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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACUDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
QUALIDADE DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA
ALDEIA MERURI - MT
ROSÂNGELA MARIA GUARIENTI
IRINEU FRANCISCO NEVES
Cuiabá – Mato Grosso
Dezembro de 2008
A
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACUDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
QUALIDADE DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA
ALDEIA MERURI-MT
ROSÂNGELA MARIA GUARIENTI
Monografia submetida à Faculdade de
Arquitetura, Engenharia e Tecnologia da
Universidade Federal de Mato Grosso, como
parte dos requisitos para obtenção do Grau de
Bacharel em Engenharia Sanitária –
Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. Irineu Francisco Neves
Cuiabá – Mato Grosso
Dezembro de 2008
B
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental
FOLHA DE APROVAÇÃO
Título: QUALIDADE DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA ALDEIA MERURI-
MT
Autora: ROSÂNGELA MARIA GUARIENTI
Monografia defendida e aprovada em ________ de ______________de 2008, pela
banca examinadora:
Prof. Dr. Irineu Francisco Neves
FAET/DESA
(Orientador)
Prof. Dr. Luiz Airton
FAET/DESA
MSc. Neli Assunção Silva
FAET/DESA
C
DEDICATÓRIA
A Deus por ter me proporcionado todas as graças em minha vida.
Aos meus pais, Osmar e Maria, que fizeram de mim a pessoa que sou hoje.
Ao meu companheiro, Thiago, que sempre está ao meu lado.
iv
AGRADECIMENTOS
• Aos meus pais que abriram portas, pra que onde eu citasse seus nomes
fosse bem recebida e por dedicarem sua vida em fazer meu futuro e de
meu irmão.
• Ao meu irmão pelo incentivo nos estudos, servindo de exemplo de
esforço, dedicação e empenho.
• Ao meu amado Thiago, por ser o responsável pelo meu ingresso na
faculdade e apoio durante todo o curso sendo conselheiro e amigo. Muito
obrigado por tudo que tem feito.
• A tia Beth e tio Mario por sempre terem acompanhado meus estudos e
indicarem o curso de Engenharia Sanitária - Ambiental, com o qual tanto
identifiquei.
• A comunidade indígena de Meruri que estiveram sempre prontos e
colaboraram com a pesquisa. Pelo fornecimento dos dados e abrindo seus
lares para contribuir no andamento da pesquisa.
• A família Salesiana, a qual tenho muito respeito e admiração por seu
trabalho, em especial a Irmã Aurizena, que apoiou a pesquisa.
• A Vanusa Ormonde, a quem muito admiro, que doou seu tempo
partilhando seu conhecimento laboratorial.
• Ao Prof. Dr. Irineu Francisco Neves, pela paciência e ensinamentos
durante a orientação desta monografia.
• E por fim, a todos os outros professores e alunos do DESA-UFMT
(Departamento de Engenharia Sanitária - Ambiental da Universidade
Federal do Mato Grosso) que, direta ou indiretamente, ajudaram em
meus estudos.
v
SUMÁRIO
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Resíduo sólido acumulado no quintal.............................................................17
Figura 2 - Taxa de internações por Doença Diarréica Aguda em menores de 5 anos de
idade - Município General Carneiro - 2000 a 2007.........................................................18
Figura 3 - Água armazenada para consumo....................................................................20
Figura 4 - Esgoto e resíduos sólidos próximo a moradia................................................21
Figura 5 - Área Indígena da Aldeia Meruri no Estado....................................................22
Figura 6 - Pirâmide de Faixa Etária da Aldeia de Meruri – 2008...................................24
Figura 7 - Rio Barreiro em período de estiagem.............................................................26
Figura 8 - Cabeceira - local de captação de água............................................................27
Figura 9 - reservatório subterrâneo..................................................................................28
Figura 10 - Reservatório de distribuição de água da Cabeceira para a aldeia.................28
Figura 11 - Água da Cabeceira utilizada para balneabilidade e demais usos..................29
Figura 12 - Reservatório de distribuição da FUNASA....................................................29
Figura 13 - Reservatório rompido da FUNASA em abril de 2008..................................30
Figura 14 - Reservatório domiciliar.................................................................................30
Figura 15 - Clorador inativo da rede de distribuição da FUNASA.................................31
Figura 16 - Poço artesiano do Projeto AMA...................................................................32
Figura 17 - Marcas de pneu próximas a tubulação comprometida..................................33
Figura 18 - Precariedade do esgotamento sanitário.........................................................34
Figura 19 - Rato morto em frente a uma residência........................................................34
Figura 20 - Residência com apenas uma torneira............................................................35
Figura 21 - Morbidades da Aldeia Meruri na Ano de 2005............................................44
Figura 22 - Morbidades da Aldeia Meruri na Ano de 2006............................................45
Figura 23 - Morbidades da Aldeia Meruri na Ano de 2007............................................46
Figura 24 - Morbidades da Aldeia Meruri na Ano de 2008 dos Meses de Janeiro à Abril
.........................................................................................................................................48
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano.......10
Tabela 2 - Doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado (DRSAI).........14
Tabela 3 - Contaminação de água por organismos patogênicos provenientes de fezes via
esgoto sanitário (Geldreicj, 1996)...................................................................................15
Tabela 4 - Doenças causadas por microrganismos parasitológicas presentes na água....16
Tabela 5 – Resultados das análises microbiológicas do Rio Barreiro em 2008..............40
Tabela 6 – Resultados das análises microbiológicas da Casa Abastecida pela Rede
Distribuidora da Missão Salesiana em 2008....................................................................40
Tabela 7 – Resultados de análise microbiológica do Rio Cabeceira nos meses de
Fevereiro a Novembro de 2008.......................................................................................41
Tabela 8 – Resultados das análise microbiológica do poço artesiano da rede de
distribuição do Projeto AMA em 2008............................................................................41
Tabela 9 – Resultados das análise microbiológica da casa abastecida pela rede da
FUNASA em 2008..........................................................................................................42
A Tabela 10 apresenta os resultados das análise microbiológica do Bebedouro Escolar
em 2008...........................................................................................................................42
Tabela 11 – Resultados das análise microbiológica do bebedouro escolar em 2008 .....43
Tabela 12 – Valores de Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença)
Ocorrida na Aldeia de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2005. Fonte: FUNASA. 44
Tabela 13 - Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença) Ocorrida na Aldeia
de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2006, Fonte: FUNASA.................................45
Tabela 14 - Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença) Ocorrida na Aldeia
de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2007..............................................................46
Tabela 15 - Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença) Ocorrida na Aldeia
de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2008 dos Meses de Janeiro à Abril...............47
viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
AISAN Agente Indígena de Saneamento
AMA Assistência Missionária Ambulante
ANA Agencia Nacional das Águas
CID Classificação Internacional de Doenças
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
DII Doenças infecciosas intestinais
DIP Doenças infecto-parasitárias
DRSAI Doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado
DSEI Distritos Sanitários Especiais Indígenas
FUNAI Fundação Nacional do índio
FUNASA Fundação Nacional de Saúde
MSMT Missão Salesiana de Mato Grosso
MT Mato Grosso
NPM Número mais provável
OMS Organização Mundial de Saúde
PCH Pequena Central Hidroelétrica
SEMA Secretaria Estadual de Meio Ambiente
SES Secretaria Estadual de Saúde
SNIS Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento
SUS Sistema único de Saúde
ix
RESUMO
GUARIENTI, R.M. Qualidade do Abastecimento de Água da Aldeia Meruri-MT.
2008. 64p. Monografia para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia Sanitária -
Ambiental, Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Universidade Federal
de Mato Grosso, Cuiabá, MT, 2008.
Este trabalho sobre a qualidade do fornecimento de água foi desenvolvido na aldeia de
Meruri, localizada na região sul do Estado de Mato Grosso, Brasil. A tribo estabeleceu
moradia fixa na atual localização Meruri desde 1923, devido a maior disponibilidade de
água. Com o tempo de existência da colônia surgiram necessidades secundárias que não
faziam parte do cotidiano dos ancestrais como o cozimento rotineiro de alimentos, o uso
de roupas, louças, banheiros, chuveiro, torneiras, enfim novos costumes foram
agregados a cultura, tornando-se necessário a implantação de um sistema de
abastecimento de água para atender a demanda. Um sistema de abastecimento de água
deve se adequar à população e não o inverso, o sistema deve fornecer: conforto,
quantidade e qualidade, sendo estes três quesitos parcialmente atendidos na aldeia. O
conforto é ameaçado na maioria das residências pela tubulação quebrada ou inexistente,
a aldeia lida com falta de água, o abastecimento não é continuo e a qualidade da água
não esta enquadrada nos padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria 518. É
necessário implantar na aldeia um novo sistema de abastecimento onde atenda com
folga e freqüência toda a população; promover instalação e manutenção das tubulações
e peças hidráulicas das residências e adotar uma forma de tratamento de água que
consiga aceitação de toda a população.
Palavras-chave: abastecimento, contaminação, saneamento, indígena.
x
ABSTRACT
GUARIENTI, R.M. Quality of Water Supply's Village Meruri-MT. 2008. 65p.
Cuiabá, MT: 2008. MonograpH to obtain the Degree of Bachelor in Sanitary
Engineering. Federal University of Mato Grosso
This work of research on the quality of water supply was developed in the village of
Meruri, located in the southern state of Mato Grosso, Brazil. The tribe established
housing flat in Meruri current location since 1923 due to increased availability of water.
Over time the existence of the colony were secondary needs that were not part of daily
life in ancient as the routine of cooking food, the use of clothes, tableware, restrooms,
showers, taps, new customs were finally added to culture, making it necessary The
deployment of a system of water supply to meet demand. A water system must fit the
population and not the reverse, the system must provide: comfort, quality and quantity,
with these three questions partially met in the village. Comfort is endangered in most
homes by pipe broken or nonexistent, the village deals with lack of water, the supply is
not continuous and water quality is not framed in patterns of drinking established by
Executive Order 518. It is necessary to deploy a new system in the village where supply
meets slack and often with the entire population, promoting installation and
maintenance of hydraulic pipes and pieces of homes, adopting a water treatment plant
that can take up the entire population.
Keywords: supply, contamination, sanitation, indigenous.
xi
1. INTRODUÇÃO
A disponibilidade de água é um pré-requisito para a instalação permanente de uma
comunidade. Desde 1902 a tribo indígena da etnia Bororo de Mato Grosso abandonou o
costume nômade, se adaptando a um local conveniente para o consumo de água, caça,
plantio e instalação segura para construção de moradias fixas. Os índios Bororos da
aldeia Meruri se instalaram primeiramente na área denominada Tachos, onde
permaneceram por 21 anos. Com o aumento da população, a água do local se tornou
insuficiente para a tribo, forçando a busca de uma nova área para aldeia. A área
escolhida é próxima a margem direita do rio Barreiro, local onde a tribo está desde
1923, utilizando a água para consumo humano, fins domésticos, balneabilidade, pesca,
dessedentação de animais e para geração de energia.
A construção da aldeia possui uma estrutura planejada, onde a disposição das casas
é pré-estabelecida e ocupada de maneira ordenada pelos Clãs do local (grupo de
pessoas unidas por parentesco e com funções na sociedade pré-estabelecidas). No caso
da aldeia Meruri, as casas formam um grande retângulo o qual circunda uma “casa
central” chamada de “Bororo”, utilizada para reuniões e cerimônias de tradição dessa
etnia. Devido aos laços culturais e a infra-estrutura da aldeia, um índio de Meruri
raramente se muda do local. Com isso, a população vem crescendo e necessitando de
ajustes nas instalações como na rede de abastecimento de água.
A preocupação sanitária com a cultura indígena se dá por existir um consumo
elevado de água por contato físico, como recreação, higiene pessoal, na preparação das
refeições e ingestão da mesma. Geralmente a população consome a água sem nenhum
tipo de tratamento de desinfecção, diretamente da fonte nos corpos d’água ou da água
canalizada proveniente de poços artesianos e reservatórios. O uso de clorador foi
1
iniciado no ano de 2008, no entanto houve rejeição por parte da população que não se
adaptou ao gosto deixado pelo cloro.
Por longos anos não se teve uma preocupação diante do fato visto que a água
consumida era retirada de uma nascente, sendo que a comunidade acreditava que águas
de nascentes eram necessariamente potáveis. Com o passar dos tempos esta fonte se
tornou temporária, obrigando a população a diminuir a demanda e utilizar a água do rio
quando necessário ou buscar novas fontes, como poços artesianos e canalizar água de
fontes abundantes.
A aldeia não possui coleta, nem destinação adequada para os resíduos sólidos,
também é desprovida de drenagem de águas pluviais e boa parte das residências estão
com a estrutura sanitária comprometida ou interditada. A precariedade da infra-
estrutura associada com o abastecimento de água sem tratamento se torna um problema
se saúde pública para a população.
2
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Diagnosticar a qualidade da água consumida na aldeia, confrontando com os
costumes sócio-culturais da população e falta de infra-estrutura sanitária.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Para alcançar o objetivo do trabalho foram realizadas as seguintes etapas:
• Análises a qualidade das águas de abastecimento nas residências e pontos de
captação.
• As formas de consumo de água dos moradores da aldeia, quanto a pontos de
captação e ao tratamento;
• Através das entidades competente um diagnostico das doenças relacionadas à
contaminação hídrica notificados na aldeia;
• Levantamento das condições de disposição dos resíduos sólidos e esgoto doméstico
e os problemas com a tubulação nas residências.
3
3. JUSTIFICATIVA
Este trabalho possui a pretensão de demonstrar a grandiosidade do problema da
poluição na água de abastecimento para comunidades indígenas. E preocupa-se
principalmente em ressaltar que o sistema de abastecimento de água deve se adaptar aos
costumes da comunidade, não a comunidade se adaptar ao sistema.
De fato, sabe-se que o problema de poluição das águas existe nas zonas urbanas,
visto que grande parte da população consome água in natura proveniente da
distribuição. Esta água apresenta baixa qualidade graças a precariedade da rede
distribuidora. Porém, na cidade, existe a possibilidade de se obter uma água mineral ou
uma água bem tratada. Nas aldeias como a de Meruri, que se encontra a 40 km da
cidade mais próxima, o desafio é maior. O obstáculo cultural também é um forte
oponente aos moradores, pois há dez anos preocupavam-se apenas com a quantidade de
água e pouco com a qualidade.
A aldeia possui uma peculiaridade socioeconômica que a difere das demais do
estado, pois goza de infra-estrutura semelhante a áreas urbanas, podendo ser
considerada uma vila. Seus moradores usufruem de acesso a tecnologias como antena
parabólica, computadores, eletrodomésticos, eletricidade, telefone, casas de alvenaria e
água encanada.
Com isso, vê-se uma discrepância diante dos costumes sanitários referentes ao
consumo de água . São isoladas as residências que utilizam alguma forma de tratamento
para a água consumida, o que revela uma possível dificuldade de adaptação a
implantação de tratamentos feitos em casa, por gerar custos ou mesmo por se tratar de
um hábito a mais na rotina.
Partindo do princípio que a população indígena em questão está aberta a hábitos
urbanos, podemos concluir que pode ser feito mais uma inclusão em seus costumes, o
tratamento de água para consumo, desde que seja um tratamento onde não lhes tragam
custos, nem novas atividades no lar, nem alteração significativa no sabor da água.
4
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1. SAÚDE PÚBLICA
4.1.1. Qualidade da Água para Consumo Humano
O termo qualidade para a água quer representar se esta atende o nível de exigência e
necessidade do consumidor. Quando se pensa em qualidade da água para consumo
humano é necessário conhecer, estabelecer, estudar, controlar o conjunto de
características que promovem uma água adequada para este consumo. Para padronizar
estas necessidades foram sugeridos enquadramentos em portarias como a Portaria 518
do Ministério da Saúde intitulada de “Norma de Qualidade da Água para Consumo
Humano” e em resoluções como a 357 do CONAMA que enquadra ás águas de acordo
com sua qualidade para seus devidos usos.
A água é um excelente solvente, porém esta qualidade a torna refém de si mesma.
Em águas naturais são encontradas inúmeras impurezas dissolvidas, partes destas
impurezas são inofensivas ao ser humano e outras extremamente perigosas como vírus,
bactérias, parasitos, substancias tóxicas e até mesmo elementos radioativos.
A preocupação com doenças de veiculação hídrica citada por RITCHER (1995, p.3)
relata que segundo a OMS - Organização Mundial de Saúde, cerca de 80% de todas as
doenças que se alastram nos países em desenvolvimento como o Brasil são
provenientes de água de má qualidade.
4.1.2. Vulnerabilidade do Manancial
A qualidade da água de um manancial vária com o tempo por isso ainda que em
uma determinada análise esta água tenha apresentado índices aceitáveis de qualidade, o
corpo d’água não esta livre de contaminação em outras épocas do ano. Uma chuva, uma
fonte de contaminação pontual muda o quadro do manancial em horas. Por isso a água
coletada para consumo humano deve ser controlada e tratada antes de distribuí-la aos
usuários.
A água e sua qualidade esta diretamente relacionada com a saúde dos
consumidores, segundo TSUTIYA (2006) a água é o principal vetor de transmissão de
5
doenças infecciosas. Atualmente em todas as sociedades houve redução de taxa de
mortalidade por este tipo de doença, uma das principais causas dessa melhoria na saúde
foi o saneamento ambiental. Além da saúde, proporcionar um abastecimento de água
adequado leva a população oportunidades de higiene, conforto e bem estar.
BATALHA (1977, p.28) recomenda algumas medidas para preservar a qualidade da
água em sistemas públicos de distribuição:
• Manutenção de concentração de cloro residual, para garantir a qualidade
bacteriológica da água.
• Manutenção de pressão mínima, de forma permanente, no sistema de
canalizações.
• Manutenção de certos valores para pH, concentração de CO², etc., para, prevenir
corrosão e evitar concentrações de ferro na água.
Ao chegar até o consumidor a água deve ser límpida, incolor, insípida, inodora, sem
organismos patogênicos, sem substâncias químicas prejudiciais; não deverá provocar
corrosão nem encrostamento nas tubulações e ainda ser protegida por processos que
garantam manter a qualidade do produto final como o cloro residual.
4.2. CONDIÇÕES AMBIENTAIS
4.2.1. pH
Nos sistemas de distribuição pública de água o pH geralmente encontra-se entre 6,5
e 9,5. O pH baixo tende a ser corrosivo e o pH alto tende a produzir incrustações na
tubulação. A corrosão se torna preocupante, pois pode poluir a água com ferro, cobre,
chumbo, zinco e cádmio, que são componentes da tubulação.
4.2.2. Sabor e Odor
São um dos parâmetros mais significativos referentes a aceitação dos consumidores
a água. Estas características são comumente trabalhadas juntas, pois a sensação de
sabor origina-se do odor.
6
“Alguns sais minerais, entre eles compostos de ferro e
manganês, sulfato e Cloreto de sódio causam sabor. Odores e
sabores poderem ser causados por: a) Gases em dissolução
como o sulfeto de hidrogênio, b) matéria orgânica proveniente
de algas tanto vivas como em decomposição, c) matéria
orgânica em decomposição, d) resíduos industriais, e) o cloro,
como residual ou em combinação (tricloroamina, clorofenóis
etc.)”. (RICHTER e NETTO, 1995 p.287).
4.2.3. Temperatura
A temperatura da água influencia na aceleração das reações químicas, reduz a
solubilidade dos gases e acentua a sensação de sabor e odor.
4.2.4. Características Biológicas da Água
Os agentes microbiológicos que estão presentes na hidrologia são de origem vegetal
constituído por algas (verdes, azuis, diatomáceas) e bactérias (saprófitas e patogênicas)
e de origem animal representado por protozoários e vermes. Os microorganismos
presentes na água podem ser patogênicos e produzir sabor e dor desagradável.
4.2.4.1. Contagem do Número Total de Bactérias
Por meio de técnicas obtém-se o numero de total de bactérias por centímetros
cúbicos ou milímetro da amostra de água.
Um número elevado de bactérias não acusa necessariamente que a água esteja
poluída, pois uma variação brusca nos resultados dos exames pode indicar
contaminação da amostra estudada.
No geral águas poucos poluídas apresentam números baixos de bactérias.
4.2.4.2. Coliformes
7
Os coliformes são um importante indicativo de poluição, pois são bactérias que
normalmente habitam o intestino dos animais de sangue quente (humano, gado, ovelha
e porco), sua presença em águas pode ser atribuída a contaminação da água por esgoto
doméstico ou falta de proteção contra animais no sistema de captação e distribuição de
água. A existência de seres patogênicos na água depende necessariamente de sua
introdução no meio a partir de seus portadores, essa transmissão geralmente é através
de fezes humanas ou de animais.
O coliforme é um parâmetro indicador de contaminação fecal e essa contaminação
pode indicar a presença de organismos patogênicos e outros componentes prejudiciais
provindos de esgotos domésticos. Em média cada ser humano elimina diariamente 200
bilhões de bactérias coliformes. Este grupo é representado em números mais provável
(NPM), que seria a quantidade mais provável de coliformes existentes em 100 mL da
amostra.
