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                                                                                                                                                                         DE BUSCA E
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                                                                                                                                                                        DE POTÊNCIA




Mistério lusitano
Depois de ser estudada de forma redundante e
redutora, obra de Florbela Espanca é redescoberta
RENATA BOMFIM *                                 com as formas do mundo, o que confere a•
                                                sua poesia uma sedução própria da alte-




F
            lorbela Espanca (1894- 1930) é      ridade. Vivemos numa época desencanta-
            considerada a voz feminina          da, onde impera a sensação de queda do                                                                                              REPRODUÇÃO

            mais importante da lírica por-      paraíso e de perda da unidade mítica, co-
            tuguesa do século XX. A poeta       mo afirmou o pensador Mangabeira Un-
            nasceu em Vila Viçosa, região       ger: “a única forma de nos salvarmos é
            do Alentejo, terra de mulheres      através da vulnerabilidade”, ou seja, per-
            poetas, de Mariana Alcoforado       mitindo que nossas relações sejamos ilu-
com suas cartas de amor e de mulheres           minadas por emoções que se relacionem
célebres que fundaram conventos, como           com desejo e risco, para que nossa visão
Margarida Cheirinha ou Maria das Cha-           seja ampliada e nos lancemos para uma
gas. Vozes femininas e suas muitas histó-       instância outra, maior, e para além de
rias, que de alguma forma, ecoaram a            nós mesmos.
partir do auditório interior dessa poeta           A obra de Florbela Espanca é um convite
que está sendo redescoberta na contem-          à experimentação das emoções, é desejo,
poraneidade.                                    é risco, somos confrontados com uma po-
  A trajetória de vida de Florbela Espanca      ética que desafia os lugares instituídos e
foi marcada pelo desejo de emancipação,         a distribuição desses lugares, e esse desa-
pela vivência intensa das emoções, da           fio se dá através da errância do eu poético
sensualidade e do erotismo, que iam na          que busca por conhecer a si mesmo: “Sei
contramão do ideário feminino de sua            lá! Sei lá! Sei lá bem!/Quem sou? Um fogo-
época. A escritora portuguesa Ana de Cas-       fátuo, uma miragem.../ Sou um reflexo...
tro Osório relatou que Florbela Espanca         Um canto de paisagem/ Ou apenas cená-
não abriu para si “nenhum horizonte             rio!/ Um vaivém” (Espanca, 1996), e traz
profissional” a não ser o de “literata”, e      em si o germe do encontro com o ou-
este atributo era “o mais desagradável          tro:”Procurei-O no seio de toda gente./
que podia ser dito de uma senhora que           Procurei-O em horas silenciosas!/ [...] E
era vista com um livro na mão”. A extem-        nunca O encontrei!... Prince Charmant”
poraneidade de Florbela fez com que a           (Espanca, 1996).
igreja portuguesa a classificasse como             A errância do eu florbeliano é a expres-
uma pessoa “moralmente perniciosa” e            são de uma relação outra com o mundo,
um “péssimo exemplo”, o que fez com             que se funda não na certeza e nem na
que a leitura de seus livros passasse a ser,    rigidez, mas na consciência da imper-
também, “moralmente” desaconselhável.           manência das coisas, dos seres e das rela-
  Florbela Espanca publicou dois livros de      ções. Talvez, seja destino do espírito hu-
sonetos em vida, o “Livro de Mágoas”            mano estar eternamente em caminho,
(1919) e o “Livro de Sóror Saudade” (1923).     tanto que a imagem do viajante e do
Ambos receberam um frio acolhimento             nômade é um arcano que engendra a
por parte da crítica. Após o suicídio da po-    nostalgia de um outro lugar: “Mostrem-
eta, ritualisticamente realizado no dia         me esse País onde eu nasci!/ Mostrem-
em que completava trinta e seis anos de         me o Reino de onde sou Infanta!/ [...]
