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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA
UNOESC
ÁREA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
MICROECONOMIA
PROF. ACILOM ANTUNES
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Microeconomia
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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA
UNOESC
ÁREA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
O material apostilado desta disciplina é para uso exclusivamente didático, sem
intenção comercial. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou
transmitida, sob qualquer forma – fotocópia, gravação – ou por qualquer meio –
eletrônico, mecânico – sem a permissão da UNOESC e do autor/organizador do
material.
Disciplina:
MICROECONOMIA
Docente responsável pela disciplina:
Professor: Acilom Gonçalves Antunes
E-mail: acilao.antunes@unoesc.edu.br
acilomantunes@yahoo.com.br
Fones: 35212404 ou 9103 2245
Nota: esta apostila foi adaptada do trabalho da professora Tânia Nodari.
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Um Mantra!!!!!!!!!!!!!!!
“Gostaria de compartilhar com você um modelo sublime de propósito de vida, que há
de se perpetuar no tempo dos homens e de Deus e que serviu de bússola a Martin
Luther king, líder do movimento civil americano:
Quero que digam que eu tentei ser direito e caminhar ao lado do próximo.
Quero que vocês possam mencionar o dia em que tentei vestir o mendigo,
tentei visitar os que estavam na prisão, tentei amar e servir a humanidade.
Sim, se quiserem dizer algo, digam que eu fui um arauto da justiça, um arauto
da paz, um arauto do direito.
Todas as outras coisas triviais não têm importância.
Não quero deixar nenhuma fortuna. Eu só quero deixar uma vida de
dedicação!
E isto é tudo o que eu tenho a dizer:
Se eu puder ajudar alguém a seguir adiante,
Se eu puder animar alguém com uma canção,
Se eu puder mostrar a alguém o caminho certo,
Se eu puder cumprir o meu dever cristão,
Se eu puder levar a salvação para alguém,
Se eu puder divulgar a mensagem que o Senhor deixou......
.......então, minha vida não terá sido em vão”.
Gutemberg de Macedo, Consultor
(VOCÊ S/A, p. 82 – Agosto de 2003)
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SUMÁRIO
PARTE I ................................................................................................................... 06
1 DIMENSÕES HISTÓRICAS E SOCIAIS DA ECONOMIA .................................... 06
1.1 OBJETO DA CIÊNCIA ECONÔMICA.................................................................. 07
1.2 O QUE É ECONOMIA ....................................................................................... 07
1.2.1 Outros Enfoques da Definição ..................................................................... 08
1.3 DIVISÕES E NATUREZA DA ECONOMIA.......................................................... 09
1.4 A ECONOMIA COMO CIÊNCIA.......................................................................... 10
1.5 CONCEITOS DE MICROECONOMIA E MACROECONOMIA............................ 11
1.6. DO QUE SE OCUPA A ECONOMIA .................................................................. 12
1.7. ESCASSEZ DE RECURSOS............................................................................. 14
1.8. A QUESTÃO DA ESCASSEZ E OS PROBLEMAS ECONÔMICOS
FUNDAMENTAIS ..................................................................................................... 14
1.9. BENS ECONÔMICOS ....................................................................................... 15
PARTE II .................................................................................................................. 19
2 O SISTEMA ECONÔMICO ................................................................................... 19
2.1 DEFINIÇÃO DE SISTEMA ECONÔMICO........................................................... 19
2.2. COMPOSIÇÃO DO SISTEMA ECONÔMICO .................................................... 20
2.3. OS FLUXOS DO SISTEMA ECONÔMICO......................................................... 20
PARTE III ................................................................................................................. 23
3 INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA .................................................................. 23
3.1. CONCEITO........................................................................................................ 23
3.2.PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA ANÁLISE MICROECONÔMICA..................... 24
3.2.1 A hipótese coeteris paribus.......................................................................... 24
3.2.2 Papel dos preços relativos ........................................................................... 24
3.2.3 Objetivos da empresa ................................................................................... 25
3.3. APLICAÇÕES DA ANÁLISE MICROECONÔMICA............................................ 25
3.4. DIVISÃO DO ESTUDO MICROECONÔMICO ................................................... 26
3.4.1 Análise da Demanda...................................................................................... 26
3.4.2 Análise da oferta............................................................................................ 26
3.4.3 Análise das estruturas de mercado ............................................................. 27
3.4.4 Teoria do equilíbrio geral.............................................................................. 28
PARTE IV................................................................................................................. 33
4 O MERCADO, COMPOSIÇAO E PREÇOS.......................................................... 33
4.1. DEMANDA DE MERCADO................................................................................ 33
4.1.1.Outras Variáveis que afetam a demanda de um bem................................. 34
4.2. OFERTA DE MERCADO ................................................................................... 34
4.3. DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE EQUILÍBRIO ............................................... 36
4.3.1.Oferta, demanda e equilibrio em um mercado competitivo....................... 37
4.4. CLASSIFICAÇÃO DOS MERCADOS ................................................................ 51
4.5. AÇÃO GOVERNAMENTAL E ABUSOS DE MERCADO.................................... 55
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REFERÊNCIAS........................................................................................................ 57
ANEXOS .................................................................................................................. 58
GLOSSÁRIO............................................................................................................ 66
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PARTE I
1 DIMENSÕES HISTÓRICAS E SOCIAIS DA ECONOMIA
O marco inicial da etapa científica da Teoria Econômica coincidiu com os
grandes avanços da técnica e das ciências físicas e biológicas, nos séculos XVII e
XVIII. Nesse notável período de evolução do conhecimento humano, a Economia
constituiu seu núcleo científico, estabeleceu sua área de ação e delimitou suas
fronteiras com outras ciências sociais.
Embora a ação econômica tenha sempre despertado a atenção dos povos, só
a partir do século XVIII a Economia tornou-se acadêmica. Adam Smith publicou seu
primeiro livro – pioneiro -, “A Riqueza das Nações”, em 1776.
No período de mais de um século e meio que decorreu entre o aparecimento
de “A Riqueza das Nações” e a Publicação da Teoria Geral, em 1936, por John
Maynard Keynes, a Economia passou por muitos estágios de desenvolvimento. Em
1867, surgiu O Capital, a crítica mais radical ao capitalismo, de Karl Marx.
Neste século, tem sido notável o avanço da Economia como ciência e do
interesse por esse ramo do conhecimento. Por ele se interessam desde os
estadistas aos trabalhadores de uma pequena unidade de produção.
Na verdade, cada ciência observa e analisa a realidade do aspecto material
do seu objeto, segundo sua própria lógica formal. O fato, porém é que as visões
sobre o mesmo objeto acabam se inter-relacionando, como veremos a seguir:
a) Economia e Política - Essa interdependência é secular, pois sendo a política a
arte de governar, ou o exercício do poder, é natural que esse poder tente exercer
o domínio sobre a coisa econômica. Através de instituições, principalmente do
Estado, os grupos de dominação procuram interferir numa distribuição de renda
que lhes seja conveniente. Por exemplo, (no Brasil), os agricultores na época da
política do “café com leite”, mantinham o uso da Política do Estado para lhes
conceder vantagens econômicas. O mesmo ocorre hoje com os industriais que
querem apropriar-se de crédito subsidiado ou tarifas aduaneiras que lhes
protejam o mercado interno, fora da competição externa, garantindo-lhes lucros
maiores. Coisa não muito distinta é a ação dos trabalhadores organizados,
petroleiros, metalúrgicos do ABC, bancários, etc., que conseguem salários
maiores que os demais trabalhadores pouco organizados, logo com menor força
política. Finalmente, cabe no Brasil falar da oligarquia nordestina que
politicamente vem de longa data se beneficiando com as transferências de
rendas inter-regionais.
b) Economia e Geografia – Os acidentes geográficos interferem no desempenho
das atividades econômicas e, inúmeras vezes, as divisões regionais são
realizadas para se produtivos, de localização de empresas, dos efeitos da
poluição sobre o meio ambiente, do equilíbrio dado pelos custos de transporte,
das economias de aglomeração urbana etc. Na verdade, todas as atividades
econômicas têm um conteúdo espacial, que muitas vezes não se refere apenas
aos custos de transporte.
c) Economia e Sociologia – Quando a política econômica visa atingir os indivíduos
de certas classes sociais, interfere diretamente no objeto da sociologia, isto é, a
dinâmica da mobilidade social entre as diversas classes de renda. As políticas
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salariais ou de gastos sociais (educação, saúde, transportes, alimentação etc.)
são exemplos que direta ou indiretamente influenciam essa mobilidade.
d) Economia, Matemática e Estatística – A economia faz uso da lógica matemática
e das probabilidades estatísticas.
1.1 OBJETO DA CIÊNCIA ECONÔMICA
Em economia tudo se resume a uma restrição quase física – a lei da
escassez, isto é, produzir o máximo de bens e serviços a partir dos recursos
escassos disponíveis a cada sociedade. Na realidade, ocorre que a escassez dos
recursos disponíveis acaba por gerar a escassez dos bens – chamados “bens
econômicos”. Temos matéria-prima abundante, mas as necessidades humanas,
entendidas as econômicas, são ilimitadas, contudo, a sua satisfação é limitada pela
escassez de recursos para produzir os bens de que necessitamos para satisfazer
essas mesmas necessidades. Exemplificando: para os muito pobres, a carne seca
pode ser uma necessidade e não o ser para os mais ricos; para os pobres um carro
pode não ser uma necessidade, porém, para os da classe média já o é; para os ricos
a construção de uma mansão pode ser uma necessidade ao passo que pode não o
ser para os de renda média. Do eterno conflito entre nossas necessidades, que são
ilimitadas, e a escassez dos recursos disponíveis para a produção dos bens e
serviços que satisfaçam nossos desejos, emerge o objeto da Economia, a busca de
respostas para três perguntas fundamentais:
a) O que produzir?
b) Como produzir?
c) Para quem produzir?
Concluindo, o objeto da Economia pode ser descrito como: “com desejos
ilimitados e recursos limitados, o problema fundamental da Economia é a
ESCASSEZ.
1.2 O QUE É ECONOMIA
Uma vez explicado o sentido econômico de escassez e necessidade, torna-se
fácil entender o que é a economia. Em primeiro lugar, a palavra economia tem sua
origem no grego oikos, que significa casa, riqueza, fortuna, patrimônio, e nomos, que
significa estudo ou administração. Neste sentido, a idéia inicial de economia
restringe-se aos princípios de gestão dos bens privados. Como ciência, a Economia
trata das relações econômicas entre os indivíduos na sociedade. Estuda os
fenômenos relativos à produção, distribuição, acumulação e consumo de bens
materiais. “Economia é a ciência social que se ocupa da administração dos recursos
escassos entre usos alternativos e fins competitivos”, ou “Economia é o estudo da
organização social, através da qual os homens satisfazem suas necessidades de
bens e serviços escassos” (Equipe de Professores da USP, 2000, pag.13).
Uma definição muita aceita entre os estudiosos é a seguinte: “Economia é o
estudo de como a sociedade decide empregar recursos escassos, que poderiam ter
utilizações alternativas, para produzir bens variados e distribuí-los para consumo,
agora ou no futuro, entre os vários indivíduos e grupos da sociedade”.
John Kenneth Galbraith, economista americano, respondeu o seguinte
quando lhe perguntaram sobre o que é a Economia? “Alfred Marshall, o grande
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economista de Cambridge que dominou o ensino tradicional de economia na
Inglaterra – e nos Estados Unidos – de 1880 até a década de vinte, disse que a
Economia nada mais era que o estudo da humanidade no que se referia aos
negócios normais da vida. Eu acrescentaria agora uma referência à organização –
ao estudo da maneira como as pessoas são influenciadas sobre as questões
econômicas através das empresas, dos sindicatos e do governo. Outrossim, de
como e quando e até que ponto as organizações servem aos seus próprios objetivos
em oposição aos do povo em geral. E de como fazer para que os objetivos públicos
prevaleçam (Galbraith, 1976, pag. 1).”
Ainda Galbraith, “Entender o funcionamento da Economia é entender a maior
parte de nossa vida. A maioria de nós passa os anos meditando sobre a relação
entre o dinheiro que ganhamos e o dinheiro de que necessitamos, ficando nossos
pensamentos em suspenso, por assim dizer, entre um e outro. A Economia ocupa-
se com o que ganhamos e com o que podemos conseguir com isso. Portanto, uma
compreensão da Economia é uma compreensão da principal preocupação da vida.
Existe ainda outra coisa que ela pode fazer por você. As manchetes dos jornais,
quando fogem às guerras e às crises, dedicam-se em boa parte às resoluções de
ordem econômica dos governos. Se o povo não se esforçar por entender tais
decisões, não tomar uma atitude inteligente e não propalar essa atitude estará
evidentemente entregando todo o poder àqueles que realmente entendem, que
fingem entender ou que acreditam entender. E pode estar certo de que tais decisões
dificilmente serão prejudiciais àqueles que as tomam ou às pessoas que eles
representam.” (Galbraith, 1976, pag. 3).
1.2.1 Outros Enfoques da Definição
Economia é o estudo das escolhas das pessoas face à escassez de recursos.
Escassez é uma situação em que os recursos são limitados e podem ser usados de
diferentes maneiras, de tal modo que devemos sacrificar uma coisa por outra.
Seguem alguns exemplos de escassez.
• Você tem tempo limitado hoje. Se ler um livro por uma hora, terá menos uma
hora para gastar em outras atividades, tais como estudar, ler jornais ou fazer
ginástica.
• Uma cidade tem sua área limitada. Se a cidade usa um terreno para construir
um parque, haverá uma área de terra menor para construir apartamentos,
prédios de escritórios ou fábricas.
• Uma nação tem um contigente populacional limitado. Se forma um exército, terá
menos pessoas para desempenhar a função de professores, doutores e
vendedores.
Por causa da escassez, pessoas devem fazer escolhas difíceis: você deve
decidir como gasta seu tempo; a cidade deve decidir como usar suas terras; e a
nação deve decidir como dividir sua população entre atividades civis e militares.
Para onde quer que você olhe, estamos cercados de considerações
econômicas.
“Economia é o estudo das atividades cotidianas da humanidade” (Alfred
Marshal 1842-1924)
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Cada pessoa se defronta com dúzias de decisões, incluindo que produtos
comprar, que ocupação exercer, quantas horas trabalhar e quanto dinheiro poupar.
Uma empresa deve decidir que bens produzir e como produzi-los. Um governo deve
escolher um conjunto de programas públicos e decidir como levantar dinheiro para
financiá-los. Juntas, as escolhas feitas por indivíduos, firmas e governo determinam
as escolhas da sociedade e respondem as questões fundamentais da economia.
Que bens e serviços produziremos? Como produziremos esses bens e serviços e
quem consome os bens e serviços que são produzidos?
O FUNDADOR DA ECONOMIA
ADAM SMITH (1723-1790)
Nasceu na Escócia, em Kirkcaldy, Fifeshire. Faleceu em Edimburgo, capital da Escócia, no dia 17-07-
1790. Foi um dos grandes gênios da humanidade. Fundador da escola clássica inglesa e da
Economia (a partir de Smith a economia é tratada como ciência). Sua obra-prima Riqueza das
Nações (título abreviado), publicada em 1776, constitui um marco na história da Economia, trazendo
idéias que serviram de base para novos conhecimentos.
Como já visto, a palavra economia deriva do grego oikosnomos (de oikos,
casa, e nomos - normas, lei), que significa a administração de uma casa, ou do
Estado, e poder ser assim definida:
Vamos rever a seguinte definição de economia: Economia é a ciência
social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar
recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-
los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as
necessidades humanas.
Essa definição contém vários conceitos importantes, que são a base e o
objeto do estudo da Ciência Econômica:
• Escolha;
• Escassez;
• Necessidades;
• Recursos;
• Produção;
• Distribuição
Em qualquer sociedade, os recursos ou fatores de produção são escassos;
contudo, as necessidades humanas são ilimitadas, e sempre se renovam. Isso
obriga a sociedade a escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos
resultados da atividade produtiva aos vários grupos da sociedade.
Aristóteles (384-322 a.C) é considerado um dos primeiros pensadores econômicos. O aparecimento
da moeda inspirou a discussão a respeito da “crematística natural”, ou economia doméstica, e da
“crematística não-natural”, ou economia mercantil, na sua obra denominada Política, em cuja escrita
se utilizou tanto do método dedutivo como o indutivo. Suas idéias tiveram profunda influência nas
doutrinas econômicas da Idade Média e em doutrinas mais recentes.
Nota: pesquise o que é o método dedutivo e o indutivo.
1.3 DIVISÕES E NATUREZA DA ECONOMIA
Com já vimos o termo economia origina-se das palavras gregas oikos (casa) e
nomos (normas). Na Grécia antiga, Economia significava a arte de bem administrar o
lar, levando-se em conta a renda familiar e os gastos efetuados, durante um período.
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Em seu tratado Ho Oikonomikos, Xenofonte (431-355 a. C.) ensinou as regras
básicas para a administração de uma casa, para a caça, pesca, agricultura e o
manejo dos escravos. Posteriormente, as normas relativas à administração do lar e
das terras de um senhor em particular foram estendidas a polis (cidade-estado).
Modernamente, define-se Economia como a ciência que estuda o emprego
de recursos escassos, entre usos alternativos, com o fim de obter os melhores
resultados, seja na produção de bens, ou na prestação de serviços. Os recursos
escassos são os bens e serviços empregados na produção, mediante uma
tecnologia conhecida, para a produção de outros bens e serviços de maior valor total
e destinados a atender a demanda. Os usos são alternativos, porque os fatores e as
matérias-primas podem ser utilizados para produzir mais estradas ou mais escolas,
mais canhões ou mais tratores. A produção de todos os bens não pode ser
aumentada ao mesmo tempo, no curto prazo, porque os recursos são limitados.
Os bens produzidos, como alimentos, vestuário, estradas, máquinas e os
serviços prestados à população, como os ligados à saúde, educação e lazer,
atendem às necessidades do indivíduo que, por definição, são ilimitadas, ao passo
que a oferta dos bens e serviços que compõem sua cesta de consumo é escassa.
Além disso, o consumidor só pode comprar todos os bens que deseja até o limite de
sua renda.
Portanto, a Economia estuda as atividades econômicas cujas operações
envolvem o emprego de moeda e a troca entre indivíduos, empresas e órgãos
públicos. Ela enfoca, de um lado, o comportamento das empresas, que procuram
produzir de modo mais eficiente, reduzindo custos, sem perder qualidade, a fim de
obter os melhores resultados, ou lucro. De outro lado, ela avalia o comportamento
dos consumidores, tendo em vista os preços, a renda de que dispõem e a oferta de
bens e serviços no mercado.
A expressão Economia Política era utilizada pelos economistas clássicos
preferencialmente ao termo Economia. Com a análise marxista, a Economia Política
passou a ter maior amplitude, com ênfase no estudo das relações sociais de
produção, no sentido de luta de classes entre capitalistas e trabalhadores.
Conforme seu objetivo, a Economia situa-se em dois campos perfeitamente
delimitados:
a) Enfocamos a Economia Positiva, quando formulamos teorias e modelos com o
objetivo de descrevermos o funcionamento das relações econômicas;
b) Atemo-nos a Economia Normativa, quando tivermos por objetivo interferir em
fenômenos econômicos, por meio de políticas que envolvam juízo de valor, para
tentar resolver problemas como desemprego, inflação, má distribuição de renda
etc.
1.4 A ECONOMIA COMO CIÊNCIA
A Economia é uma ciência social que usa métodos de análise de outras
ciências, como a biologia, Física, Matemática e Estatística. Ela formula seus
modelos, ou teorias, para representar a realidade de forma simplificada e descrever
e interpretar os fatos, a fim de realizar previsões econômicas. Um modelo é uma
abstração da realidade e, não podendo usar todas as variáveis possíveis, adotam-se
as mais relevantes. O modelo parte de um conjunto de argumentos considerados
verdadeiros, as suposições, e estabelece um conjunto de hipóteses de
relacionamentos entre variáveis.
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A teoria científica, em geral, procura estabelecer relações de causa e efeito a
partir de evidências do mundo real. Da mesma forma, a Economia baseia-se em
evidências para estabelecer relações e leis econômicas. A dificuldade é não poder
controlar evidências, como fazem a Agronomia e a Química, por meio de seus testes
de laboratório. Como uma ciência social, não podendo controlar evidências e incluir
todas as variáveis possíveis em seus modelos, a Economia não faz previsões com
certeza matemática, mas indica probabilidades da ocorrência de eventos
econômicos. Elas são feitas dentro de margem aceitável de erro, determinada
estatisticamente.
Uma teoria engloba um conjunto de definições das variáveis e termos
empregados, certo número de precondições, ou suposições, e uma ou mais
hipóteses. As suposições constituem um conjunto de postulados considerados
invariáveis ou verdadeiros no período na análise. Se as condições iniciais não se
mantiverem no período em que se realizam as predições, certamente elas não se
verificarão. Por exemplo, quando se diz que as quantidades demandadas de carne
bovina dependem do preço, significa que, se o preço baixar, aumentarão as
quantidades demandadas no mercado e vice-versa.
A ciência, como em tudo no que diz respeito à economia, divide-se sobre
como se dá a atividade econômica. Para a escola marxista, a atividade econômica
tem um cunho social, para os marginalistas ou neoclássicos, assume um cunho
individualista.
Na ótica marxista, a atividade econômica é sempre coletiva, é realizada por
uma sociedade, que pode ser uma nação ou uma tribo. Em cada célula de produção
do trabalho, na qual ocorre a especialização produtiva, os elementos produtores se
especializam, desempenhando tarefas distintas, todas contribuindo para a produção
e circulação de determinada quantidade de produtos, que podem ser bens
(materiais) ou serviços (imateriais). Faz parte da economia o trabalho do operário na
fábrica, do agricultor no campo, da vendedora na loja, do bancário, do pedreiro...
