliotecário ter vindo a beneficiar de
formação adequada e ter procurado auto-formar-se continuamente, ser
capaz de dar cumprimento a tudo o que lhe é exigido, sem o apoio de uma
equipa forte e com horas suficientes para, por exemplo, ajudar a implementar
devidamente o modelo de auto-avaliação proposto.
TAREFA
Faça uma análise crítica ao Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas
Escolares, tendo em conta os seguintes aspectos:
- Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para as
bibliotecas escolares.
- O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria de
melhoria. Conceitos implicados.
- Organização estrutural e funcional.
- Integração/ Aplicação à realidade da escola/ biblioteca escolar.
Oportunidades e constrangimentos.
- Gestão das mudanças que a sua aplicação impõe. Níveis de
participação da e na escola.
Recorra, quando julgar oportuno, à informação disponibilizada,
citando-a.
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7. OBJECTIVOS DESTA SESSÃO:
Perceber a estrutura e os conceitos implicados na construção do
Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares.
Entender os factores críticos de sucesso inerentes à sua aplicação.
INSTRUMENTOS CONSULTADOS:
Textos obrigatórios e facultativos
Modelo de auto-avalição da biblioteca escolar – RBE
TRABALHO PRODUZIDO POR
Anabela Valentim
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