1. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA ALUNA: Pollyana Rennó Campos Braga ORIENTADOR: Prof. Dr. Alexandre Secorun Borges CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Márcio Garcia Ribeiro OCORRÊNCIA DE ANTICORPOS PARA O VÍRUS DA ARTERITE EQÜINA EM CAVALOS CRIADOS NAS MESORREGIÕES MACRO METROPOLITANA PAULISTA E CAMPINAS
4. ARTERITE VIRAL EQUINA 27% GOLNIK, et al Polônia 2008 0,79% GONZÁLES, et al Argentina 2003 1,9% (residentes) 18,6% (importados) HULLINGER, et al Califórnia- EUA 2001 1995: 2,0% 1996: 0,52% NEWTON, et al Reino Unido 1999 Vacinados: 23% Não vacinados: 2% NAHMS, USDA EUA 1998 Standardbred: 23,9% PSI: 4,5%, Warmblood: 3,6%, Quarto de Milha: 0,6% NAHMS, USDA EUA 1998 2,30% GLASER, et al Inglaterra 1996 20% EICHHORN et al., Alemanha 1995 10,90% KÖLBL, et al Áustria 1991 Standardbred: 36% PSI: 3% MACKENZIE J. Nova Zelândia 1990 Standardbred: 73% PSI: 8% HUNTINGTON ,et al Austrália 1990 9,20% NOSETTO et al Argentina 1984 Standardbred: > 9 anos (37%). PSI: > 9 anos (20,6%). LANG, G et al Ontario- Canadá 1984 11,3% BOER, et al Suíça 1979 14,0% DE BOER, et al Holanda 1979 18,50% MORAILLON e MORAILLON França 1978 8,60% AKASHI, et al Japão 1975 % positivos Autor Local Ano
5. ARTERITE VIRAL EQUINA 27% GOLNIK, et al Polônia 2008 0,79% GONZÁLES, et al Argentina 2003 1,9% (residentes) 18,6% (importados) HULLINGER, et al Califórnia- EUA 2001 1995: 2,0% 1996: 0,52% NEWTON, et al Reino Unido 1999 Vacinados: 23% Não vacinados: 2% NAHMS, USDA EUA 1998 Standardbred: 23,9% PSI: 4,5%, Warmblood: 3,6%, Quarto de Milha: 0,6% NAHMS, USDA EUA 1998 2,30% GLASER, et al Inglaterra 1996 20% EICHHORN et al., Alemanha 1995 10,90% KÖLBL, et al Áustria 1991 Standardbred: 36% PSI: 3% MACKENZIE J. Nova Zelândia 1990 Standardbred: 73% PSI: 8% HUNTINGTON ,et al Austrália 1990 9,20% NOSETTO et al Argentina 1984 Standardbred: > 9 anos (37%). PSI: > 9 anos (20,6%). LANG, G et al Ontario- Canadá 1984 11,3% BOER, et al Suíça 1979 14% DE BOER, et al Holanda 1979 18,50% MORAILLON e MORAILLON França 1978 8,60% AKASHI, et al Japão 1975 % positivos Autor Local Ano
6. Estudos de soroprevalência no Brasil ARTERITE VIRAL EQUINA 0% CUNHA, et al Sul do Estado de São Paulo 163 2009 0% AGUIAR, et al Monte Negro/RO 176 2008 0,85% BELLO, et al Estado de Minas Gerais 826 2007 0% LARA, et al Curitiba/PR 97 2006 2,20% DIEL, et al Estado do Rio Grande do Sul 1.506 2006 2,90% LARA, et al Curitiba/PR 70 2003 0,30% LARA, et al Araçatuba/SP 1.341 2003 18,20% LARA, et al Estado de São Paulo 659 2002 0% HEINEMANN, et al Uruará/PA 96 2002 c/abortamento: 10,34% c/s.respiratório: 23,52% s/sintomas: 19,33% FERNANDES, W.R e LARA, M.C.C.S Estado de São Paulo 259 1999 % positivos Autor Local Nº Animais Ano
9. BELL et al., 2006 www.ivis.org ARTERITE VIRAL EQUINA - Edema de glândula mamária - Edema de escroto e prepúcio - Edema de membros posteriores
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11. OBJETIVOS 1. Avaliar a ocorrência de anticorpos soroneutralizantes para o vírus da arterite eqüina em cavalos criados nas Mesorregiões Macro Metropolitana Paulista e Campinas 2. Avaliar as diferenças na freqüência de animais soropositivos entre as regiões e municípios amostrados 3. Comparar a freqüência de animais soropositivos segundo sexo, faixa etária e raças
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13. MATERIAL E MÉTODOS 47.356 Total população estudada 9.821 Bragança Paulista 1.410 Jundiaí 19.330 Sorocaba 7.607 Piedade Macro Metropolitana Paulista 10.210 Amparo 13.965 Campinas 12.105 Mogi Mirim 8.070 São João da Boa Vista 2.263 Pirassununga Campinas Total de animais Microrregião Geográfica Mesorregião Geográfica Efetivo da população eqüina nas Mesorregiões e Microrregiões estudadas. IBGE, 2005.
