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FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DO PENSAMENTO TEOLÓGICO.pptx

22 de Mar de 2023
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FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DO PENSAMENTO TEOLÓGICO.pptx

  1. FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DO PENSAMENTO TEOLÓGICO Pe. José Adalberto Vanzella
  2. PRIMEIRA PARTE INTRODUÇÃO 2
  3. RELAÇÃO ENTRE A BÍBLIA E A CULTURA HELÊNICA  Fontes da Teologia Cristã: Bíblia e cultura helênica  Elementos de convergência e de divergência:  Criação  O Gênesis afirma que o mundo tem uma origem e Deus criou todas as coisas  Aristóteles afirma que o universo não tem origem e o Motor Imóvel faz parte do universo 3
  4. RELAÇÃO ENTRE A BÍBLIA E A CULTURA HELÊNICA  Elementos de convergência  Tanto para a Bíblia como para Aristóteles o mundo possui uma causa com nomes diferentes  Bíblia – Deus cria o mundo  Aristóteles – o motor imóvel é a causa de todo movimento 4
  5. RELAÇÃO ENTRE A BÍBLIA E A CULTURA HELÊNICA  Elementos de divergência:  Bíblia: distinção ontológica entre Deus e o universo  Aristóteles: o motor imóvel faz parte do universo  Bíblia: Deus se revela  Aristóteles: busca dos princípios das operações do mundo  Bíblia: conhecimento salvífico  Aristóteles: conhecimento natural 5
  6. RELAÇÃO ENTRE A BÍBLIA E A CULTURA HELÊNICA  Consequências para o pensamento teológico  Necessidade de uma exposição da fé que pudesse ser compreendida pela cultura helênica  Perguntas que exigiam respostas para a compreensão da fé  O esforço desenvolvido para a elaboração doutrinal do pensamento cristão  A filosofia e a teologia no universo grego e cristão 6
  7. SEGUNDA PARTE FÉ E RAZÃO 7
  8. INTRODUÇÃO  Da antiguidade, passando pela Idade Média e alcançando a Idade Contemporânea, fé e razão é um tema bastante controverso.  Por quê?  Mas o que é a fé?  E a razão?  Podemos conciliar fé e razão?  Como? 8
  9. FÉ  Do latim fides. O termo é empregado em muitas acepções que poderiam ser divididas em profanas e religiosas. No sentido profano, significa dar crédito na existência do fato, fazer bom juízo sobre alguém, expressar sinceridade no modo de agir etc. Quando o testemunho no qual se baseia a confiança absoluta é a revelação divina, fala-se de Fé no seu sentido religioso. A Fé, neste sentido, não é um ato irracional. Com efeito, o espírito humano só pode aderir incondicionalmente a um objeto quando possui a certeza de que é verdadeiro. 9
  10. RAZÃO  Significa a faculdade de "bem julgar". Tem relação com o raciocínio discursivo. É conhecimento natural enquanto oposto ao conhecimento revelado, objeto da fé 10
  11. HISTÓRICO  Há duas correntes de pensamento que se cruzam: cristianismo e filosofia grega. Na antiguidade clássica grega prevalecia a filosofia e o pensamento, calcado na razão  Na Idade Média prevaleceu a teologia, que é a fé na revelação. A filosofia era considerada a ancilla theologiae (“serva da teologia”). Embora os medievais fossem mais teólogos do que filósofos, eles se esforçaram muito para encontrar uma síntese entre a fé e a razão 11
  12. HISTÓRICO  No final da Idade Média, este equilíbrio se rompe e a filosofia torna-se independente da fé e da revelação. É o aparecimento do iluminismo, em que tudo deveria ser explicado à luz da razão. É nessa época que surgem as ciências e o método teórico-experimental  Pascal, mesmo sendo homem de ciência, se rebelara contra a suprema autonomia da ciência. Para ele, embora a ciência tenha um poder extraordinário, ela não é capaz de explicar a origem do Espírito e do Universo 12
  13. FÉ RELIGIOSA  Fé religiosa é a crença nos dogmas das diversas religiões. A fé católica é a crença nos dogmas estabelecidos pela Igreja católica  Nesse caso, a fé pode ser cega ou raciocinada. Há um dogma, por exemplo, o da “Santíssima Trindade”. Podemos crer cegamente, ou raciocinar em cima dele. A fé cega, não examinando nada, aceita tanto o falso quanto o verdadeiro 13
