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UNIDADE2
PLANEJAMENTO
ESCOLAR:
CONCEITUAÇÃO,
IMPORTÂNCIA E
ELABORAÇÃO
Objetivos
• Reconhecer o planejamento como uma ação pedagógica
essencial ao processo de ensino, superando sua concepção
mecânica e burocrática no contexto do trabalho docente.
Conteúdo
• A temática refere-se ao estudo do planejamento como
processo primordial para a organização das situações do
ensino e da aprendizagem.
CRC • • • © Didática Geral
14
Disciplina de Núcleo Comum
Claretiano – Batatais
UNIDADE 2
Introdução1
Na Unidade I, você estudou o histórico e a conceituação de Didática. Trocou
idéias a respeito do processo de ensino, viu como a Didática tem influenciado as
experiências históricas da educação e da escolarização. Você conheceu também vários
educadores que contribuíram para que a Didática ocupasse seu lugar no processo de
ensino-aprendizagem.
Nesta unidade, você entenderá o planejamento como uma ação pedagógica
essencial ao processo de ensino, superando sua concepção mecânica e burocrática no
contexto do trabalho docente.
A partir desse momento, vamos trocar idéias sobre como planejar o ensino. Você
terá um texto para leitura, no qual aparecerão diversas atividades de reflexão pessoal que
você poderá socializar na Lista, fax, correio ou telefone.
Planejamento: conceituação e importância2
Definindo planejamento
Vejamos duas definições:
Ato ou efeito de planejar. Trabalho de preparação para qualquer
empreendimento, segundo roteiro e métodos determinados. Processo que
leva ao estabelecimento de um conjunto coordenado de ações, visando à
consecução de determinados objetivos (Dicionário Aurélio).
O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão
das atividades didáticas em termos de sua organização e coordenação em
face dos objetivos propostos, quanto sua revisão e adequação no decorrer
do processo de ensino. O planejamento é um meio para se programar
as ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão
intimamente ligado à avaliação (LIBÂNEO, 1994, p. 221).
Antes de iniciarmos a discussão a respeito de planejamento, vamos ler um texto
de Romão e Padilha, da Série de Estudos do Ministério da Educação: Construindo a Escola
Cidadã: Projeto Político Pedagógico1 (Brasil, 1998, p. 53-55):
Início do ano letivo. Dia de reencontros explosivos, de abraços meteóricos.
Uma atmosfera cor-de-rosa entre docentes e equipe diretiva, antigos
companheiros de trabalho.
Professoras e professores, recém-ingressantes, também participam da
confraternização. Por outro lado, olhares curiosos, cautelosos, alguma
aproximação, alguma retração, mas, de qualquer maneira, um clima de
alegria. Vai começar a primeira reunião de um novo trabalho educativo.
Educar é uma luta constante, é um novo recomeçar, todos concordam.
A diretora da escola exercita sua pontualidade. O coordenador pedagógico
convida os presentes, com sua voz grave, a se encaminharem para uma
sala de aula onde a reunião se realizará. Uma professora chega atrasada
na ponta dos pés, observada carinhosamente por seus colegas.
PARA você REFLETIR:
O que é planejar? O que é
realizar um planejamento?
ATENÇÃO!
Convidamos você a dedicar
um pouco de seu tempo
na leitura desse texto.
Trata-se de um relato
significativo, transcrito que
se fosse resumido ou em
parte não traduziria o “clima
pedagógico” oculto nas
entrelinhas que os autores
quiseram transmitir.
Disciplina de Núcleo Comum
© Didática Geral • • • CRC
15Batatais – Claretiano
UNIDADE 2
Todos ocupam seus lugares e as boas vindas são oferecidas pela diretora,
que logo em seguida declara abertos os trabalhos. O tema da reunião
administrativa e pedagógica é... planejamento e organização do
trabalho da escola.
O coordenador pedagógico passa a falar, calmamente, sobre as próximas
tarefas. Informa que os planos de ensino deverão ser providenciados pela
equipe docente e entregues ao final de três dias de reuniões, após o que,
imediatamente, as aulas terão início.
Lembra que os mesmos deverão ser elaborados em fina consonância
com o Plano Diretor da Escola e com os Planos de Curso já definido nos
anos anteriores. Acrescenta que estes, por sua vez, foram elaborados por
especialistas da escola dentro dos padrões científicos e técnicos exigidos
pela Secretaria da Educação e estão perfeitamente de acordo com os
Planos Nacional e Estadual de Educação, como deveria ser.
Em seguida, passa a palavra à senhora diretora, que fala um pouco sobre
a organização da escola, dedicando-se mais à “parte administrativa”.
Ela distribui uma pauta mimeografada, com os itens que estarão sendo
discutidos: entrega de documentos; pontualidade dos professores na
entrada e saída; novo código disciplinar para os alunos, definido pela
equipe diretiva durante as férias dos professores; elaboração de horário
de aulas; novas regras para utilização da cantina; novos horários de
intervalos; lista de alunos das novas turmas; crachás para as primeiras
séries, entre outros.
Agora, o coordenador pedagógico dá início a uma dinâmica de grupo.
Solicita a formação de equipes, de acordo com suas disciplinas. Distribui
uma papeleta para cada uma delas, por meio da qual orienta cada grupo
para que se reúna por meia hora e em seguida apresente aos demais
grupos alguns objetivos específicos de suas disciplinas para o ano letivo.
O tempo acaba não sendo suficiente. Após quase uma hora, o coordenador
pedagógico anuncia o início das exposições. Nota-se no recinto um
amargo sentimento, como se o encantamento inicial tivesse se evaporado
subitamente e dado lugar a um ar de constrangimento, tal o silêncio que
toma conta do ambiente.
Professoras e professores que se mostravam confusos e aparentemente
desanimados diante das palavras planos, planejamentos, normas e prazos,
agora ilhados em suas definições. Sem escolha, cada representante de
grupo lê os objetivos específicos aos quais chegara sua equipe, o que não
consegue provocar reações nos companheiros.
Terminada a dinâmica e estourado o tempo da reunião na parte da manhã,
transfere-se para o período da tarde o início da elaboração do planejamento.
Para tanto, como informa a diretora, os professores disporão de novos
livros didáticos enviados pelas editoras, a partir dos quais poderão adaptar
seus planos de ensino dos anos anteriores.
Assim começava a tarefa de planejar naquela escola e naquele ano, que
a todos lembrava experiências burocráticas de anos anteriores nada
compensadoras.
A situação descrita acontece em muitas de nossas escolas, configurando-se
como a semana de elaboração dos planejamentos.
Segundo Romão e Padilha (1998, 53-55), ao pensar o desenvolvimento de um
planejamento na escola, precisamos estar atentos à questão da cidadania1
.
1Cidadania refere-se segundo
Romão e Padilha (1998, p. 57),
ao exercício pleno e democrático,
por parte da sociedade, de seus
direitos e deveres.
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16
Disciplina de Núcleo Comum
Claretiano – Batatais
UNIDADE 2
Quando pensamos em planejar a educação, é necessário que esse exercício
venha acompanhado de reflexão sobre como realizar e organizar o trabalho escolar.
