O documento discute a busca do homem pela liberdade e conhecimento. O homem passa a se ver como capaz de dominar o universo através do saber e da ação, surgindo assim o humanismo.
1. O Homem em busca da liberdade
O homem volta-se para si mesmo readquirindo a
consciência de que é uma força criadora capaz de
dominar o universo e transformá-lo.
Conscientiza-se que é necessário o saber,
busca o conhecimento junto da ação. Eis que surge o...
E. E. Rodrigues Alves
Profª Pettine
3. Historicamente, o Humanismo corresponde a uma fase de
profundas transformações sociais: o desenvolvimento do
comércio, o surgimento da burguesia e das cidades, a aliança
entre o rei e a burguesia (fermento das monarquias nacionais), o
aparecimento da imprensa, a divulgação da cultura clássica e as
Grandes Navegações.
Os primeiros anúncios desse processo de transição foram
registrados, na literatura, pelos italianos Dante Alighieri (1265-
1321), Francesco Patrarca (1304-1374) e Giovanni Boccaccio
(1313-1375).
O Humanismo chega a Portugal em
um momento muito importante: o reinado
da Dinastia de Avis (1385-1580). Tem como
marco inicial a nomeação de Fernão Lopes
como cronista-mor do reino. Ele escreveu
três crônicas:
•Crônica de el-rei D. Pedro I
•Crônica de el-rei D. Fernando
•Crônica de el-rei D. João
4. O que é o Humanismo?O que é o Humanismo?
Concepção filosófica: o objetivo da
existência humana é a plena realização das
capacidades do homem, o que equivale à sua
felicidade; para ser feliz, o ser humano
depende apenas de si mesmo
(antropocentrismo).
HOMEM
O homem como centro e medida de todas as coisas – posição já
sustentada por Protágoras (séc. V, a.C.) e reforçada por Sócrates ao
considerar o homem como agente do conhecimento.
5. O que é o Humanismo?O que é o Humanismo?
Movimento intelectual: volta aos valores da
Antigüidade Clássica.
Movimento literário: iniciado na Itália com
Dante Alighieri (1265-1321), Francesco
Petrarca (1304-1374) e Giovanni Bocaccio
(1313-1375), resgata os autores da
Antigüidade greco-latina e fazem uma
transição entre a visão medieval (teocêntrica)
e a visão renascentista (antropocêntrica).
Dante Alighieri
6. Contexto HistóricoContexto Histórico
Ascensão do comércio e da
burguesia;
Invenção da imprensa;
Peste Negra;
Guerra dos Cem Anos;
Crises internas da Igreja;
Bifrontismo
Idade Média + Renascença
Feudalismo + Capitalismo
Teocentrismo + Antropocentrismo
Ideais cavalheirescos + ambição
burguesa
Página da Bíblia
de Gutenberg
7. Contexto HistóricoContexto Histórico
As classes sociais
Trovadorismo Humanismo
Nobreza Nobreza
Clero Clero
Povo Burguesia
Povo
Durante o Humanismo, surgiu uma nova classe social, a
burguesia, que era composta por comerciantes oriundos do povo.
Sua importância em fins do século XV foi tão grande que o próprio
Cristóvão Colombo só conseguiu as caravelas para descobrir as
Américas porque foi financiado pela burguesia.
8. Em Portugal:
Formação do Estado Nacional
Português;
Batalha de Aljubarrota contra os
nobres galegos e castelhanos;
Substituição da dinastia de Borgonha
(ligada à Espanha) pela de Avis;
Início das grandes navegações
(Tomada de Ceuta);
Diferenciação entre o galego e o
português;
Mecenatismo oficial: patrocínio das
ciências e das artes.
Contexto HistóricoContexto Histórico
D. João I, da
Dinastia de
Avis
9. Poesia palaciana (Cancioneiro Geral,
de Garcia de Resende);
Prosa historiográfica de Fernão Lopes;
Teatro de Gil Vicente.
Manifestações literárias doManifestações literárias do
Humanismo em PortugalHumanismo em Portugal
10. Compilada no Cancioneiro Geral,
por Garcia de Resende (1516);
Realizada na corte, destinava-se ao
entretenimento da nobreza;
Poesia frívola, afetada e
circunstancial;
Poesia para ler (separada da
música);
O trovador é substituído pelo poeta.
Poesia PalacianaPoesia Palaciana
11. A espontaneidade das cantigas
medievais é substituída pelo uso dos
versos redondilhos: 5 sílabas
(redondilha menor) e 7 sílabas poéticas
(redondilha maior).
Composições de mote glosado: o
poeta compõe o poema com base em
um mote (tema), sobre o qual
desenvolve a sua glosa, constituída de
voltas (estrofes) que retomam o tema
um ou mais versos do mote.
Poesia PalacianaPoesia Palaciana
12. Tema principal: o lirismo amoroso.
O amor na poesia palaciana: cortês, e
sofrido (coyta) como nas cantigas de
amor; repleto de paradoxos e conflitos
espirituais (influência da poesia de
Petrarca).