  14. FÉ RELIGIOSA  Como a maioria das religiões pretende estar de posse da verdade, convém verificar se os seus dogmas tendem para a verdade ou para o erro  O autor da Carta aos Hebreus resumiu as características fundamentais da fé religiosa nos seguintes termos: “Fé é a garantia das coisas esperadas e a prova das que não se veem” (Hb, 2, 1) 14
  15. FÉ HUMANA  De acordo com a teologia, a fé é um assentimento da inteligência, motivado na autoridade alheia: se essa autoridade é humana, a fé chama-se humana  De acordo com o Espiritismo, a fé humana é caracterizada pela aplicação de nossas faculdades às necessidades terrestres  Um exemplo: o homem de gênio que persegue a realização de alguma grande empresa triunfa se tem fé, porque sente em si que pode e deve alcançar, e essa certeza lhe dá uma força imensa 15
  16. RAZÃO: INVERSÃO DE VALORES  Na antiguidade, a razão estava aliada ao raciocínio, à dialética, no sentido de se buscar a verdade das coisas  Se ela tivesse seguido o seu curso normal, teríamos o ser humano voltado para Deus e não para matéria, como vemos hoje. Endeusamos a razão e não o raciocínio, a inteligência, a consciência, o autoconhecimento  A razão humana deveria ser aplicada para formar o homem integral, o homem cósmico e não o homem-máquina, o homem-técnica, desprovido de valores morais superiores 16
  17. ILUMINISMO  O iluminismo francês está centrado em Voltaire, Montesquieu e Rousseau, entre outros  Apesar das diferenças de abordagem de cada pensador, há pelo menos dois pontos em comum: confiança na razão e repúdio à religião  Immanuel Kant (1724-1804) é o representante máximo do iluminismo alemão. O iluminismo kantiano é a saída dos homens do estado de minoridade devido a eles mesmos. A minoridade é a incapacidade de utilizar o próprio intelecto sem a orientação de outro. O sapere aude! kantiano tornou- se o lema do iluminismo 17
  18. RAZÃO E CIÊNCIA  A razão suspeitava de tudo  Para a comprovação dos fatos, precisava de provas, de fórmulas matemáticas. Daí, o aparecimento das diversas ciências, cujo conhecimento, que se tornava específico, ia cada vez mais se desmembrando do tronco comum da filosofia  O método teórico-experimental, em todos os campos do saber, prepara a revolução industrial. É de se notar que a revolução científica, que nasce com o renascimento, foi uma revolução do saber; a que nasce com a revolução industrial, é uma revolução da energia 18
  19. SANTO AGOSTINHO E SANTO TOMÁS DE AQUINO  Fé, Razão e Revelação são os pontos fundamentais de suas teorias  Santo Agostinho demonstra claramente sua vocação filosófica na medida em que, ao lado da fé na revelação, deseja ardentemente penetrar e compreender com a razão o conteúdo da mesma 19
  20. SANTO AGOSTINHO E SANTO TOMÁS DE AQUINO  Santo Tomás consegue, por seu turno, estabelecer o perfeito equilíbrio nas relações entre a Fé e a Razão, a teologia e a filosofia, distinguindo-as mas não as separando necessariamente  Ambas, com efeito, podem tratar do mesmo objeto: Deus, por exemplo  Contudo, a filosofia utiliza as luzes da razão natural, ao passo que a teologia se vale das luzes da razão divina manifestada na revelação 20
  21. FIDES ET RATIO  Para o papa João Paulo II, em sua Encíclica, Fides et Ratio, de 14 de setembro de 1998, fé e razão constituem as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade  Deus colocou no coração do ser humano o desejo de conhecer a verdade.  Para provar a sua tese, faz uma síntese das inter-relações entre filosofia, ciência e religião.  Conclui que nem a ciência e nem a razão (filosofia) podem prescindir da fé, sob pena de se desviarem da própria verdade 21
  22. CONCLUSÃO  A fé, direcionada pela razão, encaminha-nos para a atualização do nosso ser.  Para a realização de nossas tarefas, creiamos em nossas próprias forças.  Não nos esqueçamos, contudo, de pedir humildemente o beneplácito do divino amigo 22
  23. TERCEIRA PARTE O PENSAMENTO PLATÔNICO 23
  24. PLATÃO – VIDA E OBRAS 428 - 348  De família aristocrata  Discípulo de Sócrates  Fundou a Academia  36 diálogos  13 epístolas  1 coleção de definições 24
  25. OBRAS DE PLATÃO  Hípias menor: trata do agir humano;  Primeiro Alcibíades: trata da doutrina socrática do auto-conhecimento;  Segundo Alcibíades : trata do conhecimento;  Apologia de Sócrates: relata o discurso de defesa de Sócrates no tribunal de Atenas;  Eutífron: trata dos conceitos de piedade e impiedade;  Críton: trata da justiça; 25
