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Sistemas políticos e qualidade da democracia, Sistema Políticos, Professor Doutor Rui Teixeira Santos

  1. SISTEMAS POLÍTICOS E QUALIDADE DA DEMOCRACIA 2012 Prof. Doutor Rui Teixeira Santos
  2. Objectivos  Avaliar os sistemas eleitorais e as instituições de governo dos Estados Unidos da América, da França, Portugal, do Reino Unido, da Alemanha e da Itália;  Analisar as respetivas particularidades, como funcionam, quais os problemas operacionais que apresentam, como se auto-regulam e reequilibram;  Evidenciar os aspectos mais importantes de cada sistema político;  Comparar as formas de funcionamento, como a finalidade de tentar responder ao seguinte quesito: qual o sistema político que dá maiores garantias de estabilidade política e eficácia decisional?;  Fazer as distinção entre “governance” e governabilidade.
  3. SISTEMAS PRESIDENCIAIS, SISTEMAS SEMIPRESIDENCIAIS, E GOVERNABILIDADE Uma vez assente que a governabilidade é a variável dependente, ou seja, tudo o que possa ser explicado e avaliado, a análise desloca-se para as variáveis independentes, isto é, passa a incidir sobre os ordenamentos institucionais e factores/mecanismos políticos que dão origem, de maneira mais ou menos satisfatória, à combinação específica «estabilidade+eficácia» que desemboca na governabilidade. No que respeita à estabilidade política, podemos sustentar, sem grande dificuldade, que os indicadores são o tempo de duração do exercício de funções das mesmas pessoas/autoridades, especialmente do chefe executivo, e a persistência do mesmo partido ou da mesma coligação que apoia o executivo. Pelo contrário, torna-se evidente que os governantes (autoridades) mudarem, imprevista e inesperadamente, com frequência sem que tais mudanças coincidam com os termos dos períodos decorrentes das eleições, mudando também, simultaneamente, os partidos e as coligações de apoio a novos governantes, então deveremos falar de instabilidade política.
  4. A instabilidade política não indica, por si só, instabilidade do regime, isto é, das regras, dos procedimentos, das instituições e, nos casos em exame, da democracia. Todavia, sabemos, através de bastantes casos históricos (Itália pós 1919; Weimar em 1918-1933; Espanha entre 1931 e 1936; IV República francesa, 1946–1958), que a instabilidade política é, muitas vezes, sinal e sintoma de queda do regime, dado que provoca a deterioração das instituições, dos partidos e, naturalmente, também da comunidade política (sobre a questão, na perspectiva da teoria da escolha racional, veja-se a excelente pesquisa, verdadeiramente comparada, de Alexander, 2002). Quando examinamos a «instabilidade política», num certo sentido, os sistemas presidenciais e, em parte, os sistemas semipresidenciais estão, à partida, em vantagem. De facto, se utilizarmos para esses sistemas o indicador «duração do exercício de funções», o chefe do executivo não poderá, uma vez eleito – salvo em casos excepcionais e, na prática, raríssimos – ser demitido e substituído. É, portanto, constitucionalmente estável, mas também é verdade que a sua eventual instabilidade daria um rude golpe no próprio sistema.
  5. No sistema presidencial ou mesmo semipresidencial, não é a eleição popular directa que garante a estabilidade política ao executivo, mas é a regra constitucional que impede as câmaras de lhe retirarem a confiança e de demitirem o Presidente. Todavia, a estabilidade política, que, embora importante, não é uma condição suficiente da eficácia da decisão, pode, nos sistemas presidenciais e semipresidenciais, acabar por se transformar numa espécie de gaiola dourada para um chefe do executivo que não tenha maioria no Congresso/Parlamento. E quando o Presidente tenta forçar a saída da sua gaiola dourada, arrisca-se a desencadear uma crise institucional. O Presidente, mesmo quando eleito por uma maioria popular, não poderá satisfazer exclusivamente as preferências dos seus eleitores, e um Parlamento/Congresso em que a maioria seja diferente da «presidencial» não poderá agir somente no interesse dos eleitores dessa mesma maioria. Numa situação deste tipo, Presidente e Parlamento/Congresso serão obrigados a encontrar pontos de convergência ou de equilíbrio de preferências e decisões que façam com que o maior número possível de eleitores se torne menos descontente. Portanto, nesta perspectiva, seriam aceitáveis e até preferíveis governos divididos e coabitações, pois o grau de eficácia decisional, possivelmente não muito elevado, conseguiria estar mais de acordo com as conhecidas preferências do eleitorado.
  6. Tem-se a impressão de que também em Portugal se chegou rapidamente a uma aceitação consensual dos limites da coabitação. Assim sendo, o problema principal dos governos divididos e das coabitações parece ser especialmente, como já foi mencionado, o da difícil identificação das responsabilidades pelas decisões tomadas/não tomadas e pelas respectivas consequências.
  7. SISTEMAS PARLAMENTARES E GOVERNABILIDADE •A instabilidade do sistema parlamentar reforça a relação entre o governo e os eleitores.
  8. CASO INGLÊS  Após a queda do últimos governo de Winston Churchill(1955) e o início do governo de Thacher (1979) o país defronta com três governos conservadores instáveis e dois trabalhistas.  Houve problemas na gestão da economia , o que afectou o sistema eleitoral do país.  Finer denuncia que a identificabilidade (reparação) dos potenciais governantes ingleses e a sua accoutability ( responsabilidade) não passa de um mito, pois os governantes mudavam frequentemente e o povo não saiba identificar as suas responsabilidades politicas pessoais.  Contudo ,Finer afirma também que os eleitores ingleses já sabem quem é o primeiro ministro que vai suceder ao antecedente visto que, há um primeiro -ministro -sombra pronto para entrar em acção.  Entretanto, quando os governantes ou candidatos são incapazes, os eleitores a opinião publica e os mass media podem exigir que estes prestem contas da acção governativa, do que foi ou não feito ,e do que está bem ou mal feito.
  9. CASO DA ALEMANHA  Após a coligação (união) entre os partidos democratas-cristãos e sociais- democratas foram criadas sistemas para facilitar a fluidez do sistema politico. Por consequência trouxe consigo mais problemas. No entanto a estabilidade nos governos democratas-cristãos/liberais permitiu a reconstrução do país.  Contudo um chanceler (Controla o poder executivo) pode ser substituído pelo bundestag ( parlamento) com apenas um voto. Um voto de desconfiança construtivo pode leva-lo a demissão.
  10. O SISTEMA PRESIDENCIAL DOS EUA
  11. OS SISTEMAS PRESIDENCIAIS GARANTEM:  Estabilidade politica ao presidente/ chefe do executivo;  Plenos poderes para nomear cada um dos membros da sua equipa de governo. Mas não lhe garantem:  Eficácia decisional.
  12. O GOVERNO DIVIDIDO CONSTITUI:  Um obstaculo à eficacia decisional do presidente e do congresso;  E uma barreira para a atribuição de responsabilidades pala realização de politicas publicas.
  13. A TEORIA DO VETO PALYER CONCLUI QUE:  O bloqueio reflecte as preferências dos eleitores;  Qualquer decisão tomada em situações de governo dividido está mais próxima das preferências dos eleitores, representando um compromisso entre presidente e congresso.
  14. APESAR DE INCONSTITUCIONALMENTE MENOS ELÁSTICO E FLEXÍVEL DO QUE OS SISTEMAS PARLAMENTARES, O SISTEMA PRESIDENCIAL DOS EUA:  Parecia politicamente mais manobrável, graças à relativa falta de disciplina dos parlamentares;  Tanto que, um governo “numericamente” dividido podia, na prática, tornar-se politicamente coeso, em certas matérias e em determinadas votações.
