O documento discute o grave problema da desobediência humana que surgiu após Adão e Eva comerem o fruto proibido no Jardim do Éden. Isso rompeu a harmonia do relacionamento do homem com Deus e entre os seres humanos, trazendo a maldição do pecado e da morte. A Lei de Deus revela a existência do pecado e a necessidade de Cristo para resolver as tensões vertical e horizontal. Somente o Plano da Salvação elaborado por Deus pode resolver essas tensões e restaurar a felicidade original.
2. 2
Título:
O TEMPO NAS PROFECIAS CONTIDAS NO PLANO DA SALVAÇÃO
Direitos Autorais Reservados
por César Brasil Rien
2004 Edição Atualizada
Todos os direitos estão reservados.
Proibida a divulgação ou cópia, edição ou acréscimos mecânicos ou eletrônicos,
sem a permissão escrita do autor.
Contatos: airton.rien@yahoo.com
EDITADO NO BRASIL,
21
R557t Rien, César Brasil
O tempo nas profecias contidas no plano da salvação.
César Brasil Rien. - Porto Alegre: Adventus Gráfica e Edi-
tora de Santos & Sarmento Ltda., 2002.
66 p. 29,7 cm (A4)
Pesquisa Teológica.
1. Adventos e profecias simbólicas. 2. O Plano
da Redenção em símbolos. 3. Festas judaicas e Messianis-
mo. 4. Teologia dos 1° e 2° Adventos. 5. Escatologia Bíbli-
ca e Apocalipse.
3. 3
P R E F Á C I O
De vez em quando o Cristianismo é agitado por movimentos isolados que
tentam marcar uma data específica para o FIM DO MUNDO, enquanto as denomina-
ções que se consideram sérias ficam apenas observando o fracasso dos agitadores.
Por ser mais seguro, os teólogos fizeram um pacto de nunca mais estudar o aspecto
de tempo das Profecias Bíblicas não-cumpridas, para evitar novas tentativas de
marcar datas. Esta atitude, muito louvável, tem evitado que os administradores
percam tempo em discussões inúteis, podendo dedicar-se, então, ao fortalecimento e
desenvolvimento das organizações religiosas a que pertencem. Esse esforço, na
opinião dos dirigentes, tem conseguido combater tudo que possa prejudicar a pureza
de suas doutrinas.
Este autor, que é totalmente favorável à manutenção da pureza doutriná-
ria, procura através desta pequena obra demonstrar às organizações evangélicas
tradicionais e às pentecostais que não devem temer o estudo de certos temas con-
trovertidos. Desde que esse estudo busque esclarecer as revelações contidas na
Bíblia, é claro. Deste modo, o autor procura quebrar o antigo “tabu” que ainda existe
sobre o estudo da questão do tempo nas Profecias Bíblicas. A intenção deste estudo
é demonstrar claramente que, apesar de a Teologia atual dar ênfase apenas ao
componente tipológico das profecias, também existe outro componente da maior
importância que merece toda a atenção dos estudiosos: o componente tempora,
introduzido pelo próprio Criador, conforme determina que os astros servirão para
sinais ou tempos determinado, Genesis 1:14, “..e sejam eles para sinais e para
tempos determinados...”.versão ARC. O autor mostra que as Escrituras Sagradas
contêm todos os elementos necessários à demonstração da existência e da
importância do componente temporal, visando à melhor compreensão das
profecias contidas no Plano da Redenção.
Isto torna possível um entendimento mais claro e mais amplo da Vontade
Divina para Seu Povo, porque faz ficar evidenciado que: AMBOS, A TIPOLOGIA E O
TEMPO DETERMINADO FORAM DIVINAMENTE DESIGNADOS, CADA UM PARA
UMA FINALIDADE DISTINTA. E que ambos são interdependentes e complemen-
tares entre si, não podendo ser dissociados um do outro.
O AUTOR.
5. 5
UM GRAVE PROBLEMA A RESOLVER
“Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden
para o cultivar e o guardar.
“E lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas
da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que
dela comeres, certamente morrerás.” – Gên. 2:15-17. 1
...
“Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Se-
nhor Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comerás de toda
árvore do jardim?
“Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer,
mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis,
nem tocareis nele, para que não morrais.
“Então a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis.
“Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os
olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.
“Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos,
e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também
ao marido, e ele comeu.
“Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus,
costuraram folhas de figueira, e fizeram cintas para si.
“Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela vira-
da do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por
entre as árvores do jardim.
“E chamou o Senhor Deus ao homem, e lhe perguntou: Onde estás?
“Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo e
me escondi.
“Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da ár-
vore de que te ordenei que não comesses?
“Então disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da
árvore, e eu comi.
“Disse o Senhor Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a
mulher: A serpente me enganou, e eu comi.
...
“E a Adão disse: ...
“No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela fos-
te tirado; porque tu és pó e ao pó tornarás.
...
“Fez o Senhor Deus vestimentas de peles para Adão e sua mulher, e os
vestiu.
“Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós,
conhecedor do bem e do mal; assim, para que não estenda a mão, e tome também
da árvore da vida, e coma, e viva eternamente [em pecado]; o Senhor Deus, por isso,
o lançou fora do jardim do Éden...
“E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden, e o
refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida.” –
Gên. 3:1-13 e 17, 19, 21-24. 2
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1, 2. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida com Referências e Al-
gumas Variantes – Edição Revista e Corrigida, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro –
RJ.
6. 6
O relato bíblico da desobediência do homem tem sido ridicularizado pelos
que se acham sábios, conforme a sabedoria do mundo. Nenhum ser humano, por
mais conhecimentos filosóficos e científicos que possua, consegue avaliar o significa-
do desse nefasto acontecimento. Somente o Criador pode avaliar corretamente esse
evento e suas conseqüências. Portanto, para compreendê-lo, necessitamos de uma
atitude humilde e de fé para ouvir aquilo que o Criador tem a nos ensinar sobre isso.
O primeiro ensinamento contido no relato da Criação é que o Criador fez o
homem para ser feliz. Para tanto, o Senhor criou a Natureza com um suprimento ili-
mitado de coisas úteis aos seres humanos, enfim, tudo o que pudesse beneficiá-lo,
incluindo-se aí o dom de trazer novas vidas à existência, mediante o casamento. Por
isso, a família é tão importante no relacionamento humano e no relacionamento dos
seres humanos com seu Criador. Outro ponto importante, que se infere da leitura de
Gên. 3:8, é que os seres humanos tinham o alto privilégio de receber diariamente, à
tardinha, a visita pessoal do Criador, para uma amizade e um companheirismo face a
face. Mas aconteceu alguma coisa que mudou radicalmente toda essa felicidade: a
desobediência. Adverte-nos o profeta:
“Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e
os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que não vos ouça.” – Isa. 59:
2. 3
Quando Adão e Eva desobedeceram, eles receberam sobre si os efeitos da
transgressão. Um dos efeitos diz respeito ao relacionamento interpessoal ou hori-
zontal. Vemos, no relato de Gên. 3, que após ser perguntado por Deus se havia co-
mido o fruto do conhecimento do bem e do mal, Adão acusou Eva pelo ocorrido. Por
sua vez, Eva, ao ser questionada, lançou a culpa sobre a serpente. Fica evidente,
aqui, que a harmonia do relacionamento amoroso entre Adão e Eva foi quebrado,
fazendo surgir, assim, uma tensão horizontal, quer dizer, entre o ser humano e seu
semelhante. Ao tentarem afastar a culpa de si mesmos, Adão e Eva estavam, na
verdade, culpando a Deus, pois o Senhor havia dado Eva para ser companheira de
Adão. Por sua vez, a serpente era Criação de Deus. Surge, então, a tensão vertical
entre o ser humano e seu Criador. Assim, foi rompido o companheirismo com Deus.
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3. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida com Referências e Algu-
mas Variantes – Edição Revista e Corrigida, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro – RJ.
7. 7
A desobediência é rebelião contra o Criador, e a rebelião é uma atitude
gravíssima, que nos leva a desprezar a misericórdia do Senhor (1 Ped. 3:20; Heb.
3:12-19), a menos que haja em nós o arrependimento e a conversão, que é o retorno
a Deus (em hebraico, teshuvah). O Senhor mesmo nos convida:
“Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados são
como a escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que são vermelhos
como o carmesim, se tornarão como a lã.” – Isa. 1:18. 4
A conseqüência da rebelião, ou seja, do pecado, é a morte (Rom. 6:23), a
qual passou para todos os humanos (Rom. 5:12). Em Gên. 3:22-23, está esclarecido
que o homem e a mulher foram expulsos do Éden antes de comerem o fruto da
Árvore da Vida. Ou seja, eles não receberam o Dom da Vida Eterna e ficaram sujeitos
à morte. Mas a morte que resulta do pecado não é esta que ocorre todos os dias en-
tre a humanidade. A morte que é a maldição do pecado é a morte eterna (Apo. 20:6
e 14), que nos separa definitivamente de Deus e da família de Deus (Efe. 4:18). Foi
para remover essa maldição do pecado que Deus enviou Seu Filho, na forma de um
ser humano fraco, humilde e sofredor. Em Jesus, o Criador sofreu a conseqüência do
pecado em nosso lugar. Jesus morreu em nosso lugar; e depois ressuscitou (Rom.
4:23-25), para garantir para os que nEle crêem o direito à ressurreição da Vida Eterna
(Rom. 6:22-23). Uma dentre muitas definições bíblicas para o pecado é esta:
“Todo aquele que pratica o pecado, também transgride a lei: porque o pe-
cado é a transgressão da lei.” – I João 3:4. 5
Qual é a relação entre a lei e o pecado?
“... Visto que ninguém será justificado diante dEle por obras da lei, em ra-
zão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.” – Rom. 3:20. 6
“Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não teria
conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobi-
ça se a lei não dissera: Não cobiçarás.
...
“Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo e justo e bom.
...
“Porque bem sabemos que a lei é espiritual...” – Rom. 7:7, 12 e 14. 7
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4, 5, 6 e 7. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida com Referências
e Algumas Variantes – Edição Revista e Corrigida, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro
– RJ.
8. 8
Vemos, assim, que a função da lei é definir o que é pecado, mostrando a
cada um de nós nossa condição de pecadores perdidos. Ao mesmo tempo, essa
mesma lei nos mostra o quão urgentemente necessitamos do efeito purificador do
sangue de Jesus Cristo, nosso Salvador. Então, a lei nos leva para Cristo. Assim, a
Lei de Deus, ou Decálogo, tem o objetivo de nos mostrar a existência de duas
grandes tensões: a tensão vertical e a tensão horizontal. E essas tensões precisam
ser resolvidas. A existência da tensão vertical é demonstrada pelos quatro primeiros
mandamentos da Lei de Deus (Êxo. 20:2-11), pois dizem respeito ao Criador. Já a
existência da tensão horizontal é demonstrada pelos outros seis mandamentos (Êxo.
20:12-17), porque estão focalizados em nosso relacionamento com o próximo.