idade, seus livros póstumos, “Charneca          Quero voltar! Não sei por onde vim...”
em Flor” (1930) e “Reliquiae” (1931), se        (Espanca, 1996). A errância corres-
esgotaram, demandando novas edições,            ponde, também, à quebra do en-
que vieram acrescidas de cartas e prefácios     clausuramento, um passo em dire-
acalorados. É certo que a morte consagrou       ção do outro, do encontro, ela res-
a tragédia florbeliana, assim como consa-       taura a mobilidade e possibilita
grou as de Inês de Castro, de Julieta, de       superar as polaridades.
Isolda, de Sylvia Plath, de Grace Kelly, de        O desejo ardente de Flor-bela
Diana Spencer e de tantas outras mulhe-         Espanca de fazer dialogarem as-
res que, repentinamente, desapareceram          pectos variados da feminilidade
deixando uma aura de mistério no ar.            por meio de sua poesia gerou
  Pode-se observar que Florbela Espanca         um coro estranho e dissonan-
carregou o estigma de ser mulher numa           te para a sua época e a teatra-
sociedade patriarcal e falocêntrica, mes-       lidade de seus versos fez com
mo assim, através de sua poesia, imagi-         que a imagem da mulher
nou um mundo em diálogo com outras              se fundisse à imagem de
subjetividades e formas, trabalhando po-        poeta, gerando leituras
eticamente variados aspectos do universo        reducionistas e fazendo
feminino. Ela cantou o amor, a dor, a desi-     com que, durante mui-
lusão por buscar e não encontrar o ama-         tos anos, a sua obra fosse
do, a tristeza e o destino que arrasta os se-   menos estudada do que o seu
res independente de sua vontade. A sede de      comportamento social e emocional. As-
infinito da poeta e a sua ousadia em dialo-     sim, a imagem de Florbela foi se delinean-
gar com diferentes formas, consti-tuiram-       do e terminou por mitificá-la. Os estudio-
se num contra-poder e numa hybris femi-         sos da obra da poeta também contribuí-
nina, ou seja, o desejo de conquistar luga-     ram bastante para a formação dessa ima-
res cada vez mais altos, de adentrar espa-      gem mítica, ao focarem em suas leituras
ços masculinos, como a tradição poética:        prováveis e, muitas vezes, inventados as-

SER POETA
                                                pectos curiosos, anedotários e tétricos so-
                                                bre sua vida e sobre sua morte, como o de
                                                                                              AGENDA LITERÁRIA
                                                Florbela ter sido ninfomaníaca ou o de
Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior          ela ter sido praticante de incesto, infor-
Do que os homens! Morder como quem beija!       mações que ajudaram a montar um per-            * Três livros publicados pela Compa-           * David Grossman acaba de receber mais
É ser mendigo e dar como quem seja              fil de mulher extemporânea, capaz de          nhia das Letras ganham adaptação cine-         um prêmio, desta vez pelo conjunto da
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!            incomodar a estamental sociedade cató-        matográfica. O primeiro deles, “Ilha do        obra. Grossman, um dos principais autores
                                                lica portuguesa. Não é circunstancial que     Medo” (2010), de Martin Scorsese, estreou      israelenses da atualidade, autor de “Al-
É ter de mil desejos o explendor                ela tenha se tornado uma importante           no dia 12 de março. O filme é baseado no       guém para correr comigo” (2005) e “A mu-
E não saber sequer que se deseja!               referência para o movimento feminista.        romance “Ilha do Medo” (originalmente          lher foge” (2009), entre outros, publicados