Há ainda, atividades, como as dos executivos das empresas, dos advogados,
da polícia, do diplomata, do fiscal, etc., que não contribuem para a produção nem
para a circulação de mercadorias. Não obstante, fazem parte da divisão social do
trabalho, sendo essenciais à ordem institucional, que assegura os privilégios da
classe dominante. Apesar disso, essas atividades integram a economia tanto quanto
as demais. (Singer, 1998, pag. 9). É importante destacar que cada indivíduo assume
o seu papel na economia de acordo com a sua condição social. Não optando pelo
papel que quer desempenhar, mas impingido pela sua posição na sociedade em que
faz parte.
1.5 CONCEITOS DE MICROECONOMIA E MACROECONOMIA
A Teoria Econômica compreende um conjunto de conhecimentos sobre os
fatos ou fenômenos econômicos, ou seja, o comportamento da realidade. Os
conhecimentos da realidade possibilitam nortear ou estabelecer as normas da
política econômica de um país. Os fatos econômicos podem ser observados de dois
ângulos diferentes, razão pela qual a teoria econômica se classifica em dois grandes
grupos:
a) Microeconomia, estuda o comportamento dos consumidores, das firmas e dos
mercados individualmente. Pode ser considerado o estudo das escolhas feitas
por famílias, firmas e governos, e como essas escolhas afetam os mercados
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Microeconomia
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para todos os tipos de produtos e serviços. Por exemplo, você pode analisar
como os consumidores responderiam a um aumento no preço da gasolina:
gastando menos/e ou comprando carros mais econômicos. Do mesmo modo,
você poderia estudar como uma firma que detém o monopólio da produção de
uma nova droga determina o preço dessa droga. Você estuda como os preços
são estabelecidos em um mercado individual.
b) Macroeconomia, diz respeito aos grandes agregados nacionais, estuda o
funcionamento do conjunto da economia de um país, envolvendo o nível geral
dos preços, formação da renda nacional, mudanças na taxa de desemprego,
taxa de câmbio, balanço de pagamentos etc. É a parte que trata da economia de
um país como um todo. Esse é o campo da economia que focaliza os temas
econômicos vistos freqüentemente na mídia: desemprego, inflação, crescimento,
comércio, indústria e produto interno bruto. Estes temas estão no centro do
debate político. As questões macroeconômicas afetam profundamente nosso
cotidiano. Por exemplo, se a economia não conseguir gerar um número
suficiente de empregos, haverá trabalhadores desempregados.
Para compreender as diferenças entre macroeconomia e microeconomia,
considere alguns exemplos:
1. Em micro, você pode estudar o que determina o número de automóveis no
Brasil.
Em macro, você estudará o que determina o produto total da economia brasileira
como um todo.
2. Em micro, você pode estudar por que há trabalhadores desempregados na
indústria metal-mecânica.
Em macro, você estudará o que determina o desemprego como um todo.
3. Em micro, você pode estudar por que o preço do milho aumenta se os
fazendeiros têm uma safra ruim e uma colheita menor que a normal.
Em macro, você irá estudar por que todos os preços podem estar subindo à taxa
de 5% ao ano.
4. Em micro, você pode estudar como um banco individualmente tenta obter lucro
aceitando depósitos e fazendo empréstimos.
Em macro, você estudará como todo o sistema bancário opera em todo o país.
Por meio do estudo do comportamento dessas variáveis macroeconômicas,
as autoridades econômicas estabelecem políticas monetárias, fiscais, cambiais, taxa
de juro etc., visando influenciar o nível da atividade econômica, para que se
mantenha em uma situação de equilíbrio, ou em direção às metas estabelecidas. As
decisões do nível macroeconômico têm suas repercussões no equilíbrio
microeconômico do mercado. Da mesma forma, o comportamento dos consumidores
e das firmas reflete-se no nível agregado, influenciando variáveis macroeconômicas.
1.6. DO QUE SE OCUPA A ECONOMIA
A despeito da complexa teia de relações sociais e da multiplicidade dos
fatores condicionantes que envolvem a ação econômica, há, entretanto, um conjunto
destacado de aspectos particulares da realidade social que gravitam mais
especificamente no campo de interesse da economia. Uma relação de alguns dos
grandes temas de que se ocupa a economia incluiria:
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• Escassez. A escassa disponibilidade de recursos para o processo produtivo.
Sua exaustão ou capacidade de renovação.
• Emprego. O emprego dos recursos. A ociosidade dos que se encontram
disponíveis. O desemprego, suas causas e conseqüências.
• Produção. O processo produtivo. Decorrências da produção: a geração de
renda, o dispêndio e a acumulação. A riqueza, a pobreza e o bem-estar.
• Agentes. Como se comportam os agentes econômicos. Em que conflitos e
interesses se envolvem. Quais suas funções típicas. Quais suas motivações.
• Trocas. Fundamentos do sistema de trocas: divisão do trabalho, especialização,
busca por economias de escala. Eficiência comparativa dos sistemas de trocas
em relação à auto-suficiência.
• Valor. Fundamentos do valor dos recursos e dos produtos dele decorrentes.
• Moeda. Como e por que se deu seu aparecimento. Como evoluiu. Formas atuais
e futuras moedas. Razões da variação de seu valor. Conseqüências das duas
categorias básicas de variação do valor da moeda: inflação e deflação.
• Preços. Os preços como expressão monetária do valor. Como resultado da
interação de forças de oferta e de procura. Como orientadores para o emprego
dos recursos. Como mecanismos de coordenação do processo econômico como
um todo.
• Mercados. Tipologia e características dos mercados. A procura e a oferta:
fatores determinantes. O equilíbrio, as funções e as imperfeições dos mercados.
• Concorrência. Estruturas concorrenciais: da concorrência perfeita ao
monopólio. Impactos sociais de cada uma delas. Funções da concorrência.
• Remunerações. Tipologia e características das diferentes formas de
remunerações pagas aos recursos de produção. Os salários, os juros, as
depreciações, os alugueis, os royalties, o lucro. Conflitos que decorrem de suas
diferentes participações na renda da sociedade como um todo.
• Agregados. Denominação dada às grandes categorias da Contabilidade Social,
como o Produto Interno Bruto e a Renda nacional. Como medí-los. O que
significam. Como empregá-los para aferir o desempenho da economia como um
todo.
• Transações. Categorias básicas: reais e financeiras. Abrangência: internas, de
âmbito nacional; externas, de âmbito internacional. Meios de pagamento
envolvidos. Causas e conseqüências de desequilíbrios, notadamente no âmbito
externo.
• Crescimento. A expansão da economia como um todo. Crescimento e
desenvolvimento: diferenças conceituais. Crescimento e ciclos econômicos.
• Equilíbrio. Como se estabelece o equilíbrio geral, estático e dinâmico do
processo econômico. Como e por que, a despeito da complexa teia das relações
econômicas e dos decorrentes conflitos de interesse que as envolvem, a ordem
se sobrepõe ao caos. Quais os mecanismos que dão sustentação ao processo
econômico, para que siga seu curso, apesar da amplitude dos movimentos de
alta e de baixa, de depressão e de expansão.
• Organização. Formas alternativas, do ponto de vista institucional, para a
organização econômica da sociedade. Antagonismos entre o capitalismo liberal
e o socialismo centralista. Matrizes ideológicas que os suportam. Padrões e
desdobramentos das alternativas extremadas. Objetivos e resultados.
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1.7. ESCASSEZ DE RECURSOS
A Economia fundamenta sua existência na escassez de bens e serviços para
consumo e uso no sistema produtivo. Se todos os bens fossem livres, o problema
econômico fundamental de quanto, como e para quem produzir deixaria de existir.
Mas os bens são econômicos, isto é, relativamente raros. Os conceitos de escassez
e de abundância diferenciam-se pela intensidade: terras agricultáveis nos cerrados e
minério de ferro em Minas Gerais são recursos abundantes, mas alimentos e
produtos siderúrgicos são bens escassos, porque sua obtenção é relativamente
dispendiosa.
Os recursos escassos são os insumos, ou fatores de produção utilizados no
processo produtivo para obter outros bens, destinados à satisfação das
necessidades dos consumidores. Os fatores de produção são:
a) Terra, ou recursos naturais, são criados pelos atos da natureza e utilizados
para produzir bens e serviços; por exemplo, terras aráveis, depósitos minerais,
depósitos de óleo e gás, água e plantas naturais. Alguns utilizam o termo terra
para referir genericamente aos recursos naturais. Este fator inclui água,
minerais, madeiras, peixes, solo para as fábricas e terra fértil para a agricultura;
b) Trabalho, ou recursos humanos, é o esforço usado para produzir bens e
serviços, incluindo esforço físico e mental. O trabalho é escasso porque há
apenas 24 horas em cada dia: se gastarmos tempo em uma atividade, teremos
menos tempo para outras atividades. Este fator engloba os trabalhadores
qualificados e não qualificados, pessoal administrativo, técnicos, engenheiros,
gerentes e administradores;
c) Capital físico, é um objeto feito por seres humanos e usado para produzir bens
e serviços. Este fator compreende o conjunto de bens e serviços, como
máquinas, equipamentos, prédios, ferramentas e dinheiro, necessários para a
produção de outros bens e serviços. O capital financeiro, necessário para a
aquisição do capital fixo e o giro dos negócios (pagamento de salários e serviços
e compra de matérias-primas) pode ser obtido em parte pelo crédito bancário;
d) Capacidade empresarial, envolvendo um segmento dos recursos humanos da
economia, que assume riscos de perder seu capital, ou o capital tomado
emprestado, ao empreender um negócio. O empresário é a pessoa que reúne
capitais para adquirir recursos produtivos e produzir bens ou serviços destinados
ao mercado, mediante determinada tecnologia, com o objetivo de realizar lucros.
e) Tecnologia, envolve o conjunto de habilidades e de conhecimentos que dão
sustentação ao processo produtivo. É o aperfeiçoamento dos meios de
produção. É a invenção, a inovação de produtos.
1.8. A QUESTÃO DA ESCASSEZ E OS PROBLEMAS ECONÔMICOS
FUNDAMENTAIS
Todas as sociedades, qualquer que seja seu tipo de organização econômica ou
regime político, são obrigados a fazer opções, escolhas entre alternativas, uma vez
que os recursos não são abundantes. Elas são obrigadas a fazer escolhas sobre O
QUE E QUANTO, COMO E PARA QUEM produzir.
• O que e quanto produzir: a sociedade deve decidir se produz mais bens de
consumo ou bens de capital, ou, como num exemplo clássico: quer produzir
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canhões ou mais manteiga? Em que quantidade? Os recursos devem ser
dirigidos para a produção de mais bens de consumo, ou bens de capital?
• Como produzir: trata-se de uma questão de eficiência produtiva: serão utilizados
métodos de produção com capital intensivo? Ou mão-de-obra intensiva? Ou
terra intensiva? Isso depende da disponibilidade de recursos de cada país;
• Para quem produzir: a sociedade deve decidir quais setores que serão
beneficiados na distribuição do produto: trabalhadores, capitalistas ou
proprietários da terra? Agricultura ou indústria? Mercado interno ou mercado
externo? Região Sul ou Norte? Ou seja, trata-se de decidir como será distribuída
a renda gerada pela atividade econômica.
1.9. BENS ECONÔMICOS
Um bem econômico é o que possui uma raridade relativa e, portanto, um
preço. A escassez só existe porque há procura para o bem, que tem uma utilidade
suscetível de atender a determinada necessidade dos consumidores. O produto é
um bem, porque satisfaz uma necessidade humana. O fumo, embora faça mal à
saúde, é considerado um bem econômico, porque satisfaz a necessidade do
fumante. A Economia, como Ciência, não entra em considerações éticas ou de
juízos de valor; ela não questiona o que é um bem ou um mal para o indivíduo e não
determina quais as transações que devem ou não ser efetuadas. '
O consumidor é soberano e a ele cabe decidir qual ser á a composição de
sua cesta de consumo, em função de suas preferências, necessidades e a renda de
que dispõe. Alguns indivíduos preferem levar uma vida mais simples e gastar com
viagens; outros decidem trocar de carro todos os anos. A composição da cesta de
consumo dos indivíduos depende também dos gostos e hábitos de consumo, que
variam entre regiões e classes sociais. O desenvolvimento dos meios de
comunicação, a publicidade, as facilidades de pagamento com o uso do crédito
tendem a homogeneizar os hábitos de consumo da população e a criar novas
necessidades a serem satisfeitas.
Os bens econômicos são desejáveis porque são úteis e escassos (como a
água e o diamante). Existem, porém, bens abundantes e úteis aos homens que se
encontram fora da Economia. Estes são os bens livres, ou seja, os que se
encontram disponíveis a custo zero. O ar atmosférico constitui um exemplo típico de
bem livre e, de certo modo, a água dos rios. No entanto, em determinados casos, a
água utilizada para a irrigação, por exemplo, pode ser taxada, deixando de ser um
bem livre típico.
Os bens econômicos classificam-se em bens de consumo final, bens de
consumo intermediário e bens de capital. Os bens de consumo final são aqueles
adquiridos pelas famílias e dividem-se em bens de consumo durável e não durável.
Os bens de consumo duráveis são os utilizados durante um tempo relativamente
longo, como um refrigerador ou um automóvel. Os bens de consumo não
duráveis, como alimentos, são usados apenas uma vez, ou poucas vezes.
Os bens de consumo intermediários, ou insumos, são aqueles utilizados
pelas empresas, direta e indiretamente, para a fabricação de outros bens, como
matérias-primas, barras de ferro, peças de reposição, componentes e material de
escritório. Esses bens têm ciclo curto no processo produtivo, enquanto os bens de
capital, também empregados direta e indiretamente na geração de outros bens, têm
ciclo longo. Exemplos: máquinas, equipamentos, prédios e material de transporte.
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Os bens de produção compreendem os bens de consumo intermediário e bens de
capital.
Como as necessidades são ilimitadas, as pessoas precisam estabelecer
prioridades de gastos. Todos precisam de habitação, alimentação, vestuário,
educação, saúde, lazer. Para ter acesso a esse conjunto de bens, segundo suas
necessidades e preferências, elas precisam ter uma renda disponível em
quantidades suficientes.
Além disso, o setor produtivo precisa produzir os bens e serviços desejados.
Pode ocorrer que não seja possível ofertar algum tipo de produto por falta de
matéria-prima no mercado nacional. É possível ofertar determinado produto,
importando-se a matéria-prima necessária de outros países. Pode ocorrer, no
entanto, que o país não tenha as divisas necessárias para pagar as importações.
Quando o preço do petróleo quadruplicou nos anos de 1970, o racionamento de
combustíveis no País foi evitado pelo financiamento de importações mediante
endividamento externo.
Existem necessidades que não podem ser atendidas porque o setor produtivo
ainda não sabe como produzir. Exemplo disso são os medicamentos para a cura
definitiva do câncer e da AIDS. Esse é outro exemplo de que apenas ter poder de
compra não é suficiente para que as pessoas possam satisfazer determinadas
necessidades. Após Fleming ter descoberto a penicilina, em 1929, o setor
farmacêutico pôde produzir um medicamento capaz de curar doenças contagiosas,
como a tuberculose.
O acesso a novas tecnologias permite grandes lucros para as empresas e
isso as leva a gastar grandes somas de recursos financeiros na P&D de novos
produtos e novos processos de produção. Novos produtos podem satisfazer
necessidades ainda não satisfeitas, como novos medicamentos para combater o
câncer. Eles atendem a necessidades novas ou de que os consumidores ainda não
haviam se dado conta. Exemplos: telefone celular, videocassete, microcomputador,
televisão a cabo, comunicação via Internet etc.
Nas economias desenvolvidas e nas classes sociais ricas dos países em
desenvolvimento, na maior parte dos casos, o consumo ultrapassa as necessidades
fisiológicas dos indivíduos. Isso se deve à publicidade e aos ditames da moda. A
exceção fica por conta da economia japonesa, em que os indivíduos possuem
grande propensão a poupar, consumindo menos do que a média dos países ricos. A
solução encontrada pelas autoridades japonesas é promover campanhas de maior
consumo interno e de incentivo às exportações, para absorver o excesso de bens
produzidos e manter a economia em crescimento, ou, pelo menos, "aquecida".
Em síntese, devido à escassez de recursos produtivos, utilizados na produção
de bens e serviços para o atendimento das necessidades dos consumidores, os
agentes econômicos (produtores, consumidores, tomadores de decisão de órgãos
do governo) precisam utilizá-los de forma mais racional e eficiente possível, de modo
a obter os melhores resultados, em termos de quantidade e qualidade.
A teoria econômica supõe que as firmas e os consumidores sejam racionais
em suas decisões, isto é, que os empresários procurem o máximo lucro e os
consumidores à máxima satisfação no consumo de bens e serviços. O produtor quer
minimizar custos e vender seus produtos aos preços mais altos possível. O
consumidor, pelo contrário, age no sentido de obter o máximo de produtos, segundo
seus gostos, com um mínimo de dispêndio. Seguindo a idéia de racionalidade, ele
não age por caridade ou capricho, mas visando ao interesse próprio.
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A economia decidirá o quê, quanto, como e para quem produzir em função
da demanda dos consumidores, da disponibilidade de recursos e da dotação
tecnológica. Nas economias de mercado, essas repostas são fornecidas pela
concorrência e pelo sistema de preços. Nas economias centralmente planificadas,
essas decisões competem ao órgão central de planificação, enquanto nas
economias mistas, cabe tanto às empresas estatais e ao plano central indicativo,
como às empresas privadas.
Para entender melhor:
Os conceitos de bens intermediários e bens finais dependem da utilização que se faz do bem ou
serviço. Tudo que é vendido diretamente às famílias, ao governo e ao setor externo, é considerado
um bem final. Neste sentido, a reposição de pneus ou a exportação de matérias-primas, também são
considerados como bens finais. Também são bens finais as matérias-primas que permanecerem em
estoque, já que não foram utilizadas na elaboração de outros produtos no período.
(VASCONCELLOS, 2000, p. 197)
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS ECONÔMICOS
A – QUANTO Á RARIDADE
1. Bens não econômicos
2. Bens econômicos
B – QUANTO Á NATUREZA
1. Bens materiais
2. Bens imateriais
C – QUANTO AO DESTINO (OU USO)
1. Bens de consumo
1.1 Não duráveis
1.2 Duráveis
2. Bens de produção (ou de capital)
2.1 Transitórios (ou intermediários)
2.2 Duráveis
QUESTÕES PARA REVISÃO
1. Por que precisamos estudar economia?
2. O que é para você economia?
3. Quais são os problemas econômicos fundamentais? A que se refere cada um?
4. De onde deriva a palavra economia?
5. Conceitue economia a partir dos conceitos trabalhados na apostila.
6. Que relação há entre economia e política?
7. Que influência tem a geográfica sobre a economia?
8. John Kenneth Galbraith, economista americano, respondeu o seguinte quando
lhe perguntaram sobre o que é a Economia?
9. O que é escassez?
10. Relacione alguns temas estudados pela ciência econômica.
11. Há vários conceitos importantes, que são a base e o objeto do estudo da Ciência
Econômica. Detalhe-os!
12. Diferencie microeconomia de macroeconomia.
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13. Cite alguns problemas econômicos brasileiros.
14. Quais são e a que se referem fatores de produção?
15. Por que os agentes econômicos precisam escolher onde investir os recursos?
16. Diferencie bens livres de bens econômicos.
17. Diferencie: economia positiva versus economia normativa.
18. Pesquise o são os métodos indutivos e dedutivos de análise!
19. O que você compreende por modelo econômico? E teoria econômica?
20. A economia faz previsões determinísticas?
21. Na ótica marxista a atividade econômica é sempre coletiva! Explique!
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PARTE II
2 O SISTEMA ECONÔMICO
2.1 DEFINIÇÃO DE SISTEMA ECONÔMICO
Nas sociedades modernas, onde é produzido um grande número de bens e
serviços, podemos observar que o consumo de uma pessoa é composto por bens e
serviços produzidos em áreas de atividade econômica diferentes daquela em que
exerce seu trabalho. Um operário que trabalhe numa metalúrgica, por exemplo,
produz chapas de aço, mas necessita de alimentos, roupas, uma casa, transporte
etc.
Entretanto, na economia em que esse operário vive, é permitido que ele
troque sua força de trabalho (um fator de produção que concorre para a produção
das chapas de aço) por um salário que lhe permita adquirir os bens e serviços de
que necessita. Isto ocorre em razão do funcionamento daquilo que chamamos de
sistema econômico.
Um sistema econômico pode ser definido como a reunião dos diversos
elementos participantes da produção de bens e serviços que satisfazem as
necessidades da sociedade, organizados não apenas do ponto de vista econômico,
mas também social, jurídico, institucional etc. Observe que os elementos integrantes
de um sistema econômico não são apenas pessoas, mas todos os fatores de
produção: trabalho, capital e recursos naturais.
Entretanto, para que esses fatores façam parte do processo produtivo, eles
precisam estar organizados de tal forma que a sua combinação resulte em algum
bem ou serviço. As instituições onde são organizados os fatores de produção são
denominadas unidades produtoras. Uma fábrica de automóveis, um banco e uma
fazenda são exemplos de unidades produtoras, pois em cada uma delas os fatores
trabalho, capital e recursos naturais estão organizados para a produção de algum
bem ou serviço.
No entanto, não devemos pensar que tudo aquilo que for obtido pelas
unidades produtoras será destinado diretamente ao consumo pelas pessoas. Uma
fábrica de chapas de aço, por exemplo, não tem as pessoas, em geral, como
consumidores diretos dos seus produtos, da mesma forma que uma empresa de
processamento de dados. As chapas de aço e os serviços de computação são
apenas um bem e um serviço que entram na produção de outros bens e serviços.
Essa complexidade da produção é uma característica fundamental dos
modernos sistemas econômicos e explica como as pessoas que desempenham uma
tarefa específica, como o operário de quem falamos anteriormente, pode adquirir as
coisas necessárias à satisfação de suas necessidades.