Para resolver o grave problema da desobediência (=pecado), Deus elabo-
rou previamente um plano de resgate chamado PLANO DA SALVAÇÃO (I Ped. 1:19-
21; Mat. 13:35, 25:34; Efe. 1:4; Heb. 2:3). Somente o Plano da Salvação pode re-
solver a tensão vertical e a tensão horizontal. Essas tensões foram resolvidas por
Cristo (Efe. 2:16-19; II Cor. 5:18-19). A resolução de ambas, na vida do crente, de-
pende da habitação do Espírito em nossas mentes e corações (Heb. 10:15 a 17). E a
concessão do Espírito depende de nos submetermos à Vontade de Deus para nós,
mediante a fé no sacrifício de Seu Filho (Heb. 11:6). Existe uma relação teológica
entre a salvação, a fé, a obediência e a concessão do Espírito, como está escrito:
“... embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas cousas que sofreu
e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da Salvação Eterna para todos os que
Lhe obedecem, tendo sido nomeado por Deus Sumo Sacerdote, segundo a ordem
[sacerdotal] de Melquisedeque.” – Heb. 5:8-10. 8
“... e que agora se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das
Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus Eterno, para a obediência
por fé, entre todas as nações...” – Rom. 16:26. 9
“Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito Santo,
que Deus outorgou aos que Lhe obedecem.” – Atos 5:32. 10
“E aquele que guarda os Seus Mandamentos permanece em Deus, e
Deus nele. E nisto conhecemos que Ele permanece em nós, pelo Espírito que nos
deu.” – I João 3:24. 11
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8, 9, 10 e 11. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida com Referên-
cias e Algumas Variantes – Edição Revista e Corrigida, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de
Janeiro – RJ.
9. 9
Vemos, assim, portanto, que também existe uma relação teológica entre o
Espírito Santo e os Dez Mandamentos, ou Decálogo.
Como afirmamos antes, o Plano da Redenção foi esboçado com a função
de resolver ambas as tensões horizontal e vertical. Esse plano é a única maneira efi-
caz de reconciliar os seres humanos com seu Criador e com seus semelhantes. Mas
os principais beneficiados, nós, precisamos cooperar com o Plano da Redenção para
torná-lo mais eficiente. A eficácia e a eficiência foram, assim, incorporadas ao plane-
jamento divino muito tempo antes que a ciência da administração fosse organizada
pelos pensadores humanos.
Se o Plano da Redenção requer que os seres humanos participem de seus
elementos constitutivos, então fazia-se necessário que esse plano fosse tornado co-
nhecido aos humanos, não é mesmo? Assim foi que o Criador decidiu tornar conheci-
da Sua Vontade e Desígnio aos seres criados, aos quais Ele tanto almeja beneficiar.
E a forma de comunicação escolhida foi a Revelação de Si mesmo aos profetas, para
que estes transmitissem aos escolhidos de Deus qual é o propósito Divino para suas
vidas.
Inicialmente, essa Revelação precisou ser guardada na memória, e passa-
da oralmente de geração a geração para não ser esquecida. Chegou, porém, o dia
em que os humanos aprenderam a registrar por escrito sua história de vida e, com is-
so, a Revelação também passou a ser gravada em caracteres alfabéticos para que as
gerações futuras tivessem acesso a ela. Assim, pelas mãos do Profeta Moisés surgiu
a Torá, que é a primeira porção formadora das Escrituras Sagradas. Após a Torá os
demais profetas escolhidos por Deus fizeram seus próprios registros e os acrescenta-
ram às Santas Escrituras (Amós 3:7). Assim, a Revelação chegou aos nossos dias.
É importante notar que a Revelação foi dada aos humanos de forma cifrada
e não como uma narrativa aberta, seqüencial e ininterrupta. Certamente existem afir-
mações claras, que não deixam dúvidas sobre seu significado. Mas, também, existem
as revelações cifradas que contém ensinamentos ocultos, que precisam ser investiga-
dos com oração e dedicação pelo pesquisador para que sejam compreendidas com
clareza (Isa. 28 :10). Essa forma de comunicação de Deus a Seus profetas é feita
através de "símiles" (Ose. 12: 10) e "sombras" (Heb. 10:1). Essas revelações que
estavam veladas é que vamos passar a estudar de agora em diante.
13. 13
I N T R O D U Ç Ã O
Um dos desafios enfrentados pela Teologia é o fato de não ser considera-
da uma Ciência exata. Cada uma das religiões existentes entre a Humanidade (cris-
tianismo, judaísmo, islamismo, budismo, bramanismo, etc.) possui teologia própria. E
não apenas as religiões, mas também as suas subdivisões e sectarismos possuem
teologia voltada ao objetivo de dar suporte a sua razão de ser, ao motivo de sua
existência. Muitas seitas apegam-se a um determinado aspecto da religião e o levam
como bandeira, tornando-se intolerantes com os demais da mesma fé que não ado-
tam sua linha de pensamento e prática. É claro que isto desvirtua a finalidade da boa
prática religiosa, que é religar o homem a Deus.
No cristianismo, apesar das denominações serem diferentes e até diver-
gentes, a teologia possui alguns pontos em comum. O principal deles, é claro, diz
respeito à pessoa de CRISTO, sem o qual não há razão de ser para a vida cristã.
Contudo, na maioria das vezes, é esquecido que a pregação de Jesus tinha como um
de seus propósitos conduzir o cristão a tratar com tolerância os seus semelhantes
que têm idéias e práticas diferentes.
Outro ponto em comum diz respeito ao estudo das Santas Escrituras, na
qual estão registradas a promessa de um Redentor (no Antigo Testamento = AT) e o
cumprimento da promessa (em o Novo Testamento = NT). No afã de compreender a
Bíblia e explicá-la de forma inteligível à razão humana, os teólogos cristãos adotaram
uma terminologia própria. Um exemplo disso é a palavra tipo, que pode ser traduzida
como símbolo prefigurativo/preditivo. O seu antônimo é a palavra antítipo, que pode-
mos traduzir como sendo o personagem histórico ou o fato (evento) histórico real que
era prefigurado pelo tipo. Mas há ocasiões em que não é possível criar um termo
teológico apropriado para uma determinada explicação. Por este motivo, e por razão
exclusivamente didática, tomaremos emprestadas as palavras força e impulso da
ciência exata chamada Física, por serem as palavras mais adequadas à explanação
do tema que desejamos estudar. Também para fins didáticos usaremos a técnica da
recapitulação, pois “a repetição é a mãe do aprendizado”. Por isto, esperamos poder
contar com a tolerância de nossos leitores.
O AUTOR.
17. 17
O SIGNIFICADO DA EXPRESSÃO
“TEMPO DETERMINADO”
A versão da Bíblia para o português, feita pelo padre João Ferreira de Al-
meida, traz a expressão “tempo determinado” em diversos versículos. Essa tradução
foi feita com base nos manuscritos gregos disponíveis. No texto grego é utilizada
apenas uma palavra: kairós/kairóis/kairon (que são flexões de kairós):
"
..." 12
- Lev. 23:4 [grifo suprido]
Na tradução para o português, surge a expressão tempo determinado:
“São estas as festas fixas do Senhor, as santas convocações, que procla-
mareis no seu tempo determinado.” – Lev. 23:4.
13
[grifos supridos]
SIGNIFICADO PRIMÁRIO: A FORÇA TEMPORAL PREDITIVA
A palavra kairós (flexionada como kairoùs) aparece, pela primeira vez, no
Livro do Gênesis:
“
”. 14
–
Gênesis 1:14. [grifo suprido]
Inicialmente, a expressão tempo determinado está diretamente relaciona-
da com as estações climáticas: Primavera, Verão, Outono e Inverno, como se lê na
versão bíblica abaixo:
“Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem
separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e
anos.” – Gên. 1:14.
15
[grifos supridos]
______________________
12. The Blue Letter Bible On Line (www.blueletterbible.org)
13. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida - Edição Revista e Atuali-
zada no Brasil, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro - RJ.
14. The Blue Letter Bible On Line (www.blueletterbible.org).
15. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida - Edição Revista e Atuali-
zada no Brasil, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro - RJ.
18. 18
Há, ainda, outra variante da tradução de João Ferreira de Almeida, muito
interessante para nosso estudo, onde o mesmo texto bíblico tem o seguinte teor:
“E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separa-
ção entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e
para dias e anos.” – Gên. 1:14.
16
[grifos supridos]
Já a Bíblia de Jerusalém traduz de outra forma:
“Deus disse: ‘Que haja luzeiros no firmamento do céu para separar o
dia e a noite; que eles sirvam de sinais, tanto para as festas quanto para os dias e os
anos; que sejam luzeiros no firmamento do céu para iluminar a terra’ e assim se fez.”
– Gên. 1:14-15.
17
[grifos supridos]
A tradução da Bíblia de Jerusalém decorre da existência de uma antiga
tradição dos povos orientais, que consiste na realização de festas religiosas para
celebração das colheitas anuais. Essa tradição foi incorporada por Deus ao sistema
religioso dos Hebreus:
“As primícias dos frutos da tua terra trarás à casa do Senhor teu Deus.” –
Êxo. 23:19.
18
[grifos supridos]
“Também guardarás a festa das semanas, que é a festa das primí-
cias da ceifa do trigo e a festa da colheita no fim do ano.” – Êxo. 34:22.
19
[grifos
supridos]
Durante o período de servidão no Egito, os israelitas aprenderam que ocor-
riam duas colheitas anuais. Na Primavera, ocorria a colheita dos cereais e no Outono
ocorria a colheita dos frutos da terra.
________________________
16. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida com Referências e Algu-
mas Variantes – Edição Revista e Corrigida, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro – RJ.
17. A Bíblia de Jerusalém. Nova edição, revista. Edições Paulinas, São Paulo–SP, Brasil, 1985 –
Tradução do texto em língua portuguesa diretamente dos originais (ver página do imprimatur).
18, 19. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida - Edição Revista e
Atualizada no Brasil, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro - RJ.
19. 19
Durante a peregrinação pelo deserto, essas duas festas foram caracteriza-
das de forma bem distinta, sendo introduzidas no cerimonial do Santuário. Conside-
rando que os hebreus viviam no Hemisfério Norte, a Primavera iniciava no final de
março ou início de abril e o Outono em setembro. Jesus também falou da colheita de
cereais, que ocorre na Primavera, mencionando que há um tempo determinado para
ela, conforme está registrado em Mateus 13:30. Vejamos o texto grego:
“
” 20
[grifo suprido]
Podemos fazer a seguinte tradução daquele texto:
“Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo determinado (da co-
lheita), direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado;
mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro.” [grifamos]
A colheita dos cereais era celebrada na estação climática da Primavera, e o
Dia de Pentecostes era a ocasião máxima da celebração da ceifa da Primavera, co-
mo se lê abaixo:
“E celebrarás a Festa das Semanas (Pentecostes) ao Senhor teu Deus,
com ofertas voluntárias da tua mão, segundo o Senhor teu Deus te houver abençoa-
do.” – Deu. 16:10.
21
[explicação entre parênteses suprida]
Da mesma forma, Jesus afirmou que há um tempo determinado para a
colheita dos frutos da terra, que ocorre no Outono. Isso está registrado em Mateus
21:34:
“
” 22
[grifo suprido]
__________________________________________
20. The Blue Letter Bible On Line (www.blueletterbible.org).
21. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida - Edição Revista e Atua-
lizada no Brasil, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro - RJ.
22. The Blue Letter Bible On Line (www.blueletterbible.org).
20. 20
Traduzindo-se para o português, o texto acima tem o seguinte significado:
“Quando o tempo determinado da colheita das uvas chegou, enviou os
seus servos aos lavradores, para receberem as uvas a que tinha direito.” [grifos su-
pridos]
A colheita dos frutos da terra era celebrada na estação do Outono, e a Fes-
ta dos Tabernáculos era a ocasião máxima da celebração da colheita do Outono:
“Porém aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido os
produtos da terra, celebrareis a festa do Senhor por sete dias; ao primeiro dia, e
também ao oitavo, haverá descanso solene.” – Lev. 23:39.
23
[grifos supridos]
“A Festa dos Tabernáculos celebra-la-ás por sete dias, quando houveres
recolhido da tua eira e do teu lagar.” – Deu. 16:13.
24
[grifos supridos]
Fica evidenciado que, num primeiro momento, as Santas Escrituras utilizam
a expressão tempo determinado para caracterizar as estações do ano com suas
colheitas específicas: a dos cereais, na Primavera, e a dos frutos da terra, no Outono.