Principais autores: Garcia de
Resende, Bernardim Ribeiro, João
Ruiz de Castelo Branco, Luiz Vaz de
Camões.
Poesia PalacianaPoesia Palaciana
Estátua de
Bernardim
Ribeiro
13. A poesia ressurgeA poesia ressurge
Foi chamada palaciana por ser Feita
por nobres e para a nobreza,
retratando usos e costumes da
corte. a principal modiFicação
apresentada por essa poesia é a
separação entre a musica e o texto,
o que resultou em um maior apuro
Formal: apresentava rítmo e
melodia próprios, obtidos a partir da
métrica, da rima, das sílabas tônicas
e átonas. desenvolveram-se as
redondilhas, tanto a maior (verso de
sete sílabas poéticas) quanto a
menor (verso de cinco sílabas
poéticas).
14. Prosa HistoriográficaProsa Historiográfica
Fernão Lopes: nomeado por D.
João I de Avis Guarda-Mor da
Torre do Tombo (1418 – início do
Humanismo em Portugal);
Encarregado de contar a história
dos reis de Portugal;
Crônica: na Idade Média, era a
narração dos feitos da nobreza;
Autor de 3 crônicas:
Crônica de El-Rei D. Pedro;
Crônica de El-Rei D. Fernando;
Crônica de El-Rei D. João.
Fernão Lopes
15. Prosa HistoriográficaProsa Historiográfica
Características das crônicas de F. Lopes:
imparcialidade, pesquisa, investigação, espírito crítico;
visão de conjunto da sociedade portuguesa da época, ao
invés de exaltar a figura individual dos monarcas;
critica a corrupção e as intrigas palacianas;
nacionalismo;
linguagem sóbria, cuidada;
apresentação vibrante dos fatos, plasticidade
cinematográfica das descrições;
densidade dos retratos psicológicos dos vultos do
passado.
escrita caudalosa (seguida de perto hoje por José
Saramago).
Primeiro grande prosador da Língua
Portuguesa.
1.ª página da
Chronica del Rey
D. Pedro I
16. O Teatro MedievalO Teatro Medieval
O teatro na Idade Média era dividido em
encenações litúrgicas (voltadas para a
catequese) e profanas (realizadas na corte
ou nas grandes festas populares).
O teatro litúrgico era chamado com o nome
genérico de auto, podendo apresentar a
dramatização de passagens da Bíblia
(mistérios), da vida dos santos (milagres)
ou a denúncia de comportamentos
pecaminosos (moralidades).
O teatro profano era representado
sobretudo pela farsa, espécie de comédia
repleta de personagens caricaturescas,
exageradas, envolvidas e situações ridículas
e desastrosas.
18. GIL VICENTEGIL VICENTE
Suas peças revelam o bifrontismo humanista: fortes
resíduos medievais somados a antecipações
renascentistas
Uma visão teocêntrica e conservadora da
sociedade aliada a uma aguçado espírito crítico,
que não poupa os excessos do clero da época
As críticas de seu teatro não se dirigem às
instituições (Monarquia, Nobreza, Igreja, Clero),
mas contra os indivíduos que as corrompiam
Convivência de figuras bíblicas com divindades
mitológicas greco-romanas
Toda a sociedade portuguesa do século XV
encontra-se retratada nas peças gilvicentinas: reis,
bispos, mendigos, beberrões, nobres orgulhosos,
judeus, ciganos, mouros, negros, soldados,
comerciantes, artesãos, agiotas, camponesas
ingênuas, damas da corte, esposas infiéis,...
Gil Vicente
19. Serviu-se dos dois principais gêneros
teatrais de seu tempo: o auto (litúrgico) e
a farsa (profana, cômica)
Dois tipos de peças:
peças de ação fragmentária: sem ligação
entre as cenas (Auto da barca do inferno)
peças de enredo: desenvolvem uma trama
(Farsa de Inês Pereira)
Dois tipos de personagens:
Personagens-tipos: representam toda uma
classe social (o Fidalgo, o Frade, o Juiz, o
Cavaleiro,... do Auto da barca do inferno)
Personagens alegóricas: personificam idéias
ou instituições (Todo-o-Mundo, Ninguém, do
Auto da Lusitânia)
Gil Vicente
GIL VICENTEGIL VICENTE
20. A linguagem gilvicentina:
Sincretismo: mistura a fala coloquial
com a culta, formas mais antigas
com outras mais modernas (escritor
de transição)
Textos com trechos em português,
castelhano, latim e no dialeto
saiaguês (o “caipira” de Portugal)
Falas das personagens em versos
redondilhos, agrupados em estrofes
rimadas → Teatro poético
GIL VICENTEGIL VICENTE
21. Calcula-se que o autor tenha escrito cerca de 44
peças (há quem fale em cinqüenta, mas algumas se
perderam), 17 em português, 11 em castelhano e 16
bilíngües. Suas obras podem ser divididas em:
Autos Pastoris: algumas têm caráter religioso,
outras, profano.
Autos de Moralidade: gênero em que Gil Vicente se
celebrizou.
Farsas: peças de caráter crítico, utilizam tipos
populares como personagens e desenvolvem-se em
torno de problemas da sociedade. (Farsa de Inês
Pereira e Farsa do Velho da Horta).
22. Farsa de Inês PereiraFarsa de Inês Pereira
Desafio proposto a Gil Vicente para que
escrevesse uma peça baseada no ditado: “Mais
quero asno que me carregue que cavalo que me
derrube”;
Comédia de costumes, com cenário doméstico;
Inês Pereira é uma jovem leviana, namoradeira,
louca para arrumar um casamento nobre;
Aparece-lhe um primeiro pretendente, Pero
Marques, um camponês rústico, meio bobo, mas
honesto, recusado por Inês;
Dois judeus tentam empurrar para a Inês um
escudeiro chamado Brás da Mata, um pobretão
que finge ser nobre;
Eles se casam e Brás começa a maltratar a
esposa, que frustra o seu ideal “cavalheiresco”;
Morto Brás, Inês se casa com Pero Marques;
Ela se envolve com um ermitão, antigo namorado
seu, ao encontro do qual Pero a leva montado em
suas costas (“mais vale um asno que me leve”).
23. O Velho da HortaO Velho da Horta
Expõe ao ridículo o amor de um
velho por uma moça (crítica ao
amor serôdio);
Um Velho apaixona-se por uma
Moça que vai à sua horta;
Ele tenta seduzi-la com palavras
galantes, mas só recebe zombarias
da Moça;
O Velho paga uma alcoviteira
(Branca Gil) para convencer a
Moça a se casar com ele;
Todo o dinheiro do Velho vai para
Branca, o Velho morre na miséria e
a Moça casa-se com um belo
rapaz.
25. Auto da Barca do InfernoAuto da Barca do Inferno
Integra a Trilogia das Barcas (Auto da Barca do Inferno,
Auto da Barca do Purgatóro, Auto da Barca da Glória);
Passa a limpo a sociedade portuguesa da época,
denunciando os seus pecados;
Duas barcas aguardam os mortos na outra margem da vida:
uma, conduzida por um Anjo; outra, pelo Diabo e seu
companheiro;
Desfilam por essas barcas: a nobreza (Fidalgo, com seu
pajem); os agiotas e avarentos (Onzeneiro, Judeu), um
pobre bobo (Parvo); um comerciante (o Sapateiro Joane
Antão); uma caftina, bruxa e alcoviteira (Brísida Vaz); um
clérigo e sua amante (Frade e Florença); representantes do
poder judiciário (Corregedor, Procurador); um “laranja” da
corrupção estatal (Enforcado); cruzados (quatro
Cavaleiros).
26. Auto da Barca do InfernoAuto da Barca do Inferno
Tom coloquial, versos redondilhos maiores (7 sílabas
poéticas), rimados.
Um único ato, dividido em cenas com pouca ligação
entre si (sketches).
Personagens-tipo: raramente identificados pelo
nome, representam toda uma classe social.
Tempo psicológico: as cenas desenvolvem-se no
além-túmulo.
O Diabo revela um a um os pecados dos
condenados ao inferno, que em vão procuram a
barca da glória. O Anjo só absolve e acolhe o Parvo,
por sua pobreza e ignorância, e os Cavaleiros, que
morreram por Jesus Cristo.
27. Auto da Barca do Inferno
Fidalgo: condenado
por seu orgulho,
luxúria e desprezo
pelos pobres.
28. Auto da Barca do Inferno
Onzeneiro:
condenado pela usura,
ganância e avareza.
29. Auto da Barca do Inferno
Enforcado:
condenado por
envolvimento com a
corrupção estatal.
30. Auto da Barca do Inferno
Judeu: condenado por
avareza, suborno e
desrespeito ao
Cristianismo.
31. Auto da Barca do Inferno
Frade e Florença:
condenados pela
luxúria e hipocrisia
religiosa.
32. Auto da Barca do Inferno
Corregedor e
Procurador:
condenados por
uso do poder
em benefício
próprio.
33. Auto da Barca do Inferno
Cavaleiros: salvos por
terem morrido
heroicamente em
defesa no
Cristianismo.
34. Auto da Barca do Inferno
Sapateiro:
condenado pela
desonestidade e
hipocrisia religiosa.
35. Auto da Barca do Inferno
Parvo: salvo por
sua pobreza e
simplicidade.
36. Auto da Barca do Inferno
Brísida Vaz:
condenada por
feitiçaria, prostituição
e alcovitagem.
37. ... o teatro Vicentino não faz distinção
entre as classes sociais. Notabilizou-se por
colocar no centro da cena, erros e ricos e
pobres, nobres e plebeus. Denuncia os
exploradores do povo, ridiculariza os velhos
sensuais. Traça um quadro animado da
sociedade burguesa do século XVI,
procurando sempre, além de divertir,
recuperar as virtudes humanas.
Em suma...
39. OBRIGADA!!!
Quando é chegado e tido o amor, há forças que
impulsionam e acendem as nossas estrelas...
Sopro de suave brisa na consciência da
revelação.
Nosso Ser transcende, alcança as esferas mais
elevadas, fundindo-se no fulgor das estrelas
que se acenderam.