Isso significa:
• incorporar de frente os problemas da escola em que trabalhamos e do contexto
do sistema educacional;
• assumir também a escola como instância social, com o compromisso de gerar
aprendizagens e formar cidadãos.
Quando nos propomos a realizar e pensar o planejamento, formalizando-o em:
plano da escola/plano gestor, plano de ensino (ver sugestão de modelo na página 17 do
caderno de conteúdo) e plano de aula, significa que precisamos exercer uma atividade
engajada, intencional, científica, de caráter político e ideológico e isento de neutralidade.
Estas palavras nos reportam a uma grande discussão de Paolo Nosella a respeito
do compromisso político do professor e de Guiomar Namo de Mello, quando fala da
competência técnica ao compromisso político (1983/1982 respectivamente).
[...] a competência profissional diz respeito ao domínio adequado do
saber escolar a ser transmitido, juntamente com a habilidade de organizar
e transmitir esse saber de modo a garantir que ele seja efetivamente
apropriado pelo aluno.
Em segundo lugar, uma visão relativamente integrada e articulada dos
aspectos relevantes mais imediatos de sua própria prática, ou seja, um
entendimento das múltiplas relações entre os vários aspectos da escola,
desde a organização dos períodos de aula, passando por critérios de
matrícula e agrupamentos da classe, até o currículo e os métodos de
ensino.
Em terceiro lugar, uma compreensão das relações entre o preparo técnico
que recebeu, a organização da escola e os resultados de sua ação.
Em quarto lugar, uma compreensão mais ampla das relações entre a
escola e a sociedade, que passaria necessariamente pela questão de suas
condições de trabalho e remuneração (MELLO, 1982, p. 43).
Quanto ao compromisso político, Mello (1982, p. 45) afirma que:
[...] quando adquire competência o professor ganha também condições
de perceber, dentro da escola, os obstáculos que se opõem à sua atuação
competente. É assim que a competência técnica inicia o processo de sua
transformação em vontade política.
Por esse caminho o professor vai desenvolvendo sua consciência real em direção
à consciência possível e ganha condição de passar do sentido político em si para
o sentido político para si de sua ação pedagógica.
A vontade política permite que aquele sentido político da prática docente se
explicite ao professor e passe a ser, para ele também, uma forma de agir
politicamente: diminuição do fracasso escolar e da exclusão, por meio de
estratégias adequadas para garantir o acesso ao maior número de crianças na
escola e sua permanência nela, pelo maior tempo possível.
[...] “o saber-fazer constitui uma das necessidades imediatas para a
imagem profissional do professor, para uma percepção mais crítica e menos
assistencialista do valor de seu trabalho” (NOSELLA, 1983, p. 146).
ATENÇÃO!
Importante: a competência
técnica inicia o processo
de sua transformação em
vontade política. Pense
nisso...
Disciplina de Núcleo Comum
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17Batatais – Claretiano
UNIDADE 2
Importância do planejamento
Em nossa prática pedagógica atual, o processo de planejamento tem sido objeto
de inúmeros questionamentos quanto à sua validade como instrumento de melhoria
qualitativa do trabalho do professor.
O planejamento tem sido geralmente concebido como uma técnica especializada,
cujo objetivo seria o de levar a bom termo o desenvolvimento de uma instituição ou de um
município, estado, região ou país.
Apesar desse fato pertencente ao ato de planejar, a prática do planejamento
em nosso país, especialmente na educação, tem sido conduzida como se fosse uma
atividade neutra, sem comprometimento. Às vezes, o planejamento é apresentado e
desenvolvido como se fosse um modo de definir a aplicação técnica para obter resultados,
não importando a que preço ou para quem.
“Planejar ou burocratizar”?
O ato de planejar não é só técnica. Além dessa dimensão ele é
fundamentalmente:
• a instância de decisões políticas (pensar), capazes de consolidar e dinamizar
ações que venham ao encontro dos interesses de uma coletividade;
• o resultado de decisões políticas de indivíduos e/ou o conjunto destes, as
quais serão implementadas por meio de ações pedagógicas (o nosso fazer) no
âmbito educacional.
O planejamento não é uma tarefa neutra, mas ideologicamente comprometida
com os fins pretendidos por aquele grupo ou instituição.
Isso significa dizer que o planejamento:
• é um processo constituído de vários atores que compõem esse planejar;
• é uma atividade que subsidia o ser humano no encaminhamento de suas ações
e na obtenção de resultados desejados.
Ao tratarmos de planejamento em uma escola, os seguintes aspectos devem
ser considerados:
• o coletivo de indivíduos que desempenham inúmeras atividades, as quais por
natureza própria requerem um processo de planejamento que possibilite a
participação efetiva desse conjunto de pessoas, que a princípio deve tomar
decisões pertinentes aos fins a que se propõe uma instituição educacional;
• o planejamento como uma ferramenta viabilizadora de um processo que
contribua para o desenvolvimento de todos aqueles que estejam direta ou
indiretamente vinculados à educação;
• os inúmeros desafios a enfrentar quando falamos de processo de planejamento
como um procedimento viabilizador de um direito público que é a educação.
No contexto educacional, tem havido certa confusão entre o processo de
planejamento e os documentos (plano, programa ou projeto) decorrentes desse processo.
Tal situação tem levado os profissionais da educação a encararem o planejamento como
algo que mais atrapalha do que ajuda na inovação do ensino e da aprendizagem.
CRC • • • © Didática Geral
18
Disciplina de Núcleo Comum
Claretiano – Batatais
UNIDADE 2
Essa prática intencional de separar os que pensam dos que fazem resultou
lamentavelmente, no burocratizamento em todas as instâncias de planejamento, em
especial, nas escolas. Tal prática tem reforçado a parte meramente técnica do planejamento,
o que leva os profissionais da educação a um ativismo alucinante, cegando-os daquilo de
criativo da arte de planejar.
O planejamento deve tornar-se uma articulação dinâmica e coletiva entre o
fazer, o refletir e o sentir, tornado-se um forte aliado contra o ativismo que freqüentemente
toma conta do cotidiano escolar e que em alguns casos pode transformar os profissionais
da educação em máquinas, nos momentos em que ministram aulas ou executam tarefas
administrativas, às vezes sem consciência do significado dessas ações.
A concepção de planejamento como processo ajuda-nos a recuperar sua
importância, revestindo-o de uma função pedagógica no momento do processo de discussão,
sistematização, apropriação de instrumentos e procedimentos teórico-metodológicos, que,
formalizados em documentos, garantam a continuidade do processo no âmbito escolar,
visando a avanços necessários à sociedade que pretendemos ajudar a construir.
É necessário que comecemos a introjetar a real importância do processo de
planejamento conduzido por aqueles que efetivamente constituem o coletivo de indivíduos
que pensam e fazem acontecer o ensino e a aprendizagem na escola.
Agindo dessa forma, com certeza estaremos dando a nossa contribuição para
a consolidação de novas formas de organização do trabalho na escola. Assim, todos
(professores, alunos, diretor, coordenador, enfim toda comunidade escolar) terão mais
interesse pela concretização das propostas.