No Outono eram colhidas as seguintes frutas: romãs, uvas, figos, tâmaras,
damascos e azeitonas, além de outras. Era no Outono que se realizava a vindima,
quando as uvas deviam ser pisadas no lagar para produzir o “vinho novo” ou mosto.
Também, nessa ocasião, as azeitonas eram maceradas no lagar para a
extração do óleo de oliva, tão necessário no dia-a-dia das famílias, mas, também,
para preparação do óleo da unção sacerdotal e do óleo sagrado para o candelabro do
Tabernáculo (Menorá).
As Escrituras também relacionam essa expressão às Festas Religiosas,
porque elas estão diretamente ligadas às Festas de Colheita. Essas ocasiões são
próprias para o culto de Ação de Graças, com o objetivo de agradecer a Deus o
resultado do trabalho agrícola e a subsistência das famílias do povo.
____________________________
23 e 24. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida - Edição Revista e
Atualizada no Brasil, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro - RJ.
23. 23
Assim, essa expressão pode assumir dois significados no seu sentido
primário:
1) os cereais ficarão maduros na Primavera e a primeira colheita do ano
agrícola ocorrerá, com toda certeza, na estação da Primavera e não no Outono;
2) os frutos da terra ficarão maduros no Outono e a última colheita do ano
agrícola ocorrerá, com certeza, no Outono e não na Primavera.
Como tudo ocorre invariavelmente de modo infalível, periódico e constante,
isso dá às estações climáticas de colheita uma importância muito grande dentro do
conceito de tempo dos povos que dependem de sua regularidade, conduzindo os
fatos a uma condição de certeza absoluta quanto a sua ocorrência, a uma condição
de previsão infalível.
Deste modo, fica estabelecido que a expressão “tempo determinado”, em
relação a tempo específico, tem uma força temporal preditiva que é derivada do
sentido primário ou literal do termo, em decorrência da observação do suceder
sistemático e infalível das estações climáticas e das suas respectivas produções
agrícolas específicas (a colheita de cereais na Primavera e a colheita dos frutos da
terra no Outono).
A definição do Dicionário Zeta-Kappa do Novo Testamento Grego-Inglês,
para o termo kairós, nos esclarece isso:
“Kairós. tempo de Deus, isto é, Seu tempo determinado... Todavia, kairós
usualmente denota ‘um ponto ou momento específico no tempo’...”
25
[grifos supri-
dos]
Para fins proféticos essa força temporal preditiva está focalizada nas
estações climáticas de colheita (Primavera/Outono), como evidenciam as Escritu-
ras.
_______________________
25. The Complete Biblical Library – The New Testament Greek-English Dictionary Zeta-Kappa, vol. 13,
page 213, Printed in United States of America 1990 by R. Donnelley and Sons Company, Chicago,
Illinois 60606.
24. 24
Prova do Módulo I
1- Qual é a expressão bíblica, em português, que expressa o fator temporal?
a) tempo qualquer
b) tempo nenhum
c) tempo determinado
2- Das palavras abaixo, qual é o original grego que expressa o fator temporal?
a) cairo
b) kairós e suas flexões (corresponde ao hebraico mo’ed)
c) quarois
3- A expressão tempo determinado aparece pela 1ª vez na Bíblia em qual texto?
a) Dan. 11:29
b) Lev. 23:4
c) Gên. 1:14
4- As versões bíblicas traduzem a palavra kairós de diversas maneiras. Qual é a tradução mais ade-
quada para expressar o fator temporal?
a) estações
b) festas
c) tempo determinado
5- De acordo com os textos de Êxo. 23:19 e 34:22, a expressão tempo determinado está ligada a
qual atividade agricola?
a) arar ou lavrar a terra
b) semeadura
c) colheita dos frutos e ceifa do trigo e da cevada
6- Jesus afirmou, em Mat. 13:30, que há um tempo determinado para a colheita dos cereais. De
acordo com Deu. 16:10, qual é a festa que Deus determinou para ser celebrada a colheita dos
cereais?
a) Páscoa
b) Primícias
c) Pentecostes
7- Considerando que a Bíblia foi escrita no Hemisfério Norte, em que estação climática é celebrada a
colheita dos cereais?
a) Outono
b) Inverno
c) Primavera
8- Jesus afirmou, em Mat. 21:34, que há um tempo determinado para a colheita das uvas e frutos
da terra. De acordo com Lev. 23:34 e 40, a Festa dos Tabernáculos foi determinada por Deus pa-
ra a celebração da colheita dos frutos da terra. Em que estação climática ela é celebrada?
a) Inverno
b) Verão
c) Outono
9- A observação da ocorrência sistemática e infalível das estações das colheitas anuais deu aos se-
res humanos a certeza absoluta quanto a sua ocorrência, conduzindo os fatos a uma condição de
previsão infalível. Qual é a força profética que se origina dessa certeza e dessa previsão infalível?
a) força centrífuga
b) força centrípeta
c) força temporal preditiva
10- Em quais meses do Calendário Bíblico (calendário judaico) são celebradas a Páscoa e o Pente-
costes?
a) Abibe (ou Nisan) e Sivan
b) Kisleu e Tevet
c) Tishri e Adar
27. 27
SIGNIFICADO ESCATOLÓGICO:
A FORÇA TEMPORAL PROSPECTIVA
O significado escatológico da expressão bíblica tempo determinado de-
corre do modo como ela é usada pelos profetas e outros escritores bíblicos, mediante
a inspiração do Espírito Santo (Dan. 11:27, 29, 35; Hab. 2:3; Apo. 11:18). Isto signifi-
ca que, por diversas vezes, nas Escrituras, a expressão tempo determinado é utiliza-
da sem fazer menção direta às estações climáticas ou às Festas Estivais.
Outro ponto importante, que devemos salientar, é que essa expressão bíbli-
ca não permite que seja calculado o ano ou a data do cumprimento da promessa/pro-
fecia feita por Deus, mas sempre mantém o sentido de um tempo especial no qual o
Senhor se manifestará em favor de Seu Povo.
Este uso é proveniente de um fato muito singular, ocorrido na era patriarcal,
no período em que somente existia a tradição oral, anterior à existência das Escritu-
ras. O fato ao qual nos referimos integra a experiência de fé vivida por Abraão no
decorrer de sua peregrinação, enquanto aguardava o cumprimento das promessas
que o Senhor lhe havia feito. O evento histórico vivido pelo “Pai da Fé” foi posterior-
mente registrado nos Escritos Sagrados, acredita-se que pelo próprio Moisés, para
que nos possamos inspirar na atitude de humildade, confiança e fé que aquele Pa-
triarca manifestou (Rom. 4:18 a 25).
A Bíblia nos relata, em Gên. 15, que o Senhor manteve um diálogo pessoal
com Abraão para confirmar a promessa que lhe havia feito e para fazer Aliança com
ele e seus descendentes. A promessa parecia muito demorada em cumprir-se, pois o
Patriarca estava em idade muito avançada e aos olhos humanos parecia impossível
que ele e sua idosa esposa pudessem vir a gerar um filho.
Nessa ocasião, o Senhor profetizou a Abraão que sua descendência seria
submetida à escravidão por cerca de 400 anos, mas que passado esse tempo eles
ganhariam a liberdade e sairiam com muitas riquezas (Gên. 15:14). Então, fez Aliança
com ele.
28. 28
O cumprimento dessa promessa/profecia está relatado em Êxo. 12:
“Aconteceu que, ao cabo dos quatrocentos e trinta anos, nesse mesmo
dia, todas as hostes do Senhor saíram da terra do Egito.
“Esta noite se observará ao Senhor, porque nela os tirou da terra do Egito:
esta é a noite do Senhor, que devem todos os filhos de Israel comemorar nas suas
gerações...
“Naquele mesmo dia tirou o Senhor os filhos de Israel do Egito, segundo
as suas turmas.” – Êxo. 12:41, 42 e 51.
26
[grifos supridos]
Alguns dirão: a expressão mesmo dia refere-se ao dia instituído em Êxo.
12:3, 5, 6 e 12. Mas o verdadeiro sentido da expressão é transcender essa instituição
imediata e remeter-nos ao dia em que o Senhor havia conversado com Abraão, 430
anos antes. Essa expressão tem como objetivo determinar que a data em questão era
a data de ‘aniversário’ do diálogo que o Senhor havia mantido com Abraão, muitos
séculos antes do Êxodo.
Com isto fica estabelecido que a expressão nesse mesmo dia refere-se ao
dia em que se completaram os quatrocentos e trinta anos, que é o dia no qual deve-
ria cumprir-se a profecia. Portanto, esse era o mesmo dia no qual o Senhor havia
feito a promessa a Abraão no passado. Se Êxo. 12:2, 6 e 17 estabelece que esse era
o dia posterior ao 14° dia do 1° mês (Aviv/Nisan), então, conseqüentemente, o dia no
qual Deus havia profetizado a Abraão também era o dia 15 de Aviv/Nisan (após o pôr-
do-sol do dia 14: ver Gên. 1:4, 8, 13; Lev. 23:32).
Mesmo não existindo ainda o calendário judaico, na época de Abraão, isso
não invalida o fato de que a contagem do tempo de 430 anos deveria findar no mes-
mo dia em que o Senhor havia feito Suas promessas àquele patriarca, porque todas
as datas fazem aniversário no mesmo dia e no mesmo mês, todos os anos.
Como o Plano da Redenção faz uso do calendário judaico, os ocidentais
necessitam fazer a conversão para as datas do calendário gregoriano. É importante
notar, também, que o mês de Aviv/Nisan (março/abril) corresponde à estação climá-
tica da Primavera, no Hemisfério Norte, onde se situa Israel.
_________________________
26. Bíblia Sagrada, versão Almeida Revista e Atualizada, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de
Janeiro-RJ.
32. 32
Assim como Abraão havia oferecido um sacrifício à tarde (Gên. 15:7 a 12 e
17), também os filhos de Israel realizaram o sacrifício do cordeiro pascal na tarde do
dia 14 de Nisan, estando ainda no Egito. Naquela noite, de 14 para 15 de Nisan,
efetuou-se a passagem do Anjo Destruidor e a morte dos primogênitos, motivando o
Faraó a ordenar a Moisés que levasse o Povo de Israel para fora do Egito (Êxo. 12:29
a 43).
Vejamos o esquema abaixo:
É relevante observar que a entrada do Povo de Israel na Terra Prometida
ocorreu em concomitância com as Festas da Primavera (Jos. 5:10 a 12). Observe es-
se outro esquema:
Por quê é relevante essa “coincidência”? Porque isso significa que Israel
começou a tomar posse de Canaã na mesma época do ano (na Primavera) na qual o
Senhor havia renovado Sua promessa a Abraão (Gên. 15:16 a 21). A promessa de
libertação do cativeiro egípcio, e da posse de Canaã, foram feitas a Abraão na Pri-
mavera (noite de 14/15 de Aviv/Nisan).
O cumprimento, pela libertação de Israel da servidão no Egito, ocorreu na
Primavera (14/15 de Aviv/Nisan). A posse da Terra de Canaã, por Israel, iniciou seu
cumprimento na Primavera (14/15 de Aviv/Nisan).
Primavera Páscoa (Primavera)
14/15 de Nisan 14/15 de Nisan
Deus Profetiza a Abraão ______ Cumprimento da Profecia
Era Patriarcal 430 Anos Libertação do Cativeiro
Páscoa (Primavera) Páscoa (Primavera)
14/15 de Nisan 14/15 de Nisan
EGITO CANAÃ
LIBERTAÇÃO 40 Anos TERRA PROMETIDA
33. 33
Tudo isso foi previamente planejado pelo Senhor, para ensinar Seus filhos
a terem fé em Suas promessas. Assim sendo, podemos fazer a seguinte conclusão:
O comentário abaixo tem o sentido de confirmar isso:
“Tempo. No grego é kairós, um tempo particular com um propósito defini-
do.”