A produção econômica pode ser classificada em três categorias, de acordo
com a sua destinação:
• Bens e serviços de consumo: são aqueles bens e serviços que satisfazem as
necessidades das pessoas quando são consumidos no estado em que se
encontram, como alimentos, roupas, serviços médicos etc.
• Bens e serviços intermediários: são os bens e serviços que não atendem
diretamente às necessidades das pessoas, pois precisam ser transformados
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para atingir sua forma definitiva. Como exemplo, podemos citar as chapas de
aço, que serão empregadas na produção de automóveis; os serviços de
computação, que preparam folhas de pagamentos para as empresas etc.
• Bens de capital: também não atendem diretamente às necessidades dos
consumidores, mas destinam-se a aumentar à eficiência do trabalho humano no
processo produtivo, como as máquinas, as estradas etc..
2.2. COMPOSIÇÃO DO SISTEMA ECONÔMICO
No sistema econômico de uma nação, encontramos um grande e diversificado
número de unidades produtoras, cada qual organizando os fatores da produção para
a obtenção de um determinado produto ou para a prestação de um serviço.
Entretanto, apesar da diversidade de objetivos das inúmeras unidades produtoras,
podemos classificá-las de acordo com as características fundamentais de sua
produção. Utilizando esse critério, veremos que as unidades produtoras podem ser
agrupadas em três setores básicos, que compõem o sistema econômico:
• Setor primário: constituído pelas unidades produtoras que utilizam
intensamente os recursos naturais e não introduzem transformações
substanciais em seus produtos. Neste setor, estão às unidades produtoras que
desenvolvem atividades agrícolas, pecuárias e extrativas, sejam minerais,
animais ou vegetais.
• Setor secundário: constituído pelas unidades produtoras dedicadas às
atividades industriais, através das quais os bens são transformados. Caracteriza-
se pela intensa utilização do fator de produção capital, sob a forma de máquinas
e equipamentos. Indústrias de automóvel, de refrigerantes e de roupas são
exemplos de unidades produtoras incluídas no setor secundário.
• Setor terciário: este setor se diferencia dos outros pelo fato de seu produto não
ser tangível, concreto, embora seja de grande importância no sistema
econômico. É composto pelas unidades produtoras que prestam serviços, como
os bancos, as escolas, as empresas de transporte, o comércio etc.
SETORES PRODUTIVOS
SETOR ATIVIDADES
Primário (agropecuário) Lavouras, produção animal e derivados, extrativa
vegetal, indústria rural.
Secundário (indústria) Indústria de extração mineral, indústria de
transformação, indústria da construção civil, serviços
industriais de utilidade pública.
Terciário (serviços) Comércio, transporte e comunicações, governo,
intermediários financeiros, autônomos, outros serviços.
Poderemos ter uma idéia do grau de desenvolvimento de um país se
observarmos a importância relativa dos três setores em seu sistema econômico.
Uma economia em que o setor primário tem maior peso revela, quase sempre, um
nível de desenvolvimento não satisfatório, enquanto aquelas em que o setor
secundário é preponderante apresentam maior grau de desenvolvimento.
2.3. OS FLUXOS DO SISTEMA ECONÔMICO
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Durante o processo de produção, em que são obtidos bens e serviços, as
unidades produtoras remuneram os fatores de produção por elas empregados:
pagam salários aos seus trabalhadores, aluguel pelas instalações que ocupam, juros
pelos financiamentos obtidos e distribuem lucros aos seus proprietários. Essa
remuneração é recebida pelos proprietários dos fatores de produção e permite-lhes
adquirir os bens e os serviços de que necessitam.
Este é um aspecto fundamental do sistema econômico, e que garante sua
eficiência: as unidades produtoras, ao mesmo tempo em que produzem bens e
serviços, remuneram os fatores de produção por elas empregados, permitindo que
as pessoas adquiram bens e serviços produzidos por todas as outras unidades
produtoras.
Uma pessoa que trabalha numa fábrica de roupas, por exemplo, não vai
adquirir apenas o produto de seu trabalho (as roupas) com o salário que recebe.
Precisa, também, comprar alimentos, alugar ou comprar uma casa, tomar condução
etc. É através da remuneração de sua força de trabalho (fator de produção que
concorreu para a produção das roupas) que ela poderá adquirir as coisas de que
necessita para viver.
Pode-se dizer, portanto, que num sistema econômico existem dois fluxos. O
primeiro é o fluxo real, formado pelos bens e serviços produzidos no sistema
econômico, que também recebe o nome de produto. O segundo é o fluxo nominal
ou monetário, formado pelo pagamento que os fatores de produção recebem
durante o processo produtivo, também denominado renda.
Esses dois fluxos têm um significado muito importante para a teoria
econômica. O fluxo real, formado pelos bens e serviços produzidos, constitui a
oferta da economia, ou seja, tudo aquilo que foi produzido e está à disposição dos
consumidores. O fluxo monetário, formado pelo total da remuneração dos fatores
produtivos, é a demanda ou procura da economia, ou seja, aquilo que as pessoas
procuram para satisfazer suas necessidades e desejos.
A oferta e a procura são as duas funções mais importantes de um sistema
econômico. Essas duas funções formam o mercado onde as pessoas que querem
vender se encontram com as pessoas que querem comprar.
É importante observar que o termo mercado, na Teoria Econômica, não
significa apenas o lugar físico onde as pessoas estão localizadas, como uma feira
livre, por exemplo. Seu significado é mais amplo. O termo mercado se refere a
todas as compras e vendas realizadas no sistema econômico, tanto de bens de
consumo, intermediários e de capital como de serviços. Em suma, sintetiza a
essência do sistema econômico, em que as necessidades são satisfeitas através da
venda e da compra de mercadorias e serviços.
Os fluxos monetários e reais do sistema econômico e a formação do mercado
podem ser sintetizados no esquema a seguir:
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QUESTÕES PARA REVISÃO
1. Defina sistema econômico.
2. O que entendemos por unidades produtoras?
3. Como pode ser classificada a produção econômica, de acordo com sua
destinação?
4. Identifique os três setores da economia e apresente as características de cada
um deles.
5. Diferencia fluxo real de fluxo monetário.
6. Qual o significado do termo mercado, na teoria econômica?
7. Qual a importância do aparelho produtivo no sistema econômico?
8. Quais os benefícios que as Unidades Produtoras proporcionam ao país?
9. Qual a importância do fluxo monetário e do fluxo real no sistema econômico?
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PARTE III
3 INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
“Microeconomia é o ramo da Economia que trata da firma comercial e do lar, a estrutura
celular de base; assim, ela tem a riqueza sugestiva do microscópio e da microbiologia. E daí
passa a tratar do mercado – para revelar, ou de qualquer forma imaginar, como os
consumidores, dadas suas rendas e preferências, atua reciprocamente através do mercado
junto às empresas comerciais para determinar o que é produzido, em que quantidade, com
que margem de lucro e a que preço.”
“A macroeconomia tornou-se um tópico ou tema de discussão em separado e recebeu esse
nome em conseqüência de John Maynard Keynes e da Grande Depressão. Então tornou-se
generalizada a idéia de que os consumidores e as firmas comerciais poderiam não ter
rendimento suficiente para gastar ou não gastar ou investir o suficiente do seu rendimento
para comprar todos os bens e serviços que pudessem ser produzidos. Em conseqüência
disso, haveria uma capacidade ociosa nas fábricas e desemprego. Ou, embora isso não fosse
um problema durante a Depressão, as pessoas e os governos poderiam gastar além da
capacidade produtiva da economia. Nesse caso, haveria inflação.”
“Por isso, tornou-se uma função do governo regulamentar as relações gerais ou conjuntas
entre todos os compradores e todos os vendedores. Isso significava proporcionar maior poder
aquisitivo e maior procura quando fosse indicado, restrição do poder aquisitivo e da demanda
quando fosse necessário.”
“A expansão era obtida baixando-se os impostos ou aumentando os gastos públicos ou,
então, incentivando os empréstimos dos bancos e conseqüente dispêndio em investimentos
nos negócios, compra de casas e automóveis. A restrição era conseguida invertendo a ação
de todos esses fatores. Essa é a política da macroeconomia.”
“Eu poderia acrescentar que a distinção entre microeconomia e macroeconomia, embora
continue sendo muito acalentada pelos economistas ao instituir cursos e examinar candidatos
a doutorado, de nada mais serve na vida real. Mais provavelmente, ela constitui agora uma
barreira a uma melhor compreensão da matéria. Isso porque a linha divisória entre
microeconomia e macroeconomia torna-se extremamente difusa numa época em que as
empresas podem aumentar seus preços e os sindicatos podem obter altas de salários. Tais
ações, tanto quanto o excesso de poder aquisitivo, podem tornar-se uma causa de inflação. E
o desemprego é hoje em dia a conseqüência normal do empenho em evitar que as empresas,
os sindicatos e outros órgãos aumentem os seus preços e salários reduzindo a demanda.
Assim, a inflação como o desemprego são agora tanto ou mais uma conseqüência de
fenômenos microeconômicos, quanto de uma política macroeconômica. Em economia,
divisões artificiais da matéria – ou seja, a especialização – podem ser uma fonte primordial de
erro. A verdade econômica só vem a tona quando as coisas são examinadas como um todo.”
John Kenneth Galbraith, Economista, (A Economia ao Alcance de Todos, Pag.11, Livraria
Pioneira, 1992).
3.1. CONCEITO
A Microeconomia, ou Teoria dos Preços, analisa a formação de preços no
mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o
preço e a quantidade de um determinado bem ou serviço em mercados específicos.
Assim, enquanto a Macroeconomia enfoca o comportamento da Economia
como um todo, considerando variáveis globais como consumo agregado, renda
nacional e investimentos globais, a análise microeconômica preocupa-se com a
formação de preços de bens e serviços (soja, automóveis) e de fatores de produção
(salários, aluguéis, lucros) em mercados específicos.
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A Teoria Microeconômica não deve ser confundida com economia de
empresas, pois tem enfoque distinto. A Microeconomia estuda o funcionamento da
oferta e da demanda na formação do preço no mercado, isto é, o preço sendo obtido
pela interação do conjunto de consumidores com o conjunto de empresas que
fabricam um dado bem ou serviço. Do ponto de vista da economia de empresas,
onde se estuda uma empresa específica, prevalece a visão contábil - financeira na
formação do preço de venda de seu produto, baseada principalmente nos custos de
produção, enquanto na Microeconomia prevalece a visão do mercado.
A conceituação de empresa, entretanto, possui duas visões: a econômica e a
jurídica. Do ponto de vista econômico, empresa ou estabelecimento comercial é a
combinação, pelo empresário, dos fatores de produção: capital, trabalho, terra e
tecnologia, de tais modos organizados para se obter o maior volume possível de
produção ou de serviços ao menor custo.
Na doutrina jurídica reconhece-se o estabelecimento como uma
universalidade de direito, incluindo-se na atividade econômica um complexo de
relações jurídicas entre o empresário e a empresa. O empresário é, assim, o sujeito
da atividade econômica, e o objeto é constituído pelo estabelecimento, que é o
complexo de bens corpóreos e incorpóreos utilizados para o processo de produção.
A empresa, nesse contexto, é o complexo de relações jurídicas que unem o sujeito
ao objeto da atividade econômica.
3.2. PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA ANÁLISE MICROECONÔMICA
3.2.1 A hipótese coeteris paribus
Para analisar um mercado específico, a Microeconomia se vale da hipótese
de que "tudo o mais permanece constante" (em latim, coereris paribus). O foco de
estudo é dirigido apenas àquele mercado, analisando-se o papel que a oferta e a
demanda neIe exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco, ou
que não interfiram de maneira absoluta.
Adotando-se essa hipótese, torna-se possível o estudo de um determinado
mercado selecionando-se apenas as variáveis que influenciam os agentes
econômicos - consumidores e produtores - nesse particular mercado,
independentemente de outros fatores, que estão em outros mercados, poderem
influenciá-los. Sabemos, por exemplo, que a procura de uma mercadoria é
normalmente mais afetada por seu preço e pela renda dos consumidores. Para
analisar o efeito do preço sobre a procura, supomos que a renda permaneça
constante (coeteris paribus); da mesma forma, para avaliar a relação entre a procura
e a renda dos consumidores, supomos que o preço da mercadoria não varie. Temos,
assim, o efeito "puro" ou "líquido" de cada uma dessas variáveis sobre a procura.
3.2.2 Papel dos preços relativos
Na análise microeconômica, são mais relevantes os preços relativos, isto é,
os preços de um bem em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados)
das mercadorias.
Por exemplo, se o preço do guaraná cair em 10%, mas também o preço da
soda cair em 10%, nada deve acontecer com a demanda (procura) dos dois bens
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(supondo que as demais variáveis permaneceram constantes). Agora, tudo o mais
permanecendo constante, se cair apenas o preço do guaraná, permanecendo
inalterado o preço da soda, deve-se esperar um aumento na quantidade procurada
de guaraná, e uma queda na de soda. Embora não tenha havido alteração no preço
absoluto da soda, seu preço relativo aumentou, quando comparado com o do
guaraná.
3.2.3 Objetivos da empresa
A grande questão na Microeconomia, que inclusive é a origem das diferentes
correntes de abordagem, reside na hipótese adotada quanto aos objetivos da
empresa produtora de bens e serviços.
A análise tradicional supõe o Princípio da Racionalidade, segundo o qual o
empresário sempre busca a maximização do lucro total, otimizando a utilização dos
recursos de que dispõe.
As correntes alternativas consideram que o objetivo do empresário não seria
a maximização do lucro, mas fatores como aumento da participação nas vendas do
mercado, ou maximização da margem sobre os custos de produção, independente
da demanda de mercado.
3.3. APLICAÇÕES DA ANÁLISE MICROECONÔMICA
A análise microeconômica, ou Teoria dos Preços, como parte da Ciência
Econômica, preocupa-se em explicar como se determina o preço dos bens e
serviços, bem como dos fatores de produção. O instrumental microeconômico
procura responder, também, a questões aparentemente triviais; por exemplo, por
que, quando o preço de um bem se eleva, a quantidade demandada desse bem
deve cair, coereris paribus.
Entretanto, deve-se salientar que, se a Teoria Microeconômica não é um
manual de técnicas para a tomada de decisões do dia-a-dia, mesmo assim ela
representa uma ferramenta útil para estabelecer políticas e estratégias, dentro de
um horizonte de planejamento, tanto ao nível de empresas quanto ao nível de
política econômica.
A nível de empresas, a análise microeconômica pode subsidiar as seguintes
decisões:
• Política de preços da empresa;
• Previsões de demanda e de faturamento;
• Previsões de custos de produção;
• Decisões ótimas de produção (escolha da melhor alternativa de produção, isto é,
da melhor combinação de fatores de produção),
• Avaliação e elaboração de projetos de investimentos (análise custo-benefício da
compra de equipamentos, ampliação da empresa etc.);
• Política de propaganda e publicidade (como as preferências dos consumidores
podem afetar a procura do produto);
• Localização da empresa (se a empresa deve situar-se próxima aos centros
consumidores ou aos centros fornecedores de insumos);
• Diferenciação de mercados (possibilidades de preços diferenciados, em
diferentes mercados consumidores do mesmo produto).
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A nível de política econômica, a Teoria Microeconômica pode contribuir na
análise e tomada de decisões das seguintes questões:
• Efeitos de impostos sobre mercados específicos;
• Política de subsídios (nos preços de produtos como trigo e leite, ou na compra
de insumos como máquinas, fertilizantes etc.);
• Fixação de preços mínimos na agricultura
• Controle de preços;
• Política salarial;
• Política de tarifas públicas (água, luz etc.);
• Política de preços públicos (petróleo, aço etc.);
• Leis antitrustes (controle de lucros de monopólios e oligopólios).
Como se observa, são decisões necessárias ao planejamento estratégico das
empresas e à política e programação econômica do setor público.
Evidentemente, a contribuição da Microeconomia está associada à utilização
de outras disciplinas, como a Estatística, a Matemática Financeira, a Contabilidade e
mesmo a Engenharia, de forma a dar conteúdo empírico a suas formulações e
conceitos teóricos.
3.4. DIVISÃO DO ESTUDO MICROECONÔMICO
Teoria Microeconômica consiste nos tópicos a seguir.
3.4.1 Análise da demanda
A Teoria da Demanda ou Procura de uma mercadoria ou serviço divide-se em
Teoria do Consumidor (demanda individual) e Teoria da Demanda de Mercado.
3.4.2 Análise da oferta
A Teoria da Oferta de um bem ou serviço também subdivide-se em oferta da
firma individual e oferta de mercado. Dentro da análise da oferta da firma são
abordadas a Teoria da Produção, que analisa as relações entre quantidades físicas
produzidas, entre o produto e os fatores de produção, e a Teoria dos Custos de
Produção, que incorpora, além das quantidades físicas, os preços dos insumos.
Nota: Em administração e microeconomia, Firmas são organizações que
produzem e vendem bens e serviços, que contratam e utilizam fatores de produção,
que podem ser classificados em primárias ou secundárias.
A Teoria da Firma, ou Teoria de Empresa, foi um conceito criado pelo
economista britânico Ronald Coase, em seu artigo The Nature of Firm, de 1937.
Em 2009, o economista Oliver Williamson ganhou o prêmio Nobel por estudos sobre
os limites da firma.[1]
Segundo essa teoria, as firmas trabalham com o lado da oferta de mercado,
ou seja, com os produtos que vão oferecer aos consumidores, como bens e serviços
produzidos. As firmas são de extrema importância para os mercados, pois reúnem o
capital e o trabalho para realizar a produção e são as responsáveis por agregar valor
às matérias-primas utilizadas nesse processo, com uso de tecnologia.
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As empresas produzem conforme a demanda do mercado e a oferta é
ajustada por aqueles que estão dispostos a consumir.
A Teoria da Firma não tem como objetivo o interesse de definir a empresa do
ponto de vista jurídico ou contábil. A empresa é vista com uma unidade técnica de
produção, propriedade de indivíduos ou famílias que compram fatores de produção
para produção de bens e serviços.
Fonte: www.wikedpedia.org.estado do bem estar social – consultado em 12.01.2010
Nota 2: A Teoria da Produção é uma teoria que faz parte da teoria microeconômica
integrada. A teoria da produção é sobre o processo de produção, ou seja, o
processo de conversão dos fatores de produção nos produtos finais. Os fatores de
produção são bens cuja utilidade é derivada da sua capacidade em ser convertidos
em bens finais.A relação entre as funções de produção, em relação a variação do
produto final em relação a variação da aplicação de um fator de produção especifico
ou a variação de todos os fatores simultaneamente é o tópico central dessa teoria.
Podemos definir produção como qualquer utilização dos recursos que converte ou
transforma uma mercadoria em uma mercadoria diferente no tempo e/ou no espaço.
A função de produção mostra a produção máxima que uma empresa pode
obter para cada combinação específica de insumos.
Fonte: www.wikedpedia.org.estado do bem estar social – consultado em 12.01.2010
3.4.3 Análise das estruturas de mercado
A partir da demanda e da oferta de mercado são determinados o preço e a
quantidade de equilíbrio de um dado bem ou serviço. O preço e a quantidade,
entretanto, dependerão da particular forma ou estrutura desse mercado, ou seja, se
ele é competitivo, com muitas empresas produzindo um dado produto, ou
concentrado em poucas ou em uma única empresa.
Na análise das estruturas de mercado avaliam-se os efeitos da oferta e da
demanda, tanto no mercado de bens e serviços quanto no mercado de fatores de
produção.
As estruturas do mercado de bens e serviços são:
a) Concorrência perfeita;
b) Concorrência imperfeita ou monopolista;
c) Monopólio;
d) Oligopólio.
As estruturas do mercado de fatores de produção são:
a) Concorrência perfeita;
b) Concorrência imperfeita;
c) Monopsônio;
d) Oligopsônio.
Nota: façam uma pesquisa sobre os termos utilizados acima em seus aspectos
conceituais.
No mercado de fatores de produção, a procura de fatores produtivos é
chamada de demanda derivada, uma vez que a demanda por insumos (mão-de-
obra, capital) está condicionada, ou deriva, da procura pelo produto final da empresa
no mercado de bens e serviços.
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3.4.4 Teoria do equilíbrio geral
A análise do equilíbrio geral leva em conta as inter-relações entre todos os
mercados, diferentemente da análise de equilíbrio parcial, que analisa um mercado
isoladamente, sem considerar suas inter-relações com os demais. Ou seja, procura-
se analisar se o comportamento independente de cada agente econômico conduz
todos a uma posição de equilíbrio global, embora todos sejam, na realidade,
interdependentes.
A Teoria do Bem-Estar, ou Weltfare, estuda como alcançar soluções
socialmente eficientes para o problema da alocação e distribuição dos recursos, ou
seja, encontrar a "alocação ótima dos recursos".
Há de se destacar que no estudo microeconômico um dos tópicos consiste na
analisa das imperfeições de mercado, onde se analisam situações nas quais os
preços não são determinados isoladamente em cada mercado.
Na realidade, tanto a Teoria do Equilíbrio Geral e do Bem-Estar como a
Teoria do Consumidor são fundamentalmente abstratas, utilizando-se, com
freqüência, modelos matemáticos de razoável grau de dificuldade. Como o objetivo
desta disciplina é procurar fornecer aos estudantes de jornalismo econômico
conceitos básicos de economia, que dêem subsídios para sua atuação no dia-a-dia
e um melhor, entendimento das principais questões econômicas de nosso tempo,
esses dois tópicos não serão discutidos aqui. Esses temas também não costumam
ser abordados nos cursos introdutórios de Economia.
Nota: Teoria do consumidor: A teoria do consumidor, ou teoria da escolha, é uma
teoria microeconômica, que busca descrever como os consumidores tomam
decisões de compra e como eles enfrentam os tradeoffs e as mudanças em seu
ambiente. Os fatores que influênciam as escolhas dos consumidores estão
basicamente ligados a sua restrição orçamentária e preferências.