Dentre os Coliformes existe um grupo de maior importância para indicador de
poluição que é a Escherichia coli (E. Coli) : bactéria pertencente à família
Enterobacteriaceae. É a única espécie do grupo dos coliformes termotolerantes cujo
habitat exclusivo é o intestino humano e de animais homeotérmicos.
4.3. LEGISLAÇÃO
4.3.1. Órgãos Responsáveis pela Manutenção da Qualidade da Água
No Brasil existem várias Instituições Governamentais que padronizam, sugerem,
promovem ações, fiscalizam assuntos referentes à água e sua proteção para o controle
de qualidade, tais como:
ANA - Agencia Nacional das águas
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária
SEMA – Secretaria Estadual de Meio Ambiente
SES – Secretaria Estadual de Saúde
Estas são algumas Instituições que estabelecem normas através de Leis, Resoluções
e Portarias como manter um abastecimento de água adequado a população e proteger
8
esta água em seu ambiente para que a mesma seja utilizada de maneira sustentável e
com menos gasto possível em seu tratamento.
4.3.2. Resolução nº 357 de 17 de Março de 2005
Dentre as resoluções, a CONAMA 357 possui grande destaque ela classifica os
corpos de água, trás diretrizes ambientais para o seu enquadramento, estabelecendo as
condições e padrões de lançamento de efluentes. A resolução descreve que para
recreação de contato primário, (contato direto e prolongado com a água), como a
praticada na aldeia no Rio Barreiro e na Cabeceira. A água deve estar enquadrada em
Classe especial, Classe I ou Classe II e para balneabilidade elas serão avaliadas pela
Resolução 274/2000.
4.3.3. Resolução nº 274 de 29 de Novembro de 2000
A Resolução 274/2000 rege que para águas doces destinadas a balneabilidade
(recreação de contato primário) terão sua condição avaliada nas categorias própria e
imprópria. Então para que as águas do rio Barreiro e Cabeceira sejam consideradas
próprias nos resultados das análises microbiológicas não poderão atingir:
• Valor obtido na última amostragem superior a 2500 coliformes fecais
(termotolerantes) ou 2000 Escherichia coli por 100 mililitros;
• Incidência elevada ou anormal, na Região, de enfermidades transmissíveis por
via hídrica, indicada pelas autoridades sanitárias.
4.3.4. Portaria nº 518 de 25 de Março de 2004
Esta portaria tem a função de Estabelecer procedimentos e responsabilidades
relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu
padrão de potabilidade.
A Portaria 518 que define água potável como água para consumo humano em que
os parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de
potabilidade e não ofereçam riscos à saúde.
9
E quanto ao Sistema de abastecimento de água para consumo humano a portaria diz
que a instalação, destinada à produção e à distribuição canalizada de água potável para
populações, é responsabilidade do poder público, mesmo que administrada em regime
de concessão ou permissão. Como no caso da aldeia onde duas das redes de distribuição
foram construídas e são ministradas pela Missão Salesiana.
A portaria traz parâmetros em que a água deve estar enquadrada para que seja
considerada potável. Em amostras individuais procedentes de poços, fontes, nascentes e
outras formas de abastecimento sem distribuição canalizada, como as águas do rio
Barreiro e da Cabeceira, toleram-se a presença de coliformes totais, na ausência de
Escherichia coli. Porém, nesta situação deve ser investigados a origem da ocorrência
destes organismos e tomar providências imediatas de caráter corretivo, preventivo e
realizar nova análise de coliformes.
Para a água canalizada o padrão desejado é a ausência de microorganismos
indicadores de poluição. Para a água ser potável deve estar em conformidade com o
padrão microbiológico descrito na Tabela 1.
Tabela 1 - Padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano
Parâmetro VMP¹
Água para consumo humano²
Escherichia coli ou
coliformes termotolerantes³
Ausência em 100mL
Água na saída do tratamento
Coliformes totais Ausência em 100mL
Água tratada no sistema de distribuição (reservatórios e rede)
Escherichia coli ou
coliformes termotolerantes³
Ausência em 100mL
Coliformes totais Sistemas que analisam 40 ou mais amostras por mês:
Ausência em 100mL em 95% das amostras
examinadas no mês.
Sistemas que analisam menos de 40 amostras por
mês:
Apenas uma amostra poderá apresentar mensalmente
resultado positivo em 100mL.
10
Notas: (1) valor máximo permitido.
(2) água para consumo humano em toda e qualquer situação, incluindo fontes
individuais como poços, minas, nascentes, dentre outras.
(3) a detecção de Escherichia coli deve ser preferencialmente adotada.
FONTE: BRASIL, (2004)
Para a água canalizada a Portaria 518 recomenda que o pH da água seja mantido
na faixa de 6,0 a 9,5.
4.4. TRATAMENTOS SIMPLES
4.4.1. Desinfecção por Cloração
A desinfecção na água destrói parte ou todos os microorganismos patogênicos
contidos nela. A desinfecção através do cloro se faz necessária, pois não há garantias de
remoção total dos microorganismos através dos tratamentos físico-químicos. O cloro é
um dos desinfetantes mais utilizado e por ser facilmente encontrado (gás, líquido ou
sólido), economicamente viável, de fácil aplicação, deixa um residual em solução
(protegendo o sistema de distribuição) e elimina a maioria dos microorganismos
patogênicos.
O Cloro também tem suas desvantagens por ser um gás venenoso e corrosivo, é
necessário precauções ao manuseá-lo e pode causar gosto e odor na água. O gosto e
odor deixado na água são uma das dificuldades enfrentadas na aldeia, pois quando a
água é clorada parte da população rejeita a água fornecida e bebe água de fontes sem o
tratamento.
“O Cloro devido seu poder oxidante pode ser utilizado no
controle de sabor e odor, remoção de sulfeto de hidrogênio,
ferro e manganês, remoção de cor etc.” (RICHTER e NETTO.
1995 P. 287)
O cloro pode ser dosado através de cloradores que são aparelhos responsáveis por
inserir cloro na água possibilitando uma dosagem regulada e uma freqüência de
cloração ao longo da vazão distribuída. Estes aparelhos podem ser de aplicação direta
sob pressão e de solução a vácuo. O clorador a vácuo é seguro, preciso e mais barato
11
por isso é mais utilizado, nele o cloro é previamente dissolvido em uma corrente
auxiliar de água através de um injetor.
4.4.2. Filtração
Filtração é o processo que remove as impurezas presentes na água bruta (filtração
lenta); na água coagulada ou floculada (filtração rápida direta); ou na água decantada
(filtração rápida) pela passagem destas em um meio granular poroso, geralmente
constituído em camadas de pedregulho, areia e antracito (comum nos filtros rápidos).
A filtração direta tem sua denominação relacionada com a inexistência de unidade
prévia de remoção de impurezas (Pré-Filtração).
Estudos têm demonstrado que a filtração lenta apresenta alta eficiência na redução
da Turbidez, Cor e Coliformes Totais, Demanda Química de Oxigênio, Carbono
Orgânico Total, Substâncias Húmicas, Detergentes, Fenóis, Agro-químicos e diversos
organismos (bactérias, vírus).
A remoção de vírus pela filtração tem sido atribuída a três fenômenos: Predação
microbiológica, adsorção na biomassa ou biofilme e absorção por superfícies não
biológicas.
4.5. TÉCNICAS LABORATORIAIS
4.5.1. Meios de Cultura com Substratos Cromogênico e Fluorogênico
O diferencial destes meios é a praticidade e a rapidez do resultado, fornecendo a
resposta em 24 horas para Coliformes totais e fecais. Eles foram desenvolvidos para a
identificação de microrganismos através da análise de suas enzimas constitutivas,
contendo um substrato hidrolisável como um substrato definido para apenas os
microrganismos alvo que se quer identificar. (coliformes totais e fecais). Essa
tecnologia é denominada auto-análise, porque uma variação de cor é produzida pelo
microrganismo pesquisado, sem nenhuma necessidade de testes confirmativos.
12
4.5.2. Pour Plate
É um teste laboratorial indicador auxiliar da qualidade da água, ao fornecer
informações adicionais sobre eventuais falhas na desinfecção, colonização e formação
de biofilmes no sistema de distribuição. Proporcionando ambiente favorável para o
crescimento bacteriano nos meios de cultura Plate Count Agar (PCA).
Segundo DOMINGUES et al. (2007) A desvantagem de se utilizar o método Pour
Plate é que o Agar deve ser mantido em banho Maria em 44-46°C e o calor deve ser
controlado, pois ao inocular 1 ml da amostra na placa de petri e sobre a amostra 10 ml
de Agar aquecido parte dos microorganismos podem não resistir a temperatura,
omitindo o numero exato de colônias
Determinado em UFC/mL Apesar da maioria das bactérias heterotróficas não ser
patogênica, pode representar riscos a saúde, como também deteriorar a qualidade da
água, provocando o aparecimento de odores e sabores desagradáveis.
4.6. DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA
“As doenças de veiculação hídrica são caracterizadas
principalmente pela ingestão de água contaminada por
microrganismos patogênicos de origem entérica, animal ou
humana, transmitidos basicamente pela rota fecal-oral”.
(DOMINGUES. et al, 2007)
Elas podem ser encontradas nas Doenças relacionadas ao saneamento ambiental
inadequado (DRSAI) como as descritas na tabela 2.
Dessa forma as enfermidades são as doenças infecciosas intestinais (diarréias) e
as helmintíases (verminoses) que têm maior relação com a falta d’água ou água de má
qualidade. Essas enfermidades são endêmicas nas comunidades não atendidas por
sistemas adequados de abastecimento de água e, por isso, representam indicador
importante no planejamento dos serviços de saúde. Portanto, em termos de saúde
pública, a eficiência dos Sistemas de Abastecimento de Água será maior, quanto menor
for a incidência dessas doenças na população.
13
Tabela 2 - Doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado (DRSAI)
Categoria Doenças
1. Doenças de transmissão feco-oral Diarréias
Febres entéricas
Hepatite A
2. Doenças transmitidas por inseto vetor Dengue
Febre Amarela
Leishmanioses
Leishmaniose tegumentar
Leishmaniose visceral
Filariose linfática
Malária
Doença de chagas
3. Doenças transmitidas através do contato
com a água
Esquistossomose
Leptospirose
4. Doenças relacionadas com a higiene Doenças dos olhos
Tracoma
Conjuntivites
Doenças da pele
Micoses superficiais
5. Geo-helmintos e teníases Helmintíases
Teníases
Fonte: Brasil. Fundação Nacional de Saúde (2007, p.8)
“As enfermidades que podem ser transmitidas pela água
pertencem ao grupo das Doenças Infecciosas e Parasitárias –
DIP, Conforme a classificação Internacional de Doenças – CID
estabelecida pela Organização Mundial de Saúde – OMS. No
Brasil, em 1979, essas doenças representavam 10,26% de todos
os óbitos. Em 1995, elas passaram a representar 4,33%dos
óbitos (DATASUS 2003). Os mais atingidos pelas DIP são as
crianças até 9 anos que são quando as crianças apresentam
baixa resistência orgânica.” (TSUTIYA, 2006 p. 5)
Os Microorganismos que são liberados na água possuem um tempo de
sobrevivência na mesma, podendo ficar dias à espera de um novo hospedeiro.
Di Bernardo e Dantas (2005) apresentam uma série de organismos patogênicos que
contaminam a água proveniente de esgotos sanitários (Tabela 3). A Tabela 4
apresentam as doenças causadas por microrganismos parasitológicas presentes na água.
14
Tabela 3 - Contaminação de água por organismos patogênicos provenientes de
fezes via esgoto sanitário (Geldreicj, 1996)
Organismo Quantidade excretada
por indivíduos
infectados/g de fezes
Sobrevivência
máxima na água
(dia)
Dosagem
infectante
Bactéria
Escherichia coli 108
90 102
a 109
Salmonella 106
60 a 90 106
a 107
Shigella 106
30 100
Campylobacter 107
7 106
Vibrio cholerae 106
30 108
Yersina
enterocolitica
105
90 108
Aeromonas - 90 108
Leptospira - - 3
Vírus
Enterovírus 107
90 1 a 72
Hepatite A 106
5 a 27 1 a 10
Rotavírus 106
5 a 27 1 a 10
Norwalk - 5 a 27 -
Protozoários
Entamoeba 107
25 10 a 100
Giardia 105
25 1 a 10
Cryotosporidium 100 - 1 a 30
Balantidium coli - 20 25 a 100
Helmintos
Ascaris 1.000 365 2 a 5
Taenia 1.000 270 1
FONTE: Di BERNADO e DANTAS, (2005. p.10).
A necessidade da água faz o povo bororo refém da qualidade da água local,
como não possuem fonte segura para abastecimento e nem forma de tratamento. Um
dos índios da localidade, Domingos Sávio, desabafa “Os engenheiros chegam aqui na
aldeia falam que nossa água esta contaminada, eles só criticam, não nos dão
alternativa. Essa é a única água que temos para beber.”
A água esta relacionada com qualidade de vida, desde a preocupação com
aspecto, sabor e odor, que quando inadequados trazem intransigências diariamente aos
seus consumidores, a questão de saúde. Ainda que muitas doenças de veiculação
hídrica com tratamento sejam reversíveis e não deixem seqüelas, a falta de tratamento
destas podem levar a morte ou criar um quadro de morbidade para manifestação de
doenças mais graves.
15
“Ainda que a água esteja intrinsecamente vinculada com a
vida, a vitalidade e a fertilidade, ela está também estreitamente
relacionada com a morte.” (PENA, 2008 p.73)
Tabela 4 - Doenças causadas por microrganismos parasitológicas presentes na
água
Microrganismo Doença Sintomas
Ascaris lumbricoidis Ascaridíase Vômitos, organismos vivos nas fezes
Cryptosporidium
muris
e parvum
Criptosporidiose Diarréia aguda, dor abdominal, vômito e
febre baixa
Entamoeba histolytica Amebíase Diarréia alternada com constipação,
disenteria crônica com muco e sangue
Giardia lamblia Giardíase Diarréia intermitente
Schistosoma mansoni Esquistossomose Infecção do fígado e baço
Taenia saginata Teníase Dor abdominal, distúrbios digestivos e
perda de peso
FONTE: Di BERNADO e DANTAS (2005. p.1154)
4.7 SAÚDE PUBLICA
Os hábitos da população precisam estar adequados para que a situação de saúde-
doença não seja um ciclo vicioso onde o paciente recebe tratamento e acabe se
contaminando novamente, necessitando do mesmo atendimento de saúde anterior. As
populações devem seguir boas praticas no manuseio dos alimentos, lavar as mãos antes
das refeições, tomar banho e trocar de roupa regularmente, utilizar utensílios como
copos e talheres de maneira individual, limpar as caixas d’água domiciliares.
A ausência de coleta dos Resíduos Sólidos faz com que a destinação final do
mesmo seja inadequada, pois a população se livra dos resíduos no quintal de sua
residência. O acumulo de lixo nos quintais promove abrigo adequado para crescimento
de vetores transmissores de doenças. Eventualmente os resíduos acumulados são
queimados e raramente enterrados em vala (figura1).
16
Figura 1 - Resíduo sólido acumulado no quintal.
A população da aldeia Meruri é altamente afetada por doenças infecciosas, a
população conta com um posto de saúde com atendimento primário, promoção de
campanhas e distribuição de remédios. O posto de Saúde conta com profissionais
disponibilizados pela UNISELVA que trabalham em sistema de rodízio, 10 dias do mês
na aldeia e o restante em Cuiabá limitando o acompanhamento de caso de um paciente
por um mesmo profissional. Os técnicos de enfermagem da Uniselva que trabalham na
aldeia relatam que nos prontuários do ano de 2008, boa parte da população buscava
atendimento devido o desconforto causado pela diarréia e que estes pacientes
costumavam retornar com o mesmo diagnóstico meses depois. A cada três meses a
equipe de Saúde disponibiliza vermífugo a toda a população, no entanto parte da aldeia
não busca do tratamento.
17
A taxa de internações no Município de General Carneiro, localidade que atende
Meruri é acima (no mínimo o dobro) da média Regional e estadual (figura 2).
Figura 2 - Taxa de internações por Doença Diarréica Aguda em menores de 5 anos
de idade - Município General Carneiro - 2000 a 2007
FONTE: Secretaria Estadual de Saúde (2008)
De acordo com Nota emitida na revista Hydro, levantamento da Organização
Mundial de Saúde (OMS) mostra que a água contaminada mata 28 mil pessoas por ano
no Brasil. Doenças como hepatite A, cólera e Febre Tifóide são responsáveis por 2,3%
das mortes no país.
A Hepatite A é relatada como uma das principais preocupações dos agentes de
saúde da aldeia que informam ter um alto índice de contaminação da doença na
população. A doença é uma inflamação do fígado é típica de áreas menos
desenvolvidas, com más condições de higiene e falta de saneamento básico. A doença é
transmitida pela via chamada fecal-oral, na maioria das vezes com fezes de pacientes
contaminando a água de consumo e os alimentos.
Segundo a FUNASA (BRASIL, 2002), em 2002 foram notificados pelas
equipes multidisciplinares dos DSEIs 614.822 agravos à saúde em todo o Brasil, sendo
que a principal categoria de doenças entre as que demandaram ao serviço foi a das
Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP), correspondendo a 35,8% das consultas. Na
categoria das DIPs as helmintíases prevaleceram sobre as demais, correspondendo a
18
42,7 de todos os atendimentos. As diarréias contribuíram com 28,8%, representando,
em conjunto com as verminoses, 71,5% de todos os atendimentos por DIP.
De acordo com MARTINS (2000), além da qualidade física, química e
microbiológica da água, outro requisito para uma distribuição de água com qualidade é
a quantidade e frequência com que ela chega aos usuários. Mesmo a disponibilização
de água em quantidade suficiente, por sistemas de abastecimento precários, em termos
de qualidade, no entanto, é melhor do que nada, pois é sabido que muitas doenças,
como as escabioses (sarnas) e dermatofitoses (infecções da pele), por exemplo, podem
ser reduzidas com higiene pessoal constante. Assim, com a expansão do abastecimento
de água, é de se esperar que haja redução das enfermidades relacionadas com a
qualidade ou quantidade de água.
Segundo Heller et, al. (2006) como a existência de reservatório domiciliar, a
intermitência no fornecimento de água e o preparo da água para o consumo são
importantes na manutenção das características microbiológicas da água, influenciando
no risco de transmissão das doenças infecciosas de veiculação hídrica.
Os reservatórios domiciliares são pontos vulneráveis do sistema de
abastecimento de água, pois representam locais prováveis de contaminação da água,
dentro do próprio domicílio, caso não sejam tomadas medidas para garantir a
manutenção da qualidade da água fornecida pelo sistema público, como a existência de
cobertura, a freqüência da limpeza e a conservação da caixa d’água.
Intermitência no fornecimento de água: Outro fator de risco para doenças
transmitidas pela água, nas áreas CACE e CASE, abastecidas pela água tratada pela
concessionária estadual de saneamento, é a interrupção no abastecimento de água, que
influencia tanto a qualidade microbiológica como a quantidade da água para consumo
humano.
A intermitência no abastecimento de água favorece a perspectiva de
contaminação na rede de distribuição. Porém, a alteração na qualidade da água não
ocorre necessariamente sempre que se verifica a interrupção no fornecimento de água.
Por outro lado, a alteração na quantidade de água fornecida relaciona-se com o risco à
saúde, com a diminuição do consumo “per capita”, influenciando as práticas higiênicas,
e com a adoção de fontes alternativas de abastecimento de água que na maioria das
vezes não são seguras.
19
A não confiabilidade na freqüência do abastecimento de água em quantidades
necessária para os usos domésticos, faz com que os moradores da aldeia armazenem
água em recipientes de maneira desprotegida (Figura 3)
Figura 3 - Água armazenada para consumo.
Outro problema que influencia na contaminação da água da rede de distribuição
é a falta de drenagem pluvial na aldeia. Pois as águas pluviais inundam os lotes
ocorrendo empoçamento, que poderá infiltrar na tubulação com vazamento.
A aldeia ainda possui a fragilidade de contaminação devido a falta de destinação
adequada para os Resíduos Sólidos na tribo. A presença de vetores esta associada ao
acúmulo de lixo e à existência de esgotos a céu aberto. Apesar das moscas e ratos serem
capazes de transportar agentes infecciosos de doenças, tais como a febre tifóide,
salmoneloses, shigeloses, amebíase, giardíase, cisticercose, dentre outras.
As precárias condições ambientais, decorrentes da insalubridade das habitações,
são, potencialmente, favoráveis para o aumento das infecções por parasitas e, algumas
vezes, até contribui para maior intensidade de transmissão, inclusive em áreas
beneficiadas pelo saneamento ambiental. De nada adianta o Tratamento da água em
reservatórios se a contaminação será dada na moradia dos indígenas, devido a
precariedade das moradias. A fotografia abaixo representa bem esta situação, o esgoto
primário do banheiro da residência acumula próximo a moradia juntamente com o lixo
dos moradores (Figura 4).
20
Figura 4 - Esgoto e resíduos sólidos próximo a moradia.
