Material 2- Relações Contemporâneas de Trabalho.pdf
Livro de Sociologia –
páginas 76 a 80
AS
TRANSFORMAÇÕES
DAS RELAÇÕES DE
TRABALHO NO
CAPITALISMO
As Relações de Trabalho
Capitalistas
A manufatura, a fábrica e
posteriormente a máquina, como
elementos da produção capitalista, são
consequência e não causa da mesma.
Esta só foi possível pela 1) transformação
da força de trabalho em mercadoria e o
consequente 2) trabalho assalariado
A Maquinofatura
A manufatura aumentou
consideravelmente a produção capitalista.
Mas numa determinada etapa do seu
desenvolvimento, a manufatura,
baseada na técnica artesanal, entrou em
conflito com as necessidades da
crescente produção capitalista e do
mercado.
O chamado “Exército Industrial de
Reserva”
A fábrica capitalista é uma nova fase
da exploração da mão-de-obra
assalariada. O uso das máquinas permitiu
incorporar na produção mulheres e crianças e
também formou o exército industrial de
reserva, os desempregados. A
multiplicação das máquinas a vapor
proporcionou fantásticos ganhos de
produtividade.
A Manutenção das Relações de
Classes
O aprofundamento da expansão do Capital e o
não cumprimento imediato dos prognósticos
marxistas de ruína do sistema capitalista trouxeram
uma nova necessidade para o capitalismo e para
as relações de trabalho:
1º) universalização da produção, circulação e
distribuição de bens e serviços;
2º) busca pelo equilíbrio, dentro do capitalismo,
entre Capital e Trabalho,
3º) tudo isto dentro de uma lógica de alta
competitividade.
Técnicas de Gerenciamento de
Produção
Através do conhecimento científico,
de normas e funções que
possibilitassem a organização do
sistema produtivo, buscam garantir
uma harmoniosa ampliação do Capital.
Foram as experiências de
racionalização e flexibilização do
trabalho.: taylorismo/fordismo,
toyotismo e volvismo.
Taylorismo
Já no final do século XIX, Frederich Taylor
(1865-1915), em seu livro Princípios da
Administração Científica, propunha a aplicação de
princípios científicos na organização do trabalho,
buscando maior racionalização do processo
produtivo.
A característica essencial é a separação
entre o planejamento e a execução das
atividades.
Como objetivos centrais, o aumento da
produtividade e o controle preciso do ritmo
da produção.
A Produção para o
Taylorismo
Pelos preceitos tayloristas, o trabalhador não
teria mais a necessidade de conhecer
todo o processo de produção, devendo
conhecer apenas um, procurando um
aperfeiçoamento constante apenas desta
parte.
Em outras palavras, em uma fábrica que
fabrica sapatos, por exemplo, o operário não
precisa saber toda a produção, deste a
formação do molde até a colocação dos
cadarços. Se um trabalhador for designado
para colar as solas do sapato, este vai aprender
apenas esta função e vai procurar aperfeiçoar
suas técnicas.
O conhecimento de todo processo ficaria
apenas com o gerente, que fiscalizaria
todos os ramos da produção.
O Trabalhador no
Taylorismo
O Taylorismo, ao mesmo tempo que aumentava a produção,
barateava o preço dos produtos industrializados e
especializava um funcionário a um serviço, criava uma
alienação mental do empregado, já que não só o meio
de produção era sistematizado, mas também os
horários de trabalho e a cobrança para sempre
produzir mais e mais.
Fordismo
Criado por Henry Ford, o
mesmo que criou o Ford T, o
fordismo nada mais é que a
junção prática do sistema
taylorista e da facilidade
das máquinas. Ford criou
uma espécie de "esteira
rolante", onde as peças dos
automóveis passavam em
frente ao trabalhador, este que
tinha que fazer seu serviço
dentro de um curto espaço de
tempo.
O aumento de produtividade
com o uso mais adequado
possível das horas trabalhadas,
por meio do controle das
atividades dos trabalhadores, o
fordismo como técnica tem
como principal instrumento
a linha de montagem-
velocidade pela repetição de
movimentos e um sistema
de recompensas e punições
conforme o comportamento dos
operários no interior da fábrica.
O fordismo propiciou um aumento da produção de
carros, o que faz com que os próprios funcionários
pudessem comprá-lo, aumentando o mercado
consumidor do patrão.
Hierarquia e
Alienação
A hierarquia, bem como a
impessoalidade das normas, foi introduzida
no processo produtivo, sempre comandado
por administradores treinados para isso. A
capacidade e a especialização dos
operários tinham valor secundário,
pois o essencial eram as tarefas de
planejamento e supervisão. O resultado
foi a intensificação da alienação do
trabalhador e sua desqualificação.