  26. OBRAS DE PLATÃO  Hípias maior: discussão estética;  Hiparco: ocupa-se com os conceitos de cobiça e avidez;  Laques: trata da coragem;  Lísis: trata da amizade/amor;  Cármides: diálogo ético;  Protágoras: trata do conceito e natureza da virtude; 26
  27. OBRAS DE PLATÃO  Górgias: trata do verdadeiro filósofo em oposição aos sofistas;  Mênon: trata do ensino da virtude e da rememoração (anamnese);  Fédon: relata o julgamento e morte de Sócrates e trata da imortalidade da alma;  O Banquete: trata da origem, as diferentes manifestações e o significado do amor sensual;  Fedro: trata da retórica e do amor sensual;  Íon: trata de poesia; 27
  28. OBRAS DE PLATÃO  Menêxeno: elogio da morte no campo de batalha;  Eutidemo: crítica aos sofistas;  Crátilo: trata da natureza dos nomes;  A República: aborda vários temas, mas todos subordinados à questão central da justiça;  Parmênides: trata da ontologia. É neste diálogo que o jovem Sócrates, a personagem, defende a teoria das formas que é duramente criticada por Parmênides;  Teeteto: trata exclusivamente da Teoria do Conhecimento 28
  29. OBRAS DE PLATÃO  Sofista: diálogo de caráter ontológico, discute o problema da imagem, do falso e do não-ser;  Político: trata do perfil do homem político;  Filebo: versa sobre o bom e o belo e como o homem pode viver melhor;  Timeu: trata da origem do universo.  Crítias: Platão narra aqui mito de Atlântida através de Crítias (seu avô). É um diálogo inacabado; 29
  30. OBRAS DE PLATÃO  Leis: aborda vários temas da esfera política e jurídica. É o último (inacabado), mais longo e complexo diálogo de Platão;  Epidômite  Epístolas: Cartas (dentre as quais, somente a de número 7 (sete) é considerada realmente autêntica) 30
  31. O ARCO DO PENSAMENTO PLATÔNICO O arco do pensamento platônico Mundo sensível Conceitos Ideia 31
  32. O DUALISMO PLATÔNICO  O dualismo platônico  O mundo das ideias e suas características  O Demiurgo  O mundo sensível e suas características 32
  33. O DUALISMO PLATÔNICO  Realidade Inteligível – Mundo constituído por ideias eternas, onde algo é Imutável e igual a si mesmo  Realidade Sensível - são realidades dependentes, mutáveis e são imagens das realidades inteligíveis  Platão coloca uma nova visão sobre Parmênides e Heráclito 33
  34. O MITO DA CAVERNA 34
  35. O MITO DA CAVERNA  Situação 1 – olhando para a parede – a realidade sensível 35
  36. O MITO DA CAVERNA  As imagens projetadas pelo fogo na parede significam o mundo tal qual o vemos  São ilusões distorcidas e irreais  Nos possibilitam o conhecimento sensível ou empírico que nos dá apenas a opinião e não nos possibilita o conhecimento da verdade  Típico dos artesãos 36
  37. O MITO DA CAVERNA  Situação 2 – entre o fato e o fogo – realidade conceitual 37
  38. O MITO DA CAVERNA  Não vemos mais a parede, mas o lado iluminado das coisas  Isso nos possibilita a elaboração de conceitos  Primeira forma de pensamento abstrato  Característica dos militares e dos aristocratas 38
  39. O MITO DA CAVERNA  Situação 3 – Saindo da caverna – o pensamento filosófico 39
  40. O MITO DA CAVERNA  Quem sai da caverna vê a luz do sol e tudo o que existe  No início fica cego pela luz mas depois vê tudo com perfeição  Contempla as ideias e conhece a verdade  Característica dos filósofos 40
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  51. COMPARAÇÃO COM A ATUALIDADE  Extraindo a sabedoria que a Alegoria da Caverna nos ensina, percebemos que muitas vezes a realidade é outra, encoberta pelas sombras do desconhecimento  E não é fácil aceitar a realidade, convencer-se de que uma doutrina acatada por dezenas de anos possa conter ilusões 51
  52. COMPARAÇÃO COM A ATUALIDADE  Mostra-nos a visão de uma humanidade ignorante, prisioneira das sensações, do imediatismo e inconsciente de sua limitada perspectiva 52
  53. QUESTIONAMENTOS  O que é a caverna? O mundo em que vivemos  O que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos  Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo  O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade. 53
