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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA:
Revista O Conservador
A Senhorita Worth não acreditava que o Progresso,
com P maiúsculo, é uma coisa boa em si mesma. O
Progresso pode ser bom ou mau, dependendo da
direção a qual se está progredindo. É perfeitamente
possível, e não raramente ocorre, de se progredir em
direção à beira de um precipício. O pensamento
conservador, jovem ou antigo, acredita que todos nós
devemos obedecer à lei universal da mudança; mas
muitas vezes está em nosso poder escolher quais
mudanças aceitaremos e quais mudanças rejeitaremos.
O conservador é uma pessoa que se esforça para
conservar o que há de melhor em nossas tradições e
em nossas instituições, conciliando o que é melhor
com a reforma necessária de tempos em tempos.
“Conservar” significa “salvar”… (Considere) a maldição
do cupido:
“Aqueles que mudam o amor antigo pelo novo, oram aos
deuses para mudá-lo para pior.”
Um conservador não é, por definição, um egoísta ou
uma pessoa estúpida; em vez disso, ele é uma pessoa
que acredita que há alguma coisa em nossa vida que
vale a pena salvar.
Conservadorismo, na verdade, é uma palavra com um
significado antigo e honrado – mas, um significado
quase esquecido pelos americanos até anos recentes.
Abraham Lincoln queria ser conhecido como um
conservador. “O que é o conservadorismo?”, disse ele.
“Não é a preferência pelo antigo e experimentado,
acima do novo e do não testado?” É isso; e é também
um corpo de convicções éticas e sociais. Porém, a
palavra “liberalismo” tem sido preferida entre nós por
duas ou três décadas. Mesmo hoje em dia, embora haja
um bom número de conservadores nas políticas
nacional e estadual, em nenhum grande partido muitos
líderes políticos descrevem a si mesmos como
“conservadores”. Paradoxalmente, o povo dos Estados
Unidos se tornou a principal nação conservadora do
mundo exatamente quando deixou de chamar a si
mesmo de conservador em seu próprio país.
OQueéo
Conservadorismo?POR RUSSELL KIRK
No entanto, com a nossa severa oposição ao
radicalismo dos soviéticos e nosso repúdio
nacional do coletivismo em todas as suas
variedades, um bom número de americanos
agora têm muitas dúvidas quanto ao desejo de
serem chamados liberais ou radicais. Os
liberais, por um bom tempo, foram derivando
para a esquerda em direção a seus primos
radicais; e o liberalismo, nos últimos anos,
passou a significar um anexo para o Estado
centralizado e para a impessoalidade sombria
do Brave New World, de Huxley, ou de 1984, de
Orwell. Homens e mulheres que não se
consideram liberais ou radicais estão
começando a perguntar a si mesmos no que
acreditam e do que deveriam se chamar.
O sistema de ideias opostas ao liberalismo e ao
radicalismo é a filosofia política conservadora.
O que é o Conservadorismo?
O conservadorismo moderno tomou forma
por volta do início da Revolução Francesa,
quando homens de grande visão na Inglaterra
e na América perceberam que, se a
humanidade existe para conservação dos
elementos da civilização que tornam a vida
digna de ser vivida, algum corpo coerente de
ideias deve resistir ao nivelamento e ao
impulso destrutivo de revolucionários
fanáticos. Na Inglaterra, o fundador do
verdadeiro conservadorismo foi Edmund
Burke, cujas Reflections on the Revolution in
France mudaram o rumo da opinião pública
britânica e influenciaram incalculáveis líderes
da sociedade no Continente e na América. Nos
recém-criados Estados Unidos, os fundadores
da República, conservadores por formação e
por experiência prática, estavam
determinados a moldar a Constituição que
deveria guiar a sua posteridade em caminhos
duradouros de justiça e liberdade.
Nossa Guerra de Independência Americana
não foi uma revolução real, mas antes uma
separação da Inglaterra; estadistas de
Massachusetts e da Virgínia não desejavam
virar a sociedade de cabeça para baixo.
Em seus escritos, sobretudo nos trabalhos de
John Adams, Alexander Hamilton e James
Madison, nós encontramos um
conservadorismo sóbrio e provado, fundado
sobre uma compreensão da história e da
natureza humana.
A Constituição que os líderes daquela geração
elaboraram tem provado ser o dispositivo
conservador mais bem sucedido em toda a
história.Os líderes conservadores, desde Burke e
Adams, subscreveram certas ideias que podemos
demonstrar, resumidamente, mediante definição.
Os conservadores desconfiam do que Burke
chamou “abstrações” – isto é, absolutos dogmas
políticos divorciados da experiência prática e das
circunstâncias particulares. Eles acreditam,
todavia, na existência de certas verdades
permanentes que regem a conduta da sociedade
humana. Talvez, os princípios mais importantes
que têm caracterizado o pensamento conservador
americano são estes:
1. Homens e nações são governados por leis
morais; e essas leis têm a sua origem em uma
sabedoria superior à humana – a justiça
divina. No fundo, problemas políticos são
problemas morais e religiosos. O estadista sábio
procura apreender a lei moral e reger sua conduta
adequadamente. Nós temos uma dívida moral para
com nossos antepassados, que nos concederam
nossa civilização, e um dever moral para as
gerações que virão depois de nós. Esta dívida foi
ordenada por Deus. Portanto, não temos o direito
de, impudentemente, mexer com a natureza
humana ou com tecido delicado de nossa ordem
social civil.
2. Variedade e diversidade são as
características de uma grande civilização. 
Uniformidade e igualdade absoluta são a
morte de todo verdadeiro vigor e liberdade na
existência. Conservadores resistem, com
imparcial virilidade, à uniformidade de um
tirano ou de uma oligarquia e à uniformidade
a qual Tocqueville chamou “despotismo
democrático”.
3. Justiça significa que todo homem e toda
mulher têm direito ao que lhes é próprio –
às coisas que melhor se adaptam à sua
própria natureza, às recompensas de sua
capacidade e integridade, à sua propriedade
e à sua personalidade. A sociedade civilizada
requer que todos os homens e mulheres
tenham direitos iguais diante da lei, mas essa
igualdade não deve se estender à igualdade
de condição: isto é, a sociedade é uma grande
associação, na qual todos têm direitos iguais
– mas não para igualar coisas. A sociedade
justa requer liderança sólida, recompensas
diferentes para habilidades diferentes e um
senso de respeito e dever.
4. Propriedade e liberdade são
inseparavelmente conectadas; nivelamento
econômico não é progresso econômico. Os
conservadores valorizam a propriedade para
seu próprio interesse, é claro; mas a
valorizam muito mais porque, sem ela, todos
os homens e mulheres estão a mercê de um
governo onipotente.
5. O poder é repleto de perigos; portanto, o
bom estado é aquele no qual o poder é
controlado e equilibrado, restringido por
constituições e costumes sólidos. Na medida
do possível, o poder político deve ser mantido
nas mãos de instituições privadas e locais. A
centralização é normalmente um sinal de
decadência social.
6. O passado é um grande depósito de
sabedoria; como Burke disse, “o indivíduo é
tolo, mas a espécie é sábia.” Os conservadores
acreditam que precisamos nos guiar pelas
tradições morais, pela experiência social e
por todo o complexo corpo de
conhecimentos legados a nós por nossos
antepassados. Os apelos conservadores estão
para além da opinião precipitada do
momento, pela qual Chesterton os
denominava de “a democracia dos mortos” -
isto é, as opiniões consideradas dos homens e
mulheres sábios que morreram antes de nosso
tempo, a experiência da espécie humana. O
conservador, em suma, sabe que não nasceu ontem.
7. A sociedade moderna necessita urgentemente de
uma verdadeira comunidade: e verdadeira
comunidade é um mundo distante do
coletivismo. A comunidade autêntica é regida por
amor e caridade, não por força. Através de igrejas,
associações voluntárias, governos locais e uma
variedade de instituições, os conservadores se
esforçam para manter a comunidade saudável. Os
conservadores não são egoístas, mas zelosos do
bem-estar público. Eles sabem que o coletivismo
significa o fim da comunidade genuína, e
substituem uniformidade por variedade e força por
cooperação voluntária.
8. Nos assuntos das nações, o conservador
americano acredita que seu país deve ser um
exemplo para o mundo, mas que não deve tentar
reconstruir o mundo à sua imagem. É uma lei da
política, bem como da biologia, que todo ser vivente
ama, acima de tudo – até mesmo acima de sua
própria vida –, sua identidade distintiva, que o
diferencia de todos os outros seres. O conservador
não aspira à dominação do mundo, nem aprecia a
perspectiva de um mundo reduzido a um padrão
único de governo e de civilização.
Imagem da Capa – Internet pixabay
9. Os conservadores sabem que homens e
mulheres não são perfectíveis; e nem o são as
instituições políticas. Nós não podemos criar
um paraíso na Terra, embora possamos fazer
um inferno. Somos todos criaturas nas quais
bem e mal estão misturados; e, quando as boas
instituições negligenciam e ignoram os antigos
princípios morais, o mal tende a predominar
em nós. Por isso, o conservador suspeita de
todos os esquemas utópicos. Ele não acredita
que, pelo poder do direito positivo, nós
podemos resolver todos os problemas da
humanidade. Podemos ter a esperança de fazer
nosso mundo tolerável, mas não podemos
torná-lo perfeito. Quando o progresso é
alcançado, o é através do reconhecimento
prudente das limitações da natureza humana.
10. Os conservadores estão convencidos de
que mudança e reforma não são idênticas:
inovação política e moral pode ser tanto
destrutiva como benéfica; e se a inovação é
empreendida com espírito de presunção e
entusiasmo, provavelmente será desastrosa.
Todas as instituições humanas, em certa
medida, se alteram de época para época, pois o
lento processo de mudança é o meio de
conservar a sociedade, exatamente como é,
para o corpo humano, o meio de sua
renovação. Mas, os conservadores americanos
se esforçam para conciliar o crescimento e as
modificações essenciais para nossa vida com a
força de nossas tradições sociais e morais.
Com Lord Falkland, eles dizem: “quando não é
necessário mudar, é necessário não mudar.”
Eles entendem que homens e mulheres são
mais satisfeitos quando podem sentir que
vivem em um mundo estável de valores
duradouros.
O conservadorismo, então, não é
simplesmente o interesse das pessoas que têm
muitas propriedades e influência; não é
simplesmente a defesa de privilégios e de
status. A maioria dos conservadores não são
nem ricos nem poderosos. Porém, eles fazem
até mesmo o mais simples deles obter grandes
benefícios de nossa República estabelecida.
Eles têm liberdade, segurança pessoal e de sua
casa, igual proteção das leis, o direito aos
frutos de sua indústria e oportunidade para
fazer o melhor que neles há. Eles têm um
direito de personalidade em vida e um direito
de consolo na morte. Os princípios
conservadores são o abrigo das esperanças de
todos na sociedade.
E o conservadorismo é um importante conceito
social para todo aquele que deseja justiça igualitária
e liberdade pessoal e todos os amáveis caminhos
antigos da humanidade. O conservadorismo não é
simplesmente uma defesa do “capitalismo”.
(“Capitalismo”, na verdade, é uma palavra cunhada
por Karl Marx, projetada desde o início para
significar que a única coisa defendida pelos
conservadores é a grande acumulação de capital
privado.) Mas, o que o verdadeiro conservador faz
corajosamente é defender a propriedade privada e
uma liberdade econômica, ambas para seu próprio
bem e porque elas são meios para atingir grandes
fins.
Esses grandes fins são mais do que econômicos e
políticos. Eles envolvem dignidade humana,
personalidade humana, felicidade humana. Eles
envolvem até mesmo o relacionamento entre Deus e
o homem. Pois o coletivismo radical de nossa época
é ferozmente hostil a qualquer outra autoridade: o
radicalismo moderno detesta a fé religiosa, a virtude
privada, a individualidade tradicional e a vida de
satisfações simples. Tudo o que vale a pena ser
conservado está ameaçado em nossa geração. A
mera oposição negativa e irracional à corrente de
acontecimentos, agarrando-se com desespero ao
que ainda mantemos, não será suficiente nesta
época. Um conservadorismo de instinto deve ser
reforçado por um conservadorismo de pensamento
e imaginação.
