Administração da Produção. Saiba que boa parte dos conceitos, técnicas e práticas que hoje são ensinadas e aprendidas com grande naturalidade em um curso de Administração tiveram origem na empresa industrial, porque em um tempo em que não havia as sofisticadas empresas de serviços que dispomos atualmente, uma empresa industrial pioneira era o que existia de mais estruturado e organizado em termos de empreendimento humano. Nada mais natural, portanto, do que aprender gestão com essas empresas!
3. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO I – APRESENTAÇÃO
Olá, tudo bem?
Gostaria de cumprimentá-lo(a) por ocasião do início da nossa Disciplina. É com satisfação que temos você aqui conosco, iniciando-se no universo da Administração da Produção.
Saiba que boa parte dos conceitos, técnicas e práticas que hoje são ensinadas e aprendidas com grande naturalidade em um curso de Administração tiveram origem na empresa industrial, porque em um tempo em que não havia as sofisticadas empresas de serviços que dispomos atualmente, uma empresa industrial pioneira era o que existia de mais estruturado e organizado em termos de empreendimento humano. Nada mais natural, portanto, do que aprender gestão com essas empresas!
Além do débito histórico que a Administração tem com a empresa industrial, é importante, para qualquer pessoa que estude as organizações, conhecer onde e como são feitos os produtos que nos cercam. Você tem ideia da quantidade de operações necessárias para montar um carro, construir um navio ou fabricar um avião? Você seria capaz de imaginar como é produzido um único zíper e quantas unidades desse produto são fornecidas, por hora, em uma instalação industrial? Você saberia dizer de que modo são produzidos os chips para telefones celulares? E quanto aos produtos que o(a) cercam em um supermercado? Já se deu ao trabalho de saber como os mesmos são fabricados? Percorra as gôndolas e seções do supermercado em que você faz compras e tente imaginar como cada um daqueles produtos é fabricado! Este exercício, embora aparentemente tedioso, pode ser bastante desafiador para uma mente curiosa como a sua!
Para ajudá-lo(a) a desvendar o mundo da empresa industrial, a nossa Disciplina – Administração da Produção I – foi idealizada de maneira que você fosse dominando os conceitos, técnicas e práticas, à medida que eles se tornassem necessários a quem estivesse implantando uma unidade de produção industrial.
Assim, depois da visão geral da empresa como um sistema aberto — que interage com o ambiente — os elementos básicos para a elaboração dos principais projetos necessários à implantação da unidade serão apresentados. Primeiro a necessidade de projetar o próprio produto (projeto do produto), depois os projetos de localização do empreendimento; de capacidade da instalação; de formação da cadeia de suprimentos; do layout dos equipamentos; e, por fim, da tecnologia empregada para a produção.
Com as informações retro aludidas, considera-se que você estará apto(a) a entender o esforço de implantação de uma unidade industrial, do começo ao fim. E, uma vez implantada a instalação, resta operá-la; assunto que será abordado na Disciplina de Administração da Produção II.
Desejo, que você tenha êxito na iniciativa de estudar os assuntos a que me referi e, mesmo que não venha a atuar profissionalmente em empresas industriais,
4. compreenda a grande contribuição que os conteúdos aqui dominados terão para a sua formação.
Continue focado(a) em um ambiente de sucesso! A gente se encontra lá!
Prof. Adriano Moitinho
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administração da produção I
AULA 01 - ADMINISTRAÇÃO DE PRODUÇÃO
E OPERAÇÃO (APO): INTRODUÇÃO E VISÃO
GERAL
Autor: Adriano Moitinho
Prezado(a) aluno(a),
Esta é a aula introdutória da disciplina. Nela os principais conceitos, métodos e
estratégias da Administração da Produção e Operação (APO) serão abordados em uma
visão abrangente.
Esta aula tem como objetivo promover uma visão global da Administração
da Produção e Operação, também conhecida como APO, e seus principais conceitos,
contribuindo para formação profissional do futuro Gestor de Produção Industrial. As
organizações, por si, apresentam uma dinâmica que as permitem ser detentoras de
algum ativo material ou intelectual por meio da produção. Estas organizações podem
ser: empresas com fins lucrativos, governamentais e não governamentais. O estudo
desta disciplina terá como enfoque as empresas industriais que possuem diferenciais
competitivos, ao produzirem de modo sustentável e estratégico.
O principal objetivo da disciplina é destacar a importância da APO para o coti-diano
nas organizações, tendo em vista as questões relativas ao processo produtivo,
ao desenvolvimento estratégico de negócio e de produto, ao controle de qualidade, à
tecnologia, entre outros.
Através da disciplina Administração da Produção, busca-se a descoberta dos
principais conceitos e assuntos básicos da administração da produção, os quais permi-tirão
que o estudante desenvolva a visão estratégica crucial para a gestão do processo
produtivo. Nessa intenção, o módulo de APO foi escrito de forma introdutória para
atualizar conceitos desta disciplina, em função do grande avanço tecnológico que tem
caracterizado essa tão importante área de desenvolvimento econômico do país.
Bom estudo!
INTRODUÇÃO E VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO DE PRO-DUÇÃO
E OPERAÇÃO
Nas organizações, faz-se necessária a criação de uma área de produção respon-sável
por desenvolver produtos a partir de insumos (materiais, informações, proces-sos,
etc.), transformando-os em bens e serviços colocados no mercado por meio de
um sistema de transformação e distribuição. A afirmativa lavoisieriana de que “nada
se cria, nada se perde, tudo se transforma” faz jus a esta disciplina que estuda as me-
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lhores técnicas, estratégias e decisões para lidar com as constantes mudanças em um
mercado competitivo. Para Slack (2009, p. 29), “a administração da produção trata da
maneira pela qual as organizações produzem bens e serviços”, embora, no cotidiano,
a Administração da Produção represente uma área estratégica das organizações que a
torna permanentemente competitiva em um mercado global e sempre mutante.
Segundo Chiavenato (2005, p. 1):
O mundo contemporâneo requer uma contínua, intensa, incessante
produção de bens e de serviços para que as pessoas possam se ali-mentar,
vestir, repousar, educar-se, movimenta-se, viver, enfim. [...]
pessoas, cidades, estados, países, e continentes estão continuamen-te
intercambiando produtos e serviços [...] Esse intenso mecanismo
de troca depende necessariamente de organizações capazes de
criar, projetar, produzir e colocar no mercado uma infinidade de pro-dutos
e serviços que possam atender a toda essa demanda. [...] Uma
verdadeira teia produtiva que leva algumas nações do mundo ao
desenvolvimento econômico e à melhoria de vida de seus cidadãos.
A Administração da Produção e Operações (APO) é a administração do sistema
de produção de uma organização que transforma tudo aquilo que entra: matéria-pri-ma,
pessoal, máquinas, instalações, tecnologia, dinheiro e outros recursos, denomina-dos
inputs, em saída (produtos e serviços), conhecidos também como outputs.
Com o objetivo de compreender melhor as atividades realizadas em uma em-presa
para a produção do produto, a metodologia pode ser exemplificada pelo mode-lo
a seguir:
Figura 1 - Modelo Geral da Administração da Produção
Fonte: Baseado em Slack (2009, p. 29)
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administração da produção I
Os recursos a serem transformados são materiais e componentes diversos
utilizados na produção do produto. Os recursos de transformação, por sua vez, são
constituídos de ferramentas, máquinas, equipamentos e instalações utilizados no pro-cesso
produtivo, ou por capital humano empregado em operar os recursos materiais
de transformação. As informações podem ser consideradas como recurso em uma
unidade produtiva, pois podem estar em processo de transformação ou meramente
acabadas onde são transmitidas, consolidadas e distribuídas da mesma maneira, con-tribuindo
para o processo de transformação.
A dinâmica pertencente às organizações é particular a cada uma delas, depen-dendo
do segmento, setor econômico, entre outros. Mas o sentido básico de produzir
é o mesmo. Esse processo de transformação de todos os recursos e insumos reunidos
é chamado de Produção e é a principal atividade de um sistema produtivo de bens e
serviços. Em APO, a principal atribuição dos gestores da área está na administração de
todo sistema produtivo e aprimoração dele. Segundo Slack (2009, p. 29):
Tudo o que você veste, come, senta em cima, usa, lê ou lança na prá-tica
de esportes chega a você graças aos gerentes de operações que
organizaram sua produção. Todos os livros que você toma empres-tados
da biblioteca, os tratamentos recebidos no hospital, os servi-ços
esperados das lojas e as aulas na universidade também foram
produzidos.
Em uma etapa de transformação, há o processamento de materiais, de informa-ções
e de consumidores, no que diz respeito aos aspectos físicos, entre a distribuição,
transporte e armazenamento. O propósito do processo de transformação das opera-ções
está relacionado com a natureza de seus recursos de input transformados. Em
geral, as empresas se especializam no processamento de materiais, informações ou
consumidores.