  54. QUESTIONAMENTOS  O que é o mundo exterior? O mundo das ideias verdadeiras ou da verdadeira realidade  Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética  O que é a visão do mundo real iluminado? A filosofia  Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembleia ateniense)? Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro 54
  55. REFLEXÕES  O homem sabe que o poder corrompe. O homem quer o poder para mudar o que está errado. Logo, o homem quer se corromper para mudar  O poder seduz o ignorante, o despreparado, o homem que não caminha em direção à luz, mas que precisa do jogo político para se sentir importante. Fora do jogo não sobrevive a um mínimo pensar 55
  56. REFLEXÕES  O aprendizado para tornar-se um homem lúcido passa por sofrimento e solidão, já que pensar é uma ato individual e necessita abstrair-se de prazeres materiais e transitórios  Pensar necessita querer sair das trevas da ignorância com coragem e abnegação 56
  57. REFLEXÕES  As amarras individuais são verdadeiras prisões guardadas pelo medo e pela ignorância, onde quebrar os ferrolhos leva o homem ao caminho da luz e da soberania.  Uma vez livre, a própria liberdade se encarregará de uni-lo a outros homens, também livres, formando nova corrente do pensar. 57
  58. REFLEXÕES  Vamos sair da caverna. Vamos descobrir que a luz do sol brilha intensamente e é possível determinar que os rumos das nossas vidas podem ser direcionadas por nós, não por homens de almas lamacentas. 58
  59. TEORIA DA CONTINGÊNCIA  O que há de permanente em um objeto é a Ideia  A mudança ocorre porque esse objeto não é uma Ideia, mas uma incompleta representação da Ideia desse objeto 59
  60. TEORIA DA CONTINGÊNCIA IDEIA A Casa O Homem A Árvore SOMBRAS As casas Os homens As árvores 60
  61. TEORIA DA CONTINGÊNCIA  O mundo em que vivemos é mera sombra, onde nada é estável ou permanente, impossibilitando o verdadeiro conhecimento, existe um reino mais elevado, espiritual, o mundo luminoso das idéias”  Como se libertar então? 61
  62. TEORIA DA REMINISCÊNCIA 62
  63. TEORIA DAS ALMAS  Alma apetitiva ou concupiscente: busca comidas, bebidas, sexo, prazeres, isto é, tudo o que é necessário para a conservação do corpo e para a geração de outros corpos; é irracional, termina com a morte do corpo, sendo, portanto, mortal; é nossa parte passional, sempre sequiosa e insatisfeita, sempre à procura de novos objetos de prazer. (Diretamente ligada ao corpo) 63
  64. TEORIA DAS ALMAS  Alma colérica: se irrita contra tudo quanto possa ameaçar a segurança do corpo e da vida, tudo quanto cause dor e sofrimento; porque incita a combater perigos contra a vida; é mortal, pois existe para defender o corpo contra agressões á vida corporal e, como a alma concupiscente, é irracional. (Diretamente ligada ao corpo) 64
  65. TEORIA DAS ALMAS  Alma racional: faculdade do conhecimento, parte espiritual e imortal, sede do pensamento e situada na cabeça; é a faculdade ativa e superior, o princípio divino em nós. Conhece o Bem e o Mal, a Verdade e as Ideias. 65
  66. TEORIA DAS ALMAS 66
  67. O CAMINHO DA VIRTUDE  Mas o que se entende por virtude? Virtudes são as características formadoras da moralidade humana, são as virtudes dos homens que determinam seu comportamento social, sua conduta como homens. Justamente as virtudes sustentadas por Platão como as de maior importância, ou seja, a justiça associada à moderação, à coragem e à sabedoria, formando o quádruplo das mais importantes, podem ser abaladas pelas paixões com as quais qualquer indivíduo pode, em algum tempo, se deixar envolver. 67
  68. A TEORIA DO CONHECIMENTO  Antes de nascer, a alma de cada pessoa vivia em uma estrela, onde se localizam as Ideias  Quando uma pessoa nasce, sua alma é "jogada" para a Terra, e o impacto que ocorre faz com que esqueça o que viu na estrela 68
  69. POLÍTICA: O CAMINHO PARA A REALIZAÇÃO PLENA DA FILOSOFIA ALMAS CONCUPISCENTE IRASCÍVEL RACIONAL CLASSES SOCIAIS ARTESÃOS MILITARES ARISTOCRACIA 69
  70. FORMAS DE GOVERNO FORMA DE GOVERNO ALMA CONCUPISCENTE PRAZERES ILÍCITOS TIRANIA PRAZERES LÍCITOS DEMOCRACIA 70
  71. FORMAS DE GOVERNO FORMA DE GOVERNO ALMA IRASCIVEL GOVERNO MILITAR TIMOCRACIA GOVERNO CIVIL OLIGARQUIA 71
  72. FORMAS DE GOVERNO FORMA DE GOVERNO ALMA RACIONAL MUITAS PESSOAS ARISTOCRACIA UMA PESSOA MONARQUIA 72
  73. VIDA SOCIAL  "Os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes, que os chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente" (Platão, Carta Sétima, 326b) 73
  74. VIDA SOCIAL  Magistrados e Militares não deveriam manter nenhuma posse, pois:  “a propriedade impede as pessoas de se dedicarem ao bem da coletividade”  O casamento e a vida familiar seriam proibidos, as uniões seriam decididas por juízes, com o objetivo de manter o vigor da raça 74
  75. VIDA SOCIAL  O que Platão imaginava como uma sociedade perfeita não passava de um novo regime aristocrático, dirigido por homens e mulheres inteiramente dedicados ao serviço público e ao aperfeiçoamento da raça humana 75
  76. QUARTA PARTE PENSAMENTO ARISTOTÉLICO 76
  77. BIOGRAFIA 77 384 – 322  Nasceu em Estagira  Pertenceu à Academia Foi preceptor de Alexandre, o Grande  Fundou o Liceu  Após a morte de Alexandre foi acusado de ateísmo  Exilou-se na Eubéia, onde morreu
  78. OBRAS  Órganon  Escritos sobre a física  A Metafísica  Ética a Nicômaco  Ética a Eudemo  A Grande Ética  A Política  Retórica  Poética 78
  79. A LÓGICA  A obra “Organon”  Princípio da identidade – todo ser é idêntico a si mesmo e a nenhum outro  Princípio da não contradição – nada pode ser e não ser ao mesmo tempo, sob o mesmo aspecto e nas mesmas condições  Terceiro excluído – entre a afirmação e a negação não existe nenhum termo  O todo é sempre maior que as partes 79
  80. A LÓGICA  O silogismo e o método dedutivo  Universal Adjetivo  Particular Universal  Particular Adjetivo 80
  81. A METAFÍSICA  A METAFÍSICA de Aristóteles é um grupo de 14 escritos de difícil leitura, que teve tremenda influência no pensamento filosófico.  Ele começa dizendo que todos os homens tem o desejo de conhecer. 81
  82. A METAFÍSICA  Há diferentes graus de conhecimento.  1) Há o conhecimento pela mera experiência  2) Há o conhecimento de uma arte objetivando realizações práticas  3) Mas há, além disso, um conhecimento que não tem nenhuma utilidade, buscado pelo interesse dele mesmo 82
  83. A METAFÍSICA  A ciência buscada ou ainda a filosofia primeira  Ou ainda metafísica  Ela é a ciência dos primeiros princípios e das primeiras causas  Esse deve ser o conhecimento mais conhecível, embora não para o intelecto humano, que começa sempre da experiência sensível, enquanto a metafísica é a ciência que se encontra mais distante dessa experiência, requerendo de nós considerável esforço de abstração racional para ser alcançada... 83
  84. A METAFÍSICA  Em busca dessa ciência, Aristóteles começa considerando as 4 causas:  1) Formal: forma, idéia, essência  2) Material: objeto  3) Eficiente: fonte de movimento  4) Final: finalidade 84
  85. A METAFÍSICA  Exemplo: O artífice tem uma peça de mármore (causa material). A estátua deverá ser de Vênus (causa formal). Ele intenciona construir uma estátua para o templo de Apolo (causa final). Ele a modela com o martelo e o cinzel (causa eficiente).  Trata se de Teoria das explicações 85
  86. A METAFÍSICA  Aristóteles também declara que ela concerne ao ser enquanto tal, ao ser enquanto ser  As ciências especiais isolam uma esfera particular do ser e investigam os atributos do ser naquela esfera...  Mas a metafísica investiga o ser em si mesmo e seus atributos essenciais 86
  87. A METAFÍSICA  Com que categoria de ser está a Metafísica concerne primariamente com a substância, posto que todas as coisas ou são substâncias ou afecções da substância  E se há uma substância imutável, então a metafísica estuda a substância imutável, posto que estuda o ser enquanto ser (e a verdadeira natureza do ser está no imutável mais do que no mutável) 87
  88. A METAFÍSICA  Deve haver pelo menos um ser imutável que causa o movimento, mas que permaneça imóvel, isso sendo mostrado pela impossibilidade de uma infinita série de fontes de movimento  Possuindo a completa natureza do ser esse motor imóvel deve ser divino. assim, a metafísica é também uma teologia 88