Original adaptado de The Intelligent Woman’s Guide
to Conservatism (New York: The Devin-Adair
Company, 1957).
Do Russell Kirk Center.
Tradução: José Junio Souza da Costa
COMO SER UM CONSERVADOR – ROGER
SCRUTON  
"Uma obra de extrema relevância para o atual
cenário político brasileiro O filósofo político
inglês Roger Scruton construiu sua
reputação ao empregar a sua inteligência na
reflexão e divulgação do pensamento
conservador. É um pensador que sabe
conjugar de forma exemplar um raciocínio
profundo com um texto sofisticado e preciso.
O tema central deste livro é o
conservadorismo.
E é a partir da apresentação teórica e prática
do pensamento conservador em suas várias
dimensões na vida em sociedade que Scruton
examina e explica como ser um conservador.
E o faz com uma habilidade grandiosa para
expor teoria e análise de maneira clara e
concisa sem simplificá-las ou vulgarizá-las.
Essa mestria permite ao leitor encerrar a
leitura com a percepção de que aprendeu
algo valioso e com o sentimento de que
pertence a uma tradição, mesmo que ainda
tenha que descobri-la.
Mais sobre o livro na (AMAZON)
AS IDEIAS CONSERVADORAS – JOSÉ
PEREIRA COUTINHO
Em um país de democracia recente e
marcado historicamente por ditaduras como
o Brasil, o pensamento político conservador
costuma ser associado ao autoritarismo e à
supressão das liberdades individuais. O
audacioso objetivo deste livro é desfazer esse
equívoco e apresentar ao leitor as ideias
conservadoras, que não se confundem com as
doutrinas-reacionárias. 
Para o jornalista e cientista político João
Pereira Coutinho, o conservadorismo é o
modo de a sociedade preservar o melhor que,
com base na tradição democrática, ela criou
para garantir a paz, a liberdade dos cidadãos
e o vigor das instituições. 
Com linguagem clara e envolvente, o autor
expõe o pensamento dos principais filósofos
conservadores, ao mesmo tempo que tece
uma reflexão política de importante
significado para a atualidade. Contra
radicalismos crescentes à direita e à
esquerda, Coutinho defende o primado da
lucidez e do equilíbrio. Saiba Mais (AMAZON)
OsDezPrincípios
Conservadores
Não sendo nem uma religião nem uma
ideologia, o corpo de opiniões
denominado Conservadorismo não possui um
Livro Sagrado nem um Das Kapital para
prover dogmas.
Até onde é possível determinar em quê
acreditam os conservadores, os primeiros
princípios da convicção conservadora são
derivados do que professaram os principais
escritores e homens públicos conservadores
durante os últimos dois séculos. Após
algumas observações introdutórias neste
tema geral, prosseguirei e listarei dez destes
princípios conservadores.
Talvez fosse melhor, na maioria das vezes,
usar a palavra “conservador” principalmente
como um adjetivo. Pois não existe um
Modelo Conservador, e o conservadorismo é
a negação da ideologia: é um estado da
mente, um tipo de caráter, um modo de olhar
para ordem social civil.
A atitude a que chamamos conservadorismo
é sustentada por um corpo de sentimentos,
mais do que por um sistema de dogmas
ideológicos. Em geral um conservador pode
ser definido como alguém que se define
como tal. O movimento conservador, ou
corpo de opiniões, pode acomodar uma
considerável diversidade de perspectivas em
muitos temas, não havendo um “Test Act” ou
“Trinta e Nove Artigos” do credo
conservador.
Em essência, a pessoa conservadora é
simplesmente aquela que acha as coisas
permanentes mais satisfatórias do que o
“Chaos and Old Night” (NT: Kirk alude aqui ao
poema épico Paradise Lost de John Milton).
(Embora os conservadores saibam, como
Burke, que a “mudança saudável é o meio de
nossa preservação”). A experiência histórica
continuada de um povo, dizem os
conservadores, oferece um guia para a
política muito melhor que os projetos de
filósofos de cafeteria.
Mas, é claro, há muito mais para a convicção
conservadora do que esta atitude geral.
Não é possível esboçar um catálogo simples das
convicções dos conservadores. Entretanto, ofereço a
você, sumariamente, dez princípios gerais.
Parece seguro dizer que a maioria dos conservadores
subscreveria a maior parte destas máximas. Em várias
edições de meu livro The Conservative Mindlistei
certos cânones do pensamento conservador – a lista
difere, de algum modo, de uma edição para outra; em
minha antologia, The Portable Conservative Reader, 
ofereço variações sobre este tema.
Agora apresento a você um resumo dos pressupostos
conservadores que difere de algum modo de meus
cânones naqueles dois livros.
Em si, a diversidade de maneiras pelas quais as
perspectivas conservadoras podem encontrar
expressão é por si prova de que o conservadorismo
não é uma ideologia fixa.
Quais princípios são enfatizados por conservadores
durante determinada época variará com as
circunstâncias daquela época. Os dez itens de crença
que se seguem refletem a ênfase dos conservadores
na América hoje em dia.
Primeiro, o conservador acredita na existência
de uma ordem moral perene.
Por Russell Kirk
(Adaptado por Kirk de The Politics of Prudence)
Que a ordem é feita pra o homem, e o
homem é feito para a ordem: a natureza
humana é constante, e as verdades morais
são perenes.
Ordem significa harmonia. Há dois aspectos
ou tipos de ordem: a ordem interior da alma,
e a ordem externa da comunidade. Vinte e
cinco séculos atrás Platão ensinou esta
doutrina, mas mesmo os instruídos de hoje
em dia acham-na difícil de entender. O
problema da ordem tem sido sempre a
principal preocupação dos conservadores
desde que conservador tornou-se um termo
político.
O mundo do século XX experimentou as
consequências hediondas do colapso da
crença na ordem moral. Como as atrocidades
e desastres da Grécia cinco séculos antes de
Cristo, a ruína das grandes nações no século
XX mostra-nos o fosso no qual caem as
sociedades que erradamente tomam o hábil
interesse próprio ou engenhosos controles
sociais como agradáveis alternativas a uma
ordem moral “antiquada”.
Tem sido dito por intelectuais liberais que os
conservadores acreditam que todas as
questões sociais, em essência, sejam
questões de moralidade privada.
Propriamente entendida, esta afirmação é
totalmente verdadeira. Uma sociedade na
qual homens e mulheres sejam regidos pela
crença numa ordem moral permanente, por
um forte senso de certo e errado, por
convicções pessoais sobre justiça e honra,
será uma boa sociedade – qualquer que seja a
organização política que ela possa utilizar;
enquanto que uma sociedade na qual homens
e mulheres estejam moralmente à deriva,
ignorantes das normas e intencionem
principalmente a satisfação dos apetites, será
uma sociedade má – não importa quantas
pessoas votem e não importa quão liberal sua
constituição formal possa ser.
Segundo, o conservador adere ao costume,
às convenções e à continuidade.
É a antiga tradição que capacita as pessoas a
viverem juntas pacificamente. Os
destruidores de costumes destroem mais do
que desejam ou sabem. É através da
convenção – uma palavra muito violentada
em nossa época – que conseguimos evitar a
disputa perpétua a respeito de direitos e
deveres:
a lei, em seus fundamentos, é um corpo de
convenções.
A continuidade é o significado de vincular geração a
geração, importa tanto para a sociedade como para o
indivíduo, sem isto a vida é sem sentido. Num tempo
em que revolucionários bem sucedidos têm apagado
antigos costumes, escarnecido de antigas convenções,
e quebrado a continuidade das instituições sociais,
porque atualmente descobriram a necessidade de
estabelecer novos costumes, convenções e
continuidade. Porém este processo é doloroso e lento,
e a nova ordem social que eventualmente emerge
pode ser muito inferior à antiga que os radicais
derrubaram em seu entusiasmo pelo Paraíso
Terrestre.
Os conservadores são defensores dos costumes,
convenções e continuidade porque preferem o diabo
conhecido ao diabo que não conhecem. Ordem,
justiça e liberdade, acreditam, são produtos de uma
longa experiência, o resultado de séculos de testes,
reflexões e sacrifícios. Então, o corpo social é um tipo
de corporação espiritual comparável à igreja. Pode
mesmo ser chamado de comunidade das almas. A
sociedade humana não é uma máquina para ser
tratada mecanicamente. A continuidade, sangue vital
de uma sociedade, não deve ser interrompida. O
lembrete de Burke sobre a necessidade de mudança
prudente, está na mente do conservador. Mas a
mudança necessária, argumenta o conservador, deve
ser gradual e discriminada, nunca quebrando antigos
interesses imediatamente.
Terceiro, conservadores acreditam no que
pode ser chamado princípio da prescrição.
É o senso conservador de que as pessoas
modernas são anões nos ombros de gigantes,
capazes de enxergar mais longe que seus
ancestrais apenas devido à grande estatura
daqueles que nos precederam no tempo.
Consequentemente os conservadores quase
sempre enfatizam a importância
da prescrição – isto é, das coisas
estabelecidas pelo uso imemorial, de modo
que a mente humana não caminhe ao
contrário.
Há direitos para os quais o principal
reconhecimento público é a antiguidade –
incluindo, quase sempre, direitos de
propriedade. Similarmente, nossa moral é em
grande parte prescritiva. Conservadores
argumentam ser improvável que nós
modernos façamos qualquer grande
descoberta em moral, política ou propensão.
É perigoso pesar cada questão passageira na
base do julgamento e racionalidade
particulares. O indivíduo é tolo, mas a
espécie é sábia, declarou Burke. Em política
fazemos melhor obedecendo ao precedente,
ao preceito e mesmo ao preconceito, pois a
grande incorporação misteriosa da raça
humana adquiriu uma sabedoria prescritiva
muito maior que qualquer insignificante
racionalidade particular.
Quarto, conservadores são guiados por
seu princípio de prudência.
Burke concorda com Platão que num homem
de estado a prudência seja a maior virtude.
Qualquer medida pública deve ser julgada
por suas prováveis consequências de longo
prazo, não apenas por sua vantagem
temporária ou popularidade. Liberais e
radicais, dizem os conservadores, são
imprudentes: pois eles traçam seus objetivos
sem dar muita atenção ao risco de novos
abusos, piores que os males que esperam
eliminar. Como colocou John Randolph, de
Roanoke, a Providência move-se lentamente,
enquanto o diabo sempre se apressa. Sendo a
sociedade humana complexa, os remédios,
para serem eficazes, não podem ser simples.
O conservador declara que age apenas após
reflexão suficiente, tendo pesado as
consequências. Reformas repentinas e
profundas são perigosas como cirurgias
repentinas e profundas.
Quinto, conservadores prestam atenção ao princípio
da diversidade.
Conservadores sentem afeição pela intrincada
proliferação de instituições sociais de longa data e
pelos modos de vida, distintos da estreita
uniformidade e sufocante igualitarismo dos sistemas
radicais. Para a preservação de uma diversidade
saudável, em qualquer civilização, devem sobreviver
ordem e classes, diferenças nas condições materiais e
muitos tipos de desigualdades. As únicas formas
verdadeiras de igualdade são a igualdade do
Julgamento Final e igualdade perante um justo
tribunal da lei. Todas as outras tentativas de
nivelamento levarão, na melhor das hipóteses, à
estagnação social. A sociedade requer líderes capazes
e honestos, e se as diferenças institucionais e naturais
são destruídas, brevemente algum tirano ou algum
bando de oligarcas sórdidos criarão novas formas de
desigualdade.
Sexto, conservadores são refreados por seu princípio
de imperfectibilidade.
A natureza humana sofre irremediavelmente de certas
faltas graves, sabem os conservadores. Sendo homem
imperfeito, nenhuma ordem social perfeita pode ser
criada. Devido à inquietação natural, a espécie
humana se rebelaria sob uma dominação utópica e
eclodiria uma vez mais em descontentamento
violento, ou senão, expiraria em tédio.
Procurar pela utopia é terminar desastre,
dizem os conservadores: não somos feitos
para as coisas perfeitas. Tudo que podemos
esperar razoavelmente é uma sociedade
aceitavelmente ordenada, justa e livre, na
qual alguns males, desajustamentos e
sofrimentos continuarão a espreitar. Pela
atenção adequada à reforma prudente
podemos preservar e melhorar esta ordem
aceitável. Mas se as antigas salvaguardas
institucionais e morais de uma nação são
esquecidas, então a o impulso anárquico da
espécie humana desprende-se: “a cerimônia
da inocência é suprimida”. Os ideólogos que
prometem a perfeição do homem e da
sociedade têm convertido grande parte do
mundo, desde o século XX, num inferno
terrestre.