É ter cá dentro um astro que flameja,              A poeta, que escolheu para si o mundo      publicado como “Paciente 67)”, de Dennis       pela Companhia das Letras, foi agraciado
É ter garras e asas de condor!                  da multiplicidade e da resistência ao do      Lehane. A segunda produção, "Os homens         pela prestigiada Acum (Sociedade de com-
                                                emparedamento do ser e que escolheu a         que não amavam as mulheres" (2009), do         positores, autores e editores de Israel). Em
É ter fome, é ter sede de infinito!             morte, lugar comum por excelência, é          diretor Niels Arden Oplev, é o primeiro        seus 30 anos de trabalho, David Grossman
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...       bem mais que apenas a “poetisa da dor e       longa-metragem do sucesso editorial Tri-       tem criado uma voz literária familiar, e
É condensar o mundo num só grito!               da saudade”, é uma persona dramatis que       logia “Millennium”, do sueco Stieg Lars-       igualmente corajosa e perspicaz. “É uma
                                                ainda não teve todas as máscaras revela-      son. O lançamento está previsto para o         voz israelense, e ainda assim, universal",
É amar-te, assim, perdidamente...               das. Os seus contos, por exemplo, apenas      dia 24 de abril. O terceiro filme é “Quincas   escreveram os juízes. Segundo publicação
É seres alma e sangue e vida em mim             à pouco tempo começaram a ser estuda-         Berro d'Água” (2010), de Sérgio Machado        do jornal Folha de São Paulo, “a obra do es-
E dizê-lo cantando a toda gente!                dos e novos documentos e cartas têm           (“Cidade Baixa”, 2005), com Paulo José e       critor é mundialmente conhecida pelo tom
                                                vindo à público, revelando outras facetas     Marieta Severo no elenco. Outros roman-        pacifista e esquerdista. O intelectual defen-
  Florbela Espanca possui uma obra pre-         dessa mulher instigante. Florbela Espan-      ces de Jorge Amado já inspiraram filmes e      de que a literatura pode ser uma poderosa
nhe de encantamento e que tem desperta-         ca está sendo redescoberta.                   minisséries, mas esta é primeira adapta-       arma para resgatar a dimensão humana do
do cada dia mais o interesse de leitores e                                                    ção para o cinema do romance “A morte e        conflito. Ele assina a autoria de mais de
pesquisadores. O eu florbeliano tem a ca-                                                     a morte de Quincas Berro D'água”. (A.N.)       vinte livros”. (A.N.)
                                                * POETA E MESTRE EM LETRAS PELA
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Pdf reportagem sobre florbela espanca folha sp

  • 1. Folha da Manhã SEXTA-FEIRA 02 DE ABRIL DE 2010 POETA FolhaLetras OBRA FALA DE BUSCA E DA VONTADE DE POTÊNCIA Mistério lusitano Depois de ser estudada de forma redundante e redutora, obra de Florbela Espanca é redescoberta RENATA BOMFIM * com as formas do mundo, o que confere a• sua poesia uma sedução própria da alte- F lorbela Espanca (1894- 1930) é ridade. Vivemos numa época desencanta- considerada a voz feminina da, onde impera a sensação de queda do REPRODUÇÃO mais importante da lírica por- paraíso e de perda da unidade mítica, co- tuguesa do século XX. A poeta mo afirmou o pensador Mangabeira Un- nasceu em Vila Viçosa, região ger: “a única forma de nos salvarmos é do Alentejo, terra de mulheres através da vulnerabilidade”, ou seja, per- poetas, de Mariana Alcoforado mitindo que nossas relações sejamos ilu- com suas cartas de amor e de mulheres minadas por emoções que se relacionem célebres que fundaram conventos, como com desejo e risco, para que nossa visão Margarida Cheirinha ou Maria das Cha- seja ampliada e nos lancemos