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20. MATERIAL E MÉTODOS Controle de células 100 DICT 50 0,1 DICT 50 10 DICT 50 1 DICT 50 Controle soro negativo Controle soro positivo Soros testes Controle de Vírus - Técnica descrita por SEENE et al., 1985 1:512 + - - - + + H 1:256 + - - - + + G 1:128 + - - - + + F 1:64 + - - - + + E 1:32 + - - + + + D 1:16 + - - + + + C 1:8 + - - + + + B 1:4 + - - + + + A 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
21. MATERIAL E MÉTODOS Câmara de fluxo contínuo onde foram preparadas as microplacas para o teste de soroneutralização para o diagnóstico da Arterite viral dos equinos (A). Microplaca preparada contendo mistura soro-vírus-células após a última incubação e antes da realização da leitura dos resultados (B).
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23. MATERIAL E MÉTODOS Orifício da microplaca do teste de soroneutralização sem a presença do efeito citopático do vírus da Arterite dos eqüinos em células RK-13 (A). Orifício da microplaca de teste de soroneutralização evidenciando o efeito citopático em células RK-13 (B). Fotos gentilmente cedidas pelas Dras. Maria do Carmo Custódio de Souza Hunold Lara e Elenice Maria Sequetin Cunha, Instituto Biológico/SP P N
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27. RESULTADOS Mapa do estado de São Paulo representando os municípios amostrados no estudo e classificados segundo a presença (15 municípios) ou ausência (27 municípios) de animais positivos para o vírus da Arterite dos eqüinos pela técnica de soroneutralização.
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29. RESULTADOS 5,8 41 238 Total 1,4 1 5 Vargem 3,4 1 5 Socorro 9,3 1 3 Santo Antônio da Posse 8,1 1 9 Piracaia 2 1 2 Nazaré Paulista 5 1 3 Morungaba 4 1 4 Joanópolis 9,5 1 2 Bom Jesus dos Perdões 8,3 2 4 Valinhos 2,3 2 3 Sumaré 3 2 8 Jundiaí 10,2 2 14 Jaguariúna 3,4 2 21 Atibaia 3,8 5 37 Bragança Paulista 12,3 18 26 Campinas nº médio de animais coletados por propriedade Nº Propriedades positivas por cidade Nº Propriedades coletadas por cidade Cidade Número de propriedades coletadas por cidade, número de propriedades por cidade com animais positivos para o vírus da Arterite dos Eqüinos
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39. - Não houve diferença na ocorrência de anticorpos contra o vírus da arterite dos eqüinos segundo sexo - Maior ocorrência de anticorpos em animais das raças de Salto (17,9%) - Maior ocorrência de anticorpos em animais acima de 24 meses CONSIDERAÇÕES FINAIS SUGEREM A CIRCULAÇÃO DO VÍRUS NA POPULAÇÃO DAS MESSOREGIÕES PAULISTAS ESTUDADAS
Bom dia à todos. Primeiramente eu gostaria de agradecer a presença de todos os membros da banca e a todos os presentes. O tema da minha dissertação é o estudo da ocorrência de anticorpos para o vírus da arterite equina em cavalos criados nas Mesorregiões Macro metropolitana Paulista e Campinas.
Falando um pouco sobre a doença A Arterite Viral equina é uma doença infecciosa dos equideos causada por um RNA vírus pertencente à ordem Nidovirales, família Arteriviridae, gênero Arterivirus. Deste mesmo gênero fazem parte os vírus da Síndrome Respiratória e Reprodutiva dos Suínos, Vírus elevador da Lactato Desidrogenase e Vírus da Febre Hemorrágica dos Sìmios.