  15. A “REVOLUÇÃO DE REAGAN”  Dicerçava-se em fortes bases sociais e culturais (Fabbrini 1986).
  16. A “REVOLUÇÃO DE REAGAN” CRIOU:  Maior homogeneidade nas fileiras dos representantes eleitos pelos republicanos;  Maior disciplina de voto;  Redefiniu as bases do voto popular nos Estados do Sul;  Deixando de haver mais representantes conservadores do partido democrático com possibilidade de se renderem aos presidentes republicanos.
  17. APESAR DE HAVER GOVERNO DIVIDIDO NO SISTEMA PRESIDENCIAL DOS EUA, NOS ULTIMOS 10 ANOS SÃO MAIORES:  As possibilidades de criação de bloqueios decisionais;  E de elevação do nível dos conflitos politico-institucionais.
  18. NOS CONFLITOS ENTRE O PRESIDENTE E O CONGRESSO, PREVALECEM AS DIFERENÇAS SOBRE POLITICAS PÚBLICAS E NÃO PELO CONTRARIO, SOBRE AS INTERPRETAÇÕES DE:  Papel;  Poder:  Legitimidade.
  19. ATRAVÉS DESTA SITUAÇÃO O ELEITORADO TAMBÉM PODERIA EXTRAIR BENEFÍCIOS QUANTO A:  Informações;  Conhecimentos;  Influencia.
  20. NO ENTANTO, QUER O BLOQUEIO INSTITUCIONAL, QUER O COMPROMISSO DECISIONAL (INEVITAVELMENTE CONFUSO), CONTÊM ELEMENTOS NEGATIVOS, QUE NÃO FAVORECEM A TAREFA DE ELEITORADO NA AVALIAÇÃO DOS GOVERNANTES E REPRESENTANTES.
  21. SÃO SOBRETUDO A IDENTIFICABILIDADE E A ACCOUNTABILITY QUE FICAM AFECTADAS NO GOVERNO DIVIDIDO.
  22. SE BEM QUE, OS MODELOS DE ELEIÇÃO DO PRESIDENTE EVIDENCIAM, O MAIS POSSÍVEL, A SUA IDENTIFICABILIDADE (DA MESMA FORMA, MAS OBVIAMENTE E MUITO MAIS, DO QUE O USADO PARA CADA UM DOS SENADORES E REPRESENTANTES).
  23. TUDO ISTO NÃO SE TRADUZ EM ACCOUNTABILITY, NEM QUANDO O PRESIDENTE É EFECTIVAMENTE CHEFE DE UMA MAIORIA NO CONGRESSO E A MAIORIA MANTÉM UMA GRANDE MODERAÇÃO OPERACIONAL, MUITO MENOS QUANDO O GOVERNO É DIVIDIDO.
  24. FIORINA (1977)  Deplorava a ausencia ou não vontade de assunção da “responsabilidade colectiva” por parte dos congressistas.
  25. PARADOXO - QUANTO ÀS CONHECIDAS TEORIZAÇÕES SEGUNDO AS QUAIS PODERIA EXISTIR UM TRADE OFF, UMA TROCA, ENTRE A FORMAÇÃO DE UM GOVERNO ESTÁVEL E A REDUÇÃO DA REPRESENTAÇÃO POLITICA.
  26. REDUÇÃO DA REPRESENTAÇÃO POLITICA – É O QUE, POR UM LADO SE IMPUTA AO GOVERNO INGLÊS E, POR OUTRO, SE RECONHECE APRIORISTICAMENTE AOS GOVERNOS MULTIPARTIDÁRIOS, COM ORIGEM EM SISTEMAS ELEITORAIS PROPORCIONAIS.
  27. O SISTEMA PRESIDENCIAL DOS EUA OFERECE:  Um governo estável mas frequentemente pouco eficaz, do ponto de vista decisional;  E uma ampla representação/representatividade que se constata ser um obstáculo precisamente à tomada de decisões e à concretização das promessas programáticas do presidente em matéria de políticas publicas.
  28. DAI RESULTA QUE:  Todas as autoridades protagonistas poderão rejeitar qualquer responsabilidade politica e institucional  Os maiores inconvenientes operacionais do sistema presidencial dos EUA sejam precisamente:  A combinação entre a dispersão da identificabilidade dos governantes;  E a consequente e inevitável dificuldade para o leitorado de fazer valer a accountability
  29. AVALIAÇÃO GLOBAL  Temos que elucidar a distinção dicotómica entre:  Visão maioritária  Visão proporcionalista
  30. VISÃO MAIORITÁRIA  São os cidadãos que escolhem por entre os partidos existentes, em que os vencedores formam Governos conforme as suas políticas
  31. VISÃO PROPORCIONALISTA  São os eleitores que seleccionam os seus representantes, e na fase posterior às eleições, criam políticas a fim de defender os interesses dos eleitores.
  32. RELAÇÕES ENTRE AS PREFERÊNCIAS DOS ELEITORES E AS POLITICAS PÚBLICAS Fonte: Pasquino (2007, p.217)
  33. VETO PLAYERS  Para melhor explicar estas distinções temos a aplicação flexível da teoria dos veto players.  São veto players nos EUA, Presidente, Senado e Câmara dos Representantes, sendo estes institucionais significativos.
  34. VETO PLAYERS  Um primeiro ministro, sendo possuidor de maioria parlamentar não encontra obstáculo na realização das suas politicas, e assim não há veto player.  Já o semi presidencialismo francês tem dois veto players, o Presidente e o primeiro ministro, mas caso o Presidente tenha maioria no parlamento, não existe nenhum veto player.
  35. SISTEMAS POLÍTICOS, VETO PLAYERS, GOVERNABILIDADE Fonte: Pasquino (2007, p.218)
  36. Na Alemanha o Bundesrat é um veto player, na Itália, são vários os veto players.
  37. É um facto que não existe apenas um indicador de qualidade de democracia, em que o que mais conta são os juízos dos cidadãos, e a partir disso na seguinte figura avalia-se o grau de satisfação dos cidadãos, relativamente aos seis sistemas políticos analisados.
  38. Fonte: Pasquino (2007, p.219)
  39. Sendo assim, na França, Alemanha e na Grã- Bretanha o grau de satisfação com o desempenho do regime democrático cresceu nos últimos 25 anos, em Itália, apesar de apresentar um aumento no nível de satisfação, mantém-se em valores baixos.  No caso de Portugal, há um elevado grau de insatisfação, avaliação feita pelo Eurobarómetro.
  40. Conclusões A distinção entre democracia maioritária e democracia proporcional carece de poder explicativo; A distinção entre sistemas presidenciais, sistemas semipresidenciais e parlamentares dão-nos a entender as diferenças que existem entre si, nomeadamente, os efeitos que derivam dos diversos sistemas eleitorais utilizados , à existências e ao de números de “veto player”;
  41. CONCLUSÕES  A análise da distinção entre sistemas bipartidários e sistemas multipartidários é relevante, mas deve se ter em atenção as características ligadas aos sistemas multipartidários , no que se refere as modalidades de competição/agregação dos partidos;  A distinção mais importante tem a ver com a de oportunidade que os sistemas políticos dispensam aos eleitores, em termos de identificabilidade da aposta política em jogo, e da avaliação das responsabilidade, em particular dos governantes, mas em particular de todos os actores políticos relevantes;
  42. CONCLUSÕES  Para termos uma noção maior do grau de identificabilidade, é preciso que se faça uma profunda análise sistémica, ou seja, nas relações que se estabelecem entre as instituições, nas relações entre autoridade e comunidade política definida, regulamentadas e filtradas pelas normas, pelos procedimentos e pelas instituições do regime;  As diferenças entre os sistemas políticos democráticos, reside nas modalidades de formação, de funcionamento, de dissolução dos governos e na qualidade das suas democracias;  E por fim, é preciso realçar que a análise parcial, ou seja, de um único sistema, de poucas instituições e de sistemas desligados de uma visão sistémica global, podem nos induzir a conclusões enganadoras;
  43. BIBLIOGRAFIA Pasquino, G. Sistemas Políticos Comparados, 2005. Principia.
  44. FIM
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