Levar água segura aos domicílios indígenas seja ela superficial, de chuva ou
subterrânea, é uma obrigação do Estado porque esse tema aborda uma dimensão vital e
de saúde humana. No Brasil, a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) é responsável
pela saúde ambiental nas Terras Indígenas. Esta atividade envolve a execução de ações
de saneamento básico relacionadas ao abastecimento de água, esgotamento sanitário e
melhorias sanitárias domiciliares, além de outras ações de proteção do ambiente.
As ações de saúde ambiental vêm sendo coordenadas pelo Departamento de
Engenharia de Saúde Pública (DENSP), em articulação com o Departamento de Saúde
Indígena (DESAI) e executadas pelas Divisões ou Seções de Engenharia de Saúde
Pública (DIESP/SENSP) das Coordenações Regionais da FUNASA nos estados, em
articulação com os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI).
A aldeia conta com um AISAN - Agente Indígena de Saneamento o qual reclama da
falta de participação da população. Relata que recomenda aos moradores fazerem a
limpeza da caixa d’água residencial e que sofreu muita reclamação da população contra
a utilização do Cloro na água, obrigando o mesmo a suspender o tratamento.
21
5. MATERIAIS E MÉTODOS
5.1. ÁREA DE ESTUDO
5.1.1. Aldeia de Meruri
A aldeia de Meruri (Figura 5) é atualmente a maior aldeia dos índios Bororo, com
uma população de 483 habitantes (FUNASA, 2008). Localizada no sudeste do estado
do Mato Grosso com área total da reserva de 82,301 ha, que atualmente abriga duas
aldeias, Meruri e a do rio Garças. Foi demarcada em 1976 (Decreto 76.999/76) e
homologada em 1987 (Decreto 94014/87). A área de estudo foi as casas atendidas pela
rede de abastecimento de água da FUNASA e da Missão Salesiana com 415 índios
bororos.
Figura 5 - Área Indígena da Aldeia Meruri no Estado
A tribo abandonou o comportamento nômade em 1902 e estabeleceu moradia fixa,
primeiramente na região denominada de “Tachos” a qual foi substituída em 1923 pela
atual localização Meruri devido a maior disponibilidade de água. Com o tempo de
existência da colônia surgiram necessidades secundárias que não faziam parte do
cotidiano de seus ancestrais como o cozimento rotineiro de alimentos, o uso de roupas,
louças, banheiros, chuveiro, torneiras, enfim novos costumes foram agregados a
cultura, tornando-se necessário a implantação de um sistema de abastecimento de água.
Dos anos de 1940 à 1978 funcionou no local um internato de meninos e meninas
administrados por padres e freiras, criando grande movimento de não índios na aldeia, o
que gerou uma mesclagem de culturas na tribo.
22
Suas terras são cortadas pela rodovia federal BR-70, separada desta rodovia por um
trecho não pavimentado de aproximadamente 5 km, a comunidade tem acesso
relativamente fácil às cidades e lugarejos próximos e, conseqüentemente, fácil
comunicação com a comunidade externa não-índia, bem como acesso a seus bens e
serviços, sendo cerca de 50 quilômetros da cidade de General Carneiro e 120
quilômetros de Barra do Garças, cidade onde são levados os índios com casos graves de
doenças.
A aldeia conta com posto de saúde, igreja e escola. O posto de saúde trabalha com
enfermeiro e técnicos de enfermagem da UNISELVA, que promovem campanha de
vacinação e distribuição de medicamentos e atendimentos simples, atendimentos
complexos ou que necessitem de aparelhagem são feitos na cidade de Barra do Garças.
A igreja é mantida pela Missão Salesiana do estado de Mato Grosso, de religião
católica e a reza segue os rituais da igreja católica, no entanto conta ornamentos da
cultura indígena e missa na língua da tribo. A escola é mantida pela prefeitura
municipal de General Carneiro e pela Missão Salesiana onde 116 alunos e 13
professores desfrutam do Ensino Fundamental. Os índios que se interessam em cursar o
Ensino médio são levados ao vilarejo de Paredão.
23
5.1.2. Pirâmide Etária da Aldeia de Meruri – MT
Figura 6 - Pirâmide de Faixa Etária da Aldeia de Meruri – 2008
Fonte: FUNASA, (2008)
5.1.3. Finalidade da Água na Aldeia
A água na aldeia é utilizada para usos domésticos (alimentação, higiene, limpeza,
recreação e esportes), dessedentação de animais, geração de energia, irrigação,
navegação, aqüicultura (pesca) e a assimilação de esgotos urbanos.
“Apesar de a água ser utilizada também de forma plural
pelas populações indígenas, o seu uso é menos diversificado do
que aquele que ocorre nas sociedades urbano-industriais, pois
nestas últimas a água é usada também para uma grande
diversidade de usos não-domésticos e em larga escala.” (PENA,
2008)
PENA (2008) descreve ainda que em sociedades urbanas e industrializadas a água é
um bem controlado tecnologicamente por meio de estações de tratamento, represas,
bacias de detenção, etc; para os povos indígenas a água dos rios, riachos, lagos,
24
nascentes “é um bem da natureza, muitas vezes dádiva da divindade, responsável pela
sua abundância ou pela sua escassez. Proveniente da natureza, a água é um bem de uso,
em geral coletivo”
5.1.4. Histórico do Abastecimento
A tribo de índios Bororos ao longo de Sua história sempre teve que se adaptar as
adversidades do fornecimento de água. Mudando freqüentemente de fontes, se
adaptando a novas distâncias ou hábitos diferentes para suprir as necessidades vitais e
de higiene pessoal.
A tribo abandonou o comportamento nômade em 1902 e estabeleceu moradia fixa,
primeiramente na região denominada de “Tachos” e conviveu com problemas de
disponibilidade de água no local. O local era desprovido de rede de abastecimento, os
índios buscavam água em recipientes e armazenavam para o consumo.
A tribo foi em busca de local com maior abundancia em água no ano de 1923. A
área escolhida foi Meruri. A tribo estabeleceu moradia entre o rio Barreiro e um riacho
da Cabeceira.
Por volta de 20 anos atrás a rede de distribuição de água da missão Salesiana foi
instalada em Meruri, coletando água na Cabeceira, acumulando em um reservatório,
que por gravidade mandava a água para outro reservatório o qual abastecia as
dependências dos Salesianos e as casas da aldeia.
Há cerca de 10 anos no centro da aldeia havia uma fonte de abastecimento, era uma
nascente com um acumulo de água em potencial, onde era utilizada para consumo
humano e balneabilidade, hoje a área é seca, obrigou os moradores a abandonar esta
fonte.
Com o aumento da população algumas famílias tiveram que construir suas casas
fora do quadrado oficial da aldeia, abstendo-se da água canalizada. No ano de 1998 o
Projeto AMA, Ação Missionária Ambulante, instalou poço artesiano com
bombeamento por placa solar com rede de distribuição de água para estas famílias. Para
famílias que estavam isoladas das duas redes de distribuição de água o projeto instalou
poços com bombeamento mecânico próximo as famílias isoladas. Hoje na aldeia
existem 4 poços do projeto desativados.
25
A aldeia contava com energia fornecida por uma PCH instalada no Rio Girigiga da
aldeia, até Setembro de 2007 a energia da aldeia era fornecida exclusivamente pela
PCH. Portanto o consumo de energia elétrica era limitado ao horário de funcionamento
do gerador da usina. Esse problema de energia limitava o funcionamento de bombas
para sucção da água dos poços artesianos. O Projeto AMA instalou em seu sistema
placa solares. O conjunto de bombas da FUNASA funciona com óleo Diesel.
Alternativa que limitou o fornecimento, pois há gastos para adquirir o produto que vai
alem de seu preço, já que a cidade mais próxima esta a 40 km. Depois de setembro de
2008 o projeto “Luz para todos” atendeu a população, no entanto a bomba de adução
não esta adaptada para forma elétrica ainda.
5.1.5. Pontos de fornecimento de água da aldeia:
Atualmente a aldeia conta com três redes de abastecimento distintas: a da
FUNASA, a do rio Cabeceira e de um poço artesiano do projeto AMA (ANEXO 1),
todas sem nenhum tipo de tratamento.
Um rio, nomeado Barreiro (Figura 7), à cerca de 50m da aldeia, atende toda a
comunidade para balneabilidade, pesca, para lavar roupa e consumo de água
esporadicamente.
Figura 7 - Rio Barreiro em período de estiagem.
A rede de distribuição de água da Cabeceira, a qual possui grande vantagem por
ser um sistema de operação praticamente independente, por não necessitar de
26
bombeamento. A Cabeceira que é o local da captação da água, abastecendo cerca de
80% da aldeia a água captada vai para um reservatório subterrâneo de
aproximadamente 20.000 litros. Este reservatório fornece água para outro reservatório
que se encontra na aldeia o qual distribui água para as casas abastecidas pela rede de
distribuição da Missão Salesiana. A captação possui uma fragilidade além da falta de
controle sobre a pequena vazão do corpo d’água, a tubulação perfurada que capta a
água por vezes é impregnada de folhas, interferindo o fluxo. A captação fica a cerda de
1.500metros da aldeia (Figura 8), a retirada de folhas e objetos que possam estar
interrompendo a captação só acontece quando os moradores percebem diminuição do
fornecimento.
Figura 8 - Cabeceira - local de captação de água.
O reservatório próximo a captação tem a pretensão de acumular água para não
interromper o abastecimento e mandar em vazão necessária para o reservatório situado
na aldeia por gravidade (Figura 9). Embora o reservatório não seja vedado
adequadamente e não possua programas de limpeza, sua estrutura protege a água
acumulada de grandes animais.
27
Figura 9 - reservatório subterrâneo.
A água do reservatório subterrâneo chega direto na aldeia para o reservatório
elevado que distribui água sem nenhum tratamento para maior parte da aldeia (Figura
10).
Figura 10 - Reservatório de distribuição de água da Cabeceira para a aldeia.
A água da Cabeceira fornece ainda outro ponto para balneabilidade e demais
usos para os moradores (Figura 11).
28
Figura 11 - Água da Cabeceira utilizada para balneabilidade e demais usos.
A aldeia conta com um poço artesiano da FUNASA em funcionamento
atendendo parte da aldeia com caixa d’água com capacidade de 30.000litros. O
bombeamento da água deste poço é movido a óleo Diesel, dificultando seu
funcionamento e depende ainda da presença de um responsável para a liberação da água
(Figura 12).
Figura 12 - Reservatório de distribuição da FUNASA.
A rede de distribuição de água da FUNASA abrange toda a aldeia, no entanto
seu funcionamento não é o mais confiável. A população não pode contar com a certeza
29
do funcionamento da água devido ao não comparecimento do funcionário ou falta de
óleo para o funcionamento da bomba. Durante o ano o reservatório rompeu
interrompendo o abastecimento pela rede FUNASA durante mais de 30 dias (Figura
13).
Figura 13 - Reservatório rompido da FUNASA em abril de 2008.
Do reservatório a FUNASA distribui água para os reservatórios residenciais de
250 litros. Com a falta de distribuição de água da FUNASA, ou falta de pressão em
algumas residências, os banheiros ficam inutilizáveis e a população acaba evacuando
no quintal de casa (Figura 14).
Figura 14 - Reservatório domiciliar.
30
Outra rejeição da população quanto à rede de distribuição da FUNASA foi o uso
de Cloro na água, a dosagem prejudicou o paladar da água significativamente. Parte da
população reclamou de diarréia após o consumo, outra rejeitou a água devido ao
paladar e buscou outras fontes de abastecimento como a Cabeceira e o Rio Barreiro
durante o período. O uso do Cloro foi interrompido por conta da rejeição popular e o
clorador foi inativado (Figura 15).
Figura 15 - Clorador inativo da rede de distribuição da FUNASA.
E uma pequena parte da aldeia mais precisamente 12 casas são atendidas pelo poço
artesiano do projeto AMA que possui funcionamento com placa solar (Figura 16). Esta
pequena rede de distribuição foi construída para atender estes moradores que não
cabiam mais no grande quadrado da aldeia. A rede foi construída em 1998, para as
casas já existentes, hoje ela atende mais 4 casas fora do projeto inicial.
31
Figura 16 - Poço artesiano do Projeto AMA
5.1.6. Problemas com a Tubulação de distribuição
A tubulação da aldeia é antiga e foi instalada com pequena profundidade (Figura
17). Hoje em dia o trajeto da tubulação coincide com o trajeto dos carros. A pouca
profundidade leva a tubulação a total exposição ou a rompimento. Transformando num
ponto de infiltração nos momentos em que o fornecimento de água é interrompido.
32
Figura 17 - Marcas de pneu próximas a tubulação comprometida.
A declividade do terreno e a ausência de drenagem pluvial fazem com que o
esgoto lançado a céu aberto, as fezes evacuadas fora da privada sejam levadas com a
chuva para quintais vizinhos. Caso a tubulação destes quintais atingidos esteja
comprometida esta lama contaminada poderá infiltrar na rede de distribuição de água
transformando a água imprópria para o consumo humano.
Nove casas da aldeia não possuem banheiro na residência. E das casas que
possuem banheiro parte está inutilizável devido a falta de água para a utilização da
descarga, outra parte está sendo usada parcialmente devido a falhas na tubulação. A
figura abaixo mostra que há um vazamento de esgoto do banheiro antes do mesmo
chegar a fossa séptica (Figura 18).
33
Figura 18 - Precariedade do esgotamento sanitário.
Os vazamentos da tubulação provocam outro tipo de problema a aproximação
de animais domésticos e selvagens para beber a água acumulada no terreno. A aldeia é
circundada por mata fechada habitat natural de muitos animais transmissores de
doenças (Figura 19). Para combater a praga de rato alguns moradores colocam veneno
em suas casas, os ratos procuram local com água desprotegida para beber, como caixas
d’água destampadas e tambores de armazenamento, contaminando a água que poderá
ser consumida pelas pessoas.
Figura 19 - Rato morto em frente a uma residência.
34
A falta da estrutura física para a distribuição de água em algumas casas é
assustadora, na casa abaixo moram 9 pessoas, eles não possuem banheiro e o único
ponto de água da casa é a torneira a 30 cm do chão (Figura 20).
Figura 20 - Residência com apenas uma torneira.
O vazamento na tubulação diminui a pressão dinâmica da rede, prejudicando casas
com pequeno desnível geográfico em relação ao reservatório. Parte da aldeia vivencia
este drama, pois a água não tem “força” para abastecer a caixa d’água, deixando o
banheiro inutilizável.
De acordo com COSTA (2008), entre as possíveis causas para a ocorrência de furos
na tubulação destacam-se:
• Material utilizado.
• Profundidade inadequada.
• Idade da ligação.
• Mudança de tráfego.
• Tipo do solo e aterro.
• Execução e manutenção anteriores.
35
“É de conhecimento geral que há uma queda de pressão
generalizada nos casos em que ocorrem rupturas de rede, mas,
por outro lado, não é possível estimar-se facilmente a região
onde esta queda de pressão é mais pronunciada ou mesmo se
gera condições de pressão excepcionalmente baixa nos condutos
da rede. A delimitação de regiões de baixa pressão é de grande
relevância para que seja possível identificar os pontos mais
vulneráveis á contaminação na rede, bem como
subseqüentemente mapear o espalhamento da contaminação”.
(VASCONCELOS e KOIDE, 2008, p.29)
5.2. FREQÜÊNCIA E PONTOS DE AMOSTRAGEM
Este trabalho foi realizado através de pesquisas em campo na aldeia Meruri. Foram
realizadas 6 coletas durante o ano de 2008, buscando atender as seguintes
recomendações da Portaria 518 de 25 de Março de 2004:
“A amostragem deve obedecer aos seguintes requisitos:
I - distribuição uniforme das coletas ao longo do período; e
II - representatividade dos pontos de coleta no sistema de distribuição (reservatórios e
rede), combinando critérios de abrangência espacial e pontos estratégicos, entendidos
como aqueles próximos a grande circulação de pessoas ou edifícios que alberguem
grupos populacionais de risco (como a escola.), aqueles localizados em trechos
vulneráveis do sistema de distribuição (pontas de rede, pontos de queda de pressão,
locais afetados por manobras, sujeitos à intermitência de abastecimento, reservatórios,
etc.) e locais com sistemáticas notificações de agravos à saúde tendo como possíveis
causas agentes de veiculação hídrica.”
Nas visitas foram coletadas amostras de água dos seguintes pontos:
• P1 - Coleta pontual no Rio Barreiro;
• P2 - Casa abastecida pela rede distribuidora da Missão Salesiana, captada na
Cabeceira de um riacho local;
36
• P3 - Coleta pontual na Cabeceira;
• P4 - Casa abastecida pela rede distribuidora do Projeto AMA proveniente de
poço artesiano;
• P5 - Casa abastecida pela rede distribuidora da FUNASA proveniente de poço
artesiano, sofrendo esporadicamente cloração;
• P6 - No bebedouro escolar, proveniente da rede da Missão Salesiana,
submetida a filtração.
Como o foco do trabalho é diagnosticar a qualidade da água consumida pela
população, a coleta foi feita na rede de distribuição, e nos pontos utilizados para
balneabilidade. As amostras de água da rede de distribuição foram coletadas nos pontos
desfavoráveis da rede e as amostras dos cursos d’água nos 2 pontos mais freqüentados
pela comunidade indígena. Outro ponto de coleta foi o filtro escolar por ser uma fonte
onde boa parte da população tem acesso diariamente.
Para a coleta das amostras procurou-se reproduzir de maneira que mais se
assemelhasse a prática dos moradores, ou seja, na rede de distribuição a coleta foi feita
na torneira sem desinfecção e flambagem e coletando o volume necessário sem que a
água escoasse. No rio Barreiro e na Cabeceira foram coletados nos pontos mais
freqüentados pela população, sendo a coleta feita próxima a margem dos corpos d’água.
5.3. ANÁLISES E EXAMES A SEREM EFETUADAS
A determinação da possível contaminação microbiológica das amostras foi
determinada através das técnicas Pour Plate e Técnica do Substrato Definido (Colilert)
sendo contabilizadas as bactérias heterotróficas, coliformes totais e fecais. Foram
realizadas 06 (seis) coletas ao longo do ano de 2008, com a expectativa de atender as
exigências da Portaria 518. Sendo que a água do rio Barreiro e da Cabeceira deverão se
enquadrar em Classe Especial (águas destinadas: ao abastecimento doméstico sem
prévia ou com simples desinfecção; à preservação do equilíbrio natural das
comunidades aquáticas) prevista na resolução 357/05.
Foram aplicados questionários a população e entrevistas com os moradores mais
antigos e administradores locais. O questionário foi realizado com no mínimo 20% das
37
casas da aldeia, sendo escolhidas de forma aleatória e com o morador mais velho da
casa. A entrevista sobre os tratamentos de água pretendia conhecer o quanto a
população conhecia sobre os tratamentos que podem ser feitos para melhoria da
qualidade da água a ser consumida.
O questionário e a entrevista buscaram colher informações sobre as formas de
abastecimento ao longo do tempo vida na aldeia, demonstrar como foi a mudança de
fonte de abastecimento de água sendo esta mudança por conveniência ou por
necessidade.
Verificou-se o histórico de doenças dos últimos 3 anos (2005, 2006, 2007 e início
de 2008), visando conhecer qual seria o potencial de doenças assimiladas à
contaminação hídrica. Estes dados foram fornecidos pela FUNASA.
A coleta das amostras foi realizada em recipientes assépticos e conservadas em
isopor com gelo para manter temperatura adequada até chegar ao laboratório de
microbiologia da UFMT para análises (tempo inferior a 24 horas).
Para a determinação de coliformes totais e fecais foi utilizada a técnica do Substrato
definido. Retirava-se 100 mL do frasco da coleta por meio de pipeta estéril e colocada
em um frasco onde adicionava o substrato definido agitando até a completa diluição dos
grânulos. Posteriormente a solução foi colocada em uma cartela composta de 49
cúpulas grandes e 49 pequenas, levando a seladora para que a solução fosse distribuída
igualmente. Em seguida as cartelas foram incubadas a 35º
C em estufa por 24 horas. A
leitura da cartela resumia em positivo para coliforme total se a cúpula mantivesse a
coloração amarela e, para coliforme fecal se apresentasse coloração azul quando
submetida a lâmpada ultravioleta (115 volts, 6hz, 20 AMPS). O teste era negativo com
ausência de coloração. Os resultados foram expressos de acordo com a tabela NMP
(número mais provável em 100 mL de água), onde uma cúpula positiva equivale a uma
bactéria em 100 mL de água.
Conforme descrito por DOMINGUES et al. (2007), a contagem de bactérias
heterotróficas é utilizada como indicador da qualidade de água potável, sendo que os
microrganismos são detectados por propagação em meios não-seletivos como o Plate
Count Agar (PCA).O teste inclui a detecção, inespecífica, de bactérias ou esporos de
bactérias, sejam de origem fecal, componentes da flora natural da água ou resultantes
da formação de biofilmes no sistema de distribuição.Portanto o teste é um indicador
38
auxiliar da qualidade da água, fornecendo informações adicionais sobre eventuais
falhas na desinfecção, colonização e formação de biofilmes no sistema de distribuição.
A desvantagem de se utilizar o método Pour Plate é que o Agar deve ser mantido
em banho Maria em 44-46°C e o calor deve ser controlado, pois ao inocular 1 mL da
amostra na placa de petri e sobre a amostra 10 mL de Agar aquecido parte dos
microorganismos podem não resistir a temperatura, omitindo o número exato de
colônias.
Determinado em UFC/mL Apesar da maioria das bactérias heterotróficas não ser
patogênica, pode representar riscos a saúde, como também deteriorar a qualidade da
água, provocando o aparecimento de odores e sabores desagradáveis.
39
6. RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS
6.1. PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS E BACTERIOLÓGICOS DA ÁGUA
DA ALDEIA
O Rio Barreiro é utilizado para balneabilidade, usos domésticos e esporadicamente
para consumo humano. A Tabela 5 apresenta os resultados obtidos das análises
microbiológicas do rio Barreiro e a Tabela 6 apresenta os resultados de análise
microbiológica da casa abastecida pela rede distribuidora pela Missão Salesiana.
Tabela 5 – Resultados das análises microbiológicas do Rio Barreiro em 2008.
P.1- Rio Barreiro
Dia da
coleta
Hora da
coleta
pH T.(°C)
Água
T.(°C)
Ar
Chuvas
(24h)
Coliformes
Totais
E.
Coli
Bactérias
Heterotróficas
5/fev 12:50 7,19 25.3 32,5 sim >2.419,2 0 >500
9/abr 08:10 5,79 24 24.3 não 1.076,00 620 -
30/mai 17:30 6,31 26.1 25.9 sim 6.488,00 644 >500
25/ago 17:20 6,24 26.2 25.3 não >2.419,2 110 315
12/out 08:30 7,68 23,6 23,7 não 1.355,00 265 270
5/nov 09:00 7,53 25,8 27,5 sim 3.325,00 708 >500
A Portaria 518 diz que a presença de coliformes totais é tolerável, na ausência
de Escherichia coli e/ou coliformes termotolerantes. Apenas a primeira amostra atende
esta condição, a água do Rio Barreiro é considerada imprópria para o consumo humano
direto sem tratamento, somente com desinfecção. Para que a água seja utilizada para
abastecimento é necessário que seja submetida a tratamento de desinfecção. Para a
balneabilidade a água é considerada satisfatória.
Tabela 6 – Resultados das análises microbiológicas da Casa Abastecida pela Rede
Distribuidora da Missão Salesiana em 2008
P2 - Casa abastecida pela rede distribuidora da Missão Salesiana
Dia
da
coleta
Hora da
coleta
pH T.(°C)
Água
T.(°C)
Ar
Chuvas
(24h)
Coliformes
Totais
E.
Coli
Bactérias
Heterotróficas
5/fev 13:00 7,01 28 34.2 sim 1.413,60 16 >500
9/abr 08:25 5,37 26 26.5 não 53,80 21,8 -
30/ma
i 17:46 6,47 27 26.2 sim 7,40 0 128
25/ago 17:32 5,81 27.4 26.7 não 290,90 0 132
12/out 08:40 7,68 28,3 26,6 não 382,00 20 127
5/nov 09:13 7,12 26 28 sim 77,60 30,5 172
40
Sendo assim a água da rede de distribuição da FUNASA foi considerada
Imprópria para consumo humano.
Em duas amostras o pH se encontrava abaixo do padrão estabelecido pela
Portaria 518, que recomenda que o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5. A
Tabela 7 apresenta os valores obtidos das análises microbiológicas do Rio Cabeceira
entre os dias 5 de fevereiro a 5 de novembro de 2008.
Tabela 7 – Resultados de análise microbiológica do Rio Cabeceira nos meses de
Fevereiro a Novembro de 2008
P3 - Cabeceira
Dia
da
coleta
Hora da
coleta pH
T.(°C)
Água
T.(°C)
Ar
Chuvas
(24h)
Coliformes
Totais E. Coli
Bactérias
Heterotróficas
5/fev 13:11 7,11 25,2 33.4 sim 686,7 3,1 30
9/abr 08:37 5,54 26.4 27.8 não 159,70 0 -
30/mai 17:51 6,22 26,3 26,7 sim 1.860,00 97 160
25/ago 17:41 5,7 27.9 27.2 não >2.419,2 5,2 172
12/out 08:56 8,88 25,3 25 não 909,00 20 152
5/nov 09:25 7,48 26.3 28.5 sim >2.419,2 >2.419,2 185
A Portaria 518 estabelece que a presença de coliformes totais é tolerável, na
ausência de Escherichia coli e/ou coliformes termotolerantes. Como em apenas uma
das amostras apresentam estas condições, a água da Cabeceira é considerada imprópria
para o consumo humano. Para que a água seja utilizada para abastecimento é necessário
que seja submetida a tratamento de desinfecção. Para a balneabilidade a água é
considerada satisfatória.
A Tabela 8 apresenta os resultados das análises microbiológica das águas do
poço artesiano da rede de distribuição do Projeto AMA em 2008.
Tabela 8 – Resultados das análise microbiológica do poço artesiano da rede de
distribuição do Projeto AMA em 2008
P4 - Rede de distribuição do Projeto AMA proveniente de poço artesiano
Dia
da
coleta
Hora da
coleta
pH T.(°C)
Água
T.(°C)
Ar
Chuvas
(24h)
Coliformes
Totais
E.
Coli
Bactérias
Heterotróficas
5/fev 13:30 7 26.5 34.2 sim 0 0 0
9/abr 08:51 5,65 26.1 27 não 108.10 2 -
30/mai 18:03 6,32 27.2 26.9 sim 1.0 0 5
25/ago 17:56 5,8 26.9 27.5 não 0 0 0
12/out 09:13 8,08 27,4 24,7 não 0 0 2
5/nov 09:40 7,3 27 28.9 sim 920.00 0 18
41
A rede de distribuição a rede do projeto AMA foi a que apresentou melhores
resultados. Porém apenas 3 das amostras foram adequadas a Portaria 518 que estabelece
ausência de Coliformes totais e E. Coli para consumo humano. A E. Coli apareceu em
apenas uma das amostras. Em duas amostras o pH se encontrava abaixo do padrão
estabelecido pela Portaria 518, que recomenda que o pH da água seja mantido na faixa
de 6,0 a 9,5.
A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos das análise microbiológica da água
coletada em uma casa abastecida pela rede de abastecimento realizada pela FUNASA
em 2008.
Tabela 9 – Resultados das análise microbiológica da casa abastecida pela rede da
FUNASA em 2008
P5 - Casa abastecida pela rede da FUNASA proveniente de poço artesiano
Dia
da
coleta
Hora da
coleta
pH T.(°C)
Água
T.(°C)
Ar
Chuvas
(24h)
Coliformes
Totais
E.
Coli
Bactérias
Heterotróficas
5/fev 13:47 6.91 26.7 34 sim 140.3 2.0 27
9/abr 08:59 5.65 26.3 27.1 não 159.7 0 -
30/ma
i 18:15 6.13 27 26 sim 325.5 13.2 270
25/ago 18:17 6,24 26.8 27.6 não 365.4 4.1 232
12/out 09:24 9.25 26.1 25.6 não 190.4 1.0 >500
5/nov 09:55 8,1 26 28.2 sim 332.5 57.8 >500
As 6 amostras de água da rede de distribuição da FUNASA apresentaram
contaminação por coliformes totais, e em 5 amostras por E. Coli para 100 mL. E, em 2
amostras o resultado foi superior a 500 UFC (Unidades Formadoras de Colônia) por
100 mL.
Em uma das amostras o pH se encontrava abaixo do padrão estabelecido pela
Portaria 518, que recomenda que o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5
Sendo assim a água da rede de distribuição da FUNASA foi considerada
Imprópria para consumo humano.
A Tabela 10 apresenta os resultados das análise microbiológica do Bebedouro
Escolar em 2008
42
Tabela 11 – Resultados das análise microbiológica do bebedouro escolar em 2008
P6 - Bebedouro escolar
Dia
da
coleta
Hora da
coleta
pH T.(°C)
Água
T.(°C)
Ar
Chuvas
(24h)
Coliformes
Totais
E.
Coli
Bactérias
Heterotróficas
5/fev 13:55 7,22 24.1 34.5 sim >2.419,20 2 40
9/abr 09:07 5.64 25.2 27.1 não 0,00 0 -
30/ma
i 18:22 6.15 24.2 26.8 sim 5.2 0 31
25/ago 18:39 5.68 24.5 27.9 não 0.0 0 7
12/out 09:39 9.16 25 25.3 não 16.6 0 130
5/nov 10:02 7,9 24.3 28.4 sim 0.0 0 2
A água do bebedouro apresenta contaminação por coliformes totais em 50% das
amostras, a contaminação por E. Coli foi detectada em apenas uma das amostras. No
entanto a filtração não esta sendo suficiente para a eliminação das Bactérias. Ainda que
a água do filtro não possa ser considerada como potável, é o melhor resultado de água
para consumo humano da aldeia. Em duas amostras o pH se encontrava abaixo do
padrão estabelecido pela Portaria 518, que recomenda que o pH da água seja mantido
na faixa de 6,0 a 9,5
6.2. MORBIDADE NA ALDEIA
Os dados de morbidade da aldeia Meruri foram fornecidos pelo DESEI de Cuiabá
são apresentados na Tabela 11.
A Figura 21 mostra que as doenças infecciosas então entre as três maiores
morbidades da aldeia durante o ano de 2005. Se considerarmos que cada notificação
corresponde a um paciente, mais da metade dos moradores da aldeia foram atingidos
pelo mal.
43
Tabela 12 – Valores de Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença)
Ocorrida na Aldeia de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2005. Fonte: FUNASA
Descrição Capítulo CID Total
Sintomas sinais e achados anormais 523
Doenças do aparelho respiratório 406
Algumas doenças infecção 275
Doenças sistema osteomuscular 183
Doenças da pele 168
Causa externas 109
Doenças do aparelho digestivo 96
Doenças do ouvido 37
Doenças do aparelho circulatório 28
Doenças aparelho geniturinário 25
Doenças do olho e anexos 22
Doenças sangue 9
Doenças do sistema nervoso 6
Doenças endócrinas 4
Transtornos mentais 4
Neoplasias (tumores) 1
Gravidez parto e puerpério 1
Mal formação congênita deformação 1
Morbidade da aldeia Meruri no ano de 2005
523
406
275
183168
109 96
28 25 22 6 4 4 1 1 1937
0
100
200
300
400
500
600
Sintsinais
e
achad
anorm
ais
Doenças
do
aparrespiratório
Algum
as
doenças
infec
Doenças
sistosteom
uscular
Doenças
da
pele
Causa
externas
Doenças
do
apar
digestivo
Doenças
do
ouvido
Doenças
do
aparcirculatório
Doenças
apar
geniturinário
Doenças
do
olho
e
anexos
Doenças
sangue
Doenças
do
sistem
a
nervoso
Doenças
endócrinas
Transtornos
m
entais
Neoplasias
(tum
ores)
G
ravidez
parto
e
puerpério
M
alforcong
defor
Morbidades
Quantitativos
Figura 21 - Morbidades da Aldeia Meruri na Ano de 2005
44
A Incidência (número de casos confirmados por doença) ocorrida na aldeia de
Meruri com a etnia Bororo no ano de 2006 (Tabela 12).
Tabela 13 - Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença) Ocorrida na
Aldeia de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2006, Fonte: FUNASA
Descrição Capítulo CID Total
Doenças do aparelho respiratório 211
Sintomas sinais e achados anormais 207
Algumas doenças infecção 156
Doenças sistema osteomuscular 109
Doenças da pele 89
Doenças do aparelho digestivo 70
Causa externas 59
Doenças do aparelho geniturinário 31
Doenças do aparelho circulatório 23
Doenças do ouvido 19
Doenças do olho e anexos 11
Doenças sangue 5
Gravidez parto e puerpério 5
Doenças do sistema nervoso 3
Doenças endócrinas 2
Neoplasias (tumores) 1
Transtornos mentais 1
Morbidades da aldeia Meruri no ano de 2006
211 207
156
109
89
70 59
19
5 5 2 1 1
2331 3
11
0
50
100
150
200
250
Doenças
do
apar
respirat...
Sintsinais
e
achad
Algum
as
doenças
infec
Doenças
sistosteom
uscular
Doenças
da
pele
Doenças
do
apardigestivo
Causa
externas
Doenças
do
apargenituri...
Doenças
do
aparcirculatório
Doenças
do
ouvido
Doenças
do
olho
e
anexos
Doenças
sangue
G
ravidez
parto
e
puerpério
Doenças
do
sistem
a
nervoso
Doenças
endócrinas
Neoplasias
(tum
ores)
Transtornos
m
entais
Morbidades
Quantitativos
Figura 22 - Morbidades da Aldeia Meruri na Ano de 2006
45
Novamente a figura 22 mostra que as doenças infecciosas então entre as três
maiores morbidades da aldeia durante o ano de 2006. Mas apresenta uma melhora e
uma redução de cerda de 1/3 das notificações de doenças infecciosas.
A Tabela 13 apresenta os dados da Incidência (Número de Casos Confirmados por
Doença) Ocorrida na Aldeia de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2007
Tabela 14 - Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença) Ocorrida na
Aldeia de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2007
Descrição Capítulo CID Total
Sintomas sinais e achados anormais 166
Algumas doenças infecção 115
Doenças do aparelho respiratório 109
Doenças sistema osteomuscular 100
Doenças da pele 64
Causa externas 47
Doenças do aparelho digestivo 32
Doenças sangue 26
Doenças do aparelho circulatório 21
Doenças do ouvido 15
Doenças do aparelho geniturinário 15
Doenças do olho e anexos 9
Doenças do sistema nervoso 8
Doenças endócrinas 4
Transtornos mentais 4
Gravidez parto e puerpério 3
Malformação congênita deformação 2
Morbidades da aldeia Meruri no ano de 2007
166
32
21 15 9 8
115
109 100
2
344
26
64
47
15
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Sintsinais
e
achad
Algum
as
doenças
infec
Doenças
do
aparrespiratório
Doenças
sistosteom
uscular
Doenças
da
pele
Causa
externas
Doenças
do
apardigestivo
Doenças
sangue
Doenças
do
aparcirculatório
Doenças
do
ouvido
Doenças
do
apargeniturinário
Doenças
do
olho
e
anexos
Doenças
do
sistem
a
nervoso
Doenças
endócrinas
Transtornos
m
entais
G
ravidez
parto
e
puerpério
M
alfcong
deform
idade
Morbidades
Quantidades
Figura 23 - Morbidades da Aldeia Meruri na Ano de 2007
46
Em 2007 as doenças infecciosas alcançam a 2º posição nas morbidades da
aldeia.
A Tabela 14 apresenta o número de Incidência (Número de Casos Confirmados
por Doença) Ocorrida na Aldeia de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2008 dos
Meses de Janeiro à Abril
Tabela 15 - Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença) Ocorrida na
Aldeia de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2008 dos Meses de Janeiro à
Abril
Descrição Capítulo CID Total
Sintema sinais e achados anormais 22
Doenças do aparelho respiratório 19
Doenças da pele 12
Doenças do aparelho digestivo 11
Doenças sistema osteomuscular 9
Algumas doenças infecção 8
Doenças do aparelho respiratório 4
Causas Externas 3
Doenças sangue 3
Doenças do olho e anexos 1
Doenças do ouvido 1
Doenças endócrinas 1
Transtornos mentais 1
Doenças do aparelho geniturinário 1
47
Morbidades da aldeia de Meruri mês Janeiro á abril de 2008
19
12
4
1 1 1 1 1
3
3
8
11
22
9
0
5
10
15
20
25Sintsinais
e
achad
Doenças
do
aparrespiratório
Doenças
da
pele
Doenças
do
apardigestivo
Doenças
sistosteom
uscular
Algum
as
doenças
infec
Doenças
do
aparelho
respiratório
Causas
Externas
Doenças
sangue
Doenças
do
olho
e
anexos
Doenças
do
ouvido
Doenças
endócrinas
Transtornos
m
entais
Doenças
do
aparelho
geniturinário
Morbidades
Quantitativos
Figura 24 - Morbidades da Aldeia Meruri na Ano de 2008 dos Meses de Janeiro à
Abril
Para os quatro primeiros meses de 2008 as doenças infecciosas estão em 6° lugar
das notificações. No entanto os enfermeiros do local relatam que o dado não é
animador, pois, os períodos de alto índice de doenças infecciosas são os meses
chuvosos e período de férias escolares.
48
7. CONCLUSÕES
A qualidade microbiológica da água da aldeia esta imprópria para o consumo
humano. O alto índice de doenças de veiculação hídrica é devido as precárias condições
de saneamento do local.
Enquanto algumas comunidades se preocupam em maneiras de economizar água,
promover racionamento por consciência ecológica em prol de campanhas pela mídia
por ONG’s na aldeia estudada, este racionamento é feito de maneira obrigatória.
No intuito de modernizar a cultura Bororo implantou-se um sistema dependente de
recursos e conhecimentos externos, de alto risco ambiental e incapaz de satisfazer as
necessidades mínimas da comunidade. Antes de instalar um sistema deve-se pensar na
manutenção do mesmo, nas possíveis falhas e em comunidades indígenas quanto maior
for a auto-suficiência do sistema melhor, menos falhas humanas ocorrerão.
Partindo do princípio que a população indígena em questão está aberta a hábitos
urbanos, podemos concluir que pode ser feito mais uma inclusão em seus costumes, o
tratamento de água para consumo, desde que seja um tratamento onde não lhes tragam
custos, nem novas atividades no lar, nem alteração significativa no sabor da água.
49
8. RECOMENDAÇÕES
É necessária a intervenção no sistema de abastecimento da aldeia utilizando uma
metodologia que atinja a aceitação de toda a população de maneira que a água
consumida pelos indígenas seja potável.
Fazer reparos na tubulação de distribuição e a instalação ou reparo de torneiras e
bacias sanitárias.
E ainda investir em conscientização ambiental, para mudar hábitos que prejudicam
a eficiência da rede como, alterar as ligações, não reparar adequadamente as tubulações
comprometidas. E instituir hábitos como a limpeza da caixa d’água com freqüência no
mínimo semestral e o aterro dos Resíduos sólidos (em pequenas valas residenciais).
50
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATALHA, Bem-Hur Luttembark. Controle da qualidade da água para consumo
humano. São Paulo, CETESB, 1977.
BRASIL (Fundação Nacional de Saúde). 1º caderno de pesquisa em engenharia de
saúde pública. – 2°ed. rev. 2º reimpressão. – Brasília:FUNASA,2007.238p.: Il
BRASIL (Fundação Nacional de Saúde).Manual de Saneamento. 3 ed. rev. 1°
reimpressão – Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2006.
BRASIL (Fundação Nacional de Saúde). SISABI - Sistema de Informações de
Saneamento em Áreas Indígenas. Disponível em: <http://sis.funasa.gov.br/>.
Acessado em: setembro de 2008.
BRASIL. Portaria 518. Ministério da Saúde. Brasilia. DF. 2005.
BRASIL. Resolução nº 274 Conselho Nacional do Meio Ambiente. Brasília. DF.2000.
BRASIL. Resolução nº357 Conselho Nacional do Meio Ambiente. Brasília. DF.2004.
COSTA, A. M. et. al. Impactos na saúde e no Sistema Único de Saúde decorrentes
de agravos relacionados a um saneamento ambiental inadequado. 1º Caderno de
pesquisa em engenharia de saúde pública. – 2°ed. rev. 2º reimpressão. –
Brasília:FUNASA,2007.P. 7.: Il
COSTA, Robson Fontes de. Gestão de controle de perdas e a busca da eficiência
operacional. Hydro, São Paulo, ano III, n24, p. 54 - 59, Outubro. 2008.
DI BERNARDO, L.; DI BERNARDO DANTAS, A. Métodos e técnicas de
tratamento de água. v.1. 2.ed. São Paulo: Rima, 2005.
DI BERNARDO, L.; DI BERNARDO DANTAS, A. Métodos e técnicas de
tratamento de água. v.2. 2.ed. São Paulo: Rima, 2005.
DOMINGUES, V. O.; TAVARES, G. D.; STUKER, F.; ET. al. Contagem de
bactérias heterotróficas na água para consumo humano: comparação entre duas
51
metodologias. Disponível em: < http://w3.ufsm.br/revistasaude/2007/33(1)15-
19,%202007.pdf> Acesso em 13 de Setembro de 2008.
HELLER, L. et, al Exclusão sanitária em Belo Horizonte — MG: caracterização e
associação com indicadores de saúde. 1º Caderno de pesquisa em engenharia de
saúde pública. – 2°ed. rev. 2º reimpressão. – Brasília:FUNASA,2007.P. 71.: Il
HYDRO. NOTA contaminação. Hydro, São Paulo, ano III, n24, p. 19, Outubro. 2008.
VERONESI, R. Doenças Infecciosas e Parasitárias -, Ed. Guanabara Koogan, 6ª.
edição, Rio de Janeiro, 1976.