Propostas oriundas de um processo com características participativas têm
maiores condições de avançar de forma planejada, articulada e sistemática, porque
provavelmente teremos mais indivíduos motivados a contribuir com a consecução dos
objetivos.
Conversando a respeito do planejamento3
A vivência do cotidiano escolar tem evidenciado situações bastante questionáveis
nesse sentido:
a) Os objetivos educacionais propostos nos currículos dos cursos apresentam-se
confusos e desvinculados da realidade social e cultural de nossos alunos.
b) Os conteúdos a serem trabalhados, por sua vez, são definidos de forma
autoritária, pois os professores, acabam por não participar dessa tarefa
(LOPES, 1995).
c) Os recursos que dispomos para o desenvolvimento de nossa prática
pedagógica, muitas vezes são considerados meros instrumentos de ilustração
das aulas, reduzindo-se a equipamentos, muitas vezes incoerentes com os
objetivos e conteúdos estudados.
d) A metodologia usada pelo educador é caracterizada pela prevalência
de atividades transmissoras de conhecimentos, com pouco espaço para
discussões e análise dos conteúdos. Assim, o aluno continua passivo, pois seu
pensamento criativo é mais bloqueado que estimulado.
Para você REFLETIR:
O que a escola vem
praticando: o “planejamento”
ou o “burocratizamento”?
ATENÇÃO!
Registre suas reflexões no
Bloco de Anotações ou no
caderno, elas serão úteis
para a elaboração de seu
Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC).
INFORMAÇÃO:
“Um dos aspectos mais
preocupantes quando
refletimos sobre a escola
é a constatação de que,
hoje, ela está sem objetivos”
(ALVES, R., 2000, p. 22).
Disciplina de Núcleo Comum
© Didática Geral • • • CRC
19Batatais – Claretiano
UNIDADE 2
e) A avaliação do rendimento escolar, resume-se no ritual de provas periódicas
nas quais são verificadas as quantidades de conteúdos assimilados.
Nesse contexto, o planejamento do ensino acontece, mas desvinculado da
realidade social, caracterizado como uma ação mecânica e burocrática do professor, pouco
contribuindo para a qualidade da práxis pedagógica.
[...] no meio escolar, quando se faz referência a planejamento do ensino,
a idéia que passa é aquela que identifica o processo através do qual são
definidos os objetivos, os conteúdos programáticos, os procedimentos de
ensino, os recursos didáticos, a sistemática de avaliação da aprendizagem,
bem como a bibliografia básica a ser consultada no decorrer do curso,
série ou disciplina de estudo. Com efeito, este é o padrão de planejamento
adotado pela grande maioria dos professores e que, em nome da eficiência
do ensino disseminada pela concepção tecnicista de educação, passou a
ser valorizado apenas em sua dimensão técnica (LOPES, 1995, p. 42).
Isso não significa que devemos deixar de utilizar este tipo de esquema ou outros
determinados pelas escolas ou secretaria da educação.
O importante nesse processo é a articulação dos componentes do plano de
ensino com o todo social, ao contrário deste tipo de ação, a concepção de planejamento
acaba por tornar incapaz a dinâmica e, além disso, dificultar a prática didática.
No momento cabe-nos extrapolar a simples tarefa de elaborar um documento
contendo apenas os elementos tecnicamente estabelecidos.
Considerando o encaminhamento de um planejamento que supere a dimensão
técnica, as atividades educativas deveriam ser planejadas tendo como ponto de referência
a problemática sociocultural, econômica e política do contexto escolar em que a escola
está inserida. Assim, trabalhamos visando à transformação da sociedade de classes, no
sentido de torná-la mais justa e igualitária.
Lopes (1995) sugere-nos os princípios do planejamento participativo, forma de
trabalho comunitário, que se caracteriza pela integração de todos os setores da atividade
humana, em uma ação globalizante, visando à solução de problemas comuns.
No contexto escolar, o planejamento participativo caracteriza-se:
• Pela busca da integração efetiva entre a escola e a realidade social, ressaltando
a relação teoria e prática.
• Pela participação da comunidade escolar: professores, alunos, especialistas e
demais pessoas envolvidas neste processo, que seria o ponto essencial para
a produção do conhecimento.
Observe as fases do Planejamento (LOPES, 1995, p. 45-52):
Fase 1 – Estudo real da escola em suas relações com o contexto social em que
se insere. O estudo deverá ser feito de forma global, analisando as circunstâncias
socioculturais, econômicas e políticas dos diferentes níveis presentes nas
relações escola e sociedade (universo sociocultural dos alunos, seus interesses
e suas necessidades, identificar o que já conhecem, o que aspiram e como
vivem). O resultado desse primeiro momento do planejamento participativo
seria um diagnóstico sincero da realidade concreta do aluno, elaborado de
forma consciente e comprometida com seus interesses e necessidades.
INFORMAÇÃO:
Um planejamento dirigido
para uma ação pedagógica
transformadora possibilitará
ao professor:
• maior segurança para lidar
com a relação educativa
que ocorre na sala de aula e
em toda a escola;
• efetivar um trabalho
integrado ao concreto de
nossos educandos.
CRC • • • © Didática Geral
20
Disciplina de Núcleo Comum
Claretiano – Batatais
UNIDADE 2
Fase 2 – Após a primeira fase, devemos proceder à organização do trabalho
didático. A definição dos objetivos a serem perseguidos, a sistematização do
conteúdo programático e a seleção dos procedimentos de ensino a serem
utilizados, estas são as ações básicas dessa segunda fase.
• Na definição dos objetivos, portanto, será essencial a especificação dos
diferentes níveis de aprendizagem a serem atingidos: a aquisição, a
reelaboração dos conhecimentos aprendidos e a produção de novos. Assim,
os objetivos deverão expressar ações, tais como reflexão crítica, a curiosidade
científica, a investigação e a criatividade (Unidade III).
• Em relação aos conteúdos a serem estudados (Unidade IV), como são parte
integrante do currículo escolar previamente estruturado (por exemplo,
PCNs, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, ou Diretrizes
do Ensino Médio), deverão passar por uma análise crítica com vistas à
identificação do que representa o essencial e do que representa o secundário
a ser aprendido.
• Para efetivarmos essa distinção (essencial e secundário), devemos olhar a
realidade concreta dos alunos, a partir da qual o saber sistemático poderá
ser selecionado com o objetivo de funcionar como meio de compreensão
crítica dessa realidade. A organização do chamado conteúdo programático
far-se-á considerando-se primeiramente os objetivos propostos em termos de
aquisição, reelaboração e produção de conhecimentos, ou seja, expressos em
capacidades a serem desenvolvidas.
Sintetizando: os objetivos precisam ser estabelecidos anteriormente aos
conteúdos, assim, tornamos o processo de ensino e o processo de aprendizagem
direcionados às necessidades de nossos alunos e não na simples transmissão
de conteúdos com fim em si mesmos.