A doença possui distribuição mundial. Este mapa demonstra a distribuição do vírus entre os anos de 1953-2006 de acordo com a OIE 2006. A doença foi primeiramente relatada por Doll et al em 1957 a partir de um surto de abortamento ocorrido em uma fazenda próximo a Bucyrus no estado de Ohio nos Estados Unidos em 1953. Vários inquéritos sorológicos têm demonstrado a presença da infecção em equinos de várias regiões do mundo incluindo América do Norte, América do Sul, Europa, Austrália, África com prevalência bastante variada. Islândia e Japão são aparentemente livres do vírus, Contudo a infecção pelo vírus é relativamente comum em países europeus.
Este quadro demonstra diversos estudos de soroprevalência da Arterite viral equina no mundo COM DIFRENTES PREVALÊNCIAS. Podemos verificar que em países europeus a soroprevalência é elevada como pode ser verificado na França com 18,5%, Holanda 14%, Suíça 11,3%, áustrua 10,9%, Polônia 27%. Nos Estados Unidos estudo realizado pelo Sistema Nacional de Monitoramento em Saúde Animal em 1998 revelou 2% de prevalência da doença em animais não vacinados
A prevalência da doença não varia somente entre países mas também entre animais de diferentes raças e idades dentro de um mesmo país o que pode ser evidenciado entre animais da raça Standerbred no Brasil conhecido como American Troter e os da raça Puro Sangue Inglês. Neste aspecto tanto em países europeus como nos Estados Unidos a infecção é endêmica entre os animais da raça Standerbred mas não em animais da raça Puro Sangue Inglês. Estas diferenças de prevalência da infecção em animais de diferentes raças pode ser verificado por exemplo em estudo realizado na Austrália, Nova zelândia, estados Unidos, Canadá. Estudo realizado pelo NAHMS- NAtional Animal Health Monitoring System (Sistema Nacional De Monitoramento de Saúde Animal nos Estados Unidos revelou maior prevalência em animais da raça standerbred quando comparados com animais da raça PSI, Warmblod e Quarto de Milha. Embora as diferenças na susceptibilidade à infecção pelo vírus entre as raças possam apresentar origem genética até o momento não foi demonstrada nenhuma variação raça-específica na susceptibilidade ou resistência á infecção ou mesmo no estabelecimento de machos portadores.
Até o momento o vírus não foi isolado no Brasil, mas diversos inquéritos sorológicos demonstram a presença do vírus na população de equinos do país. O primeiro registro da doença ocorreu em 1993 na cidade de Ibiúna estado de São Paulo em propriedade que criava animais da raça Mangalarga Paulista onde uma égua inicialmente apresentou sinais clínicos oculares de lacrimejamento excessivo bilateral e uveíte. O teste de soroneutralização para o vírus em amostras pareadas encaminhadas para o Dr. Peter Timoney da Universidade de kentucky confirmou a presença de animais reagentes para o vírus da arterite dos equinos na propriedade. Um dos primeiros estudos a serem realizados no Brasil foi em 1999 pelo professor Wilson Fernandes e pela Dra. Maria do Carmo Custódio de Lara no qual foi pesquisada a presença de anticorpos para o vírus da arterite equina em cavalos criados no estado de São Paulo, que apresentaram sintomas de alteração de sistema respiratório entre 30 a 60 dias antes da colheita do material ou abortamento ocorrido entre o 3º e 11º mês de gestação há pelo menos 1 ano e comparados os resultados com animais criados nas mesmas propriedades e que não apresentavam os referidos sintomas. Os resultados observados nos dois grupos, de 23,52% e 10,34% respectivamente para o grupo com sinais respiratórios e abortamento não foi estatisticamente diferente dos animais assintomáticos (19,33%). Considerando as raças de animais pode-se observar maior ocorrência em animais das raças Mangalarga, Árabe e Quarto de Milha, quando comparados aos das raças Andaluz e PSI, bem como mestiços. Os animais sem sinais clínicos foram coletados para avaliar a quantidade de animais soropositivos e assintomáticos nas propriedades utilizadas para a colheita das amostras. Este trabalho indica que a doença está ocorrendo no estado de São Paulo nas suas formas mais comuns de manifestações clínicas da doença descritas por vários autores como abortamento, sinais respiratórios bem como infecção inaparente (assintomáticos). Os demais estudos realizados no Brasil revelaram grandes diferenças na prevalência de anticorpos para o vírus nas populações de equinos dos estados brasileiros estudados. O Estado com maior prevalência da infecção foi o Estado de São Paulo em estudo realizado por Lara et al em 2002 que revelou 18,2% de animais sororeagentes.O que pode ser evidenciado é que nos estados brasileiros investigados aqueles que possuem intensa atividade equestre (provas, feiras e exposições) como Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul apresentaram maior prevalência de anticorpos quando comparados a outros estados nos quais a atividade equestre é menos intensa como Pará e Rondônia. Verifica-se também que existem diferenças na prevalência de anticorpos dentro de um mesmo estado. Por exemplo Lara et al 2003 verificaram 2,9% de animais positivos em animais da raça Puro Sangue Inglês criados na cidade de Curitiba enquanto que na mesma cidade verificou-se 0% de prevalência em animais de carroceiro. No estado de São Paulo regiões onde a criação de equinos é mais extensiva como Sul do Estado de São Paulo no Vale da Ribeira que teve 0% de prevalência e na região de Araçatuba onde a maioria dos cavalos coletados no estudo trabalhavam com gado teve 0,3% sendo consideradas prevalências baixas.