No processo de materiais, as operações podem transformar suas proprieda-des
físicas. Isto ocorre com a maioria das operações de manufatura. No processo de
informações, as operações podem transformar suas propriedades informativas. Os
administradores, por exemplo, processam informações. E, no processo de consumi-dores,
eles podem alterar suas propriedades físicas (cirurgiões, dentistas, etc.), ou es-tocar
consumidores (hotéis, pousadas, etc.), ou alterar a localização dos consumidores
(transporte rodoviário) ou podem alterar o estado psicológico dos consumidores (spa
de emagrecimento).
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OBJETIVOS DA APO
“A função produção é central para a organização, porque produz os bens e ser-viços
que são a razão de sua existência, mas não é a única nem, necessariamente, a
mais importante” (SLACK, 2009, p. 106). Para ocorrer o perfeito funcionamento da APO,
faz-se necessário que os objetivos sejam planejados para atingir a eficiência e a eficá-cia
no processo de produção e de operações.
De acordo com Chiavenato (2005, p. 13-14):
- Eficiência: significa a utilização adequada dos recursos empresa-rias.
A eficiência relaciona-se com os meios/métodos, procedimen-tos,
normas, programas, processos etc. Reside basicamente em fazer
coisas corretamente, isto é, da melhor maneira possível.
- Eficácia: já a eficácia está ligada aos fins, isto é, aos objetivos que a
empresa pretende alcançar por meio de suas operações. Reside ba-sicamente
em fazer coisas que são importantes e relevantes para os
resultados, ou seja, para os objetivos. Produzir com eficácia significa
executar aquelas tarefas que são importantes para o negócio.
Quando alcançamos a eficiência e a eficácia, simultaneamente, damos o nome
de efetividade. Todavia, nem sempre pode-se alcançar a eficiência e a eficiência simul-taneamente,
ou seja, uma tarefa pode ser brilhantemente executada seguindo todos
os padrões técnicos e de qualidade exigidos, mas as metas da produção não foram
atingidas, conforme almejado pela empresa, ou, ainda, a produção não é suficiente
devido ao aumento inesperado na demanda e torna-se ineficaz ter alcançado os ob-jetivos
empresariais.
COMO MELHORAR EFICIÊNCIA?
Existem dois aspectos importantes para considerarmos a eficiência:
- A Racionalização, que é a técnica que procura os métodos e processos mais
adequados ao trabalho. Graças à racionalização pode-se desenhar um processo pro-dutivo
mais rápido e eficiente, com menores custos de produção, redução de esto-ques,
redução de trabalho na produção, etc. (CHIAVENATO, 2005)
- A Produtividade, que é uma decorrência da eficiência. À medida que a produ-ção
é eficiente, ela alcança maiores níveis da produtividade. Produtividade é a relação
entre insumos e resultados, isto é, entre custos e benefícios, entre recursos aplicados
e o volume produzido. Uma máquina é mais produtiva que outra na medida em que
consegue produzir maior quantidade de peças no mesmo período. Um operário é
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mais produtivo do que outro, no mesmo período e utilizando os mesmo recursos de
produção. Aumentar a produtividade significa aumentar a produção sem aumentar
o volume de recursos, isto é, sem aumentar o número de máquinas ou operários. A
produtividade pode ser elevada por meio da racionalização, de novas tecnologias, da
mecanização, do treinamento do pessoal, da melhor organização do trabalho, etc. É a
produtividade que permite a competitividade da empresa. Uma empresa é competiti-va
em relação às outras quando consegue gerar produtos de melhor qualidade, maior
utilidade e com custo menor. A competitividade é a melhor arma para a empresa lidar
com seus concorrentes e sobressair-se no mercado. (CHIAVENATO, 2005)
MARCOS HISTÓRICOS PARA A ADMINISTRAÇÃO DA PRODU-ÇÃO
E OPERAÇÃO
A ERA INDUSTRIAL
Marcada pelo surgimento da máquina a vapor de Thomas Newcomen, em
1712, a Revolução Industrial forneceu a força matriz para as fábricas e trouxe estímulo
para outras invenções da época.
Figura 2 - Máquina a vapor de Tthomas Newcomen
Fonte: Slack et al (2009)
Com as fábricas repletas de trabalhadores para operar os novos inventos, surgiu
a necessidade de organizá-las de forma lógica para facilitar a produção. Assim, surgiu
a divisão do trabalho ou a especialização da mão de obra. No final de 1700, aparecem,
não apenas as máquinas de produção, mas também novas maneiras para controlar e
planejar melhor o trabalho.
De acordo com Corrêa (2006, p. 8):
No século XVIII, a Inglaterra era líder do mundo industrial e tecnoló-gico
e estavam obtendo progressos revolucionários na produção de
equipamentos têxteis, máquinas – ferramentas e motores a vapor.
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Entretanto, esses progressos estavam bastante distanciados da pro-dução
em larga escala de produtos complexos. O progresso nesses
mercados e setores industriais estava sendo prejudicado por fatores
como temores dos artesãos independente quanto a seu papel futu-ro,
tradição, preferenciais dos consumidores por produtos de alta
qualidade e personalização, e pela necessidade de inovação na for-ça
de trabalho, nos métodos de gestão e nos equipamentos usados.
A produção em larga escala e dividida em etapas distanciava o trabalhador do
produto final, uma vez que cada grupo de trabalhadores passava a dominar apenas
uma etapa da produção, porém sua produtividade ficava maior. Com isso, os traba-lhadores
passaram a forçar os patrões, pleiteando melhores condições de trabalho,
maiores salários e crescentes reduções da jornada de trabalho. Com salários mais altos,
os trabalhadores podem aumentar o nível de consumo, sendo possível a produção
em massa de bens de consumo.
INÍCIO DO SÉCULO XX
Nesse período, surgiu a chamada administração científica, onde Frederick Wins-low
Taylor percebeu o grande desperdício que ocorria na produção industrial. Taylor
sistematizou técnicas e princípios que contribuíram para um aumento dos níveis de
eficiência da indústria americana do século XX. Já Henry Ford apareceu com o fenô-meno
da montagem seriada e a produção em massa de automóveis, passando, assim,
a produzir carros com um menor custo e a preços populares.
Figura 3 - Produção do modelo T Henry Ford.
Fonte: Portal Autozine, 2008.
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A ERA DA INFORMAÇÃO
Os fatores que afetam a APO atualmente são responsáveis por caracterizar a
nova era em que vivemos. Sendo que os que causam maior impacto são:
Mudança rápida e profunda: nada é definitivo. Vive-se em um cenário de trans-formação
e imprevisibilidade.
Tecnologia de Informação (TI): o computador, a televisão e a telecomunicação
são capazes de unir o mundo globalizado.
Foco no Cliente: focar o cliente não basta, agora há a busca de satisfazê-lo e
encantá-lo com o objetivo de fidelizá-lo.
Foco em Serviço: além de produzir, é preciso prestar serviços como assistência
técnica, ajuda na instalação, pós-venda, etc.
Qualidade de vida no trabalho: o trabalho agora é visto com uma nova visão.
Ele deve ser agradável, divertido, motivador e compensador.
De acordo com Gaither e Fraziar (2005, p. 14):
A competição tornou-se intensa e está crescendo. Para obter suces-so
na competição global, as empresas devem ter um compromisso
com a receptividade do cliente e com a melhoria contínua rumo a
meta de desenvolver rapidamente produtos inovadores que tenham
a melhor combinação de excepcional qualidade, entrega rápida e
no tempo certo, e preços e custos baixos.
A repercurssão dessa revolução ainda está sendo assimilada por todos. As pes-soas
moldam-se às novas tecnologias, organizações buscam soluções para os proble-mas
e estratégias para diferenciá-las das demais.
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O FOCO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÃO
O principal objetivo da APO é o máximo aproveitamento dos recursos físicos
e matérias da empresa para alcançar eficiência e eficácia no sistema de produção. As
principais atividades são o projeto do produto – desenvolvimento – e relacionamento
com a cadeia de valor. Para tanto, ela tem seu foco nos componentes a seguir:
- Desenvolvimento do produto: busca planejar, desenvolver, especificar e ca-racterizar
as embalagens. Para produtos tecnicamente complexos, recebe o nome de
engenharia do produto.
- Engenharia industrial: atividade exercida pela organização e métodos (O&M)
com foco no arranjo físico e layout, processo produtivos, tempos e movimentos (estu-do
da eficiência do trabalho), etc.
- Planejamento e controle da produção: controla e planeja a produção, tendo
em vista a demanda e a capacidade produtiva da empresa.
- Produção propriamente dita: cuida da operação de produção, ou seja, trans-formar
matéria-prima em produto acabado. Recebe o nome de manufatura.
- Administração de materiais: responsável pela logística, compras e suprimen-tos.
- Controle de qualidade: inspeciona os produtos e serviços realizados para veri-ficar
se estão de acordo com a engenheira de produtos.
- Manutenção: preserva os recursos físicos e materiais da empresa (prédios, ins-talações,
máquinas, etc.).
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Figura 4 - O foco da APO
Fonte: Idalberto Chiavenato (2005)
Os componentes citados anteriormente não precisam, necessariamente, existir
em todas as organizações. No ramo secundário, alguns desses órgãos podem ser am-pliados
ou ainda eliminados, dependendo do produto ou do serviço produzido.
A DINÂMICA DA APO
Para o melhor funcionamento da APO, em busca da eficiência e eficácia, faz-se
necessário o inter-relacionamento com os demais órgãos da empresa, como:
Marketing: responsável pelas informações mercadológicas, as quais estabele-cem
a previsão de venda, assim determinando oferta e demanda para aquele bem ou
serviço. A promoção é a principal atividade desenvolvida pela área, capaz de entregar,
satisfazer, encantar ao seu público-alvo e estimular consumidores potenciais.
Pesquisa e desenvolvimento: conhecida como P&D, esta área tem a responsa-bilidade
de desenvolver o projeto do produto e suas especificações de acordo com os
padrões técnicos exigidos pela qualidade.
Finanças: responsável pelos ativos financeiros das organizações, relaciona-se
com as demais áreas, a fim de estabelecer critérios de compras e suprimentos de ma-téria-
prima, além de deter informações cruciais sobre a empresa.
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Recursos Humanos: é responsável por gerir os colaboradores que compõem o
capital intelectual da empresa. Deve realizar recrutamento e seleção de pessoal, trei-namento,
segurança, gestão da folha de pagamento, etc.
Figura 5 - As inter–relações da APO
Fonte: O Autor
A PRODUÇÃO COMO UM SISTEMA
Os principais conceitos da teoria dos sistemas são importantes para entender a
produção como um sistema. Pessoal, capital, materiais, serviços públicos, informações
são insumos encontrados em um sistema de produção. Esses insumos passam em um
subsistema de transformação, surgindo, assim, os produtos ou serviços desejados.
Uma parte desses produtos é monitorada no subsistema de controle para de-terminar
se ele é viável em relação ao custo, à qualidade e à quantidade. Se o produto
for aprovado, não haverá mudança no sistema; se não for aprovado, deverá ocorrer
uma ação para correção através da administração.
É através do sistema de controle que se verifica o desempenho do sistema ao
fornecedor e o feedback aos gerentes para tomada de ações corretivas.
Segundo Russell L. Ackoff (1981, p. 27), pioneiro na teoria dos sistemas:
Um sistema é um todo que não pode ser separado sem que ocorra a
perda de suas características essenciais e, por isso, deve ser estudada
como um todo. Agora, em vez de explicarmos um todo em termos
de suas partes, as partes começaram a ser estudadas em termos do
todo.
A figura a seguir ilustra um modelo de sistema de produção:
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Figura 6 - Modelos de um sistema de produção
Fonte: Norman Gaither e Greg Frazier (2005)
Os insumos são classificados em três categorias:
Insumos externos: caracterizam-se por dar informações e fornecer aos gerentes
de operações as condições externas ao sistema de produção. Exemplos: econômicos,
tecnológicos,legais e sociais.
Insumo de mercado: trazem informações referentes à concorrência, ao design
de produto, aos desejos do cliente e a outros aspectos do mercado.
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Recursos Primários: são eles que sustentam a produção. Exemplo: matéria-pri-ma
e suprimentos, pessoal, capital e bens de capital e serviços públicos (água, petró-leo,
carvão, eletricidade, etc.).
O sistema de produção promove alguns outputs desse processo. Os bens e ser-viços,
que são produzidos, possuem características de tangibilidade, cuja capacidade
de serem transportados, estocados e consumidos deve ser admitida.
Produtos Diretos que se dividem em:
Bens Tangíveis: Produzidos com características físicas e concretas, perceptíveis
aos sentidos, esses bens são conhecidos como “as coisas” do cotidiano. Produtos como
sabão, notebook, automóveis, roupas, sapatos são alguns exemplos de bens tangíveis.
Bens Intangíveis: Indispensáveis para a sociedade moderna, que compõem um
conjunto de ações e interações com o cliente, estes bens são serviços oferecidos como
educação, seguros, limpeza e conservação do ambiente, etc.
Produtos Indiretos: surgem a partir do processo de produção como: impostos,
avanços tecnológicos, remunerações, salários, lixo e poluição. A maneira pela qual o
sistema de produção se manifesta como parte de uma organização pode mudar de
empresa para empresa.
SÍNTESE
Nesta aula, discutimos, definimos e contextualizamos a Administração da Pro-dução
e Operação (APO). Com o surgimento da máquina a vapor na Era Industrial, no
início do século XX, surgiu a chamada administração científica e a montagem seriada
de Henry Ford. E, atualmente, na Era da Informação, passou-se a dar valor ao homem
como um todo, não somente a capacidade fisica que ele possui, que, devido à com-petição
global, tornou-se intensa e está crescendo. Sendo assim, o principal objetivo
da APO é o máximo aproveitamento dos recursos físicos e matériais da empresa para
alcançar eficiência e eficácia no sistema de produção.
Estudamos, também, a APO como um sistema de produção, uma vez que ela
transforma insumos, materiais, mão de obra, capital e serviços públicos, em saídas,
que podem ser produtos ou serviços. Entender os conceitos de sistema (insumos, pro-dutos
e subsistema de transformação) colabora para uma melhor administração des-ses
sistemas.
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QUESTÃO PARA REFLEXÃO
A ideia de rede interna de processo é vista por alguns como uma grande simpli-ficação.
Na realidade, o relacionamento entre grupos e indivíduos é muito mais com-plexo
do que entre entidades comerciais. Não se pode tratar consumidores e fornece-dores
internos exatamente como consumidores e fornecedores externos. Geralmente,
esses últimos operam em um mercado livre. Se uma organização acredita que, a longo
prazo, pode fazer melhor negócio comprando bens e serviços de outros fornecedores,
ela fará isso. Simultaneamente, a organização não espera que seus consumidores com-prem
seus produtos bens e serviços, a menos que essa empresa possua o diferencial.
Quais estratégias de mercado você utilizaria para se sobressair em um mercado cada
dia mais competitivo?
LEITURAS INDICADAS
Capítulos 1 e 2 do livro: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da Produção uma
abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005.
Capítulo 1 do livro: CORRÊA, Henrique L; CORRÊA, Carlos A. Administração de
produção e operações. São Paulo: Atlas, 2006.
Capítulo 1 do livro: GAITHER, Norman; FRAZIER, Greg. Administração da Produção e
Operações. São Paulo: Thomson, 2005.
REFERÊNCIAIS
ACKOFF, Russell L. Creating de Corporate Future. John Willey & Sons, 1981.
A TODO O VAPOR. Disponível em: <http://paginas.fe.up.pt/~sdinf/events/2007/vapor/crontab7.html>.
Acesso em: 10 mar. 2013.
CORRÊA, Henrique L; CORRÊA, Carlos A. Administração de produção e operações. São Paulo: Atlas, 2006.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração da Produção uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro:
Campus, 2005.
GAITHER, Norman; FRAZIER, Greg. Administração da Produção e Operações. São Paulo: Thomson, 2005.
SLACK, Nigel et. al. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
SOARES FILHO, Gilberto Knuttz. Ford T, o carro mais importante da história chega aos seus 100 anos. Dis-ponível
em: < http://autozine.com.br/classicos/ford-modelo-t-o-carro-mais-importante-da-historia-chega-
-aos-100-anos >. Acesso em: 10 mar. 2013.
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administração da produção I
AULA 02 - AS MEDIDAS DE DESEMPENHO EM
UMA OPERAÇÃO DE PRODUÇÃO
Autor: Adriano Moitinho
Prezado(a) aluno(a),
Nesta aula, estudaremos a questão da avaliação de desempenho em operações.
Os temas trabalhados referem-se, basicamente, ao desempenho operacional,
visando:
‚‚ à qualidade;
‚‚ aos custos;
‚‚ à flexibilidade;
‚‚ à velocidade;
‚‚ à confiabilidade.
A todo o momento, as empresas, por intermédio dos gerentes, estão avaliando
o desempenho dos empregados no ambiente de trabalho. Entretanto, normalmente
isso é feito de modo informal e com muita subjetividade, o que, na maioria dos casos,
traz resultados distorcidos, incorretos e tendenciosos.
Com a implantação de um método de avaliar, procura-se reduzir essa tenden-ciosidade
e subjetividade do gerente, mas devemos estar cientes de que não há um
método infalível.
Assim, os métodos que foram desenvolvidos procuram eliminar essas caracte-rísticas
que contaminavam a avaliação do desempenho, tendo em vista os propósitos
que se tem em mente ao fazer isso.
Vários motivos têm feito com que a avaliação de desempenho tenha ganhado
tanto interesse da comunidade de negócios (NEELY, 1999). Alguns são comentados a
seguir.
O aumento da competitividade: é a busca constante das empresas em alcan-çar
excelência em qualidade, serviço, flexibilidade para personalizar produtos, ino-vação
e rápida resposta à mudança no mercado para diferenciar-se da concorrência.
Hoje, não basta apenas ter bons preços, mas também oferecer serviços que agregarão
valor para conquistar e fidelizar o cliente. Portanto, a empresa deve informar sobre seu
nível de desempenho.
Lockamy e Cox (1994, p. 61) declaram: “diga-me como você me mede e eu lhe
digo como eu me desempenho. Se você me mede de forma ilógica [...] Não reclame
sobre meu comportamento ilógico”.
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Medidas alinhadas com as estratégias organizacionais permitem avaliar o seu
desempenho e encorajam o comportamento dos colaboradores. Isso porque, essas
medidas, geralmente, estão atreladas a sistemas de premiação e recompensas.
Qualidade total: primeiramente está associada à definição de conformidade
às especificações. Em seguida, o conceito evoluiu para a satisfação do cliente. Obvia-mente,
a satisfação do cliente não é resultado apenas do grau de conformidade com
as especificações técnicas, mas também de fatores como prazo e pontualidade de en-trega,
condições de pagamento, atendimento pré e pós-venda, flexibilidade, etc... Jun-tamente
com essa evolução do conceito de Qualidade, surgiu a visão de que o mesmo
era fundamental no posicionamento estratégico da empresa perante o Mercado. Em
pouco tempo, percebeu-se que o planejamento estratégico da empresa, enfatizando
a Qualidade, não era suficiente para seu sucesso. O conceito de satisfação do cliente
foi então ampliado para outras entidades envolvidas com as atividades da Empresa.
O termo Qualidade Total representa a busca da satisfação não só do cliente, mas de
todas as entidades significativas na existência da empresa, e também da excelência
organizacional da empresa.
Produção enxuta: é a denominação de uma nova concepção dos sistemas de
produção, de origem japonesa na Toyota Motor Company, criado por Taiichi Ohno e
Shigeo Shing (1937). Com o surgimento da necessidade de produzir pequenas quanti-dades
em modelos de numerosas produções, Ohno estudou os sistemas de produção
norte-americanos, e adaptou-os para a realidade japonesa da época, na qual havia
escassez de matéria-prima, aplicando-os na produção industrial, surgindo, assim, o
sistema Toyota de produção ou produção de estoque zero.
Just in Time: é um sistema utilizado na Administração da Produção que afirma
que nada deve ser produzido, transportado ou comprado antes da hora exata. Pode
ser aplicado em qualquer organização, para reduzir estoques e os custos decorrentes.
Com isso, nasce a necessidade de mensurar o desempenho através de uma
técnica chamada BENCHMARKING, na qual há a comparação de níveis de desempenho
e prática entre empresas com o objetivo de localizar e aproveitar as chamadas “melho-res
práticas” que têm sido utilizadas por muitas organizações.
As mudanças nas demandas externas: com a privatização de serviços pú-blicos,
surgiram organismos do governo para controlar e regular o desempenho das
empresas agora privatizadas. Essas agências de regulação são responsáveis, também,
por custos que subsidiam a definição de preços, a qualidade do serviço prestado, e
determinam as punições às empresas, caso não alcancem o desempenho necessário.
Exemplo:
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Figura 1 - Agência Nacional de energia elétrica
Fonte: ANEEL (2013) http://www.aneel.gov.br/
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) foi criada com a intenção de
regular e fiscalizar a produção, transmissão e comercialização de energia elétrica, em
concordância com as Políticas e Diretrizes do Governo Federal.
DEFINIÇÃO E MEDIDA DE DESEMPENHO
Medida de desempenho é o processo de quantificar a ação, em que medição é
o processo de quantificação da ação que leva ao desempenho (NEELY, 1995). Em uma
lógica comparativa, na qual a concorrência vem se acirando com o passar do tempo,
as organizações buscam satisfazer os seus clientes de maneira mais eficiente e eficaz
do que os seus concorrentes. Corrêa (2006, p. 85) define, nesse contexto, eficiência e
eficácia:
‚‚ Eficácia: refere-se à extensão segundo a qual os objetivos são atingidos, ou seja, as
necessidades dos clientes e outros grupos de interesses da organização (funcionários,
governo, sociedade) são satisfeitas;
‚‚ Eficiência: por outro lado, é a medida de quão economicamente os recursos da orga-nização
são utilizados quando promovem determinado nível de satisfação dos clientes
e outros grupos de interesses.
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Figura 2 - Diferença entre eficiência e eficácia
Fonte: Corrêa (2006, p. 88)
É importante entender essa definição porque ela permite identificar duas im-portantes
dimensões de desempenho, o fato das razões internas (uso de recursos) e
externas (serviços aos clientes e grupos interessados) para definição de ações estraté-gicas.
Portanto, o nível de eficiência e eficácia determinará o grau de desempenho de
uma operação ou ação.
As principais características do sistema de avaliação de desempenho são:
‚‚ É essencial para planejar e controlar a gestão de operações. A medida de desempenho
oferece dados importantes que auxiliam na tomada de decisão;
‚‚ Influencia no comportamento das pessoas e nos sistemas de operações, para que de-terminadas
intenções estratégicas transformem-se em ações alinhadas com as estraté-gias
empresariais.
O sistema de avaliação de desempenho é uma forma sistemática de avaliar a
entrada e a saída, a eficiência e a eficácia e o processo de transformação de uma ope-ração.
Economistas, engenheiros, gestores e outros profissionais procuram utilizar a
avaliação de eficiência como forma de medir a produtividade. Essas medidas de pro-dutividade
são cada vez mais importantes porque, em um ambiente no qual a compe-titividade
só aumenta e a guerra de preço é cada vez maior, a avaliação de eficiência
é uma ferramenta que as empresas têm para melhorar o controle da produtividade. É
importante que as empresas tenham controle sobre a eficiência nas operações de pro-
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dução, o que permitirá ações agressivas na redução de preços. A avalição de desem-penho
também permite entender as fontes de eficiência ou ineficiência, para assim
melhorar os processos e aumentar a lucratividade das operações.
Quando as operações são explicitamente medidas, auxiliam os gestores a foca-rem
nos problemas que devem ter maior prioridade.
EVOLUÇÃO NO TEMPO DAS MEDIDAS DE DESEMPENHO
Ao longo da história, o sucesso das organizações vem sendo medido através
das avaliações de desempenho. Uma das áreas mais antigas que realizavam essas me-dições
era a contabilidade (hoje conhecida como controladoria). As técnicas contábeis
têm origem na idade média, e, desde esse período, o desempenho era medido levan-do
em conta os critérios financeiros (BRUNS, 1998).
O sistema de “partidas dobradas” (cada valor debitado corresponde a um mes-mo
valor creditado) da contabilidade foi desenvolvido para evitar conflitos e auxiliar
em transações comerciais entre negociantes (JOHNSON, 1983).
No início do século XX, ocorreu a evolução na natureza das organizações, na
qual se separam os gestores (profissionais contratados) dos donos das organizações.
Com essa mudança, surgiu a necessidade dos resultados dos investimentos, para tan-to,
se precisava avaliar o desempenho dos gestores. Nesse período, as medidas de de-sempenho
eram voltadas para atingir os objetivos financeiros. Segundo Correa (2006),
os críticos dos sistemas mais tradicionais de contabilidade, meramente financeira, lis-tam
as seguintes falhas:
‚‚ encorajariam uma visão míope, de prazo excessivamente curto. Argumenta-se que
avaliação de desempenho, meramente de resultados financeiros, por exemplo, no tri-mestre
(são muito comuns os relatórios de desempenho trimestral em empresas norte-
-americanas), incentivaria os executivos a, por exemplo, postergar investimentos em
capital, pois esse tipo de investimento requereria tempos mais longos de retorno;
‚‚ não têm relação direta com a estratégia de operações definidas para organização.
Não avaliam o desempenho em termos de qualidade, flexibilidade, satisfação do cliente,
pontualidade ou velocidade de atendimento;
‚‚ encorajariam otimizações locais mais do que a otimização do todo;
‚‚ encorajariam os gestores a procurar minimizar as variações em relação a metas de
desempenho mais do que melhoramento contínuo;
‚‚ não auxiliariam a explicar a razão do desempenho financeiro e como melhorá-lo, pelo
menos do ponto de vista da gestão de operações;
‚‚ falhariam em dar informações sobre como os clientes veem o desempenho da organi-zação
e como essa visão compara-se com o desempenho da concorrência.
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Entre os anos 80 e 90 houve um aumento do interesse no tema Avaliação de
Desempenho, na busca de corrigir essas falhas identificadas. Com clientes mais exigen-tes
e alta competitividade no mercado, houve uma ampliação das necessidades de
avalição de desempenho.
As medidas financeiras tradicionais, portanto, são insuficientes para guiar e
avaliar a jornada pela qual as empresas precisam passar para criar um futuro em que
se deve investir em clientes, fornecedores, processos, funcionários, tecnologias e na
aprendizagem e inovação.
A abordagem “balanceada” é o modelo de Balanced Scorecard (BSC), de Kaplan
e Norton (1996), que se tornou popular por procurar desenvolver a capacidade orga-nizacional
a longo prazo.
Figura 3 - Quadro geral de referência do BSC
Fonte: Kaplan e Norton (1996, p. 145)
Na Figura 3, Quadro de Referência do BSC, podemos ver os objetivos e as medi-das
que são derivados da visão futura e da estratégia da organização.
Com esses objetivos e medidas, alcançamos o desempenho organizacional de
forma mais balanceada, de quatro aspectos: financeiro, do cliente, dos processos inter-nos
de negócio e do aprendizado e crescimento. Entretanto, esse modelo apresenta
falhas em relação à análise e consideração do desempenho da concorrência, um fator
que não pode estar fora de qualquer sistema de avaliação de desempenho.
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CONCEITOS ESSENCIAIS SOBRE PRODUTIVIDADE
Segundo Norsworthy e Jang (1992), rigorosamente, produtividade seria mais
um conceito econômico, que relaciona saída e entrada. A produtividade pode alterar-
-se quando há variações nos custos dos insumos ou no valor dos produtos, ainda que
as relações entre saídas e entradas se mantenham estáveis.
A produtividade é definida como a ligação entre as saídas criadas por um sis-tema,
e os insumos essenciais à produção dessas saídas, isto é, a conferência entre as
saídas e as entradas de um sistema de fabricação. De forma simples, a produtividade
pode ser definida da seguinte maneira:
A medida da produtividade é amplamente utilizada na atualidade. O PIB (Pro-duto
Interno Bruto) é um tipo de medida de produtividade que envolve a “riqueza” que
um país produz pelo total da população.
No âmbito empresarial, essa produtividade pode ser exemplificada como a
quantidade de tecidos produzidos por dia em uma fábrica de tecelagem ou número
de pessoas atendidas por um funcionários de call center.
A produtividade no âmbito empresarial pode sofrer influência de fatores exter-nos
à empresa, como:
‚‚ Situação econômica do país e do setor da economia: um país com uma situação
econômica estável garante maior estabilidade nos preços dos produtos, evitando, assim,
prejuízo na produtividade.
‚‚ A concorrência dentro do setor da economia: a concorrência é um dos principais
fatores externos que podem capturar uma fatia do mercado, e assim prejudicar a pro-dutividade.
‚‚ Situação tecnológica e científica do país e do setor da economia: são grandes res-ponsáveis
pelo aumento da produtividade nos últimos anos. Assim, investimentos, pes-quisa
e desenvolvimento aumentam a produtividade a médio e longo prazo.
‚‚ Regulamentação governamental e legislação trabalhista: restrições legais têm
imposto limitações a certas empresas, forçando-as a implantarem equipamentos de
proteção ambiental com impacto na produtividade. Já em relação à busca pela melhor
qualidade de vida dos trabalhadores, muitas empresas têm procurado melhorar as con-dições
de trabalho para seus colaboradores, na certeza de que o retorno de termos de
produtividade é imediato.
‚‚ Mão de obra, especificidade e treinamento: mudança na mão de obra decorrente
da alteração do processo produtivo, no qual pessoas com o maior grau de instrução são
necessárias. Hoje, não adianta ter mão de obra barata, se a mesma não for produtiva.
‚‚ Estado do mercado de insumos (terceiros): a escassez de alguns recursos tem gera-do
problemas de produtividade, um exemplo é a energia elétrica, na qual os aumentos
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de custo geram grande impacto nos processos industriais que necessitam dela na pro-dução.
Os Fatores Internos também podem alterar a produtividade. São eles:
‚‚ Política de recursos humanos: uma política de recursos humanos alinhada com os
objetivos organizacionais oferece cursos de capacitação e treinamento para melhoria
da produtividade.
‚‚ Grau de economias de escala: economias de escala são reduções nos custos uni-tários
dos produtos que ocorrem a partir de aproveitamento racional e intensivo dos
fatores de produção.
‚‚ Habilidade, qualificação, motivação e composição da força de trabalho: quase
sempre, aumentos de produtividade requerem mudanças na tecnologia, na qualidade
ou na forma de organização do trabalho, ou em todos em conjunto.
‚‚ Estratégia competitiva: devem-se fazer medidas estratégicas para lidar com a con-corrência
que pode prejudicar a produtividade.
‚‚ Grau de utilização do estoque disponível de bens de capital e tecnologia: uma
utilização e fiscalização adequada do estoque permite um aproveitamento de forma
consciente para evitar desperdício e prejuízo na produtividade.
‚‚ Atualidade, intensidade e adequação tecnológica: o nível de investimentos em
máquinas, equipamentos e instalações em relação à mão de obra empregada. É impor-tante
saber que em um parque industrial envelhecido perde-se produtividade. As subs-tituições
de equipamentos são feitas sempre no sentido de obtenção de melhorias na
produtividade.
‚‚ Sistema de avalição de desempenho de força de trabalho e da gestão: a busca por
avaliar o desempenho da força de trabalho e dos gestores permite medir o grau de pro-dutividade
da empresa, e assim adotar medidas estratégicas para solucionar problemas
existentes na produção.
‚‚ Métodos gerenciais e organização do trabalho: fatores gerenciais relacionados
com a capacidade dos administradores de se empenharem em programas de melhoria
de produtividade em suas empresas.
TIPOS DE PRODUTIVIDADE
Há dois tipos de medidas de produtividade. São eles:
‚‚ Produtividade Total dos Fatores: é a razão entre o produto real bruto, mensurável (uni-dade
pronta ou serviços associados à produção) e a soma de todos os correspondentes
de insumos mensuráveis (trabalho, capital, automação, energia e outros).
‚‚ Produtividade Parcial: é a relação entre o valor agregado e a classe de insumos men-suráveis.
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A produtividade total dos fatores é a forma mais ampla de medir a produtivi-dade.
Entretanto, ela apresenta alguns problemas de aplicação. Os vários insumos que
são utilizados para calcular a razão “produtos-insumos” são de grandezas diferentes.
Um exemplo é: como podemos somar “homem-hora” com “quilowatts-hora”? Para que
se possa realizar o cálculo, é necessário homogeneizar as medidas, colocando, assim,
medidas de valor, com os custos referentes aos “homens-hora” e os custos referentes
aos “quilowatts-hora”, para permitir a soma.
SÍNTESE
Nesta aula, estudamos a grande relevância da avaliação de desempenho em
operações, devido a alguns fatores que vêm se aflorando nas últimas décadas, como: o
aumento da competitividade, o surgimento de novas técnicas para melhorar o desem-penho,
a perspectiva de qualidade total, produção enxuta, just in time e as mudanças
nas demandas externas.
Abordamos, também, a definição e a evolução com o tempo das medidas de
desempenho, os conceitos e os tipos de medidas de produtividade.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
Como você adaptaria a ideia do Balanced Scorecard (BSC) para passar a consi-derar
também o desempenho da concorrência na avaliação de desempenho da orga-nização?
Você acha que, com a crescente preocupação das organizações em não só atin-gir
prosperidade econômica, mas, simultaneamente, atingir sustentabilidade ambien-tal
e responsabilidade social, o Balanced Scorecard (BSC) deveria ser ajustado? Como?
Reflita!
LEITURAS INDICADAS
O capítulo 2 do livro Administração da Produção, de Nigel Slack e outros auto-res,
editado pela Atlas, em 2009.
O capítulo 5 do livro Administração de Produção e Operações, de Henrique e
Carlos A. CORRÊA, editado também pela Atlas, em 2006.
SITES INDICADOS
http://www.administradores.com.br/artigos/administracao-e-negocios/
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benchmarking-comparando-a-medida-de-desempenho-de-operacoes/27134/,
http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2
3&ved=0CDQQFjACOBQ&url=http%3A%2F%2Fpeg.sea.sc.gov.br%2Findex.
php%3Foption%3Dcom_phocadownload%26view%3Dcategory%26download%
3D17%3Amedidas-de-desempenho-balanceadas%26id%3D12%3Aartigos-%26It
emid%3D319&ei=WGxwUuX5LcWpkAehrIGQAQ&usg=AFQjCNEPMuqCP5FkZB--
ZqLIFmSqhfmz-Q,
REFERÊNCIAS
ANEEL. Disponível em: <http://aneel.gov.br/>. Acesso em: 4 nov. 2013.
BRUNS, W. J., Jr. et al. Understanding costs. Business Fundamentals. Boston, MA: Harvard Business Scho-ol
Press, 1998. Disponível em: < http://hollis.harvard.edu/?itemid=%7Clibrary/m/aleph%7C008832183>.
Acesso em: 4 nov. 2013
CORRÊA, Henrique L; CORRÊA, Carlos A. Administração de produção e operações. São Paulo: Atlas, 2006.
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LOCKAMY, A., COX, J. F. Reengineering performance measurement: how to align system to improve
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NEELY, A., GREGORY, M., PLATTS, K. Performance Measurement System Design: a Literature Review and
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NEELY, A. The performance measurement revolution: why now and what next? International Journal of
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NORSWORTHY, J. R.; JANG, S. L. Empirical measurement and analysis of productivity and technological
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SLACK, Nigel et al. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
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AULA 03 - ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO E
OPERAÇÕES
Autor: Adriano Moitinho
Na última aula, averiguou-se que é crucial medir o desempenho da operação
produtiva para sua gestão efetiva e eficiente. Nesta aula, as operações serão analisa-das
com uma abordagem estratégica, ou seja, considerando a gestão de operações
enquanto ação estratégica para alcançar o objetivo geral e o desempenho necessário
para o sucesso organizacional.
O mundo, no Século XXI, é constituído de vários tipos de organizações (empre-sas,
sindicatos, governo, etc.), sem as quais a nossa sociedade não poderia existir. Por
mais diferentes que essas organizações possam ser entre si, todas possuem atividades
semelhantes, como por exemplo: funções contábeis, mercadológicas, de gestão com
pessoas, de logística e de produção industrial. A função de produção existe e precisa
ser gerenciada em qualquer tipo de organização, não apenas em organizações indus-triais,
como possa parecer num primeiro momento.
Portanto, a gestão de operações deve ser abordada de forma proativa. As técni-cas
de administração da produção tiveram origem nas indústrias e passaram a ser apli-cadas
também em outras formas de organizações, como as comerciais e as de presta-ção
de serviço. Atualmente, também têm sido úteis na gestão dos empreendimentos
“virtuais” ligados à Internet.
O processo de industrialização no Brasil ocorreu a partir da década de 1880, ou
seja, após um século da Revolução Industrial no hemisfério norte. A industrialização
nacional demorou mais do que nos demais países industrializados. Mesmo assim, o
sistema de produção nacional se transformou em um dos setores mais importantes da
economia brasileira. A produção industrial eficiente e eficaz ajuda na criação de vanta-gens
competitivas para atingir os objetivos estratégicos da organização, como: saber
aonde quer chegar, com qual custo e em quanto tempo. Portanto, Corrêa (2006, p. 27)
define o objetivo da estratégia de operações da seguinte forma:
O objetivo da estratégia de operações é garantir que os processos
de produção e entrega de valor ao cliente sejam alinhados com a
intenção estratégica da empresa quanto aos resultados financeiros
esperados e aos mercados a que pretende servir e adaptados ao am-biente
em que se insere. Por isso, é necessário incluir, no tratamento
de processos decisórios em operações, elementos externos à orga-nização,
como o cliente, a concorrência, os parceiros fornecedores,
o acionista e outros grupos de interesse. Trata-se de gerenciar ativi-dades
produtivas, não mantendo uma visão introspectiva, típica da
administração científica do início do século XX, mas como um censo
de propósito e contesto que justifique a área e suas ações. Não há
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mais o pressuposto de que há uma melhor forma de fazer o traba-lho,
a melhor forma dependerá de grande quantidade de caracte-rísticas
do ambiente. Ganham, portanto, importância às interfaces
entre a área de operações e outros setores da organização e entre as
operações e o mundo exterior.
HISTÓRIA DA GESTÃO ESTRATÉGICA DE PRODUÇÃO E OPE-RAÇÃO
O que é estratégia? Etimologicamente, a palavra “estratégia” vem do grego
“strategos” que quer dizer general, o nível hierárquico militar que tem o comando glo-bal
das operações de guerra. Assim, “strategia” é a arte do general, cuja principal atri-buição
é ter a visão geral de toda operação e detém o poder de implementar as ações
em uma batalha, vencer ou perder depende das suas decisões.
Os generais da atualidade estão em corporações diversas, o executivo respon-sável
por toda unidade industrial e de operações comanda as ações práticas para a
perfeita atividade. Portanto, apresenta um papel estratégico dentro do escopo organi-zacional,
pois traça metas aos seus subordinados e simboliza a liderança necessária a
estimular a motivação da sua equipe.
A gestão de operação sempre fora vista como objetivo estratégico das orga-nizações,
buscando reagir a fatores externos da melhor forma possível, por motiva-ção
da concorrência e solicitação da organização. Nos anos 70, com o fim da segunda
guerra mundial e o surgimento dos Estados Unidos como grande potência industrial,
o cenário muda. Os combates na Europa e na Ásia não afetaram sua capacidade pro-dutiva
e permitiu aos americanos atender aos diversos mercados mesmo em outros
continentes, tornando-se grande produtor industrial que atendeu à demanda que sur-giu
depois da guerra.
Já nos países europeus e no Japão, as indústrias tiveram que se adequar a uma
nova realidade. A necessidade de gerir os recursos ainda mais escassos e reconstruir
tudo a partir dos destroços permitiu que estratégias criadas nesse contexto se tor-nassem
modelos utilizados até hoje. Então, por grande esforço em apenas vinte anos
após o fim da guerra, e enfrentando a crise do petróleo em 1973, a indústria japonesa
se destacou pela sua produção enxuta e pela implementação de novas tecnologias
que a levou a se destacar na indústria automobilística, aparelhos eletrônicos, relógios
e outros.
A seguir, abordaremos a definição de gestão estratégica da produção, com en-foque
nas operações estratégicas para que a unidade produtora possa alcançar suas
metas sem perdas.
ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES
A figura a seguir mostra que as estratégias organizacionais devem estar alinha-
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das com a Missão estabelecida pela organização.
Figura 1 - Desenvolvendo uma Estratégia de Operações
Fonte: Norman Gaither e Greg Frazier (2005)
A Missão Corporativa contempla os objetivos que a empresa visa alcançar em
longo prazo. Envolve também os seus clientes, suas metas de sobrevivência, cresci-mento
e lucratividade. Para conseguir alcançar seus objetivos, as organizações fazem
planos de ação em longo prazo, que são conhecidos como estratégia de negócios.
Essas estratégias são incorporadas ao plano de negócios da empresa, que projeta uma
estratégia para cada área da empresa, dentre elas: produção, marketing, vendas e fi-
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nanças.
Para a elaboração da estratégia de negócios, deve-se fazer uma avaliação das
condições comerciais globais e das competências essenciais e fraquezas da empresa,
além da análise do mercado, da concorrência e do desenvolvimento econômico, polí-tico,
tecnológico e social do mercado em que a organização está inserida.
O principal foco da estratégia de negócio é encontrar maneiras de maximizar
as competências essenciais já existentes, e desenvolver novas competências com o
objetivo de consolidar o posicionamento da organização e aumentar seu market sha-re.
Nesse sentido, no caso da produção industrial, são desenvolvidas ações de longo
prazo através de estratégias de operações para produção de produto e serviços. As
estratégias de operações incluem decisões sobre novos produtos como, quando ini-ciar
a produção, novas instalações, novas tecnologias e quais esquemas de produção
serão utilizados.
Para entendermos melhor a estratégia de operações, é necessário analisar as
prioridades competitivas que serão apresentadas a seguir.
PRIORIDADES COMPETITIVAS EM OPERAÇÕES
As prioridades competitivas são reconhecidas pelo valor entregue aos clientes
por meio de produtos e serviços, dessa forma, podem ser usadas como ferramenta
para obter maior representatividade e posicionamento de mercado. Mas, essa priori-dade
competitiva não pode ser usada da mesma forma para todos os produtos. Uma
organização não pode oferecer grande flexibilidade produtiva e, ao mesmo tempo,
uma produção a custo baixo. Deve-se, então, balancear as prioridades competitivas
para cada produto ou serviço.
O segredo para desenvolver uma estratégia de produção que gere vantagens
competitivas para a empresa está em compreender como criar ou agregar valor para
os clientes. Especialmente o valor agregado através das prioridades competitivas que
são selecionadas para apoiar uma determinada estratégia. (DAVIS; AQUILANO; CHASE,
2001).
ELEMENTOS DE ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES
Para se discutir a estratégia de operações, vamos focar em alguns pontos de
observação:
O sistema de produção: deve-se escolher o tipo de design do produto, tipo de
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processo produtivo e a política de estoque adotada.
A maioria dos produtos é elaborada sob o design de produto PADRÃO, que ga-rantem
ganho em escala e precisam de entrega rápida e com baixo custo de produção.
Em relação ao design do produto, surgem os PRODUTOS PERSONALIZADOS,
que são feitos segundo as necessidades dos clientes, resultando em uma variedade
de produtos, produzidos em pequenos lotes requerendo maior flexibilidade.
No processo industrial, existem dois tipos básicos de produção: FOCO NO PRO-DUTO
e FOCO NO PROCESSO. Quando o foco é o produto, normalmente são fabrica-dos
produtos padrões. Um exemplo é a fabricação de automóveis. A produção focada
no produto não é muito flexível, uma vez que qualquer mudança no produto ou no
volume de produção torna-se algo difícil e caro. A produção foca no processo, busca
produzir um único produto em grande volume e com custo relativamente baixo. Um
exemplo é a área de cultura. Os produtos personalizados, normalmente, buscam essa
forma de produção. Esse sistema é mais flexível, se adapta à mudança de volume e
produtos de forma mais ágil e barata.
Em relação à política de estoque de produtos acabados, temos:
PRODUZIR PARA ESTOQUE E POR ENCOMENDA. Na produção por estoque,
fabrica-se antecipadamente. Esta produção pode ser conhecida como produção em-purrada,
pois aguarda as encomendas dos produtos no estoque os quais são “empur-rados”
para o mercado. Já na política de produzir por encomenda, conhecida como
produção puxada, os gerentes esperam o pedido para iniciar a produção.
A escolha do design do produto, o processo de produção e a política de estoque
formam a estrutura necessária de uma fábrica e permite analisar e explorar ainda mais
a estrutura de uma organização para atingir e concretizar a estratégia de negócio.
FOCO DA PRODUÇÃO: Wickham Skinner (1985, p. 255) define fábrica focalizada
como:
[...] uma fábrica que se concentra numa combinação (mix) de pro-dutos
estreita para um nicho de mercado específico, terá um de-sempenho
superior à planta convencional que tenta uma missão
mais ampla, uma vez que seus equipamentos, sistema de suporte e
procedimentos podem concentrar-se numa tarefa limitada para um
conjunto de clientes, seus custos e, especialmente, seus gastos ge-rais
provavelmente são inferiores aos da planta convencional. Mas,
o mais importante é que essa planta pode tornar-se uma arma com-petitiva,
porque todo o seu aparato está concentrado em realizar a
tarefa de manufatura particular exigida pela estratégia e objetivo
de marketing globais da empresa.
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É importante que as fábricas e as instituições de serviços busquem a especia-lização
e o foco da produção de alguma maneira, para que não estejam vulneráveis à
concorrência.
Planos de produtos/serviços: planos para que novos produtos e serviços sejam
projetados, desenvolvidos e introduzidos no mercado são feitos como parte impor-tante
da estratégia do negócio. A figura a seguir ilustra o ciclo de vida de um produto.
Figura 2 - Etapas do ciclo de vida de um produto
Fonte: O Autor
Após ser projetado e desenvolvido, o produto passa pela fase de introdução do
ciclo de vida. Nesse período, inicia-se a produção, o marketing e a venda, no qual os
lucros, geralmente, são negativos. Os produtos, que forem bem aceitos pelo mercado,
avançam para a fase de crescimento, na qual a produção se concentra em ampliar a
capacidade de maneira rápida para atender à demanda. Aqui, o trabalho do marketing
se intensifica e os lucros começam a surgir. Logo após, vem a etapa de maturidade, na
qual a produção é intensa e o marketing busca, através de promoções de venda, o au-mento
ou a manutenção da fatia de mercado elevando os lucros ao máximo. Por fim,
inicia-se o período de declínio do ciclo de vida, quando ocorre redução das vendas e,
consequentemente, dos lucros. Nesse período, o produto pode ser retirado do merca-do
ou substituído por novos produtos.
As indústrias de computadores e de bens de consumo estão, a cada dia, encur-tando
o ciclo de vida dos produtos, devido à mudança dos modelos de produtos cons-tantemente
mutantes. Essas indústrias precisam de um sistema de produção flexível,
que pode ser facilmente modificado para novos produtos.
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Plano de processo e tecnologia de produção: define como os produtos serão
produzidos, envolve cada detalhe do processo e instalações de produção, buscando
utilizar a variedade de tecnologia de produção disponível para produzir tanto produ-tos
como serviços.
Alocação de recursos para alternativa estratégica: moedas e fundos de capital,
capacidade, laboratório de pesquisa, trabalhadores, engenheiros, máquinas, matérias-
-primas e outros recursos são cada vez mais escassos em variedade dentro de cada
empresa, sua deficiência exerce forte impacto sobre o sistema de produção de grande
parte das empresas. A distribuição desses recursos dentro da organização deve ser
feita de forma estratégica, através de uma decisão tomada pelo gerente de operações
atual.
Planos de instalação: capacidade, localização e layout. A capacidade de produ-zir
e fornecer produtos em longo prazo é parte fundamental da estratégia de opera-ções.
Muitas decisões são tomadas como compra de equipamentos e instalação, tec-nologia
especializada ou até mesmo construção de novas fábricas. Tudo isso envolve
grandes riscos e decisões que se forem mal tomadas podem gerar problemas ao longo
dos anos.
Gestão com pessoas: O planejamento eficiente da força de trabalho, também
apontado como parte crucial da estratégia de posicionamento que afetam a capacida-de
de fornecer o volume, a qualidade e o custo dos produtos desejados.
A seguir, veremos que há muitas empresas que esperam que as suas opera-ções
melhorem com o tempo. Portando, os gestores de operações, ao passarem pelo
processo de aprimoramento, precisam ser sensibilizados de que sua contribuição se
torna estratégica para o sucesso da empresa. Em síntese, os gerentes devem dominar
as habilidades de primeiro “implementar”, para depois “apoiar” e por fim “impulsionar”
a estratégia de operações.
DA ESTRATÉGIA DE IMPLEMENTAÇÃO À ESTRATÉGIA DE
APOIO E À ESTRATÉGIA DE IMPULSIONAMENTO
A produção é a responsável por implementar e colocar em prática as estratégias
elaboradas pelas organizações. É no processo produtivo que a efetiva implementa-ção
da estratégia se torna visível, mesmo a estratégia mais original e brilhante pode
tornar-se totalmente ineficaz se não for utilizada de forma adequada.
Apoiar a estratégia significa desenvolver capacitações de maneira que possam
permitir à organização aprimorar seus objetivos. Por exemplo, uma fábrica de apa-relhos
para telefonia celular estabeleceu como meta ser a primeira no mercado em
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produtos inovadores. Suas operações, portanto, necessitarão ser capazes de enfrentar
constantes inovações. Os processos utilizados devem ser flexíveis de forma suficiente
para fabricar novos componentes, capacitar os seus funcionários para estarem pron-tos
para as novas tecnologias, para desenvolver relacionamento com os fornecedores
que os ajudem a responder rapidamente a compra de novos componentes, assim por
diante. Para alcançar a estratégia estabelecida pela empresa esses componentes são
indispensáveis.
O impulsionamento à estratégia é um dos pontos mais difíceis de ser alcança-dos,
uma vez que envolve vantagens únicas em longo prazo. Esse impulsionamento
é feito através de um relacionamento próximo com os consumidores e fornecedores,
para desenvolver e produzir produtos de excelente qualidade, com condições extre-mamente
difíceis de ser imitadas com seus concorrentes. Por exemplo, uma empresa
especializada em serviços de alimentação fornece peixes congelados e produtos do
mar para restaurantes. Desenvolveu, ao longo dos anos, relacionamentos próximos
com seus consumidores (os chefs), assim como seus fornecedores ao redor do mundo
(empresa de pesca). A empresa possui uma fábrica pequena, na qual desenvolve e
produz um contínuo fluxo de novos excelentes produtos. Portanto, o sucesso da em-presa
depende da capacidade de operação única.
A seguir, abordaremos a Gestão Estratégia de Operações. É uma área recente
dentro do estudo de gestão de produção e operações, a qual procura definir métodos
de análise e de administração que busquem garantir a gestão dos recursos produtivos
das organizações tanto da manufatura quanto dos serviços, para que deem sua con-tribuição
à competitividade da organização. Para tanto, são tomadas decisões inter-nas
sobre recursos operacionais, sempre influenciadas pelas formas como a empresa
pretende competir no futuro.
A GESTÃO ESTRATÉGICA DE OPERAÇÕES
Embora seja importante considerar as decisões em operações que envolvem
grande impacto de longo prazo (mais difíceis de reverter e que envolvem mais re-cursos),
é importante enfatizar, nas decisões operacionais que se tomam diariamente,
que têm grande importância para o sucesso organizacional.
Por esse motivo, é importante que as decisões estejam alinhadas com os objeti-vos
estratégicos. Uma boa gestão estratégica pode permitir que as “grandes decisões”
sejam mais embasadas e que estejam alinhadas com a decisão estratégica estabele-cida.