Para a teoria do consumidor, as pessoas escolhem obter um bem em
detrimento do outro em virtude da utilidade que ele lhe proporciona.
Notas 2: Estado de bem-estar social: Estado de bem-estar social (em inglês: Welfare
State), também conhecido como Estado-providência, é um tipo de organização
política e econômica que coloca o Estado (nação) como agente da promoção
(protetor e defensor) social e organizador da economia. Nesta orientação, o Estado
é o agente regulamentador de toda vida e saúde social, política e econômica do país
em parceria com sindicatos e empresas privadas, em níveis diferentes, de acordo
com a nação em questão. Cabe ao Estado do bem-estar social garantir serviços
públicos e proteção à população.[1]
Os Estados de bem-estar social desenvolveram-se principalmente na Europa,
onde seus princípios foram defendidos pela social-democracia, tendo sido
implementado com maior intensidade nos Estados Escandinavos (ou países
nórdicos) tais como a Suécia, a Dinamarca e a Noruega e a Finlandia),[2]
sob a
orientação do economista e sociologista sueco Karl Gunnar Myrdal. Ironicamente
Gunnar Myrdal, um dos principais idealizadores do Estado de bem-estar-social
dividiu, em 1974, o Prêmio de Ciências Econômicas (Premio Nobel) com seu rival
ideológico Friedrich August von Hayek, um dos maiores defensores do livre
mercado, economista da Escola Austríaca.
Esta forma de organização político-social, que se originou da Grande
Depressão, se desenvolveu ainda mais com a ampliação do conceito de cidadania,
com o fim dos governos totalitários da Europa Ocidental (nazismo, fascismo etc.)
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com a hegemonia dos governos sociais-democratas e, secundariamente, das
correntes euro-comunistas, com base na concepção de que existem direitos sociais
indissociáveis à existência de qualquer cidadão.
Pelos princípios do Estado de bem-estar social, todo o indivíduo teria o direito,
desde seu nascimento até sua morte, a um conjunto de bens e serviços que
deveriam ter seu fornecimento garantido seja diretamente através do Estado ou
indiretamente, mediante seu poder de regulamentação sobre a sociedade civil.
Esses direitos incluiriam a educação em todos os níveis, a assistência médica
gratuita, o auxílio ao desempregado, a garantia de uma renda mínima, recursos
adicionais para a criação dos filhos, etc.
A idéia de usar a "política social", como um meio para se obter a eficiência
econômica, incorporou-se no Socialismo Fabiano inglês, no Socialismo Funcional
Sueco e no Marxismo Austríaco (Tilton, 1991; Karlsson, 2001). O conceito de
"políticas sociais produtivas" encontrou apoio nos movimentos de trabalhadores,
especialmente na Suécia, onde o conceito ressurgiu durante a Grande Depressão
dos anos 30 (Andersson, 2003; Kulawik, 1993). Na Suécia a crise. em termos de
efeitos sociais da Grande Depressão e de desemprego em massa coincidiu com a
"questão da população" e a queda dos índices de natalidade, e modelou o discurso
de uma crise social e nacional (Hirdman, 2002). Este discurso estruturou as idéias
de intervenção estatal na economia como um processo de racionalização da
reprodução da população e da esfera domicilar, baseadas na observação de que os
custos de reprodução e de criação de filhos estavam desigualmente distribuídos
entre as classes sociais (Myrdal-Myrdal, 1987). Da mesma maneira que os
mercados de trabalho e a mais ampla organização da produção poderiam ser
racionalizadas mediante a utilização de regulamentações sociais para se obter um
nível mais alto de produtividade, também a esfera social deveria ser racionalizada
através do uso de políticas sociais, como políticas familiares, sempre em benefício
de maior eficiência nacional. Esta noção de "racionalização" foi incorporada no
conceito de "política social produtiva".
Em 1932 o sociólogo e economista socialista Gunnar Myrdal escreveu que as
modernas políticas sociais diferiam totalmente das antigas políticas de auxílio à
pobreza, uma vez que eram investimentos e não custos. As políticas sociais
modernas seriam eficientes e produtivas devido à sua ação profilática e preventiva,
direcionada para evitar o surgimento de problemas nos organismos político-sociais.
Nesse sentido as novas políticas sugeridas por Myrdal contrastavam fortemente com
as antigas políticas de "remediar a pobreza", sendo destinadas e evitar o surgimento
de bolsões de pobreza e a criar maiores riquezas. Myrdal, retornando dos Estados
Unidos, onde tornou-se um admirador do New Deal, escreveu um artigo intitulado
Qual é o custo da Reforma Social, onde desenvolvia sua argumentação e atacava
os críticos das despesas sociais, da (antiga) escola de Estocolmo.[3]
Contra as recomendações dos que pregavam uma "maior economia
orçamentária" para sair da Grande Depressão, Myrdal argumentava que as políticas
sociais não eram meramente uma questão de redistribuição de renda, mas eram
uma questão vital para o próprio desenvolvimento econômico e tinham como
objetivo principal o aumento do PIB. Estes conceitos de Myrdal sustentaram a
defesa retórica de um Estado de bem-estar social que se expandiu, contra o desejo
dos liberais e fundamentalistas de livre mercado, que viam as políticas sociais como
"custos" e não com "investimentos" (Myrdal, 1932b; Jonung, 1991). A Social-
Democracia sueca era totalmente orientada para uma maior eficiência dos mercados
e via nas políticas sociais um meio de obter não só a segurança social dos
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Microeconomia
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indivíduos, mas sobretudo a organização eficiente da produção (Stephens, 1979;
Ryner, 2002).[3]
Evolução
Hoje em dia existe na Europa, no mundo ocidental, o Estado Providência,
resultado da segunda metade da II Guerra Mundial, mas filho directo da crise de
1929 (Grande Depressão). O Welfare State teve a origem no pensamento
keynesiano e surgiu como resposta para o que se vivia na Europa. É um sistema em
crise nos dias de hoje, mas que pautou toda a segunda metade do século XX.
Entre os seus objectivos há dois essenciais: a garantia do bom funcionamento
do mercado segundo o pensamento de Adam Smith e a defesa dos direitos dos
cidadãos na saúde, educação e alimentação. Uma das ideias fundamentais deste
pensamento é a igualdade de oportunidades. Ao longo do tempo vão-se desenvolver
políticas públicas, aumentando o orçamento do Estado para essas áreas. Hoje, na
Europa, 40% do PIB vai para políticas sociais. A sua origem vem de Lorenz Von
Stein, jurista alemão, que elaborou nos seus ensaios a ideia de que o Estado
também deve intervir na economia para corrigir os prejuízos que possam haver para
os seus cidadãos. Von Stein alertava para o perigo de uma reforma social que não
fossem feitas as reformas necessárias. Esta ideia remonta a meados do século XIX
e, no final desse século, outro pensador, Wagner, vai criar a Lei de Wagner onde
prevê o aumento da intervenção pública nessas áreas, dizendo que se não houver
um aumento de administração não há crescimento econômico. É nos anos 30 que
se implementa o Welfare State depois de algumas experiências anteriores.
Analisando a intervenção do Estado na sociedade francesa e inglesa, os
politólogos vão definir três fases de implementação do Estado Providência:
1. Experimentação: esta fase coincide com o alargamento do direito de voto e o
aparecimento de segurança social, impulsionada por Otto Von Bismarck que vai
resultar na política central da Alemanha do pré I Guerra Mundial e depois da própria
República de Weimar.
2. Consolidação: o Estado não poderia ficar indiferente àquilo que se passava e, por
isso, chega a hora de intervir através da criação de emprego, como se pode ver nas
políticas de Franklin Roosevelt
3. Expansão: nos pós-II Guerra Mundial, o Estado de bem-estar social expande-se.
O modelo tinha sido bem sucedido na Suécia e seria aplicado de uma forma
generalizada. Patrocinava um acordo social em três partes: o proletariado
(representado pelos sindicatos), o patronato e o Estado, o mediador. Quando a
política não resulta o Estado intervém e tenta resolver a situação para agradar a
ambas as partes. Até aos anos 80 o processo produziu os 30 Gloriosos anos de
crescimento econômico e estava a ganhar o confronto com o Liberalismo capitalista,
modelo em crise após os problemas financeiros de 1973 e pela guerra do Vietname,
elemento destabilizador da economia dos EUA. Isso vai levar a que Margaret
Thatcher diga que o Estado deixou de ter condições econômicas para sustentar um
Estado Providência e vai retirar os vários direitos que os cidadãos tinham adquirido
ao longo de várias décadas.
Esta crise era um facto inegável e daí vão surgir duas correntes explicativas:
• Explicação liberal: esta teoria defendia que se está a viver uma crise de
governabilidade e a razão é o excesso de democracia, de controlo público
sobre as empresas e sobre a economia. É a base da política de Cavaco Silva
ou Bagão Félix.
• Explicação de Esquerda: há uma sobrecarga do Estado porque existem
vários grupos que lutam pelo poder e pelo controlo da economia. Para chegar
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ao Governo, cada grupo promete cada vez mais, despoletando os gastos
públicos.
Fonte: www.wikedpedia.org.estado do bem estar social – consultado em 12.01.2010
Resumindo: Microeconomia
Parte da economia que se ocupa do estudo dos diferentes agentes
econômicos, entre os quais as empresas e os consumidores. A economia, por sua
vez, se define como a ciência que estuda a distribuição de recursos entre as
distintas atividades. Em outras palavras, as pessoas têm diversos objetivos, desde a
satisfação de necessidades primárias como alimentar-se, vestir-se e proteger-se das
intempéries; até as necessidades mais sofisticadas do tipo material, estético e
espiritual.
No entanto, os recursos disponíveis para alcançar estes objetivos estão
limitados pela disponibilidade dos fatores de produção (trabalho, capital e matérias-
primas). A microeconomia consiste no estudo da forma como se alocam estes
recursos para satisfazer a objetivos diferentes. Diferencia-se da macroeconomia no
sentido de que esta se ocupa de estudar até que ponto os recursos disponíveis
estão sendo plenamente utilizados, como crescem com o tempo e outros temas
relacionados com estes.
Os conceitos básicos da economia são aqueles que se utilizam para
descrever: 1) a forma como os indivíduos ou as famílias (economias domésticas)
determinam sua procura de bens e serviços; 2) a forma como as empresas decidem
o que e quantos bens e serviços produzirão e com que combinação de fatores de
produção; 3) a forma como os mercados relacionam a oferta e a procura.
Esses três componentes podem ser sintetizados em demanda, oferta e
equilíbrio do mercado. Entre as sub-áreas mais importantes cabe destacar a
economia do bem-estar e as finanças públicas.
Não se pode deixar de dizer que a microeconomia constitui a base de
qualquer ramo da economia. Por exemplo, para analisar o efeito de um imposto
sobre as finanças públicas utiliza-se o modelo microeconômico para mostrar como
tal imposto influencia a oferta, a demanda e os preços e, portanto, quanto se poderá
lucrar graças a esse imposto ou como ele afetará a oferta de fatores de produção.
QUESTÕES PARA REVISÃO
1. O estabelecimento comercial pode ser considerado sob duas óticas: a econômica
e a jurídica. Explique cada uma delas.
2. Qual o principal campo de atuação da Teoria Microeconômica?
3. Como se divide o estudo microeconômico?
4. Como analisas o Estado do Bem Estar Social no século 21?
5. Você acha que o Brasil tem um estado do bem estar social?
6. O que aborda a teoria da firma? O que são firmas em economia?
7. O que aborda a teria do equilíbrio geral?
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PARTE IV
4 O MERCADO, COMPETIÇÃO E PREÇOS
Mercado é o encontro entre vendedores e compradores. Um mercado pode
estar em qualquer lugar, na esquina de uma rua ou no outro lado do mundo, ou bem
perto como o telefone ou os classificados do jornal. Não precisa ser um lugar fixo.
Nele estão presentes os fundamentos da procura e da oferta, que representam os
interesses de consumidores e produtores (ou vendedores).
4.1. DEMANDA DE MERCADO
A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um
determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado
período tempo.
A procura depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor.
São elas: preço do bem ou serviço, o preço dos outros bens, a renda do consumidor
e ou, gosto ou preferência do indivíduo. Para estudar-se a influência dessas
variáveis utiliza-se a hipótese do coeteris paribus (a quantidade demandada ou
ofertada varia apenas em função de alterações de preço), ou seja, considera-se
cada uma dessas variáveis afetando separadamente as decisões do consumidor.
A relação quantidade/preço procurada pode ser representada por uma escala
de procura, conforme a apresentada a seguir:
Alternativa de preço ($) Quantidade demandada
1,00
3,00
6,00
8,00
10,00
12.000
8.000
4.000
3.000
2.000
Outra forma de apresentar essas diversas alternativas seria através da curva
de procura. Para tanto, traçamos um gráfico com dois eixos, colocando no eixo
vertical os vários preços P, e no horizontal as quantidades demandadas Q. Assim:
Os economistas supõem que a curva ou a escala de procura revela as
preferências dos consumidores, sob a hipótese de que estão maximizando sua
utilidade, ou grau de satisfação no consumo daquele produto. Ou seja, subjacente à
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curva há toda uma teoria de valor, que envolve como vimos os fundamentos
psicológicos do consumidor.
A curva de procura inclina-se de cima para baixo, no sentido da esquerda
para a direita, refletindo o fato de que a quantidade procurada de determinado
produto varia inversamente com relação a seu preço, coeteris paribus.
4.1.1. Outras Variáveis que afetam a demanda de um bem
Efetivamente, a procura de uma mercadoria não é influenciada apenas por
seu preço. Existe uma série de outras variáveis que afetam a procura.
Para a maioria dos produtos, a procura será afetada também pela renda dos
consumidores, pelo preço dos bens substitutos (ou concorrentes), pelo preço dos
bens complementares e pelas preferências e hábitos dos consumidores.
Se a renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto também,
temos um bem normal. Existe também uma classe de bens que são chamados de
bens inferiores, cuja demanda varia em sentido inverso às variáveis da renda; por
exemplo, se o consumidor ficar mais rico, diminuirá o consumo de carne de segunda
e aumentará o consumo de carne de primeira. Temos ainda o caso de bens de
consumo saciado, quando a demanda de bem não é influenciada pela renda dos
consumidores (arroz, farinha, sal etc.).
A demanda de um bem ou serviço também pode ser influenciada pelos
preços de outros bens e serviços. Quando há uma relação direta de preço de um
bem e quantidade de outro, coeteris paribus, eles são chamados de bens substitutos
ou concorrentes, ou ainda sucedâneos. Por exemplo, um aumento no consumo no
preço da carne deve elevar a demanda de peixe, tudo o mais constante. Quando há
relação inversa entre o preço de um bem e a demanda de outro, eles são chamados
de bens complementares (quantidade de automóveis e preço da gasolina,
quantidade de camisas sociais e preço das gravatas etc.).
Finalmente, a demanda de um bem ou serviço também sofre a influência dos
hábitos e preferências dos consumidores. Os gastos em publicidade e propaganda
objetivam aumentar a procura de bens e serviços influenciando suas preferências e
hábitos.
Além das variáveis anteriores, que se aplicam ao estudo da procura pela
maior parte dos bens, alguns produtos são afetados por fatores mais específicos,
como efeitos sazonais e localização do consumidor, ou fatores mais gerais, como
condições de crédito, perspectivas da economia, congelamentos ou tabelamentos de
preços e salário etc.
Sob a ótica da demanda, alterações no gosto ou preferência dos
consumidores, na renda da população, nos preços de outros bens e nas
expectativas sobre o futuro podem influenciar significativamente as quantidades
demandadas pela sociedade, mantendo os demais fatores constantes:
- Aumento no consumo de sucos naturais faz com que diminua a
quantidade demandada de refrigerantes;
- Elevação na renda de uma comunidade determinará maior demanda por
bens de consumo duráveis.
4.2. OFERTA DE MERCADO
Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os produtores
desejam oferecer ao mercado em determinado período de tempo.
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Quanto mais alto é o preço de mercado, maiores quantidades os vendedores
estarão dispostos a oferecer. Quanto mais baixo é o preço, menores quantidades os
vendedores estarão dispostos a oferecer. É a lei da oferta: as quantidades
ofertadas variam diretamente com os preços.
Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários fatores;
dentre eles, de seu próprio preço, dos preços de produtos substitutos, das
preferências do empresário, do mercado e da tecnologia.
Diferentemente da função demanda, a função oferta mostra uma correlação
direta entre a quantidade ofertada e nível de preços, coeteris paribus. É chamada
Lei Geral da Oferta.
Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X, ou seja, dada uma
série de preços, quais seriam as quantidades ofertadas a cada preço:
Preço ($) Quantidade ofertada
1,00
3,00
6,00
8,00
10,00
1.000
5.000
9.000
11.000
13.000
Essa escala pode ser expressa graficamente como a seguir:
A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem
deve-se ao fato de que, coeteris paribus, um aumento do preço no mercado estimula
as empresas a produzirem mais, aumentando sua receita. Outra forma de leitura: os
custos de produção aumentarão, e a empresa deverá elevar seus preços para
continuar produzindo o mesmo que antes.
Além do preço do bem, a oferta de um bem ou serviço é afetada por diversas
causas. Aperfeiçoamento das técnicas produtivas, redução dos custos de produção,
condições climáticas favoráveis ou concessão de subsídios ao produto, certamente
aumentarão as quantidades ofertadas, mesmo mantendo-se estável o preço. Por
outro lado, fatores como condições climáticas desfavoráveis ou aumento dos
impostos sobre o produto provocarão diminuição nas quantidades ofertadas.
Parece claro que a relação entre a oferta e o custo dos fatores de produção
seja inversamente proporcional. Por exemplo, um aumento dos salários ou do custo
das matérias-primas deve provocar coeteris paribus, uma retração da oferta do
produto.
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A relação entre a oferta e uma melhoria tecnológica é diretamente
proporcional, o mesmo ocorrendo com uma variação no número de empresas
ofertantes no setor.
4.3. DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE EQUILÍBRIO
O objetivo deste capítulo é demonstrar o funcionamento do mercado num
sistema econômico. Para determinar este funcionamento, devemos, antes,
compreender o significado da palavra mercado e quais as suas funções.
O mercado, num sistema econômico, é formado pelas pessoas que querem
comprar e pelas que querem vender bens e serviços, ou seja, os consumidores e os
empresários. Naturalmente, não nos referimos apenas à presença física de
consumidores e produtores, mas sim às suas intenções de compra e venda que
estão representadas nas curvas de demanda e de oferta, respectivamente. Assim, o
mercado pode ser definido como o encontro da oferta com a demanda por bens e
serviços em uma economia. O resultado desse encontro é a determinação do preço
a que cada bem ou serviço será negociado, assim como as quantidades
transacionadas. Vejamos como isso ocorre.
Conforme estudamos, as curvas de oferta e procura expressam uma relação
entre preços e quantidades. Entretanto, essa relação não é efetiva e sim potencial,
pois tanto produtores como consumidores estão apenas expressando as
quantidades dos bens que ofertariam ou consumiriam a determinados preços.
Portanto, com a análise isolada das curvas de oferta e demanda, não é possível
determinar a quantidade em que cada bem será comprado e vendido, nem a que
preço será negociado.
Para se determinar esse preço e essa quantidade, o mercado deve estar em
equilíbrio. Em outras palavras, deve ser encontrado um preço pelo qual os
empresários e consumidores realizem seus negócios, isto é, vendam e comprem
uma certa quantidade de bens ou de serviços. Esse preço é chamado preço de
equilíbrio.
A figura a seguir representa o mercado de um determinado bem X, com sua
oferta e demanda representada pelas letras O e D, respectivamente. No eixo
vertical, representamos o preço de X (pk) e no horizontal, a quantidade (Q,).
Ao preço de R$ 4,00, os consumidores estariam dispostos a comprar apenas
10 unidades de X (ponto A), enquanto os produtores oferecem 25 unidades de X
(ponto B). Certamente, esse não é o preço de equilíbrio, pois a oferta é maior do que
a demanda. Por outro lado, se o preço fosse R$ 2,04, a oferta seria de 10 unidades
(ponto C), e a demanda, de 25 unidades (ponto D), o que também não determinaria
o preço de equilíbrio.
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Por definição, o preço de equilíbrio é aquele que torna iguais a oferta e a
demanda. Observando o gráfico, verificamos facilmente que esse preço é R$ 3,00 e
que nele (ponto E) a oferta e a demanda de X são iguais a 18 unidades. Quando
isso acontece, a oferta e a demanda são iguais a um determinado preço e dizemos,
então, que o mercado está em equilíbrio.
Efetivamente, esse é o mecanismo que determina os preços dos bens e
serviços numa economia capitalista, ou economia de mercado. O preço que
pagamos por um maço de cigarros, por um par de sapatos ou por um quilo de feijão
é determinado pelo mercado, pela oferta e procura de cada um desses bens.
QUESTÕES PARA REVISÃO
1. Conceitue Mercado e quais são os critérios adotados para a sua classificação?
2. Defina preço de equilíbrio.
3. Cite as principais diferenças entre monopólio e oligopólio.
4. O que é o CADE? Como ele atua?
5. Conceitue oferta e aponte os fatores que influenciam o comportamento dos
ofertantes no mercado.
6. Conceitue demanda e aponte os fatores que influenciam os demandantes no
mercado.
7. Por que os empresários usam a propaganda?
8. Quais são os regimes de mercado em que a propaganda é mais eficiente? Por
quê?
4.3.1 Oferta, Demanda e Equilíbrio em um Mercado Competitivo
Em primeiro lugar, é necessário caracterizar o que é um mercado competitivo.
Para ser considerado competitivo (ou perfeito), um determinado mercado (o de
ameixas, por exemplo) deve apresentar as seguintes características. Deve existir um
grande número de compradores e vendedores, de modo que nenhum deles,
individualmente, pode influenciar o preço ao decidir comprar ou vender um produto.