  89. A METAFÍSICA  Ele divide as substâncias em: 1) Mutáveis 2) Imutáveis  Ou então as divide em: 1) Sensíveis e perecíveis 2) Sensíveis e eternas (i.e. os corpos celestes) 3) Não-sensíveis e eternas 89
  90. A METAFÍSICA  A metafísica investiga o ser na categoria de substância, não o ser acidental, que não é objeto da ciência  Nem ser como verdade, pois verdadeiro e falso são atributos de juízos, não de coisas  A metafísica também estabelece os primeiros princípios ou axiomas, que governam os seres e o conhecimento 90
  91. A METAFÍSICA  Particularmente importante é o princípio da contradição  “Nada pode ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto.”  Não podemos dizer nada nem objetar nada nem justificar nada sem pressupor o princípio da contradição.  O cético que o rejeita nada é capaz de dizer, pois ao abrir a boca ele já o estará aceitando... 91
  92. CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS  Aristóteles critica a doutrina das ideias (“Platão é meu amigo, mas a verdade é mais”), mas exagera os defeitos desta com propósitos polêmicos  1 – Que o universal faz o conhecimento possível, diz Aristóteles, prova que o universal é real, mas não prova que ele subsiste à parte das coisas individuais 92
  93. CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS  2 – A doutrina é inútil, pois as formas platônicas duplicam sem propósito as coisas visíveis  3 – As formas são inúteis para nosso conhecimento das coisas, pois não estão nelas. Isso parece exprimir o interesse de Aristóteles pelo mundo visível 93
  94. CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS  4 – As formas são inúteis para explicar o movimento das coisas, seu surgir e decair  5 – As formas deveriam explicar os objetos sensíveis. Mas elas próprias seriam sensíveis: o homem ideal seria sensível, como Sócrates. As formas relembram então os deuses antropomórficos. Assim como os Deuses são homens eternos, as formas são sensíveis eternos! 94
  95. CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS  6 – A teoria das formas é impossível. como pode ser que as ideias, sendo as substâncias das coisas, possam existir à parte? as formas contém as essências dos seus objetos, mas como é possível que então elas existam à parte deles? 95
  96. CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS  7 – As coisas não podem ser provenientes das formas  8 – As formas são objetos individuais, quando na verdade não seriam objetos, mas universais. Platão acha que o homem ideal será um indivíduo, como Sócrates 96
  97. CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS  As posições de Platão e Aristóteles são COMPLEMENTARES, pois existem:  1 – Universais na mente divina, as ideias Platônicas  2 – Universais nas coisas, como formas imanentes aristotélicas  3 – Universais abstratos em nossas mentes 97
  98. CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS  Para Aristóteles, o universal tem realidade na mente e nas coisas, embora a existência nas coisas não implica na universalidade formal que ele tem na mente. Indivíduos pertencendo à mesma espécie são substâncias reais, mas não participam em um único universal que é o mesmo para todos os membros da classe 98
  99. CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS  Essa essência específica é numericamente a mesma em cada indivíduo da classe, mas, por outro lado, é especificamente a mesma em todos os indivíduos da classe, e essa similaridade objetiva é a verdadeira fundação para o universal abstrato, que tem identidade numérica na mente e pode ser predicado de todos os membros da classe indiferenciadamente 99
  100. SUBSTÂNCIA  Indivíduos são verdadeira substância (ousia). Pois só o indivíduo é sujeito de predicações e nunca é predicado  Mas os universais (espécies) são substância num sentido secundário e derivado. Pois eles são  1 – essências, tendo  2 – mais realidade que o indivíduo enquanto tal, sendo também  3 – objetos da ciência 100
  101. SUBSTÂNCIA  Para Aristóteles o universal é real no indivíduo, ele não é transcendente se considerado em sua realidade objetiva, mas imanente, como universal concreto  Indivíduo sensível = composto de forma + matéria, e o intelecto capta o elemento universal, a forma, que está realmente lá, existindo concretamente como um elemento do indivíduo  Ex: a espécie do cavalo está no cavalo perecível que é o Black Beauty... 101
  102. SUBSTÂNCIA  Ele distingue entre duas substâncias:  1 – Substância primeira: individual, composta de matéria e forma  2 – Substância segunda: elemento formal ou essência específica, que corresponde ao conceito universal  Substâncias primeiras são objetos que não podem ser predicados de outros  Substâncias segundas são a natureza, a essência específica que corresponde ao conceito universal 102
  103. SUBSTÂNCIA  A substância individual é um composto de substrato + essência ou forma.  À substância individual pertencem as nove categorias acidentais.  O universal torna-se preeminentemente o objeto da ciência, pois é o elemento essencial, tendo assim realidade em um sentido superior ao que é meramente particular.  O universal existe só no particular, de modo que não podemos apreendê-lo, exceto pela apreensão do indivíduo 103
  104. SUBSTÂNCIA  Aristóteles tinha uma concepção ideal de ciência, que demanda definições reais essenciais  1 – Aristóteles nega que universais sejam substâncias só para refutar Platão, mas ele os chama de substâncias segundas  2 – Além disso, o elemento material do indivíduo é obscuro ao conhecimento e como tal indefinível, enquanto a substância é basicamente a essência definível ou forma da coisa, o princípio que a torna um objeto concreto definido!  3 – Portanto: a substância é basicamente forma, em si mesma pura e imaterial! 104
  105. SUBSTÂNCIA  Em outras palavras:  A forma pura é que é primariamente substância  Mas as únicas formas que são realmente independentes da matéria são Deus, as inteligências das esferas e o intelecto ativo do homem...  Eis porque, se a metafísica investiga a substância, ela é equivalente à teologia! 105
  106. ANÁLISE DA MUDANÇA  Há para Aristóteles 4 princípios: matéria, forma, causa eficiente, causa final. a mudança ou movimento é um fato do mundo para Aristóteles  Ex: uma folha muda de cor de verde para marrom. O mármore é tornado uma estátua. Uma semente origina uma árvore. Uma vaca come grama e a transforma nela mesma 106
  107. ANÁLISE DA MUDANÇA  Para que algo mude é necessário algo que muda, o substrato da mudança!  A semente é a árvore em potência, atualizando- se sob a ação de uma causa eficiente... 107
  108. ANÁLISE DA MUDANÇA  No caso da vaca que come grama a substância não permanece a mesma! Pela digestão a grama recebe nova forma substancial...  Mas algo permanece o mesmo: o substrato último, que é simples potencialidade enquanto tal, a matéria prima 108
  109. ANÁLISE DA MUDANÇA  A matéria prima é a base última da mudança  Nenhum agente eficiente age sobre a matéria prima enquanto tal, mas sempre sobre algum substrato atualizado  Ex: o escultor age sobre o mármore...  Assim, a matéria prima nunca existe enquanto tal, mas em conjunção com alguma forma  Ela não é um corpo, mas um elemento do corpo 109
  110. ANÁLISE DA MUDANÇA  A mudança só existe em algo capaz de se tornar outra coisa  É a atualização de uma potencialidade que envolve um ser atual, por exemplo, água em certas condições tem a potencialidade de se tornar vapor...  A água demanda se tornar vapor. Ela está privada de se tornar vapor  Assim, há três fatores envolvidos na mudança:  Matéria, forma e privação 110
  111. O PRINCÍPIO DA INDIVIDUAÇÃO  A substância concreta sensível é um ser individual composto de matéria e forma  Mas o elemento formal é o mesmo em todos os membros da infima species  Ex: o mesmo em Sócrates e Platão  Seja como for, a conclusão disso é que a forma não pode ser o princípio de individuação do objeto sensível 111
  112. O PRINCÍPIO DA INDIVIDUAÇÃO  O princípio de individuação só pode ser a matéria! Assim, Sócrates e Platão são o mesmo em forma, mas diferem em virtude de suas diferentes matérias (para os tomistas não a matéria prima, mas materia signata quantitae, i.e., eu possui uma exigência antecipatória de quantidade a ser satisfeita pela união com a forma) 112