MARTINS, G.; BORANGA, J. A.; FRANÇA, J. T. L.; et al. Impacto de sistemas de
abastecimento de água na saúde pública – Disponível em:
<http://www.bvsde.paho.org/bvsaidis/saneab/vii-011.pdf> Acesso em 22 de Setembro
de 2008.
PENA, J. L. Os povos indígenas e o projeto sistema aqüífero Guarani. Disponível
em:<http://www.sg-guarani.org/indigenas/Informe%20FinalRelat%F3rio%20Final
%20-%20PSAG%20-%20v2.pdf> Acesso em Setembro de 2008.
RICHTER, C. A.; AZEVEDO NETTO, F. M. Tratamento de água: tecnologia
atualizada. São Paulo: Edgard Blucher Ltda, 1995.
SES - Taxa de internações por Doença Diarréica Aguda em menores de 5 anos de
idade - Município General Carneiro - 2000 a 2007 - Disponível em:
<http://www.saude.mt.gov.br/aplicativo/indicadores/ > Acesso em 02 de Novembro de
2008.
TSUTIYA, Milton Tomoyuki. Abastecimento de água. 3° Edição, São Paulo:
Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, 2006.
VASCONCELOS, J. G.; KOIDE,S. Metodologia para determinar contaminações
externas em redes de distribuição de água. Hydro, São Paulo, ano III, n24, p. 28 -
35, Outubro. 2008.
52
10. APÊNDICES
Rede do Projeto AMA
Rede do Rio da Cabeceira
Rede da FUNASA
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QUALIDADE DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA ALDEIA MERURI - MT

  • 1. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACUDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL QUALIDADE DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA ALDEIA MERURI - MT ROSÂNGELA MARIA GUARIENTI IRINEU FRANCISCO NEVES Cuiabá – Mato Grosso Dezembro de 2008 A
  • 2. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACUDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL QUALIDADE DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA ALDEIA MERURI-MT ROSÂNGELA MARIA GUARIENTI Monografia submetida à Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia da Universidade Federal de Mato Grosso, como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia Sanitária – Ambiental. Orientador: Prof. Dr. Irineu Francisco Neves Cuiabá – Mato Grosso Dezembro de 2008 B
  • 3. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental FOLHA DE APROVAÇÃO Título: QUALIDADE DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA ALDEIA MERURI- MT Autora: ROSÂNGELA MARIA GUARIENTI Monografia defendida e aprovada em ________ de ______________de 2008, pela banca examinadora: Prof. Dr. Irineu Francisco Neves FAET/DESA (Orientador) Prof. Dr. Luiz Airton FAET/DESA MSc. Neli Assunção Silva FAET/DESA C
  • 4. DEDICATÓRIA A Deus por ter me proporcionado todas as graças em minha vida. Aos meus pais, Osmar e Maria, que fizeram de mim a pessoa que sou hoje. Ao meu companheiro, Thiago, que sempre está ao meu lado. iv
  • 5. AGRADECIMENTOS • Aos meus pais que abriram portas, pra que onde eu citasse seus nomes fosse bem recebida e por dedicarem sua vida em fazer meu futuro e de meu irmão. • Ao meu irmão pelo incentivo nos estudos, servindo de exemplo de esforço, dedicação e empenho. • Ao meu amado Thiago, por ser o responsável pelo meu ingresso na faculdade e apoio durante todo o curso sendo conselheiro e amigo. Muito obrigado por tudo que tem feito. • A tia Beth e tio Mario por sempre terem acompanhado meus estudos e indicarem o curso de Engenharia Sanitária - Ambiental, com o qual tanto identifiquei. • A comunidade indígena de Meruri que estiveram sempre prontos e colaboraram com a pesquisa. Pelo fornecimento dos dados e abrindo seus lares para contribuir no andamento da pesquisa. • A família Salesiana, a qual tenho muito respeito e admiração por seu trabalho, em especial a Irmã Aurizena, que apoiou a pesquisa. • A Vanusa Ormonde, a quem muito admiro, que doou seu tempo partilhando seu conhecimento laboratorial. • Ao Prof. Dr. Irineu Francisco Neves, pela paciência e ensinamentos durante a orientação desta monografia. • E por fim, a todos os outros professores e alunos do DESA-UFMT (Departamento de Engenharia Sanitária - Ambiental da Universidade Federal do Mato Grosso) que, direta ou indiretamente, ajudaram em meus estudos. v
  • 7. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Resíduo sólido acumulado no quintal.............................................................17 Figura 2 - Taxa de internações por Doença Diarréica Aguda em menores de 5 anos de idade - Município General Carneiro - 2000 a 2007.........................................................18 Figura 3 - Água armazenada para consumo....................................................................20 Figura 4 - Esgoto e resíduos sólidos próximo a moradia................................................21 Figura 5 - Área Indígena da Aldeia Meruri no Estado....................................................22 Figura 6 - Pirâmide de Faixa Etária da Aldeia de Meruri – 2008...................................24 Figura 7 - Rio Barreiro em período de estiagem.............................................................26 Figura 8 - Cabeceira - local de captação de água............................................................27 Figura 9 - reservatório subterrâneo..................................................................................28 Figura 10 - Reservatório de distribuição de água da Cabeceira para a aldeia.................28 Figura 11 - Água da Cabeceira utilizada para balneabilidade e demais usos..................29 Figura 12 - Reservatório de distribuição da FUNASA....................................................29 Figura 13 - Reservatório rompido da FUNASA em abril de 2008..................................30 Figura 14 - Reservatório domiciliar.................................................................................30 Figura 15 - Clorador inativo da rede de distribuição da FUNASA.................................31 Figura 16 - Poço artesiano do Projeto AMA...................................................................32 Figura 17 - Marcas de pneu próximas a tubulação comprometida..................................33 Figura 18 - Precariedade do esgotamento sanitário.........................................................34 Figura 19 - Rato morto em frente a uma residência........................................................34 Figura 20 - Residência com apenas uma torneira............................................................35 Figura 21 - Morbidades da Aldeia Meruri na Ano de 2005............................................44 Figura 22 - Morbidades da Aldeia Meruri na Ano de 2006............................................45 Figura 23 - Morbidades da Aldeia Meruri na Ano de 2007............................................46 Figura 24 - Morbidades da Aldeia Meruri na Ano de 2008 dos Meses de Janeiro à Abril .........................................................................................................................................48 vii
  • 8. LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano.......10 Tabela 2 - Doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado (DRSAI).........14 Tabela 3 - Contaminação de água por organismos patogênicos provenientes de fezes via esgoto sanitário (Geldreicj, 1996)...................................................................................15 Tabela 4 - Doenças causadas por microrganismos parasitológicas presentes na água....16 Tabela 5 – Resultados das análises microbiológicas do Rio Barreiro em 2008..............40 Tabela 6 – Resultados das análises microbiológicas da Casa Abastecida pela Rede Distribuidora da Missão Salesiana em 2008....................................................................40 Tabela 7 – Resultados de análise microbiológica do Rio Cabeceira nos meses de Fevereiro a Novembro de 2008.......................................................................................41 Tabela 8 – Resultados das análise microbiológica do poço artesiano da rede de distribuição do Projeto AMA em 2008............................................................................41 Tabela 9 – Resultados das análise microbiológica da casa abastecida pela rede da FUNASA em 2008..........................................................................................................42 A Tabela 10 apresenta os resultados das análise microbiológica do Bebedouro Escolar em 2008...........................................................................................................................42 Tabela 11 – Resultados das análise microbiológica do bebedouro escolar em 2008 .....43 Tabela 12 – Valores de Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença) Ocorrida na Aldeia de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2005. Fonte: FUNASA. 44 Tabela 13 - Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença) Ocorrida na Aldeia de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2006, Fonte: FUNASA.................................45 Tabela 14 - Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença) Ocorrida na Aldeia de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2007..............................................................46 Tabela 15 - Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença) Ocorrida na Aldeia de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2008 dos Meses de Janeiro à Abril...............47 viii
  • 9. LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS AISAN Agente Indígena de Saneamento AMA Assistência Missionária Ambulante ANA Agencia Nacional das Águas CID Classificação Internacional de Doenças CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente DII Doenças infecciosas intestinais DIP Doenças infecto-parasitárias DRSAI Doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado DSEI Distritos Sanitários Especiais Indígenas FUNAI Fundação Nacional do índio FUNASA Fundação Nacional de Saúde MSMT Missão Salesiana de Mato Grosso MT Mato Grosso NPM Número mais provável OMS Organização Mundial de Saúde PCH Pequena Central Hidroelétrica SEMA Secretaria Estadual de Meio Ambiente SES Secretaria Estadual de Saúde SNIS Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento SUS Sistema único de Saúde ix
  • 10. RESUMO GUARIENTI, R.M. Qualidade do Abastecimento de Água da Aldeia Meruri-MT. 2008. 64p. Monografia para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia Sanitária - Ambiental, Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT, 2008. Este trabalho sobre a qualidade do fornecimento de água foi desenvolvido na aldeia de Meruri, localizada na região sul do Estado de Mato Grosso, Brasil. A tribo estabeleceu moradia fixa na atual localização Meruri desde 1923, devido a maior disponibilidade de água. Com o tempo de existência da colônia surgiram necessidades secundárias que não faziam parte do cotidiano dos ancestrais como o cozimento rotineiro de alimentos, o uso de roupas, louças, banheiros, chuveiro, torneiras, enfim novos costumes foram agregados a cultura, tornando-se necessário a implantação de um sistema de abastecimento de água para atender a demanda. Um sistema de abastecimento de água deve se adequar à população e não o inverso, o sistema deve fornecer: conforto, quantidade e qualidade, sendo estes três quesitos parcialmente atendidos na aldeia. O conforto é ameaçado na maioria das residências pela tubulação quebrada ou inexistente, a aldeia lida com falta de água, o abastecimento não é continuo e a qualidade da água não esta enquadrada nos padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria 518. É necessário implantar na aldeia um novo sistema de abastecimento onde atenda com folga e freqüência toda a população; promover instalação e manutenção das tubulações e peças hidráulicas das residências e adotar uma forma de tratamento de água que consiga aceitação de toda a população. Palavras-chave: abastecimento, contaminação, saneamento, indígena. x
  • 11. ABSTRACT GUARIENTI, R.M. Quality of Water Supply's Village Meruri-MT. 2008. 65p. Cuiabá, MT: 2008. MonograpH to obtain the Degree of Bachelor in Sanitary Engineering. Federal University of Mato Grosso This work of research on the quality of water supply was developed in the village of Meruri, located in the southern state of Mato Grosso, Brazil. The tribe established housing flat in Meruri current location since 1923 due to increased availability of water. Over time the existence of the colony were secondary needs that were not part of daily life in ancient as the routine of cooking food, the use of clothes, tableware, restrooms, showers, taps, new customs were finally added to culture, making it necessary The deployment of a system of water supply to meet demand. A water system must fit the population and not the reverse, the system must provide: comfort, quality and quantity, with these three questions partially met in the village. Comfort is endangered in most homes by pipe broken or nonexistent, the village deals with lack of water, the supply is not continuous and water quality is not framed in patterns of drinking established by Executive Order 518. It is necessary to deploy a new system in the village where supply meets slack and often with the entire population, promoting installation and maintenance of hydraulic pipes and pieces of homes, adopting a water treatment plant that can take up the entire population. Keywords: supply, contamination, sanitation, indigenous. xi
  • 12. 1. INTRODUÇÃO A disponibilidade de água é um pré-requisito para a instalação permanente de uma comunidade. Desde 1902 a tribo indígena da etnia Bororo de Mato Grosso abandonou o costume nômade, se adaptando a um local conveniente para o consumo de água, caça, plantio e instalação segura para construção de moradias fixas. Os índios Bororos da aldeia Meruri se instalaram primeiramente na área denominada Tachos, onde permaneceram por 21 anos. Com o aumento da população, a água do local se tornou insuficiente para a tribo, forçando a busca de uma nova área para aldeia. A área escolhida é próxima a margem direita do rio Barreiro, local onde a tribo está desde 1923, utilizando a água para consumo humano, fins domésticos, balneabilidade, pesca, dessedentação de animais e para geração de energia. A construção da aldeia possui uma estrutura planejada, onde a disposição das casas é pré-estabelecida e ocupada de maneira ordenada pelos Clãs do local (grupo de pessoas unidas por parentesco e com funções na sociedade pré-estabelecidas). No caso da aldeia Meruri, as casas formam um grande retângulo o qual circunda uma “casa central” chamada de “Bororo”, utilizada para reuniões e cerimônias de tradição dessa etnia. Devido aos laços culturais e a infra-estrutura da aldeia, um índio de Meruri raramente se muda do local. Com isso, a população vem crescendo e necessitando de ajustes nas instalações como na rede de abastecimento de água. A preocupação sanitária com a cultura indígena se dá por existir um consumo elevado de água por contato físico, como recreação, higiene pessoal, na preparação das refeições e ingestão da mesma. Geralmente a população consome a água sem nenhum tipo de tratamento de desinfecção, diretamente da fonte nos corpos d’água ou da água canalizada proveniente de poços artesianos e reservatórios. O uso de clorador foi 1
  • 13. iniciado no ano de 2008, no entanto houve rejeição por parte da população que não se adaptou ao gosto deixado pelo cloro. Por longos anos não se teve uma preocupação diante do fato visto que a água consumida era retirada de uma nascente, sendo que a comunidade acreditava que águas de nascentes eram necessariamente potáveis. Com o passar dos tempos esta fonte se tornou temporária, obrigando a população a diminuir a demanda e utilizar a água do rio quando necessário ou buscar novas fontes, como poços artesianos e canalizar água de fontes abundantes. A aldeia não possui coleta, nem destinação adequada para os resíduos sólidos, também é desprovida de drenagem de águas pluviais e boa parte das residências estão com a estrutura sanitária comprometida ou interditada. A precariedade da infra- estrutura associada com o abastecimento de água sem tratamento se torna um problema se saúde pública para a população. 2
  • 14. 2. OBJETIVOS 2.1. OBJETIVO GERAL Diagnosticar a qualidade da água consumida na aldeia, confrontando com os costumes sócio-culturais da população e falta de infra-estrutura sanitária. 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Para alcançar o objetivo do trabalho foram realizadas as seguintes etapas: • Análises a qualidade das águas de abastecimento nas residências e pontos de captação. • As formas de consumo de água dos moradores da aldeia, quanto a pontos de captação e ao tratamento; • Através das entidades competente um diagnostico das doenças relacionadas à contaminação hídrica notificados na aldeia; • Levantamento das condições de disposição dos resíduos sólidos e esgoto doméstico e os problemas com a tubulação nas residências. 3
  • 15. 3. JUSTIFICATIVA Este trabalho possui a pretensão de demonstrar a grandiosidade do problema da poluição na água de abastecimento para comunidades indígenas. E preocupa-se principalmente em ressaltar que o sistema de abastecimento de água deve se adaptar aos costumes da comunidade, não a comunidade se adaptar ao sistema. De fato, sabe-se que o problema de poluição das águas existe nas zonas urbanas, visto que grande parte da população consome água in natura proveniente da distribuição. Esta água apresenta baixa qualidade graças a precariedade da rede distribuidora. Porém, na cidade, existe a possibilidade de se obter uma água mineral ou uma água bem tratada. Nas aldeias como a de Meruri, que se encontra a 40 km da cidade mais próxima, o desafio é maior. O obstáculo cultural também é um forte oponente aos moradores, pois há dez anos preocupavam-se apenas com a quantidade de água e pouco com a qualidade. A aldeia possui uma peculiaridade socioeconômica que a difere das demais do estado, pois goza de infra-estrutura semelhante a áreas urbanas, podendo ser considerada uma vila. Seus moradores usufruem de acesso a tecnologias como antena parabólica, computadores, eletrodomésticos, eletricidade, telefone, casas de alvenaria e água encanada. Com isso, vê-se uma discrepância diante dos costumes sanitários referentes ao consumo de água . São isoladas as residências que utilizam alguma forma de tratamento para a água consumida, o que revela uma possível dificuldade de adaptação a implantação de tratamentos feitos em casa, por gerar custos ou mesmo por se tratar de um hábito a mais na rotina. Partindo do princípio que a população indígena em questão está aberta a hábitos urbanos, podemos concluir que pode ser feito mais uma inclusão em seus costumes, o tratamento de água para consumo, desde que seja um tratamento onde não lhes tragam custos, nem novas atividades no lar, nem alteração significativa no sabor da água. 4
  • 16. 4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4.1. SAÚDE PÚBLICA 4.1.1. Qualidade da Água para Consumo Humano O termo qualidade para a água quer representar se esta atende o nível de exigência e necessidade do consumidor. Quando se pensa em qualidade da água para consumo humano é necessário conhecer, estabelecer, estudar, controlar o conjunto de características que promovem uma água adequada para este consumo. Para padronizar estas necessidades foram sugeridos enquadramentos em portarias como a Portaria 518 do Ministério da Saúde intitulada de “Norma de Qualidade da Água para Consumo Humano” e em resoluções como a 357 do CONAMA que enquadra ás águas de acordo com sua qualidade para seus devidos usos. A água é um excelente solvente, porém esta qualidade a torna refém de si mesma. Em águas naturais são encontradas inúmeras impurezas dissolvidas, partes destas impurezas são inofensivas ao ser humano e outras extremamente perigosas como vírus, bactérias, parasitos, substancias tóxicas e até mesmo elementos radioativos. A preocupação com doenças de veiculação hídrica citada por RITCHER (1995, p.3) relata que segundo a OMS - Organização Mundial de Saúde, cerca de 80% de todas as doenças que se alastram nos países em desenvolvimento como o Brasil são provenientes de água de má qualidade. 4.1.2. Vulnerabilidade do Manancial A qualidade da água de um manancial vária com o tempo por isso ainda que em uma determinada análise esta água tenha apresentado índices aceitáveis de qualidade, o corpo d’água não esta livre de contaminação em outras épocas do ano. Uma chuva, uma fonte de contaminação pontual muda o quadro do manancial em horas. Por isso a água coletada para consumo humano deve ser controlada e tratada antes de distribuí-la aos usuários. A água e sua qualidade esta diretamente relacionada com a saúde dos consumidores, segundo TSUTIYA (2006) a água é o principal vetor de transmissão de 5