É lógico que esse raciocínio não vale caso um grande número de participantes do
mercado tome essa decisão conjuntamente. Além disso, estamos falando de um
mercado cujo produto é homogêneo (sem diferenciação). Nesse caso, o produto de
uma firma é, essencialmente, um substituto perfeito do produto de outra firma. Se há
diferenciação entre os produtos, não estamos falando de um mercado de
concorrência perfeita (como será visto mais tarde).
Adicionalmente, não há barreiras à entrada de novas firmas nesse mercado
(mobilidade de recursos e produtos), de tal forma que novos concorrentes podem
entrar no mercado e os recursos podem ser facilmente transferidos para usos mais
eficientes. Por fim, supõe-se que há perfeita informação nesse mercado. Ou seja,
demandantes e ofertantes detém perfeito conhecimento das informações
necessárias sobre preços, processos de produção etc. Isso garante que
consumidores não paguem um preço mais alto do que o de equilíbrio de mercado e
nem empresas vendam a um preço mais baixo.
Percebam que pelo tamanho das hipóteses, não é fácil encontrar em nosso
cotidiano um mercado que atenda simultaneamente a todos esses requisitos.
Questões subjetivas como atendimento ou preferência por uma determinada marca
podem resultar em diferenciações que afetam as decisões dos consumidores, ainda
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  • 1. UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA UNOESC ÁREA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS MICROECONOMIA PROF. ACILOM ANTUNES
  • 2. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 2 UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA UNOESC ÁREA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS O material apostilado desta disciplina é para uso exclusivamente didático, sem intenção comercial. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida, sob qualquer forma – fotocópia, gravação – ou por qualquer meio – eletrônico, mecânico – sem a permissão da UNOESC e do autor/organizador do material. Disciplina: MICROECONOMIA Docente responsável pela disciplina: Professor: Acilom Gonçalves Antunes E-mail: acilao.antunes@unoesc.edu.br acilomantunes@yahoo.com.br Fones: 35212404 ou 9103 2245 Nota: esta apostila foi adaptada do trabalho da professora Tânia Nodari.
  • 3. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 3 Um Mantra!!!!!!!!!!!!!!! “Gostaria de compartilhar com você um modelo sublime de propósito de vida, que há de se perpetuar no tempo dos homens e de Deus e que serviu de bússola a Martin Luther king, líder do movimento civil americano: Quero que digam que eu tentei ser direito e caminhar ao lado do próximo. Quero que vocês possam mencionar o dia em que tentei vestir o mendigo, tentei visitar os que estavam na prisão, tentei amar e servir a humanidade. Sim, se quiserem dizer algo, digam que eu fui um arauto da justiça, um arauto da paz, um arauto do direito. Todas as outras coisas triviais não têm importância. Não quero deixar nenhuma fortuna. Eu só quero deixar uma vida de dedicação! E isto é tudo o que eu tenho a dizer: Se eu puder ajudar alguém a seguir adiante, Se eu puder animar alguém com uma canção, Se eu puder mostrar a alguém o caminho certo, Se eu puder cumprir o meu dever cristão, Se eu puder levar a salvação para alguém, Se eu puder divulgar a mensagem que o Senhor deixou...... .......então, minha vida não terá sido em vão”. Gutemberg de Macedo, Consultor (VOCÊ S/A, p. 82 – Agosto de 2003)
  • 4. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 4 SUMÁRIO PARTE I ................................................................................................................... 06 1 DIMENSÕES HISTÓRICAS E SOCIAIS DA ECONOMIA .................................... 06 1.1 OBJETO DA CIÊNCIA ECONÔMICA.................................................................. 07 1.2 O QUE É ECONOMIA ....................................................................................... 07 1.2.1 Outros Enfoques da Definição ..................................................................... 08 1.3 DIVISÕES E NATUREZA DA ECONOMIA.......................................................... 09 1.4 A ECONOMIA COMO CIÊNCIA.......................................................................... 10 1.5 CONCEITOS DE MICROECONOMIA E MACROECONOMIA............................ 11 1.6. DO QUE SE OCUPA A ECONOMIA .................................................................. 12 1.7. ESCASSEZ DE RECURSOS............................................................................. 14 1.8. A QUESTÃO DA ESCASSEZ E OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS ..................................................................................................... 14 1.9. BENS ECONÔMICOS ....................................................................................... 15 PARTE II .................................................................................................................. 19 2 O SISTEMA ECONÔMICO ................................................................................... 19 2.1 DEFINIÇÃO DE SISTEMA ECONÔMICO........................................................... 19 2.2. COMPOSIÇÃO DO SISTEMA ECONÔMICO .................................................... 20 2.3. OS FLUXOS DO SISTEMA ECONÔMICO......................................................... 20 PARTE III ................................................................................................................. 23 3 INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA .................................................................. 23 3.1. CONCEITO........................................................................................................ 23 3.2.PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA ANÁLISE MICROECONÔMICA..................... 24 3.2.1 A hipótese coeteris paribus.......................................................................... 24 3.2.2 Papel dos preços relativos ........................................................................... 24 3.2.3 Objetivos da empresa ................................................................................... 25 3.3. APLICAÇÕES DA ANÁLISE MICROECONÔMICA............................................ 25 3.4. DIVISÃO DO ESTUDO MICROECONÔMICO ................................................... 26 3.4.1 Análise da Demanda...................................................................................... 26 3.4.2 Análise da oferta............................................................................................ 26 3.4.3 Análise das estruturas de mercado ............................................................. 27 3.4.4 Teoria do equilíbrio geral.............................................................................. 28 PARTE IV................................................................................................................. 33 4 O MERCADO, COMPOSIÇAO E PREÇOS.......................................................... 33 4.1. DEMANDA DE MERCADO................................................................................ 33 4.1.1.Outras Variáveis que afetam a demanda de um bem................................. 34 4.2. OFERTA DE MERCADO ................................................................................... 34 4.3. DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE EQUILÍBRIO ............................................... 36 4.3.1.Oferta, demanda e equilibrio em um mercado competitivo....................... 37 4.4. CLASSIFICAÇÃO DOS MERCADOS ................................................................ 51 4.5. AÇÃO GOVERNAMENTAL E ABUSOS DE MERCADO.................................... 55
  • 5. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 5 REFERÊNCIAS........................................................................................................ 57 ANEXOS .................................................................................................................. 58 GLOSSÁRIO............................................................................................................ 66
  • 6. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 6 PARTE I 1 DIMENSÕES HISTÓRICAS E SOCIAIS DA ECONOMIA O marco inicial da etapa científica da Teoria Econômica coincidiu com os grandes avanços da técnica e das ciências físicas e biológicas, nos séculos XVII e XVIII. Nesse notável período de evolução do conhecimento humano, a Economia constituiu seu núcleo científico, estabeleceu sua área de ação e delimitou suas fronteiras com outras ciências sociais. Embora a ação econômica tenha sempre despertado a atenção dos povos, só a partir do século XVIII a Economia tornou-se acadêmica. Adam Smith publicou seu primeiro livro – pioneiro -, “A Riqueza das Nações”, em 1776. No período de mais de um século e meio que decorreu entre o aparecimento de “A Riqueza das Nações” e a Publicação da Teoria Geral, em 1936, por John Maynard Keynes, a Economia passou por muitos estágios de desenvolvimento. Em 1867, surgiu O Capital, a crítica mais radical ao capitalismo, de Karl Marx. Neste século, tem sido notável o avanço da Economia como ciência e do interesse por esse ramo do conhecimento. Por ele se interessam desde os estadistas aos trabalhadores de uma pequena unidade de produção. Na verdade, cada ciência observa e analisa a realidade do aspecto material do seu objeto, segundo sua própria lógica formal. O fato, porém é que as visões sobre o mesmo objeto acabam se inter-relacionando, como veremos a seguir: a) Economia e Política - Essa interdependência é secular, pois sendo a política a arte de governar, ou o exercício do poder, é natural que esse poder tente exercer o domínio sobre a coisa econômica. Através de instituições, principalmente do Estado, os grupos de dominação procuram interferir numa distribuição de renda que lhes seja conveniente. Por exemplo, (no Brasil), os agricultores na época da política do “café com leite”, mantinham o uso da Política do Estado para lhes conceder vantagens econômicas. O mesmo ocorre hoje com os industriais que querem apropriar-se de crédito subsidiado ou tarifas aduaneiras que lhes protejam o mercado interno, fora da competição externa, garantindo-lhes lucros maiores. Coisa não muito distinta é a ação dos trabalhadores organizados, petroleiros, metalúrgicos do ABC, bancários, etc., que conseguem salários maiores que os demais trabalhadores pouco organizados, logo com menor força política. Finalmente, cabe no Brasil falar da oligarquia nordestina que politicamente vem de longa data se beneficiando com as transferências de rendas inter-regionais. b) Economia e Geografia – Os acidentes geográficos interferem no desempenho das atividades econômicas e, inúmeras vezes, as divisões regionais são realizadas para se produtivos, de localização de empresas, dos efeitos da poluição sobre o meio ambiente, do equilíbrio dado pelos custos de transporte, das economias de aglomeração urbana etc. Na verdade, todas as atividades econômicas têm um conteúdo espacial, que muitas vezes não se refere apenas aos custos de transporte. c) Economia e Sociologia – Quando a política econômica visa atingir os indivíduos de certas classes sociais, interfere diretamente no objeto da sociologia, isto é, a dinâmica da mobilidade social entre as diversas classes de renda. As políticas
  • 7. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 7 salariais ou de gastos sociais (educação, saúde, transportes, alimentação etc.) são exemplos que direta ou indiretamente influenciam essa mobilidade. d) Economia, Matemática e Estatística – A economia faz uso da lógica matemática e das probabilidades estatísticas. 1.1 OBJETO DA CIÊNCIA ECONÔMICA Em economia tudo se resume a uma restrição quase física – a lei da escassez, isto é, produzir o máximo de bens e serviços a partir dos recursos escassos disponíveis a cada sociedade. Na realidade, ocorre que a escassez dos recursos disponíveis acaba por gerar a escassez dos bens – chamados “bens econômicos”. Temos matéria-prima abundante, mas as necessidades humanas, entendidas as econômicas, são ilimitadas, contudo, a sua satisfação é limitada pela escassez de recursos para produzir os bens de que necessitamos para satisfazer essas mesmas necessidades. Exemplificando: para os muito pobres, a carne seca pode ser uma necessidade e não o ser para os mais ricos; para os pobres um carro pode não ser uma necessidade, porém, para os da classe média já o é; para os ricos a construção de uma mansão pode ser uma necessidade ao passo que pode não o ser para os de renda média. Do eterno conflito entre nossas necessidades, que são ilimitadas, e a escassez dos recursos disponíveis para a produção dos bens e serviços que satisfaçam nossos desejos, emerge o objeto da Economia, a busca de respostas para três perguntas fundamentais: a) O que produzir? b) Como produzir? c) Para quem produzir? Concluindo, o objeto da Economia pode ser descrito como: “com desejos ilimitados e recursos limitados, o problema fundamental da Economia é a ESCASSEZ. 1.2 O QUE É ECONOMIA Uma vez explicado o sentido econômico de escassez e necessidade, torna-se fácil entender o que é a economia. Em primeiro lugar, a palavra economia tem sua origem no grego oikos, que significa casa, riqueza, fortuna, patrimônio, e nomos, que significa estudo ou administração. Neste sentido, a idéia inicial de economia restringe-se aos princípios de gestão dos bens privados. Como ciência, a Economia trata das relações econômicas entre os indivíduos na sociedade. Estuda os fenômenos relativos à produção, distribuição, acumulação e consumo de bens materiais. “Economia é a ciência social que se ocupa da administração dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivos”, ou “Economia é o estudo da organização social, através da qual os homens satisfazem suas necessidades de bens e serviços escassos” (Equipe de Professores da USP, 2000, pag.13). Uma definição muita aceita entre os estudiosos é a seguinte: “Economia é o estudo de como a sociedade decide empregar recursos escassos, que poderiam ter utilizações alternativas, para produzir bens variados e distribuí-los para consumo, agora ou no futuro, entre os vários indivíduos e grupos da sociedade”. John Kenneth Galbraith, economista americano, respondeu o seguinte quando lhe perguntaram sobre o que é a Economia? “Alfred Marshall, o grande
  • 8. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 8 economista de Cambridge que dominou o ensino tradicional de economia na Inglaterra – e nos Estados Unidos – de 1880 até a década de vinte, disse que a Economia nada mais era que o estudo da humanidade no que se referia aos negócios normais da vida. Eu acrescentaria agora uma referência à organização – ao estudo da maneira como as pessoas são influenciadas sobre as questões econômicas através das empresas, dos sindicatos e do governo. Outrossim, de como e quando e até que ponto as organizações servem aos seus próprios objetivos em oposição aos do povo em geral. E de como fazer para que os objetivos públicos prevaleçam (Galbraith, 1976, pag. 1).” Ainda Galbraith, “Entender o funcionamento da Economia é entender a maior parte de nossa vida. A maioria de nós passa os anos meditando sobre a relação entre o dinheiro que ganhamos e o dinheiro de que necessitamos, ficando nossos pensamentos em suspenso, por assim dizer, entre um e outro. A Economia ocupa- se com o que ganhamos e com o que podemos conseguir com isso. Portanto, uma compreensão da Economia é uma compreensão da principal preocupação da vida. Existe ainda outra coisa que ela pode fazer por você. As manchetes dos jornais, quando fogem às guerras e às crises, dedicam-se em boa parte às resoluções de ordem econômica dos governos. Se o povo não se esforçar por entender tais decisões, não tomar uma atitude inteligente e não propalar essa atitude estará evidentemente entregando todo o poder àqueles que realmente entendem, que fingem entender ou que acreditam entender. E pode estar certo de que tais decisões dificilmente serão prejudiciais àqueles que as tomam ou às pessoas que eles representam.” (Galbraith, 1976, pag. 3). 1.2.1 Outros Enfoques da Definição Economia é o estudo das escolhas das pessoas face à escassez de recursos. Escassez é uma situação em que os recursos são limitados e podem ser usados de diferentes maneiras, de tal modo que devemos sacrificar uma coisa por outra. Seguem alguns exemplos de escassez. • Você tem tempo limitado hoje. Se ler um livro por uma hora, terá menos uma hora para gastar em outras atividades, tais como estudar, ler jornais ou fazer ginástica. • Uma cidade tem sua área limitada. Se a cidade usa um terreno para construir um parque, haverá uma área de terra menor para construir apartamentos, prédios de escritórios ou fábricas. • Uma nação tem um contigente populacional limitado. Se forma um exército, terá menos pessoas para desempenhar a função de professores, doutores e vendedores. Por causa da escassez, pessoas devem fazer escolhas difíceis: você deve decidir como gasta seu tempo; a cidade deve decidir como usar suas terras; e a nação deve decidir como dividir sua população entre atividades civis e militares. Para onde quer que você olhe, estamos cercados de considerações econômicas. “Economia é o estudo das atividades cotidianas da humanidade” (Alfred Marshal 1842-1924)
  • 9. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 9 Cada pessoa se defronta com dúzias de decisões, incluindo que produtos comprar, que ocupação exercer, quantas horas trabalhar e quanto dinheiro poupar. Uma empresa deve decidir que bens produzir e como produzi-los. Um governo deve escolher um conjunto de programas públicos e decidir como levantar dinheiro para financiá-los. Juntas, as escolhas feitas por indivíduos, firmas e governo determinam as escolhas da sociedade e respondem as questões fundamentais da economia. Que bens e serviços produziremos? Como produziremos esses bens e serviços e quem consome os bens e serviços que são produzidos? O FUNDADOR DA ECONOMIA ADAM SMITH (1723-1790) Nasceu na Escócia, em Kirkcaldy, Fifeshire. Faleceu em Edimburgo, capital da Escócia, no dia 17-07- 1790. Foi um dos grandes gênios da humanidade. Fundador da escola clássica inglesa e da Economia (a partir de Smith a economia é tratada como ciência). Sua obra-prima Riqueza das Nações (título abreviado), publicada em 1776, constitui um marco na história da Economia, trazendo idéias que serviram de base para novos conhecimentos. Como já visto, a palavra economia deriva do grego oikosnomos (de oikos, casa, e nomos - normas, lei), que significa a administração de uma casa, ou do Estado, e poder ser assim definida: Vamos rever a seguinte definição de economia: Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí- los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. Essa definição contém vários conceitos importantes, que são a base e o objeto do estudo da Ciência Econômica: • Escolha; • Escassez; • Necessidades; • Recursos; • Produção; • Distribuição Em qualquer sociedade, os recursos ou fatores de produção são escassos; contudo, as necessidades humanas são ilimitadas, e sempre se renovam. Isso obriga a sociedade a escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos resultados da atividade produtiva aos vários grupos da sociedade. Aristóteles (384-322 a.C) é considerado um dos primeiros pensadores econômicos. O aparecimento da moeda inspirou a discussão a respeito da “crematística natural”, ou economia doméstica, e da “crematística não-natural”, ou economia mercantil, na sua obra denominada Política, em cuja escrita se utilizou tanto do método dedutivo como o indutivo. Suas idéias tiveram profunda influência nas doutrinas econômicas da Idade Média e em doutrinas mais recentes. Nota: pesquise o que é o método dedutivo e o indutivo. 1.3 DIVISÕES E NATUREZA DA ECONOMIA Com já vimos o termo economia origina-se das palavras gregas oikos (casa) e nomos (normas). Na Grécia antiga, Economia significava a arte de bem administrar o lar, levando-se em conta a renda familiar e os gastos efetuados, durante um período.
  • 10. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 10 Em seu tratado Ho Oikonomikos, Xenofonte (431-355 a. C.) ensinou as regras básicas para a administração de uma casa, para a caça, pesca, agricultura e o manejo dos escravos. Posteriormente, as normas relativas à administração do lar e das terras de um senhor em particular foram estendidas a polis (cidade-estado). Modernamente, define-se Economia como a ciência que estuda o emprego de recursos escassos, entre usos alternativos, com o fim de obter os melhores resultados, seja na produção de bens, ou na prestação de serviços. Os recursos escassos são os bens e serviços empregados na produção, mediante uma tecnologia conhecida, para a produção de outros bens e serviços de maior valor total e destinados a atender a demanda. Os usos são alternativos, porque os fatores e as matérias-primas podem ser utilizados para produzir mais estradas ou mais escolas, mais canhões ou mais tratores. A produção de todos os bens não pode ser aumentada ao mesmo tempo, no curto prazo, porque os recursos são limitados. Os bens produzidos, como alimentos, vestuário, estradas, máquinas e os serviços prestados à população, como os ligados à saúde, educação e lazer, atendem às necessidades do indivíduo que, por definição, são ilimitadas, ao passo que a oferta dos bens e serviços que compõem sua cesta de consumo é escassa. Além disso, o consumidor só pode comprar todos os bens que deseja até o limite de sua renda. Portanto, a Economia estuda as atividades econômicas cujas operações envolvem o emprego de moeda e a troca entre indivíduos, empresas e órgãos públicos. Ela enfoca, de um lado, o comportamento das empresas, que procuram produzir de modo mais eficiente, reduzindo custos, sem perder qualidade, a fim de obter os melhores resultados, ou lucro. De outro lado, ela avalia o comportamento dos consumidores, tendo em vista os preços, a renda de que dispõem e a oferta de bens e serviços no mercado. A expressão Economia Política era utilizada pelos economistas clássicos preferencialmente ao termo Economia. Com a análise marxista, a Economia Política passou a ter maior amplitude, com ênfase no estudo das relações sociais de produção, no sentido de luta de classes entre capitalistas e trabalhadores. Conforme seu objetivo, a Economia situa-se em dois campos perfeitamente delimitados: a) Enfocamos a Economia Positiva, quando formulamos teorias e modelos com o objetivo de descrevermos o funcionamento das relações econômicas; b) Atemo-nos a Economia Normativa, quando tivermos por objetivo interferir em fenômenos econômicos, por meio de políticas que envolvam juízo de valor, para tentar resolver problemas como desemprego, inflação, má distribuição de renda etc. 1.4 A ECONOMIA COMO CIÊNCIA A Economia é uma ciência social que usa métodos de análise de outras ciências, como a biologia, Física, Matemática e Estatística. Ela formula seus modelos, ou teorias, para representar a realidade de forma simplificada e descrever e interpretar os fatos, a fim de realizar previsões econômicas. Um modelo é uma abstração da realidade e, não podendo usar todas as variáveis possíveis, adotam-se as mais relevantes. O modelo parte de um conjunto de argumentos considerados verdadeiros, as suposições, e estabelece um conjunto de hipóteses de relacionamentos entre variáveis.
