O pesquisador da APTA, Edmilson José Ambrosano, falou sobre a pesquisa desenvolvida que utiliza o uso de soluções homeopáticas na agricultura em matéria publicada, em 9 de março de 2016, no jornal Diário Oficial.
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Pesquisador utiliza homeopatia para tratar plantas
1. Diário Oficial Poder Executivo - Seção III – São Paulo, 126 (44) quarta-feira, 9 de março de 2016
O
Pesquisador utiliza
homeopatia para tratar plantas
Agrônomo da APTA de
Piracicaba desenvolveu
trabalhos com plantios de
morango, tomate, helicônia
e ginseng-brasileiro; objetivo
é reduzir o extrativismo
da planta na natureza
que provoca dor nas pessoas tam-
bém cura o mesmo mal. Esse é o
princípio da homeopatia, que utiliza
substâncias extraídas da natureza
para a eliminação ou o controle de
doenças. Embora polêmica, a meto-
dologia serve para tratar seres hu-
manos e animais, mas o que pou-
cos sabem é seu uso em plantas. Por
isso, a unidade da Agência Paulista
de Tecnologia dos Agronegócios
(APTA) – da Secretaria de Estado
de Agricultura e Abastecimento –,
em Piracicaba, realiza pesquisas em
homeopatia objetivando o aumento
da produtividade e o combate às
pragas em lavouras.
O agrônomo Edmilson Ambro-
sano estuda o tema em plantas
desde 2001, quando foi orientador
de um recém-formado em agrono-
mia, pela Universidade Federal de
Viçosa (MG). “O rapaz era adepto
de homeopatia em plantas, gostei
da ideia e também comecei a prati-
car”, recorda.
Beleza – Atualmente, Ambro-
sanoestudaotemanoginseng-bra-
sileiro, arbusto comum em áreas
alagadas, cuja raiz tem importân-
cia na medicina, por ser cicatrizante
e anti-inflamatória. Quando traba-
lhava o método em tomates, gotas da
substância homeopática carbo vege-
tabilis caíram em um pé de ginseng embai-
xo da bancada e o arbusto começou a crescer
mais do que os outros. A pesquisa tem como
principal objetivo reduzir o extrativismo da
planta na natureza.
O agrônomo estuda a proteção da heli-
cônia, uma flor de extrema beleza, cuja
árvore é muito parecida com a bananeira.
Utilizada em jardins, ela pode ser vendida
apenas em flor, cortada do pé. É uma espé-
cie do Norte brasileiro, mas já introduzida
no Estado de São Paulo.
Na helicônia, aplica-se nas folhas uma
substância feita por ele mesmo para espan-
tar formigas e ácaros, que prejudicam o
crescimento da árvore, protegendo, assim,
sua valiosa flor que se destaca pelas cores
vermelha e amarela e por seu desenho geo-
métrico que parece haver sido esculpido e
pintado por um artista.
Ambrosano e seus estagiários captu-
ram formigas-cortadeiras (saúvas), matam-
-nas com álcool e as trituram para fazer
uma substância que será borrifada nas
folhas da helicônia para eliminar as pra-
gas. Sua pesquisa, iniciada no ano passado,
ainda não se sabe se é viável ou não, porque
as primeiras helicônias estão desabrochan-
do agora. “Diferentemente do produto quí-
mico que mata o inseto, mas também polui
o ambiente, nossa solução espanta a for-
miga e outros indesejáveis das folhas”, jus-
tifica. “A homeopatia é também uma forma
de praticar agricultura orgânica.”
Sem sementes – Entre 2003 e 2005,
Ambrosano pesquisou no morango o uso de
carbo vegatabilis, comercializado em far-
mácias. Pelo fato de se tratar de uma fruta
sem semente, seu broto adquire importância
vital no plantio. Pelos estudos do pesquisa-
dor, a produtividade do morango no campo
não aumentou, porém, com a substância no
solo a quantidade de mudas obtidas a partir
da planta-mãe dobrou. A técnica é utilizada
atualmente por uma associação de plantado-
res da fruta em Nova Odessa.
Depois veio o tomate, em 2009. O
pesquisador usou na terra a solução cha-
mada phosphorus, com o elemento fós-
foro, um dos principais nutrientes da
planta. “Descobrimos que o tomateiro
também passou a obter do solo outros
insumos importantes, como zinco e boro,
para o seu desenvolvimento, ampliando
a produção de frutos em até 10%.” Um
produtor de Piracicaba utiliza com êxito a
metodologia. A primeira parte da pesqui-
sa do tomate foi publicada em Cadernos
de Ecologia (ver serviço). A segunda – e
conclusiva – será divulgada ainda neste
ano, informa o agrônomo.
Futuro – Ambrosano trabalha com
dois estagiários: o quintanista de agrono-
mia César Augusto Santana, de 26 anos,
e a agroecóloga Gabriela Cristina Salgado,
de 25 anos – ambos da Universidade
Federal de São Carlos, câmpus de Araras.
Santana pretende, no futuro, se dedicar
a estudos de irrigação agrícola e nutrição
vegetal. Enquanto sua colega quer seguir
carreira acadêmica em pesquisa, princi-
palmente na área de cultivo com práti-
cas orgânicas, “que não agridem o meio
ambiente”, diz Cristina.
As substâncias homeopáticas são fa-
cilmente encontradas em farmácias espe-
cializadas, sem necessidade de receita
prévia de um agrônomo. Ambrosano tam-
bém salienta que existem colegas seus
SERVIÇO
•APTA – Polo Regional Centro Sul
Rodovia SP-127, km 30 – Piracicaba
Telefones (19) 3421-5196 / 3421-1478
3413-0068
Site www.aptaregional.sp.gov.br
•Cadernos de Agroecologia
http://goo.gl/1Q37hD
FOTOS:FERNANDESDIASPEREIRA
de profissão que estão se capacitando na
área para futuras pesquisas. Ele conta que
as soluções repelentes de pragas são ensi-
nadas na APTA de Piracicaba.
Por ser uma atividade nova, ainda não
existem estatísticas de quanto a técnica ajuda
oprodutorequantosdelesaderiram.“Obene-
fício ocorre apenas enquanto o tratamento
homeopático é realizado. Se parar, os efeitos
desaparecem”, diagnostica. Ambrosano pes-
quisa também plantas forrageiras legumino-
sas, como mucuna-anã, crotalária e feijão-
-de-porco, usadas na alimentação animal e na
fixação de nitrogênio no solo.
Otávio Nunes
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
Pesquisa estuda a proteção da helicônia – Na plantação, aplica-se nas folhas a substância que não polui o ambiente e espanta formigas e ácaros
Ambrosano estuda o ginseng-brasileiro
Formigas trituradas para fazer a substância O estagiário César Augusto Santana
Helicônia – Beleza em forma geométrica
A agroecóloga Gabriela Cristina
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quarta-feira, 9 de março de 2016 às 02:15:00.