Transmissão: As duas mais importantes formas de transmissão da arterite viral quina ocorrem pela via respiratória, através da inalação de aerossóis contaminados com secreções respiratórias provenientes de animais agudamente infectados ou pela via venérea após o contato de fêmeas com machos portadores tanto através da monta natural quanto por inseminação artificial. O vírus é viável em sêmen fresco quanto congelado. A transmissão via respiratória é freqüente em locais com elevado número de animais. O Garanhão portador: Ele é o reservatório e mantenedor do vírus dentro de uma população de animais. Cerca de 30 a 60% dos garanhões infectados tornam-se portadores do vírus. Nos machos o vírus é mantido nos órgãos sexuais acessórios, principalmente na ampola dos ductos deferentes e é eliminado constantemente pelo sêmen. O estágio de animal portador é testosterona dependente não acontecendo em fêmeas, machos castrados e potros pré-púberes. A transmissão venérea pelos machos portadores é a forma pela qual o vírus de mantém nos criatórios. Os machos podem transmitir a infecção para cerca de 85 a 100% das fêmeas soronegativas com as quais se reproduzem. A maioria dos casos são assintomáticos mas a ausência de sinais clínicos aparentes não significa ausência de vírus circulante nos plantéis. A mortalidade é baixa ocorrendo somente nos casos de abortamento e em potros com pneumonia intersticial ou pneumoenterite. Um dos sinais clínicos mais importantes que trás enormes prejuízos é o abortamento que pode ocorrer entre o 3º e o 10º mês de gestação. A exposição de éguas prenhes ao vírus em períodos tardios da gestação pode não produzir o abortamento mas dar origem a potros infectados congenitamente que morrem por pneumonia intersticial progressiva dentro dos primeiros 3 a 4 dias de vida. Sinais respiratórios: descarga nasal, lacrimal, febre, depressão, anorexia Alterações oculares: conjuntivite, uveíte, edema periorbital e supraorbital, Alterações vasculares: edema de membos principalmente posteriores, edema de abdomen, edema de mama, parte ventral de abdômen, escroto e prepúcio nos machos e urticária na face lateral do pescoço face e generalizada.