Sétimo, conservadores estão persuadidos de
que propriedade e liberdade estão
intimamente vinculadas.
Dissocie propriedade de posse privada e o
Leviatã torna-se o dono de tudo. Sobre o
fundamento da propriedade privada grandes
civilizações são construídas. Quanto mais
ampla a posse de propriedade privada, tanto
mais estável e produtiva é a comunidade.
Nivelamento econômico, sustentam os
conservadores, não é progresso econômico.
Ganhar e gastar não são os principais
propósitos da existência humana, mas uma
sólida base econômica para a pessoa, a
família e a comunidade, é muito desejável.
O Sr Henry Maine, em seu Village
Communities, expressa robusta defesa da
propriedade privada como distinta da
propriedade comunal: “Ninguém é livre para
atacar a múltipla propriedade e dizer ao
mesmo tempo que valoriza a civilização. As
histórias de ambas não podem ser
desentrelaçadas”. Pois a instituição da
múltipla propriedade – isto é, propriedade
privada – tem sido um poderoso
instrumento para ensinar responsabilidade a
homens e mulheres, por prover motivos de
integridade, por estimular a cultura geral,
por elevar a espécie humana acima do nível
de mera labuta, por fornecer tempo para
pensar e liberdade para agir. Ser capaz de
conservar os frutos do trabalho de alguém;
ser capaz de assegurar que o trabalho de
alguém seja duradouro; ser capaz de legar a
propriedade de alguém para a posteridade; 
ser capaz de elevar o homem da condição natural de
pobreza opressiva para a proteção da realização
duradoura; possuir algo que seja realmente sua
propriedade– são benefícios difíceis de negar. Os
conservadores sabem que a posse de propriedade
estabelece certas obrigações sobre o proprietário, eles
aceitam alegremente estas obrigações morais e legais.
Oitavo, conservadores apoiam a associação
voluntária, tanto quanto se opõem ao coletivismo
involuntário.
Embora os Americanos tenham sido fortemente
vinculados à intimidade e à privacidade, eles também
têm sido um povo notório por um bem sucedido
espírito de comunidade.
Numa comunidade genuína as decisões que afetam
mais diretamente as vidas dos cidadãos são tomadas
voluntariamente e localmente. Algumas destas funções
são realizadas por entidades políticas locais, outras
por associações privadas: tanto quanto elas sejam
mantidas locais, e sejam marcadas pela concordância
geral daqueles que são afetados, elas constituem uma
comunidade saudável. Mas quando estas funções
passam, por definição ou usurpação, a uma autoridade
centralizada, então a comunidade está sob séria
ameaça.
Tudo o que seja beneficente ou prudente na
democracia moderna torna-se possível através da
cooperação voluntária. Se, então, em nome de uma
democracia abstrata, as funções da comunidade são
transferidas para uma direção política distante, o
governo real, pelo consenso dos governados, cederá a
um processo de padronização hostil à liberdade e à
dignidade humana.
Pois uma nação não é mais forte que as numerosas
pequenas comunidades das quais é composta. Uma
administração central, ou um grupo de seletos
administradores e servidores civis, embora bem
intencionado e bem treinado, não pode oferecer
justiça, prosperidade e tranquilidade sobre uma massa
de homens e mulheres despojados de suas antigas
responsabilidades. Este experimento foi feito antes, e
foi desastroso. É o desempenho de nossas obrigações
na comunidade que nos ensina a prudência, a
eficiência e a caridade.
Nono, o conservador compreende a necessidade de
restrição prudente sobre o poder e sobre as paixões
humanas.
Falando politicamente, poder é a capacidade de fazer
algo que alguém queira, indiferente às vontades dos
demais. 
Um estado no qual um indivíduo ou pequeno
grupo é capaz de dominar as vontades de
seus companheiros sem consulta é um
despotismo, seja ele chamado monárquico ou
aristocrático ou democrático. Quando cada
pessoa afirma ser um poder por si mesma,
então a sociedade cai na anarquia. Sendo
intolerável para todos e contrária ao fato
inelutável de que algumas pessoas são mais
fortes e mais engenhosas que seus vizinhos, a
anarquia nunca dura muito. À anarquia
sucede-se a tirania ou a oligarquia, na qual o
poder é monopolizado por alguns poucos.
O conservador empenha-se então em limitar
e equilibrar o poder político para que a
anarquia ou a tirania não possam surgir. Em
cada época, entretanto, homens e mulheres
são tentados a derrubar as limitações sobre o
poder, por amor a alguma vantagem
temporária imaginária. É característico do
radical que ele pense no poder como uma
força para o bem – desde que o poder esteja
em suas mãos. Em nome da liberdade, os
revolucionários Franceses e Russos aboliram
as antigas limitações ao poder, mas o poder
não pode ser abolido, ele sempre encontra
seu caminho para as mãos de alguém. Aquele
poder que os revolucionários pensavam
opressivo nas mãos do antigo regime tornou-
se, muitas vezes, tirânico nas mãos dos novos
controladores radicais do estado.
Conhecendo a natureza humana como sendo
uma mistura de bem e mal, o conservador
não coloca sua confiança na mera
benevolência. Restrições constitucionais,
pesos e contrapesos políticos (divisão de
poderes), cumprimento adequado das leis, a
velha intrincada teia de restrições sobre
desejos e apetites – são restrições que os
conservadores aprovam como instrumentos
de liberdade e ordem. Um governo justo
mantém uma saudável tensão entre a
afirmação da autoridade e a afirmação da
liberdade.
Décimo, o pensador conservador entende
que permanência e mudança devem ser
reconhecidas e reconciliadas numa
sociedade vigorosa.
O conservador não se opõe ao
aperfeiçoamento social, embora duvide que
haja qualquer força tal como um místico
Progresso, com P maiúsculo, em
funcionamento no mundo.
Quando uma sociedade está progredindo em
determinados aspectos, está regredindo em outros. O
conservador sabe que qualquer sociedade saudável é
influenciada por duas forças, as quais Samuel Taylor
Coleridge chamou Permanência e Progressão. A
Permanência de uma sociedade é formada por aqueles
interesses e convicções duradouros que nos dão
estabilidade e continuidade. Sem a Permanência, as
nascentes de grande profundidade são interrompidas,
a sociedade decai na anarquia. A Progressão numa
sociedade é aquele espírito e aquele corpo de
habilidades que nos instigam à reforma prudente a ao
aperfeiçoamento. Sem esta Progressão, o povo
estagna. Portanto o conservador inteligente empenha-
se em reconciliar as afirmações de Permanência e as
afirmações de Progressão. Ele pensa que o liberal e o
radical, cegos às justas afirmações da Permanência,
arriscariam a herança que nos foi legada numa
tentativa de nos conduzir para um duvidoso Paraíso
Terrestre. O conservador, em resumo, prefere o
progresso razoável e moderado. Opõe-se ao culto ao
Progresso, cujos adeptos acreditam que qualquer coisa
nova seja necessariamente superior a qualquer coisa
antiga. A Mudança é essencial para o corpo social,
raciocina o conservador, assim como é essencial ao
corpo humano. Um corpo que tenha cessado de se
renovar, começou a morrer. Mas para que este corpo
seja vigoroso, a mudança deve ocorrer de forma
regular,Opõe-se ao culto ao Progresso, cujos adeptos
acreditam que qualquer coisa nova seja
necessariamente superior a qualquer coisa antiga.
Mudança é essencial para o corpo social, raciocina o
conservador, assim como é essencial ao corpo
humano. Um corpo que tenha cessado de se renovar,
começou a morrer. Mas para que este corpo seja
vigoroso, a mudança deve ocorrer de forma regular,
em harmonia com a forma e a natureza daquele corpo.
De outra maneira a mudança produz um crescimento
monstruoso, um câncer, que devora seu hospedeiro. O
conservador preocupa-se com que nada na sociedade
deva ser inteiramente antigo, e que nada deva ser,
nunca, inteiramente novo. Este é o significado de
conservação de uma nação, tanto quanto seja o
significado de conservação de um organismo vivo.
Quanta mudança uma sociedade requer, e que tipo de
mudança, depende das circunstâncias da época e da
nação.
Tais, então, são dez princípios que têm amplamente
emergido durante dois séculos de pensamento
conservador. Outros princípios poderiam ter sido
discutidos aqui: por exemplo, o entendimento
conservador de justiça, ou a perspectiva conservadora
de educação. Mas tais temas, com o passar do tempo,
devo deixar para sua própria investigação.
Traduzido por Flávio Ghetti – Tradutores de Direita
A Terra ingressou numa mini-era de gelo que poderá durar entre 60 e 80 anos e diminuirá a
temperatura global em 0,2º C, segundo relatório do Instituto de Geofísica da Universidade
Nacional Autônoma de México (UNAM).
O investigador Víctor Manuel Velasco explicou que o fenômeno é causado pela diminuição da
atividade solar, que vem sendo registrada há anos. Velasco estudou os períodos glaciares e
interglaciares da Terra e a variabilidade solar. Os resultados apoiam uma teoria que poderá
quantificar a diminuição da atividade solar e seu impacto na Terra.
“Hipótese alguma sobre mudança climática consegue explicar por que acontecem esses
períodos”, esclareceu ele.
Para o cientista, a diminuição da temperatura global é devida a “um ciclo natural da natureza” já
verificado em outros séculos com lapsos de 120 anos e que depende exclusivamente do sol.
Já em 2010 partes do planeta entraram nessa “mini” era de gelo e “as ondas de neve históricas
que estão acontecendo no mundo são mostra disso”, acrescentou.
Por exemplo, no século VI houve um mínimo de atividade solar conhecida como “mínimo
medieval”.
Posteriormente veio o “período quente medieval”, seguido de mais uma mini era de gelo
no Ancien Regime e um novo período quente que se prolongou até o fim do século XX.
O fenômeno, aliás, é bem conhecido pelos cientistas sérios. Porém, como fere o mito do
“aquecimento global” a mídia e os ativistas alarmistas menosprezavam-no aduzindo ser invenção
de “céticos” pagos pelas multinacionais.
O fracasso da última conferência do IPCC, COP-23 realizada em Bonn, para a aplicação do acordo
de Paris atingido de morte pela saída dos EUA, tornou mais fácil que informações importantes
como as fornecidas, aliás há tempos, pela UNAM, cheguem ao grande público.
Luis Dufaur, escritor, jornalista, conferencista de política internacional, é sócio do IPCO e editor
de diversos blogs, dentre os quais o “Verde, a Cor Nova do Comunismo”. (Mídia sem Máscara)
Por: Luis Dufaur
Definir o que é o conservadorismo não é
uma tarefa simples para conservadores nem
para os filósofos políticos. Porque
conservadorismo em si não é uma ideologia,
nem uma filosofia e muito menos um
programa de aplicação política. Trata-se,
contudo, de um espírito, de uma disposição
– para usar o termo do filósofo político
Michael Oakeshott – que se alicerça ou se
manifesta num conjunto de princípios,
valores, hábitos, práticas e ideias que
emergem da rica experiência da vida em
sociedade, dentro da qual se localiza a
política.
Qualificar o conservadorismo como um
espírito ou como uma disposição é o mais
próximo que podemos ter de uma
concepção abrangente, mas talvez a
imagem mais adequada sobre o que é o
conservadorismo seja a do trimmer,
extraída da terminologia náutica pelo
Marquês de Halifax. O trimmer, ferramenta
responsável por manter o equilíbrio da
embarcação quando o seu curso é
ameaçado, serve perfeitamente ao objetivo
de Halifax de realçar o exercício suave do
conservadorismo, que, no caso da política,
não muda de posição com o advento das
modas ideológicas e se caracteriza pela
reação às ameaças de alterações radicais ou
mudanças que provoquem sofrimento e que
rompam aquela ligação de familiaridade que
o indivíduo tem com o presente e com
aquilo que possui.
Para o conservador, a política é apenas um
dos vários instrumentos de exercício do
conservadorismo, mas está longe de ser o
mais nobre ou o mais eficaz. Não é sem
razão que o Partido Conservador Inglês
nasce da aversão pela política partidária,
segundo mostra Roger Scruton no seu
precioso The Meaning of Conservatism, que
recomendo vivamente.
Essas observações são necessárias para
tentar obter uma resposta à legítima
pergunta: onde estão os políticos
conservadores brasileiros?
No entanto, acredito que há uma pergunta
prévia a ser feita: o que é e onde está o
conservadorismo brasileiro? Porque para
que uma Margaret Thatcher fosse possível –
e ela é apenas uma dentre tantos políticos
conservadores britânicos – foi preciso,
antes, haver um conservadorismo que
conquistasse e influenciasse uma parcela da
sociedade.
No Brasil, antes de pensar num político
conservador é preciso que tenhamos um
pensamento conservador que possa
influenciar culturalmente a sociedade. Só
depois disso é que será possível esperar o
surgimento de uma elite política apta a
defender princípios e valores
conservadores. A batalha, antes de ser
política e econômica, é cultural.
Se a política conservadora vier antes do
conservadorismo poderá acontecer o que
um conservador britânico rejeitaria de
forma absoluta: a criação artificial de um
estímulo conservador pelo exercício
centralizado da política partidária. Isso seria
uma forma rápida de destruir o que esse
mesmo conservador preza: uma sociedade
na qual a família, a liberdade, a propriedade
e a ordem seriam preservadas porque
garantem seus modos de vida, sua tradição
e a busca livre pela prosperidade.
Bruno Garschagen é cientista político pelo
Instituto de Estudos Políticos da
Universidade Católica de Lisboa e
University of Oxford, e podcaster do
Instituto Ludwig von Mises.
Publicado na revista Vila Nova.
Midiasemmascara.org
Uma obra fundamental para o momento que
vive-o-país. 
Por qual razão nós brasileiros, apesar de não
confiarmos nos políticos, a quem dedicamos
insultos dos mais criativos e variados,
pedimos que o governo intervenha sempre
que surgem problemas? Por que vamos para
as ruas protestar contra os políticos e ao
mesmo tempo pedir mais Estado – como se
este não fosse gerido pelos... políticos?
Uma Obra Grandiosa, que fará você ver o
Estado com outros olhos.
Imagem da Internet – Cultura e Política (Guerra Cultural)
PerdendoaGuerra
Cultural
(FimdaEsquerda?)
ARTIGOS
“Cultura é o novo nome da propaganda”,
explicava o crítico literário português
Fernando Alves Cristóvão. Bem, quando
ele disse isso, o nome não era tão novo
assim. Fazia quase setenta anos que os
comunistas haviam reduzido a cultura a
instrumento de propaganda e
manipulação, rejeitando todos os seus
demais usos e significados como
superfetações burguesas puníveis,
eventualmente, com pena de prisão. A
novidade, nos anos 90, era que esse
conceito havia se universalizado,
tornando-se regra usual em círculos que
antes o teriam desprezado como mero
sintoma da barbárie comunista. A
expressão mais visível desse fenômeno é
a mudança drástica do sentido do título
de “intelectual”, hoje conferido
automaticamente a qualquer um que
engrosse por escrito alguma campanha
de propaganda político-ideológica,
mesmo que o faça em termos
intelectualmente desprezíveis e numa
linguagem de ginasiano relapso.
O plano de colocar o sr. Lula na
Academia Brasileira de Letras, lançado
anos atrás pelo falecido cientista político
Raymundo Faoro, não foi levado adiante,
mas já era um sinal visível de que a
acepção elasticamente gramsciana do
termo “intelectual” se tornara moeda
corrente fora dos meios comunistas
estritos.  Mais ou menos na mesma
ocasião, o sr. William Lima da Silva, líder
do Comando Vermelho, por ter escrito
um livro de memórias onde alegava que
bandidos eram os outros, recebia
tratamento de autor respeitável em
plena Associação Brasileira de Imprensa,
enquanto na Folha de São Paulo a
jornalista Marilene Felinto dava estatuto
de filósofo ao estuprador e assassino
Marcinho VP, que salvo engano tinha
também olhos verdes.
Olavo de Carvalho
Por Olavo de Carvalho
O silogismo aí subentendido fundia Herbert
Marcuse e Antonio Gramsci. O primeiro dizia
que os bandidos eram revolucionários.
O segundo, que os revolucionários eram
intelectuais. Logo, os bandidos eram
intelectuais. A ABI e a Folha não eram
instituições formalmente comunistas. Apenas
tinham-se deixado dominar pela mentalidade
comunista ao ponto de obedecer os seus
mandamentos sem ter de aderir
conscientemente à sua proposta política.
Mas o pior veio uns anos depois, quando a
redução da cultura à propaganda começou a
parecer natural e desejável aos olhos dos
conservadores — ou “liberais”, como são
chamados usualmente no Brasil (mais uma
curiosa inversão numa república onde tudo
cresce de cabeça para baixo, como as bananas).
Aconteceu que o conservadorismo brasileiro foi,
em essência, uma criação de pequenos
empresários. Essas pobres criaturas, acossadas
pelo fisco, pelas leis trabalhistas, pela
concorrência das multinacionais e pela crença
estatal de que os capitalistas só não comem ...
criancinhas porque preferem vendê-las sob a
forma de salsichas, estavam tão preocupadas
com a sua sobrevivência imediata que mal
tinham tempo de pensar em outra coisa. Seu
conservadorismo – ou liberalismo – foi assim
reduzido à sua expressão mais frugal, ascética e
descarnada: a defesa pura e simples do livre
mercado, tomado como se fosse uma realidade
em si e separado das condições civilizacionais e
culturais que o tornam possível.
O primado do econômico, adotado inicialmente
por mera urgência prática, acabou adquirindo,
por força do hábito, o estatuto de uma verdade
axiomática, da qual se deduziam as conclusões
mais estapafúrdias e perigosas. Talvez a pior
delas fosse a de que o progresso econômico é a
melhor vacina contra as revoluções sociais. O
fato de que jamais tivesse acontecido uma
revolução social em país de economia declinante
não abalava em nada o otimismo progressista
daqueles risonhos empreendedores, que
julgavam o estado geral da nação pelo balancete
de suas respectivas empresas e se julgavam
tremendamente realistas por isso.
ARTIGOS
Imagem da Internet - Ilustração: Socialismo
Nem os demovia da sua crença a obviedade
histórica, já reconhecida pelos próprios
marxistas, de que a classe revolucionária não se
forma entre os proletários ou camponeses,
muito menos entre os miseráveis e
desempregados, mas entre as massas afluentes
de classe média alimentadas de doutrina
comunista nas universidades.
De outro lado, aconteceu que os liberais, ao
mesmo tempo que se inchavam de entusiasmo
ante a modesta recuperação econômica do país,
eram cada vez mais excluídos da representação
política. As eleições presidenciais de 2002
ofereceram à escolha do eleitorado quatro
candidatos esquerdistas, dos quais nenhum, ao
longo de toda a campanha, disse uma só palavra
em favor da livre empresa. Nos anos
subseqüentes, o partido nominalmente liberal –
PFL – adaptou-se às circunstâncias aceitando
sua condição de mero coadjuvante da
esquerda light , mudou de nome para ficar
parecido com o Partido Democrata americano
(o partido preferido de Hugo Chávez e Fidel
Castro) e nem mesmo resmungou quando foi
declarado, pelo presidente petista reeleito, “um
partido sem perspectiva de poder”.
Condenados à marginalidade política, mas ao
mesmo tempo anestesiados pelos sinais
crescentes de recuperação da economia
capitalista no país, os liberais apegaram-se mais
ainda ao seu economicismo, desistindo do
combate nos demais fronts , quando não
aderindo ao programa esquerdista em todos os
pontos sem relevância econômica imediata,
como o gayzismo, o abortismo, as quotas raciais
e o anticristianismo militante, na esperança
louca de concorrer com a esquerda no seu
próprio campo, sem perceber que com isso
concediam ao adversário o monopólio da
propaganda ideológica e se transformavam em
dóceis instrumentos da “revolução cultural”
gramsciana.
É compreensível que, nessas condições, toda a
atividade mental da “direita” brasileira acabasse
se reduzindo às análises econômicas e à
propaganda de um produto único – o livre
mercado –, perdendo toda relevância no debate
cultural e rebaixando-se ao ponto de passar a
aceitar como “intelectual representativo”
qualquer moleque idiota capaz de dizer duas ou
três palavrinhas contra a intervenção estatal no
mercado. Ironicamente, a esquerda, no mesmo
período, decaiu intelectualmente ao ponto de
raiar a barbárie pura e simples, mas, como os
liberais
liberais não se interessavam pela luta cultural,
continuou desfrutando do prestígio inalterado de
suprema autoridade intelectual no país, sem sofrer
nenhum abalo mais forte desde a publicação do meu
livro “O Imbecil Coletivo” (1996).
Nunca, como ao longo das últimas décadas, o
esquerdismo esteve tão fraco intelectualmente: um
ataque maciço a esse flanco teria quebrado a
máquina de doutrinação esquerdista nas
universidades e na mídia, destruindo no berço a
militância em formação e mudando o curso das
eleições subseqüentes. Mil vezes tentei mostrar isso
aos liberais, mas eles só davam ouvidos a quem
falasse em PNB e investimentos. Trancaram-se na
sua torre-de-marfim economicista e lá se encontram
até hoje, perdendo mais terreno para os esquerdistas
a cada dia que passa e conformando-se com sua
condição de forças auxiliares, destinadas fatalmente
a tornar-se cada vez mais desnecessárias à medida
que a esquerda não-petista acumule vitórias contra
o partido governante.
Fora dos círculos do liberalismo oficial, noto com
satisfação algumas iniciativas novas destinadas a
formar uma intelectualidade conservadora e liberal
apta a oferecer uma resistência séria à “revolução
cultural”. Essas iniciativas partem de estudantes, de
intelectuais isolados, e não têm nenhum apoio nem
dos partidos “de direita”, nem muito menos do
empresariado. Mas é delas que dependerá o futuro
do país, se algum houver.
Imagem da Internet
Artigo Publicado Primeiramente em: Diário do Comércio
por Olavo de Carvalho.
PorqueoMarxismo
odeiaoCristianismo?
O marxismo autêntico sempre odiou e sempre
odiará o cristianismo autêntico. Se não puder
pervertê-lo, então terá que matá-lo. Sempre foi
assim e sempre será assim.
E por que essa oposição manifestada ao 
cristianismo por parte do marxismo? Por que o
ódio filosófico, a política anticristã, a ação
assassina direcionada aos cristãos? Por que o
país número um em perseguição ao
cristianismo não é muçulmano e sim a
comunista Coréia do Norte?
As pessoas se iludem quando pensam no
marxismo como doutrina econômica ou
política. Economia e política são meros pontos.
Marx não acreditava ter apenas as resposta para
os problemas econômicos. Acreditava ter todas
as respostas para todos os problemas.
Marxismo na verdade é uma crença, uma visão
de mundo, uma fé. O socialismo nada mais é do
que a aplicação dessa fé por um governo
totalitário. O comunismo, por sua vez, é apenas
a escatologia marxista, o suposto mundo
paradisíaco que brotaria de suas profecias.
E esta fé não apresenta o caráter relativista de
um hinduísmo ou de um budismo. Tendo
nascido dos pressupostos cristãos, o marxismo
roubou seus absolutos e se apresenta como a
verdade absoluta, como o único caminho para
redenção da humanidade. E ainda que tenha se
apossado dos pressupostos cristãos, inverteu
tais pressupostos tornando-se uma heresia
anticristã.
No lugar do teísmo o ateísmo, no lugar da
Providência Divina o materialismo dialético. Ao
invés de um ser criado à imagem e semelhança
de Deus, um primata evoluído cuja essência é o
trabalho, o homo economicus. O pecado é a
propriedade privada, o efeito do pecado,
simplesmente a opressão social. O instrumento
coletivo para aplicar a redenção não é a Igreja,
mas o proletariado, que através da ditadura de
um Estado “redentor” conduziria o mundo a
uma sociedade sem classes. E o resultado seria
não os novos céus e a nova terra criados por Deus,
mas o mundo comunista futuro, onde o Estado
desaparecerá, as injustiças desaparecerão e todo
conflito se transformará em harmonia.
Está é  a fé marxista, um evangelho que não admite
rival, pois assim como dois corpos não ocupam o
mesmo espaço, duas  crenças igualmente salvadoras
não podem ocupar o mesmo mundo, segundo o
marxismo real.
Sim, o comunismo de Marx era um evangelho, a
salvação para todos os conflitos da existência, fosse o
conflito entre homem e homem, homem e natureza,
nações e nações. Assim lemos em seus Manuscritos
de Paris:
“O comunismo é a abolição positiva da propriedade
privada e por conseguinte da auto-alienação humana
e, portanto, a reapropriação real da essência humana
pelo e para o homem… É a solução genuína do
antagonismo entre homem e natureza e entre
homem e homem. Ele é a solução verdadeira da luta
entre existência e essência, entre objetivação e auto-
afirmação, entre liberdade e necessidade, entre
indivíduo e espécie. É a solução do enigma da história
e sabe que há de ser esta solução”.
Texto de Eguinaldo Hélio Souza – Veja completo na
revista O Cristão Erudito (Marxismo Cultural)
Baixe Gratuitamente a Revista Cristã
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Onipresente do estado-O Império Onipresente do Estado – CÆSAR REDIVIVUS – Car...
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Jean jacques rousseau
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Livro Semente Para Um G Igante
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O que é o conservadorismo

  • 1.
  • 2.
  • 3.
  • 5. A Senhorita Worth não acreditava que o Progresso, com P maiúsculo, é uma coisa boa em si mesma. O Progresso pode ser bom ou mau, dependendo da direção a qual se está progredindo. É perfeitamente possível, e não raramente ocorre, de se progredir em direção à beira de um precipício. O pensamento conservador, jovem ou antigo, acredita que todos nós devemos obedecer à lei universal da mudança; mas muitas vezes está em nosso poder escolher quais mudanças aceitaremos e quais mudanças rejeitaremos. O conservador é uma pessoa que se esforça para conservar o que há de melhor em nossas tradições e em nossas instituições, conciliando o que é melhor com a reforma necessária de tempos em tempos. “Conservar” significa “salvar”… (Considere) a maldição do cupido: “Aqueles que mudam o amor antigo pelo novo, oram aos deuses para mudá-lo para pior.” Um conservador não é, por definição, um egoísta ou uma pessoa estúpida; em vez disso, ele é uma pessoa que acredita que há alguma coisa em nossa vida que vale a pena salvar. Conservadorismo, na verdade, é uma palavra com um significado antigo e honrado – mas, um significado quase esquecido pelos americanos até anos recentes. Abraham Lincoln queria ser conhecido como um conservador. “O que é o conservadorismo?”, disse ele. “Não é a preferência pelo antigo e experimentado, acima do novo e do não testado?” É isso; e é também um corpo de convicções éticas e sociais. Porém, a palavra “liberalismo” tem sido preferida entre nós por duas ou três décadas. Mesmo hoje em dia, embora haja um bom número de conservadores nas políticas nacional e estadual, em nenhum grande partido muitos líderes políticos descrevem a si mesmos como “conservadores”. Paradoxalmente, o povo dos Estados Unidos se tornou a principal nação conservadora do mundo exatamente quando deixou de chamar a si mesmo de conservador em seu próprio país. OQueéo Conservadorismo?POR RUSSELL KIRK
  • 6. No entanto, com a nossa severa oposição ao radicalismo dos soviéticos e nosso repúdio nacional do coletivismo em todas as suas variedades, um bom número de americanos agora têm muitas dúvidas quanto ao desejo de serem chamados liberais ou radicais. Os liberais, por um bom tempo, foram derivando para a esquerda em direção a seus primos radicais; e o liberalismo, nos últimos anos, passou a significar um anexo para o Estado centralizado e para a impessoalidade sombria do Brave New World, de Huxley, ou de 1984, de Orwell. Homens e mulheres que não se consideram liberais ou radicais estão começando a perguntar a si mesmos no que acreditam e do que deveriam se chamar. O sistema de ideias opostas ao liberalismo e ao radicalismo é a filosofia política conservadora. O que é o Conservadorismo? O conservadorismo moderno tomou forma por volta do início da Revolução Francesa, quando homens de grande visão na Inglaterra e na América perceberam que, se a humanidade existe para conservação dos elementos da civilização que tornam a vida digna de ser vivida, algum corpo coerente de ideias deve resistir ao nivelamento e ao impulso destrutivo de revolucionários fanáticos. Na Inglaterra, o fundador do verdadeiro conservadorismo foi Edmund Burke, cujas Reflections on the Revolution in France mudaram o rumo da opinião pública britânica e influenciaram incalculáveis líderes da sociedade no Continente e na América. Nos recém-criados Estados Unidos, os fundadores da República, conservadores por formação e por experiência prática, estavam determinados a moldar a Constituição que deveria guiar a sua posteridade em caminhos duradouros de justiça e liberdade. Nossa Guerra de Independência Americana não foi uma revolução real, mas antes uma separação da Inglaterra; estadistas de Massachusetts e da Virgínia não desejavam virar a sociedade de cabeça para baixo. Em seus escritos, sobretudo nos trabalhos de John Adams, Alexander Hamilton e James Madison, nós encontramos um conservadorismo sóbrio e provado, fundado sobre uma compreensão da história e da natureza humana. A Constituição que os líderes daquela geração elaboraram tem provado ser o dispositivo conservador mais bem sucedido em toda a história.Os líderes conservadores, desde Burke e Adams, subscreveram certas ideias que podemos demonstrar, resumidamente, mediante definição. Os conservadores desconfiam do que Burke chamou “abstrações” – isto é, absolutos dogmas políticos divorciados da experiência prática e das circunstâncias particulares. Eles acreditam, todavia, na existência de certas verdades permanentes que regem a conduta da sociedade humana. Talvez, os princípios mais importantes que têm caracterizado o pensamento conservador americano são estes: 1. Homens e nações são governados por leis morais; e essas leis têm a sua origem em uma sabedoria superior à humana – a justiça divina. No fundo, problemas políticos são problemas morais e religiosos. O estadista sábio procura apreender a lei moral e reger sua conduta adequadamente. Nós temos uma dívida moral para com nossos antepassados, que nos concederam nossa civilização, e um dever moral para as gerações que virão depois de nós. Esta dívida foi ordenada por Deus. Portanto, não temos o direito de, impudentemente, mexer com a natureza humana ou com tecido delicado de nossa ordem social civil.
  • 7. 2. Variedade e diversidade são as características de uma grande civilização.  Uniformidade e igualdade absoluta são a morte de todo verdadeiro vigor e liberdade na existência. Conservadores resistem, com imparcial virilidade, à uniformidade de um tirano ou de uma oligarquia e à uniformidade a qual Tocqueville chamou “despotismo democrático”. 3. Justiça significa que todo homem e toda mulher têm direito ao que lhes é próprio – às coisas que melhor se adaptam à sua própria natureza, às recompensas de sua capacidade e integridade, à sua propriedade e à sua personalidade. A sociedade civilizada requer que todos os homens e mulheres tenham direitos iguais diante da lei, mas essa igualdade não deve se estender à igualdade de condição: isto é, a sociedade é uma grande associação, na qual todos têm direitos iguais – mas não para igualar coisas. A sociedade justa requer liderança sólida, recompensas diferentes para habilidades diferentes e um senso de respeito e dever. 4. Propriedade e liberdade são inseparavelmente conectadas; nivelamento econômico não é progresso econômico. Os conservadores valorizam a propriedade para seu próprio interesse, é claro; mas a valorizam muito mais porque, sem ela, todos os homens e mulheres estão a mercê de um governo onipotente. 5. O poder é repleto de perigos; portanto, o bom estado é aquele no qual o poder é controlado e equilibrado, restringido por constituições e costumes sólidos. Na medida do possível, o poder político deve ser mantido nas mãos de instituições privadas e locais. A centralização é normalmente um sinal de decadência social. 6. O passado é um grande depósito de sabedoria; como Burke disse, “o indivíduo é tolo, mas a espécie é sábia.” Os conservadores acreditam que precisamos nos guiar pelas tradições morais, pela experiência social e por todo o complexo corpo de conhecimentos legados a nós por nossos antepassados. Os apelos conservadores estão para além da opinião precipitada do momento, pela qual Chesterton os denominava de “a democracia dos mortos” - isto é, as opiniões consideradas dos homens e mulheres sábios que morreram antes de nosso tempo, a experiência da espécie humana. O conservador, em suma, sabe que não nasceu ontem. 7. A sociedade moderna necessita urgentemente de uma verdadeira comunidade: e verdadeira comunidade é um mundo distante do coletivismo. A comunidade autêntica é regida por amor e caridade, não por força. Através de igrejas, associações voluntárias, governos locais e uma variedade de instituições, os conservadores se esforçam para manter a comunidade saudável. Os conservadores não são egoístas, mas zelosos do bem-estar público. Eles sabem que o coletivismo significa o fim da comunidade genuína, e substituem uniformidade por variedade e força por cooperação voluntária. 8. Nos assuntos das nações, o conservador americano acredita que seu país deve ser um exemplo para o mundo, mas que não deve tentar reconstruir o mundo à sua imagem. É uma lei da política, bem como da biologia, que todo ser vivente ama, acima de tudo – até mesmo acima de sua própria vida –, sua identidade distintiva, que o diferencia de todos os outros seres. O conservador não aspira à dominação do mundo, nem aprecia a perspectiva de um mundo reduzido a um padrão único de governo e de civilização. Imagem da Capa – Internet pixabay
  • 8. 9. Os conservadores sabem que homens e mulheres não são perfectíveis; e nem o são as instituições políticas. Nós não podemos criar um paraíso na Terra, embora possamos fazer um inferno. Somos todos criaturas nas quais bem e mal estão misturados; e, quando as boas instituições negligenciam e ignoram os antigos princípios morais, o mal tende a predominar em nós. Por isso, o conservador suspeita de todos os esquemas utópicos. Ele não acredita que, pelo poder do direito positivo, nós podemos resolver todos os problemas da humanidade. Podemos ter a esperança de fazer nosso mundo tolerável, mas não podemos torná-lo perfeito. Quando o progresso é alcançado, o é através do reconhecimento prudente das limitações da natureza humana. 10. Os conservadores estão convencidos de que mudança e reforma não são idênticas: inovação política e moral pode ser tanto destrutiva como benéfica; e se a inovação é empreendida com espírito de presunção e entusiasmo, provavelmente será desastrosa. Todas as instituições humanas, em certa medida, se alteram de época para época, pois o lento processo de mudança é o meio de conservar a sociedade, exatamente como é, para o corpo humano, o meio de sua renovação. Mas, os conservadores americanos se esforçam para conciliar o crescimento e as modificações essenciais para nossa vida com a força de nossas tradições sociais e morais. Com Lord Falkland, eles dizem: “quando não é necessário mudar, é necessário não mudar.” Eles entendem que homens e mulheres são mais satisfeitos quando podem sentir que vivem em um mundo estável de valores duradouros. O conservadorismo, então, não é simplesmente o interesse das pessoas que têm muitas propriedades e influência; não é simplesmente a defesa de privilégios e de status. A maioria dos conservadores não são nem ricos nem poderosos. Porém, eles fazem até mesmo o mais simples deles obter grandes benefícios de nossa República estabelecida. Eles têm liberdade, segurança pessoal e de sua casa, igual proteção das leis, o direito aos frutos de sua indústria e oportunidade para fazer o melhor que neles há. Eles têm um direito de personalidade em vida e um direito de consolo na morte. Os princípios conservadores são o abrigo das esperanças de todos na sociedade. E o conservadorismo é um importante conceito social para todo aquele que deseja justiça igualitária e liberdade pessoal e todos os amáveis caminhos antigos da humanidade. O conservadorismo não é simplesmente uma defesa do “capitalismo”. (“Capitalismo”, na verdade, é uma palavra cunhada por Karl Marx, projetada desde o início para significar que a única coisa defendida pelos conservadores é a grande acumulação de capital privado.) Mas, o que o verdadeiro conservador faz corajosamente é defender a propriedade privada e uma liberdade econômica, ambas para seu próprio bem e porque elas são meios para atingir grandes fins. Esses grandes fins são mais do que econômicos e políticos. Eles envolvem dignidade humana, personalidade humana, felicidade humana. Eles envolvem até mesmo o relacionamento entre Deus e o homem. Pois o coletivismo radical de nossa época é ferozmente hostil a qualquer outra autoridade: o radicalismo moderno detesta a fé religiosa, a virtude privada, a individualidade tradicional e a vida de satisfações simples. Tudo o que vale a pena ser conservado está ameaçado em nossa geração. A mera oposição negativa e irracional à corrente de acontecimentos, agarrando-se com desespero ao que ainda mantemos, não será suficiente nesta época. Um conservadorismo de instinto deve ser reforçado por um conservadorismo de pensamento e imaginação. Original adaptado de The Intelligent Woman’s Guide to Conservatism (New York: The Devin-Adair Company, 1957). Do Russell Kirk Center. Tradução: José Junio Souza da Costa