Expansão e Limites do Modelo
Fordista
Já na década de 1920 a produtividade subia
aceleradamente MAS um grande número de
trabalhadores fora demitido, as vendas
caíram dramaticamente.
Isto se explica fundamentalmente por dois
elementos:
A) a alta competitividade e a maquinofatura
não incluem toda a massa de trabalhadores na
Indústria;
B) Concomitantemente e isso a expansão do
setor de serviços e financeiro-especulativo
mostra-se mais atrativo para o Capital.
Terceira Revolução Industrial:
Automação
A crise econômica iniciada com a
superprodução fordista e exacerbada na década de
1970 esgota o sistema fordista/taylorista e requer
novas formas de racionalização do trabalho que
mantivessem a lógica da redução de custos, mas
agora com baixo consumo (em relação à
capacidade produtiva) e baixa lucratividade.
O sistema taylorista-fordista hoje em dia está sendo
considerado historicamente superado por outras
modalidades de organização do trabalho mais adequadas
à Terceira Revolução Industrial iniciada imediatamente
após a Segunda Guerra Mundial. Robôs com controle
numérico, computadores e softwares avançados
estão invadindo os domínios da mente.
Sistemas Flexíveis de Produção
Surgem num cenário de baixos
investimentos no setor produtivo
industrial e expansão das atividades
ligadas ao setor de serviços.
As principais consequências são um
mercado consumidor mais segmentado e
exigente (oferta, qualidade, preço) e
implicações para o nível e qualidade de
emprego.
Toyotismo (ou
Ohnismo)
Criado depois da Segunda Guerra Mundial pelo
japonês Taiichi Ohno, este sistema de produção
foi implementado pela primeira vez na fábrica
da Toyota.
Contexto
Japonês
Na década de 40, o Japão tinha
uma economia pequena se
comparado aos países europeus
e aos EUA. Além disso, o
pequeno território do país
impedia as estocagem de
produtos. Desta forma, o
Toyotismo, também conhecido
como just-in-time, agia de
forma que fosse produzido
apenas o necessário.
A Produção Toyotista
O Toyotismo promove a passagem dos
sistemas de produção “estáticos” para
os sistemas “flexíveis”, pois rompe coma
produção em massa com muitos
trabalhadores em favor dos pequenos
pedidos de mercadorias e customização
em massa.
O Just in
Time
Nas fábricas que seguiam este
modelo, a produção estava em
sintonia com a entrada de
matéria-prima e com o
mercado consumidor. Quando a
procura era alta, eram produzidos
mais produtos, quando ela
diminuía, a produção caia. Assim,
tornava-se desnecessário o espaço
com estoque.
Flexibilização Produtiva
A Toyota concentrava sua fábrica e seus
fornecedores num mesmo local e exerce o controle
sobre as empresas que prestam serviços
terceirizados.
Em geral, o justi-in-time requer uma
coordenação minuciosa entre entrega de
produtos e matérias-primas, ou seja, a
produção por demanda, cuja venda do produto
ocorre antes de sua constituição, não permitindo o
estoque de produção.
Trabalhador
Multifuncional
A Toyota trabalhava com grupos de cerca de
8 trabalhadores. Se apenas um não executa sua
tarefa satisfatoriamente, todo o grupo é
prejudicado com a perda de abonos e de
outros benefícios. A estrutura salarial é
diretamente ligada aos grupos de trabalho.
Trabalhador
multiuso
Com a automação não existe um
trabalhador específico para uma tarefa
específica. O Trabalhador deve estar
disponível para adaptar-se às diversas
funções existentes na empresa. Os que
não se adaptam normalmente são demitidos.
Essa nova configuração cria, assim,
muita incerteza e insegurança; por isso,
a situação dos trabalhadores no mundo de
hoje é bastante sombria.
Especialização do
Trabalhador
A automação e a consequente
eliminação do controle manual por
parte do trabalhador é uma forma
clara de flexibilização do trabalho. O
engenheiro que entende de programação
eletrônica, de supervisão ou análise de
sistemas passa a ter uma importância
estratégica nas novas instalações
industriais.
Controle
Horizontalizado
O conceito de aumento da qualidade foi
introduzido nos Estados Unidos já no final dos anos 30
pelo estudioso americano Edward Deming. Está ligado
com a melhoria das condições de trabalho e com a
satisfação de realizar um bom trabalho.) Deming
recomendava a criação de Círculos de Controle de
Qualidade, os CCQs, que foram desenvolvidos no Japão
por gerentes de empresas, a partir dos anos 50,
principalmente na Toyota. Com o toyotismo a
produção é controlada por grupos de
trabalhadores e a empresa investe muito em
treinamento, participação e sugestões para
melhorar a qualidade e a produtividade.
Nova Reconciliação
Capital-Trabalho
Para convencer os sindicatos a
participarem, o governo e os empresários
anunciaram concessões que seriam
associadas ao crescimento econômico.
A primeira foi a divisão do aumento do
lucro. A segunda foi a decisão de que
nenhuma inovação seria implantada
sem que os sindicatos fossem
consultados. A terceira foi a garantia de
estabilidade no emprego.
Crítica à Flexibilização
A “flexibilização” pode ser vista como
uma forma de dizer que os salários e os
diretos trabalhistas serão reduzidos com
uma palavra menos dura. A
“flexibilização” é só para baixo. Quando
as empresas estiverem mal das pernas,
têm o direito de reduzir os salários. Mas,
quando nadarem em lucro, não precisam
dividi-los com seus trabalhadores.
Resumo
(Toyotismo)
• Flexibilidade da produção;
• Importância da qualidade dos produtos;
• Lógica da empresa “enxuta’” para a diminuição de
custos;
• Estoques baixos;
• Número reduzido de trabalhadores;
• Controle horizontalizado.
Volvismo
O modelo produtivo volvista foi desenvolvido por
Emti Chavanmc, engenheiro da Volvo nos anos 1960, de
origem indiana.
Em linhas gerais, a indústria sueca é
caracterizada pelo seu elevadíssimo grau de
informatização e automação e pela forte presença
dos sindicatos trabalhistas e mão de obra
altamente qualificada. Em particular nas fábricas da
Volvo, a produção é ainda marcada por um alto grau
de experimentalismo, sem o qual talvez não fossem
possíveis tantas alterações.
Particularidade
No volvismo, o trabalhador é quem dita
o ritmo das máquinas, conhece todas as
etapas da produção, é constantemente
reciclado e participa, por meio dos
sindicatos, de decisões no processo de
montagem da planta da fábrica (o que o
compromete ainda mais com o sucesso de
novos projetos), levando-o a se sentir
plenamente engajado na empresa.
Cenário Atual: Contexto
1)A liberalização econômica,
2)O incremento tecnológico (robótica) e
3)A renovação das relações de trabalho (terceirização,
trabalho temporário, etc...)
Implantados a partir da década de 1990 resultaram no
aumento do desemprego em relação às décadas anteriores, mesmo
nas nações mais industrializadas do mundo.
Os dois primeiros elementos ocasionaram o fenômeno
conhecido como desemprego estrutural, modalidade de
desemprego resultante das profundas transformações na estrutura
do mercado laboral, que o impedem de absorver a mão de
obra disponível por longos períodos.
Informalização do
Trabalho
Chamado também de modernização das relações
de trabalho, é o terceiro elemento (renovação das
relações de trabalho) citado anteriormente e
consequência dos dois primeiros.
Substitui a forma clássica do emprego
regular, sob contrato, sindicalizado, permitindo
alta rotatividade da mão-de-obra e,
consequentemente, baixo nível de especialização e
forte retrocesso da ação dos sindicatos na defesa dos
direitos dos trabalhadores.
Flexibilização do Mercado de
Trabalho
Nesse sentido, o crescimento do
trabalho em tempo parcial, temporário,
subcontratado, terceirizado e vinculado
à economia informal, mesmo em países
industrializados ricos, parece confirmar
a tese de que o trabalho está
sofrendo uma degradação ou
precarização.
Uberização
Com um cenário pessimista para os empregos
formais, as pessoas buscam alternativas de trabalho, seja
para garantir alguma forma de sustento ou
complementar a renda. Com esse contexto, e a
necessidade das pessoas de ganharem dinheiro para
sobreviver, surgiu o que ficou conhecido como
a uberização do trabalho.
O próprio nome varia da empresa Uber, na qual os
motoristas possuem essa liberdade e atuam de acordo
com a demanda dos clientes, se aceitarem a corrida
(ou o trabalho). O modelo é visto como uma forma mais
eficiente de atuação, não se restringe a quem trabalha
com aplicativos.
Uberização: elementos
• fonte de renda adicional,
• desburocratização para contratação,
• efetividade no oferecimento do serviço,
• flexibilidade de jornada e horário,
• perda de estabilidade,
• perda das garantias trabalhistas da CLT
Expropriação Secundária
Potencializada
Numa nova relação entre emprego, capital e
trabalhado baseada na ausência de vínculo
empregatício, a uberização promove a Centralização
Absoluta e Internacional do Trabalho.
O Toyotismo já havia EMBASSADO os
limites de quem era o detentor dos meios de
produção e quem vendia a força de trabalho.
Com a uberização, quem controla ritmo da
produção geralmente é um algoritmo (sem
jornada, sem valores pré-estabelecidos, sem vínculos
trabalhistas).