1. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS E AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
Disciplina: Gestão de Organizações Sociais
Prof.ª Dr.ª: Patrícia Araújo Amarante
SAÚTIL: UM SONHO EM UMA ENCRUZILHADA
(Notas de Ensino)
2. Sinopse
• A Saútil iniciou suas operações em 2011 como uma plataforma de busca de
informações do SUS. Em quatro meses, o buscador já tinha mais de 40 mil
acessos por mês. O sucesso inicial fez com que a empresa passasse pelo
processo de aceleração da Artemisia (principal aceleradora de negócios de
impacto no Brasil) e conseguisse investimentos da Vox Capital (primeiro
fundo de investimento de impacto no Brasil);
• Ao longo de cinco anos, a organização testou diversos modelos de
negócios: B2C, B2B e B2G. Nesse período, a empresa registrou um bom
crescimento e tornou-se uma das estrelas de negócios de impacto no Brasil.
• No entanto, com a crise de 2014-2016, a empresa começou a sofrer
bastante, e os sócios ficaram em um encruzilhada sobre qual(is) modelo(s)
deveriam focar e como rentabilizar e escalar a empresa, inclusive
questionando sua viabilidade no longo prazo.
3. Introdução: definindo o cenário, reunindo os
principais fatos do caso
Histórico
Principais fatos:
Janeiro de 2011 – Criação da organização como SCP (Em quatro meses, o
buscador já tinha 40 mil acessos);
Agosto de 2011 – Início do processo de aceleração com a Artemisia;
Início de 2012 – Empresa busca patrocínios para viabilizar B2C;
Março de 2012 – Aporte de R$ 50 mil da Vox -> investimento retornável;
2012 – Mais dois novos sócios entraram na Saútil;
2012 – Serviço de Concierge – B2B;
2013 – Abertura de escritório na Vila Olimpia com 22 funcionários
Agosto de 2013 – Segunda parcela do financiamento da Vox, 120 mil acessos
em seu portal por mês e mais de 20 mil usuários pagantes pela iniciativa privada
Final de 2012 – Equity da Vox
2013/2014 – Crise econômica do Brasil
2014 – Demissão de todos os funcionários, inclusive dos dois sócios que
haviam se incorporado à Saútil
Junho de 2014 – Início das operações de B2G, com parceria da Comunitas
Início das operações B2G em Pelotas e depois Paraty
4. Ecossistema de negócios de impacto: conceituando
negócios de impacto e entendendo os apoios
recebidos
Os negócios de impacto têm como objetivo criar um impacto social positivo em
populações vulneráveis, sendo financeiramente autossustentáveis. No Brasil e no
mundo, são várias as definições e nomenclaturas usadas: negócios sociais,
negócios inclusivos e negócios de impacto.
A SAÚTIL PODE SER CONSIDERADA UM NEGÓCIO DE IMPACTO?
Como a empresa busca resolver um problema social, diminuindo a assimetria de
informação da população de baixa renda e, ao mesmo tempo, busca ser
sustentável financeiramente sem depender de doações, consideramos a Saútil um
negócio de impacto.
5. Ecossistema de negócios de impacto: conceituando
negócios de impacto e entendendo os apoios
recebidos
Além dos empreendedores, o ecossistema apresenta aceleradoras focadas em
empreendedores sociais (como Artemisia, Quintessa, Nesst), fundos de
investimento (como Vox Capital, MOV Investimentos e Bem te Vi) e
organizações de apoio (como ICE e ANDE). No caso, a Saútil recebeu apoio da
Artemisia, Vox e Comunitas.
A Artemisa apoiou na melhor definição do modelo de negócios e pela busca de
diminuir a dependência dos patrocínios ao site, no modelo B2C inicial;
A Vox Capital apoiou com recursos financeiros, o que possibilitou o
crescimento da empresa;
Comunitas ajudou a Saútil a desenvolver as parcerias para pilotar o modelo
B2G em Paraty e Pelotas.
7. Ecossistema de negócios de impacto: conceituando
negócios de impacto e entendendo os apoios
recebidos
Três questões em relação ao B2G são:
1) o Governo brasileiro está maduro para oferecer soluções
advindas do segmento privado?;
2) as startups, que trariam inovação e agilidade aos problemas de
saúde pública, terão vez e competitividade diante das gigantes de
tecnologia que conhecem, muitas vezes, caminhos mais fáceis de
atuar com o Governo?;
3) O mercado brasileiro está maduro o suficiente para ser
comprador de soluções digitais de saúde para a grande massa da
população, principalmente focadas em prevenção?
8. Principais acertos e erros dos empreendedores
Os principais acertos dos empreendedores foram:
Identificar um dilema social: identificar um problema social que
pode ser resolvido;
Parcerias relevantes: No caso, os empreendedores tiveram apoio
da Artemisia, Comunitas e Vox Capital;
Buscar se reinventar sempre: A busca constante por inovação
Sócios complementares: os sócios possuíam características
complementares que ajudam muito o desenvolvimento de um
negócio.
9. Principais acertos e erros dos empreendedores
Os principais erros dos empreendedores no caso são:
Falta de foco: por um lado, a adaptação constante é relevante,
mas, por outro, no caso, mostrou-se prejudicial na medida em que
tirou o foco dos empreendedores, que buscavam diversas soluções
ao mesmo tempo;
Rotatividade da mão de obra: É muito difícil para uma startup
atrair e reter talentos.;
Busca de investimento: apesar de o investimento ser relevante,
quando vem em um momento inapropriado, em que a empresa não
está preparada, ele pode ser prejudicial.
10. Possibilidades futuras
O caso apresenta três possibilidades futuras para a empresa:
1. Continuidade das operações: a maior vantagem desta possibilidade é
que os sócios já aprenderam muito ao longo de sua jornada e poderiam
focar um modelo de negócio e buscar sua sustentabilidade financeira. Por
outro lado, nenhum modelo ainda havia se comprovado totalmente e,
como o caso relata, os sócios já estavam com pouco fôlego para
continuar;
2. Venda: seria uma alternativa interessante para recuperar parte das
perdas, mas depende de encontrar um comprador e conseguir avaliar
financeiramente os ativos da Saútil;
3. Fechamento: esta alternativa ocorreria na inviabilidade de se
encontrarem compradores e a partir de uma decisão de descontinuidade.
A partir do momento em que a empresa captou recursos com a Vox
Capital, essa decisão deve ser tomada em conjunto com os investidores.
11. REFERÊNCIA
BARKI, Edgard. Saútil: um sonho em uma encruzilhada. Revista
Brasileira de Casos de Ensino em Administração, v. 7, n. 2, p.
14, 2017.