  • 11. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 11 A teoria científica, em geral, procura estabelecer relações de causa e efeito a partir de evidências do mundo real. Da mesma forma, a Economia baseia-se em evidências para estabelecer relações e leis econômicas. A dificuldade é não poder controlar evidências, como fazem a Agronomia e a Química, por meio de seus testes de laboratório. Como uma ciência social, não podendo controlar evidências e incluir todas as variáveis possíveis em seus modelos, a Economia não faz previsões com certeza matemática, mas indica probabilidades da ocorrência de eventos econômicos. Elas são feitas dentro de margem aceitável de erro, determinada estatisticamente. Uma teoria engloba um conjunto de definições das variáveis e termos empregados, certo número de precondições, ou suposições, e uma ou mais hipóteses. As suposições constituem um conjunto de postulados considerados invariáveis ou verdadeiros no período na análise. Se as condições iniciais não se mantiverem no período em que se realizam as predições, certamente elas não se verificarão. Por exemplo, quando se diz que as quantidades demandadas de carne bovina dependem do preço, significa que, se o preço baixar, aumentarão as quantidades demandadas no mercado e vice-versa. A ciência, como em tudo no que diz respeito à economia, divide-se sobre como se dá a atividade econômica. Para a escola marxista, a atividade econômica tem um cunho social, para os marginalistas ou neoclássicos, assume um cunho individualista. Na ótica marxista, a atividade econômica é sempre coletiva, é realizada por uma sociedade, que pode ser uma nação ou uma tribo. Em cada célula de produção do trabalho, na qual ocorre a especialização produtiva, os elementos produtores se especializam, desempenhando tarefas distintas, todas contribuindo para a produção e circulação de determinada quantidade de produtos, que podem ser bens (materiais) ou serviços (imateriais). Faz parte da economia o trabalho do operário na fábrica, do agricultor no campo, da vendedora na loja, do bancário, do pedreiro... Há ainda, atividades, como as dos executivos das empresas, dos advogados, da polícia, do diplomata, do fiscal, etc., que não contribuem para a produção nem para a circulação de mercadorias. Não obstante, fazem parte da divisão social do trabalho, sendo essenciais à ordem institucional, que assegura os privilégios da classe dominante. Apesar disso, essas atividades integram a economia tanto quanto as demais. (Singer, 1998, pag. 9). É importante destacar que cada indivíduo assume o seu papel na economia de acordo com a sua condição social. Não optando pelo papel que quer desempenhar, mas impingido pela sua posição na sociedade em que faz parte. 1.5 CONCEITOS DE MICROECONOMIA E MACROECONOMIA A Teoria Econômica compreende um conjunto de conhecimentos sobre os fatos ou fenômenos econômicos, ou seja, o comportamento da realidade. Os conhecimentos da realidade possibilitam nortear ou estabelecer as normas da política econômica de um país. Os fatos econômicos podem ser observados de dois ângulos diferentes, razão pela qual a teoria econômica se classifica em dois grandes grupos: a) Microeconomia, estuda o comportamento dos consumidores, das firmas e dos mercados individualmente. Pode ser considerado o estudo das escolhas feitas por famílias, firmas e governos, e como essas escolhas afetam os mercados
  • 12. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 12 para todos os tipos de produtos e serviços. Por exemplo, você pode analisar como os consumidores responderiam a um aumento no preço da gasolina: gastando menos/e ou comprando carros mais econômicos. Do mesmo modo, você poderia estudar como uma firma que detém o monopólio da produção de uma nova droga determina o preço dessa droga. Você estuda como os preços são estabelecidos em um mercado individual. b) Macroeconomia, diz respeito aos grandes agregados nacionais, estuda o funcionamento do conjunto da economia de um país, envolvendo o nível geral dos preços, formação da renda nacional, mudanças na taxa de desemprego, taxa de câmbio, balanço de pagamentos etc. É a parte que trata da economia de um país como um todo. Esse é o campo da economia que focaliza os temas econômicos vistos freqüentemente na mídia: desemprego, inflação, crescimento, comércio, indústria e produto interno bruto. Estes temas estão no centro do debate político. As questões macroeconômicas afetam profundamente nosso cotidiano. Por exemplo, se a economia não conseguir gerar um número suficiente de empregos, haverá trabalhadores desempregados. Para compreender as diferenças entre macroeconomia e microeconomia, considere alguns exemplos: 1. Em micro, você pode estudar o que determina o número de automóveis no Brasil. Em macro, você estudará o que determina o produto total da economia brasileira como um todo. 2. Em micro, você pode estudar por que há trabalhadores desempregados na indústria metal-mecânica. Em macro, você estudará o que determina o desemprego como um todo. 3. Em micro, você pode estudar por que o preço do milho aumenta se os fazendeiros têm uma safra ruim e uma colheita menor que a normal. Em macro, você irá estudar por que todos os preços podem estar subindo à taxa de 5% ao ano. 4. Em micro, você pode estudar como um banco individualmente tenta obter lucro aceitando depósitos e fazendo empréstimos. Em macro, você estudará como todo o sistema bancário opera em todo o país. Por meio do estudo do comportamento dessas variáveis macroeconômicas, as autoridades econômicas estabelecem políticas monetárias, fiscais, cambiais, taxa de juro etc., visando influenciar o nível da atividade econômica, para que se mantenha em uma situação de equilíbrio, ou em direção às metas estabelecidas. As decisões do nível macroeconômico têm suas repercussões no equilíbrio microeconômico do mercado. Da mesma forma, o comportamento dos consumidores e das firmas reflete-se no nível agregado, influenciando variáveis macroeconômicas. 1.6. DO QUE SE OCUPA A ECONOMIA A despeito da complexa teia de relações sociais e da multiplicidade dos fatores condicionantes que envolvem a ação econômica, há, entretanto, um conjunto destacado de aspectos particulares da realidade social que gravitam mais especificamente no campo de interesse da economia. Uma relação de alguns dos grandes temas de que se ocupa a economia incluiria:
  • 13. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 13 • Escassez. A escassa disponibilidade de recursos para o processo produtivo. Sua exaustão ou capacidade de renovação. • Emprego. O emprego dos recursos. A ociosidade dos que se encontram disponíveis. O desemprego, suas causas e conseqüências. • Produção. O processo produtivo. Decorrências da produção: a geração de renda, o dispêndio e a acumulação. A riqueza, a pobreza e o bem-estar. • Agentes. Como se comportam os agentes econômicos. Em que conflitos e interesses se envolvem. Quais suas funções típicas. Quais suas motivações. • Trocas. Fundamentos do sistema de trocas: divisão do trabalho, especialização, busca por economias de escala. Eficiência comparativa dos sistemas de trocas em relação à auto-suficiência. • Valor. Fundamentos do valor dos recursos e dos produtos dele decorrentes. • Moeda. Como e por que se deu seu aparecimento. Como evoluiu. Formas atuais e futuras moedas. Razões da variação de seu valor. Conseqüências das duas categorias básicas de variação do valor da moeda: inflação e deflação. • Preços. Os preços como expressão monetária do valor. Como resultado da interação de forças de oferta e de procura. Como orientadores para o emprego dos recursos. Como mecanismos de coordenação do processo econômico como um todo. • Mercados. Tipologia e características dos mercados. A procura e a oferta: fatores determinantes. O equilíbrio, as funções e as imperfeições dos mercados. • Concorrência. Estruturas concorrenciais: da concorrência perfeita ao monopólio. Impactos sociais de cada uma delas. Funções da concorrência. • Remunerações. Tipologia e características das diferentes formas de remunerações pagas aos recursos de produção. Os salários, os juros, as depreciações, os alugueis, os royalties, o lucro. Conflitos que decorrem de suas diferentes participações na renda da sociedade como um todo. • Agregados. Denominação dada às grandes categorias da Contabilidade Social, como o Produto Interno Bruto e a Renda nacional. Como medí-los. O que significam. Como empregá-los para aferir o desempenho da economia como um todo. • Transações. Categorias básicas: reais e financeiras. Abrangência: internas, de âmbito nacional; externas, de âmbito internacional. Meios de pagamento envolvidos. Causas e conseqüências de desequilíbrios, notadamente no âmbito externo. • Crescimento. A expansão da economia como um todo. Crescimento e desenvolvimento: diferenças conceituais. Crescimento e ciclos econômicos. • Equilíbrio. Como se estabelece o equilíbrio geral, estático e dinâmico do processo econômico. Como e por que, a despeito da complexa teia das relações econômicas e dos decorrentes conflitos de interesse que as envolvem, a ordem se sobrepõe ao caos. Quais os mecanismos que dão sustentação ao processo econômico, para que siga seu curso, apesar da amplitude dos movimentos de alta e de baixa, de depressão e de expansão. • Organização. Formas alternativas, do ponto de vista institucional, para a organização econômica da sociedade. Antagonismos entre o capitalismo liberal e o socialismo centralista. Matrizes ideológicas que os suportam. Padrões e desdobramentos das alternativas extremadas. Objetivos e resultados.
  • 14. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 14 1.7. ESCASSEZ DE RECURSOS A Economia fundamenta sua existência na escassez de bens e serviços para consumo e uso no sistema produtivo. Se todos os bens fossem livres, o problema econômico fundamental de quanto, como e para quem produzir deixaria de existir. Mas os bens são econômicos, isto é, relativamente raros. Os conceitos de escassez e de abundância diferenciam-se pela intensidade: terras agricultáveis nos cerrados e minério de ferro em Minas Gerais são recursos abundantes, mas alimentos e produtos siderúrgicos são bens escassos, porque sua obtenção é relativamente dispendiosa. Os recursos escassos são os insumos, ou fatores de produção utilizados no processo produtivo para obter outros bens, destinados à satisfação das necessidades dos consumidores. Os fatores de produção são: a) Terra, ou recursos naturais, são criados pelos atos da natureza e utilizados para produzir bens e serviços; por exemplo, terras aráveis, depósitos minerais, depósitos de óleo e gás, água e plantas naturais. Alguns utilizam o termo terra para referir genericamente aos recursos naturais. Este fator inclui água, minerais, madeiras, peixes, solo para as fábricas e terra fértil para a agricultura; b) Trabalho, ou recursos humanos, é o esforço usado para produzir bens e serviços, incluindo esforço físico e mental. O trabalho é escasso porque há apenas 24 horas em cada dia: se gastarmos tempo em uma atividade, teremos menos tempo para outras atividades. Este fator engloba os trabalhadores qualificados e não qualificados, pessoal administrativo, técnicos, engenheiros, gerentes e administradores; c) Capital físico, é um objeto feito por seres humanos e usado para produzir bens e serviços. Este fator compreende o conjunto de bens e serviços, como máquinas, equipamentos, prédios, ferramentas e dinheiro, necessários para a produção de outros bens e serviços. O capital financeiro, necessário para a aquisição do capital fixo e o giro dos negócios (pagamento de salários e serviços e compra de matérias-primas) pode ser obtido em parte pelo crédito bancário; d) Capacidade empresarial, envolvendo um segmento dos recursos humanos da economia, que assume riscos de perder seu capital, ou o capital tomado emprestado, ao empreender um negócio. O empresário é a pessoa que reúne capitais para adquirir recursos produtivos e produzir bens ou serviços destinados ao mercado, mediante determinada tecnologia, com o objetivo de realizar lucros. e) Tecnologia, envolve o conjunto de habilidades e de conhecimentos que dão sustentação ao processo produtivo. É o aperfeiçoamento dos meios de produção. É a invenção, a inovação de produtos. 1.8. A QUESTÃO DA ESCASSEZ E OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS Todas as sociedades, qualquer que seja seu tipo de organização econômica ou regime político, são obrigados a fazer opções, escolhas entre alternativas, uma vez que os recursos não são abundantes. Elas são obrigadas a fazer escolhas sobre O QUE E QUANTO, COMO E PARA QUEM produzir. • O que e quanto produzir: a sociedade deve decidir se produz mais bens de consumo ou bens de capital, ou, como num exemplo clássico: quer produzir
  • 15. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 15 canhões ou mais manteiga? Em que quantidade? Os recursos devem ser dirigidos para a produção de mais bens de consumo, ou bens de capital? • Como produzir: trata-se de uma questão de eficiência produtiva: serão utilizados métodos de produção com capital intensivo? Ou mão-de-obra intensiva? Ou terra intensiva? Isso depende da disponibilidade de recursos de cada país; • Para quem produzir: a sociedade deve decidir quais setores que serão beneficiados na distribuição do produto: trabalhadores, capitalistas ou proprietários da terra? Agricultura ou indústria? Mercado interno ou mercado externo? Região Sul ou Norte? Ou seja, trata-se de decidir como será distribuída a renda gerada pela atividade econômica. 1.9. BENS ECONÔMICOS Um bem econômico é o que possui uma raridade relativa e, portanto, um preço. A escassez só existe porque há procura para o bem, que tem uma utilidade suscetível de atender a determinada necessidade dos consumidores. O produto é um bem, porque satisfaz uma necessidade humana. O fumo, embora faça mal à saúde, é considerado um bem econômico, porque satisfaz a necessidade do fumante. A Economia, como Ciência, não entra em considerações éticas ou de juízos de valor; ela não questiona o que é um bem ou um mal para o indivíduo e não determina quais as transações que devem ou não ser efetuadas. ' O consumidor é soberano e a ele cabe decidir qual ser á a composição de sua cesta de consumo, em função de suas preferências, necessidades e a renda de que dispõe. Alguns indivíduos preferem levar uma vida mais simples e gastar com viagens; outros decidem trocar de carro todos os anos. A composição da cesta de consumo dos indivíduos depende também dos gostos e hábitos de consumo, que variam entre regiões e classes sociais. O desenvolvimento dos meios de comunicação, a publicidade, as facilidades de pagamento com o uso do crédito tendem a homogeneizar os hábitos de consumo da população e a criar novas necessidades a serem satisfeitas. Os bens econômicos são desejáveis porque são úteis e escassos (como a água e o diamante). Existem, porém, bens abundantes e úteis aos homens que se encontram fora da Economia. Estes são os bens livres, ou seja, os que se encontram disponíveis a custo zero. O ar atmosférico constitui um exemplo típico de bem livre e, de certo modo, a água dos rios. No entanto, em determinados casos, a água utilizada para a irrigação, por exemplo, pode ser taxada, deixando de ser um bem livre típico. Os bens econômicos classificam-se em bens de consumo final, bens de consumo intermediário e bens de capital. Os bens de consumo final são aqueles adquiridos pelas famílias e dividem-se em bens de consumo durável e não durável. Os bens de consumo duráveis são os utilizados durante um tempo relativamente longo, como um refrigerador ou um automóvel. Os bens de consumo não duráveis, como alimentos, são usados apenas uma vez, ou poucas vezes. Os bens de consumo intermediários, ou insumos, são aqueles utilizados pelas empresas, direta e indiretamente, para a fabricação de outros bens, como matérias-primas, barras de ferro, peças de reposição, componentes e material de escritório. Esses bens têm ciclo curto no processo produtivo, enquanto os bens de capital, também empregados direta e indiretamente na geração de outros bens, têm ciclo longo. Exemplos: máquinas, equipamentos, prédios e material de transporte.
  • 16. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 16 Os bens de produção compreendem os bens de consumo intermediário e bens de capital. Como as necessidades são ilimitadas, as pessoas precisam estabelecer prioridades de gastos. Todos precisam de habitação, alimentação, vestuário, educação, saúde, lazer. Para ter acesso a esse conjunto de bens, segundo suas necessidades e preferências, elas precisam ter uma renda disponível em quantidades suficientes. Além disso, o setor produtivo precisa produzir os bens e serviços desejados. Pode ocorrer que não seja possível ofertar algum tipo de produto por falta de matéria-prima no mercado nacional. É possível ofertar determinado produto, importando-se a matéria-prima necessária de outros países. Pode ocorrer, no entanto, que o país não tenha as divisas necessárias para pagar as importações. Quando o preço do petróleo quadruplicou nos anos de 1970, o racionamento de combustíveis no País foi evitado pelo financiamento de importações mediante endividamento externo. Existem necessidades que não podem ser atendidas porque o setor produtivo ainda não sabe como produzir. Exemplo disso são os medicamentos para a cura definitiva do câncer e da AIDS. Esse é outro exemplo de que apenas ter poder de compra não é suficiente para que as pessoas possam satisfazer determinadas necessidades. Após Fleming ter descoberto a penicilina, em 1929, o setor farmacêutico pôde produzir um medicamento capaz de curar doenças contagiosas, como a tuberculose. O acesso a novas tecnologias permite grandes lucros para as empresas e isso as leva a gastar grandes somas de recursos financeiros na P&D de novos produtos e novos processos de produção. Novos produtos podem satisfazer necessidades ainda não satisfeitas, como novos medicamentos para combater o câncer. Eles atendem a necessidades novas ou de que os consumidores ainda não haviam se dado conta. Exemplos: telefone celular, videocassete, microcomputador, televisão a cabo, comunicação via Internet etc. Nas economias desenvolvidas e nas classes sociais ricas dos países em desenvolvimento, na maior parte dos casos, o consumo ultrapassa as necessidades fisiológicas dos indivíduos. Isso se deve à publicidade e aos ditames da moda. A exceção fica por conta da economia japonesa, em que os indivíduos possuem grande propensão a poupar, consumindo menos do que a média dos países ricos. A solução encontrada pelas autoridades japonesas é promover campanhas de maior consumo interno e de incentivo às exportações, para absorver o excesso de bens produzidos e manter a economia em crescimento, ou, pelo menos, "aquecida". Em síntese, devido à escassez de recursos produtivos, utilizados na produção de bens e serviços para o atendimento das necessidades dos consumidores, os agentes econômicos (produtores, consumidores, tomadores de decisão de órgãos do governo) precisam utilizá-los de forma mais racional e eficiente possível, de modo a obter os melhores resultados, em termos de quantidade e qualidade. A teoria econômica supõe que as firmas e os consumidores sejam racionais em suas decisões, isto é, que os empresários procurem o máximo lucro e os consumidores à máxima satisfação no consumo de bens e serviços. O produtor quer minimizar custos e vender seus produtos aos preços mais altos possível. O consumidor, pelo contrário, age no sentido de obter o máximo de produtos, segundo seus gostos, com um mínimo de dispêndio. Seguindo a idéia de racionalidade, ele não age por caridade ou capricho, mas visando ao interesse próprio.
  • 17. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 17 A economia decidirá o quê, quanto, como e para quem produzir em função da demanda dos consumidores, da disponibilidade de recursos e da dotação tecnológica. Nas economias de mercado, essas repostas são fornecidas pela concorrência e pelo sistema de preços. Nas economias centralmente planificadas, essas decisões competem ao órgão central de planificação, enquanto nas economias mistas, cabe tanto às empresas estatais e ao plano central indicativo, como às empresas privadas. Para entender melhor: Os conceitos de bens intermediários e bens finais dependem da utilização que se faz do bem ou serviço. Tudo que é vendido diretamente às famílias, ao governo e ao setor externo, é considerado um bem final. Neste sentido, a reposição de pneus ou a exportação de matérias-primas, também são considerados como bens finais. Também são bens finais as matérias-primas que permanecerem em estoque, já que não foram utilizadas na elaboração de outros produtos no período. (VASCONCELLOS, 2000, p. 197) CLASSIFICAÇÃO DOS BENS ECONÔMICOS A – QUANTO Á RARIDADE 1. Bens não econômicos 2. Bens econômicos B – QUANTO Á NATUREZA 1. Bens materiais 2. Bens imateriais C – QUANTO AO DESTINO (OU USO) 1. Bens de consumo 1.1 Não duráveis 1.2 Duráveis 2. Bens de produção (ou de capital) 2.1 Transitórios (ou intermediários) 2.2 Duráveis QUESTÕES PARA REVISÃO 1. Por que precisamos estudar economia? 2. O que é para você economia? 3. Quais são os problemas econômicos fundamentais? A que se refere cada um? 4. De onde deriva a palavra economia? 5. Conceitue economia a partir dos conceitos trabalhados na apostila. 6. Que relação há entre economia e política? 7. Que influência tem a geográfica sobre a economia? 8. John Kenneth Galbraith, economista americano, respondeu o seguinte quando lhe perguntaram sobre o que é a Economia? 9. O que é escassez? 10. Relacione alguns temas estudados pela ciência econômica. 11. Há vários conceitos importantes, que são a base e o objeto do estudo da Ciência Econômica. Detalhe-os! 12. Diferencie microeconomia de macroeconomia.
  • 18. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 18 13. Cite alguns problemas econômicos brasileiros. 14. Quais são e a que se referem fatores de produção? 15. Por que os agentes econômicos precisam escolher onde investir os recursos? 16. Diferencie bens livres de bens econômicos. 17. Diferencie: economia positiva versus economia normativa. 18. Pesquise o são os métodos indutivos e dedutivos de análise! 19. O que você compreende por modelo econômico? E teoria econômica? 20. A economia faz previsões determinísticas? 21. Na ótica marxista a atividade econômica é sempre coletiva! Explique!