  • 9. COMO SER UM CONSERVADOR – ROGER SCRUTON   "Uma obra de extrema relevância para o atual cenário político brasileiro O filósofo político inglês Roger Scruton construiu sua reputação ao empregar a sua inteligência na reflexão e divulgação do pensamento conservador. É um pensador que sabe conjugar de forma exemplar um raciocínio profundo com um texto sofisticado e preciso. O tema central deste livro é o conservadorismo. E é a partir da apresentação teórica e prática do pensamento conservador em suas várias dimensões na vida em sociedade que Scruton examina e explica como ser um conservador. E o faz com uma habilidade grandiosa para expor teoria e análise de maneira clara e concisa sem simplificá-las ou vulgarizá-las. Essa mestria permite ao leitor encerrar a leitura com a percepção de que aprendeu algo valioso e com o sentimento de que pertence a uma tradição, mesmo que ainda tenha que descobri-la. Mais sobre o livro na (AMAZON) AS IDEIAS CONSERVADORAS – JOSÉ PEREIRA COUTINHO Em um país de democracia recente e marcado historicamente por ditaduras como o Brasil, o pensamento político conservador costuma ser associado ao autoritarismo e à supressão das liberdades individuais. O audacioso objetivo deste livro é desfazer esse equívoco e apresentar ao leitor as ideias conservadoras, que não se confundem com as doutrinas-reacionárias.  Para o jornalista e cientista político João Pereira Coutinho, o conservadorismo é o modo de a sociedade preservar o melhor que, com base na tradição democrática, ela criou para garantir a paz, a liberdade dos cidadãos e o vigor das instituições.  Com linguagem clara e envolvente, o autor expõe o pensamento dos principais filósofos conservadores, ao mesmo tempo que tece uma reflexão política de importante significado para a atualidade. Contra radicalismos crescentes à direita e à esquerda, Coutinho defende o primado da lucidez e do equilíbrio. Saiba Mais (AMAZON)
  • 10. OsDezPrincípios Conservadores Não sendo nem uma religião nem uma ideologia, o corpo de opiniões denominado Conservadorismo não possui um Livro Sagrado nem um Das Kapital para prover dogmas. Até onde é possível determinar em quê acreditam os conservadores, os primeiros princípios da convicção conservadora são derivados do que professaram os principais escritores e homens públicos conservadores durante os últimos dois séculos. Após algumas observações introdutórias neste tema geral, prosseguirei e listarei dez destes princípios conservadores. Talvez fosse melhor, na maioria das vezes, usar a palavra “conservador” principalmente como um adjetivo. Pois não existe um Modelo Conservador, e o conservadorismo é a negação da ideologia: é um estado da mente, um tipo de caráter, um modo de olhar para ordem social civil. A atitude a que chamamos conservadorismo é sustentada por um corpo de sentimentos, mais do que por um sistema de dogmas ideológicos. Em geral um conservador pode ser definido como alguém que se define como tal. O movimento conservador, ou corpo de opiniões, pode acomodar uma considerável diversidade de perspectivas em muitos temas, não havendo um “Test Act” ou “Trinta e Nove Artigos” do credo conservador. Em essência, a pessoa conservadora é simplesmente aquela que acha as coisas permanentes mais satisfatórias do que o “Chaos and Old Night” (NT: Kirk alude aqui ao poema épico Paradise Lost de John Milton). (Embora os conservadores saibam, como Burke, que a “mudança saudável é o meio de nossa preservação”). A experiência histórica continuada de um povo, dizem os conservadores, oferece um guia para a política muito melhor que os projetos de filósofos de cafeteria. Mas, é claro, há muito mais para a convicção conservadora do que esta atitude geral. Não é possível esboçar um catálogo simples das convicções dos conservadores. Entretanto, ofereço a você, sumariamente, dez princípios gerais. Parece seguro dizer que a maioria dos conservadores subscreveria a maior parte destas máximas. Em várias edições de meu livro The Conservative Mindlistei certos cânones do pensamento conservador – a lista difere, de algum modo, de uma edição para outra; em minha antologia, The Portable Conservative Reader,  ofereço variações sobre este tema. Agora apresento a você um resumo dos pressupostos conservadores que difere de algum modo de meus cânones naqueles dois livros. Em si, a diversidade de maneiras pelas quais as perspectivas conservadoras podem encontrar expressão é por si prova de que o conservadorismo não é uma ideologia fixa. Quais princípios são enfatizados por conservadores durante determinada época variará com as circunstâncias daquela época. Os dez itens de crença que se seguem refletem a ênfase dos conservadores na América hoje em dia. Primeiro, o conservador acredita na existência de uma ordem moral perene. Por Russell Kirk (Adaptado por Kirk de The Politics of Prudence)
  • 11. Que a ordem é feita pra o homem, e o homem é feito para a ordem: a natureza humana é constante, e as verdades morais são perenes. Ordem significa harmonia. Há dois aspectos ou tipos de ordem: a ordem interior da alma, e a ordem externa da comunidade. Vinte e cinco séculos atrás Platão ensinou esta doutrina, mas mesmo os instruídos de hoje em dia acham-na difícil de entender. O problema da ordem tem sido sempre a principal preocupação dos conservadores desde que conservador tornou-se um termo político. O mundo do século XX experimentou as consequências hediondas do colapso da crença na ordem moral. Como as atrocidades e desastres da Grécia cinco séculos antes de Cristo, a ruína das grandes nações no século XX mostra-nos o fosso no qual caem as sociedades que erradamente tomam o hábil interesse próprio ou engenhosos controles sociais como agradáveis alternativas a uma ordem moral “antiquada”. Tem sido dito por intelectuais liberais que os conservadores acreditam que todas as questões sociais, em essência, sejam questões de moralidade privada. Propriamente entendida, esta afirmação é totalmente verdadeira. Uma sociedade na qual homens e mulheres sejam regidos pela crença numa ordem moral permanente, por um forte senso de certo e errado, por convicções pessoais sobre justiça e honra, será uma boa sociedade – qualquer que seja a organização política que ela possa utilizar; enquanto que uma sociedade na qual homens e mulheres estejam moralmente à deriva, ignorantes das normas e intencionem principalmente a satisfação dos apetites, será uma sociedade má – não importa quantas pessoas votem e não importa quão liberal sua constituição formal possa ser. Segundo, o conservador adere ao costume, às convenções e à continuidade. É a antiga tradição que capacita as pessoas a viverem juntas pacificamente. Os destruidores de costumes destroem mais do que desejam ou sabem. É através da convenção – uma palavra muito violentada em nossa época – que conseguimos evitar a disputa perpétua a respeito de direitos e deveres: a lei, em seus fundamentos, é um corpo de convenções. A continuidade é o significado de vincular geração a geração, importa tanto para a sociedade como para o indivíduo, sem isto a vida é sem sentido. Num tempo em que revolucionários bem sucedidos têm apagado antigos costumes, escarnecido de antigas convenções, e quebrado a continuidade das instituições sociais, porque atualmente descobriram a necessidade de estabelecer novos costumes, convenções e continuidade. Porém este processo é doloroso e lento, e a nova ordem social que eventualmente emerge pode ser muito inferior à antiga que os radicais derrubaram em seu entusiasmo pelo Paraíso Terrestre. Os conservadores são defensores dos costumes, convenções e continuidade porque preferem o diabo conhecido ao diabo que não conhecem. Ordem, justiça e liberdade, acreditam, são produtos de uma longa experiência, o resultado de séculos de testes, reflexões e sacrifícios. Então, o corpo social é um tipo de corporação espiritual comparável à igreja. Pode mesmo ser chamado de comunidade das almas. A sociedade humana não é uma máquina para ser tratada mecanicamente. A continuidade, sangue vital de uma sociedade, não deve ser interrompida. O lembrete de Burke sobre a necessidade de mudança prudente, está na mente do conservador. Mas a mudança necessária, argumenta o conservador, deve ser gradual e discriminada, nunca quebrando antigos interesses imediatamente.
  • 12. Terceiro, conservadores acreditam no que pode ser chamado princípio da prescrição. É o senso conservador de que as pessoas modernas são anões nos ombros de gigantes, capazes de enxergar mais longe que seus ancestrais apenas devido à grande estatura daqueles que nos precederam no tempo. Consequentemente os conservadores quase sempre enfatizam a importância da prescrição – isto é, das coisas estabelecidas pelo uso imemorial, de modo que a mente humana não caminhe ao contrário. Há direitos para os quais o principal reconhecimento público é a antiguidade – incluindo, quase sempre, direitos de propriedade. Similarmente, nossa moral é em grande parte prescritiva. Conservadores argumentam ser improvável que nós modernos façamos qualquer grande descoberta em moral, política ou propensão. É perigoso pesar cada questão passageira na base do julgamento e racionalidade particulares. O indivíduo é tolo, mas a espécie é sábia, declarou Burke. Em política fazemos melhor obedecendo ao precedente, ao preceito e mesmo ao preconceito, pois a grande incorporação misteriosa da raça humana adquiriu uma sabedoria prescritiva muito maior que qualquer insignificante racionalidade particular. Quarto, conservadores são guiados por seu princípio de prudência. Burke concorda com Platão que num homem de estado a prudência seja a maior virtude. Qualquer medida pública deve ser julgada por suas prováveis consequências de longo prazo, não apenas por sua vantagem temporária ou popularidade. Liberais e radicais, dizem os conservadores, são imprudentes: pois eles traçam seus objetivos sem dar muita atenção ao risco de novos abusos, piores que os males que esperam eliminar. Como colocou John Randolph, de Roanoke, a Providência move-se lentamente, enquanto o diabo sempre se apressa. Sendo a sociedade humana complexa, os remédios, para serem eficazes, não podem ser simples. O conservador declara que age apenas após reflexão suficiente, tendo pesado as consequências. Reformas repentinas e profundas são perigosas como cirurgias repentinas e profundas. Quinto, conservadores prestam atenção ao princípio da diversidade. Conservadores sentem afeição pela intrincada proliferação de instituições sociais de longa data e pelos modos de vida, distintos da estreita uniformidade e sufocante igualitarismo dos sistemas radicais. Para a preservação de uma diversidade saudável, em qualquer civilização, devem sobreviver ordem e classes, diferenças nas condições materiais e muitos tipos de desigualdades. As únicas formas verdadeiras de igualdade são a igualdade do Julgamento Final e igualdade perante um justo tribunal da lei. Todas as outras tentativas de nivelamento levarão, na melhor das hipóteses, à estagnação social. A sociedade requer líderes capazes e honestos, e se as diferenças institucionais e naturais são destruídas, brevemente algum tirano ou algum bando de oligarcas sórdidos criarão novas formas de desigualdade. Sexto, conservadores são refreados por seu princípio de imperfectibilidade. A natureza humana sofre irremediavelmente de certas faltas graves, sabem os conservadores. Sendo homem imperfeito, nenhuma ordem social perfeita pode ser criada. Devido à inquietação natural, a espécie humana se rebelaria sob uma dominação utópica e eclodiria uma vez mais em descontentamento violento, ou senão, expiraria em tédio.
  • 13. Procurar pela utopia é terminar desastre, dizem os conservadores: não somos feitos para as coisas perfeitas. Tudo que podemos esperar razoavelmente é uma sociedade aceitavelmente ordenada, justa e livre, na qual alguns males, desajustamentos e sofrimentos continuarão a espreitar. Pela atenção adequada à reforma prudente podemos preservar e melhorar esta ordem aceitável. Mas se as antigas salvaguardas institucionais e morais de uma nação são esquecidas, então a o impulso anárquico da espécie humana desprende-se: “a cerimônia da inocência é suprimida”. Os ideólogos que prometem a perfeição do homem e da sociedade têm convertido grande parte do mundo, desde o século XX, num inferno terrestre. Sétimo, conservadores estão persuadidos de que propriedade e liberdade estão intimamente vinculadas. Dissocie propriedade de posse privada e o Leviatã torna-se o dono de tudo. Sobre o fundamento da propriedade privada grandes civilizações são construídas. Quanto mais ampla a posse de propriedade privada, tanto mais estável e produtiva é a comunidade. Nivelamento econômico, sustentam os conservadores, não é progresso econômico. Ganhar e gastar não são os principais propósitos da existência humana, mas uma sólida base econômica para a pessoa, a família e a comunidade, é muito desejável. O Sr Henry Maine, em seu Village Communities, expressa robusta defesa da propriedade privada como distinta da propriedade comunal: “Ninguém é livre para atacar a múltipla propriedade e dizer ao mesmo tempo que valoriza a civilização. As histórias de ambas não podem ser desentrelaçadas”. Pois a instituição da múltipla propriedade – isto é, propriedade privada – tem sido um poderoso instrumento para ensinar responsabilidade a homens e mulheres, por prover motivos de integridade, por estimular a cultura geral, por elevar a espécie humana acima do nível de mera labuta, por fornecer tempo para pensar e liberdade para agir. Ser capaz de conservar os frutos do trabalho de alguém; ser capaz de assegurar que o trabalho de alguém seja duradouro; ser capaz de legar a propriedade de alguém para a posteridade;  ser capaz de elevar o homem da condição natural de pobreza opressiva para a proteção da realização duradoura; possuir algo que seja realmente sua propriedade– são benefícios difíceis de negar. Os conservadores sabem que a posse de propriedade estabelece certas obrigações sobre o proprietário, eles aceitam alegremente estas obrigações morais e legais. Oitavo, conservadores apoiam a associação voluntária, tanto quanto se opõem ao coletivismo involuntário. Embora os Americanos tenham sido fortemente vinculados à intimidade e à privacidade, eles também têm sido um povo notório por um bem sucedido espírito de comunidade. Numa comunidade genuína as decisões que afetam mais diretamente as vidas dos cidadãos são tomadas voluntariamente e localmente. Algumas destas funções são realizadas por entidades políticas locais, outras por associações privadas: tanto quanto elas sejam mantidas locais, e sejam marcadas pela concordância geral daqueles que são afetados, elas constituem uma comunidade saudável. Mas quando estas funções passam, por definição ou usurpação, a uma autoridade centralizada, então a comunidade está sob séria ameaça. Tudo o que seja beneficente ou prudente na democracia moderna torna-se possível através da cooperação voluntária. Se, então, em nome de uma democracia abstrata, as funções da comunidade são transferidas para uma direção política distante, o governo real, pelo consenso dos governados, cederá a um processo de padronização hostil à liberdade e à dignidade humana. Pois uma nação não é mais forte que as numerosas pequenas comunidades das quais é composta. Uma administração central, ou um grupo de seletos administradores e servidores civis, embora bem intencionado e bem treinado, não pode oferecer justiça, prosperidade e tranquilidade sobre uma massa de homens e mulheres despojados de suas antigas responsabilidades. Este experimento foi feito antes, e foi desastroso. É o desempenho de nossas obrigações na comunidade que nos ensina a prudência, a eficiência e a caridade. Nono, o conservador compreende a necessidade de restrição prudente sobre o poder e sobre as paixões humanas. Falando politicamente, poder é a capacidade de fazer algo que alguém queira, indiferente às vontades dos demais. 
  • 14. Um estado no qual um indivíduo ou pequeno grupo é capaz de dominar as vontades de seus companheiros sem consulta é um despotismo, seja ele chamado monárquico ou aristocrático ou democrático. Quando cada pessoa afirma ser um poder por si mesma, então a sociedade cai na anarquia. Sendo intolerável para todos e contrária ao fato inelutável de que algumas pessoas são mais fortes e mais engenhosas que seus vizinhos, a anarquia nunca dura muito. À anarquia sucede-se a tirania ou a oligarquia, na qual o poder é monopolizado por alguns poucos. O conservador empenha-se então em limitar e equilibrar o poder político para que a anarquia ou a tirania não possam surgir. Em cada época, entretanto, homens e mulheres são tentados a derrubar as limitações sobre o poder, por amor a alguma vantagem temporária imaginária. É característico do radical que ele pense no poder como uma força para o bem – desde que o poder esteja em suas mãos. Em nome da liberdade, os revolucionários Franceses e Russos aboliram as antigas limitações ao poder, mas o poder não pode ser abolido, ele sempre encontra seu caminho para as mãos de alguém. Aquele poder que os revolucionários pensavam opressivo nas mãos do antigo regime tornou- se, muitas vezes, tirânico nas mãos dos novos controladores radicais do estado. Conhecendo a natureza humana como sendo uma mistura de bem e mal, o conservador não coloca sua confiança na mera benevolência. Restrições constitucionais, pesos e contrapesos políticos (divisão de poderes), cumprimento adequado das leis, a velha intrincada teia de restrições sobre desejos e apetites – são restrições que os conservadores aprovam como instrumentos de liberdade e ordem. Um governo justo mantém uma saudável tensão entre a afirmação da autoridade e a afirmação da liberdade. Décimo, o pensador conservador entende que permanência e mudança devem ser reconhecidas e reconciliadas numa sociedade vigorosa. O conservador não se opõe ao aperfeiçoamento social, embora duvide que haja qualquer força tal como um místico Progresso, com P maiúsculo, em funcionamento no mundo. Quando uma sociedade está progredindo em determinados aspectos, está regredindo em outros. O conservador sabe que qualquer sociedade saudável é influenciada por duas forças, as quais Samuel Taylor Coleridge chamou Permanência e Progressão. A Permanência de uma sociedade é formada por aqueles interesses e convicções duradouros que nos dão estabilidade e continuidade. Sem a Permanência, as nascentes de grande profundidade são interrompidas, a sociedade decai na anarquia. A Progressão numa sociedade é aquele espírito e aquele corpo de habilidades que nos instigam à reforma prudente a ao aperfeiçoamento. Sem esta Progressão, o povo estagna. Portanto o conservador inteligente empenha- se em reconciliar as afirmações de Permanência e as afirmações de Progressão. Ele pensa que o liberal e o radical, cegos às justas afirmações da Permanência, arriscariam a herança que nos foi legada numa tentativa de nos conduzir para um duvidoso Paraíso Terrestre. O conservador, em resumo, prefere o progresso razoável e moderado. Opõe-se ao culto ao Progresso, cujos adeptos acreditam que qualquer coisa nova seja necessariamente superior a qualquer coisa antiga. A Mudança é essencial para o corpo social, raciocina o conservador, assim como é essencial ao corpo humano. Um corpo que tenha cessado de se renovar, começou a morrer. Mas para que este corpo seja vigoroso, a mudança deve ocorrer de forma regular,Opõe-se ao culto ao Progresso, cujos adeptos acreditam que qualquer coisa nova seja necessariamente superior a qualquer coisa antiga. Mudança é essencial para o corpo social, raciocina o conservador, assim como é essencial ao corpo humano. Um corpo que tenha cessado de se renovar, começou a morrer. Mas para que este corpo seja vigoroso, a mudança deve ocorrer de forma regular, em harmonia com a forma e a natureza daquele corpo. De outra maneira a mudança produz um crescimento monstruoso, um câncer, que devora seu hospedeiro. O conservador preocupa-se com que nada na sociedade deva ser inteiramente antigo, e que nada deva ser, nunca, inteiramente novo. Este é o significado de conservação de uma nação, tanto quanto seja o significado de conservação de um organismo vivo. Quanta mudança uma sociedade requer, e que tipo de mudança, depende das circunstâncias da época e da nação. Tais, então, são dez princípios que têm amplamente emergido durante dois séculos de pensamento conservador. Outros princípios poderiam ter sido discutidos aqui: por exemplo, o entendimento conservador de justiça, ou a perspectiva conservadora de educação. Mas tais temas, com o passar do tempo, devo deixar para sua própria investigação. Traduzido por Flávio Ghetti – Tradutores de Direita
  • 15.
  • 16. A Terra ingressou numa mini-era de gelo que poderá durar entre 60 e 80 anos e diminuirá a temperatura global em 0,2º C, segundo relatório do Instituto de Geofísica da Universidade Nacional Autônoma de México (UNAM). O investigador Víctor Manuel Velasco explicou que o fenômeno é causado pela diminuição da atividade solar, que vem sendo registrada há anos. Velasco estudou os períodos glaciares e interglaciares da Terra e a variabilidade solar. Os resultados apoiam uma teoria que poderá quantificar a diminuição da atividade solar e seu impacto na Terra. “Hipótese alguma sobre mudança climática consegue explicar por que acontecem esses períodos”, esclareceu ele. Para o cientista, a diminuição da temperatura global é devida a “um ciclo natural da natureza” já verificado em outros séculos com lapsos de 120 anos e que depende exclusivamente do sol. Já em 2010 partes do planeta entraram nessa “mini” era de gelo e “as ondas de neve históricas que estão acontecendo no mundo são mostra disso”, acrescentou. Por exemplo, no século VI houve um mínimo de atividade solar conhecida como “mínimo medieval”. Posteriormente veio o “período quente medieval”, seguido de mais uma mini era de gelo no Ancien Regime e um novo período quente que se prolongou até o fim do século XX. O fenômeno, aliás, é bem conhecido pelos cientistas sérios. Porém, como fere o mito do “aquecimento global” a mídia e os ativistas alarmistas menosprezavam-no aduzindo ser invenção de “céticos” pagos pelas multinacionais. O fracasso da última conferência do IPCC, COP-23 realizada em Bonn, para a aplicação do acordo de Paris atingido de morte pela saída dos EUA, tornou mais fácil que informações importantes como as fornecidas, aliás há tempos, pela UNAM, cheguem ao grande público. Luis Dufaur, escritor, jornalista, conferencista de política internacional, é sócio do IPCO e editor de diversos blogs, dentre os quais o “Verde, a Cor Nova do Comunismo”. (Mídia sem Máscara) Por: Luis Dufaur
  • 17. Definir o que é o conservadorismo não é uma tarefa simples para conservadores nem para os filósofos políticos. Porque conservadorismo em si não é uma ideologia, nem uma filosofia e muito menos um programa de aplicação política. Trata-se, contudo, de um espírito, de uma disposição – para usar o termo do filósofo político Michael Oakeshott – que se alicerça ou se manifesta num conjunto de princípios, valores, hábitos, práticas e ideias que emergem da rica experiência da vida em sociedade, dentro da qual se localiza a política. Qualificar o conservadorismo como um espírito ou como uma disposição é o mais próximo que podemos ter de uma concepção abrangente, mas talvez a imagem mais adequada sobre o que é o conservadorismo seja a do trimmer, extraída da terminologia náutica pelo Marquês de Halifax. O trimmer, ferramenta responsável por manter o equilíbrio da embarcação quando o seu curso é ameaçado, serve perfeitamente ao objetivo de Halifax de realçar o exercício suave do conservadorismo, que, no caso da política, não muda de posição com o advento das modas ideológicas e se caracteriza pela reação às ameaças de alterações radicais ou mudanças que provoquem sofrimento e que rompam aquela ligação de familiaridade que o indivíduo tem com o presente e com aquilo que possui. Para o conservador, a política é apenas um dos vários instrumentos de exercício do conservadorismo, mas está longe de ser o mais nobre ou o mais eficaz. Não é sem razão que o Partido Conservador Inglês nasce da aversão pela política partidária, segundo mostra Roger Scruton no seu precioso The Meaning of Conservatism, que recomendo vivamente. Essas observações são necessárias para tentar obter uma resposta à legítima pergunta: onde estão os políticos conservadores brasileiros? No entanto, acredito que há uma pergunta prévia a ser feita: o que é e onde está o conservadorismo brasileiro? Porque para que uma Margaret Thatcher fosse possível – e ela é apenas uma dentre tantos políticos conservadores britânicos – foi preciso, antes, haver um conservadorismo que conquistasse e influenciasse uma parcela da sociedade. No Brasil, antes de pensar num político conservador é preciso que tenhamos um pensamento conservador que possa influenciar culturalmente a sociedade. Só depois disso é que será possível esperar o surgimento de uma elite política apta a defender princípios e valores conservadores. A batalha, antes de ser política e econômica, é cultural.
  • 18. Se a política conservadora vier antes do conservadorismo poderá acontecer o que um conservador britânico rejeitaria de forma absoluta: a criação artificial de um estímulo conservador pelo exercício centralizado da política partidária. Isso seria uma forma rápida de destruir o que esse mesmo conservador preza: uma sociedade na qual a família, a liberdade, a propriedade e a ordem seriam preservadas porque garantem seus modos de vida, sua tradição e a busca livre pela prosperidade. Bruno Garschagen é cientista político pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica de Lisboa e University of Oxford, e podcaster do Instituto Ludwig von Mises. Publicado na revista Vila Nova. Midiasemmascara.org Uma obra fundamental para o momento que vive-o-país.  Por qual razão nós brasileiros, apesar de não confiarmos nos políticos, a quem dedicamos insultos dos mais criativos e variados, pedimos que o governo intervenha sempre que surgem problemas? Por que vamos para as ruas protestar contra os políticos e ao mesmo tempo pedir mais Estado – como se este não fosse gerido pelos... políticos? Uma Obra Grandiosa, que fará você ver o Estado com outros olhos. Imagem da Internet – Cultura e Política (Guerra Cultural)
  • 19. PerdendoaGuerra Cultural (FimdaEsquerda?) ARTIGOS “Cultura é o novo nome da propaganda”, explicava o crítico literário português Fernando Alves Cristóvão. Bem, quando ele disse isso, o nome não era tão novo assim. Fazia quase setenta anos que os comunistas haviam reduzido a cultura a instrumento de propaganda e manipulação, rejeitando todos os seus demais usos e significados como superfetações burguesas puníveis, eventualmente, com pena de prisão. A novidade, nos anos 90, era que esse conceito havia se universalizado, tornando-se regra usual em círculos que antes o teriam desprezado como mero sintoma da barbárie comunista. A expressão mais visível desse fenômeno é a mudança drástica do sentido do título de “intelectual”, hoje conferido automaticamente a qualquer um que engrosse por escrito alguma campanha de propaganda político-ideológica, mesmo que o faça em termos intelectualmente desprezíveis e numa linguagem de ginasiano relapso. O plano de colocar o sr. Lula na Academia Brasileira de Letras, lançado anos atrás pelo falecido cientista político Raymundo Faoro, não foi levado adiante, mas já era um sinal visível de que a acepção elasticamente gramsciana do termo “intelectual” se tornara moeda corrente fora dos meios comunistas estritos.  Mais ou menos na mesma ocasião, o sr. William Lima da Silva, líder do Comando Vermelho, por ter escrito um livro de memórias onde alegava que bandidos eram os outros, recebia tratamento de autor respeitável em plena Associação Brasileira de Imprensa, enquanto na Folha de São Paulo a jornalista Marilene Felinto dava estatuto de filósofo ao estuprador e assassino Marcinho VP, que salvo engano tinha também olhos verdes. Olavo de Carvalho Por Olavo de Carvalho
  • 20. O silogismo aí subentendido fundia Herbert Marcuse e Antonio Gramsci. O primeiro dizia que os bandidos eram revolucionários. O segundo, que os revolucionários eram intelectuais. Logo, os bandidos eram intelectuais. A ABI e a Folha não eram instituições formalmente comunistas. Apenas tinham-se deixado dominar pela mentalidade comunista ao ponto de obedecer os seus mandamentos sem ter de aderir conscientemente à sua proposta política. Mas o pior veio uns anos depois, quando a redução da cultura à propaganda começou a parecer natural e desejável aos olhos dos conservadores — ou “liberais”, como são chamados usualmente no Brasil (mais uma curiosa inversão numa república onde tudo cresce de cabeça para baixo, como as bananas). Aconteceu que o conservadorismo brasileiro foi, em essência, uma criação de pequenos empresários. Essas pobres criaturas, acossadas pelo fisco, pelas leis trabalhistas, pela concorrência das multinacionais e pela crença estatal de que os capitalistas só não comem ... criancinhas porque preferem vendê-las sob a forma de salsichas, estavam tão preocupadas com a sua sobrevivência imediata que mal tinham tempo de pensar em outra coisa. Seu conservadorismo – ou liberalismo – foi assim reduzido à sua expressão mais frugal, ascética e descarnada: a defesa pura e simples do livre mercado, tomado como se fosse uma realidade em si e separado das condições civilizacionais e culturais que o tornam possível. O primado do econômico, adotado inicialmente por mera urgência prática, acabou adquirindo, por força do hábito, o estatuto de uma verdade axiomática, da qual se deduziam as conclusões mais estapafúrdias e perigosas. Talvez a pior delas fosse a de que o progresso econômico é a melhor vacina contra as revoluções sociais. O fato de que jamais tivesse acontecido uma revolução social em país de economia declinante não abalava em nada o otimismo progressista daqueles risonhos empreendedores, que julgavam o estado geral da nação pelo balancete de suas respectivas empresas e se julgavam tremendamente realistas por isso. ARTIGOS Imagem da Internet - Ilustração: Socialismo
  • 21. Nem os demovia da sua crença a obviedade histórica, já reconhecida pelos próprios marxistas, de que a classe revolucionária não se forma entre os proletários ou camponeses, muito menos entre os miseráveis e desempregados, mas entre as massas afluentes de classe média alimentadas de doutrina comunista nas universidades. De outro lado, aconteceu que os liberais, ao mesmo tempo que se inchavam de entusiasmo ante a modesta recuperação econômica do país, eram cada vez mais excluídos da representação política. As eleições presidenciais de 2002 ofereceram à escolha do eleitorado quatro candidatos esquerdistas, dos quais nenhum, ao longo de toda a campanha, disse uma só palavra em favor da livre empresa. Nos anos subseqüentes, o partido nominalmente liberal – PFL – adaptou-se às circunstâncias aceitando sua condição de mero coadjuvante da esquerda light , mudou de nome para ficar parecido com o Partido Democrata americano (o partido preferido de Hugo Chávez e Fidel Castro) e nem mesmo resmungou quando foi declarado, pelo presidente petista reeleito, “um partido sem perspectiva de poder”. Condenados à marginalidade política, mas ao mesmo tempo anestesiados pelos sinais crescentes de recuperação da economia capitalista no país, os liberais apegaram-se mais ainda ao seu economicismo, desistindo do combate nos demais fronts , quando não aderindo ao programa esquerdista em todos os pontos sem relevância econômica imediata, como o gayzismo, o abortismo, as quotas raciais e o anticristianismo militante, na esperança louca de concorrer com a esquerda no seu próprio campo, sem perceber que com isso concediam ao adversário o monopólio da propaganda ideológica e se transformavam em dóceis instrumentos da “revolução cultural” gramsciana. É compreensível que, nessas condições, toda a atividade mental da “direita” brasileira acabasse se reduzindo às análises econômicas e à propaganda de um produto único – o livre mercado –, perdendo toda relevância no debate cultural e rebaixando-se ao ponto de passar a aceitar como “intelectual representativo” qualquer moleque idiota capaz de dizer duas ou três palavrinhas contra a intervenção estatal no mercado. Ironicamente, a esquerda, no mesmo período, decaiu intelectualmente ao ponto de raiar a barbárie pura e simples, mas, como os liberais liberais não se interessavam pela luta cultural, continuou desfrutando do prestígio inalterado de suprema autoridade intelectual no país, sem sofrer nenhum abalo mais forte desde a publicação do meu livro “O Imbecil Coletivo” (1996). Nunca, como ao longo das últimas décadas, o esquerdismo esteve tão fraco intelectualmente: um ataque maciço a esse flanco teria quebrado a máquina de doutrinação esquerdista nas universidades e na mídia, destruindo no berço a militância em formação e mudando o curso das eleições subseqüentes. Mil vezes tentei mostrar isso aos liberais, mas eles só davam ouvidos a quem falasse em PNB e investimentos. Trancaram-se na sua torre-de-marfim economicista e lá se encontram até hoje, perdendo mais terreno para os esquerdistas a cada dia que passa e conformando-se com sua condição de forças auxiliares, destinadas fatalmente a tornar-se cada vez mais desnecessárias à medida que a esquerda não-petista acumule vitórias contra o partido governante. Fora dos círculos do liberalismo oficial, noto com satisfação algumas iniciativas novas destinadas a formar uma intelectualidade conservadora e liberal apta a oferecer uma resistência séria à “revolução cultural”. Essas iniciativas partem de estudantes, de intelectuais isolados, e não têm nenhum apoio nem dos partidos “de direita”, nem muito menos do empresariado. Mas é delas que dependerá o futuro do país, se algum houver. Imagem da Internet Artigo Publicado Primeiramente em: Diário do Comércio por Olavo de Carvalho.
  • 22. PorqueoMarxismo odeiaoCristianismo? O marxismo autêntico sempre odiou e sempre odiará o cristianismo autêntico. Se não puder pervertê-lo, então terá que matá-lo. Sempre foi assim e sempre será assim. E por que essa oposição manifestada ao  cristianismo por parte do marxismo? Por que o ódio filosófico, a política anticristã, a ação assassina direcionada aos cristãos? Por que o país número um em perseguição ao cristianismo não é muçulmano e sim a comunista Coréia do Norte? As pessoas se iludem quando pensam no marxismo como doutrina econômica ou política. Economia e política são meros pontos. Marx não acreditava ter apenas as resposta para os problemas econômicos. Acreditava ter todas as respostas para todos os problemas. Marxismo na verdade é uma crença, uma visão de mundo, uma fé. O socialismo nada mais é do que a aplicação dessa fé por um governo totalitário. O comunismo, por sua vez, é apenas a escatologia marxista, o suposto mundo paradisíaco que brotaria de suas profecias. E esta fé não apresenta o caráter relativista de um hinduísmo ou de um budismo. Tendo nascido dos pressupostos cristãos, o marxismo roubou seus absolutos e se apresenta como a verdade absoluta, como o único caminho para redenção da humanidade. E ainda que tenha se apossado dos pressupostos cristãos, inverteu tais pressupostos tornando-se uma heresia anticristã. No lugar do teísmo o ateísmo, no lugar da Providência Divina o materialismo dialético. Ao invés de um ser criado à imagem e semelhança de Deus, um primata evoluído cuja essência é o trabalho, o homo economicus. O pecado é a propriedade privada, o efeito do pecado, simplesmente a opressão social. O instrumento coletivo para aplicar a redenção não é a Igreja, mas o proletariado, que através da ditadura de um Estado “redentor” conduziria o mundo a uma sociedade sem classes. E o resultado seria não os novos céus e a nova terra criados por Deus, mas o mundo comunista futuro, onde o Estado desaparecerá, as injustiças desaparecerão e todo conflito se transformará em harmonia. Está é  a fé marxista, um evangelho que não admite rival, pois assim como dois corpos não ocupam o mesmo espaço, duas  crenças igualmente salvadoras não podem ocupar o mesmo mundo, segundo o marxismo real. Sim, o comunismo de Marx era um evangelho, a salvação para todos os conflitos da existência, fosse o conflito entre homem e homem, homem e natureza, nações e nações. Assim lemos em seus Manuscritos de Paris: “O comunismo é a abolição positiva da propriedade privada e por conseguinte da auto-alienação humana e, portanto, a reapropriação real da essência humana pelo e para o homem… É a solução genuína do antagonismo entre homem e natureza e entre homem e homem. Ele é a solução verdadeira da luta entre existência e essência, entre objetivação e auto- afirmação, entre liberdade e necessidade, entre indivíduo e espécie. É a solução do enigma da história e sabe que há de ser esta solução”. Texto de Eguinaldo Hélio Souza – Veja completo na revista O Cristão Erudito (Marxismo Cultural) Baixe Gratuitamente a Revista Cristã