2. O diagnóstico psicológico foi uma das
primeiras atividades profissionais do
psicólogo e desempenhou um papel
importante na sedimentação dessa profissão.
Na construção dos instrumentos de medida,
predominava a tentativa de corresponder ao
modelo de ciência vigente nas ciências
naturais.
3. Na relação estabelecida o cliente desempenha
papel passivo, quase o de “objeto” a ser
estudado. Ele é submetido a teste, avaliações,
observado em seus comportamentos e ações,
totalmente alijado de qualquer possibilidade
de participar das interpretações sobre o
material que forneceu, sem acesso ao
resultado escrito e sem condições de
discordar das conclusões.
4. Acrescenta-se a tudo isso a ênfase nos
aspectos psicopatológicos e a tendência a
encaminhar os pacientes para “tratamentos”
sem que ele compreenda exatamente sua
necessidade.
5. Foi no âmbito da Psicologia fenomenológico-
existencial que despontou a possibilidade de
o processo psicodiagnóstico tornar-se
interventivo e interativo. Pode-se dizer que o
profissional passou a adotar uma atitude de
respeito para com os significados já
atribuídos pelo próprio cliente aos seus
comportamentos, esperando sua colaboração
ao elaborar as possíveis interpretações.
6. A infelicidade da Psicologia clínica começa
pelo nome. Clínica vem de uma palavra grega
que significa cama. Para os gregos o médico
visitava os doentes acamados. A Psicologia
clínica, de imediato, se associa à idéia de
doença. A Psicologia clínica descende da
Psicopatologia, e dela se alimenta.
Diagnóstico e terapia são duas grandes
especialidades. O que significa esse fascínio
pelo jargão médico?
7. Para a Fenomenologia “ a objetividade do
processo de diagnóstico, preferimos dizer, do
processo de reconhecimento e compreensão
do cliente, fundamenta-se na
intersubjetividade. Isto supõe, por parte do
psicólogo, a observação de sua própria
subjetividade”. (Augras, 1998, p.14)
8. “o diagnóstico psicológico, da maneira como
usualmente é compreendido, é desnecessário
para a psicoterapia e pode, na verdade, ser
prejudicial ao processo terapêutico”
(Rogers,1992, p.253).
9. “há um grau de perda de identidade quando o
individuo passa a acreditar que só o
especialista pode avaliá-lo com exatidão e
que, portanto, a medida de seu valor pessoal
encontra-se nas mãos de uma outra pessoa”
(ROGERS, 1992, p.257).
10. o comportamento é causado, e a causa
psicológica do comportamento é uma certa
percepção ou maneira de perceber”.
(Rogers 1992, p.255)
A terapia consistiria, então, “... na experiência
das inadequações das velhas formas de
percepção, na experiência de novas
percepções, mais exatas e adequadas, e no
reconhecimento das relações significativas
entre as percepções”(Rogers, in Vieira & Miranda)
11. Desta forma, o cliente é o único capaz de
mudar um comportamento de forma efetiva,
não superficial, através da experiência de
uma mudança de percepção a respeito de sua
queixa, por ele ser “... a única pessoa capaz
de conhecer completamente a dinâmica de
suas percepções e de seu comportamento”
(Rogers in Vieira &Miranda)
12. num sentido significativo e acurado, a terapia é
diagnóstico, e esse diagnóstico é um processo
que se desenrola mais na experiência do cliente
do que no intelecto do terapeuta”. (Rogers,1992,
p.256)
Rogers afirma que "... o uso de testes
diagnósticos é pior do que perda de tempo [...]
relega o indivíduo para a categoria de objeto, de
modo que você possa pensar nele,
confortavelmente, sem considerá-lo como uma
pessoa real com quem você se relaciona".
(Rogers in Vieira &Miranda)
13. BIBLIOGRAFIA
AUGRAS, M. O ser da
compreensão:fenomenologia da situação de
psicodiagnóstico.Petrópolis:Vozes, 1998.
PIMENTEL, A. Psicodiagnóstico em Gestalt-
terapia. São Paulo:Summus, 2003.
ROGERS, C.R. Terapia centrada no cliente. São
Paulo: Martins Fontes, 1992.
VIEIRA, E. M. e Miranda, C. S. N.Diagnóstico e
ACP: Fotografias de mudança do uso do
diagnóstico no pensamento rogeriano.