Fase 3 – A terceira etapa seria a articulação dos procedimentos que deverão
ser concretizados. Tais procedimentos devem ser relacionados de forma a
atenderem aos diferentes níveis de aprendizagem desejados, bem como, à
natureza da matéria de ensino proposta.
• A tarefa do professor nesse momento será articular uma metodologia de ensino
que se concretize pela variedade de atividades estimuladoras da criatividade
dos alunos. Nessa etapa a participação dos alunos é muito enriquecedora.
Descobrir suas expectativas, saber por que estão na escola, qual seu projeto
de vida, estas são questões que levarão ao entendimento do aluno, ajudando-
o na compreensão da linguagem, de suas dificuldades, do que aspiram.
Fase 4 – O passo seguinte é a sistematização do processo de avaliação da
aprendizagem. A avaliação nessa concepção de planejamento não poderá ter o
sentido de processo classificatório dos resultados de ensino.
• Num processo educativo em que a metodologia de ensino privilegia a
criatividade dos alunos, a avaliação terá o caráter de acompanhamento, em
um julgamento conjunto de professores e alunos.
Sintetizando: precisamos ter a idéia de que a caracterização de momentos
e etapas no planejamento no ensino não deverá ser entendida como o
desenvolvimento de partes distintas e estanques, pois não podemos enquadrar
uma ação de natureza contínua, dinâmica e global. Para que isso aconteça,
é necessário que em nossas escolas convivam pessoas comprometidas
com a postura política a fim de que um processo transformador possa ser
desenvolvido.
INFORMAÇÃO:
É importante não perder
de vista que um processo
transformador não poderá
deixar se conduzir por
objetivos que explicitem
somente a aquisição de
conhecimentos.
ATENÇÃO!
Devemos nos preocupar
mais com a qualidade da
reelaboração e produção de
conhecimentos apreendidos
por cada aluno, tendo como
ponto de partida a matéria
estudada, do que com a
verificação da quantidade de
conteúdos aprendidos.
Disciplina de Núcleo Comum
© Didática Geral • • • CRC
21Batatais – Claretiano
UNIDADE 2
No contexto de planejamento participativo2
, é impossível a convivência de
um discurso de participação com uma prática de divisão e da competição.
A relação cooperativa deve ser preservada para que:
• o planejamento seja levado em consideração à participação de todos os
elementos envolvidos no processo de ensino;
• a unidade entre a teoria e a prática seja alcançada;
• a realidade concreta (escola, aluno, sociedade) seja o ponto de partida do
planejamento;
• os fins mais amplos da educação sejam atingidos.
Plano de ensino4
O plano de ensino representa o trabalho de previsão de todas as atividades
de uma determinada disciplina, desenvolvidas durante um curso. Essa
previsão pode ser anual, mensal ou semanal, conforme a duração do curso.
Deve ser elaborado em conjunto com todo o pessoal envolvido no processo
ensino-aprendizagem, após o conhecimento do aluno e do contexto social
e escolar, (VALE, 1995, p. 112).
Plano de ensino é, pois, um documento elaborado pelo(s) docente(s),
contendo a(s) sua(s) proposta(s) de trabalho, numa área e/ou disciplina
específica. O plano de ensino deve ser percebido como um instrumento
orientador do trabalho docente, tendo-se a certeza e a clareza de que
a competência pedagógico-política do educador escolar deve ser mais
abrangente do que aquilo que está registrado no seu plano (cf. FUSARI,
1991, p. 44-53).
Os itens do plano de ensino variam conforme a escola, mas, por exemplo, poderá
conter os seguintes elementos:
• nome da escola;
• ano letivo;
• série;
• disciplina ou área de conhecimento;
• objetivos gerais da etapa de ensino (Ensino Fundamental de 1a
a 4a
; ou 5a
a 8a
, ou Ensino Médio);
• objetivos específicos da série;
• conteúdos (conceituais, procedimentais, atitudinais);
• estratégias;
• recursos (materiais);
• avaliação.
Veja no quadro, a seguir, uma sugestão de formalização de um plano de
ensino.
2Planejamento participativo
é parte integrante da
metodologia da pesquisa
participante, forma de trabalho
característica dos movimentos de
educação popular.
Um maior aprofundamento
desse tema poderá ser obtido na
vasta bibliografia existente sobre
pesquisa participante.
Quanto ao planejamento
participativo aplicado à educação,
a descrição de uma experiência
nesse caso poderá ser analisada
em VIANNA, I. Planejamento
participativo na escola. São Paulo:
EPU, 1986.
PARA VOCÊ REFLETIR:
Não podemos encarar
a educação como uma
atividade neutra. O
planejamento participativo
permite a realização de um
trabalho problematizador
e participante, no sentido
de encaminhar o aluno
para a reelaboração dos
conteúdos escolares do
saber sistematizado, com
vistas na produção de novos
conhecimentos.
ATENÇÃO!
Registre suas reflexões pois
elas serão úteis para o seu
TCC.
CRC • • • © Didática Geral
22
Disciplina de Núcleo Comum
Claretiano – Batatais
UNIDADE 2
Escola:
Ano do Ciclo (Público Alvo - Para quem?)
Área
Língua
Portuguesa;
Matemática;
Ciências
Naturais;
História;
Geografia;
Arte;
Educação;
Língua
Estrangeira
(Ensino 1º a
3º série)
Áreas:
Linguagem,
Códigos e
suas
Tecnologias;
Ciências da
Natureza,
Matemática e
suas
Tecnologias
Humanas
e suas Tec-
nologias
Objetivos
(Para quê?)
Conteúdo (O
quê?)
Recursos
(Seleção de
Recursos
Materiais)
Duração
(Cronograma
de Trabalho)
Tipo e In-
strumento
de Avaliação
(Como definir
os avanços?)
O fundamental não é decidir se o plano será redigido no formulário x ou y, mas
assumir que a ação pedagógica necessita de um mínimo de preparo, mesmo
tendo o livro didático como um dos instrumentos comunicacionais no trabalho
escolar em sala de aula (FUSARI, Revista Idéias, n. 8, p. 46).
Plano de aula: Plano de aula caracteriza-se pela previsão mais detalhada das
realizações diárias, buscando a ação e dinamização da proposta global do plano
de ensino.
Segundo Vale (1995), cada professor poderá organizar seu plano de aula, pois
não há um esquema rígido a ser seguido.
Observe os itens que compõem um modelo de plano de aula:
Disciplina de Núcleo Comum
© Didática Geral • • • CRC
23Batatais – Claretiano
UNIDADE 2
- título da aula;
- série;
- tempo necessário;
- introdução;
- objetivos;
- recursos didáticos;
- organização da sala;
- procedimentos didáticos ou desenvolvimento da aula;
- avaliação;
- bibliografia;
- sugestões para trabalho interdisciplinar (interação entre as disciplinas ou áreas
do conhecimento).
Referências bibliográficas
5
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmentros
Curriculares Nacionais. Introdução. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASIL. Secretaria de Educação a Distância. Construindo a Escola Cidadã. Brasília: MEC-
SEAD, 1998.