  • 17. doenças infecciosas. Atualmente em todas as sociedades houve redução de taxa de mortalidade por este tipo de doença, uma das principais causas dessa melhoria na saúde foi o saneamento ambiental. Além da saúde, proporcionar um abastecimento de água adequado leva a população oportunidades de higiene, conforto e bem estar. BATALHA (1977, p.28) recomenda algumas medidas para preservar a qualidade da água em sistemas públicos de distribuição: • Manutenção de concentração de cloro residual, para garantir a qualidade bacteriológica da água. • Manutenção de pressão mínima, de forma permanente, no sistema de canalizações. • Manutenção de certos valores para pH, concentração de CO², etc., para, prevenir corrosão e evitar concentrações de ferro na água. Ao chegar até o consumidor a água deve ser límpida, incolor, insípida, inodora, sem organismos patogênicos, sem substâncias químicas prejudiciais; não deverá provocar corrosão nem encrostamento nas tubulações e ainda ser protegida por processos que garantam manter a qualidade do produto final como o cloro residual. 4.2. CONDIÇÕES AMBIENTAIS 4.2.1. pH Nos sistemas de distribuição pública de água o pH geralmente encontra-se entre 6,5 e 9,5. O pH baixo tende a ser corrosivo e o pH alto tende a produzir incrustações na tubulação. A corrosão se torna preocupante, pois pode poluir a água com ferro, cobre, chumbo, zinco e cádmio, que são componentes da tubulação. 4.2.2. Sabor e Odor São um dos parâmetros mais significativos referentes a aceitação dos consumidores a água. Estas características são comumente trabalhadas juntas, pois a sensação de sabor origina-se do odor. 6
  • 18. “Alguns sais minerais, entre eles compostos de ferro e manganês, sulfato e Cloreto de sódio causam sabor. Odores e sabores poderem ser causados por: a) Gases em dissolução como o sulfeto de hidrogênio, b) matéria orgânica proveniente de algas tanto vivas como em decomposição, c) matéria orgânica em decomposição, d) resíduos industriais, e) o cloro, como residual ou em combinação (tricloroamina, clorofenóis etc.)”. (RICHTER e NETTO, 1995 p.287). 4.2.3. Temperatura A temperatura da água influencia na aceleração das reações químicas, reduz a solubilidade dos gases e acentua a sensação de sabor e odor. 4.2.4. Características Biológicas da Água Os agentes microbiológicos que estão presentes na hidrologia são de origem vegetal constituído por algas (verdes, azuis, diatomáceas) e bactérias (saprófitas e patogênicas) e de origem animal representado por protozoários e vermes. Os microorganismos presentes na água podem ser patogênicos e produzir sabor e dor desagradável. 4.2.4.1. Contagem do Número Total de Bactérias Por meio de técnicas obtém-se o numero de total de bactérias por centímetros cúbicos ou milímetro da amostra de água. Um número elevado de bactérias não acusa necessariamente que a água esteja poluída, pois uma variação brusca nos resultados dos exames pode indicar contaminação da amostra estudada. No geral águas poucos poluídas apresentam números baixos de bactérias. 4.2.4.2. Coliformes 7
  • 19. Os coliformes são um importante indicativo de poluição, pois são bactérias que normalmente habitam o intestino dos animais de sangue quente (humano, gado, ovelha e porco), sua presença em águas pode ser atribuída a contaminação da água por esgoto doméstico ou falta de proteção contra animais no sistema de captação e distribuição de água. A existência de seres patogênicos na água depende necessariamente de sua introdução no meio a partir de seus portadores, essa transmissão geralmente é através de fezes humanas ou de animais. O coliforme é um parâmetro indicador de contaminação fecal e essa contaminação pode indicar a presença de organismos patogênicos e outros componentes prejudiciais provindos de esgotos domésticos. Em média cada ser humano elimina diariamente 200 bilhões de bactérias coliformes. Este grupo é representado em números mais provável (NPM), que seria a quantidade mais provável de coliformes existentes em 100 mL da amostra. Dentre os Coliformes existe um grupo de maior importância para indicador de poluição que é a Escherichia coli (E. Coli) : bactéria pertencente à família Enterobacteriaceae. É a única espécie do grupo dos coliformes termotolerantes cujo habitat exclusivo é o intestino humano e de animais homeotérmicos. 4.3. LEGISLAÇÃO 4.3.1. Órgãos Responsáveis pela Manutenção da Qualidade da Água No Brasil existem várias Instituições Governamentais que padronizam, sugerem, promovem ações, fiscalizam assuntos referentes à água e sua proteção para o controle de qualidade, tais como: ANA - Agencia Nacional das águas FUNASA – Fundação Nacional de Saúde CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária SEMA – Secretaria Estadual de Meio Ambiente SES – Secretaria Estadual de Saúde Estas são algumas Instituições que estabelecem normas através de Leis, Resoluções e Portarias como manter um abastecimento de água adequado a população e proteger 8
  • 20. esta água em seu ambiente para que a mesma seja utilizada de maneira sustentável e com menos gasto possível em seu tratamento. 4.3.2. Resolução nº 357 de 17 de Março de 2005 Dentre as resoluções, a CONAMA 357 possui grande destaque ela classifica os corpos de água, trás diretrizes ambientais para o seu enquadramento, estabelecendo as condições e padrões de lançamento de efluentes. A resolução descreve que para recreação de contato primário, (contato direto e prolongado com a água), como a praticada na aldeia no Rio Barreiro e na Cabeceira. A água deve estar enquadrada em Classe especial, Classe I ou Classe II e para balneabilidade elas serão avaliadas pela Resolução 274/2000. 4.3.3. Resolução nº 274 de 29 de Novembro de 2000 A Resolução 274/2000 rege que para águas doces destinadas a balneabilidade (recreação de contato primário) terão sua condição avaliada nas categorias própria e imprópria. Então para que as águas do rio Barreiro e Cabeceira sejam consideradas próprias nos resultados das análises microbiológicas não poderão atingir: • Valor obtido na última amostragem superior a 2500 coliformes fecais (termotolerantes) ou 2000 Escherichia coli por 100 mililitros; • Incidência elevada ou anormal, na Região, de enfermidades transmissíveis por via hídrica, indicada pelas autoridades sanitárias. 4.3.4. Portaria nº 518 de 25 de Março de 2004 Esta portaria tem a função de Estabelecer procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. A Portaria 518 que define água potável como água para consumo humano em que os parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e não ofereçam riscos à saúde. 9
  • 21. E quanto ao Sistema de abastecimento de água para consumo humano a portaria diz que a instalação, destinada à produção e à distribuição canalizada de água potável para populações, é responsabilidade do poder público, mesmo que administrada em regime de concessão ou permissão. Como no caso da aldeia onde duas das redes de distribuição foram construídas e são ministradas pela Missão Salesiana. A portaria traz parâmetros em que a água deve estar enquadrada para que seja considerada potável. Em amostras individuais procedentes de poços, fontes, nascentes e outras formas de abastecimento sem distribuição canalizada, como as águas do rio Barreiro e da Cabeceira, toleram-se a presença de coliformes totais, na ausência de Escherichia coli. Porém, nesta situação deve ser investigados a origem da ocorrência destes organismos e tomar providências imediatas de caráter corretivo, preventivo e realizar nova análise de coliformes. Para a água canalizada o padrão desejado é a ausência de microorganismos indicadores de poluição. Para a água ser potável deve estar em conformidade com o padrão microbiológico descrito na Tabela 1. Tabela 1 - Padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano Parâmetro VMP¹ Água para consumo humano² Escherichia coli ou coliformes termotolerantes³ Ausência em 100mL Água na saída do tratamento Coliformes totais Ausência em 100mL Água tratada no sistema de distribuição (reservatórios e rede) Escherichia coli ou coliformes termotolerantes³ Ausência em 100mL Coliformes totais Sistemas que analisam 40 ou mais amostras por mês: Ausência em 100mL em 95% das amostras examinadas no mês. Sistemas que analisam menos de 40 amostras por mês: Apenas uma amostra poderá apresentar mensalmente resultado positivo em 100mL. 10
  • 22. Notas: (1) valor máximo permitido. (2) água para consumo humano em toda e qualquer situação, incluindo fontes individuais como poços, minas, nascentes, dentre outras. (3) a detecção de Escherichia coli deve ser preferencialmente adotada. FONTE: BRASIL, (2004) Para a água canalizada a Portaria 518 recomenda que o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5. 4.4. TRATAMENTOS SIMPLES 4.4.1. Desinfecção por Cloração A desinfecção na água destrói parte ou todos os microorganismos patogênicos contidos nela. A desinfecção através do cloro se faz necessária, pois não há garantias de remoção total dos microorganismos através dos tratamentos físico-químicos. O cloro é um dos desinfetantes mais utilizado e por ser facilmente encontrado (gás, líquido ou sólido), economicamente viável, de fácil aplicação, deixa um residual em solução (protegendo o sistema de distribuição) e elimina a maioria dos microorganismos patogênicos. O Cloro também tem suas desvantagens por ser um gás venenoso e corrosivo, é necessário precauções ao manuseá-lo e pode causar gosto e odor na água. O gosto e odor deixado na água são uma das dificuldades enfrentadas na aldeia, pois quando a água é clorada parte da população rejeita a água fornecida e bebe água de fontes sem o tratamento. “O Cloro devido seu poder oxidante pode ser utilizado no controle de sabor e odor, remoção de sulfeto de hidrogênio, ferro e manganês, remoção de cor etc.” (RICHTER e NETTO. 1995 P. 287) O cloro pode ser dosado através de cloradores que são aparelhos responsáveis por inserir cloro na água possibilitando uma dosagem regulada e uma freqüência de cloração ao longo da vazão distribuída. Estes aparelhos podem ser de aplicação direta sob pressão e de solução a vácuo. O clorador a vácuo é seguro, preciso e mais barato 11
  • 23. por isso é mais utilizado, nele o cloro é previamente dissolvido em uma corrente auxiliar de água através de um injetor. 4.4.2. Filtração Filtração é o processo que remove as impurezas presentes na água bruta (filtração lenta); na água coagulada ou floculada (filtração rápida direta); ou na água decantada (filtração rápida) pela passagem destas em um meio granular poroso, geralmente constituído em camadas de pedregulho, areia e antracito (comum nos filtros rápidos). A filtração direta tem sua denominação relacionada com a inexistência de unidade prévia de remoção de impurezas (Pré-Filtração). Estudos têm demonstrado que a filtração lenta apresenta alta eficiência na redução da Turbidez, Cor e Coliformes Totais, Demanda Química de Oxigênio, Carbono Orgânico Total, Substâncias Húmicas, Detergentes, Fenóis, Agro-químicos e diversos organismos (bactérias, vírus). A remoção de vírus pela filtração tem sido atribuída a três fenômenos: Predação microbiológica, adsorção na biomassa ou biofilme e absorção por superfícies não biológicas. 4.5. TÉCNICAS LABORATORIAIS 4.5.1. Meios de Cultura com Substratos Cromogênico e Fluorogênico O diferencial destes meios é a praticidade e a rapidez do resultado, fornecendo a resposta em 24 horas para Coliformes totais e fecais. Eles foram desenvolvidos para a identificação de microrganismos através da análise de suas enzimas constitutivas, contendo um substrato hidrolisável como um substrato definido para apenas os microrganismos alvo que se quer identificar. (coliformes totais e fecais). Essa tecnologia é denominada auto-análise, porque uma variação de cor é produzida pelo microrganismo pesquisado, sem nenhuma necessidade de testes confirmativos. 12
  • 24. 4.5.2. Pour Plate É um teste laboratorial indicador auxiliar da qualidade da água, ao fornecer informações adicionais sobre eventuais falhas na desinfecção, colonização e formação de biofilmes no sistema de distribuição. Proporcionando ambiente favorável para o crescimento bacteriano nos meios de cultura Plate Count Agar (PCA). Segundo DOMINGUES et al. (2007) A desvantagem de se utilizar o método Pour Plate é que o Agar deve ser mantido em banho Maria em 44-46°C e o calor deve ser controlado, pois ao inocular 1 ml da amostra na placa de petri e sobre a amostra 10 ml de Agar aquecido parte dos microorganismos podem não resistir a temperatura, omitindo o numero exato de colônias Determinado em UFC/mL Apesar da maioria das bactérias heterotróficas não ser patogênica, pode representar riscos a saúde, como também deteriorar a qualidade da água, provocando o aparecimento de odores e sabores desagradáveis. 4.6. DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA “As doenças de veiculação hídrica são caracterizadas principalmente pela ingestão de água contaminada por microrganismos patogênicos de origem entérica, animal ou humana, transmitidos basicamente pela rota fecal-oral”. (DOMINGUES. et al, 2007) Elas podem ser encontradas nas Doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado (DRSAI) como as descritas na tabela 2. Dessa forma as enfermidades são as doenças infecciosas intestinais (diarréias) e as helmintíases (verminoses) que têm maior relação com a falta d’água ou água de má qualidade. Essas enfermidades são endêmicas nas comunidades não atendidas por sistemas adequados de abastecimento de água e, por isso, representam indicador importante no planejamento dos serviços de saúde. Portanto, em termos de saúde pública, a eficiência dos Sistemas de Abastecimento de Água será maior, quanto menor for a incidência dessas doenças na população. 13
  • 25. Tabela 2 - Doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado (DRSAI) Categoria Doenças 1. Doenças de transmissão feco-oral Diarréias Febres entéricas Hepatite A 2. Doenças transmitidas por inseto vetor Dengue Febre Amarela Leishmanioses Leishmaniose tegumentar Leishmaniose visceral Filariose linfática Malária Doença de chagas 3. Doenças transmitidas através do contato com a água Esquistossomose Leptospirose 4. Doenças relacionadas com a higiene Doenças dos olhos Tracoma Conjuntivites Doenças da pele Micoses superficiais 5. Geo-helmintos e teníases Helmintíases Teníases Fonte: Brasil. Fundação Nacional de Saúde (2007, p.8) “As enfermidades que podem ser transmitidas pela água pertencem ao grupo das Doenças Infecciosas e Parasitárias – DIP, Conforme a classificação Internacional de Doenças – CID estabelecida pela Organização Mundial de Saúde – OMS. No Brasil, em 1979, essas doenças representavam 10,26% de todos os óbitos. Em 1995, elas passaram a representar 4,33%dos óbitos (DATASUS 2003). Os mais atingidos pelas DIP são as crianças até 9 anos que são quando as crianças apresentam baixa resistência orgânica.” (TSUTIYA, 2006 p. 5) Os Microorganismos que são liberados na água possuem um tempo de sobrevivência na mesma, podendo ficar dias à espera de um novo hospedeiro. Di Bernardo e Dantas (2005) apresentam uma série de organismos patogênicos que contaminam a água proveniente de esgotos sanitários (Tabela 3). A Tabela 4 apresentam as doenças causadas por microrganismos parasitológicas presentes na água. 14
  • 26. Tabela 3 - Contaminação de água por organismos patogênicos provenientes de fezes via esgoto sanitário (Geldreicj, 1996) Organismo Quantidade excretada por indivíduos infectados/g de fezes Sobrevivência máxima na água (dia) Dosagem infectante Bactéria Escherichia coli 108 90 102 a 109 Salmonella 106 60 a 90 106 a 107 Shigella 106 30 100 Campylobacter 107 7 106 Vibrio cholerae 106 30 108 Yersina enterocolitica 105 90 108 Aeromonas - 90 108 Leptospira - - 3 Vírus Enterovírus 107 90 1 a 72 Hepatite A 106 5 a 27 1 a 10 Rotavírus 106 5 a 27 1 a 10 Norwalk - 5 a 27 - Protozoários Entamoeba 107 25 10 a 100 Giardia 105 25 1 a 10 Cryotosporidium 100 - 1 a 30 Balantidium coli - 20 25 a 100 Helmintos Ascaris 1.000 365 2 a 5 Taenia 1.000 270 1 FONTE: Di BERNADO e DANTAS, (2005. p.10). A necessidade da água faz o povo bororo refém da qualidade da água local, como não possuem fonte segura para abastecimento e nem forma de tratamento. Um dos índios da localidade, Domingos Sávio, desabafa “Os engenheiros chegam aqui na aldeia falam que nossa água esta contaminada, eles só criticam, não nos dão alternativa. Essa é a única água que temos para beber.” A água esta relacionada com qualidade de vida, desde a preocupação com aspecto, sabor e odor, que quando inadequados trazem intransigências diariamente aos seus consumidores, a questão de saúde. Ainda que muitas doenças de veiculação hídrica com tratamento sejam reversíveis e não deixem seqüelas, a falta de tratamento destas podem levar a morte ou criar um quadro de morbidade para manifestação de doenças mais graves. 15
  • 27. “Ainda que a água esteja intrinsecamente vinculada com a vida, a vitalidade e a fertilidade, ela está também estreitamente relacionada com a morte.” (PENA, 2008 p.73) Tabela 4 - Doenças causadas por microrganismos parasitológicas presentes na água Microrganismo Doença Sintomas Ascaris lumbricoidis Ascaridíase Vômitos, organismos vivos nas fezes Cryptosporidium muris e parvum Criptosporidiose Diarréia aguda, dor abdominal, vômito e febre baixa Entamoeba histolytica Amebíase Diarréia alternada com constipação, disenteria crônica com muco e sangue Giardia lamblia Giardíase Diarréia intermitente Schistosoma mansoni Esquistossomose Infecção do fígado e baço Taenia saginata Teníase Dor abdominal, distúrbios digestivos e perda de peso FONTE: Di BERNADO e DANTAS (2005. p.1154) 4.7 SAÚDE PUBLICA Os hábitos da população precisam estar adequados para que a situação de saúde- doença não seja um ciclo vicioso onde o paciente recebe tratamento e acabe se contaminando novamente, necessitando do mesmo atendimento de saúde anterior. As populações devem seguir boas praticas no manuseio dos alimentos, lavar as mãos antes das refeições, tomar banho e trocar de roupa regularmente, utilizar utensílios como copos e talheres de maneira individual, limpar as caixas d’água domiciliares. A ausência de coleta dos Resíduos Sólidos faz com que a destinação final do mesmo seja inadequada, pois a população se livra dos resíduos no quintal de sua residência. O acumulo de lixo nos quintais promove abrigo adequado para crescimento de vetores transmissores de doenças. Eventualmente os resíduos acumulados são queimados e raramente enterrados em vala (figura1). 16
  • 28. Figura 1 - Resíduo sólido acumulado no quintal. A população da aldeia Meruri é altamente afetada por doenças infecciosas, a população conta com um posto de saúde com atendimento primário, promoção de campanhas e distribuição de remédios. O posto de Saúde conta com profissionais disponibilizados pela UNISELVA que trabalham em sistema de rodízio, 10 dias do mês na aldeia e o restante em Cuiabá limitando o acompanhamento de caso de um paciente por um mesmo profissional. Os técnicos de enfermagem da Uniselva que trabalham na aldeia relatam que nos prontuários do ano de 2008, boa parte da população buscava atendimento devido o desconforto causado pela diarréia e que estes pacientes costumavam retornar com o mesmo diagnóstico meses depois. A cada três meses a equipe de Saúde disponibiliza vermífugo a toda a população, no entanto parte da aldeia não busca do tratamento. 17
  • 29. A taxa de internações no Município de General Carneiro, localidade que atende Meruri é acima (no mínimo o dobro) da média Regional e estadual (figura 2). Figura 2 - Taxa de internações por Doença Diarréica Aguda em menores de 5 anos de idade - Município General Carneiro - 2000 a 2007 FONTE: Secretaria Estadual de Saúde (2008) De acordo com Nota emitida na revista Hydro, levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que a água contaminada mata 28 mil pessoas por ano no Brasil. Doenças como hepatite A, cólera e Febre Tifóide são responsáveis por 2,3% das mortes no país. A Hepatite A é relatada como uma das principais preocupações dos agentes de saúde da aldeia que informam ter um alto índice de contaminação da doença na população. A doença é uma inflamação do fígado é típica de áreas menos desenvolvidas, com más condições de higiene e falta de saneamento básico. A doença é transmitida pela via chamada fecal-oral, na maioria das vezes com fezes de pacientes contaminando a água de consumo e os alimentos. Segundo a FUNASA (BRASIL, 2002), em 2002 foram notificados pelas equipes multidisciplinares dos DSEIs 614.822 agravos à saúde em todo o Brasil, sendo que a principal categoria de doenças entre as que demandaram ao serviço foi a das Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP), correspondendo a 35,8% das consultas. Na categoria das DIPs as helmintíases prevaleceram sobre as demais, correspondendo a 18
  • 30. 42,7 de todos os atendimentos. As diarréias contribuíram com 28,8%, representando, em conjunto com as verminoses, 71,5% de todos os atendimentos por DIP. De acordo com MARTINS (2000), além da qualidade física, química e microbiológica da água, outro requisito para uma distribuição de água com qualidade é a quantidade e frequência com que ela chega aos usuários. Mesmo a disponibilização de água em quantidade suficiente, por sistemas de abastecimento precários, em termos de qualidade, no entanto, é melhor do que nada, pois é sabido que muitas doenças, como as escabioses (sarnas) e dermatofitoses (infecções da pele), por exemplo, podem ser reduzidas com higiene pessoal constante. Assim, com a expansão do abastecimento de água, é de se esperar que haja redução das enfermidades relacionadas com a qualidade ou quantidade de água. Segundo Heller et, al. (2006) como a existência de reservatório domiciliar, a intermitência no fornecimento de água e o preparo da água para o consumo são importantes na manutenção das características microbiológicas da água, influenciando no risco de transmissão das doenças infecciosas de veiculação hídrica. Os reservatórios domiciliares são pontos vulneráveis do sistema de abastecimento de água, pois representam locais prováveis de contaminação da água, dentro do próprio domicílio, caso não sejam tomadas medidas para garantir a manutenção da qualidade da água fornecida pelo sistema público, como a existência de cobertura, a freqüência da limpeza e a conservação da caixa d’água. Intermitência no fornecimento de água: Outro fator de risco para doenças transmitidas pela água, nas áreas CACE e CASE, abastecidas pela água tratada pela concessionária estadual de saneamento, é a interrupção no abastecimento de água, que influencia tanto a qualidade microbiológica como a quantidade da água para consumo humano. A intermitência no abastecimento de água favorece a perspectiva de contaminação na rede de distribuição. Porém, a alteração na qualidade da água não ocorre necessariamente sempre que se verifica a interrupção no fornecimento de água. Por outro lado, a alteração na quantidade de água fornecida relaciona-se com o risco à saúde, com a diminuição do consumo “per capita”, influenciando as práticas higiênicas, e com a adoção de fontes alternativas de abastecimento de água que na maioria das vezes não são seguras. 19
  • 31. A não confiabilidade na freqüência do abastecimento de água em quantidades necessária para os usos domésticos, faz com que os moradores da aldeia armazenem água em recipientes de maneira desprotegida (Figura 3) Figura 3 - Água armazenada para consumo. Outro problema que influencia na contaminação da água da rede de distribuição é a falta de drenagem pluvial na aldeia. Pois as águas pluviais inundam os lotes ocorrendo empoçamento, que poderá infiltrar na tubulação com vazamento. A aldeia ainda possui a fragilidade de contaminação devido a falta de destinação adequada para os Resíduos Sólidos na tribo. A presença de vetores esta associada ao acúmulo de lixo e à existência de esgotos a céu aberto. Apesar das moscas e ratos serem capazes de transportar agentes infecciosos de doenças, tais como a febre tifóide, salmoneloses, shigeloses, amebíase, giardíase, cisticercose, dentre outras. As precárias condições ambientais, decorrentes da insalubridade das habitações, são, potencialmente, favoráveis para o aumento das infecções por parasitas e, algumas vezes, até contribui para maior intensidade de transmissão, inclusive em áreas beneficiadas pelo saneamento ambiental. De nada adianta o Tratamento da água em reservatórios se a contaminação será dada na moradia dos indígenas, devido a precariedade das moradias. A fotografia abaixo representa bem esta situação, o esgoto primário do banheiro da residência acumula próximo a moradia juntamente com o lixo dos moradores (Figura 4). 20
  • 32. Figura 4 - Esgoto e resíduos sólidos próximo a moradia. Levar água segura aos domicílios indígenas seja ela superficial, de chuva ou subterrânea, é uma obrigação do Estado porque esse tema aborda uma dimensão vital e de saúde humana. No Brasil, a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) é responsável pela saúde ambiental nas Terras Indígenas. Esta atividade envolve a execução de ações de saneamento básico relacionadas ao abastecimento de água, esgotamento sanitário e melhorias sanitárias domiciliares, além de outras ações de proteção do ambiente. As ações de saúde ambiental vêm sendo coordenadas pelo Departamento de Engenharia de Saúde Pública (DENSP), em articulação com o Departamento de Saúde Indígena (DESAI) e executadas pelas Divisões ou Seções de Engenharia de Saúde Pública (DIESP/SENSP) das Coordenações Regionais da FUNASA nos estados, em articulação com os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). A aldeia conta com um AISAN - Agente Indígena de Saneamento o qual reclama da falta de participação da população. Relata que recomenda aos moradores fazerem a limpeza da caixa d’água residencial e que sofreu muita reclamação da população contra a utilização do Cloro na água, obrigando o mesmo a suspender o tratamento. 21
  • 33. 5. MATERIAIS E MÉTODOS 5.1. ÁREA DE ESTUDO 5.1.1. Aldeia de Meruri A aldeia de Meruri (Figura 5) é atualmente a maior aldeia dos índios Bororo, com uma população de 483 habitantes (FUNASA, 2008). Localizada no sudeste do estado do Mato Grosso com área total da reserva de 82,301 ha, que atualmente abriga duas aldeias, Meruri e a do rio Garças. Foi demarcada em 1976 (Decreto 76.999/76) e homologada em 1987 (Decreto 94014/87). A área de estudo foi as casas atendidas pela rede de abastecimento de água da FUNASA e da Missão Salesiana com 415 índios bororos. Figura 5 - Área Indígena da Aldeia Meruri no Estado A tribo abandonou o comportamento nômade em 1902 e estabeleceu moradia fixa, primeiramente na região denominada de “Tachos” a qual foi substituída em 1923 pela atual localização Meruri devido a maior disponibilidade de água. Com o tempo de existência da colônia surgiram necessidades secundárias que não faziam parte do cotidiano de seus ancestrais como o cozimento rotineiro de alimentos, o uso de roupas, louças, banheiros, chuveiro, torneiras, enfim novos costumes foram agregados a cultura, tornando-se necessário a implantação de um sistema de abastecimento de água. Dos anos de 1940 à 1978 funcionou no local um internato de meninos e meninas administrados por padres e freiras, criando grande movimento de não índios na aldeia, o que gerou uma mesclagem de culturas na tribo. 22
  • 34. Suas terras são cortadas pela rodovia federal BR-70, separada desta rodovia por um trecho não pavimentado de aproximadamente 5 km, a comunidade tem acesso relativamente fácil às cidades e lugarejos próximos e, conseqüentemente, fácil comunicação com a comunidade externa não-índia, bem como acesso a seus bens e serviços, sendo cerca de 50 quilômetros da cidade de General Carneiro e 120 quilômetros de Barra do Garças, cidade onde são levados os índios com casos graves de doenças. A aldeia conta com posto de saúde, igreja e escola. O posto de saúde trabalha com enfermeiro e técnicos de enfermagem da UNISELVA, que promovem campanha de vacinação e distribuição de medicamentos e atendimentos simples, atendimentos complexos ou que necessitem de aparelhagem são feitos na cidade de Barra do Garças. A igreja é mantida pela Missão Salesiana do estado de Mato Grosso, de religião católica e a reza segue os rituais da igreja católica, no entanto conta ornamentos da cultura indígena e missa na língua da tribo. A escola é mantida pela prefeitura municipal de General Carneiro e pela Missão Salesiana onde 116 alunos e 13 professores desfrutam do Ensino Fundamental. Os índios que se interessam em cursar o Ensino médio são levados ao vilarejo de Paredão. 23
  • 35. 5.1.2. Pirâmide Etária da Aldeia de Meruri – MT Figura 6 - Pirâmide de Faixa Etária da Aldeia de Meruri – 2008 Fonte: FUNASA, (2008) 5.1.3. Finalidade da Água na Aldeia A água na aldeia é utilizada para usos domésticos (alimentação, higiene, limpeza, recreação e esportes), dessedentação de animais, geração de energia, irrigação, navegação, aqüicultura (pesca) e a assimilação de esgotos urbanos. “Apesar de a água ser utilizada também de forma plural pelas populações indígenas, o seu uso é menos diversificado do que aquele que ocorre nas sociedades urbano-industriais, pois nestas últimas a água é usada também para uma grande diversidade de usos não-domésticos e em larga escala.” (PENA, 2008) PENA (2008) descreve ainda que em sociedades urbanas e industrializadas a água é um bem controlado tecnologicamente por meio de estações de tratamento, represas, bacias de detenção, etc; para os povos indígenas a água dos rios, riachos, lagos, 24
  • 36. nascentes “é um bem da natureza, muitas vezes dádiva da divindade, responsável pela sua abundância ou pela sua escassez. Proveniente da natureza, a água é um bem de uso, em geral coletivo” 5.1.4. Histórico do Abastecimento A tribo de índios Bororos ao longo de Sua história sempre teve que se adaptar as adversidades do fornecimento de água. Mudando freqüentemente de fontes, se adaptando a novas distâncias ou hábitos diferentes para suprir as necessidades vitais e de higiene pessoal. A tribo abandonou o comportamento nômade em 1902 e estabeleceu moradia fixa, primeiramente na região denominada de “Tachos” e conviveu com problemas de disponibilidade de água no local. O local era desprovido de rede de abastecimento, os índios buscavam água em recipientes e armazenavam para o consumo. A tribo foi em busca de local com maior abundancia em água no ano de 1923. A área escolhida foi Meruri. A tribo estabeleceu moradia entre o rio Barreiro e um riacho da Cabeceira. Por volta de 20 anos atrás a rede de distribuição de água da missão Salesiana foi instalada em Meruri, coletando água na Cabeceira, acumulando em um reservatório, que por gravidade mandava a água para outro reservatório o qual abastecia as dependências dos Salesianos e as casas da aldeia. Há cerca de 10 anos no centro da aldeia havia uma fonte de abastecimento, era uma nascente com um acumulo de água em potencial, onde era utilizada para consumo humano e balneabilidade, hoje a área é seca, obrigou os moradores a abandonar esta fonte. Com o aumento da população algumas famílias tiveram que construir suas casas fora do quadrado oficial da aldeia, abstendo-se da água canalizada. No ano de 1998 o Projeto AMA, Ação Missionária Ambulante, instalou poço artesiano com bombeamento por placa solar com rede de distribuição de água para estas famílias. Para famílias que estavam isoladas das duas redes de distribuição de água o projeto instalou poços com bombeamento mecânico próximo as famílias isoladas. Hoje na aldeia existem 4 poços do projeto desativados. 25
  • 37. A aldeia contava com energia fornecida por uma PCH instalada no Rio Girigiga da aldeia, até Setembro de 2007 a energia da aldeia era fornecida exclusivamente pela PCH. Portanto o consumo de energia elétrica era limitado ao horário de funcionamento do gerador da usina. Esse problema de energia limitava o funcionamento de bombas para sucção da água dos poços artesianos. O Projeto AMA instalou em seu sistema placa solares. O conjunto de bombas da FUNASA funciona com óleo Diesel. Alternativa que limitou o fornecimento, pois há gastos para adquirir o produto que vai alem de seu preço, já que a cidade mais próxima esta a 40 km. Depois de setembro de 2008 o projeto “Luz para todos” atendeu a população, no entanto a bomba de adução não esta adaptada para forma elétrica ainda. 5.1.5. Pontos de fornecimento de água da aldeia: Atualmente a aldeia conta com três redes de abastecimento distintas: a da FUNASA, a do rio Cabeceira e de um poço artesiano do projeto AMA (ANEXO 1), todas sem nenhum tipo de tratamento. Um rio, nomeado Barreiro (Figura 7), à cerca de 50m da aldeia, atende toda a comunidade para balneabilidade, pesca, para lavar roupa e consumo de água esporadicamente. Figura 7 - Rio Barreiro em período de estiagem. A rede de distribuição de água da Cabeceira, a qual possui grande vantagem por ser um sistema de operação praticamente independente, por não necessitar de 26
  • 38. bombeamento. A Cabeceira que é o local da captação da água, abastecendo cerca de 80% da aldeia a água captada vai para um reservatório subterrâneo de aproximadamente 20.000 litros. Este reservatório fornece água para outro reservatório que se encontra na aldeia o qual distribui água para as casas abastecidas pela rede de distribuição da Missão Salesiana. A captação possui uma fragilidade além da falta de controle sobre a pequena vazão do corpo d’água, a tubulação perfurada que capta a água por vezes é impregnada de folhas, interferindo o fluxo. A captação fica a cerda de 1.500metros da aldeia (Figura 8), a retirada de folhas e objetos que possam estar interrompendo a captação só acontece quando os moradores percebem diminuição do fornecimento. Figura 8 - Cabeceira - local de captação de água. O reservatório próximo a captação tem a pretensão de acumular água para não interromper o abastecimento e mandar em vazão necessária para o reservatório situado na aldeia por gravidade (Figura 9). Embora o reservatório não seja vedado adequadamente e não possua programas de limpeza, sua estrutura protege a água acumulada de grandes animais. 27
  • 39. Figura 9 - reservatório subterrâneo. A água do reservatório subterrâneo chega direto na aldeia para o reservatório elevado que distribui água sem nenhum tratamento para maior parte da aldeia (Figura 10). Figura 10 - Reservatório de distribuição de água da Cabeceira para a aldeia. A água da Cabeceira fornece ainda outro ponto para balneabilidade e demais usos para os moradores (Figura 11). 28
  • 40. Figura 11 - Água da Cabeceira utilizada para balneabilidade e demais usos. A aldeia conta com um poço artesiano da FUNASA em funcionamento atendendo parte da aldeia com caixa d’água com capacidade de 30.000litros. O bombeamento da água deste poço é movido a óleo Diesel, dificultando seu funcionamento e depende ainda da presença de um responsável para a liberação da água (Figura 12). Figura 12 - Reservatório de distribuição da FUNASA. A rede de distribuição de água da FUNASA abrange toda a aldeia, no entanto seu funcionamento não é o mais confiável. A população não pode contar com a certeza 29
  • 41. do funcionamento da água devido ao não comparecimento do funcionário ou falta de óleo para o funcionamento da bomba. Durante o ano o reservatório rompeu interrompendo o abastecimento pela rede FUNASA durante mais de 30 dias (Figura 13). Figura 13 - Reservatório rompido da FUNASA em abril de 2008. Do reservatório a FUNASA distribui água para os reservatórios residenciais de 250 litros. Com a falta de distribuição de água da FUNASA, ou falta de pressão em algumas residências, os banheiros ficam inutilizáveis e a população acaba evacuando no quintal de casa (Figura 14). Figura 14 - Reservatório domiciliar. 30
  • 42. Outra rejeição da população quanto à rede de distribuição da FUNASA foi o uso de Cloro na água, a dosagem prejudicou o paladar da água significativamente. Parte da população reclamou de diarréia após o consumo, outra rejeitou a água devido ao paladar e buscou outras fontes de abastecimento como a Cabeceira e o Rio Barreiro durante o período. O uso do Cloro foi interrompido por conta da rejeição popular e o clorador foi inativado (Figura 15). Figura 15 - Clorador inativo da rede de distribuição da FUNASA. E uma pequena parte da aldeia mais precisamente 12 casas são atendidas pelo poço artesiano do projeto AMA que possui funcionamento com placa solar (Figura 16). Esta pequena rede de distribuição foi construída para atender estes moradores que não cabiam mais no grande quadrado da aldeia. A rede foi construída em 1998, para as casas já existentes, hoje ela atende mais 4 casas fora do projeto inicial. 31
  • 43. Figura 16 - Poço artesiano do Projeto AMA 5.1.6. Problemas com a Tubulação de distribuição A tubulação da aldeia é antiga e foi instalada com pequena profundidade (Figura 17). Hoje em dia o trajeto da tubulação coincide com o trajeto dos carros. A pouca profundidade leva a tubulação a total exposição ou a rompimento. Transformando num ponto de infiltração nos momentos em que o fornecimento de água é interrompido. 32
  • 44. Figura 17 - Marcas de pneu próximas a tubulação comprometida. A declividade do terreno e a ausência de drenagem pluvial fazem com que o esgoto lançado a céu aberto, as fezes evacuadas fora da privada sejam levadas com a chuva para quintais vizinhos. Caso a tubulação destes quintais atingidos esteja comprometida esta lama contaminada poderá infiltrar na rede de distribuição de água transformando a água imprópria para o consumo humano. Nove casas da aldeia não possuem banheiro na residência. E das casas que possuem banheiro parte está inutilizável devido a falta de água para a utilização da descarga, outra parte está sendo usada parcialmente devido a falhas na tubulação. A figura abaixo mostra que há um vazamento de esgoto do banheiro antes do mesmo chegar a fossa séptica (Figura 18). 33
  • 45. Figura 18 - Precariedade do esgotamento sanitário. Os vazamentos da tubulação provocam outro tipo de problema a aproximação de animais domésticos e selvagens para beber a água acumulada no terreno. A aldeia é circundada por mata fechada habitat natural de muitos animais transmissores de doenças (Figura 19). Para combater a praga de rato alguns moradores colocam veneno em suas casas, os ratos procuram local com água desprotegida para beber, como caixas d’água destampadas e tambores de armazenamento, contaminando a água que poderá ser consumida pelas pessoas. Figura 19 - Rato morto em frente a uma residência. 34
  • 46. A falta da estrutura física para a distribuição de água em algumas casas é assustadora, na casa abaixo moram 9 pessoas, eles não possuem banheiro e o único ponto de água da casa é a torneira a 30 cm do chão (Figura 20). Figura 20 - Residência com apenas uma torneira. O vazamento na tubulação diminui a pressão dinâmica da rede, prejudicando casas com pequeno desnível geográfico em relação ao reservatório. Parte da aldeia vivencia este drama, pois a água não tem “força” para abastecer a caixa d’água, deixando o banheiro inutilizável. De acordo com COSTA (2008), entre as possíveis causas para a ocorrência de furos na tubulação destacam-se: • Material utilizado. • Profundidade inadequada. • Idade da ligação. • Mudança de tráfego. • Tipo do solo e aterro. • Execução e manutenção anteriores. 35
  • 47. “É de conhecimento geral que há uma queda de pressão generalizada nos casos em que ocorrem rupturas de rede, mas, por outro lado, não é possível estimar-se facilmente a região onde esta queda de pressão é mais pronunciada ou mesmo se gera condições de pressão excepcionalmente baixa nos condutos da rede. A delimitação de regiões de baixa pressão é de grande relevância para que seja possível identificar os pontos mais vulneráveis á contaminação na rede, bem como subseqüentemente mapear o espalhamento da contaminação”. (VASCONCELOS e KOIDE, 2008, p.29) 5.2. FREQÜÊNCIA E PONTOS DE AMOSTRAGEM Este trabalho foi realizado através de pesquisas em campo na aldeia Meruri. Foram realizadas 6 coletas durante o ano de 2008, buscando atender as seguintes recomendações da Portaria 518 de 25 de Março de 2004: “A amostragem deve obedecer aos seguintes requisitos: I - distribuição uniforme das coletas ao longo do período; e II - representatividade dos pontos de coleta no sistema de distribuição (reservatórios e rede), combinando critérios de abrangência espacial e pontos estratégicos, entendidos como aqueles próximos a grande circulação de pessoas ou edifícios que alberguem grupos populacionais de risco (como a escola.), aqueles localizados em trechos vulneráveis do sistema de distribuição (pontas de rede, pontos de queda de pressão, locais afetados por manobras, sujeitos à intermitência de abastecimento, reservatórios, etc.) e locais com sistemáticas notificações de agravos à saúde tendo como possíveis causas agentes de veiculação hídrica.” Nas visitas foram coletadas amostras de água dos seguintes pontos: • P1 - Coleta pontual no Rio Barreiro; • P2 - Casa abastecida pela rede distribuidora da Missão Salesiana, captada na Cabeceira de um riacho local; 36
  • 48. • P3 - Coleta pontual na Cabeceira; • P4 - Casa abastecida pela rede distribuidora do Projeto AMA proveniente de poço artesiano; • P5 - Casa abastecida pela rede distribuidora da FUNASA proveniente de poço artesiano, sofrendo esporadicamente cloração; • P6 - No bebedouro escolar, proveniente da rede da Missão Salesiana, submetida a filtração. Como o foco do trabalho é diagnosticar a qualidade da água consumida pela população, a coleta foi feita na rede de distribuição, e nos pontos utilizados para balneabilidade. As amostras de água da rede de distribuição foram coletadas nos pontos desfavoráveis da rede e as amostras dos cursos d’água nos 2 pontos mais freqüentados pela comunidade indígena. Outro ponto de coleta foi o filtro escolar por ser uma fonte onde boa parte da população tem acesso diariamente. Para a coleta das amostras procurou-se reproduzir de maneira que mais se assemelhasse a prática dos moradores, ou seja, na rede de distribuição a coleta foi feita na torneira sem desinfecção e flambagem e coletando o volume necessário sem que a água escoasse. No rio Barreiro e na Cabeceira foram coletados nos pontos mais freqüentados pela população, sendo a coleta feita próxima a margem dos corpos d’água. 5.3. ANÁLISES E EXAMES A SEREM EFETUADAS A determinação da possível contaminação microbiológica das amostras foi determinada através das técnicas Pour Plate e Técnica do Substrato Definido (Colilert) sendo contabilizadas as bactérias heterotróficas, coliformes totais e fecais. Foram realizadas 06 (seis) coletas ao longo do ano de 2008, com a expectativa de atender as exigências da Portaria 518. Sendo que a água do rio Barreiro e da Cabeceira deverão se enquadrar em Classe Especial (águas destinadas: ao abastecimento doméstico sem prévia ou com simples desinfecção; à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas) prevista na resolução 357/05. Foram aplicados questionários a população e entrevistas com os moradores mais antigos e administradores locais. O questionário foi realizado com no mínimo 20% das 37
  • 49. casas da aldeia, sendo escolhidas de forma aleatória e com o morador mais velho da casa. A entrevista sobre os tratamentos de água pretendia conhecer o quanto a população conhecia sobre os tratamentos que podem ser feitos para melhoria da qualidade da água a ser consumida. O questionário e a entrevista buscaram colher informações sobre as formas de abastecimento ao longo do tempo vida na aldeia, demonstrar como foi a mudança de fonte de abastecimento de água sendo esta mudança por conveniência ou por necessidade. Verificou-se o histórico de doenças dos últimos 3 anos (2005, 2006, 2007 e início de 2008), visando conhecer qual seria o potencial de doenças assimiladas à contaminação hídrica. Estes dados foram fornecidos pela FUNASA. A coleta das amostras foi realizada em recipientes assépticos e conservadas em isopor com gelo para manter temperatura adequada até chegar ao laboratório de microbiologia da UFMT para análises (tempo inferior a 24 horas). Para a determinação de coliformes totais e fecais foi utilizada a técnica do Substrato definido. Retirava-se 100 mL do frasco da coleta por meio de pipeta estéril e colocada em um frasco onde adicionava o substrato definido agitando até a completa diluição dos grânulos. Posteriormente a solução foi colocada em uma cartela composta de 49 cúpulas grandes e 49 pequenas, levando a seladora para que a solução fosse distribuída igualmente. Em seguida as cartelas foram incubadas a 35º C em estufa por 24 horas. A leitura da cartela resumia em positivo para coliforme total se a cúpula mantivesse a coloração amarela e, para coliforme fecal se apresentasse coloração azul quando submetida a lâmpada ultravioleta (115 volts, 6hz, 20 AMPS). O teste era negativo com ausência de coloração. Os resultados foram expressos de acordo com a tabela NMP (número mais provável em 100 mL de água), onde uma cúpula positiva equivale a uma bactéria em 100 mL de água. Conforme descrito por DOMINGUES et al. (2007), a contagem de bactérias heterotróficas é utilizada como indicador da qualidade de água potável, sendo que os microrganismos são detectados por propagação em meios não-seletivos como o Plate Count Agar (PCA).O teste inclui a detecção, inespecífica, de bactérias ou esporos de bactérias, sejam de origem fecal, componentes da flora natural da água ou resultantes da formação de biofilmes no sistema de distribuição.Portanto o teste é um indicador 38
  • 50. auxiliar da qualidade da água, fornecendo informações adicionais sobre eventuais falhas na desinfecção, colonização e formação de biofilmes no sistema de distribuição. A desvantagem de se utilizar o método Pour Plate é que o Agar deve ser mantido em banho Maria em 44-46°C e o calor deve ser controlado, pois ao inocular 1 mL da amostra na placa de petri e sobre a amostra 10 mL de Agar aquecido parte dos microorganismos podem não resistir a temperatura, omitindo o número exato de colônias. Determinado em UFC/mL Apesar da maioria das bactérias heterotróficas não ser patogênica, pode representar riscos a saúde, como também deteriorar a qualidade da água, provocando o aparecimento de odores e sabores desagradáveis. 39
  • 51. 6. RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS 6.1. PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS E BACTERIOLÓGICOS DA ÁGUA DA ALDEIA O Rio Barreiro é utilizado para balneabilidade, usos domésticos e esporadicamente para consumo humano. A Tabela 5 apresenta os resultados obtidos das análises microbiológicas do rio Barreiro e a Tabela 6 apresenta os resultados de análise microbiológica da casa abastecida pela rede distribuidora pela Missão Salesiana. Tabela 5 – Resultados das análises microbiológicas do Rio Barreiro em 2008. P.1- Rio Barreiro Dia da coleta Hora da coleta pH T.(°C) Água T.(°C) Ar Chuvas (24h) Coliformes Totais E. Coli Bactérias Heterotróficas 5/fev 12:50 7,19 25.3 32,5 sim >2.419,2 0 >500 9/abr 08:10 5,79 24 24.3 não 1.076,00 620 - 30/mai 17:30 6,31 26.1 25.9 sim 6.488,00 644 >500 25/ago 17:20 6,24 26.2 25.3 não >2.419,2 110 315 12/out 08:30 7,68 23,6 23,7 não 1.355,00 265 270 5/nov 09:00 7,53 25,8 27,5 sim 3.325,00 708 >500 A Portaria 518 diz que a presença de coliformes totais é tolerável, na ausência de Escherichia coli e/ou coliformes termotolerantes. Apenas a primeira amostra atende esta condição, a água do Rio Barreiro é considerada imprópria para o consumo humano direto sem tratamento, somente com desinfecção. Para que a água seja utilizada para abastecimento é necessário que seja submetida a tratamento de desinfecção. Para a balneabilidade a água é considerada satisfatória. Tabela 6 – Resultados das análises microbiológicas da Casa Abastecida pela Rede Distribuidora da Missão Salesiana em 2008 P2 - Casa abastecida pela rede distribuidora da Missão Salesiana Dia da coleta Hora da coleta pH T.(°C) Água T.(°C) Ar Chuvas (24h) Coliformes Totais E. Coli Bactérias Heterotróficas 5/fev 13:00 7,01 28 34.2 sim 1.413,60 16 >500 9/abr 08:25 5,37 26 26.5 não 53,80 21,8 - 30/ma i 17:46 6,47 27 26.2 sim 7,40 0 128 25/ago 17:32 5,81 27.4 26.7 não 290,90 0 132 12/out 08:40 7,68 28,3 26,6 não 382,00 20 127 5/nov 09:13 7,12 26 28 sim 77,60 30,5 172 40
  • 52. Sendo assim a água da rede de distribuição da FUNASA foi considerada Imprópria para consumo humano. Em duas amostras o pH se encontrava abaixo do padrão estabelecido pela Portaria 518, que recomenda que o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5. A Tabela 7 apresenta os valores obtidos das análises microbiológicas do Rio Cabeceira entre os dias 5 de fevereiro a 5 de novembro de 2008. Tabela 7 – Resultados de análise microbiológica do Rio Cabeceira nos meses de Fevereiro a Novembro de 2008 P3 - Cabeceira Dia da coleta Hora da coleta pH T.(°C) Água T.(°C) Ar Chuvas (24h) Coliformes Totais E. Coli Bactérias Heterotróficas 5/fev 13:11 7,11 25,2 33.4 sim 686,7 3,1 30 9/abr 08:37 5,54 26.4 27.8 não 159,70 0 - 30/mai 17:51 6,22 26,3 26,7 sim 1.860,00 97 160 25/ago 17:41 5,7 27.9 27.2 não >2.419,2 5,2 172 12/out 08:56 8,88 25,3 25 não 909,00 20 152 5/nov 09:25 7,48 26.3 28.5 sim >2.419,2 >2.419,2 185 A Portaria 518 estabelece que a presença de coliformes totais é tolerável, na ausência de Escherichia coli e/ou coliformes termotolerantes. Como em apenas uma das amostras apresentam estas condições, a água da Cabeceira é considerada imprópria para o consumo humano. Para que a água seja utilizada para abastecimento é necessário que seja submetida a tratamento de desinfecção. Para a balneabilidade a água é considerada satisfatória. A Tabela 8 apresenta os resultados das análises microbiológica das águas do poço artesiano da rede de distribuição do Projeto AMA em 2008. Tabela 8 – Resultados das análise microbiológica do poço artesiano da rede de distribuição do Projeto AMA em 2008 P4 - Rede de distribuição do Projeto AMA proveniente de poço artesiano Dia da coleta Hora da coleta pH T.(°C) Água T.(°C) Ar Chuvas (24h) Coliformes Totais E. Coli Bactérias Heterotróficas 5/fev 13:30 7 26.5 34.2 sim 0 0 0 9/abr 08:51 5,65 26.1 27 não 108.10 2 - 30/mai 18:03 6,32 27.2 26.9 sim 1.0 0 5 25/ago 17:56 5,8 26.9 27.5 não 0 0 0 12/out 09:13 8,08 27,4 24,7 não 0 0 2 5/nov 09:40 7,3 27 28.9 sim 920.00 0 18 41
  • 53. A rede de distribuição a rede do projeto AMA foi a que apresentou melhores resultados. Porém apenas 3 das amostras foram adequadas a Portaria 518 que estabelece ausência de Coliformes totais e E. Coli para consumo humano. A E. Coli apareceu em apenas uma das amostras. Em duas amostras o pH se encontrava abaixo do padrão estabelecido pela Portaria 518, que recomenda que o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5. A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos das análise microbiológica da água coletada em uma casa abastecida pela rede de abastecimento realizada pela FUNASA em 2008. Tabela 9 – Resultados das análise microbiológica da casa abastecida pela rede da FUNASA em 2008 P5 - Casa abastecida pela rede da FUNASA proveniente de poço artesiano Dia da coleta Hora da coleta pH T.(°C) Água T.(°C) Ar Chuvas (24h) Coliformes Totais E. Coli Bactérias Heterotróficas 5/fev 13:47 6.91 26.7 34 sim 140.3 2.0 27 9/abr 08:59 5.65 26.3 27.1 não 159.7 0 - 30/ma i 18:15 6.13 27 26 sim 325.5 13.2 270 25/ago 18:17 6,24 26.8 27.6 não 365.4 4.1 232 12/out 09:24 9.25 26.1 25.6 não 190.4 1.0 >500 5/nov 09:55 8,1 26 28.2 sim 332.5 57.8 >500 As 6 amostras de água da rede de distribuição da FUNASA apresentaram contaminação por coliformes totais, e em 5 amostras por E. Coli para 100 mL. E, em 2 amostras o resultado foi superior a 500 UFC (Unidades Formadoras de Colônia) por 100 mL. Em uma das amostras o pH se encontrava abaixo do padrão estabelecido pela Portaria 518, que recomenda que o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5 Sendo assim a água da rede de distribuição da FUNASA foi considerada Imprópria para consumo humano. A Tabela 10 apresenta os resultados das análise microbiológica do Bebedouro Escolar em 2008 42
  • 54. Tabela 11 – Resultados das análise microbiológica do bebedouro escolar em 2008 P6 - Bebedouro escolar Dia da coleta Hora da coleta pH T.(°C) Água T.(°C) Ar Chuvas (24h) Coliformes Totais E. Coli Bactérias Heterotróficas 5/fev 13:55 7,22 24.1 34.5 sim >2.419,20 2 40 9/abr 09:07 5.64 25.2 27.1 não 0,00 0 - 30/ma i 18:22 6.15 24.2 26.8 sim 5.2 0 31 25/ago 18:39 5.68 24.5 27.9 não 0.0 0 7 12/out 09:39 9.16 25 25.3 não 16.6 0 130 5/nov 10:02 7,9 24.3 28.4 sim 0.0 0 2 A água do bebedouro apresenta contaminação por coliformes totais em 50% das amostras, a contaminação por E. Coli foi detectada em apenas uma das amostras. No entanto a filtração não esta sendo suficiente para a eliminação das Bactérias. Ainda que a água do filtro não possa ser considerada como potável, é o melhor resultado de água para consumo humano da aldeia. Em duas amostras o pH se encontrava abaixo do padrão estabelecido pela Portaria 518, que recomenda que o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5 6.2. MORBIDADE NA ALDEIA Os dados de morbidade da aldeia Meruri foram fornecidos pelo DESEI de Cuiabá são apresentados na Tabela 11. A Figura 21 mostra que as doenças infecciosas então entre as três maiores morbidades da aldeia durante o ano de 2005. Se considerarmos que cada notificação corresponde a um paciente, mais da metade dos moradores da aldeia foram atingidos pelo mal. 43
  • 55. Tabela 12 – Valores de Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença) Ocorrida na Aldeia de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2005. Fonte: FUNASA Descrição Capítulo CID Total Sintomas sinais e achados anormais 523 Doenças do aparelho respiratório 406 Algumas doenças infecção 275 Doenças sistema osteomuscular 183 Doenças da pele 168 Causa externas 109 Doenças do aparelho digestivo 96 Doenças do ouvido 37 Doenças do aparelho circulatório 28 Doenças aparelho geniturinário 25 Doenças do olho e anexos 22 Doenças sangue 9 Doenças do sistema nervoso 6 Doenças endócrinas 4 Transtornos mentais 4 Neoplasias (tumores) 1 Gravidez parto e puerpério 1 Mal formação congênita deformação 1 Morbidade da aldeia Meruri no ano de 2005 523 406 275 183168 109 96 28 25 22 6 4 4 1 1 1937 0 100 200 300 400 500 600 Sintsinais e achad anorm ais Doenças do aparrespiratório Algum as doenças infec Doenças sistosteom uscular Doenças da pele Causa externas Doenças do apar digestivo Doenças do ouvido Doenças do aparcirculatório Doenças apar geniturinário Doenças do olho e anexos Doenças sangue Doenças do sistem a nervoso Doenças endócrinas Transtornos m entais Neoplasias (tum ores) G ravidez parto e puerpério M alforcong defor Morbidades Quantitativos Figura 21 - Morbidades da Aldeia Meruri na Ano de 2005 44
  • 56. A Incidência (número de casos confirmados por doença) ocorrida na aldeia de Meruri com a etnia Bororo no ano de 2006 (Tabela 12). Tabela 13 - Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença) Ocorrida na Aldeia de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2006, Fonte: FUNASA Descrição Capítulo CID Total Doenças do aparelho respiratório 211 Sintomas sinais e achados anormais 207 Algumas doenças infecção 156 Doenças sistema osteomuscular 109 Doenças da pele 89 Doenças do aparelho digestivo 70 Causa externas 59 Doenças do aparelho geniturinário 31 Doenças do aparelho circulatório 23 Doenças do ouvido 19 Doenças do olho e anexos 11 Doenças sangue 5 Gravidez parto e puerpério 5 Doenças do sistema nervoso 3 Doenças endócrinas 2 Neoplasias (tumores) 1 Transtornos mentais 1 Morbidades da aldeia Meruri no ano de 2006 211 207 156 109 89 70 59 19 5 5 2 1 1 2331 3 11 0 50 100 150 200 250 Doenças do apar respirat... Sintsinais e achad Algum as doenças infec Doenças sistosteom uscular Doenças da pele Doenças do apardigestivo Causa externas Doenças do apargenituri... Doenças do aparcirculatório Doenças do ouvido Doenças do olho e anexos Doenças sangue G ravidez parto e puerpério Doenças do sistem a nervoso Doenças endócrinas Neoplasias (tum ores) Transtornos m entais Morbidades Quantitativos Figura 22 - Morbidades da Aldeia Meruri na Ano de 2006 45
  • 57. Novamente a figura 22 mostra que as doenças infecciosas então entre as três maiores morbidades da aldeia durante o ano de 2006. Mas apresenta uma melhora e uma redução de cerda de 1/3 das notificações de doenças infecciosas. A Tabela 13 apresenta os dados da Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença) Ocorrida na Aldeia de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2007 Tabela 14 - Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença) Ocorrida na Aldeia de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2007 Descrição Capítulo CID Total Sintomas sinais e achados anormais 166 Algumas doenças infecção 115 Doenças do aparelho respiratório 109 Doenças sistema osteomuscular 100 Doenças da pele 64 Causa externas 47 Doenças do aparelho digestivo 32 Doenças sangue 26 Doenças do aparelho circulatório 21 Doenças do ouvido 15 Doenças do aparelho geniturinário 15 Doenças do olho e anexos 9 Doenças do sistema nervoso 8 Doenças endócrinas 4 Transtornos mentais 4 Gravidez parto e puerpério 3 Malformação congênita deformação 2 Morbidades da aldeia Meruri no ano de 2007 166 32 21 15 9 8 115 109 100 2 344 26 64 47 15 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 Sintsinais e achad Algum as doenças infec Doenças do aparrespiratório Doenças sistosteom uscular Doenças da pele Causa externas Doenças do apardigestivo Doenças sangue Doenças do aparcirculatório Doenças do ouvido Doenças do apargeniturinário Doenças do olho e anexos Doenças do sistem a nervoso Doenças endócrinas Transtornos m entais G ravidez parto e puerpério M alfcong deform idade Morbidades Quantidades Figura 23 - Morbidades da Aldeia Meruri na Ano de 2007 46
  • 58. Em 2007 as doenças infecciosas alcançam a 2º posição nas morbidades da aldeia. A Tabela 14 apresenta o número de Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença) Ocorrida na Aldeia de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2008 dos Meses de Janeiro à Abril Tabela 15 - Incidência (Número de Casos Confirmados por Doença) Ocorrida na Aldeia de Meruri com a Etnia Bororo no Ano de 2008 dos Meses de Janeiro à Abril Descrição Capítulo CID Total Sintema sinais e achados anormais 22 Doenças do aparelho respiratório 19 Doenças da pele 12 Doenças do aparelho digestivo 11 Doenças sistema osteomuscular 9 Algumas doenças infecção 8 Doenças do aparelho respiratório 4 Causas Externas 3 Doenças sangue 3 Doenças do olho e anexos 1 Doenças do ouvido 1 Doenças endócrinas 1 Transtornos mentais 1 Doenças do aparelho geniturinário 1 47
  • 59. Morbidades da aldeia de Meruri mês Janeiro á abril de 2008 19 12 4 1 1 1 1 1 3 3 8 11 22 9 0 5 10 15 20 25Sintsinais e achad Doenças do aparrespiratório Doenças da pele Doenças do apardigestivo Doenças sistosteom uscular Algum as doenças infec Doenças do aparelho respiratório Causas Externas Doenças sangue Doenças do olho e anexos Doenças do ouvido Doenças endócrinas Transtornos m entais Doenças do aparelho geniturinário Morbidades Quantitativos Figura 24 - Morbidades da Aldeia Meruri na Ano de 2008 dos Meses de Janeiro à Abril Para os quatro primeiros meses de 2008 as doenças infecciosas estão em 6° lugar das notificações. No entanto os enfermeiros do local relatam que o dado não é animador, pois, os períodos de alto índice de doenças infecciosas são os meses chuvosos e período de férias escolares. 48
  • 60. 7. CONCLUSÕES A qualidade microbiológica da água da aldeia esta imprópria para o consumo humano. O alto índice de doenças de veiculação hídrica é devido as precárias condições de saneamento do local. Enquanto algumas comunidades se preocupam em maneiras de economizar água, promover racionamento por consciência ecológica em prol de campanhas pela mídia por ONG’s na aldeia estudada, este racionamento é feito de maneira obrigatória. No intuito de modernizar a cultura Bororo implantou-se um sistema dependente de recursos e conhecimentos externos, de alto risco ambiental e incapaz de satisfazer as necessidades mínimas da comunidade. Antes de instalar um sistema deve-se pensar na manutenção do mesmo, nas possíveis falhas e em comunidades indígenas quanto maior for a auto-suficiência do sistema melhor, menos falhas humanas ocorrerão. Partindo do princípio que a população indígena em questão está aberta a hábitos urbanos, podemos concluir que pode ser feito mais uma inclusão em seus costumes, o tratamento de água para consumo, desde que seja um tratamento onde não lhes tragam custos, nem novas atividades no lar, nem alteração significativa no sabor da água. 49
  • 61. 8. RECOMENDAÇÕES É necessária a intervenção no sistema de abastecimento da aldeia utilizando uma metodologia que atinja a aceitação de toda a população de maneira que a água consumida pelos indígenas seja potável. Fazer reparos na tubulação de distribuição e a instalação ou reparo de torneiras e bacias sanitárias. E ainda investir em conscientização ambiental, para mudar hábitos que prejudicam a eficiência da rede como, alterar as ligações, não reparar adequadamente as tubulações comprometidas. E instituir hábitos como a limpeza da caixa d’água com freqüência no mínimo semestral e o aterro dos Resíduos sólidos (em pequenas valas residenciais). 50
  • 62. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BATALHA, Bem-Hur Luttembark. Controle da qualidade da água para consumo humano. São Paulo, CETESB, 1977. BRASIL (Fundação Nacional de Saúde). 1º caderno de pesquisa em engenharia de saúde pública. – 2°ed. rev. 2º reimpressão. – Brasília:FUNASA,2007.238p.: Il BRASIL (Fundação Nacional de Saúde).Manual de Saneamento. 3 ed. rev. 1° reimpressão – Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2006. BRASIL (Fundação Nacional de Saúde). SISABI - Sistema de Informações de Saneamento em Áreas Indígenas. Disponível em: <http://sis.funasa.gov.br/>. Acessado em: setembro de 2008. BRASIL. Portaria 518. Ministério da Saúde. Brasilia. DF. 2005. BRASIL. Resolução nº 274 Conselho Nacional do Meio Ambiente. Brasília. DF.2000. BRASIL. Resolução nº357 Conselho Nacional do Meio Ambiente. Brasília. DF.2004. COSTA, A. M. et. al. Impactos na saúde e no Sistema Único de Saúde decorrentes de agravos relacionados a um saneamento ambiental inadequado. 1º Caderno de pesquisa em engenharia de saúde pública. – 2°ed. rev. 2º reimpressão. – Brasília:FUNASA,2007.P. 7.: Il COSTA, Robson Fontes de. Gestão de controle de perdas e a busca da eficiência operacional. Hydro, São Paulo, ano III, n24, p. 54 - 59, Outubro. 2008. DI BERNARDO, L.; DI BERNARDO DANTAS, A. Métodos e técnicas de tratamento de água. v.1. 2.ed. São Paulo: Rima, 2005. DI BERNARDO, L.; DI BERNARDO DANTAS, A. Métodos e técnicas de tratamento de água. v.2. 2.ed. São Paulo: Rima, 2005. DOMINGUES, V. O.; TAVARES, G. D.; STUKER, F.; ET. al. Contagem de bactérias heterotróficas na água para consumo humano: comparação entre duas 51
  • 63. metodologias. Disponível em: < http://w3.ufsm.br/revistasaude/2007/33(1)15- 19,%202007.pdf> Acesso em 13 de Setembro de 2008. HELLER, L. et, al Exclusão sanitária em Belo Horizonte — MG: caracterização e associação com indicadores de saúde. 1º Caderno de pesquisa em engenharia de saúde pública. – 2°ed. rev. 2º reimpressão. – Brasília:FUNASA,2007.P. 71.: Il HYDRO. NOTA contaminação. Hydro, São Paulo, ano III, n24, p. 19, Outubro. 2008. VERONESI, R. Doenças Infecciosas e Parasitárias -, Ed. Guanabara Koogan, 6ª. edição, Rio de Janeiro, 1976. MARTINS, G.; BORANGA, J. A.; FRANÇA, J. T. L.; et al. Impacto de sistemas de abastecimento de água na saúde pública – Disponível em: <http://www.bvsde.paho.org/bvsaidis/saneab/vii-011.pdf> Acesso em 22 de Setembro de 2008. PENA, J. L. Os povos indígenas e o projeto sistema aqüífero Guarani. Disponível em:<http://www.sg-guarani.org/indigenas/Informe%20FinalRelat%F3rio%20Final %20-%20PSAG%20-%20v2.pdf> Acesso em Setembro de 2008. RICHTER, C. A.; AZEVEDO NETTO, F. M. Tratamento de água: tecnologia atualizada. São Paulo: Edgard Blucher Ltda, 1995. SES - Taxa de internações por Doença Diarréica Aguda em menores de 5 anos de idade - Município General Carneiro - 2000 a 2007 - Disponível em: <http://www.saude.mt.gov.br/aplicativo/indicadores/ > Acesso em 02 de Novembro de 2008. TSUTIYA, Milton Tomoyuki. Abastecimento de água. 3° Edição, São Paulo: Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2006. VASCONCELOS, J. G.; KOIDE,S. Metodologia para determinar contaminações externas em redes de distribuição de água. Hydro, São Paulo, ano III, n24, p. 28 - 35, Outubro. 2008. 52
  • 64. 10. APÊNDICES Rede do Projeto AMA Rede do Rio da Cabeceira Rede da FUNASA 53