  • 19. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 19 PARTE II 2 O SISTEMA ECONÔMICO 2.1 DEFINIÇÃO DE SISTEMA ECONÔMICO Nas sociedades modernas, onde é produzido um grande número de bens e serviços, podemos observar que o consumo de uma pessoa é composto por bens e serviços produzidos em áreas de atividade econômica diferentes daquela em que exerce seu trabalho. Um operário que trabalhe numa metalúrgica, por exemplo, produz chapas de aço, mas necessita de alimentos, roupas, uma casa, transporte etc. Entretanto, na economia em que esse operário vive, é permitido que ele troque sua força de trabalho (um fator de produção que concorre para a produção das chapas de aço) por um salário que lhe permita adquirir os bens e serviços de que necessita. Isto ocorre em razão do funcionamento daquilo que chamamos de sistema econômico. Um sistema econômico pode ser definido como a reunião dos diversos elementos participantes da produção de bens e serviços que satisfazem as necessidades da sociedade, organizados não apenas do ponto de vista econômico, mas também social, jurídico, institucional etc. Observe que os elementos integrantes de um sistema econômico não são apenas pessoas, mas todos os fatores de produção: trabalho, capital e recursos naturais. Entretanto, para que esses fatores façam parte do processo produtivo, eles precisam estar organizados de tal forma que a sua combinação resulte em algum bem ou serviço. As instituições onde são organizados os fatores de produção são denominadas unidades produtoras. Uma fábrica de automóveis, um banco e uma fazenda são exemplos de unidades produtoras, pois em cada uma delas os fatores trabalho, capital e recursos naturais estão organizados para a produção de algum bem ou serviço. No entanto, não devemos pensar que tudo aquilo que for obtido pelas unidades produtoras será destinado diretamente ao consumo pelas pessoas. Uma fábrica de chapas de aço, por exemplo, não tem as pessoas, em geral, como consumidores diretos dos seus produtos, da mesma forma que uma empresa de processamento de dados. As chapas de aço e os serviços de computação são apenas um bem e um serviço que entram na produção de outros bens e serviços. Essa complexidade da produção é uma característica fundamental dos modernos sistemas econômicos e explica como as pessoas que desempenham uma tarefa específica, como o operário de quem falamos anteriormente, pode adquirir as coisas necessárias à satisfação de suas necessidades. A produção econômica pode ser classificada em três categorias, de acordo com a sua destinação: • Bens e serviços de consumo: são aqueles bens e serviços que satisfazem as necessidades das pessoas quando são consumidos no estado em que se encontram, como alimentos, roupas, serviços médicos etc. • Bens e serviços intermediários: são os bens e serviços que não atendem diretamente às necessidades das pessoas, pois precisam ser transformados
  • 20. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 20 para atingir sua forma definitiva. Como exemplo, podemos citar as chapas de aço, que serão empregadas na produção de automóveis; os serviços de computação, que preparam folhas de pagamentos para as empresas etc. • Bens de capital: também não atendem diretamente às necessidades dos consumidores, mas destinam-se a aumentar à eficiência do trabalho humano no processo produtivo, como as máquinas, as estradas etc.. 2.2. COMPOSIÇÃO DO SISTEMA ECONÔMICO No sistema econômico de uma nação, encontramos um grande e diversificado número de unidades produtoras, cada qual organizando os fatores da produção para a obtenção de um determinado produto ou para a prestação de um serviço. Entretanto, apesar da diversidade de objetivos das inúmeras unidades produtoras, podemos classificá-las de acordo com as características fundamentais de sua produção. Utilizando esse critério, veremos que as unidades produtoras podem ser agrupadas em três setores básicos, que compõem o sistema econômico: • Setor primário: constituído pelas unidades produtoras que utilizam intensamente os recursos naturais e não introduzem transformações substanciais em seus produtos. Neste setor, estão às unidades produtoras que desenvolvem atividades agrícolas, pecuárias e extrativas, sejam minerais, animais ou vegetais. • Setor secundário: constituído pelas unidades produtoras dedicadas às atividades industriais, através das quais os bens são transformados. Caracteriza- se pela intensa utilização do fator de produção capital, sob a forma de máquinas e equipamentos. Indústrias de automóvel, de refrigerantes e de roupas são exemplos de unidades produtoras incluídas no setor secundário. • Setor terciário: este setor se diferencia dos outros pelo fato de seu produto não ser tangível, concreto, embora seja de grande importância no sistema econômico. É composto pelas unidades produtoras que prestam serviços, como os bancos, as escolas, as empresas de transporte, o comércio etc. SETORES PRODUTIVOS SETOR ATIVIDADES Primário (agropecuário) Lavouras, produção animal e derivados, extrativa vegetal, indústria rural. Secundário (indústria) Indústria de extração mineral, indústria de transformação, indústria da construção civil, serviços industriais de utilidade pública. Terciário (serviços) Comércio, transporte e comunicações, governo, intermediários financeiros, autônomos, outros serviços. Poderemos ter uma idéia do grau de desenvolvimento de um país se observarmos a importância relativa dos três setores em seu sistema econômico. Uma economia em que o setor primário tem maior peso revela, quase sempre, um nível de desenvolvimento não satisfatório, enquanto aquelas em que o setor secundário é preponderante apresentam maior grau de desenvolvimento. 2.3. OS FLUXOS DO SISTEMA ECONÔMICO
  • 21. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 21 Durante o processo de produção, em que são obtidos bens e serviços, as unidades produtoras remuneram os fatores de produção por elas empregados: pagam salários aos seus trabalhadores, aluguel pelas instalações que ocupam, juros pelos financiamentos obtidos e distribuem lucros aos seus proprietários. Essa remuneração é recebida pelos proprietários dos fatores de produção e permite-lhes adquirir os bens e os serviços de que necessitam. Este é um aspecto fundamental do sistema econômico, e que garante sua eficiência: as unidades produtoras, ao mesmo tempo em que produzem bens e serviços, remuneram os fatores de produção por elas empregados, permitindo que as pessoas adquiram bens e serviços produzidos por todas as outras unidades produtoras. Uma pessoa que trabalha numa fábrica de roupas, por exemplo, não vai adquirir apenas o produto de seu trabalho (as roupas) com o salário que recebe. Precisa, também, comprar alimentos, alugar ou comprar uma casa, tomar condução etc. É através da remuneração de sua força de trabalho (fator de produção que concorreu para a produção das roupas) que ela poderá adquirir as coisas de que necessita para viver. Pode-se dizer, portanto, que num sistema econômico existem dois fluxos. O primeiro é o fluxo real, formado pelos bens e serviços produzidos no sistema econômico, que também recebe o nome de produto. O segundo é o fluxo nominal ou monetário, formado pelo pagamento que os fatores de produção recebem durante o processo produtivo, também denominado renda. Esses dois fluxos têm um significado muito importante para a teoria econômica. O fluxo real, formado pelos bens e serviços produzidos, constitui a oferta da economia, ou seja, tudo aquilo que foi produzido e está à disposição dos consumidores. O fluxo monetário, formado pelo total da remuneração dos fatores produtivos, é a demanda ou procura da economia, ou seja, aquilo que as pessoas procuram para satisfazer suas necessidades e desejos. A oferta e a procura são as duas funções mais importantes de um sistema econômico. Essas duas funções formam o mercado onde as pessoas que querem vender se encontram com as pessoas que querem comprar. É importante observar que o termo mercado, na Teoria Econômica, não significa apenas o lugar físico onde as pessoas estão localizadas, como uma feira livre, por exemplo. Seu significado é mais amplo. O termo mercado se refere a todas as compras e vendas realizadas no sistema econômico, tanto de bens de consumo, intermediários e de capital como de serviços. Em suma, sintetiza a essência do sistema econômico, em que as necessidades são satisfeitas através da venda e da compra de mercadorias e serviços. Os fluxos monetários e reais do sistema econômico e a formação do mercado podem ser sintetizados no esquema a seguir:
  • 22. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 22 QUESTÕES PARA REVISÃO 1. Defina sistema econômico. 2. O que entendemos por unidades produtoras? 3. Como pode ser classificada a produção econômica, de acordo com sua destinação? 4. Identifique os três setores da economia e apresente as características de cada um deles. 5. Diferencia fluxo real de fluxo monetário. 6. Qual o significado do termo mercado, na teoria econômica? 7. Qual a importância do aparelho produtivo no sistema econômico? 8. Quais os benefícios que as Unidades Produtoras proporcionam ao país? 9. Qual a importância do fluxo monetário e do fluxo real no sistema econômico?
  • 23. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 23 PARTE III 3 INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA “Microeconomia é o ramo da Economia que trata da firma comercial e do lar, a estrutura celular de base; assim, ela tem a riqueza sugestiva do microscópio e da microbiologia. E daí passa a tratar do mercado – para revelar, ou de qualquer forma imaginar, como os consumidores, dadas suas rendas e preferências, atua reciprocamente através do mercado junto às empresas comerciais para determinar o que é produzido, em que quantidade, com que margem de lucro e a que preço.” “A macroeconomia tornou-se um tópico ou tema de discussão em separado e recebeu esse nome em conseqüência de John Maynard Keynes e da Grande Depressão. Então tornou-se generalizada a idéia de que os consumidores e as firmas comerciais poderiam não ter rendimento suficiente para gastar ou não gastar ou investir o suficiente do seu rendimento para comprar todos os bens e serviços que pudessem ser produzidos. Em conseqüência disso, haveria uma capacidade ociosa nas fábricas e desemprego. Ou, embora isso não fosse um problema durante a Depressão, as pessoas e os governos poderiam gastar além da capacidade produtiva da economia. Nesse caso, haveria inflação.” “Por isso, tornou-se uma função do governo regulamentar as relações gerais ou conjuntas entre todos os compradores e todos os vendedores. Isso significava proporcionar maior poder aquisitivo e maior procura quando fosse indicado, restrição do poder aquisitivo e da demanda quando fosse necessário.” “A expansão era obtida baixando-se os impostos ou aumentando os gastos públicos ou, então, incentivando os empréstimos dos bancos e conseqüente dispêndio em investimentos nos negócios, compra de casas e automóveis. A restrição era conseguida invertendo a ação de todos esses fatores. Essa é a política da macroeconomia.” “Eu poderia acrescentar que a distinção entre microeconomia e macroeconomia, embora continue sendo muito acalentada pelos economistas ao instituir cursos e examinar candidatos a doutorado, de nada mais serve na vida real. Mais provavelmente, ela constitui agora uma barreira a uma melhor compreensão da matéria. Isso porque a linha divisória entre microeconomia e macroeconomia torna-se extremamente difusa numa época em que as empresas podem aumentar seus preços e os sindicatos podem obter altas de salários. Tais ações, tanto quanto o excesso de poder aquisitivo, podem tornar-se uma causa de inflação. E o desemprego é hoje em dia a conseqüência normal do empenho em evitar que as empresas, os sindicatos e outros órgãos aumentem os seus preços e salários reduzindo a demanda. Assim, a inflação como o desemprego são agora tanto ou mais uma conseqüência de fenômenos microeconômicos, quanto de uma política macroeconômica. Em economia, divisões artificiais da matéria – ou seja, a especialização – podem ser uma fonte primordial de erro. A verdade econômica só vem a tona quando as coisas são examinadas como um todo.” John Kenneth Galbraith, Economista, (A Economia ao Alcance de Todos, Pag.11, Livraria Pioneira, 1992). 3.1. CONCEITO A Microeconomia, ou Teoria dos Preços, analisa a formação de preços no mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o preço e a quantidade de um determinado bem ou serviço em mercados específicos. Assim, enquanto a Macroeconomia enfoca o comportamento da Economia como um todo, considerando variáveis globais como consumo agregado, renda nacional e investimentos globais, a análise microeconômica preocupa-se com a formação de preços de bens e serviços (soja, automóveis) e de fatores de produção (salários, aluguéis, lucros) em mercados específicos.
  • 24. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 24 A Teoria Microeconômica não deve ser confundida com economia de empresas, pois tem enfoque distinto. A Microeconomia estuda o funcionamento da oferta e da demanda na formação do preço no mercado, isto é, o preço sendo obtido pela interação do conjunto de consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem ou serviço. Do ponto de vista da economia de empresas, onde se estuda uma empresa específica, prevalece a visão contábil - financeira na formação do preço de venda de seu produto, baseada principalmente nos custos de produção, enquanto na Microeconomia prevalece a visão do mercado. A conceituação de empresa, entretanto, possui duas visões: a econômica e a jurídica. Do ponto de vista econômico, empresa ou estabelecimento comercial é a combinação, pelo empresário, dos fatores de produção: capital, trabalho, terra e tecnologia, de tais modos organizados para se obter o maior volume possível de produção ou de serviços ao menor custo. Na doutrina jurídica reconhece-se o estabelecimento como uma universalidade de direito, incluindo-se na atividade econômica um complexo de relações jurídicas entre o empresário e a empresa. O empresário é, assim, o sujeito da atividade econômica, e o objeto é constituído pelo estabelecimento, que é o complexo de bens corpóreos e incorpóreos utilizados para o processo de produção. A empresa, nesse contexto, é o complexo de relações jurídicas que unem o sujeito ao objeto da atividade econômica. 3.2. PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA ANÁLISE MICROECONÔMICA 3.2.1 A hipótese coeteris paribus Para analisar um mercado específico, a Microeconomia se vale da hipótese de que "tudo o mais permanece constante" (em latim, coereris paribus). O foco de estudo é dirigido apenas àquele mercado, analisando-se o papel que a oferta e a demanda neIe exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco, ou que não interfiram de maneira absoluta. Adotando-se essa hipótese, torna-se possível o estudo de um determinado mercado selecionando-se apenas as variáveis que influenciam os agentes econômicos - consumidores e produtores - nesse particular mercado, independentemente de outros fatores, que estão em outros mercados, poderem influenciá-los. Sabemos, por exemplo, que a procura de uma mercadoria é normalmente mais afetada por seu preço e pela renda dos consumidores. Para analisar o efeito do preço sobre a procura, supomos que a renda permaneça constante (coeteris paribus); da mesma forma, para avaliar a relação entre a procura e a renda dos consumidores, supomos que o preço da mercadoria não varie. Temos, assim, o efeito "puro" ou "líquido" de cada uma dessas variáveis sobre a procura. 3.2.2 Papel dos preços relativos Na análise microeconômica, são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços de um bem em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias. Por exemplo, se o preço do guaraná cair em 10%, mas também o preço da soda cair em 10%, nada deve acontecer com a demanda (procura) dos dois bens
  • 25. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 25 (supondo que as demais variáveis permaneceram constantes). Agora, tudo o mais permanecendo constante, se cair apenas o preço do guaraná, permanecendo inalterado o preço da soda, deve-se esperar um aumento na quantidade procurada de guaraná, e uma queda na de soda. Embora não tenha havido alteração no preço absoluto da soda, seu preço relativo aumentou, quando comparado com o do guaraná. 3.2.3 Objetivos da empresa A grande questão na Microeconomia, que inclusive é a origem das diferentes correntes de abordagem, reside na hipótese adotada quanto aos objetivos da empresa produtora de bens e serviços. A análise tradicional supõe o Princípio da Racionalidade, segundo o qual o empresário sempre busca a maximização do lucro total, otimizando a utilização dos recursos de que dispõe. As correntes alternativas consideram que o objetivo do empresário não seria a maximização do lucro, mas fatores como aumento da participação nas vendas do mercado, ou maximização da margem sobre os custos de produção, independente da demanda de mercado. 3.3. APLICAÇÕES DA ANÁLISE MICROECONÔMICA A análise microeconômica, ou Teoria dos Preços, como parte da Ciência Econômica, preocupa-se em explicar como se determina o preço dos bens e serviços, bem como dos fatores de produção. O instrumental microeconômico procura responder, também, a questões aparentemente triviais; por exemplo, por que, quando o preço de um bem se eleva, a quantidade demandada desse bem deve cair, coereris paribus. Entretanto, deve-se salientar que, se a Teoria Microeconômica não é um manual de técnicas para a tomada de decisões do dia-a-dia, mesmo assim ela representa uma ferramenta útil para estabelecer políticas e estratégias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto ao nível de empresas quanto ao nível de política econômica. A nível de empresas, a análise microeconômica pode subsidiar as seguintes decisões: • Política de preços da empresa; • Previsões de demanda e de faturamento; • Previsões de custos de produção; • Decisões ótimas de produção (escolha da melhor alternativa de produção, isto é, da melhor combinação de fatores de produção), • Avaliação e elaboração de projetos de investimentos (análise custo-benefício da compra de equipamentos, ampliação da empresa etc.); • Política de propaganda e publicidade (como as preferências dos consumidores podem afetar a procura do produto); • Localização da empresa (se a empresa deve situar-se próxima aos centros consumidores ou aos centros fornecedores de insumos); • Diferenciação de mercados (possibilidades de preços diferenciados, em diferentes mercados consumidores do mesmo produto).
  • 26. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 26 A nível de política econômica, a Teoria Microeconômica pode contribuir na análise e tomada de decisões das seguintes questões: • Efeitos de impostos sobre mercados específicos; • Política de subsídios (nos preços de produtos como trigo e leite, ou na compra de insumos como máquinas, fertilizantes etc.); • Fixação de preços mínimos na agricultura • Controle de preços; • Política salarial; • Política de tarifas públicas (água, luz etc.); • Política de preços públicos (petróleo, aço etc.); • Leis antitrustes (controle de lucros de monopólios e oligopólios). Como se observa, são decisões necessárias ao planejamento estratégico das empresas e à política e programação econômica do setor público. Evidentemente, a contribuição da Microeconomia está associada à utilização de outras disciplinas, como a Estatística, a Matemática Financeira, a Contabilidade e mesmo a Engenharia, de forma a dar conteúdo empírico a suas formulações e conceitos teóricos. 3.4. DIVISÃO DO ESTUDO MICROECONÔMICO Teoria Microeconômica consiste nos tópicos a seguir. 3.4.1 Análise da demanda A Teoria da Demanda ou Procura de uma mercadoria ou serviço divide-se em Teoria do Consumidor (demanda individual) e Teoria da Demanda de Mercado. 3.4.2 Análise da oferta A Teoria da Oferta de um bem ou serviço também subdivide-se em oferta da firma individual e oferta de mercado. Dentro da análise da oferta da firma são abordadas a Teoria da Produção, que analisa as relações entre quantidades físicas produzidas, entre o produto e os fatores de produção, e a Teoria dos Custos de Produção, que incorpora, além das quantidades físicas, os preços dos insumos. Nota: Em administração e microeconomia, Firmas são organizações que produzem e vendem bens e serviços, que contratam e utilizam fatores de produção, que podem ser classificados em primárias ou secundárias. A Teoria da Firma, ou Teoria de Empresa, foi um conceito criado pelo economista britânico Ronald Coase, em seu artigo The Nature of Firm, de 1937. Em 2009, o economista Oliver Williamson ganhou o prêmio Nobel por estudos sobre os limites da firma.[1] Segundo essa teoria, as firmas trabalham com o lado da oferta de mercado, ou seja, com os produtos que vão oferecer aos consumidores, como bens e serviços produzidos. As firmas são de extrema importância para os mercados, pois reúnem o capital e o trabalho para realizar a produção e são as responsáveis por agregar valor às matérias-primas utilizadas nesse processo, com uso de tecnologia.
  • 27. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 27 As empresas produzem conforme a demanda do mercado e a oferta é ajustada por aqueles que estão dispostos a consumir. A Teoria da Firma não tem como objetivo o interesse de definir a empresa do ponto de vista jurídico ou contábil. A empresa é vista com uma unidade técnica de produção, propriedade de indivíduos ou famílias que compram fatores de produção para produção de bens e serviços. Fonte: www.wikedpedia.org.estado do bem estar social – consultado em 12.01.2010 Nota 2: A Teoria da Produção é uma teoria que faz parte da teoria microeconômica integrada. A teoria da produção é sobre o processo de produção, ou seja, o processo de conversão dos fatores de produção nos produtos finais. Os fatores de produção são bens cuja utilidade é derivada da sua capacidade em ser convertidos em bens finais.A relação entre as funções de produção, em relação a variação do produto final em relação a variação da aplicação de um fator de produção especifico ou a variação de todos os fatores simultaneamente é o tópico central dessa teoria. Podemos definir produção como qualquer utilização dos recursos que converte ou transforma uma mercadoria em uma mercadoria diferente no tempo e/ou no espaço. A função de produção mostra a produção máxima que uma empresa pode obter para cada combinação específica de insumos. Fonte: www.wikedpedia.org.estado do bem estar social – consultado em 12.01.2010 3.4.3 Análise das estruturas de mercado A partir da demanda e da oferta de mercado são determinados o preço e a quantidade de equilíbrio de um dado bem ou serviço. O preço e a quantidade, entretanto, dependerão da particular forma ou estrutura desse mercado, ou seja, se ele é competitivo, com muitas empresas produzindo um dado produto, ou concentrado em poucas ou em uma única empresa. Na análise das estruturas de mercado avaliam-se os efeitos da oferta e da demanda, tanto no mercado de bens e serviços quanto no mercado de fatores de produção. As estruturas do mercado de bens e serviços são: a) Concorrência perfeita; b) Concorrência imperfeita ou monopolista; c) Monopólio; d) Oligopólio. As estruturas do mercado de fatores de produção são: a) Concorrência perfeita; b) Concorrência imperfeita; c) Monopsônio; d) Oligopsônio. Nota: façam uma pesquisa sobre os termos utilizados acima em seus aspectos conceituais. No mercado de fatores de produção, a procura de fatores produtivos é chamada de demanda derivada, uma vez que a demanda por insumos (mão-de- obra, capital) está condicionada, ou deriva, da procura pelo produto final da empresa no mercado de bens e serviços.
  • 28. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 28 3.4.4 Teoria do equilíbrio geral A análise do equilíbrio geral leva em conta as inter-relações entre todos os mercados, diferentemente da análise de equilíbrio parcial, que analisa um mercado isoladamente, sem considerar suas inter-relações com os demais. Ou seja, procura- se analisar se o comportamento independente de cada agente econômico conduz todos a uma posição de equilíbrio global, embora todos sejam, na realidade, interdependentes. A Teoria do Bem-Estar, ou Weltfare, estuda como alcançar soluções socialmente eficientes para o problema da alocação e distribuição dos recursos, ou seja, encontrar a "alocação ótima dos recursos". Há de se destacar que no estudo microeconômico um dos tópicos consiste na analisa das imperfeições de mercado, onde se analisam situações nas quais os preços não são determinados isoladamente em cada mercado. Na realidade, tanto a Teoria do Equilíbrio Geral e do Bem-Estar como a Teoria do Consumidor são fundamentalmente abstratas, utilizando-se, com freqüência, modelos matemáticos de razoável grau de dificuldade. Como o objetivo desta disciplina é procurar fornecer aos estudantes de jornalismo econômico conceitos básicos de economia, que dêem subsídios para sua atuação no dia-a-dia e um melhor, entendimento das principais questões econômicas de nosso tempo, esses dois tópicos não serão discutidos aqui. Esses temas também não costumam ser abordados nos cursos introdutórios de Economia. Nota: Teoria do consumidor: A teoria do consumidor, ou teoria da escolha, é uma teoria microeconômica, que busca descrever como os consumidores tomam decisões de compra e como eles enfrentam os tradeoffs e as mudanças em seu ambiente. Os fatores que influênciam as escolhas dos consumidores estão basicamente ligados a sua restrição orçamentária e preferências. Para a teoria do consumidor, as pessoas escolhem obter um bem em detrimento do outro em virtude da utilidade que ele lhe proporciona. Notas 2: Estado de bem-estar social: Estado de bem-estar social (em inglês: Welfare State), também conhecido como Estado-providência, é um tipo de organização política e econômica que coloca o Estado (nação) como agente da promoção (protetor e defensor) social e organizador da economia. Nesta orientação, o Estado é o agente regulamentador de toda vida e saúde social, política e econômica do país em parceria com sindicatos e empresas privadas, em níveis diferentes, de acordo com a nação em questão. Cabe ao Estado do bem-estar social garantir serviços públicos e proteção à população.[1] Os Estados de bem-estar social desenvolveram-se principalmente na Europa, onde seus princípios foram defendidos pela social-democracia, tendo sido implementado com maior intensidade nos Estados Escandinavos (ou países nórdicos) tais como a Suécia, a Dinamarca e a Noruega e a Finlandia),[2] sob a orientação do economista e sociologista sueco Karl Gunnar Myrdal. Ironicamente Gunnar Myrdal, um dos principais idealizadores do Estado de bem-estar-social dividiu, em 1974, o Prêmio de Ciências Econômicas (Premio Nobel) com seu rival ideológico Friedrich August von Hayek, um dos maiores defensores do livre mercado, economista da Escola Austríaca. Esta forma de organização político-social, que se originou da Grande Depressão, se desenvolveu ainda mais com a ampliação do conceito de cidadania, com o fim dos governos totalitários da Europa Ocidental (nazismo, fascismo etc.)
