RELATÓRIO DO GT ESTUDOS EM COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL
E ORGANIZACIONAL - ANALÍTICA DA MIDIATIZAÇÃO: O LEITOR
COMO CO-GESTOR DA PRODUÇÃO JORNALÍSTICA, DE FABRISE
DE OLIVEIRA MÜLLER, STEFANIA TONIN E MARIA IVETE
TREVISAN FOSSÁ.
VithóriaAndresRuviaro
O trabalho intitulado Analítica da Midiatização: o leitor como co-gestor da
produção jornalística foi apresentado por Fabrise Müllerna mesa 1 do V SIPECOM
no dia 16 de outubro na sala 4232 do prédio 74C da UFSM.
Com o objetivo de verificar a presença dos dispositivos analíticos na produção
de um jornal, o estudo exploratório foi analisado qualitativamente. Como
pressupostos iniciais, as autoras propõem que há uma nova forma de fazer a
produção textual e nesse novo jeito de pensar existem dispositivos que estão
conduzindo a forma como os jornalistas nos passam as informações. Para realizar a
análise, utilizaram o jornal impresso “Diário de Santa Maria” no período de 1 a 31 de
maio de 2013 pelo fato de, atualmente, ele ser muito mais pautado pela lógica do
mercado, em que a autonomia do jornal é dada não somente por quem lê, ou seja,
pelo número de assinantes, mas também, pelo número de anunciantes.
Como primeiras considerações as autoras relatam que nessa lógica
mercadológica, isto é, de escrever o que o receptor quer ler, o mesmo assumiu uma
posição de co-gestor da produção. Isto pode ser percebido nas editorias fixas dos
jornais em que o leitor pode participar enviando suas opiniões (Carta do Leitor por
exemplo). Portanto, o que estão inferindo, é que nesse contexto midiatizado o leitor
acaba sugerindo pautas e participando mais ativamente da produção jornalística.
Por outro lado, os grupos de imprensa passam a fabricar a enunciação unitária e
homogênea do discurso, justamente por que todos estão sujeitos a essa lógica de
mercado onde todos querem vender.
Para realização do estudo os dispositivos analíticos analisados foram a
topografia
jornalística,
a
auto-referencialidade,
a
auto-reflexividade
e
as
transformações do estado do leitor. O que fica mais evidente, segundo as autoras, é
a questão da auto-referencialidade, em que o jornal está o tempo todo se retomando
e falando de si mesmo, se apresentando para os leitores. No estudo foi observado
que cada vez mais o veículo fala dele mesmo, explica como suas pautas são feitas,
fala de seus projetos e mostra como os jornalistas trabalham. Essas são formas que
fazem com que o leitor se sinta parte daquele universo, se sinta interagindo com a
redação. Em relação as transformações do estado do leitor é possível perceber em
todas as edições do jornal, que ele é o protagonista das pautas quando participa do
jornal através de enquetes, ou até mesmo nas editorias que cedem espaço para
reclamações. Já na auto-reflexividade o jornal presume quem é seu leitor e passa a
deixar o jornal cada vez mais conhecido por quem o lê. Por fim, nas transformações
na topografia do jornal, o mesmo utiliza estratégias para aproximar o leitor. No
estudo foi constatado que o Diário realiza projetos para que os leitores conheçam as
redações, seus processos produtivos e também, para que possam questionar os
jornalistas.
Como resultados do estudo foi observou-se que através da análise desses
dispositivos é possível notar que eles estão cada vez mais presentes nas redações
jornalísticas. Em função disso, o receptor é trazido para dentro da produção do jornal
como tentativa de aproximação e até mesmo de fidelização. E assim, são gerados
novos contratos de leitura, ou seja, novas formas de se relacionar com o leitor que
são percebidos através dessas estratégias que tem uma motivação comercial. Essa
motivação comercial reflete na própria sobrevivência do veículo.