FUSARI, J. C. O planejamento do trabalho pedagógico: algumas indagações e tentativas
de respostas. Revista Idéias, n. 8, São Paulo: FDE, 1998, p. 44 - 53.
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
REVISTA NOVA ESCOLA. São Paulo: Abril, dez./2000.
SAVIANI, D. Escola e democracia. São Paulo: Cortez, 1983.
______. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. São Paulo: Cortez, 1992.
VIANNA, I. O. de A. Planejamento participativo na escola: um desafio ao educador. São
Paulo: EPU, 1986.
UDESC. Planejamento e Avaliação Educacional. Caderno EAD. Florianópolis, 2001.
ATENÇÃO!
No decorrer de seu curso
e em sua caminhada
profissional o hábito da
pesquisa lhe ajudará a
encontrar respostas para
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vir a surgir, ampliando
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Planejamento escolar: conceituação, importância e elaboração

  • 1. UNIDADE2 PLANEJAMENTO ESCOLAR: CONCEITUAÇÃO, IMPORTÂNCIA E ELABORAÇÃO Objetivos • Reconhecer o planejamento como uma ação pedagógica essencial ao processo de ensino, superando sua concepção mecânica e burocrática no contexto do trabalho docente. Conteúdo • A temática refere-se ao estudo do planejamento como processo primordial para a organização das situações do ensino e da aprendizagem.
  • 2. CRC • • • © Didática Geral 14 Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais UNIDADE 2 Introdução1 Na Unidade I, você estudou o histórico e a conceituação de Didática. Trocou idéias a respeito do processo de ensino, viu como a Didática tem influenciado as experiências históricas da educação e da escolarização. Você conheceu também vários educadores que contribuíram para que a Didática ocupasse seu lugar no processo de ensino-aprendizagem. Nesta unidade, você entenderá o planejamento como uma ação pedagógica essencial ao processo de ensino, superando sua concepção mecânica e burocrática no contexto do trabalho docente. A partir desse momento, vamos trocar idéias sobre como planejar o ensino. Você terá um texto para leitura, no qual aparecerão diversas atividades de reflexão pessoal que você poderá socializar na Lista, fax, correio ou telefone. Planejamento: conceituação e importância2 Definindo planejamento Vejamos duas definições: Ato ou efeito de planejar. Trabalho de preparação para qualquer empreendimento, segundo roteiro e métodos determinados. Processo que leva ao estabelecimento de um conjunto coordenado de ações, visando à consecução de determinados objetivos (Dicionário Aurélio). O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos de sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino. O planejamento é um meio para se programar as ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação (LIBÂNEO, 1994, p. 221). Antes de iniciarmos a discussão a respeito de planejamento, vamos ler um texto de Romão e Padilha, da Série de Estudos do Ministério da Educação: Construindo a Escola Cidadã: Projeto Político Pedagógico1 (Brasil, 1998, p. 53-55): Início do ano letivo. Dia de reencontros explosivos, de abraços meteóricos. Uma atmosfera cor-de-rosa entre docentes e equipe diretiva, antigos companheiros de trabalho. Professoras e professores, recém-ingressantes, também participam da confraternização. Por outro lado, olhares curiosos, cautelosos, alguma aproximação, alguma retração, mas, de qualquer maneira, um clima de alegria. Vai começar a primeira reunião de um novo trabalho educativo. Educar é uma luta constante, é um novo recomeçar, todos concordam. A diretora da escola exercita sua pontualidade. O coordenador pedagógico convida os presentes, com sua voz grave, a se encaminharem para uma sala de aula onde a reunião se realizará. Uma professora chega atrasada na ponta dos pés, observada carinhosamente por seus colegas. PARA você REFLETIR: O que é planejar? O que é realizar um planejamento? ATENÇÃO! Convidamos você a dedicar um pouco de seu tempo na leitura desse texto. Trata-se de um relato significativo, transcrito que se fosse resumido ou em parte não traduziria o “clima pedagógico” oculto nas entrelinhas que os autores quiseram transmitir.
  • 3. Disciplina de Núcleo Comum © Didática Geral • • • CRC 15Batatais – Claretiano UNIDADE 2 Todos ocupam seus lugares e as boas vindas são oferecidas pela diretora, que logo em seguida declara abertos os trabalhos. O tema da reunião administrativa e pedagógica é... planejamento e organização do trabalho da escola. O coordenador pedagógico passa a falar, calmamente, sobre as próximas tarefas. Informa que os planos de ensino deverão ser providenciados pela equipe docente e entregues ao final de três dias de reuniões, após o que, imediatamente, as aulas terão início. Lembra que os mesmos deverão ser elaborados em fina consonância com o Plano Diretor da Escola e com os Planos de Curso já definido nos anos anteriores. Acrescenta que estes, por sua vez, foram elaborados por especialistas da escola dentro dos padrões científicos e técnicos exigidos pela Secretaria da Educação e estão perfeitamente de acordo com os Planos Nacional e Estadual de Educação, como deveria ser. Em seguida, passa a palavra à senhora diretora, que fala um pouco sobre a organização da escola, dedicando-se mais à “parte administrativa”. Ela distribui uma pauta mimeografada, com os itens que estarão sendo discutidos: entrega de documentos; pontualidade dos professores na entrada e saída; novo código disciplinar para os alunos, definido pela equipe diretiva durante as férias dos professores; elaboração de horário de aulas; novas regras para utilização da cantina; novos horários de intervalos; lista de alunos das novas turmas; crachás para as primeiras séries, entre outros. Agora, o coordenador pedagógico dá início a uma dinâmica de grupo. Solicita a formação de equipes, de acordo com suas disciplinas. Distribui uma papeleta para cada uma delas, por meio da qual orienta cada grupo para que se reúna por meia hora e em seguida apresente aos demais grupos alguns objetivos específicos de suas disciplinas para o ano letivo. O tempo acaba não sendo suficiente. Após quase uma hora, o coordenador pedagógico anuncia o início das exposições. Nota-se no recinto um amargo sentimento, como se o encantamento inicial tivesse se evaporado subitamente e dado lugar a um ar de constrangimento, tal o silêncio que toma conta do ambiente. Professoras e professores que se mostravam confusos e aparentemente desanimados diante das palavras planos, planejamentos, normas e prazos, agora ilhados em suas definições. Sem escolha, cada representante de grupo lê os objetivos específicos aos quais chegara sua equipe, o que não consegue provocar reações nos companheiros. Terminada a dinâmica e estourado o tempo da reunião na parte da manhã, transfere-se para o período da tarde o início da elaboração do planejamento. Para tanto, como informa a diretora, os professores disporão de novos livros didáticos enviados pelas editoras, a partir dos quais poderão adaptar seus planos de ensino dos anos anteriores. Assim começava a tarefa de planejar naquela escola e naquele ano, que a todos lembrava experiências burocráticas de anos anteriores nada compensadoras. A situação descrita acontece em muitas de nossas escolas, configurando-se como a semana de elaboração dos planejamentos. Segundo Romão e Padilha (1998, 53-55), ao pensar o desenvolvimento de um planejamento na escola, precisamos estar atentos à questão da cidadania1 . 1Cidadania refere-se segundo Romão e Padilha (1998, p. 57), ao exercício pleno e democrático, por parte da sociedade, de seus direitos e deveres.