27
[grifos supridos]
Na Bíblia, a palavra kairós e suas flexões são utilizadas para designar um
tempo especial no qual o Criador deseja encontrar-Se com Seu povo. Essa palavra
também transmite a idéia de que um acontecimento especial foi planejado por Deus
com muita antecedência. Ou seja, ela dá a entender que há um planejamento inteli-
gente em todo o Plano da Redenção, com um propósito a ser alcançado no futuro.
Sendo que o Antigo Testamento (AT) foi escrito no idioma hebraico, a pa-
lavra usada para a expressão tempo determinado é “mow’ed”. [grifamos] Quando
ocorreu a tradução do AT para o grego, chamada Septuaginta, foi escolhida a palavra
grega “kairós” para a mesma expressão.
Como o Novo Testamento foi escrito originalmente em grego, a palavra
grega kairós é utilizada com o mesmo sentido e significado do Antigo Testamento.
Leiamos o original grego da Septuaginta:
“
”
- Lev. 23:4 [grifo suprido]
Em caracteres do alfabeto latino, kairóis é uma flexão da palavra kairós.
_________________________
27. Comentário Bíblico Adventista del Séptimo Día, Pacific Press Publishing Association, Mountain
View, California, USA, Primera Edición, 1981, Tomo 7, p. 820 (comentário de Apo. 11:18).
28. The Blue Letter Bible On Line (www.blueletterbible.org).
A força temporal prospectiva está focalizada no futuro
cumprimento das promessas/profecias, dadas por Deus
em favor de Seu povo.
34. 34
A CRUZ E O TEMPO DETERMINADO
Ao referir-se ao tempo da morte de Cristo na cruz, Paulo, o Apóstolo dos
Gentios, inspirado pelo Espírito Santo, nos faz uma revelação muito importante.
Vejamos, primeiramente, o texto grego neotestamentário da Epístola aos Romanos:
“
” 29
- Rom. 5:6. [grifo suprido]
Podemos traduzir esse texto da seguinte forma: “Porque Cristo, quando nós
ainda éramos fracos, no tempo determinado, morreu pelos ímpios.” – Rom. 5:6.
[grifos supridos]
A Bíblia de Jerusalém contém a tradução mais aproximada do sentido que
é dado pela palavra grega kairon, que é outra flexão da palavra grega kairós:
“Foi, com efeito, quando ainda éramos fracos que Cristo, no tempo marca-
do, morreu pelos ímpios.” – Rom. 5:6.
30
[grifos supridos]
O tempo marcado, ao qual se refere a Escritura, está registrado nos
Evangelhos (João 18:28 e 19:14). Na opinião do comentarista bíblico, H. Douglas
Buckwalter:
“A morte de Jesus não foi acidental... (Rom. 6:10; Heb. 7:27 e 9:26; I
Ped. 3:18), tendo ocorrido exatamente quando Deus havia planejado (Rom.
5:6)...”
31
[grifos supridos]
Nos Evangelhos está registrado que Cristo foi crucificado e morto no Dia da
Páscoa (João 19:14 e 17-37). Fica, então, evidenciado, que a morte do Cordeiro anti-
típico ocorreu no tempo exato que estava previsto, no Plano da Redenção para acon-
tecer esse evento: o dia em que era sacrificado o cordeiro pascal.
_____________________________
29. Novo Testamento Trilíngüe. Novum Testamentum Graece - 4ª edição. Publicado no Brasil com a
devida autorização e com todos os direitos reservados por SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA
NOVA, São Paulo-SP, 1998, reimpressões: 1999, 2000, 2001, 2003. (Em Grego, Português e Inglês).
30. A Bíblia de Jerusalém. Nova edição, revista. Ed. Paulinas – SP, Brasil, 1985. ISBN 85-0500365-9.
31. Buckwalter, H. Douglas in Baker’s Evangelical Dictionary of Biblical Theology. Edited by Walter A.
Elwell. Copyright 1996 by Walter A. Elwell. Published by Baker Books, a division of Baker Book House
Company, PO Box 6287, Grand Ra-pids, Michigan 49516-6287. All rights reserved. Verbete ‘Time’.
35. 35
A MORTE DE JESUS
OCORREU NO
TEMPO DETERMINADO.
(ROM. 5:6)
36. 36
Assim, fica demonstrado que o Senhor estabeleceu uma relação teológico-
profética entre a expressão tempo determinado e as Festas Religiosas (Lev. 23:4). A
essa relação teológico-profética chamamos de sentido escatológico, conforme
podemos ler abaixo:
“Kairós. tempo de Deus, isto é, Seu tempo determinado, concernente às
ações de Deus na história da salvação de Israel (exemplo: Êxodo 34:18; Números
9:13; Deuteronômio 1:9, 16, 18)... Kairós pode assumir significado escatológico
como ‘um ponto no futuro’ quando Deus irá agir (Jeremias 3:17; cf. 4:11 [do
julgamento]; cf. 14:8). ...”
32
[grifos supridos]
Esse sentido escatológico da expressão tempo determinado faz com que
surja a força temporal prospectiva da expressão. Ela indica que há uma designa-
ção Divina quanto ao tempo do futuro cumprimento escatológico das promes-
sas/profecias incluídas pelo Senhor no Plano da Redenção.
A ocorrência do sentido escatológico juntamente com a força preditiva, já
estudada, estabelece uma intensificação e o surgimento da força temporal prospec-
tiva/preditiva da expressão tempo determinado. Isso possibilita seu uso pela Revela-
ção nas profecias de tempo escatológico e específico.
Portanto, a expressão tempo determinado foi Divinamente designada
para essa finalidade.
Os tipos possuem a sua própria força prospectiva/preditiva, como veremos
adiante, mas essa força está voltada exclusivamente para os fatos históricos reais
que eles prefiguram. Deste modo, a força prospectiva/preditiva do tipo indica a
ocorrência futura de algum evento ligado ao Plano da Salvação. Já a expressão
tempo determinado tem sua força prospectiva/preditiva diretamente ligada ao tempo
(ocasião) do cumprimento antitípico.
O comentário, a seguir transcrito, confirma esse fato:
___________________________
37. 37
32. The Complete Biblical Library – The New Testament Greek-English Dictionary Zeta-Kappa, vol.
13, page 213, Printed in United States of America 1990 by R. Donnelley and Sons Company, Chicago,
Illinois 60606.
“Tempo. Gr. kairós, ‘tempo’, com o significado de... um tempo estabeleci-
do de antemão para um acontecimento particular.”
33
[grifos supridos]
A força temporal prospectiva/preditiva da expressão tempo determi-
nado, que é uma intensificação da certeza e da previsão infalível, impulsiona/
obriga esse evento futuro a ocorrer na ocasião específica indicada (na Primavera, se
o tipo estiver contido numa das Festas da Primavera; no Outono, se estiver contido
numa das Festas do Outono).
A maior evidência disso ocorre em o Novo Testamento, onde os Apóstolos
de Jesus tiveram enorme cuidado em relatar os fatos ocorridos nos dias das Festas
da Primavera, em relação direta com a vida e obra de Cristo, indicando, assim, que
as Festas Religiosas da Primavera tinham como objetivo precípuo apontar para o
Primeiro Advento e para a Salvação da Humanidade.
___________________________________________
38. 38
33. Comentário Bíblico Adventista del Séptimo Día, Pacific Press Publishing Association, Mountain
View, California, USA, Primera Edición, 1981, Tomo 7, p. 748 (comentário de Apo. 1:3), ISBN 0-8163
-9957-3.
41. 41
A TIPOLOGIA DA PRIMAVERA E SEU CUMPRIMENTO ANTITÍPICO
Os escritores do Novo Testamento (NT) demonstraram sobejamente que a
tipologia é o melhor modo de podermos compreender o Antigo Testamento (AT), ou
seja, o AT contém símbolos prefigurativos que são explicados por meio do cumpri-
mento literal antitípico neotestamentário. Leiamos, agora, uma explicação sobre o
significado da palavra tipo:
“A palavra grega tupos, da qual deriva a palavra tipo, tem uma variedade de
denotações no Novo Testamento. As idéias básicas expressas por tupos e seus
sinônimos são os conceitos de parecença, semelhança e similaridade. A seguinte
definição de tipo desenvolveu-se de um estudo indutivo do uso bíblico deste conceito:
tipo é uma relação representativa preordenada que certas pessoas, eventos e
instituições têm com pessoas, eventos e instituições correspondentes, que ocorrem
numa época posterior na história da salvação. Provavelmente a maioria dos teólo-
gos evangélicos concordaria com esta definição de tipologia bíblica.”
34
[grifos supri-
dos]
O principal símbolo contido na Festa da Páscoa é o cordeiro (Lev. 12:3, 5,
6, 21 a 27). Isaías profetizou a respeito do Messias sofredor, comparando-O com um
cordeiro (Isa. 53:7). Também profetizou Sua morte pelos nossos pecados (Isa. 53:8 a
12). O cordeiro era um componente muito importante do cerimonial do culto israelita.
Por sua vez, em o Novo Testamento, o Profeta João Batista identificou
Jesus como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do Mundo” (João 1:29), e Paulo,
o Apóstolo dos Gentios, diz: “Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (I Cor.
5:7).
Quando Jesus entregou sua vida na cruz, por nós, Ele cumpriu essas profe-
cias (Heb. 9:11,12 e 28). Este foi o cumprimento literal dos símbolos contidos naquela
festa religiosa estival. Também o Apocalipse retoma o símbolo do cordeiro (Apo. 5:6),
com a intenção de mostrar que o Jesus Glorificado e Ressurreto reassumiu todos os
Seus atributos da Divindade no Céu, após haver cumprido na Terra Sua missão como
um cordeiro. Ele foi investido na função Sumo Sacerdotal, segundo a ordem sacerdo-
tal de Melquisedeque, pois o sacerdócio levítico foi substituído por outro superior.
42. 42
_____________________________
34. Virkler, Henry A. Hermenêutica: Princípios e Processos de Interpretação Bíblica, traduzido por Luiz
Aparecido Caruso, 2ª impressão, 1990, Editora Vida, Miami, Florida 33167 – E.U.A., pág. 141.
Observemos o esquema abaixo:
TIPO ANTÍTIPO DIA
Cordeiro
Imolação/Sacrifício
Pessoa = Messias/Cristo
Morte Vicária/Substituinte
(1° dia)
tarde de 14 de Nisan
Deste modo nos é dado perceber que o símbolo cordeiro era o tipo e que o
Messias (Cristo) era o antítipo, ou seja, o personagem histórico real representado
pelo animal simbólico. Há uma intensificação entre o tipo e o antítipo. Vejamos, no
comentário abaixo, as características que ajudam a identificar os tipos bíblicos:
“Há três características básicas de tipos que podemos identificar. A primeira
é que ‘deve haver algum ponto notável de semelhança ou analogia’ entre o tipo e seu
antítipo. Isto não significa que não haja, também, muitos pontos de dessemelhança...
“Segunda, ‘deve haver evidência de que a coisa tipificada representa o tipo
que Deus indicou’... Um ponto de vista moderado, que conta com o apoio da maioria
dos estudiosos do assunto (e.g., Terry, Berkhof, Mickelsen, Eichrodt, Ramm, e ou-
tros), diz que para a semelhança ser tipo deve haver alguma evidência de afirmação
divina da correspondência entre tipo e antítipo, embora tal afirmação não precise ser
formalmente declarada.
“A terceira característica de um tipo é que ele ‘deve prefigurar alguma coi-
sa futura’. Os antítipos no Novo Testamento apresentam verdade mais plenamente
cumprida do que no Antigo.
“A correspondência no Novo revela o que era nascente no Antigo. A tipologia é, por
conseguinte, uma forma especial de profecia. (...)
“Resumindo: para que uma figura seja tipo deve haver (1) alguma seme-
lhança ou analogia notável entre o tipo e o antítipo; (2) alguma evidência de que
Deus indicou que o tipo representa a coisa tipificada; e (3) algum antítipo futuro
correspondente.”
35
[grifo suprido]
Sobre o cumprimento antitípico do símbolo contido no Dia das Primícias
(Lev. 23:10 a 12), Paulo nos diz, em I Cor. 15:20: “Mas agora Cristo ressuscitou dos
mortos, e foi feito as primícias dos que dormem.”
43. 43
________________________
35. Virkler, Henry A. Hermenêutica: Princípios e Processos de Interpretação Bíblica, traduzido por Luiz
Aparecido Caruso, 2ª impressão, 1990, Editora Vida, Miami, Florida 33167 - E.U.A., pp. 143 e 144.
45. 45
Vejamos o quadro explicativo, abaixo:
TIPO ANTÍTIPO DIA
Feixe de
cereais
(Lev. 23:10)
Evento = Ressurreição de Cristo
(I Cor. 15:20; João 20:1 a 9)
(3° dia)
manhã de 16 de Nisan
(Luc. 24:1 a 7)
As Festas da Primavera continham uma tipologia profética focalizada total-
mente no 1º Advento do Messias. Os dias dessas festas eram os seguintes:
1º dia: Páscoa judaica, em 14 de Nisan;
2º dia: Dia dos Pães Asmos, em 15 de Nisan; e
3º dia: Dia das Primícias, em 16 de Nisan.
As Escrituras dão a entender que Jesus ficou em repouso, na tumba de
José de Arimatéia, durante todo o dia 15 de Nisan, que coincidiu com o Sábado
semanal. Jesus somente retornou a viver após a ressurreição, que ocorreu no dia 16
de Nisan. Há uma controvérsia sobre se esse dia coincidiu, ou não, com o primeiro
dia da semana. Mas, para fins deste estudo, optaremos pela evidência bíblica.
O motivo de Jesus haver ressuscitado no primeiro dia da semana não foi
para mudar o dia de guarda. O real motivo foi porque esse era o ‘terceiro dia’, o Dia
das Primícias (Luc. 9:22; Mar. 8:31), que continha o tipo prefigurativo da ressurreição
(Lev. 23:10 e 11).
Portanto, o “sinal de Jonas” não deve ser entendido equivocadamente co-
mo uma indicação de que Cristo deveria ficar morto durante três dias de 24 horas ca-
da, num total de 72 horas. O verdadeiro “sinal de Jonas” é o terceiro dia, o dia no qual
Jonas foi devolvido com vida após haver estado “morto” no ventre do cachalote que o
engoliu. Esse terceiro dia, no qual Jonas retornou simbolicamente à vida, prefigurava
46. 46
a ressurreição de Jesus, a qual deveria ocorrer no terceiro dia, porque era o Dia
das Primícias, o qual continha a tipologia profética da ressurreição (o feixe movido).
47. 47
A TIPOLOGIA DO PENTECOSTES
Quanto ao Pentecostes, o símbolo prefigurativo do Espírito Santo é a “ale-
gria” (Deu. 16:11; Atos 13:52). A promessa da Plenitude do Espírito Santo foi me-
lhor esclarecida pelo Senhor quando inspirou o Profeta Joel a escrever sobre esse
tão importante tema:
“Alegrai-vos, pois, filhos de Sião, regozijai-vos no Senhor vosso Deus,
porque Ele vos dará em justa medida a chuva; fará descer, como outrora, a chuva
temporã e a serôdia.
“As eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de vinho e de
óleo.” – Joel 2:23, 24.
36
[grifos supridos]
A promessa inicial, dada a Israel (Deu. 11:14), referia-se às chuvas literais
que deviam ocorrer no seu tempo devido: a primeira, para fazer germinar a semente
lançada ao solo, e a última, para amadurecer o grão antes da colheita. Essa promes-
sa, tão importante para um lugar árido como a Palestina, poderia ter findado aí. Mas,
não foi assim. O Senhor tinha em mente algo da maior importância para Seu Povo.
Tratava-se de uma promessa superior às chuvas de água literal, mas que
deveria ser tipificada preditiva e profeticamente pela chuva temporã e também pela
chuva serôdia. Para não deixar dúvidas a esse respeito, Deus inspirou o Profeta Joel
a explicitar com toda clareza o significado daquela tipologia:
“E acontecerá depois que derramarei o Meu Espírito sobre toda a carne;
vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens
terão visões; até sobre os servos e sobre as servas derramarei o Meu Espírito
naqueles dias.” – Joel 2:28, 29.
37
[grifos supridos]
Essa promessa teve seu primeiro cumprimento no início da era evangélica,
e o derramamento do Espírito Santo sobre os discípulos do Mestre Jesus foi glorioso,
concedendo-lhes dons espirituais e firmeza de propósito inabalável para levarem
adiante as Boas Novas de Salvação pela Graça de Deus em Cristo.
48. 48
O registro desses fatos está contido no livro de Atos, em o Novo Testa-
mento (Atos 2:1 a 47).
_____________________________
36 e 37. Bíblia Sagrada, traduzida para o português por João Ferreira de Almeida com referências e
algumas variantes, edição Revista e Atualizada, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro-RJ.
“OS DISCÍPULOS, PORÉM,
TRANSBORDAVAM DE ALEGRIA
E DO ESPÍRITO SANTO.” ATOS 13:52
49. 49
O Senhor desvendou a Revelação ao Profeta Joel sobre a Plenitude do
Espírito Santo, e Ele determinou que o cumprimento antitípico dessa promessa fosse
registrado em o Novo Testamento, no livro de Atos. Deveríamos, então, perceber que
esse é um assunto que deve ser muito bem estudado, para ser bem compreendido.
Observemos o quadro demonstrativo abaixo:
P
P
PR
R
RO
O
OM
M
ME
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ES
S
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T
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É
ÉM
M
M
O
O
O T
T
TI
I
IP
P
PO
O
O
Chuva
Temporã
Joel 2:23
1ª Plenitude
Atos 2:16 e 33
Colheita da Primavera
Joel 2:24 (1ª parte)
Êxo. 34:22
Pentecostes
Deu. 16:9 a 11
Atos 2:1
A primeira plenitude é tipificada pela chuva temporã (Joel 2:23). Ela é uma
profecia da primeira efusão espiritual e iniciou seu cumprimento no Dia de
Pentecostes, em conexão com o Primeiro Advento (Atos2:1, 2). Mas por quê isso é
assim?
Como já estudamos anteriormente, a expressão bíblica tempo determi-
nado tem duas forças proféticas: a força temporal preditiva e a força temporal
prospectiva. Vimos, também, que a ação simultânea de ambas as forças produz uma
intensificação. Essa intensificação identifica a existência de uma ligação teológi-
co-profética divinamente designada.
Portanto, a primeira parte de Joel 2:24, ao dizer que “as eiras se encherão
de trigo”, identifica a colheita da Primavera e faz com que essa estação climática
passe a ser a ocasião do ano na qual a profecia deveria cumprir-se. E Jesus mesmo
mencionou a existência de um tempo determinado para a colheita de cereais, que
ocorre na Primavera (Mat. 13:30).
50. 50
A festa profética divinamente designada na Bíblia para a celebração da
colheita da Primavera é o PENTECOSTES - ou Shavuot para os hebreus (Êxo.
34:22). No quadro seguinte, temos o texto grego dos principais versículos do estudo
sobre a promessa do Espírito Santo:
A ALEGRIA COMO ‘TIPO’
DO ESPÍRITO SANTO
JOEL
JOEL
JOEL
GÁLATAS
TES.
ATOS
FILIPENSES
FILIPENSES
DEUT.
DEUT.
“euphrainó, verbo. A Septuaginta usa euphrainó, um sinônimo de
agalliaó e chairó (), para descrever o regozijo da parte de vários indivíduos.”
38
[todos os grifos foram supridos]
51. 51
______________________________
* Todos os textos em grego foram copiados da Blue Letter Bible On Line (www.blueletterbible.org).
38. The Complete Biblical Library - The New Testament Greek-English Dictionary, volume 12, page
655, printed in United States of America 1990 by R. R. Donnelley and Sons Company, Chicago,
Illinois, 60606.
Devemos lembrar que em Levítico 23:4, é dito: “São estas as festas fixas
do Senhor, as santas convocações, que proclamareis no seu tempo determinado:”
[grifos supridos] Devemos lembrar, também, que, logo a seguir, são determinadas
todas as festas religiosas que contêm tipos preditivo-proféticos. Uma dessas festas
religiosas é o Pentecostes. Essa é a festa religiosa destinada a celebrar a colheita da
Primavera (Deu. 16:9 a 11), que contém o tipo alegria o qual tipifica o Espírito Santo
(Atos 1:2 e 13:52). Portanto, a primeira efusão do Espírito deveria ocorrer no
contexto do 1° Advento. O comentário abaixo transcrito esclarece bem esse ponto:
“A seqüência da Páscoa ao Pentecostes é significativa na perspectiva do
Novo Testamento. A imolação do cordeiro pascal recordava a grande libertação do
Êxodo e marcava o início da colheita com a oferta das primícias, e a Festa das Sema-
nas era a grande celebração em ação de graças pela colheita dos grãos. A crucifixão
de Jesus, similarmente, foi o sacrifício para a libertação de Seu povo, e o subseqüen-
te derramamento do Espírito no Pentecostes foi o cumprimento daquilo que Seu sa-
crifício havia prometido (João 14:16-20; 16:7).”
39
Assim como a cerimônia de imolação e a aspersão do sangue do cordeiro
pascal propiciou a libertação dos hebreus que estavam sob o cativeiro no Egito, tam-
bém a morte do Cordeiro Antitípico (Jesus) propiciou a libertação de Seu povo que
estava sob o cativeiro do pecado. Portanto, os eventos relacionados ao Êxodo do
antigo Israel eram tipológicos e prefiguravam a libertação maior que Cristo realiza-
ria no 1° Advento. Devemos lembrar, também, que somente após o Êxodo é que a Lei
foi dada a Israel no Sinai. Os judeus crêem que a “Torá” (Lei) foi dada no dia 6 de
Sivan, que é a data do Pentecostes. Por meio dos profetas, o Senhor havia pro-
metido tirar o coração de pedra de Seu povo, dar-lhes um coração novo, e prometeu
dar-lhes Seu Espírito (Eze. 11:19-20 e 36:26-27). Disse, também, que imprimiria Suas
leis nas mentes deles e as escreveria em seus corações (Jer. 31:33). Portanto, a
doação da Lei no Sinai era um tipo que prefigurava o derramamento do Espírito na
Era Evangélica. A tipologia explica, portanto, por quê a concessão da Plenitude
Espiritual ocorreu após a morte e ressurreição do Cordeiro Antitípico, e não antes.
52. 52
Nada ocorreu fora de seu lugar próprio, nem ocorreu fora de seu próprio
tempo determinado. Vejamos, na próxima página, a opinião dos teólogos sobre a
tipologia:
________________________
39. Garret, Duane A. in Evangelical Dictionary of Biblical Theology. Edited by Walter A. Elwell. Copy-
right 1996 by Walter A, Elwell. Published by Baker Books, a division of Baker Book House Company,
PO Box 6287, Grand Rapids, Michigan, 49516 – 6287. All rights reserved. Verbete ‘Feasts and
Festivals of Israel’. U.S. ISBN 0-8010-2049-2.
Tipologia Bíblica: Pontos de Vista
I. Significado da Interpretação Neotestamentária da Tipologia do Antigo Testamento
A. Avaliações Modernas:
1. Leonard Goppelt: Tipologia “é a maneira central e distintiva encontrada em o
Novo Testamento para a compreensão das Escrituras.”