  • 29. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 29 com a hegemonia dos governos sociais-democratas e, secundariamente, das correntes euro-comunistas, com base na concepção de que existem direitos sociais indissociáveis à existência de qualquer cidadão. Pelos princípios do Estado de bem-estar social, todo o indivíduo teria o direito, desde seu nascimento até sua morte, a um conjunto de bens e serviços que deveriam ter seu fornecimento garantido seja diretamente através do Estado ou indiretamente, mediante seu poder de regulamentação sobre a sociedade civil. Esses direitos incluiriam a educação em todos os níveis, a assistência médica gratuita, o auxílio ao desempregado, a garantia de uma renda mínima, recursos adicionais para a criação dos filhos, etc. A idéia de usar a "política social", como um meio para se obter a eficiência econômica, incorporou-se no Socialismo Fabiano inglês, no Socialismo Funcional Sueco e no Marxismo Austríaco (Tilton, 1991; Karlsson, 2001). O conceito de "políticas sociais produtivas" encontrou apoio nos movimentos de trabalhadores, especialmente na Suécia, onde o conceito ressurgiu durante a Grande Depressão dos anos 30 (Andersson, 2003; Kulawik, 1993). Na Suécia a crise. em termos de efeitos sociais da Grande Depressão e de desemprego em massa coincidiu com a "questão da população" e a queda dos índices de natalidade, e modelou o discurso de uma crise social e nacional (Hirdman, 2002). Este discurso estruturou as idéias de intervenção estatal na economia como um processo de racionalização da reprodução da população e da esfera domicilar, baseadas na observação de que os custos de reprodução e de criação de filhos estavam desigualmente distribuídos entre as classes sociais (Myrdal-Myrdal, 1987). Da mesma maneira que os mercados de trabalho e a mais ampla organização da produção poderiam ser racionalizadas mediante a utilização de regulamentações sociais para se obter um nível mais alto de produtividade, também a esfera social deveria ser racionalizada através do uso de políticas sociais, como políticas familiares, sempre em benefício de maior eficiência nacional. Esta noção de "racionalização" foi incorporada no conceito de "política social produtiva". Em 1932 o sociólogo e economista socialista Gunnar Myrdal escreveu que as modernas políticas sociais diferiam totalmente das antigas políticas de auxílio à pobreza, uma vez que eram investimentos e não custos. As políticas sociais modernas seriam eficientes e produtivas devido à sua ação profilática e preventiva, direcionada para evitar o surgimento de problemas nos organismos político-sociais. Nesse sentido as novas políticas sugeridas por Myrdal contrastavam fortemente com as antigas políticas de "remediar a pobreza", sendo destinadas e evitar o surgimento de bolsões de pobreza e a criar maiores riquezas. Myrdal, retornando dos Estados Unidos, onde tornou-se um admirador do New Deal, escreveu um artigo intitulado Qual é o custo da Reforma Social, onde desenvolvia sua argumentação e atacava os críticos das despesas sociais, da (antiga) escola de Estocolmo.[3] Contra as recomendações dos que pregavam uma "maior economia orçamentária" para sair da Grande Depressão, Myrdal argumentava que as políticas sociais não eram meramente uma questão de redistribuição de renda, mas eram uma questão vital para o próprio desenvolvimento econômico e tinham como objetivo principal o aumento do PIB. Estes conceitos de Myrdal sustentaram a defesa retórica de um Estado de bem-estar social que se expandiu, contra o desejo dos liberais e fundamentalistas de livre mercado, que viam as políticas sociais como "custos" e não com "investimentos" (Myrdal, 1932b; Jonung, 1991). A Social- Democracia sueca era totalmente orientada para uma maior eficiência dos mercados e via nas políticas sociais um meio de obter não só a segurança social dos
  • 30. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 30 indivíduos, mas sobretudo a organização eficiente da produção (Stephens, 1979; Ryner, 2002).[3] Evolução Hoje em dia existe na Europa, no mundo ocidental, o Estado Providência, resultado da segunda metade da II Guerra Mundial, mas filho directo da crise de 1929 (Grande Depressão). O Welfare State teve a origem no pensamento keynesiano e surgiu como resposta para o que se vivia na Europa. É um sistema em crise nos dias de hoje, mas que pautou toda a segunda metade do século XX. Entre os seus objectivos há dois essenciais: a garantia do bom funcionamento do mercado segundo o pensamento de Adam Smith e a defesa dos direitos dos cidadãos na saúde, educação e alimentação. Uma das ideias fundamentais deste pensamento é a igualdade de oportunidades. Ao longo do tempo vão-se desenvolver políticas públicas, aumentando o orçamento do Estado para essas áreas. Hoje, na Europa, 40% do PIB vai para políticas sociais. A sua origem vem de Lorenz Von Stein, jurista alemão, que elaborou nos seus ensaios a ideia de que o Estado também deve intervir na economia para corrigir os prejuízos que possam haver para os seus cidadãos. Von Stein alertava para o perigo de uma reforma social que não fossem feitas as reformas necessárias. Esta ideia remonta a meados do século XIX e, no final desse século, outro pensador, Wagner, vai criar a Lei de Wagner onde prevê o aumento da intervenção pública nessas áreas, dizendo que se não houver um aumento de administração não há crescimento econômico. É nos anos 30 que se implementa o Welfare State depois de algumas experiências anteriores. Analisando a intervenção do Estado na sociedade francesa e inglesa, os politólogos vão definir três fases de implementação do Estado Providência: 1. Experimentação: esta fase coincide com o alargamento do direito de voto e o aparecimento de segurança social, impulsionada por Otto Von Bismarck que vai resultar na política central da Alemanha do pré I Guerra Mundial e depois da própria República de Weimar. 2. Consolidação: o Estado não poderia ficar indiferente àquilo que se passava e, por isso, chega a hora de intervir através da criação de emprego, como se pode ver nas políticas de Franklin Roosevelt 3. Expansão: nos pós-II Guerra Mundial, o Estado de bem-estar social expande-se. O modelo tinha sido bem sucedido na Suécia e seria aplicado de uma forma generalizada. Patrocinava um acordo social em três partes: o proletariado (representado pelos sindicatos), o patronato e o Estado, o mediador. Quando a política não resulta o Estado intervém e tenta resolver a situação para agradar a ambas as partes. Até aos anos 80 o processo produziu os 30 Gloriosos anos de crescimento econômico e estava a ganhar o confronto com o Liberalismo capitalista, modelo em crise após os problemas financeiros de 1973 e pela guerra do Vietname, elemento destabilizador da economia dos EUA. Isso vai levar a que Margaret Thatcher diga que o Estado deixou de ter condições econômicas para sustentar um Estado Providência e vai retirar os vários direitos que os cidadãos tinham adquirido ao longo de várias décadas. Esta crise era um facto inegável e daí vão surgir duas correntes explicativas: • Explicação liberal: esta teoria defendia que se está a viver uma crise de governabilidade e a razão é o excesso de democracia, de controlo público sobre as empresas e sobre a economia. É a base da política de Cavaco Silva ou Bagão Félix. • Explicação de Esquerda: há uma sobrecarga do Estado porque existem vários grupos que lutam pelo poder e pelo controlo da economia. Para chegar
  • 31. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 31 ao Governo, cada grupo promete cada vez mais, despoletando os gastos públicos. Fonte: www.wikedpedia.org.estado do bem estar social – consultado em 12.01.2010 Resumindo: Microeconomia Parte da economia que se ocupa do estudo dos diferentes agentes econômicos, entre os quais as empresas e os consumidores. A economia, por sua vez, se define como a ciência que estuda a distribuição de recursos entre as distintas atividades. Em outras palavras, as pessoas têm diversos objetivos, desde a satisfação de necessidades primárias como alimentar-se, vestir-se e proteger-se das intempéries; até as necessidades mais sofisticadas do tipo material, estético e espiritual. No entanto, os recursos disponíveis para alcançar estes objetivos estão limitados pela disponibilidade dos fatores de produção (trabalho, capital e matérias- primas). A microeconomia consiste no estudo da forma como se alocam estes recursos para satisfazer a objetivos diferentes. Diferencia-se da macroeconomia no sentido de que esta se ocupa de estudar até que ponto os recursos disponíveis estão sendo plenamente utilizados, como crescem com o tempo e outros temas relacionados com estes. Os conceitos básicos da economia são aqueles que se utilizam para descrever: 1) a forma como os indivíduos ou as famílias (economias domésticas) determinam sua procura de bens e serviços; 2) a forma como as empresas decidem o que e quantos bens e serviços produzirão e com que combinação de fatores de produção; 3) a forma como os mercados relacionam a oferta e a procura. Esses três componentes podem ser sintetizados em demanda, oferta e equilíbrio do mercado. Entre as sub-áreas mais importantes cabe destacar a economia do bem-estar e as finanças públicas. Não se pode deixar de dizer que a microeconomia constitui a base de qualquer ramo da economia. Por exemplo, para analisar o efeito de um imposto sobre as finanças públicas utiliza-se o modelo microeconômico para mostrar como tal imposto influencia a oferta, a demanda e os preços e, portanto, quanto se poderá lucrar graças a esse imposto ou como ele afetará a oferta de fatores de produção. QUESTÕES PARA REVISÃO 1. O estabelecimento comercial pode ser considerado sob duas óticas: a econômica e a jurídica. Explique cada uma delas. 2. Qual o principal campo de atuação da Teoria Microeconômica? 3. Como se divide o estudo microeconômico? 4. Como analisas o Estado do Bem Estar Social no século 21? 5. Você acha que o Brasil tem um estado do bem estar social? 6. O que aborda a teoria da firma? O que são firmas em economia? 7. O que aborda a teria do equilíbrio geral? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________
  • 32. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 32 _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________
  • 33. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 33 PARTE IV 4 O MERCADO, COMPETIÇÃO E PREÇOS Mercado é o encontro entre vendedores e compradores. Um mercado pode estar em qualquer lugar, na esquina de uma rua ou no outro lado do mundo, ou bem perto como o telefone ou os classificados do jornal. Não precisa ser um lugar fixo. Nele estão presentes os fundamentos da procura e da oferta, que representam os interesses de consumidores e produtores (ou vendedores). 4.1. DEMANDA DE MERCADO A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado período tempo. A procura depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São elas: preço do bem ou serviço, o preço dos outros bens, a renda do consumidor e ou, gosto ou preferência do indivíduo. Para estudar-se a influência dessas variáveis utiliza-se a hipótese do coeteris paribus (a quantidade demandada ou ofertada varia apenas em função de alterações de preço), ou seja, considera-se cada uma dessas variáveis afetando separadamente as decisões do consumidor. A relação quantidade/preço procurada pode ser representada por uma escala de procura, conforme a apresentada a seguir: Alternativa de preço ($) Quantidade demandada 1,00 3,00 6,00 8,00 10,00 12.000 8.000 4.000 3.000 2.000 Outra forma de apresentar essas diversas alternativas seria através da curva de procura. Para tanto, traçamos um gráfico com dois eixos, colocando no eixo vertical os vários preços P, e no horizontal as quantidades demandadas Q. Assim: Os economistas supõem que a curva ou a escala de procura revela as preferências dos consumidores, sob a hipótese de que estão maximizando sua utilidade, ou grau de satisfação no consumo daquele produto. Ou seja, subjacente à
  • 34. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 34 curva há toda uma teoria de valor, que envolve como vimos os fundamentos psicológicos do consumidor. A curva de procura inclina-se de cima para baixo, no sentido da esquerda para a direita, refletindo o fato de que a quantidade procurada de determinado produto varia inversamente com relação a seu preço, coeteris paribus. 4.1.1. Outras Variáveis que afetam a demanda de um bem Efetivamente, a procura de uma mercadoria não é influenciada apenas por seu preço. Existe uma série de outras variáveis que afetam a procura. Para a maioria dos produtos, a procura será afetada também pela renda dos consumidores, pelo preço dos bens substitutos (ou concorrentes), pelo preço dos bens complementares e pelas preferências e hábitos dos consumidores. Se a renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto também, temos um bem normal. Existe também uma classe de bens que são chamados de bens inferiores, cuja demanda varia em sentido inverso às variáveis da renda; por exemplo, se o consumidor ficar mais rico, diminuirá o consumo de carne de segunda e aumentará o consumo de carne de primeira. Temos ainda o caso de bens de consumo saciado, quando a demanda de bem não é influenciada pela renda dos consumidores (arroz, farinha, sal etc.). A demanda de um bem ou serviço também pode ser influenciada pelos preços de outros bens e serviços. Quando há uma relação direta de preço de um bem e quantidade de outro, coeteris paribus, eles são chamados de bens substitutos ou concorrentes, ou ainda sucedâneos. Por exemplo, um aumento no consumo no preço da carne deve elevar a demanda de peixe, tudo o mais constante. Quando há relação inversa entre o preço de um bem e a demanda de outro, eles são chamados de bens complementares (quantidade de automóveis e preço da gasolina, quantidade de camisas sociais e preço das gravatas etc.). Finalmente, a demanda de um bem ou serviço também sofre a influência dos hábitos e preferências dos consumidores. Os gastos em publicidade e propaganda objetivam aumentar a procura de bens e serviços influenciando suas preferências e hábitos. Além das variáveis anteriores, que se aplicam ao estudo da procura pela maior parte dos bens, alguns produtos são afetados por fatores mais específicos, como efeitos sazonais e localização do consumidor, ou fatores mais gerais, como condições de crédito, perspectivas da economia, congelamentos ou tabelamentos de preços e salário etc. Sob a ótica da demanda, alterações no gosto ou preferência dos consumidores, na renda da população, nos preços de outros bens e nas expectativas sobre o futuro podem influenciar significativamente as quantidades demandadas pela sociedade, mantendo os demais fatores constantes: - Aumento no consumo de sucos naturais faz com que diminua a quantidade demandada de refrigerantes; - Elevação na renda de uma comunidade determinará maior demanda por bens de consumo duráveis. 4.2. OFERTA DE MERCADO Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado período de tempo.
  • 35. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 35 Quanto mais alto é o preço de mercado, maiores quantidades os vendedores estarão dispostos a oferecer. Quanto mais baixo é o preço, menores quantidades os vendedores estarão dispostos a oferecer. É a lei da oferta: as quantidades ofertadas variam diretamente com os preços. Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários fatores; dentre eles, de seu próprio preço, dos preços de produtos substitutos, das preferências do empresário, do mercado e da tecnologia. Diferentemente da função demanda, a função oferta mostra uma correlação direta entre a quantidade ofertada e nível de preços, coeteris paribus. É chamada Lei Geral da Oferta. Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X, ou seja, dada uma série de preços, quais seriam as quantidades ofertadas a cada preço: Preço ($) Quantidade ofertada 1,00 3,00 6,00 8,00 10,00 1.000 5.000 9.000 11.000 13.000 Essa escala pode ser expressa graficamente como a seguir: A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem deve-se ao fato de que, coeteris paribus, um aumento do preço no mercado estimula as empresas a produzirem mais, aumentando sua receita. Outra forma de leitura: os custos de produção aumentarão, e a empresa deverá elevar seus preços para continuar produzindo o mesmo que antes. Além do preço do bem, a oferta de um bem ou serviço é afetada por diversas causas. Aperfeiçoamento das técnicas produtivas, redução dos custos de produção, condições climáticas favoráveis ou concessão de subsídios ao produto, certamente aumentarão as quantidades ofertadas, mesmo mantendo-se estável o preço. Por outro lado, fatores como condições climáticas desfavoráveis ou aumento dos impostos sobre o produto provocarão diminuição nas quantidades ofertadas. Parece claro que a relação entre a oferta e o custo dos fatores de produção seja inversamente proporcional. Por exemplo, um aumento dos salários ou do custo das matérias-primas deve provocar coeteris paribus, uma retração da oferta do produto.
  • 36. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 36 A relação entre a oferta e uma melhoria tecnológica é diretamente proporcional, o mesmo ocorrendo com uma variação no número de empresas ofertantes no setor. 4.3. DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE EQUILÍBRIO O objetivo deste capítulo é demonstrar o funcionamento do mercado num sistema econômico. Para determinar este funcionamento, devemos, antes, compreender o significado da palavra mercado e quais as suas funções. O mercado, num sistema econômico, é formado pelas pessoas que querem comprar e pelas que querem vender bens e serviços, ou seja, os consumidores e os empresários. Naturalmente, não nos referimos apenas à presença física de consumidores e produtores, mas sim às suas intenções de compra e venda que estão representadas nas curvas de demanda e de oferta, respectivamente. Assim, o mercado pode ser definido como o encontro da oferta com a demanda por bens e serviços em uma economia. O resultado desse encontro é a determinação do preço a que cada bem ou serviço será negociado, assim como as quantidades transacionadas. Vejamos como isso ocorre. Conforme estudamos, as curvas de oferta e procura expressam uma relação entre preços e quantidades. Entretanto, essa relação não é efetiva e sim potencial, pois tanto produtores como consumidores estão apenas expressando as quantidades dos bens que ofertariam ou consumiriam a determinados preços. Portanto, com a análise isolada das curvas de oferta e demanda, não é possível determinar a quantidade em que cada bem será comprado e vendido, nem a que preço será negociado. Para se determinar esse preço e essa quantidade, o mercado deve estar em equilíbrio. Em outras palavras, deve ser encontrado um preço pelo qual os empresários e consumidores realizem seus negócios, isto é, vendam e comprem uma certa quantidade de bens ou de serviços. Esse preço é chamado preço de equilíbrio. A figura a seguir representa o mercado de um determinado bem X, com sua oferta e demanda representada pelas letras O e D, respectivamente. No eixo vertical, representamos o preço de X (pk) e no horizontal, a quantidade (Q,). Ao preço de R$ 4,00, os consumidores estariam dispostos a comprar apenas 10 unidades de X (ponto A), enquanto os produtores oferecem 25 unidades de X (ponto B). Certamente, esse não é o preço de equilíbrio, pois a oferta é maior do que a demanda. Por outro lado, se o preço fosse R$ 2,04, a oferta seria de 10 unidades (ponto C), e a demanda, de 25 unidades (ponto D), o que também não determinaria o preço de equilíbrio.
  • 37. Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Microeconomia 37 Por definição, o preço de equilíbrio é aquele que torna iguais a oferta e a demanda. Observando o gráfico, verificamos facilmente que esse preço é R$ 3,00 e que nele (ponto E) a oferta e a demanda de X são iguais a 18 unidades. Quando isso acontece, a oferta e a demanda são iguais a um determinado preço e dizemos, então, que o mercado está em equilíbrio. Efetivamente, esse é o mecanismo que determina os preços dos bens e serviços numa economia capitalista, ou economia de mercado. O preço que pagamos por um maço de cigarros, por um par de sapatos ou por um quilo de feijão é determinado pelo mercado, pela oferta e procura de cada um desses bens. QUESTÕES PARA REVISÃO 1. Conceitue Mercado e quais são os critérios adotados para a sua classificação? 2. Defina preço de equilíbrio. 3. Cite as principais diferenças entre monopólio e oligopólio. 4. O que é o CADE? Como ele atua? 5. Conceitue oferta e aponte os fatores que influenciam o comportamento dos ofertantes no mercado. 6. Conceitue demanda e aponte os fatores que influenciam os demandantes no mercado. 7. Por que os empresários usam a propaganda? 8. Quais são os regimes de mercado em que a propaganda é mais eficiente? Por quê? 4.3.1 Oferta, Demanda e Equilíbrio em um Mercado Competitivo Em primeiro lugar, é necessário caracterizar o que é um mercado competitivo. Para ser considerado competitivo (ou perfeito), um determinado mercado (o de ameixas, por exemplo) deve apresentar as seguintes características. Deve existir um grande número de compradores e vendedores, de modo que nenhum deles, individualmente, pode influenciar o preço ao decidir comprar ou vender um produto. É lógico que esse raciocínio não vale caso um grande número de participantes do mercado tome essa decisão conjuntamente. Além disso, estamos falando de um mercado cujo produto é homogêneo (sem diferenciação). Nesse caso, o produto de uma firma é, essencialmente, um substituto perfeito do produto de outra firma. Se há diferenciação entre os produtos, não estamos falando de um mercado de concorrência perfeita (como será visto mais tarde). Adicionalmente, não há barreiras à entrada de novas firmas nesse mercado (mobilidade de recursos e produtos), de tal forma que novos concorrentes podem entrar no mercado e os recursos podem ser facilmente transferidos para usos mais eficientes. Por fim, supõe-se que há perfeita informação nesse mercado. Ou seja, demandantes e ofertantes detém perfeito conhecimento das informações necessárias sobre preços, processos de produção etc. Isso garante que consumidores não paguem um preço mais alto do que o de equilíbrio de mercado e nem empresas vendam a um preço mais baixo. Percebam que pelo tamanho das hipóteses, não é fácil encontrar em nosso cotidiano um mercado que atenda simultaneamente a todos esses requisitos. Questões subjetivas como atendimento ou preferência por uma determinada marca podem resultar em diferenciações que afetam as decisões dos consumidores, ainda