para uma gas. Vozes femininas e suas muitas histó- instância outra, maior, e para além de rias, que de alguma forma, ecoaram a nós mesmos. partir do auditório interior dessa poeta A obra de Florbela Espanca é um convite que está sendo redescoberta na contem- à experimentação das emoções, é desejo, poraneidade. é risco, somos confrontados com uma po- A trajetória de vida de Florbela Espanca ética que desafia os lugares instituídos e foi marcada pelo desejo de emancipação, a distribuição desses lugares, e esse desa- pela vivência intensa das emoções, da fio se dá através da errância do eu poético sensualidade e do erotismo, que iam na que busca por conhecer a si mesmo: “Sei contramão do ideário feminino de sua lá! Sei lá! Sei lá bem!/Quem sou? Um fogo- época. A escritora portuguesa Ana de Cas- fátuo, uma miragem.../ Sou um reflexo... tro Osório relatou que Florbela Espanca Um canto de paisagem/ Ou apenas cená- não abriu para si “nenhum horizonte rio!/ Um vaivém” (Espanca, 1996), e traz profissional” a não ser o de “literata”, e em si o germe do encontro com o ou- este atributo era “o mais desagradável tro:”Procurei-O no seio de toda gente./ que podia ser dito de uma senhora que Procurei-O em horas silenciosas!/ [...] E era vista com um livro na mão”. A extem- nunca O encontrei!... Prince Charmant” poraneidade de Florbela fez com que a (Espanca, 1996). igreja portuguesa a classificasse como A errância do eu florbeliano é a expres- uma pessoa “moralmente perniciosa” e são de uma relação outra com o mundo, um “péssimo exemplo”, o que fez com que se funda não na certeza e nem na que a leitura de seus livros passasse a ser, rigidez, mas na consciência da imper- também, “moralmente” desaconselhável. manência das coisas, dos seres e das rela- Florbela Espanca publicou dois livros de ções. Talvez, seja destino do espírito hu- sonetos em vida, o “Livro de Mágoas” mano estar eternamente em caminho, (1919) e o “Livro de Sóror Saudade” (1923). tanto que a imagem do viajante e do Ambos receberam um frio acolhimento nômade é um arcano que engendra a por parte da crítica. Após o suicídio da po- nostalgia de um outro lugar: “Mostrem- eta, ritualisticamente realizado no dia me esse País onde eu nasci!/ Mostrem- em que completava trinta e seis anos de me o Reino de onde sou Infanta!/ [...] idade, seus livros póstumos, “Charneca Quero voltar! Não sei por onde vim...” em Flor” (1930) e “Reliquiae” (1931), se (Espanca, 1996). A errância corres- esgotaram, demandando novas edições, ponde, também, à quebra do en- que vieram acrescidas de cartas e prefácios clausuramento, um passo em dire- acalorados. É certo que a morte consagrou ção do outro, do encontro, ela res- a tragédia florbeliana, assim como consa- taura a mobilidade e possibilita grou as de Inês de Castro, de Julieta, de superar as polaridades. Isolda, de Sylvia Plath, de Grace Kelly, de O desejo ardente de Flor-bela Diana Spencer e de tantas outras mulhe- Espanca de fazer dialogarem as- res que, repentinamente, desapareceram pectos variados da feminilidade deixando uma aura de mistério no ar. por meio de sua poesia gerou Pode-se observar que Florbela Espanca um coro estranho e dissonan- carregou o estigma de ser mulher numa te para a sua época e a teatra- sociedade patriarcal e falocêntrica, mes- lidade de seus versos fez com mo assim, através de sua poesia, imagi- que a imagem da mulher nou um mundo em diálogo com outras se fundisse à imagem de subjetividades e formas, trabalhando po- poeta, gerando leituras eticamente variados aspectos do universo reducionistas e fazendo feminino. Ela cantou o amor, a dor, a desi- com que, durante mui- lusão por buscar e não encontrar o ama- tos anos, a sua obra fosse do, a tristeza e o destino que arrasta os se- menos estudada do que o seu res independente de sua vontade. A sede de comportamento social e emocional. As- infinito da poeta e a sua ousadia em dialo- sim, a imagem de Florbela foi se delinean- gar com diferentes formas, consti-tuiram- do e terminou por mitificá-la. Os estudio- se num contra-poder e numa hybris femi- sos da obra da poeta também contribuí- nina, ou seja, o desejo de conquistar luga- ram bastante para a formação dessa ima- res cada vez mais altos, de adentrar espa- gem mítica, ao focarem em suas leituras ços masculinos, como a tradição poética: prováveis e, muitas vezes, inventados as- SER POETA pectos curiosos, anedotários e tétricos so- bre sua vida e sobre sua morte, como o de AGENDA LITERÁRIA Florbela ter sido ninfomaníaca ou o de Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior ela ter sido praticante de incesto, infor- Do que os homens! Morder como quem beija! mações que ajudaram a montar um per- * Três livros publicados pela Compa- * David Grossman acaba de receber mais É ser mendigo e dar como quem seja fil de mulher extemporânea, capaz de nhia das Letras ganham adaptação cine- um prêmio, desta vez pelo conjunto da Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! incomodar a estamental sociedade cató- matográfica. O primeiro deles, “Ilha do obra. Grossman, um dos principais autores lica portuguesa. Não é circunstancial que Medo” (2010), de Martin Scorsese, estreou israelenses da atualidade, autor de “Al- É ter de mil desejos o explendor ela tenha se tornado uma importante no dia 12 de março. O filme é baseado no guém para correr comigo” (2005) e “A mu- E não saber sequer que se deseja! referência para o movimento feminista. romance “Ilha do Medo” (originalmente lher foge” (2009), entre outros, publicados É ter cá dentro um astro que flameja, A poeta, que escolheu para si o mundo publicado como “Paciente 67)”, de Dennis pela Companhia das Letras, foi agraciado É ter garras e asas de condor! da multiplicidade e da resistência ao do Lehane. A segunda produção, "Os homens pela prestigiada Acum (Sociedade de com- emparedamento do ser e que escolheu a que não amavam as mulheres" (2009), do positores, autores e editores de Israel). Em É ter fome, é ter sede de infinito! morte, lugar comum por excelência, é diretor Niels Arden Oplev, é o primeiro seus 30 anos de trabalho, David Grossman Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... bem mais que apenas a “poetisa da dor e longa-metragem do sucesso editorial Tri- tem criado uma voz literária familiar, e É condensar o mundo num só grito! da saudade”, é uma persona dramatis que logia “Millennium”, do sueco Stieg Lars- igualmente corajosa e perspicaz. “É uma ainda não teve todas as máscaras revela- son. O lançamento está previsto para o voz israelense, e ainda assim, universal", É amar-te, assim, perdidamente... das. Os seus contos, por exemplo, apenas dia 24 de abril. O terceiro filme é “Quincas escreveram os juízes. Segundo publicação É seres alma e sangue e vida em mim à pouco tempo começaram a ser estuda- Berro d'Água” (2010), de Sérgio Machado do jornal Folha de São Paulo, “a obra do es- E dizê-lo cantando a toda gente! dos e novos documentos e cartas têm (“Cidade Baixa”, 2005), com Paulo José e critor é mundialmente conhecida pelo tom vindo à público, revelando outras facetas Marieta Severo no elenco. Outros roman- pacifista e esquerdista. O intelectual defen- Florbela Espanca possui uma obra pre- dessa mulher instigante. Florbela Espan- ces de Jorge Amado já inspiraram filmes e de que a literatura pode ser uma poderosa nhe de encantamento e que tem desperta- ca está sendo redescoberta. minisséries, mas esta é primeira adapta- arma para resgatar a dimensão humana do do cada dia mais o interesse de leitores e ção para o cinema do romance “A morte e conflito. Ele assina a autoria de mais de pesquisadores. O eu florbeliano tem a ca- a morte de Quincas Berro D'água”. (A.N.) vinte livros”. (A.N.) * POETA E MESTRE EM LETRAS PELA pacidade de se metamorfosear e jogar UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO