1. ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL NOVO DESTINO
PROJETO:
CULTURA
E
IDENTIDADE
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ALCOBAÇA-BA
2013
ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL NOVO DESTINO
ELENICE MOTA
DIRETORA DA ESCOLA EMEF NOVO DESTINO
SELMIRAN BORGES
COORDENADORA PEDAGÓGICA DA ESCOLA
JIDALVA LIANDRO E NILSON FONSECA
COORDENADORES DO PROJETO
_ PEDRO PORTELA DOS SANTOS______
PRESIDENTE DO GRUPO DE CAPOEIRA MANGANGÁ.
Projeto apresentado ao Minc/mec., para inclusão da
Escola Municipal de ensino fundamental Novo Destino
ao programa Mais Cultura do governo federal.
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ALCOBAÇA-BA
2013
EIXOS TEMÁTICOS OS QUAIS SERÃO DESENVOLVIDOS JUNTOS AO PROJETO
MAIS CULTURAL NA ESCOLA.
Cultura-afro e a identidade cultural da comunidade local e adjacente.
Promoção Cultural e pedagógica em espaços culturais.
Memória, identidade e vínculo social.
Tradição oral, musical e produção artística.
OBJETIVOS GERAIS
Almejamos resgatar as tradições culturais existentes na comunidade local e
vizinhança, podendo proporcionar a valorização, o resgate e a interação de
princípios, valores e saberes tanto da comunidade, quanto da escola e da fundação
de parceria.
Proporcionar a construção de uma nova visão do papel e da função da escola na
formação do cidadão, demonstrando a importância do saber acadêmico escolar,
assim como o valor das tradições orais e culturais da comunidade. Desse modo,
queremos construir uma nova relação entre escola, alunos e comunidade,
despertando em ambos os grupos um novo conceito de educação, cultura e
valores sociais.
Construir um saber participativo e interativo entre as varias experiências: escolar,
comunitária, bem como da ONG parceira do Mestre Mangangá.
Pretendemos ao longo deste projeto de suma importância tanto para cultura quanto
para a educação demonstrar que é possível envolver diferentes grupos, cada um
com o seu modo de ser e viver em um único objetivo que é elevar a qualidade do
ensino, da aprendizagem e do interesse comum pelos valores culturais, local e
regional.
Fomentar na comunidade local e regional uma nova forma de ver e interpretar os
costumes e saberes dos povos de origem afrodescendentes, bem como
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reconhecer a influência dos mesmos na formação do povo brasileiro. (Lei Federal
10639 de 2003) que incentiva o ensino de história e cultura afro-brasileira nas
escolas.
Estimular o pluralismo cultural e a experiência entre a comunidade local do Emef
Novo Destino, a vivência e a prática da ONG Grupo de Capoeira Mangangá, que
com sua sapiência e pratica pedagógica nos ensina a sermos inclusivos e
multiculturais.
Em suma, seguindo tais princípios será possível associar as ideias inclusivas e
criativas do projeto cultural com a proposta do PPP da escola que deseja
configurar uma educação inovadora, inclusiva e construtiva, dando valor, vez e voz
a todas as pessoas.
JUSTIFICATIVA
A comunidade Escolar do Povoado de Novo Destino, município de
Alcobaça, estado da Bahia juntamente com os moradores e a parceria com a ONG
Projeto Capoeira Mangangá almejam implantar nesta comunidade o projeto “Mais Cultura”
do Minc/mec., para que venha incentivar práticas: Culturais, artísticas, lúdicas e
esportivas com o intuito de desenvolver em nossas crianças e adolescentes um espírito
educativo, cooperativo e participativo, assim como, despertar melhores perspectivas para
o futuro educacional, profissional e comunitário, uma vez que a evasão escolar e o baixo
rendimento tem sido um dos maiores desafios existentes em nossa realidade educacional.
Desse modo, almejamos com este projeto resgatar as tradições afro-brasileiras existentes
em nossa comunidade como: a capoeira, o maculelê, reisados e danças tradicionais como
o samba de coro. (um ritmo que nasceu nas senzalas da região no período escravocrata.)
A nossa realidade educacional tanto a nível local quanto municipal é
preocupante, tendo em vista que, o nosso IDEB é um dos mais baixos da região e pede
socorro, portanto, acreditamos que um projeto sociocultural como este poderá alavancar o
rendimento dos nossos alunos, bem como elevar a qualidade educacional da região
envolvida com o projeto. Outro aspecto importante a ser refletido é a falta de perspectiva
dos nossos jovens, falta escola de qualidade, falta lazer e entretenimento nos finais de
semana, a inexistência de emprego, trabalho e renda fixa, muitas vezes conduz a
juventude para caminhos errôneos como o mundo das drogas e da criminalidade.
Deforma que, um trabalho com tal relevância como este que pretendemos realizar irá
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despertar muitos talentos, reflexões e perspectivas por parte de todos os cidadãos
envolvidos.
Optamos em trabalhar as tradições culturais afro-brasileira no projeto
mais cultura, tendo em vista a relevância e importância do tema para a educação e
formação da história e da memória da comunidade local e regional, uma vez que, em
nossa região 60% da população é tão somente de origem afro descendente. Portanto,
uma vez discutido e escolhido o tema, a nossa expectativa é valorizar e preservar a
história, principalmente da vizinha comunidade Quilombola do Portela, a qual é a
comunidade mais antiga da região e é portadora de muitas manifestações culturais como,
por exemplo: o grupo de capoeira Mangangá, o terno de reisado “Boi de janeiro” e a
tradicional Quadrilha do Portela, entre outros saberes e fazeres não descritos.
Esta comunidade nasceu nos fundos da antiga Fazenda colonial Nova
Jerusalém, conhecida como fazenda Lagoa Encantada, foi doada pela coroa portuguesa a
família Medeiros de Almeida pelos idos de 1780, sendo a primeira fazenda da região em
um raio de 100 km, em síntese, os primeiros desbravadores da região chegaram junto
com as famílias portuguesas em navios negreiros pra trabalhar para as famílias e servir
coroa portuguesa, contudo, com a criação da lei de ventre livre e tempo mais tarde a lei
do sexagenário muitos ex-escravos fixaram-se nos fundos da fazenda e construíram ali a
comunidade do Portela, no inicio, segundo os mais antigos moradores, as pessoas se
casavam com os próprios primos, uma que vez não era permitido o casamento inter-
racial.
Em suma, o resultado disso é que a maioria das pessoas são
descendentes de um único tronco familiar: a família portela, família costa, família
bananeira, família soares, santos Brasil entre outras mais, o mais importante é que esta
comunidade deu origem a tantas outras com grande presença de negros e
afrodescendentes : comunidade do papagaio, Itaitinga, apaga fogo, Caxangá, canta galo,
pequi, São benedito entre outras. Atualmente 95% da população desta região vivem da
agricultura familiar e da criação de animais para a própria sobrevivência, a maioria das
terras da região foi ocupada por uma grande empresa multinacional de celulose, de modo
que sobrou uma pequena parte de terras cultiváveis para a população local cultivar
alimentos de subsistência. Inclusive muitas famílias nativas venderam as suas terras e
hoje vivem amontoadas nos povoados da vizinhança.
6. 6
Desse modo, almejamos cooperar para melhor compreensão e aceitação
da nossa identidade cultural, procurando contribuir com o resgate da história cultural de
Alcobaça e da nação brasileira. Segundo Mota, 2010, a finalidade da história e da
educação é responder as carências humanas embasadas por meio de um conhecimento
elaborado por diversas interpretações históricas, constituídas por teorias que indicam as
exigências dos sujeitos históricos e possibilitam agir no presente e fazer planos para o
futuro. (... p.04). Em suma, queremos contribuir para que um dia possamos ser um Brasil
melhor, todavia, sabemos que, o melhor caminho para fazermos uma nação diferente é a
educação.
A nossa escola é considerada pequena, temos pouco mais 100 alunos,
somos uma escola rural, a maioria da população é composta de pequenos agricultores,
além de atender a comunidade local, a nossa escola atende alunos de outras
comunidades vizinhas: Fazenda Contra Eva, Fazenda Sossego, fazenda pião do meio e
etc. Temos um grupo de 08 professores e temos muitas dificuldades e deficiências
estruturais, contudo, apesar das dificuldades acreditamos que somos e estamos
motivados em fazer a diferença e contribuirmos para a melhoria da nossa educação,
história e memória local.
A fundação Parceira, “Grupo de Capoeira Mangangá” tem uma rica
experiência em projetos socioculturais tendo em vista que esta ONG realiza há mais de
20 anos projetos socioeducativos na vizinha comunidade Quilombola do Portela, onde são
atendidas mais de 50 crianças em diversos projetos culturais como: oficinas de
artesanato, capoeira, maculelê, Folia de Reis, a Quadrilha de São João do Portela entre
outras manifestações culturais. Portanto, tendo em vista, a experiência e o empenho
desta ONG, resolvemos fazer esta parceria para a realização dos serviços. Acreditamos
que a dedicação e experiência que os voluntários da ONG parceira irá complementar a
caminhada e o concretizar o nosso plano pedagógico e socioeducativo para melhorar a
qualidade da educação. O objetivo de Mestre Mangangá com o seu trabalho é formar
cidadãos melhores, com um conceito de educação e cultura diferenciado, assim como,
evitar que os jovens daquela comunidade se envolvam com drogas e crimes.
Esperamos que o nosso alvo principal, a comunidade local em geral
possa assimilar de forma educativa e formativa o nosso projeto de educação e cultura,
uma vez que, a comunidade vive tempos difíceis em relação à construção da identidade
cultural, da valorização dos saberes, da construção do respeito mútuo e etc. valendo dizer
7. 7
que a falta de opções recreativas em nossa comunidade é muito grande, de forma que,
atividades como estas irão motivar, inovar e pulsionar a comunidade local.
METODOLOGIA (o que será desenvolvido).
A escola Emef Novo Destino juntamente com a ONG parceira, iremos
implantar um grupo de capoeira e um grupo de Maculelê na comunidade de Novo
Destino com o intuito de incentivar a participação principalmente dos alunos que estudam
no Emef, porém, o projeto será muito mais abrangente e irá além dos muros da escola.
Concomitante ao andamento do projeto será criado também um grupo de
percussão de ritmo afro, tendo em vista que, com a música poderemos trabalhar a
expressão corporal, a coordenação psicomotora, a valorização da cultura e da memória
tradicional e musical. Além do mais usaremos tais meios como instrumentos pedagógicos
para a interação e crescimento intelectual, social e humano dos alunos.
Será desenvolvido um grupo musical usando e recriando as músicas
tradicionais em forma de poesia cantada e falada, seja em forma de repente, cordel ou
cantada em grupo nos moldes do samba de coro. (ritmo que nasceu nas senzalas e é
matriz original do samba atual.) Os grupos terão espaços para treinamento e
aperfeiçoamento das habilidades e consequentemente farão apresentações em espaços
públicos em geral.
Iremos desenvolver oficinas de desenhos, pinturas e a fabricação de
materiais artísticos da região que retratem a nossa história e memória local: como o modo
de vida do povo, as suas crenças, seus valores, a sua culinária, seu modo de falar, de se
vestir e etc. A festa do “Boi de Janeiro” se constitui de muitos personagens como
exemplo: o boi, a loba, uma bandeira, o vaqueiro e entre outros personagens que poderão
ser reproduzidos nas oficinas artísticas.
COMO SERÁ DESENVOLVIDO O PROJETO
Na implantação do nosso projeto iremos dar prioridade às pessoas da
comunidade, principalmente aqueles que sabem fazer alguma coisa relacionada à cultura
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local, levando em consideração o saber acadêmico e o saber popular, de forma que a
junção desses valores e saberes irá incrementar a nossa “sopa” cultural enriquecendo
ainda mais o nosso plano de ação, em cada sub-eixo relacionado ao projeto será
contratado um profissional da área para complementar o conhecimento da comunidade
local seja dos alunos, professores, tutores e instrutores e etc., de modo que, a ONG
parceira ficará responsável em ceder um profissional de cada área, de acordo com o
potencial do grupo, assim como, segundo a necessidade da escola, para complementar o
treinamento dos demais parceiros cedidos pela escola, de certo que, cada funcionário
será remunerado pelo seu trabalho prestado, o projeto será implantado assim:
Formação de três grupos de capoeira e maculelê, estes grupos serão formados de
acordo a idade e série. Todos os encontros serão semanais, em horários opostos
ao de estudo.
Será criado um grupo de música e teatro envolvendo alunos de varias idades,
encontros duas vezes por semana.
Com aqueles alunos que tiverem interesse será formado um grupo de dança
folclórica, valorizando a cultura afro-brasileira, também serão realizados encontros
semanais.
Outro grupo será formado para a confecção de peças artesanais que remetem a
história e cultura da comunidade regional, encontros duas vezes por semana.
O grupo de percussão será desenvolvido de acordo com o interesse e o potencial
dos alunos, tendo encontros duas vezes por semana.
Cada grupo terá quatro horas de aulas semanais de capoeira e mais uma hora de
maculelê. Dando um total geral de 15 horas.
As aulas de música, teatro, dança, artesanato e percussão serão ministradas 04
horas/aulas por semanas de acordo com a necessidade dos alunos e a
disponibilidade dos monitores.
Cada oficina irá envolver os alunos, um professor coordenador,
colaboradores da comunidade e um profissional de cada área específica que irá ministrar
o treinamento principalmente dos monitores, tanto o treinamento, quanto a realização das
oficinas serão ministradas em horários opostos ao turno de estudo dos alunos, tendo em
vista que, jamais poderemos atrapalhar o cronograma curricular e o itinerário pedagógico
da unidade educacional.
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Faremos uma pesquisa de campo antes da implantação do projeto, iremos
ouvir os moradores da comunidade em forma de entrevista, principalmente os mais velhos
os quais terão muita experiência para partilhar sobre o conhecimento da história e
memória local. Os alunos irão visitar as antigas fazendas da região, principalmente
aquelas onde antes eram antigos Quilombos, bem como, as fazendas onde os nossos
antepassados foram escravizados, o intuito é reescrever uma nova história, usando o
passado para refletir o presente e planejar o futuro, o objetivo é fazer com que os jovens
sejam protagonistas do seu próprio futuro e redesenhe a história e preserve a memória.
Dois locais serão primordiais para que os alunos conheçam: a fazenda
Nova Jerusalém, onde ainda hoje se encontram preservados: a casa grande, a senzala e
o engenho onde os negros faziam “rapadura” e até hoje, ainda se faz o doce da mesma
forma artesanal que os escravos faziam, usando a palha da banana para embrulhar o
doce. A panela onde se fazia a comida dos escravos ainda se encontra lá. Existem
também outras duas fazendas do período colonial que deve entrar no roteiro do projeto de
visitas: Fazenda Angelim e a fazenda Cascata ambas pertencem ainda às mesmas
famílias do período colonial, na fazenda Cascata existe o Museu Quincas Neto, onde é
mostrado um pouco da História e memória das elites dominantes da região.
Estes locais serão visitados e faremos apresentações e exposições dos
trabalhos. Existe um memorial feito pelos escravos em local de difícil acesso próximo a
fazenda Angelim, segundo os antigos moradores, este monumento feito de tijolos de barro
era o local onde os negros se reunião para fazer as suas orações e preces livre da
perseguição dos brancos, tentaremos pelo menos localizar este monumento e tirar
fotografias do mesmo para exposição, se possível será feito uma réplica do memorial e se
será exposto em praça pública, esta seria a melhor forma de preservar a história e a
memória local.
No campo do teatro, aspiramos recriar uma peça teatral com o tema “Maria
Tapioca”, onde dizem os mais velhos que uma escrava muito bela foi comprada pelo seu
senhor, a moeda usada na época foi um saco de tapioca, por isso, a mulher ficou
conhecida como Maria tapioca, esta linda mulher, negra e escrava teve cinco filhos com o
seu senhor, era “tão amada” que a escravidão acabou e Maria Tapioca continuou
morando na fazenda, ainda hoje seus antepassados moram na comunidade do Portela.
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Se necessário, iremos alugar um espaço privado para alojar os nossos
equipamentos de trabalho, mas isto só irá acontecer se não houver espaço na escola,
sabendo que esta possibilidade existe, uma vez que, a nossa escola é minúscula.
HAVERÁ ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE LOCAL?
Da comunidade local serão envolvidas varias pessoas, por exemplo,
iremos contratar pelo menos dois mestres de capoeira para ensinar e disseminar os
valores e ritmos da capoeira e do maculelê. A comunidade local será inserida no projeto,
uma vez que iremos usar a praça da comunidade para fazermos apresentações musicais,
saraus, roda de capoeira e etc. iremos comprar materiais que serão usados na confecção
de materiais, na confecção de uniformes, se necessário alugaremos um espaço privado
para alojar nosso material, usaremos os meios de transporte existentes na comunidade
para realizarmos viagens, tanto para a formação dos monitores, quanto para a
apresentação em espaços públicos como: museus, teatros, escolas, hospitais, asilos,
igrejas e etc. A contratação de professores de percussão, de desenho e de artes plásticas
serão indispensáveis na implantação do projeto, a prioridade será dos moradores da
comunidade, caso eles não tenham formação veremos a viabilidade de um curso de
capacitação, para melhor incluir a comunidade local no plano de trabalho.
QUAL A RELAÇÃO ENTRE O PROJETO PROPOSTO E O PPP DA ESCOLA?
O nosso PPP prioriza a valorização dos princípios de inclusão social, da
diversidade cultural, respeito mútuo a todas as pessoas sem distinção alguma, prioriza a
interação da comunidade com a escola, fazendo com que o aluno sinta-se integrado com
a realidade que o cerca. A coletividade, cooperação, a integração de todos os
funcionários comprometidos com uma única causa, a formação cidadã, de todos os
sujeitos inseridos na comunidade escolar, de modo que podemos perceber uma forte
ligação de princípios e prioridades tanto do PPP, quanto deste projeto relacionado a
formação e melhoria da qualidade do nosso ensino, e como consequência de tudo isso,
teremos a melhoria dos valores e conceitos tanto da educação, quanto da comunidade
em geral.
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O Projeto Politico Pedagógico da escola almeja possibilitar a inclusão
social dos alunos a partir da educação, assim como, o projeto cultural que estamos
projetando deseja incluir os alunos na realidade educacional usando a cultura e a arte
Afro como meio para atingir este fim. Portanto, ambos os projetos tem uma relação
intrínseca quando se refere a perspectiva de inclusão e interação multidisciplinar e
multicultural. Assim sendo, acreditamos que iremos conseguir configurar o nosso projeto
cultural com plena comunhão e ligação com a nossa proposta pedagógica escolar.
HAVERÁ PRODUTO AO FINAL DESTA PARCERIA ENTRE ESCOLA E A FUNDAÇÃO
CULTURAL? (exposição, vídeo, peça teatral).
Os nossos trabalhos serão registrados com fotografias e será criado um
Blog para fazermos uma exposição tanto na escola, quanto virtualmente, as fotografias
serão tiradas nas oficinas de aprendizagem, nas apresentações em espaços
socioeducativos e nos cursos de formação dos monitores.
Iremos produzir um vídeo amador principalmente das apresentações de
capoeira e maculelê. Os ensaios e apresentações do grupo de percussão serão filmados
e os melhores momentos serão compartilhados nas redes sociais: blogger, facebook,
twitter e etc. Produziremos pequenas peças teatrais, assim como apresentações musicais
falando dos contos e mitos folclóricos da região.
PLANO DE TRABALHO DETALHADO.
NÚMERO DE ALUNOS ENVOLVIDOS:
150 alunos, incluindo os que já se encontram no ensino médio, contudo
moram na comunidade. Além dos alunos serão coadjuvantes os moradores da
comunidade, pais, mães, jovens adultos e crianças em geral.
FUNCIONÁRIOS DA ESCOLA ENVOLVIDOS NO PROJETO:
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Será envolvido todo o corpo docente da escola, que irão discutir elaborar e
executar o projeto junto com a ONG parceira. No total de 14 funcionários, entre
professores, diretores, coordenador e colaboradores.
OUTROS COLABORADORES
Professor de Capoeira: 01 Profissional.
Professor de Percussão: 01 Profissional.
Professor de Artes: 01 Profissional.
Professor de artesanato: O1 Profissional.
Professor de teatro, música e dança: 01
Obs. o valor a ser repassado para a ONG parceira será de acordo com o número de
profissionais que serão deslocados para colaborar com o projeto no distrito de Novo
Destino, acreditamos que a maioria dos profissionais envolvidos no projeto serão cedidos
pela ONG, os demais profissionais serão da comunidade local e se caso necessário
convidaremos pessoas das comunidades vizinhas.
RESULTADO ESPERADO.
A nossa perspectiva em relação a este projeto é a mais otimista possível,
esperamos transformar a nossa realidade educacional, cultural e social vindo fortalecer os
laços culturais da escola com a comunidade e principalmente dos grupos culturais da
vizinhança. Esperamos e contamos com o apoio da comunidade local: igrejas,
associações de agricultores, empresas de celulose, em fim, contamos com a
compreensão e o apoio de todos para o sucesso deste trabalho.
Por se tratar de um trabalho de resgate da história e cultura afro,
tememos que sejamos mal interpretados, seja por pessoas sem conhecimento de causa,
ou por algum grupo religioso, contudo, nossa intenção não é levantar bandeira de credo
religioso algum, ao contrário, queremos apenas valorizar a história dos povos
afrodescentes, e consequentemente apreciar a diversidade. Portanto, acreditamos na
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laicização do estado, destarte, a escola como representante do estado também deve ser
laica, ou menos ser neutra em relação a credos e verdades religiosas. Estamos
elaborando este trabalho tão diferente, porque acreditamos em um Brasil multicultural,
onde todos, sem distinção de cor, credo ou raça sejam tratados com princípios de
igualdade, respeito e liberdade perante a sociedade, uma vez que no mundo tem espaço
para todos, sendo esta a vontade de Deus, “que todos tenham vida em abundância”.
Esperamos contribuir com este trabalho para melhor conscientizar as
pessoas acerca da importância, bem como da contribuição da cultura africana na
formação do povo brasileiro, em fim, sabemos que apesar das tentativas de segregação
racial que houve durante o processo histórico, sabe-se que cinquenta e três por cento da
população brasileira, se declaram negros ou pardos. Portanto, a mentalidade do
brasileiro está mudando, principalmente quando as pessoas passam a aceitar as suas
origens étnicas, a autoestima e a identidade de nosso povo crescem e enaltecem a nossa
nação brasileira, mostrando que temos valores e princípios tão somente brasileiros com
resquícios de vários povos.
A cultura brasileira, por exemplo, é a alma do nosso povo, uma vez que a
expressão cultural reflete aquilo que realmente somos. A demonstração cultural é também
uma forma de resistência, imposição ou resposta a um sistema ideológico. No Brasil, por
exemplo, existe uma diversidade cultural muito grande, afinal, a nossa sociedade é uma
mesclagem de três elementos diferentes; o negro, o branco e o índio, de modo que, tal
fusão cultural originou-se uma cultura singular, o povo brasileiro. Desse modo, a cultura é
um valor imaterial que deve ser preservado como o mais sublime patrimônio de um povo,
tendo em vista que os costumes em geral revela a face de uma sociedade, por via da
cultura podemos entender o presente, o passado, bem como pressupor o futuro de uma
pátria, haja vista que, a força cultural que cada povo tem é sem dúvida um forte pilar na
estrutura social, tendo grande relevância na formação do caráter e do modo de vida de
um grupo, uma vez que a existência precede a essência, ou seja, antes de um sujeito ser
um ente social e cultural, ele precisa existir para ser transformado e formado
culturalmente, em síntese, vir-a-ser.
Em suma, os nossos documentos etnográficos dão pouca ênfase ao
elemento negro na formação da nossa brasilidade, o que leva muitas pessoas a negarem
as suas origens, muitos afirmam somente que são morenos ou pardos, e isto remete a
uma origem indígena e não africana, haja vista que a memória do passado escravocrata
tem sido esquecida em detrimento de uma cultura de imigrantes europeus, isto reflete a
14. 14
negação da nossa memória histórica. Nesse sentido, a memória é um elemento presente
nas sociedades e é carregado pelos grupos de homens e mulheres e fundamentam sua
identidade. A memória pode ser evocada por estes grupos de acordo com seus
interesses, e por isso suscetível a manipulação. Também Pode ser esquecida,
dependendo do local e do que ela traz a tona.
É muito comum encontrar um silenciamento nas sociedades que virão de
perto horrores da guerra, torturas e etc., assim, no esquecimento e no vazio da memória
se esconde na lembrança que luta pra ser esquecida. No Brasil, podemos citar o exemplo
do mito da democracia racial, que se tornou uma memória forjada por uma elite
dominante, que manipulou durante quase um século a história de homens e mulheres
negras, que apenas agora, por meio da luta dos movimentos sociais, tentam conquistar o
espaço e a inclusão social. Em suma, a memória opera na esfera da lembrança e do
esquecimento, de acordo com os interesses dos grupos sociais.
CRONOGRAMA DE AÇÃO.
Junho de
2013
Julho de 2013 Agosto de
2013
Setembro
de 2013
Outubro de
2013
Novembro
de 2013
Dezembro de
2013
Discursão e
elaboração
do projeto.
Visitas a
projetos
culturais.
Celebrado a
parceria entre
escola e ONG.
Previsão
orçamentaria
dos custos
do projeto e
compra dos
materiais.
Contratação
dos
profissionais
. Divisão de
tarefas e
metas.
Inicio dos
trabalhos
com os
alunos.
Supervisã
o e
avaliação
dos
grupos
junto a
escola.
Apresentaçã
o dos
trabalhos em
escolas e
eventos da
cidade.
Fevereiro de
2014
Março de 2014 Abril de 2014 Junho de
2014
Julho de
2014.
Agosto de
2014
Setembro de
2014
Retorno aos
trabalhos e
planejament
o do
semestre.
Aprofundament
o e treinamento
dos grupos de
capoeira e
percussão.
Apresentaçã
o de dança,
música e
poesia.
Tradicional
quadrilha de
São João e
feira do
artesanato.
Apresentaçã
o em escolas
vizinhas.
Festival de
cultura na
comunidade
do Portela.
Concerto
na praça
da cidade
do grupo
de
percussão
.
Continuação
do projeto. A
continuação
dependerá
dos recursos
disponíveis.
15. 15
Obs.: os trabalhos continuaram com os grupos de acordo com a possibilidade financeira
do projeto e da escola.
PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA.
I. Aquisição de material de consumo, (alimentação para o pessoal de apoio).
Total: $ dois mil reais.
II. Contratação de serviços culturais necessários às atividades artísticas e
pedagógicas.
Contratação de um mestre de capoeira e maculelê para realizar o serviço
durante seis meses, total:$ três mil reais.
Contratação de professor de percussão para realizar o serviço durante curso.
Total: carga horária de 10 horas semanais em seis meses: $ dois mil e
quinhentos reais, em seis meses.
Contratação de professor de artes e oficinas artesanais: $ mil e cem reais.
Contratação de professor de dança e teatro: $ mil duzentos reais.
Contratação de professor de músicas tradicionais: $ novecentos reais
III. Contratação de serviços diversos relacionados às atividades culturais.
Confecção de uniformes para os alunos e profissionais envolvidos diretamente
no projeto: $ três mil reais.
Locação de um imóvel para dar apoio ao projeto, uma vez que nossa escola é
minúscula: $ seiscentos reais.
IV. Locação de instrumentos, transporte e equipamentos.
Aluguel de ônibus: $ setecentos reais.
16. 16
Custeio de despesas de passagens dos coordenadores e pessoal de apoio: $
mil reais. (A localização geográfica da comunidade de Novo Destino fica a uma
distância de 20 quilômetros do asfalto, isto irá nos dificultar na locomoção dos
profissionais, por isso, teremos esta previsão de custeio de despesas do
pessoal de apoio)
V. Aquisição de materiais permanentes.
Compra de equipamentos instrumentais para montar o grupo de percussão: $
dois mil reais.
Compra de instrumentos para o grupo de capoeira: $ dois mil reais.
REFERÊNCIAS
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educação Básica).
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Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira e Africana. Brasília: MEC Ministério da Educação.
_________ Parâmetros Curriculares Nacionais. Área de Linguagens e Códigos e suas
Tecnologias. Brasília: MEC. 1998ª
_________ Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
terceiro
e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC/SEF. 1998b
.
BORDONAL, Guilherme, Cantiere. Povo, Religião e cultura. São Paulo, Person
Education, 2009.
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T. A. Queiroz, Brasília, 1989
17. 17
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Civilização Brasileira, 1978.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o
regime de economia patriarcal. Rio de Janeiro: Maia & Schmidt, 1933.
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RIBEIRO, Darcy. O processo Civilizatório: Etapas da Evolução Sociocultural. 10º ed.,
Petrópolis: Vozes, 1987.
_____________. As Américas e a Civilização: Processo de Formação e Causas do
Desenvolvimento Cultural Desigual dos Povos Americanos. Rio de Janeiro: Editora
Civilização Brasileira, 1970.
_____________. O Dilema da América Latina: Estruturas de Poder e Forças
Insurgentes. 5º ed., Petrópolis: Vozes, 1988.
_____________. Os Brasileiros: 1º. Teoria do Brasil. Editora Paz e Terra, 1972.
______________. O Brasil como Problema. 2º ed., Rio de Janeiro: Francisco Alves,
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_____________. O Povo Brasileiro: A formação e o sentido do Brasil. 2º ed., São
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