2. G. Ernest Wright: “A única palavra que talvez melhor que qualquer outra des-
creva o método da Igreja Primitiva de interpretar o AT é ‘tipologia’.”
3. Robert M. Grant: “O método do NT interpretar o Antigo é geralmente o da tipo-
logia.”
4. E. Earle Ellis (citando W. G. Kümmel): “A interpretação tipológica expressa mais
claramente ‘a atitude básica do Cristianismo primitivo para com o AT’.”
B. Crítica: As afirmações anteriores parecem exageradas, mas certamente a tipo-
logia provê um importante estudo de caso na hermenêutica do NT.
II. Duas Modernas Visões da Tipologia Bíblica: a Tradicional e a “Pós-crítica”.
53. 53
A. Tradicional: Tipologia é o estudo das prefigurações divinamente designadas
(na forma de pessoas/eventos/instituições) que apontam adiante para o cumprimento
antitípico delas em Cristo e nas realidades do evangelho demonstradas por Cristo.
B. “Neotipologia Pós-crítica”: Tipologia é o estudo das correspondências históricas
entre pessoas, eventos e instituições do AT e do NT, retroativamente reconhecidas
dentro da consistente revelação de Deus na história.
C. Principais elementos de diferença:
Tradicional Histórico-crítica
1. Fundamentada em realidades históricas 1. A historicidade não é essencial.
(a historicidade é essencial).
2. Prefigurações divinamente designadas. 2. Analogias/correspondências com
os modos similares da ação de Deus.
3. Prospectiva/preditiva. 3. Retrospectiva (pouco ou nenhum ele-
mento preditivo).
4. Prefigurações estendidas a detalhes 4. Envolve somente “situações parale-
específicos. las” gerais.
5. Inclui a tipologia vertical (santuário). 5. Rejeita a tipologia vertical como es-
tranha à perspectiva bíblica (Hebreus
= mítico/dualístico).
6. Envolve consistentes princípios de 6. Nenhum sistema ou ordem - liberdade
interpretação. do Espírito. 40
[grifos supridos]
____________________________
40. Davidson, Richard M. Symposium on Revelation: Introductory and Exegetical Studies – Book I.
Holbrook, Frank B. Ed. Silver Spring, MD: Biblical Research Institute of the General Conference of
SDAs, 1992. Chart 1, page 127.
54. 54
Isso tudo quer dizer que um determinado tipo prefigura preditivamente um
evento histórico específico, ou um personagem histórico específico, ligado ao
desvendamento do Plano da Redenção na História. Por exemplo, o cordeiro típico
somente pode prefigurar a Cristo e a nenhum outro personagem histórico real (João
1:29; Apo. 5:6; e 7:14). Da mesma forma, o feixe de cereais que era movido pelo
sacerdote no Dia das Primícias tipificava o evento histórico “ressurreição de Cristo” e
a nenhum outro evento histórico (I Cor. 15:20).
Já a chuva temporã, tendo em vista sua finalidade específica de fazer
germinar o grão, no início do ano agrícola, somente pode prefigurar a primeira
dotação da Plenitude Espiritual, para fazer germinar a semente do Evangelho (Isa.
55:10-11). A chuva serôdia, tendo em vista sua finalidade específica de fazer granar
o grão na espiga, antecedendo a colheita no final do ano agrícola, somente pode
prefigurar a última dotação da Plenitude Espiritual (Zac. 10:1; Ose. 6:3), visando à
conclusão da obra do Evangelho em todo o Mundo. Enquanto isso, o tipo alegria,
contido no Pentecostes, tipifica a ação do Espírito Santo (I Tes. 1:6). Esse mesmo
tipo está associado a outra festa profética. Infelizmente, as denominações religiosas
cristãs não querem perceber que o Senhor prometeu uma nova Plenitude do Espírito
Santo. Ela deverá ocorrer antes do Segundo Advento de Jesus. Sobre este fascinan-
te tema, voltaremos a estudar mais adiante.
Dessa forma, a Escritura demonstra que o tipo ou símbolo profético tem
sua força prospectiva/preditiva limitada exclusivamente ao personagem ou ao fato
histórico prefigurado por ele, ficando fora de seu alcance qualquer possibilidade de
interferir isoladamente sobre a questão do tempo/ocasião no qual deverá ocorrer o
seu cumprimento literal na História. Portanto, os tipos foram Divinamente designa-
dos para prefigurar preditivamente os fatos futuros, por isso têm força factual
prospectiva/preditiva focalizada unicamente no evento ou personagem que estão
prefigurando. Por esse motivo é que a Teologia tem-se dedicado, quase que exclusi-
vamente, ao estudo da Tipologia, deixando de perceber a existência do componente
temporal nas profecias contidas nas festas estivais de colheita. Contudo, já demons-
tramos sobejamente que o componente tipológico necessita do componente
temporal para cumprir-se na História, e vice-versa, porque ambos os componen-
tes são interdependentes e complementares entre si. (grifamos)
55. 55
Assim, fica evidente que as Festas da Primavera (Páscoa, Pães Asmos,
Primícias e Pentecostes) tinham a finalidade de apontar para o 1° Advento, pois
cumpriram-se na mesma estação climática (Primavera=força preditiva de tempo es-
pecífico). Da mesma forma que os hebreus deixaram o Egito no mesmo dia em que
a promessa havia sido feita a Abraão, 430 anos antes, também a morte e ressur-
reição do Messias, prefigurados pelos tipos da Primavera, tiveram seus cumprimen-
tos escatológicos consumados nos dias dessas festas e a Chuva Temporã no Dia de
Pentecostes (força prospectiva de tempo futuro). Então, podemos concluir que:
Isso está demonstrado no esquema abaixo:
Em tudo isso percebemos o seguinte:
(1) as Festas Religiosas contêm símbolos, também chamados de tipos,
que são prefigurativos de eventos futuros; são preditivo/proféticos. O fato de
serem Divinamente designados para prefigurar eventos ligados ao Plano da
Salvação lhes confere força factual prospectivo-preditiva, apenas quanto ao
evento;
(2) o cumprimento literal desses tipos é o cumprimento antitípico, sendo
o antítipo o evento histórico que vai sendo desvendado progressivamente na
História pela Revelação.
A força temporal prospectiva dá impulso à força temporal
preditiva, rumo ao futuro cumprimento escatológico final, que é
o cumprimento literal e histórico dos tipos proféticos.
Páscoa (Primavera) Páscoa (Primavera)
14/15 de Nisan 14/15 de Nisan
EGITO (1° Advento)
____________________________________________________________
LIBERTAÇÃO REDENÇÃO
DO CATIVEIRO FÍSICO DO CATIVEIRO ESPIRITUAL
58. 58
OS EFEITOS DAS FORÇAS PROFÉTICAS
As forças factuais, contidas nos tipos prefigurativos, têm efeito exclusiva-
mente sobre os eventos por eles prefigurados. A função das forças factuais, portan-
to, é causar efeito sobre o espaço físico, no qual os antítipos devem tornar-se fatos
reais palpáveis na História. Não se trata, aqui, do espaço sideral, mas, isto sim, de
um lugar físico na História, ou seja, um fato histórico, daí o uso do adjetivo factual.
As forças temporais, contidas na expressão tempo determinado, têm duplo efeito
sobre o tempo ou ocasião do cumprimento profético, da seguinte forma:
1) a força temporal preditiva age no sentido de conduzir o cumprimento
antitípico para uma estação climática de colheita (primavera, se o tipo
estiver contido numa das festas da primavera, e outono, se o tipo
estiver contido numa das festas do outono);
2) a força temporal prospectiva age no sentido de impulsionar/impelir a
força temporal preditiva rumo ao cumprimento escatológico final.
Cabe salientar que o momento escatológico do cumprimento antitípico
dos tipos prefigurativos é do conhecimento e autoridade exclusivos de Deus
(Atos 1:7). Portanto, não pode ser calculado matematicamente. A função das forças
temporais, então, é causar efeito sobre o tempo específico (ou estação climática) e
sobre o tempo do cumprimento futuro (ou seja, sobre o momento escatológico).
Esquematicamente, as forças proféticas podem ser representadas assim:
força preditiva + força prospectiva = Princípio Incidência
factual e temporal factual e temporal força coercitiva
A força profética coercitiva, ou Princípio Incidência, que é a força re-
sultante da ação simultânea das forças factuais preditiva e prospectiva, mais as
forças temporais preditiva e prospectiva, age no sentido de fazer incidir o cum-
primento antitípico ou escatológico do tipo sobre o dia da festa religiosa judaica
que contém o tipo prefigurativo.
59. 59
Podemos deduzir, então, que as forças proféticas agem sobre o espaço
físico e sobre o tempo cronológico. Assim sendo, as forças proféticas factuais e tem-
porais prospectivo-preditivas são forças espaço-temporais, porque causam efeito
sobre o espaço-tempo. As forças proféticas causam uma pressão sobre o espaço-
tempo e essa pressão obriga os antítipos a tornarem-se fatos reais na História.
Vejamos isso, esquematicamente, na ilustração abaixo:
VETOR ESPACIAL VETOR TEMPORAL
Pressão sobre o espaço Pressão sobre o tempo
PASSADO FUTURO
“TIPO” ESTAÇÃO
Forças factuais Forças temporais
O vetor espacial e o vetor temporal da força profética resultante, que é o
princípio incidência, demonstram claramente a existência do conceito de programa-
ção e de planejamento prévios contidos na estrutura do Plano da Redenção. O Prin-
cípio Incidência coage/obriga o cumprimento antitípico a incidir sobre o dia da festa
religiosa judaica que contém o tipo prefigurativo. Esse é o mecanismo de cumpri-
mento profético divinamente designado para conduzir o funcionamento do Plano
da Redenção.
A conseqüência de estarmos explicando as profecias mediante o uso do
sistema de forças, que tomamos emprestado da ciência exata chamada Física, é
que também aqui se aplica a Lei de Newton, que prevê o equilíbrio do sistema de
forças. O seu enunciado é o seguinte: “a toda ação corresponde uma reação em
sentido contrário de mesma grandeza ou magnitude”. Isso significa que se eu pres-
sionar minha mão sobre a mesa, no sentido de cima para baixo, automaticamente
agirá sobre minha mão outra força de mesma magnitude, só que no sentido inverso,
ou seja, de baixo para cima. Essa força, contrária à força que estou exercendo, tem
a finalidade de dar estabilidade ao sistema de forças de pressão.
60. 60
As Escrituras declaram expressamente que o Senhor conhece tanto o
passado quanto o futuro (Isa. 42:9), e que Ele pode antecipar ao homem aquilo que
ainda não sucedeu na História (Isa. 48:3-5), ou seja, aqueles fatos históricos reais
que estão para vir a acontecer no futuro da Humanidade. Ora, se há forças pro-
féticas que agem no sentido do passado para o futuro, deve haver, então, forças
proféticas que agem no sentido do futuro para o passado, para dar equilíbrio ao sis-
tema de forças. Portanto, está correta a ilustração anterior onde representamos as
forças com duas setas, uma apontando para o passado e outra para o futuro.
Podemos postular, então, que há uma contraforça factual prospectivo-
preditiva e uma contraforça temporal prospectivo-preditiva, que dão origem à Con-
traforça Coercitiva. Assim, se as forças factuais e temporais agem sobre os tipos,
então, as contraforças factuais e temporais atuam sobre os antítipos, conduzido-os
no sentido do futuro para o passado, para dar equilíbrio ao sistema de forças proféti-
cas. Como já vimos, a força temporal prospectivo-preditiva está programada pela
força factual prospectivo-preditiva dos tipos.
A contraforça temporal prospectivo-preditiva, por sua vez, está programa-
da com a contraforça factual prospectivo-preditiva dos antítipos. A ação simultânea
das contraforças faz surgir a contraforça coercitiva, cuja função é dar maior precisão
à ação do Princípio Incidência, de modo que não haja erro no cumprimento profético
antitípico, fazendo-o incidir com toda exatidão sobre o dia da festa religiosa judaica
que contém o tipo prefigurativo do evento profetizado.
Dessas evidências Bíblicas podemos deduzir o Princípio Incidência:
PRINCÍPIO INCIDÊNCIA é o nome que damos à FORÇA PROFÉTICA
COERCITIVA. Ela é a intensificação ou impulso derivado da ação simultânea da
força factual prospectiva/preditiva do tipo (focalizada no evento) + a força temporal
prospectiva/preditiva da expressão tempo determinado [focalizada na estação climá-
tica (=ocasião específica do ano) e no futuro cumprimento(=tempo escatológico não
conhecido)]. O tempo escatológico específico (ano) normalmente não está definido
na profecia contida na festa simbólica e não pode ser calculado matematicamente.
61. 61
O PRINCÍPIO INCIDÊNCIA faz com que o cumprimento antitípico do tipo
seja coagido/impelido a incidir sobre o dia da festa que prefigura o evento, que o
tipifica. Deste modo, as próprias Escrituras procuram nos motivar a um estudo mais
profundo e cuidadoso dos símbolos contidos nas Festas Religiosas, pois eles con-
têm revelações sobre o desdobramento do Plano da Salvação na História.
A existência das forças proféticas contidas na tipologia (forças proféticas
factuais prospectivo-preditivas dos eventos prefigurados) e das forças proféticas
contidas nas estações climáticas de colheita (forças proféticas temporais prospecti-
vo-preditivas de tempo específico e de tempo escatológico) causam a programação
prévia de todos os eventos ligados ao Plano da Redenção. Todo esse mecanis-
mo, portanto, faz parte de algo maior: um planejamento inteligente com um propósito
definido a ser alcançado no final dos tempos (II Tes. 1:5-10; Gál. 4:4, 5).
O Princípio Incidência funciona como um mecanismo de alta precisão, por-
que faz todos os tipos atingirem seus respectivos alvos no tempo determinado, ou
seja, faz os cumprimentos antitípicos incidirem sobre as festas proféticas que prefi-
guram cada evento. O comentarista bíblico H. Douglas Buckwalter torna bem clara a
noção de planejamento e de programação prévia contida no Plano da Salvação:
“A morte de Jesus não foi acidental... (Rom. 6:10; Heb. 7:27 e 9:26; I
Ped. 3:18), tendo ocorrido exatamente quando Deus havia planejado (Rom. 5:
6). Da mesma forma, o Segundo Advento de Jesus, que é o objetivo e o ponto
final da História da Redenção, virá a acontecer no tempo determinado de Deus
(Mar. 13:32; Atos 1:7 e 3:21; I Tim. 6:14-15). ”
41
[grifos supridos]
Outro texto bíblico que nos transmite a noção de planejamento prévio é
Atos 17:26-27. Uma tradução possível para Atos 17:26-27 é: “... de um só fez toda
raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado previamente os
tempos determinados e os limites de sua habitação; para buscarem a Deus...”
Esse é apenas mais um dos diversos textos bíblicos que nos dão certeza
de que toda a Criação teve origem num planejamento prévio inteligente, para alcan-
çar um propósito, um objetivo, uma meta também previamente estabelecida.
____________________________
41. Buckwalter, H. Douglas. op. cit.
63. 63
O PLANO DA REDENÇÃO É PROGRESSIVO
Vamos relembrar, que os tipos são profecias:
“A terceira característica de um tipo é que ele ‘deve prefigurar alguma
coisa futura’. Os antítipos no Novo Testamento apresentam verdade mais plena-
mente cumprida do que no Antigo. A correspondência no Novo revela o que era
nascente no Antigo. A tipologia é, por conseguinte, uma forma especial de
profecia. “
42
[grifos supridos]
As verdades bíblicas ensinadas por Deus são as mesmas, tanto no Antigo
Testamento quanto no Novo Testamento. A diferença do Novo Testamento é que ele
identifica a existência de um desenvolvimento maior das antigas verdades, do Antigo
Testamento, dando-lhes maior clareza à compreensão das gerações futuras. Isso
demonstra existir, na Bíblia, o conceito de revelação progressiva, como evidencia o
seguinte comentário:
“Ninguém duvida de que há um desenvolvimento, uma mudança, do An-
tigo Testamento para o Novo. Os crentes do Antigo Testamento esperavam com pra-
zer a vinda de um Redentor prometido; os crentes do Novo, ou viram pessoalmente,
ou voltaram os olhos para o passado, para seu Redentor. A nova aliança era supe-
rior à antiga. Os judeus rejeitaram o evangelho, e ele foi levado aos gentios. ... Re-
velação progressiva é o conceito de que a revelação de Deus aumentou gra-
dualmente em precisão, clareza e plenitude no decorrer do tempo, assim como
o tronco, as raízes e os galhos de uma árvore aumentam com o passar do tempo.”
43
[grifo suprido]
As Escrituras contém revelações que mostram aos fiéis de Cristo como o
Plano da Redenção será desdobrado na História de maneira progressiva, até atin-
gir seu cumprimento escatológico completo e definitivo. O relato bíblico demonstra
que já ocorreram: (1) a Redenção Passada, pela libertação de Israel do cativeiro no
Egito; e (2) a Redenção Presente, pela libertação do cativeiro do pecado, na morte e
ressurreição de Cristo, no 1° Advento. A Bíblia demonstra, também, que ainda faltam
ocorrer: (3) a Redenção Futura, pela libertação do cativeiro da morte, a cumprir-se
no 2° Advento, com a ressurreição dos crentes falecidos; e (4) a Redenção Eterna, a
cumprir-se após a descida da Nova Jerusalém (Apo. 21:2), quando serão destruídos
Satanás, os anjos caídos e os ímpios (Apo. 22:9). Assim, o Universo será purificado
e o mal deixará de existir para sempre.
_______________________
42, 43. Virkler, Henry A. Hermenêutica: Princípios e Processos de Interpretação Bíblica, traduzido por
Luiz Aparecido Caruso, 2ª impressão, 1990, Editora Vida, Miami, Florida 33167 – E.U.A., pp. 102/103
e 143/144.
64. 64
MAS NÃO FOI TUDO ABOLIDO NA CRUZ?
A maioria dos cristãos tem dificuldades para compreender certos textos
bíblicos que dizem que tudo foi abolido na cruz. A leitura de Col. 2:14 a 17, por
exemplo, nos dá a impressão de que após a cruz não há mais símbolos prefigurati-
vos destinados a um cumprimento no futuro, nalgum tempo posterior à morte e res-
surreição de Cristo. Para os Apóstolos de Jesus, que haviam vivido todo o cumpri-
mento antitípico dos símbolos da Primavera, e de modo mais intenso ainda o cumpri-
mento antitípico do Pentecostes, o sentimento era de que não havia mais nada para
ser cumprido no futuro distante. Após a ascensão de Cristo, eles imaginavam que
Seu Segundo Advento iria ocorrer dentro de muito pouco tempo, e que não haveria
demora de décadas ou séculos. O quê é que foi abolido na cruz, afinal? Vejamos as
explicações contidas nos comentários abaixo:
“O sangue derramado quando as oblações eram oferecidas apontava ao
sacrifício do Cordeiro de Deus. Todas as ofertas típicas tiveram nEle o seu cum-
primento.”
44
[grifos supridos]
“A lei ritual, com seus sacrifícios e ordenanças, devia ser cumprida pelos
hebreus até que o tipo encontrasse o antítipo, na morte de Cristo, o Cordeiro de
Deus que tira o pecado do Mundo. Então cessariam todas as ofertas sacrificais.
Foi esta a lei que Cristo ‘tirou do meio de nós, cravando-a na cruz.’ Colossenses 2:
14.”
45
[grifos supridos]
O primeiro componente tipológico que deveria ser extinto, a partir de seu
cumprimento antitípico na cruz, era o sacrifício de animais. Portanto, a função sacrifi-
cal foi cumprida na cruz e foi abolida. Havia mais alguma coisa a ser abolida, além
dos sacrifícios? O comentário seguinte ajuda-nos a encontrar essa resposta:
“No décimo quarto dia do mês, à tarde, celebrava-se a Páscoa, comemo-
rando as suas cerimônias solenes e impressionantes o livramento do cativeiro do
Egito, e apontando ao futuro sacrifício que libertaria do cativeiro do pecado. Quando
o Salvador rendeu Sua vida no Calvário, cessou a significação da Páscoa.”
46
[grifos supridos]
Somente o cumprimento definitivo da tipologia profética é que determina
que a função profética da festa prefigurativa foi abolida.
________________________________________________________________
44. White, Ellen G. Parábolas de Jesus, Casa Publicadora Brasileira, Santo André-SP, 1976, p. 126.
45. White, Ellen G. Patriarcas e Profetas, Casa Publicadora Brasileira, Santo André-SP, 1991, p. 379.
46. White, Ellen G. idem, p. 577.
65. 65
O histórico “livramento do cativeiro do Egito” era um tipo que prefigurava o
histórico “livramento do cativeiro do pecado”. Esse era o segundo componente tipo-
lógico que deveria ser abolido. E todos os tipos da Primavera tiveram seu cumpri-
mento escatológico definitivo no 1° Advento, cada um no seu próprio tempo
determinado, como já estudamos. Não há outros tipos não-cumpridos nas Festas
da Primavera. Elas tinham o objetivo precípuo de apontar para o 1º Advento de
Cristo e Sua obra Salvadora na cruz. Após haverem cumprido sua finalidade de
forma completa e definitiva, a função profética das Festas da Primavera foi abolida.
AS TRÊS FUNÇÕES DAS FESTAS PROFÉTICAS
1) A FUNÇÃO SACRIFICAL
A leitura do livro bíblico de Levíticos nos mostra que todas as cerimônias e
rituais religiosos judaicos estavam permeados pela necessidade de realização de sa-
crifícios de animais, cuja finalidade era expiar o pecado do penitente. Portanto, tam-
bém as festas religiosas anuais continham uma série de regras e preceitos explican-
do como deviam ser apresentados tais sacrifícios a Deus para que cada festividade
se tornasse aceitável ao Criador. A função sacrifical estava diretamente ligada à
atividade sacerdotal e envolvia a morte ritual de animais em lugar do pecador peni-
tente e o respectivo espargir do sangue junto ao altar do holocausto. A função sacri-
fical tinha o objetivo de apontar para o sacrifício do Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo e foi cumprida por Jesus Cristo, na cruz do Calvário. A citação
abaixo, de Ellen G. White, é esclarecedora:
"A lei ritual, com seus sacrifícios e ordenanças, devia ser cumprida pelos
hebreus até que o tipo encontrasse o antítipo, na morte de Cristo, o Cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo. Então cessariam todas as ofertas sacrificais.
Foi esta a lei que Cristo 'tirou do meio de nós, cravando-a na cruz.' Col. 2:14." 47
Ao Jesus expirar na cruz, a realidade prefigurada por esses sacrifícios foi
completada e Ele exclamou: "Está consumado!" Jesus cumpriu de forma plena a fun-
ção dessas oblações e foram extintas (Heb. 7:26-27; 9:9-12, 24-26; 10:1-4 e 10-14).
_________________________
47. White, Ellen G. Patriarcas e Profetas, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, SP, 1991, pág.
379.
66. 66
2) A FUNÇÃO PROFÉTICA
Nos módulos I a III, vimos que cada uma das festividades da Primavera
(Páscoa, Pães Asmos, Primícias e Pentecostes) possuíam símbolos chamados tipos
(ou sombras) cuja finalidade era representar profeticamente um evento futuro ligado
à História da Redenção (o antítipo, que é a realidade).
Vimos, também, que o fato histórico representado pelo símbolo é chamado
de antítipo e que ele é o cumprimento da profecia na história. Exemplo disso são o
tipo “cordeiro” e seu respectivo antítipo “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo”. Quando Jesus expirou na cruz, no mesmo dia e hora em que era realizado
o sacrifício ritual do cordeiro pascal no Templo, Ele cumpriu literalmente a profecia
contida tanto no símbolo (cordeiro) quanto no dia (a libertação do cativeiro).
A função profética estava diretamente ligada ao significado dos símbolos
prefigurativos, chamados de tipos e traduzidos como sombras. A Páscoa apontava
para o Primeiro Advento do Messias e foi cumprida por Jesus. Com isso, fica eviden-
te que Páscoa, Pães Asmos, Primícias e Pentecostes cumpriram suas respectivas
funções proféticas e não mais se cumprirão no futuro, porque esgotaram toda a tipo-
logia profético-prfigurativa. Por esse motivo, o Apocalipse não demonstra o cumpri-
mento futuro das Festas da Primavera, mas revela que apenas as Festas do Outono
terão cumprimento profético no futuro.
Embora a Teologia oficial não reconheça que o cumprimento do tipo ne-
cessita do componente temporal, contido na expressão tempo determinado, nós
provamos sobejamente a existência e a necessidade desse componente para o
cumprimento profético no tempo exato que Deus havia planejado (veja a citação nº
24, contida na página 51 deste estudo). Assim, a função profética se extingue à me-
dida em que a sua tipologia prefigurativa vai se cumprindo na História da Redenção.
Provamos, portanto, que a expressão tempo determinado foi divinamente
designada para essa finalidade. Por conseqüência, ficou também provada a
existência da função profética contida nas festas tipológicas de Levíticos 23.
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3) A FUNÇÃO MEMORIAL
Em Êxo. 12:14 e 13:14, fica muito clara a intenção e a ordem Divina aos
israelitas para uma observância perpétua da festividade da Páscoa. Em Lev. 23:4,
essa ordenança foi estendida para todas as festividades: as Festas da Primavera e
as Festas do Outono. Em Deu. 6:2 a 12 e 20 a 24, também é reforçada a função
memorial, para lembrança contínua das gerações futuras de Israel. Podemos consi-
derar, portanto, que as festas proféticas tinham esse componente memorial em cará-
ter cívico para a Nação Israelita, com a finalidade de fazer com que cada partici-
pante, juntamente com sua família, pudesse reviver a história de LIBERTAÇÃO
(=REDENÇÃO) dos seus ancestrais e lembrar-se das grandes obras que YAHWEH
havia realizado em favor de Seu Povo escolhido. Jesus, ao instituir a Santa Ceia, or-
denou aos discípulos que a celebrassem em memória dEle (Luc. 22:19). E o Após-
tolo Paulo afirma:
“Com efeito, eu mesmo recebi do Senhor o que vos transmiti: na noite em
que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e
disse: ‘Isto é o Meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de Mim.’
“Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice, dizendo: ‘Este
cálice é a Nova Aliança em Meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o
em memória de Mim.’
“Todas as vezes, pois, que comeis desse pão e bebeis desse cálice anun-
ciais a morte do Senhor até que Ele venha.” - 1º Cor. 11:23 a 26. 48
Com isso, fica demonstrado que devemos realizar a ceia na data da
Páscoa judaica, também.
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48. A Bíblia de Jerusalém. Nova edição, revista. Ed. Paulinas – SP, Brasil, 1985. ISBN 85-0500365-9.
A QUESTÃO DA CADUCIDADE
A Teologia oficial interpreta mal as epístolas apostólicas para apoiar sua
tese de que todo o Antigo Testamento foi abolido por Jesus, na cruz. Mesmo assim,
não tem vergonha nenhuma de buscar nele a argumentação necessária para apoiar
a busca pelos dízimos e ofertas, que são uma prática instituída pelo Antigo Testa-
mento. Então ele foi abolido para algumas coisas e para outras não, como convém
aos interesses dos dirigentes religiosos que querem locupletar-se com essas benes-
ses. Caso fosse verdade que o Antigo Testamento tivesse sido abolido, então não
poderiam mais ser usados seus ensinamentos para o que quer que fosse. Também
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no que diz respeito às festas proféticas, a Teologia oficial se faz de cega quanto ao
fato de que o livro do Apocalipse (em o Novo Testamento, portanto), contém claras
alusões às Festas do Outono. Na verdade, contém os antítipos delas e faz a de-
monstração do seu cumprimento futuro na História da Redenção. Ora, fica evidente
que, se Jesus tivesse abolido essas festas, João não poderia falar delas como fala
no Apocalipse afirmando que o cumprimento delas está ainda no futuro da História.
Exemplos do cumprimento escatológico desses tipos são as trombetas
nos capítulos 8:1 a 11:15 do Apocalipse; o juízo (yom kippur) antitípico, citado em
Apo. 11:18 e 19, que inicia com o julgamento dos mortos. O final dessa obra de jul-
gamento está indicado em Apo. 15:8. São citados símbolos da Festa dos Taber-
náculos em Apo. 14:14-20 (veja os tipos em Êxo. 22:29, Deu. 16:13; compare com
Isa. 27:12 e 63:2 a 6, Apo. 19:15) e de outros tipos dessa festa em Apo. 21:3, 6 e 23
a 22:5; Apo. 7:9 (compare com Lev. 23:40 e 42). Outra informação da maior im-
portância é que, em Deu. 31:10, o Senhor faz uma clara ligação teológica entre a
Festa dos Tabernáculos e a Redenção. A obra de Redenção iniciou no 1° Advento
de Cristo (Luc. 4:17-19), mas só será concluída na Redenção Eterna (Apo. 21:3-7).
Os textos citados são esclarecimentos sobre o cumprimento antitípico fu-
turo de alguns dos tipos contidos nas Festas do Outono. Em linguagem clara: aque-
les textos correspondem a uma apresentação antecipada do cumprimento escatoló-
gico, que ainda estava no futuro distante quando foi revelado a João. Exemplo disso
é a grande multidão, em Apo. 7:9 e 10, com vestes brancas e segurando ramos de
palmeira nas mãos. O quê significa essa visão?
“Apocalipse 7:9 e 10 apresenta o Povo de Deus celebrando a Festa dos
Tabernáculos no Santuário Celestial, diante do Trono de Deus. Eles têm folhas de
palmeira nas mãos – uma prática muito comum durante a celebração dessa festa.
Louvam a Deus pela maior de todas as bênçãos: a Salvação Eterna (verso 10)... e
eles podem celebrar a vitória do Cordeiro sobre as forças do mal.” 49
[grifos nossos]
Para confirmar que os ramos de palmeira são um dos símbolos contidos
na Festa dos Tabernáculos, basta ir a Lev. 23:40.
Com essas citações bíblicas e de teólogos, entendemos haver ficado so-
bejamente provado o fato de que as Festas do Outono ainda não se cumpriram na
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História da Redenção, mas seus cumprimentos proféticos literais ainda se encon-
tram adiante em nosso próprio futuro. Eles serão estudados mais adiante.
Retomando, agora, o assunto “caducidade”, usaremos um recurso usado
pelo próprio Jesus, que é o recurso da ilustração. Assim, vamos considerar que o
sistema das festas proféticas é uma caixa de jóias. A tampa da caixa é a função
sacrifical. Quando Jesus cumpriu a função sacrifical, a tampa da caixa foi removida
(abolida) e a caixa não mais será fechada. As jóias dentro da caixa são as profecias
(a função profética), que agora foram escancaradas ao olhar público, para que todos
possam vê-las e apreciá-las. Mas, onde está, então, a função memorial? A função
memorial é o arcabouço da caixa, que contém no seu interior as jóias (as profecias).
Portanto, a função sacrifical foi cumprida por Cristo na cruz e foi removida
(abolida) definitivamente. Já a função profética somente vai sendo abolida na me-
dida em que se cumpre toda a tipologia contida na festa profética. Enquanto isso, a
função memorial não é abolida, devido ao seu objetivo de fazer com que o Israel
de Deus reviva e relembre anualmente a experiência de seus ancestrais na fé e as
Grandes Obras que o Eterno realizou no passado de Israel (Deu. 6:20 a 25).
Por esse motivo, Jesus renovou o seder pascal (a ceia da páscoa) ao
instituir a cerimônia da Santa Ceia, que deve ser realizada “até que Ele venha” (1ª
Cor. 11:23-26). Portanto, a Santa Ceia é um memorial de Seu sofrimento por nós e
deve ser realizada, também, na verdadeira Páscoa, seguindo-se, para isso, a data
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49. Hardinge, Leslie & Holbrook, Frank. Levítico e Vida. CPB, Tatuí – SP, 1989, p. 91.
prevista no calendário judaico, com sua correspondente conversão ao calendário
gregoriano.
A verdadeira Páscoa, que Jesus celebrou no Cenáculo junto a seus discí-
pulos, não é contada 40 dias após o Carnaval, a menos que haja uma coincidência
da Páscoa judaica com aquela imposta pela Cúria Romana, respeitando-se, para is-
so, a data indicada pelo calendário judaico (Mat. 5:17 a 19).
Talvez, no futuro, haja uma convocação geral para datas anuais pa-
dronizadas, mas isso somente deve ser feito com um objetivo especifico: convocar
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os crentes para orar em prol da dotação da nova Plenitude do Espírito Santo, que é
a Chuva Serôdia. Diz o profeta: “Pedi ao Senhor chuva no tempo das chuvas serô-
dias...” – Zac. 10:1. Mas, sobre este tema, estudaremos mais adiante.
Atos 20:16 nos mostra que, muitos anos após a ascensão de Jesus, Pau-
lo, o Apóstolo dos gentios, celebrava o Pentecostes (ver também I Cor. 16:8); e o
Yom Kippur, em Atos 27:9 (ver comentário da Bíblia de Jerusalém, ao pé da página).
Por quê Paulo faria isso, já que ele não estava “debaixo da Lei” (ordenanças
judaicas)? Com certeza, porque ele sabia que não haviam sido abolidas na cruz.
Ao fazer a ligação teológica da Festa dos Tabernáculos com a Remissão,
em Deu. 31:10, o Senhor também ordenou que o povo fosse reunido (v. 12), tanto
judeus como gentios. O Profeta Zacarias recebeu a revelação de que todas as
nações dos gentios deveriam adorar ao Senhor na Festa dos Tabernáculos (Zac.
14:16-18). Em Apo. 21:3-7 e 7:9-15, nos é revelado que aquela ordenança será
observada pelos judeus e gentios remidos no cumprimento escatológico da Reden-
ção Eterna.
Por quê os remidos necessitam cumprir essa ordenança do Antigo Testa-
mento na Canaã Eterna? Certamente, porque essa ordenança não foi abolida, não é
mesmo? Assim, as palavras de Jesus, em Mat. 5:17 a 19, podem ser melhor com-
preendidas, a saber: que Ele não aboliu as festas que ainda não se cumpriram na
História. Elas devem ser observadas pelos crentes, anualmente, em memória das
grandes realizações de Deus na História passada, mas também para nos lembrar de
que Ele ainda realizará grandes obras em prol da Redenção Futura de Seu povo.
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OS TIPOS DO OUTONO TAMBÉM SÃO PROFECIAS
Como vimos, no capítulo anterior, existem duas visões modernas sobre a
Tipologia Bíblica: a Tradicional e a Pós-Crítica. Mas qual delas é a mais correta para
o nosso estudo dos tipos contidos nas Festas Religiosas do AT e seu cumprimento
antitípico no NT?
O Dr. Richard M. Davidson, teólogo da Andrews University, leciona o
seguinte: