Débora Larissa Xavier Feitosa
Marcella Rayanny Silva Souza
Maria Carolina Thó de Lima
Thais Eliane Benicio da Silva
Viviane Rodrigues Lacerda
NEURALGIA DO TRIGÊMEO
João Pessoa/PB
2013
2
Débora Larissa Xavier Feitosa
Marcella Rayanny Silva Souza
Maria Carolina Thó de Lima
Thais Eliane Benicio da Silva
Viviane Rodrigues Lacerda
Neuralgia do Trigêmeo
Trabalho apresentado na avaliação da disciplina de
Fisioterapia Bucomaxilofacial, na Faculdade Maurício
de Nassau, sob coordenação do professor Bertran
Gonçalves Coutinho.
João Pessoa/PB
2013
4
AGRADECIMENTOS
Manifestamos nesta página, nossos
agradecimentos ao professor Bertran Gonçalves
Coutinho pela orientação efetiva que nos inspirou
para a realização deste trabalho.
5
“Concedei-nos, Senhor, Serenidade necessária para
aceitar as coisas que não podemos modificar, Coragem
para modificar aquelas que podemos e Sabedoria para
distinguirmos umas das outras”.
(AUTOR DESCONHECIDO)
6
RESUMO
A Neuralgia do Trigêmeo é uma síndrome de dor crônica, caracterizada por paroxismos
de dor intensa, ocorrendo, na maioria das vezes, em áreas de maior sensibilidade da face
como ao redor das narinas, da boca e da mandíbula. A neuralgia do trigêmeo é mais
debilitante forma de neuralgia facial, apresentando dor lancinante de curta duração,
desde alguns segundos até minutos, intercalada por pequenos períodos de alívio. A
causa mais comum da neuralgia do trigêmeo é a compressão focal da raiz do nervo
trigêmeo. O principal tratamento dessa algia é o farmacêutico, mas também pode ser
usada a fisioterapia e a cirurgia em alguns casos.
Palavras-chave: Neuralgia do Trigêmeo, Dor facial.
7
ABSTRACT
The Trigeminal neuralgia is a chronic pain syndrome characterized by paroxysms of
intense pain, occurring most often in areas of greatest sensitivity of the face such as
around the nostrils, mouth and jaw. Trigeminal neuralgia is the most debilitating form
of facial neuralgia, featuring searing pain of short duration, from a few seconds to
minutes, interspersed with short periods of relief. The most common cause of trigeminal
neuralgia is the focal compression of the trigeminal nerve root. The main treatment of
the pain, and pharmaceutical, but may also be used physiotherapy and surgery in some
cases.
Keywords: Trigeminal Neuralgia, Facial Pain.
9
1. INTRODUÇÃO
O trigêmeo é o quinto par dos doze nervos cranianos e é considerado o grande nervo
sensitivo da cabeça e o nervo motor dos músculos da mastigação. As fibras sensitivas
são de grande interesse para esta neuralgia, pois são responsáveis pela sensibilidade
proprioceptiva (pressão profunda e cinestesia) e pela sensibilidade exteroceptiva (tacto,
dor e temperatura) da face e parte do crânio. Enervam também os músculos
responsáveis pela mastigação. (GRAY, 1987)
Segundo ANDRADE (2001), a neuralgia do trigêmeo foi mencionada pela primeira
vez em torno do ano 400 a.C. Aparentemente, Hipócrates e outros que o precederam
não a reconheceram, porém Arataeus e Galeno fizeram as primeiras referências não
comprovadas e imprecisas sobre casos de neuralgia do trigêmeo. Arataeus, no primeiro
século da era cristã, descreveu em seu livro Cephalaea, como condição álgica da face
que sugere tanto enxaqueca como neuralgia do trigêmeo. O primeiro caso comprovado
ocorreu na Inglaterra com o Bispo Button, falecido em 1274, que solicitava a vinda de
peregrinos para aliviar a dor de seu dente. Em 1773, Sir. John Fothergill, fez a primeira
descrição clássica da neuralgia do trigêmeo, caracterizando-a como afecção dolorosa da
face com padrões clínicos definidos. Em 1782, Thouret, considerou a neuralgia do
trigêmeo como consequência de alterações funcionais dos nervos da face. Já Bell em
1821, realizou a identificação anatômica e funcional do nervo trigêmeo, separando-o do
nervo facial e permitindo o desenvolvimento da terapêutica cirúrgica das neuralgias que
vieram a ocorrer a partir da segunda metade do século XIX.
2. ETIOLOGIA E CAUSAS
A patologia tem início na segunda metade da vida e em três quartos dos casos a dor
é percebida pela primeira vez após a idade de 50 anos. O início tardio, após 65 ou 70
anos de idade, é relativamente frequente, sendo seu início excepcionalmente antes dos
20 anos. A mulher é acometida mais que o homem na relação de 3:2. A neuralgia que
apresenta um caráter familiar é difícil de ocorrer, porém quando acontece tende a se
iniciar mais precocemente e a se tornar bilateralmente com maior frequentemente que
nas formas comuns.
A dor da neuralgia do trigêmeo vem do nervo trigêmeo. Esse nervo transmite dor,
sensibilidade e outras sensações do cérebro à pele do rosto. Pode afetar parte ou todo o
rosto e a superfície dos olhos. A doença em geral afeta adultos mais velhos, mas pode
afetar pessoas de todas as idades. A neuralgia do trigêmeo pode ser parte normal do
processo de envelhecimento. (CHAITOW, 2001)
A neuralgia do trigêmeo pode ser causada por:
• Esclerose múltipla
• Pressão no nervo trigêmeo por um vaso sanguíneo inchado ou um tumor
Frequentemente, nenhuma causa específica é encontrada. Os médicos têm maior
probabilidade de encontrar uma causa em pacientes com menos de 40 anos.
10
3. SINTOMAS
A dor neuropática é definida como uma lesão, que ocorre em resposta a um estímulo
não nóxico dos receptores nervosos. Esta dor pode ser episódica ou contínua. É das
mais conhecidas e debilitantes formas de neuralgia facial e pertence ao grupo das
condições álgicas crônicas. É uma dor intensa, paroxística (curta duração, segundos ou
minutos), que aparece e desaparece em diferentes intervalos de tempo. Manifesta-se
como, dor tipo facada, agulha, queimor ou choque elétrico. Normalmente é uma dor que
está limitada ao território de distribuição do nervo trigêmeo, é profunda, podendo ser
superficial quando atinge o lábio superior, supercílios, pálpebras ou regiões próximas ao
frontal. (Gaspar, 2006)
Os episódios de dor normalmente são desencadeados por estímulos sensoriais leves
(não nociceptivos), quando o indivíduo toca ou manipula determinadas áreas da face,
situadas ipsilateralmente à dor, nas chamadas zonas de gatilhos que podem ser na pele,
na mucosa ou mesmo num dente. A dor é provocada por estímulos não dolorosos que
em condições normais são indolores, como: uma leve brisa ao passar pelo rosto, fazer a
barba, lavar o rosto, escovar os dentes ou mastigar. (Teixeira, 2001)
Após o episódio de dor, existe um período refratário em que a estimulação dos
pontos de gatilho é ineficaz, que vai depender apenas do paroxismo doloroso, ou seja,
da intensidade e do tempo que durou a dor. No inicio da nevralgia, a dor é menos
intensa, mas com o passar do tempo os episódios vão aumentando a sua intensidade,
tornando - a dor mais forte e com caráter lancinante. (Barros, 1995)
4. DIAGNÓSTICO
Um diagnóstico preciso e rápido é importante, pois a dor da NT é insuportável. A
história clínica, as características clínicas, os sinais e sintomas, a localização da dor,
fatores de alívio ou agravamento, fazem parte de um exame clínico minucioso. Os
exames complementares como: radiografias, tomografia computadorizada, ressonância
magnética; uma avaliação oftalmológica, otorrinolaringológica e /ou odontológica, e o
resultado do bloqueio dos anestésicos (podem apontar com precisão o nervo envolvido),
devem ser cuidadosamente ponderados no diagnóstico diferencial.
Para avaliar doentes com dor facial atípica, em particular quando são casos de
déficits neurológicos ou evidências de processos expansivos extras ou intra-cranianos,
afecções vasculares, inflamatórias, infecciosas ou doenças desmielinizantes no sistema
nervoso, são recomendados, exames de imagem electrofisiológicos, bioquímicos ou
morfológicos ao sangue e ao líquido cefalorraquidiano (Peterson, 2007)
5. TRATAMENTO
O tratamento da neuralgia do trigêmeo possui uma abordagem muito mais clínica do
que terapêutica-reabilitatória. Em decorrência de a dor ser considerada insuportável pela
maioria dos pacientes e, a partir disso, o mesmo necessitar de controle analgésico
imediato, as estratégias de tratamento estão, em grande parte, vinculadas à
administração de medicamentos de alta dosagem, o tratamento por acompanhamento
médico se solidifica na base assistencial aos pacientes portadores da neuralgia do
trigêmeo. No entanto a fisioterapia, hoje, através de pesquisas científicas, vem
salientando a possibilidade de uma atuação mais perseverante e concreta, no que
concerne ao atendimento direcionado e específico, com fundamentações de estudos
11
sobre as prováveis alterações anatômicas, neurofisiológicas e biomecânicas no crânio
que causem o aparecimento desta síndrome álgica.
Pesquisadores que seguem a filosofia osteopática como Sutherland, que preconiza
pulsação craniana pelo líquido céfalo-raquidiano e o correspondente movimento
intersutural acompanhado por um ritmo respiratório e Upledger, identificando que
durante as incursões respiratórias o crânio sofre uma dilatação em um retorno ao estado
inicial, defendem a ideia de que existe esta micromobilidade entre os ossos que
compõem o crânio e perante o surgimento de alterações por fixações nas suturas
cranianas, existe a grande possibilidade da diminuição da circulação do líquido
cerebroespinhal e, consequentemente, diminuição da mobilidade dos nervos cranianos.
Esta diminuição da mobilidade dos nervos cranianos perpassa sobre fixações e lesões
por compressão no decorrer do trajeto dos feixes axononeuronais, podendo provocar
distúrbios na alteração da sensibilidade tátil, térmica e dolorosa, episódios parésicos, ou
até mesmo paréticos nas ramificações do nervo trigêmeo e na raiz funcional
correspondente. A paresia de músculos mastigatórios com subsequente dor trigeminal
pode ter início em uma lesão na raiz sensitivo motora no nervo trigêmeo.
Em virtude de a lesão ser craniana é necessário o tratamento pela fisioterapia através
de técnicas osteopáticas para liberação das estruturas comprometidas e a partir da
avaliação da mobilidade craniana, velocidade de pulsação do líquido céfaloraquidiano,
grau de fixação das suturas, é que se pode montar o plano de atendimento. Cada
ramificação do nervo trigêmeo apresenta um canal ósseo que permite sua trajetória no
interior do crânio, logo, os limites ósseos que compõem estes canais devem ser
liberados para condicionarem o aumento da mobilidade neuronal periférica e,
consequentemente, melhora da função.
Alguns trabalhos já publicados comprovam alguma eficácia na aplicação de recursos
eletroterápicos como é caso da Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS)
sobre a trajetória dolorosa dos ramos do trigêmeo na face, visando a inibição a nível
central do processo estimulatório nociceptivo, porém a grande maioria dos pacientes ao
menos suportam o estímulo elétrico de baixa intensidade gerado, dificultando a
terapêutica. O tratamento por Acupuntura e Carboxiterapia também pode ser bastante
eficaz, tendo resultado quase que imediato. (COTA, 2012)
12
CONCLUSÃO
A neuralgia do trigêmeo é considerada na atualidade como a doença que provoca os
maiores sintomas álgicos em toda a literatura de síndromes dolorosas já catalogadas. Os
pacientes descrevem a dor como uma sensação insuportável e desesperadora. Nem todos
os pacientes apresentam os mesmos sinais e sintomas de todos os portadores. A partir
disto, é que identificamos as facilidades e as dificuldades encontradas, mas ao mesmo
tempo representa a chance para a aplicação de novos recursos, técnicas alternativas, que
faz com que o fisioterapeuta tenha necessidade do conhecimento mais aprofundado da
patogenia e a realização de uma avaliação bastante coerente a respeito dos sinais
indicativos de alterações neuromecânicas, que sejam a fonte de toda problemática e
traçar uma conduta viável às condições físicas e psicológicas do paciente.
13
REFERÊNCIAS
1. ANDRADE, A.C. Dor: Diagnóstico e Tratamento. São Paulo: Roca, 2001.
2. BARROS. (1995). Tratamento de disfunções craniomandibulares. In: Frizzo, H.
M., et al. (2004). Neuralgia do Trigêmeo: Revisão Bibliográfica Analítica. In:
Revista de Cirurgia e Traumatológica Buco-Maxilo-Facial. v.4, n.4, Out/Dez,
pp-212-217
3. CHAITOW, L. Teoria e prática da manipulação craniana. São Paulo:
Manole, 2001.
4. COTA, C. K. S. L. Nova Fisio, Revista Digital. Rio de Janeiro, Brasil, Ano 15,
nº 88, Set/Out 2012.
5. GASPAR, G. A. T., Baptista, C. E., Pedroso, C. S., Flores, D. L. (2005).
Neuralgia Trigeminal - do diagnóstico ao tratamento. In: Revista Dentística on
line. v.5, n.11, Jan/JuN 2005.
6. GRAY, H. Gray anatomia, 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987.
7. TEIXEIRA, M. J., SIQUEIRA, S. R. D. T. (2006) . Neuralgias do segmento
facial. In: Góes, T. M. P. L., Fernandes, R. S. M. (2008). Neuralgia do
Trigémio:diagnóstico e tratamento. In: Int J Recife.v 7(2), Jan/Mar, pp-104-115
8. PETERSON, L. J. (2007). Cirurgia oral e maxilo facial contemporânea. In:
Borbolato, R. M., Ambiel, C. R. (2009). Neuralgia do Trigémio: Aspectos
Importantes na clínica odontológica. In: Revista Saúde e Pesquisa.v.2, Mai/Ago,
pp-201-208