  • 4. CRC • • • © Didática Geral 16 Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais UNIDADE 2 Quando pensamos em planejar a educação, é necessário que esse exercício venha acompanhado de reflexão sobre como realizar e organizar o trabalho escolar. Isso significa: • incorporar de frente os problemas da escola em que trabalhamos e do contexto do sistema educacional; • assumir também a escola como instância social, com o compromisso de gerar aprendizagens e formar cidadãos. Quando nos propomos a realizar e pensar o planejamento, formalizando-o em: plano da escola/plano gestor, plano de ensino (ver sugestão de modelo na página 17 do caderno de conteúdo) e plano de aula, significa que precisamos exercer uma atividade engajada, intencional, científica, de caráter político e ideológico e isento de neutralidade. Estas palavras nos reportam a uma grande discussão de Paolo Nosella a respeito do compromisso político do professor e de Guiomar Namo de Mello, quando fala da competência técnica ao compromisso político (1983/1982 respectivamente). [...] a competência profissional diz respeito ao domínio adequado do saber escolar a ser transmitido, juntamente com a habilidade de organizar e transmitir esse saber de modo a garantir que ele seja efetivamente apropriado pelo aluno. Em segundo lugar, uma visão relativamente integrada e articulada dos aspectos relevantes mais imediatos de sua própria prática, ou seja, um entendimento das múltiplas relações entre os vários aspectos da escola, desde a organização dos períodos de aula, passando por critérios de matrícula e agrupamentos da classe, até o currículo e os métodos de ensino. Em terceiro lugar, uma compreensão das relações entre o preparo técnico que recebeu, a organização da escola e os resultados de sua ação. Em quarto lugar, uma compreensão mais ampla das relações entre a escola e a sociedade, que passaria necessariamente pela questão de suas condições de trabalho e remuneração (MELLO, 1982, p. 43). Quanto ao compromisso político, Mello (1982, p. 45) afirma que: [...] quando adquire competência o professor ganha também condições de perceber, dentro da escola, os obstáculos que se opõem à sua atuação competente. É assim que a competência técnica inicia o processo de sua transformação em vontade política. Por esse caminho o professor vai desenvolvendo sua consciência real em direção à consciência possível e ganha condição de passar do sentido político em si para o sentido político para si de sua ação pedagógica. A vontade política permite que aquele sentido político da prática docente se explicite ao professor e passe a ser, para ele também, uma forma de agir politicamente: diminuição do fracasso escolar e da exclusão, por meio de estratégias adequadas para garantir o acesso ao maior número de crianças na escola e sua permanência nela, pelo maior tempo possível. [...] “o saber-fazer constitui uma das necessidades imediatas para a imagem profissional do professor, para uma percepção mais crítica e menos assistencialista do valor de seu trabalho” (NOSELLA, 1983, p. 146). ATENÇÃO! Importante: a competência técnica inicia o processo de sua transformação em vontade política. Pense nisso...
  • 5. Disciplina de Núcleo Comum © Didática Geral • • • CRC 17Batatais – Claretiano UNIDADE 2 Importância do planejamento Em nossa prática pedagógica atual, o processo de planejamento tem sido objeto de inúmeros questionamentos quanto à sua validade como instrumento de melhoria qualitativa do trabalho do professor. O planejamento tem sido geralmente concebido como uma técnica especializada, cujo objetivo seria o de levar a bom termo o desenvolvimento de uma instituição ou de um município, estado, região ou país. Apesar desse fato pertencente ao ato de planejar, a prática do planejamento em nosso país, especialmente na educação, tem sido conduzida como se fosse uma atividade neutra, sem comprometimento. Às vezes, o planejamento é apresentado e desenvolvido como se fosse um modo de definir a aplicação técnica para obter resultados, não importando a que preço ou para quem. “Planejar ou burocratizar”? O ato de planejar não é só técnica. Além dessa dimensão ele é fundamentalmente: • a instância de decisões políticas (pensar), capazes de consolidar e dinamizar ações que venham ao encontro dos interesses de uma coletividade; • o resultado de decisões políticas de indivíduos e/ou o conjunto destes, as quais serão implementadas por meio de ações pedagógicas (o nosso fazer) no âmbito educacional. O planejamento não é uma tarefa neutra, mas ideologicamente comprometida com os fins pretendidos por aquele grupo ou instituição. Isso significa dizer que o planejamento: • é um processo constituído de vários atores que compõem esse planejar; • é uma atividade que subsidia o ser humano no encaminhamento de suas ações e na obtenção de resultados desejados. Ao tratarmos de planejamento em uma escola, os seguintes aspectos devem ser considerados: • o coletivo de indivíduos que desempenham inúmeras atividades, as quais por natureza própria requerem um processo de planejamento que possibilite a participação efetiva desse conjunto de pessoas, que a princípio deve tomar decisões pertinentes aos fins a que se propõe uma instituição educacional; • o planejamento como uma ferramenta viabilizadora de um processo que contribua para o desenvolvimento de todos aqueles que estejam direta ou indiretamente vinculados à educação; • os inúmeros desafios a enfrentar quando falamos de processo de planejamento como um procedimento viabilizador de um direito público que é a educação. No contexto educacional, tem havido certa confusão entre o processo de planejamento e os documentos (plano, programa ou projeto) decorrentes desse processo. Tal situação tem levado os profissionais da educação a encararem o planejamento como algo que mais atrapalha do que ajuda na inovação do ensino e da aprendizagem.
  • 6. CRC • • • © Didática Geral 18 Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais UNIDADE 2 Essa prática intencional de separar os que pensam dos que fazem resultou lamentavelmente, no burocratizamento em todas as instâncias de planejamento, em especial, nas escolas. Tal prática tem reforçado a parte meramente técnica do planejamento, o que leva os profissionais da educação a um ativismo alucinante, cegando-os daquilo de criativo da arte de planejar. O planejamento deve tornar-se uma articulação dinâmica e coletiva entre o fazer, o refletir e o sentir, tornado-se um forte aliado contra o ativismo que freqüentemente toma conta do cotidiano escolar e que em alguns casos pode transformar os profissionais da educação em máquinas, nos momentos em que ministram aulas ou executam tarefas administrativas, às vezes sem consciência do significado dessas ações. A concepção de planejamento como processo ajuda-nos a recuperar sua importância, revestindo-o de uma função pedagógica no momento do processo de discussão, sistematização, apropriação de instrumentos e procedimentos teórico-metodológicos, que, formalizados em documentos, garantam a continuidade do processo no âmbito escolar, visando a avanços necessários à sociedade que pretendemos ajudar a construir. É necessário que comecemos a introjetar a real importância do processo de planejamento conduzido por aqueles que efetivamente constituem o coletivo de indivíduos que pensam e fazem acontecer o ensino e a aprendizagem na escola. Agindo dessa forma, com certeza estaremos dando a nossa contribuição para a consolidação de novas formas de organização do trabalho na escola. Assim, todos (professores, alunos, diretor, coordenador, enfim toda comunidade escolar) terão mais interesse pela concretização das propostas. Propostas oriundas de um processo com características participativas têm maiores condições de avançar de forma planejada, articulada e sistemática, porque provavelmente teremos mais indivíduos motivados a contribuir com a consecução dos objetivos. Conversando a respeito do planejamento3 A vivência do cotidiano escolar tem evidenciado situações bastante questionáveis nesse sentido: a) Os objetivos educacionais propostos nos currículos dos cursos apresentam-se confusos e desvinculados da realidade social e cultural de nossos alunos. b) Os conteúdos a serem trabalhados, por sua vez, são definidos de forma autoritária, pois os professores, acabam por não participar dessa tarefa (LOPES, 1995). c) Os recursos que dispomos para o desenvolvimento de nossa prática pedagógica, muitas vezes são considerados meros instrumentos de ilustração das aulas, reduzindo-se a equipamentos, muitas vezes incoerentes com os objetivos e conteúdos estudados. d) A metodologia usada pelo educador é caracterizada pela prevalência de atividades transmissoras de conhecimentos, com pouco espaço para discussões e análise dos conteúdos. Assim, o aluno continua passivo, pois seu pensamento criativo é mais bloqueado que estimulado. Para você REFLETIR: O que a escola vem praticando: o “planejamento” ou o “burocratizamento”? ATENÇÃO! Registre suas reflexões no Bloco de Anotações ou no caderno, elas serão úteis para a elaboração de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). INFORMAÇÃO: “Um dos aspectos mais preocupantes quando refletimos sobre a escola é a constatação de que, hoje, ela está sem objetivos” (ALVES, R., 2000, p. 22).
  • 7. Disciplina de Núcleo Comum © Didática Geral • • • CRC 19Batatais – Claretiano UNIDADE 2 e) A avaliação do rendimento escolar, resume-se no ritual de provas periódicas nas quais são verificadas as quantidades de conteúdos assimilados. Nesse contexto, o planejamento do ensino acontece, mas desvinculado da realidade social, caracterizado como uma ação mecânica e burocrática do professor, pouco contribuindo para a qualidade da práxis pedagógica. [...] no meio escolar, quando se faz referência a planejamento do ensino, a idéia que passa é aquela que identifica o processo através do qual são definidos os objetivos, os conteúdos programáticos, os procedimentos de ensino, os recursos didáticos, a sistemática de avaliação da aprendizagem, bem como a bibliografia básica a ser consultada no decorrer do curso, série ou disciplina de estudo. Com efeito, este é o padrão de planejamento adotado pela grande maioria dos professores e que, em nome da eficiência do ensino disseminada pela concepção tecnicista de educação, passou a ser valorizado apenas em sua dimensão técnica (LOPES, 1995, p. 42). Isso não significa que devemos deixar de utilizar este tipo de esquema ou outros determinados pelas escolas ou secretaria da educação. O importante nesse processo é a articulação dos componentes do plano de ensino com o todo social, ao contrário deste tipo de ação, a concepção de planejamento acaba por tornar incapaz a dinâmica e, além disso, dificultar a prática didática. No momento cabe-nos extrapolar a simples tarefa de elaborar um documento contendo apenas os elementos tecnicamente estabelecidos. Considerando o encaminhamento de um planejamento que supere a dimensão técnica, as atividades educativas deveriam ser planejadas tendo como ponto de referência a problemática sociocultural, econômica e política do contexto escolar em que a escola está inserida. Assim, trabalhamos visando à transformação da sociedade de classes, no sentido de torná-la mais justa e igualitária. Lopes (1995) sugere-nos os princípios do planejamento participativo, forma de trabalho comunitário, que se caracteriza pela integração de todos os setores da atividade humana, em uma ação globalizante, visando à solução de problemas comuns. No contexto escolar, o planejamento participativo caracteriza-se: • Pela busca da integração efetiva entre a escola e a realidade social, ressaltando a relação teoria e prática. • Pela participação da comunidade escolar: professores, alunos, especialistas e demais pessoas envolvidas neste processo, que seria o ponto essencial para a produção do conhecimento. Observe as fases do Planejamento (LOPES, 1995, p. 45-52): Fase 1 – Estudo real da escola em suas relações com o contexto social em que se insere. O estudo deverá ser feito de forma global, analisando as circunstâncias socioculturais, econômicas e políticas dos diferentes níveis presentes nas relações escola e sociedade (universo sociocultural dos alunos, seus interesses e suas necessidades, identificar o que já conhecem, o que aspiram e como vivem). O resultado desse primeiro momento do planejamento participativo seria um diagnóstico sincero da realidade concreta do aluno, elaborado de forma consciente e comprometida com seus interesses e necessidades. INFORMAÇÃO: Um planejamento dirigido para uma ação pedagógica transformadora possibilitará ao professor: • maior segurança para lidar com a relação educativa que ocorre na sala de aula e em toda a escola; • efetivar um trabalho integrado ao concreto de nossos educandos.
  • 8. CRC • • • © Didática Geral 20 Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais UNIDADE 2 Fase 2 – Após a primeira fase, devemos proceder à organização do trabalho didático. A definição dos objetivos a serem perseguidos, a sistematização do conteúdo programático e a seleção dos procedimentos de ensino a serem utilizados, estas são as ações básicas dessa segunda fase. • Na definição dos objetivos, portanto, será essencial a especificação dos diferentes níveis de aprendizagem a serem atingidos: a aquisição, a reelaboração dos conhecimentos aprendidos e a produção de novos. Assim, os objetivos deverão expressar ações, tais como reflexão crítica, a curiosidade científica, a investigação e a criatividade (Unidade III). • Em relação aos conteúdos a serem estudados (Unidade IV), como são parte integrante do currículo escolar previamente estruturado (por exemplo, PCNs, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, ou Diretrizes do Ensino Médio), deverão passar por uma análise crítica com vistas à identificação do que representa o essencial e do que representa o secundário a ser aprendido. • Para efetivarmos essa distinção (essencial e secundário), devemos olhar a realidade concreta dos alunos, a partir da qual o saber sistemático poderá ser selecionado com o objetivo de funcionar como meio de compreensão crítica dessa realidade. A organização do chamado conteúdo programático far-se-á considerando-se primeiramente os objetivos propostos em termos de aquisição, reelaboração e produção de conhecimentos, ou seja, expressos em capacidades a serem desenvolvidas. Sintetizando: os objetivos precisam ser estabelecidos anteriormente aos conteúdos, assim, tornamos o processo de ensino e o processo de aprendizagem direcionados às necessidades de nossos alunos e não na simples transmissão de conteúdos com fim em si mesmos. Fase 3 – A terceira etapa seria a articulação dos procedimentos que deverão ser concretizados. Tais procedimentos devem ser relacionados de forma a atenderem aos diferentes níveis de aprendizagem desejados, bem como, à natureza da matéria de ensino proposta. • A tarefa do professor nesse momento será articular uma metodologia de ensino que se concretize pela variedade de atividades estimuladoras da criatividade dos alunos. Nessa etapa a participação dos alunos é muito enriquecedora. Descobrir suas expectativas, saber por que estão na escola, qual seu projeto de vida, estas são questões que levarão ao entendimento do aluno, ajudando- o na compreensão da linguagem, de suas dificuldades, do que aspiram. Fase 4 – O passo seguinte é a sistematização do processo de avaliação da aprendizagem. A avaliação nessa concepção de planejamento não poderá ter o sentido de processo classificatório dos resultados de ensino. • Num processo educativo em que a metodologia de ensino privilegia a criatividade dos alunos, a avaliação terá o caráter de acompanhamento, em um julgamento conjunto de professores e alunos. Sintetizando: precisamos ter a idéia de que a caracterização de momentos e etapas no planejamento no ensino não deverá ser entendida como o desenvolvimento de partes distintas e estanques, pois não podemos enquadrar uma ação de natureza contínua, dinâmica e global. Para que isso aconteça, é necessário que em nossas escolas convivam pessoas comprometidas com a postura política a fim de que um processo transformador possa ser desenvolvido. INFORMAÇÃO: É importante não perder de vista que um processo transformador não poderá deixar se conduzir por objetivos que explicitem somente a aquisição de conhecimentos. ATENÇÃO! Devemos nos preocupar mais com a qualidade da reelaboração e produção de conhecimentos apreendidos por cada aluno, tendo como ponto de partida a matéria estudada, do que com a verificação da quantidade de conteúdos aprendidos.
  • 9. Disciplina de Núcleo Comum © Didática Geral • • • CRC 21Batatais – Claretiano UNIDADE 2 No contexto de planejamento participativo2 , é impossível a convivência de um discurso de participação com uma prática de divisão e da competição. A relação cooperativa deve ser preservada para que: • o planejamento seja levado em consideração à participação de todos os elementos envolvidos no processo de ensino; • a unidade entre a teoria e a prática seja alcançada; • a realidade concreta (escola, aluno, sociedade) seja o ponto de partida do planejamento; • os fins mais amplos da educação sejam atingidos. Plano de ensino4 O plano de ensino representa o trabalho de previsão de todas as atividades de uma determinada disciplina, desenvolvidas durante um curso. Essa previsão pode ser anual, mensal ou semanal, conforme a duração do curso. Deve ser elaborado em conjunto com todo o pessoal envolvido no processo ensino-aprendizagem, após o conhecimento do aluno e do contexto social e escolar, (VALE, 1995, p. 112). Plano de ensino é, pois, um documento elaborado pelo(s) docente(s), contendo a(s) sua(s) proposta(s) de trabalho, numa área e/ou disciplina específica. O plano de ensino deve ser percebido como um instrumento orientador do trabalho docente, tendo-se a certeza e a clareza de que a competência pedagógico-política do educador escolar deve ser mais abrangente do que aquilo que está registrado no seu plano (cf. FUSARI, 1991, p. 44-53). Os itens do plano de ensino variam conforme a escola, mas, por exemplo, poderá conter os seguintes elementos: • nome da escola; • ano letivo; • série; • disciplina ou área de conhecimento; • objetivos gerais da etapa de ensino (Ensino Fundamental de 1a a 4a ; ou 5a a 8a , ou Ensino Médio); • objetivos específicos da série; • conteúdos (conceituais, procedimentais, atitudinais); • estratégias; • recursos (materiais); • avaliação. Veja no quadro, a seguir, uma sugestão de formalização de um plano de ensino. 2Planejamento participativo é parte integrante da metodologia da pesquisa participante, forma de trabalho característica dos movimentos de educação popular. Um maior aprofundamento desse tema poderá ser obtido na vasta bibliografia existente sobre pesquisa participante. Quanto ao planejamento participativo aplicado à educação, a descrição de uma experiência nesse caso poderá ser analisada em VIANNA, I. Planejamento participativo na escola. São Paulo: EPU, 1986. PARA VOCÊ REFLETIR: Não podemos encarar a educação como uma atividade neutra. O planejamento participativo permite a realização de um trabalho problematizador e participante, no sentido de encaminhar o aluno para a reelaboração dos conteúdos escolares do saber sistematizado, com vistas na produção de novos conhecimentos. ATENÇÃO! Registre suas reflexões pois elas serão úteis para o seu TCC.
  • 10. CRC • • • © Didática Geral 22 Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais UNIDADE 2 Escola: Ano do Ciclo (Público Alvo - Para quem?) Área Língua Portuguesa; Matemática; Ciências Naturais; História; Geografia; Arte; Educação; Língua Estrangeira (Ensino 1º a 3º série) Áreas: Linguagem, Códigos e suas Tecnologias; Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias Humanas e suas Tec- nologias Objetivos (Para quê?) Conteúdo (O quê?) Recursos (Seleção de Recursos Materiais) Duração (Cronograma de Trabalho) Tipo e In- strumento de Avaliação (Como definir os avanços?) O fundamental não é decidir se o plano será redigido no formulário x ou y, mas assumir que a ação pedagógica necessita de um mínimo de preparo, mesmo tendo o livro didático como um dos instrumentos comunicacionais no trabalho escolar em sala de aula (FUSARI, Revista Idéias, n. 8, p. 46). Plano de aula: Plano de aula caracteriza-se pela previsão mais detalhada das realizações diárias, buscando a ação e dinamização da proposta global do plano de ensino. Segundo Vale (1995), cada professor poderá organizar seu plano de aula, pois não há um esquema rígido a ser seguido. Observe os itens que compõem um modelo de plano de aula:
  • 11. Disciplina de Núcleo Comum © Didática Geral • • • CRC 23Batatais – Claretiano UNIDADE 2 - título da aula; - série; - tempo necessário; - introdução; - objetivos; - recursos didáticos; - organização da sala; - procedimentos didáticos ou desenvolvimento da aula; - avaliação; - bibliografia; - sugestões para trabalho interdisciplinar (interação entre as disciplinas ou áreas do conhecimento). Referências bibliográficas 5 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmentros Curriculares Nacionais. Introdução. Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL. Secretaria de Educação a Distância. Construindo a Escola Cidadã. Brasília: MEC- SEAD, 1998. FUSARI, J. C. O planejamento do trabalho pedagógico: algumas indagações e tentativas de respostas. Revista Idéias, n. 8, São Paulo: FDE, 1998, p. 44 - 53. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. REVISTA NOVA ESCOLA. São Paulo: Abril, dez./2000. SAVIANI, D. Escola e democracia. São Paulo: Cortez, 1983. ______. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. São Paulo: Cortez, 1992. VIANNA, I. O. de A. Planejamento participativo na escola: um desafio ao educador. São Paulo: EPU, 1986. UDESC. Planejamento e Avaliação Educacional. Caderno EAD. Florianópolis, 2001. ATENÇÃO! No decorrer de seu curso e em sua caminhada profissional o hábito da pesquisa lhe ajudará a encontrar respostas para os problemas que possam vir a surgir, ampliando seus horizontes. Pesquise sempre!