O diagnóstico é baseado nos achados clínicos apoiado em exames laboratoriais subsidiários. A suspeita é confirmada pelo isolamento viral e provas sorológicas. Tal recomendação é necessária em virtude da similaridade da arterite viral equina com doenças como a rinopneumonite, influenza e abortamento equinos a vírus. O isolamento viral pode ser realizado a partir de sêmen de garanhões. Placenta, tecidos e fluídos fetais no caso de abortamento. Suabs nasais e conjuntivais no caso de animais com sintomatologia clínica respiratória e ocular e sangue e urina logo após o início dos sinais clínicos na fase aguda da doença. Vários teste sorológicos são descritos para o diagnóstico da infecção viral. Entretanto o teste de soroneutralização viral é indicado como padrão pela Organização Internacional de Epizootias. É indicado a realização de coleta de sorologia pareada na fase aguda e convalescente da doença a fim de se verificar o aumento de 4X no título de anticorpos soroneutrazantes. Outras técnicas descritas são a fixação de complemento, a imunofluorescência indireta e o ELISA mas estas técnicas ainda não são aprovadas pela OIE. Somente a Soroneutralização viral devido a sua alta sensibilidade e especificidade. Técnicas moleculares também podem ser utilizadas como RT-PCR para a detecção do RNA viral sobrenadante de culturas celulares utilizadas para o isolamento viral ou em amostras clínicas
O estado de São Paulo possui um dos maiores rebanhos equinos de raças puras do país estes animais estão em constante trânsito dentro do próprio estado bem como entre diferentes estados e países, participando de competições equestres, feiras e exposições. O estado possui uma enorme população de animais importados e também é uma das regiões do país que mais utiliza tecnologia em reprodução com importação de animais, sêmen e transferência de embriões. Considerando o grande número de criatórios de equinos no estado de São Paulo, o impacto da arterite viral equina na saúde equina e o reduzido número de investigações da doença no país faz-se necessário estudos mais detalhados da Arterite Viral Equina com o intuito de determinar a real importância da doença no estado de São Paulo. O objetivo do nosso trabalho foi: - avaliar a ocorrência de anticorpos soroneutralizantes para o vírus da arterite equina em cavalos criados nas Mesorerregiões Macro Metropolitana Paulista e Campinas Avaliar as diferenças na freqüência de animais soropositivos entre as regiões e os municípios amostrados Comparar a frequencia de animais soropositivos segundo sexo, faixa etária e raças
O estudo foi conduzido no estado de São paulo tendo como fonte os dados da Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE 2005 (instituto Brasileiro de geografia e estatística) no qual o estado de São Paulo é dividido em 15 Mesorregiões Geográficos e subclassificado em 63 Microrregiões Geográficas. No nosso estudo foram analisadas 2 Mesorregiões geográficas e 5 Microrregiões Geográficas.
As duas Mesorregiões estudadas foram a Macro Metropolitana Paulista e Campinas e as Microrregiões estudadas foram a de Mogi Mirim, Campinas, Amparo pertencentes á Mesorregião de Campinas e As Microrregiões de Jundiaí e Bragança Paulista pertencentes à Mesorregião Macro Metropolitana Paulista. O total da população a ser estudada é de 47.356 equinos.
O Cálculo do tamanho amostral foi baseado no estudo de DEAN e SULLIVAn, 2007 e foi orientado pelo professor Adriano Dias professor do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu. Tendo como população disponível para o estudo um total de 47.356 animais. Estimando-se a prevalênica em 6% com efeito de delineamento 2 pelas dificuldades na amostragem sistemática e intervalo de confiança 95%. Segundo esta estimativa deveriam ser avaliados no mínimo 1069 animais. No presente estudo foram avaliados 1.400 animais. O excedente de 331 amostras foi colhido e distribuídos nos vários grupos experimentais a fim de se melhorar a margem de segurança do estudo
Foram colhidos 1400 amostras de soros sanguineos pertencentes a 238 propriedades rurais de 42 municípios paulistas com média de 5,8 animais coletados por propriedade.
Mapa representando os 42 municípios amostrados nas duas Mesorregiões Geográficas estudadas
As 1.400 amostras de soro coletadas foram classificadas segundo a sua localização geográfica, sexo, faixa etária e raça a fim de se verificar a influência desses fatores na ocorrência de anticorpos para o vírus da arterite equina. Os animais das raças West Falen .......... Foram agrupados em uma categoria racial denominados Animais de Salto
As amostras de sangue foram colhidas no período compreendido entre os anos de 2007 e 2008. Para a obtenção do soro sangüíneo foram colhidas amostras de soro sangüínos através da punção da veia jugular externa utilizando agulha 30X8 e sistema vacutainer em tubos de vidro siliconizados sem anticoagulante providos de tampa de borracha e com vácuo para aspirar volume de 10mL Após a colheita as amostras de sangue foram mantidas em temperatura ambiente até a coagulação e completa retração do coágulo. O soro sangüíneo obtido foi separado por aspiração aliquotado em três microtubos, identificados e armazenados em congelador à temperatura de -20ºC até a realização da técnica de soroneutraliação para a detecção da presença de anticorpos contra o vírus da arterite equina. As amostras de soro foram processadas no laboratório de raiva e encefalites do Instituto Biológico de São paulo.