Para efeitos práticos, o que se deseja da gestão estratégica de operações é criar
um padrão de decisões coerentes com a direção estratégica que se pretende para a
organização. Para tanto, a tomada de decisão deve levar em consideração a prioridade
dos recursos com que se trabalha e agir de forma estratégica, levando em considera-ção
os clientes e a concorrência. Só a partir da consideração conjunta desses elemen-tos
é que uma decisão adequada será tomada.
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AS MÚLTIPLAS FORMAS DE COMPETIR NO MERCADO
Não há uma melhor forma de gerenciar as operações, uma vez que existem
vários aspectos que são importantes e que devem ser levados em conta pelos clientes
das operações em seu processo de avaliação do serviço adquirido. Para Slack (2009), p.
121, alguns desses aspectos são:
‚‚ Preço/Custo: o valor pago para adquirir determinado produto ou serviço;
‚‚ Velocidade: tempo para entrega do produto ou prazo de pagamentos e tempo de
atendimento;
‚‚ Confiabilidade: compromisso com prazos acordados;
‚‚ Qualidade: produto conforme as especificações, grau de capacidade técnica da opera-ção,
educação e cortesia no atendimento e etc.;
‚‚ Flexibilidade: amplitude de horário de atendimento e variedade de onde o atendi-mento
possa ser feito.
Os aspectos supracitados, na maioria das vezes, não ocorrem ao mesmo tem-po.
Para satisfazê-los, há a necessidade de ser mais preciso ao definir os objetivos a
priorizar naquele momento. Por exemplo, em algumas situações, os gestores devem
escolher renunciar aos níveis de desempenho superiores sob os critérios que não favo-recem
a obtenção de resultados, mas o sucesso da operação. Nesse caso, diminui-se a
qualidade de determinado produto para fornecer preço mais acessível.
Para que a tomada de decisão a respeito da renúncia seja acertada, é impor-tante
saber quais as prioridades dos clientes no mercado em que está inserido, para
focalizar os aspectos adequados.
Lembre-se de que não é tão simples administrar. Requer habilidades e compe-tências
que devem ser desenvolvidas e precisam ser adquiridas. Em especial, na Admi-nistração
da Produção, por ser um setor estratégico para o desenvolvimento do país.
Portanto, seguimos em busca da eficiência e da eficácia contínua. Na próxima aula,
vamos verificar como o Processo de Produção Industrial nos auxilia nessa busca. Até lá.
SÍNTESE
Nesta aula, foram abordadas as estratégias de operações com um breve resumo
da história sobre a ascensão dos Estados Unidos no período pós-guerra e do modelo
Japonês de produção.
Também foi apresentado que as estratégias de operações derivam da missão
corporativa e da estratégia de negócio. Apresentamos as prioridades competitivas
da produção e os elementos de estratégias de operações: posicionando o sistema de
produção, foco da produção, plano de produtos/serviços, planos de processos e tec-
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nologia de produção, locação de recursos para alternativas estratégicas e planos de
instalações: capacidade, localização e layout.
Fora abordada, também, a estratégia por uma visão de implementação, apoio e
impulsionamento dentro da produção e a importância da gestão estratégica no auxí-lio
à tomada de decisão alinhadas com as metas estabelecidas pela organização.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
O QUE OS FABRICANTES DE CLASSE MUNDIAL ESTÃO FAZENDO
Os fabricantes de classe mundial se distinguem ao desenvolver estratégias de
negócios e de operações para captar crescentes fatias de mercados globais. Grande
parte de seu pessoal contribui para o desenvolvimento desses planos de longo prazo.
Uma função organizacional em particular domina o planejamento dos negócios. O
plano de negócios de longo prazo representa a melhor ideia e análise sobre o que
deve ser feito para captar fatias de mercado global. Em razão da solidez do seu proces-so
de planejamento de longo prazo, os fabricantes de classe mundial investem com
confiança em todas as áreas de seus negócios: treinamento e educação do pessoal,
desenvolvimento de mercado e de novos produtos/serviços, fábricas e processos de
produção avançados, pesquisa e desenvolvimento. Esses investimentos nos posicio-nam
para explorar as oportunidades em seus planos de negócios.
Em especial, os fabricantes de classe mundial:
‚‚ colocam o cliente em primeiro lugar. São mais receptivos às necessidades do cliente,
estão dispostos a personalizar produtos e/ou a mudar pedidos dos clientes;
‚‚ colocam mais rapidamente novos produtos/serviços no mercado;
‚‚ consideram questões sociais relevantes quando definem estratégias;
‚‚ são fabricantes com a administração da qualidade total (TQM). São conhecidos pela
qualidade de seus produtos; a qualidade é o foco em todos os níveis da organização;
‚‚ têm elevada produtividade de mão de obra e baixos custos de produção, igualando-se
ou superando seus concorrentes;
‚‚ mantêm baixos estoques;
‚‚ em geral, pesam, comercializam seus produtos e compram suprimentos mais global-mente;
‚‚ adotam e desenvolvem novas tecnologias de produção e implementam tecnologias
comprovadas;
‚‚ desenvolvem instalações de produção especializadas e mais focalizadas;
‚‚ aparam as organizações para que sejam enxutas e flexíveis, a fim de se adaptarem a
condições internacionais em constantes mudanças;
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‚‚ são menos resistentes às alianças estratégicas e Joint Ventures para explorar oportu-nidades
globais.
Em um mundo com transações comerciais globalizadas e conectado através
da Internet, reflita sobre as estratégias de negócios e de operações utilizadas pelos
fabricantes de classe mundial.
LEITURAS INDICADAS
Administração da produção, de Nigel Slack e outros autores, editado pela edi-tora
Atlas, em 2006 – Capítulo 2
Administração de Produção e Operações, de Henrique e Carlos Corrêa, editado
pela editora Atlas, em 2006 – Capítulo 2
REFERÊNCIAIS
CORRÊA, Henrique L; CORRÊA, Carlos A. Administração de produção e operações. São Paulo: Atlas, 2006.
DAVIS, Mark M.; AQUILANO, Nicholas J.; CHASE, Richard B. Fundamentos da administração da produção.
3. ed. Porto Alegre:Bookman, 2001.
GAITHER, Norman; FRAZIER, Greg. Administração da Produção e Operações. São Paulo: Thomson, 2005.
SERRANO, Daniel P. Portal do Marketing, Ciclo de Vida do Produto. Disponível em: <http://www.portal-domarketing.
com.br/Artigos/Ciclo%20de%20Vida%20do%20Produto.htm>. Acesso em: 16 mar. 2013.
SLACK, Nigel et. al. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
SKINNER, W. Manufacturing: the fromidable competitive weapon. Wiley, 1985.
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AULA 04 - PROCESSOS DE PRODUÇÃO IN-DUSTRIAL
Autor: Adriano Moitinho
Prezado(a) aluno(a),
Nesta aula, estudaremos o planejamento feito para determinar o processo mais
adequado a ser utilizado na produção. Além disso, estudaremos sobre o replaneja-mento,
que, muitas vezes, ocorre devido às mudanças nas condições de negócio por
alteração no mercado, ou à necessidade de mudança de máquina por motivo do avan-ço
tecnológico. O tipo de processo de produção a ser escolhido deve estar alinhado
com as estratégias de operações discutidas na Aula 3.
Após o planejamento do processo, define-se o caráter fundamental da função
de operações. Esse planejamento delimita como os produtos serão produzidos e po-siciona
o tipo de processo de produção a ser usado pelo negócio para captar novos
mercados.
Segundo Slack (2009, p. 133), o objetivo principal de projetar o processo é,
[...] assegurar que o desempenho do processo seja adequado ao que
quer que se esteja tentando alcançar. Por exemplo, se uma operação
compete primordialmente com base em sua capacidade de resposta
rápida as solicitações de consumidores, seus processos necessitam
ser projetados para oferecer tempo curto de atravessamento. Isso
minimizaria o tempo, a solicitação e o recebimento dos produtos
pelos consumidores. De forma similar, se uma operação compete
com base em preços baixos os objetivos relacionados ao custos pro-vavelmente
dominaram seu projeto de processo.
O processo de produção também cuida da logística de movimentação do pro-duto
na indústria, supervisiona a seleção e o tratamento das matérias-primas, controla
a qualidade de processos e ocupa-se da expedição final. Portanto, veremos a impor-tância
de prever e acompanhar os processos, determinando a aquisição de matérias-
-primas e de imobilizados (máquinas e equipamentos de produção) e a aplicação de
novas rotinas e tecnologias de produção.
ATIVIDADE DE PLANEJAR E PROJETAR PROCESSOS
Podemos definir projeto como uma atividade que pode ser abordada em dife-rentes
níveis e detalhes. De forma geral, o projeto visa demonstrar o que se pretende
alcançar antes de começar a definir os detalhes. Ao iniciarmos o projeto de processo,