Dentre as técnicas sorológicas, o princípio da Soneutralização é o que mais se assemelha às interações entre anticorpos e vírus que ocorre in vivo. A neutralização viral reflete uma atividade de anticorpos com maior significado biológico. Por isso, a Soroneutralização é uma das técnicas mais utilizadas em virologia. Como a neutralização de um determinado vírus só ocorre por anticorpos específicos contra ele, essa técnica é altamente específica, além de possuir alta sensibilidade. O que minimiza resultados falso positivos e falso negativos. A soroneutralização é a técnica padrão ouro preconizada pela OIE (Organização Internacional de Epizootias) possuindo elevada sensibilidade e especificidade e por isso possui alto valor no diagnóstico de infecções agudas e nos estudos de soroprevalência (OIE Terrestrial Manual, 2008). Possui algumas desvantagens como o elevado custo da técnica, tempo da ténnica e necessidades de equipamentos laboratoriais específicos. Outros problemas incluem citotoxicidade que pode ocorrer em uma porcentagem variável de soros o que pode dificultar a interpretação dos resultados que podem resultar em falso positivos.
A técnica de soroneutralização foi realizada segundo as recomendações descritas por SEENE e colaboradores em 1985. A manutenção do vírus da arterite utilizada nesta técnica é realizada em cultura de células RK-13 (células de rim de coelho). As culturas celulares eram repicadas na proporção 1:3 de modo a apresentarem uma concentração de 300.000 células/mL. Após a titulação do vírus realizada pelo método de REED e MUENCH procedeu-se a Montagem da Microplaca. Nesta técnica se utiliza-se microplaca de 96 orifícios. A microplaca possui 12 colunas verticais numeradas de 1 a 12 e 8 linhas horizontais denominadas pelas letras A a H. A primeira coluna 1 A a 1H é utilizada para controle de células As colunas de 2 a 5 foram utilizadas para o controle de vírus distribuídas como se segue: 2 A a 2H 100 DICT 50 (dose infecciosa de 50% para cultura de tecidos)........ A coluna 6 foi utilizada como controle soro negativo e a coluna 7 como controle soro positivo. As colunas numeradas de 8 a 12 foram utilizadas para os soros testes. As amostras dos soros testes foram anteriormente inativadas durante 30 minutos em banho maria a 56ºC. A seguir 25microlitros dos soros foram adicionados nos primeiros orifícios horizontais da placa numerados de 8 A a 12ª. A partir do segundo orifício o soro foi diluído seriadamente com o auxílio de uma pipeta multicanal os soros controle positivo e negativo foram também diluídos. As diluições seriadas são distribuidas como de segue:
Após o último período de incubação em estufa de CO2 a 37ºC procedeu-se a leitura da microplaca em microscópio invertido a fim de se verificar a presença de efeito citopático nas culturas celulares.
Orifício da microplaca visualizado através do microscópio invertido. Na primeira imagem não há a presença de efeito citopático sendo condiserada amostra positiva. Na segunda imagem demonstra o oríficio da micorplaca com a presença de efeito citopático amostra negativa
Das 1.400 amostras analisadas 80 foram consideradas positivas pela prova de soroneutralizaçaõ viral em microplacas. Ou seja 5,71% de ocorrência de anticorpos soroneutrazliantes na população estudada
Dos 80 animais sororeagentes 55 eram pertencentes à Mesorregião de campinas e 25 animais eram pertencentes á Mesorregião Macro...... Quando se compara a porcentagem de animais positivos em relação ao número de animais coletados por mesorregião os resultados para ambas as Mesorregiões foram semelhantes. Foram coletados 932 animais na Mesorregião de campinas e 468 animais na Mesorregião Macrometropolitana paulistta dando uma porcentagem de 5,9% de animais sororeagentes na Mesorregião de Campinas e 5,34% de animais sororeagentes na Mesorregião Macro metropolitana Paulista.
Das 42 cidades coletadas 15 apresentaram ao menos 1 animais positivo para o vírus da Arterite dos equinos. A Mesorregião de Campinas Apresentou 5 municípios positivos e a Mesorregião Macro Metropolitana apresentou 10 municípios positivos. As cidades com maiores ocorrência de animais positivos isto é: número de animais positivos em relação ao número de animais coletados por cidade foram:
A imagem representa os 15 municípios reagentes ao vírus da arterite em azul e em vermelho os 27 municípios que não apresentaram animais positivos para o vírus.
O título mais frequente e com maior distribuição entre as cidades foi o título 4. Dos 80 animais positivos, 54 animais (67,5%) dos animais positivos apresentaram título 4. O título mais frequente e com maior distribuição entre as cidades foi o título 4.A cidade de Campinas foi a que apresentou maior número de animais positivos seguidos de Bragança Paulista, atibaia e Piracaia com 5 animais, Valinhos com 4 animais, Jaguariúna, Jundiaí, Morungaba, Socorro, Sumaré com 2 animais, e B.J. Perdões, Joanópolis, Nazaré Paulista e S.A. Posse com 1 animais positivo. animais apresentaram esta titulação. A cidade de Campinas apresentou o maior número de animais com titulação elevada títulos acima de 64.
Das 238 propriedades, 41 propriedade posssuíram ao menos um animal positivo Conforme localização geográfica as propriedades foram distribuídas: - Campinas: 18 propriedades - Bragança Paulista: 5 propriedades - Atibaia, Jaguariúna, Jundiaí, Sumaré, Valinhos: 2 propriedades - B.J. dos Perdões, Joanópolis, Morungaba, Nazaré Paulista, Piracaia, S.A. da Posse, Vargem, Morungaba: 1 propriedade
Segundo a raça predominante de criação as propriedades positivas Apesar do número de propriedades positivas para ambas as raças Salto e Quarto de Milha ser a mesmo, o número de animais positivos de animais da raça de salto é maior do que o número de animais positivos da raça Quarto de milha mas o numero de cidades que apresentaram animais positivos para a raça Quarto de Milha é maior do que o número de cidades positivas para a raça de Salto.
Dos 80 animais positivos 40 são do sexo feminino e 40 do sexo masculino. Foram colhidas 665 amostras do sexo masculino e 735 amostras do sexo feminino. A porcentagem de animais positivos em relação ao número de animais colhidos por sexo foram semelhantes. 6% para o sexo masculino contra 5,4 para o sexo feminino.
Ambos os sexos apresentaram maior ocorrência de animais com título 4. Dos 40 animais positivos para o vírus do sexo feminino 26 possuíram título 4 Resultado semelhante foi encontrado em animais do sexo masculino onde dos 40 animais positivos 28 obtiveram título 4. Um maior número de animais do sexo feminino obtiveram títulos elevados acima de 512 quando comparados aos animais do sexo masculino.
A raça com maior ocorrência de anticorpos para o vírus foram os animais da raça de Salto com 17,9% de ocorrência de anticorpos seguidos dos animais da raça Quarto de milha com 10%, árabe e crioulo com 6,7%, SRD com 6,1%, lusitano com 3,5%, Mangalarga com 3,4%, Campolina com 2,2% e PSI com 1,3%. Em relação ao número total de animais positivos as seguintes raças obtiveram maio número: Salto- 25, Árabe: 13, Quarto de milha: 12, Mangalarga: 11, SRD- 10, Lusitano:4, PSI- 3, Crioulo e Campolina: 1
O título com maior distribuição entre as raças foi o título 4. A maior parte dos animais positivos de diferentes raças apresentaram títulos 4. Os animais da raça de salto apresentaram as titulações mais elevadas. A raça com maior diversidade de títulos foi a raça de salto ela também apresentou as titulações mais elevadas.
No presente estudo verificou-se maior número de animais positivos em animais acima de 24 meses de idade, ou seja animais adultos. A ocorrência de anticorpos em animais acima de 24 meses foi semelhante. 6,4% em animais entre 24-72 meses, 6,5% em animais entre 72 e 120 meses e 6,4% em animais acima de 120 meses de idade.
O maior número de animais com título 4 foram acima de 24 meses de idade. A faixa etária com maior diversidade de títulos foram animais entre 24-72 meses de idade. No estudo também verificou-se maior ocorrência de títulos elevados acima de 512 em animais acima de 24 meses de idade. A maior idstri
Foi demonstrado 5,71% de animais soropositivos sinalizando a circulação do vírus nos criatórios estudados. A ocorrência de animais reagentes encontrada neste estudo foi menor que a descrita por Lara et al em 2002 que evidenciaram 18,2% de cavalos positivos no estado de São paulo. Em contraste foram superiores aos encontrados no estado do Rio Grande do sul 2,2%, Estado de Minas Geriais 0,85%, Curitiba 2,9% de animais reagentes ao vírus em cavalos PSI e foram superiores aos estudos conduzidos no município de Uruará, em cavalos de carroceiro de Curitiba e região metropolitana, no município de Monte Negro Rondônia e cavalos criados no sul do estado de São Paulo que não encontraram nenhum animal positivos para o vírus da arterite equina. Nos países europeus a soroprevalência da arterite viral equina é superior à grande maioria dos estudos conduzidos no Brasil. Taxas equivalente de soroprevalência observadas nos EUA e Reino Unido e na maioria dos estudos conduzidos até o momento no Brasil, podem indicar certa similaridade no manejo da atividade equestre dos animais que propiciaram riscos semelhantes na propagação e transmissão viral. Vale ressaltar o fato de que Grande parte dos animais coletados são transportados e participam de eventos equestres: condições que favorecem a transmissão e disseminação do vírus.
Não foi verificada diferença na ocorrência de animais sororeagentes segundo sexo, mostrando baixa influência desse fator epidemiológico na população estudada. Os nossos resultados discordam da literatura que indicam que fêmeas e cavalos utilizados em reprodução apresentam maior prevalência de infecção. Estudo realizado por lara et al 2002 verificaram maior prevalência em fêmeas 22,9% do que em machos 12,9%. Estudo conduzido pro Sistema Nacional de Monitoramento de Saúde Animal nos Estados Unidos verificou que não houve diferença significativa nos índices entre ambos os sexos. Os demais estudos conduzidos no Brasil não verificaram a influência desse fator na ocorrência de anticorpos. Raça: os resultados obtidos nesse trabalho revelaram maior ocorrência em animais utilizados para esportes equestres como cavalos de salto, quarto de milha, crioulo e árabe. Esses achados coincidem com estudos similares conduzidos em diversos países que demonstram que animais nessas condições epidemiológicas estão mais predispostos à infecção. Em diversos países as taxas de prevalência em animais da raça Standerbred são elevadas, em nosso estudo não foram encontrados animais positivos dessa raça (amrican troter). Os resultados para a raça Puro Sangue Inglês de 1,3% foram semelhantes à diversos estudos como o realizada por lara et al na cidade de Curitiba que verificaram 2,9% de prevalência. Os resultados discordam dos encontrados por Lara et al 2002 que verificaram maior prevalência em animais da raça Mangalarga. Os demais estudos conduzidos no Brasil não avaliaram a influência racial na prevalência da arterite viral equina. Não existem evidências que indiquem diferença racial na susceptibilidade à infecção e no estabelecimento de animais portadores ou fatores genéticos que conferem resistência à infecção. Sugere-se que as condições de criação dos animais influenciem a transmissão do vírus em uma população e que a prevalência da doença em uma propriedade está relacionada à presença de animal portador ou utilização de sêmen de animal portador. Os resultados sugerem que as condições de criação dos animais podem influenciar na prevalência da arterite viral equina nos criatórios. Idade: A maior ocorrência foi encontrada em animais acima de 24 meses de idade período no qual os animais encontram-se em plena atividade esportiva e reprodutiva o que favoreceria a disseminação e manutenção do vírus nesta categoria animal.A maior prevalência de animais positivos para o vírus da arterite dos equinos em animais adultos concorda com a literatura que demonstra o aumento de soroprevalência com o avançar da idade, indicando que cavalos podem ser repetidamente expostos ao vírus durante a sua vida. Nos EUA estudo realizado pelo Sistema Nacional de Monitoramento evidenciou maior soropreval~encia em animais acima de 5 anos em Minas Gerais verificou-se que todos os animais positivos estavam acima de 7 anos de idade. E no estudo realizado por Lara et al em São Paulo verificaram maior prevalência em animais entre 6-24 meses de idade. Os resultados do nosso estudo sugerem a possível circulação do vírus da arterite equina na população estudada alerta para a necessidade de estudos adicionais sobre a importãncia sanitária e econômica desta infecção para a equideocultura do estado de São paulo e para a implementação de um maior controle sanitário no transporte, exposições, feiras e competições esportivas que envolvem animais de diversas procedências a fim de se minimizar a disseminação de agentes infecto contagiosos e reduzir os prejuízos econômicos.