  113. O PRINCÍPIO DA INDIVIDUAÇÃO  Conclusão: a pura forma deve ser o membro único de sua espécie, pois não há nenhuma matéria que possa atuar como princípio da individuação dentro da espécie  Assim: não pode haver uma pluralidade de anjos ou seres imortais pertencendo a uma mesma espécie. Cada anjo é uma espécie de anjo  O primeiro movente, não possuindo matéria, deve ser numericamente um... (contra a teoria pluralidade dos motores imóveis) 113
  114. A HIERARQUIA DA MUDANÇA  Daí também advém uma hierarquia ou escala ascendente de existência:  pedra bruta > pedra polida > pedra da casa  corpo > alma sensitiva > alma intelectiva  Potência >Atualidade  Potência > Atualidade  Vemos aqui que se pode construir uma hierarquia em direção a ordens superiores de atualidade! 114
  115. A HIERARQUIA DA MUDANÇA  Vemos que há uma escada:  1 – Na base da escada está a matéria prima (nunca atualmente existente, nunca existindo à parte da forma)  2 – Na união dos contrários ela forma os quatro elementos, terra, água, ar e fogo, que são os corpos mais simples, mas não absolutamente simples  3 – Em potência eles são objetos inorgânicos, como ouro 115
  116. A HIERARQUIA DA MUDANÇA  4 – Em potência eles são corpos orgânicos  Em potência eles ascendem na escala para dar lugar ao intelecto ativo do homem, desassociado da matéria,  5 – As inteligências separadas das esferas e,  finalmente, a Deus! 116
  117. A HIERARQUIA DA MUDANÇA  Como se inicia a mudança?  Além da causa formal e material é demandada a causa eficiente. mas essa pode ser interna à coisa que muda  Por exemplo, cada elemento tende ao seu lugar natural, o fogo aos céus... A semente é causa eficiente de se tornar uma árvore 117
  118. A HIERARQUIA DA MUDANÇA  Aristóteles privilegia a causa final, que age por atração. mas a finalidade não costuma ser externa. o boi não cresce para se tornar comida... o boi cresce para se tornar boi, realizando assim a sua causa formal, de modo que aqui causa formal e final convergem. (ele tende a unificar as causas) 118
  119. O PRIMEIRO MOVENTE  Deus: Se todo objeto em movimento requer uma causa movente atual, então o mundo requer um primeiro movente (primo motor)  Ele é primeiro não no sentido temporal, pois para Aristóteles o movimento é eterno. ele é primeiro no sentido de ser supremo! 119
  120. O PRIMEIRO MOVENTE  O primeiro movente também não é um Deus Criador, pois o mundo existe por toda a eternidade (um tempo antes do tempo: contradição)  Ele não pode ser causa eficiente de nada, pois toda ação eficiente envolve reação e nesse caso ele seria afetado pelo mundo, diminuindo em perfeição 120
  121. O PRIMEIRO MOVENTE  Deus forma o mundo, mas não como causa eficiente e sim por atração, como a sua causa final, como objeto inspirador de amor e desejo!  A inteligência de cada esfera espiritual deseja imitar a mais perfeita e aproximar-se dela o mais possível  O primo motor é puro ato, se fosse potência ele mudaria e ele por é por definição imutável  Ele precisa ser imaterial, pois materialidade envolve possibilidade de sofrer ação e mudança 121
  122. O PRIMEIRO MOVENTE  1 – Sendo imaterial, o primo motor não pode realizar nenhuma ação corporal  2 – Sua atividade é a de pensar  3 – Mas qual o objeto do seu pensar?  4 – Conhecimento é participação intelectual no objeto. Por isso, o objeto do pensamento divino deve ser o melhor de todos, não podendo envolver mudança  5 – Por isso esse objeto só pode ser ele mesmo 122
  123. O PRIMEIRO MOVENTE  6 – O que Deus conhece é, pois, a si mesmo, em uma eterna atividade de autoconsciência!  7 – Conclusão: Deus é o pensamento que se pensa eternamente a si mesmo. Deus é “pensamento do pensamento”. Pura reflexão  8 – Ele não pode ter objeto do pensamento fora de si mesmo, pois nesse caso terá um fim fora de si mesmo 123
  124. INTRODUÇÃO À MORAL  O que é ser feliz?  É possível ser feliz em nossa sociedade?  Existe alguma relação entre a felicidade, a justiça e a bondade? 124
  125. INTRODUÇÃO À MORAL  Moral: algo constitutivo da vida social  Avaliação acerca dos costumes para aceitar ou reprovar  Não se pode pensar a vida social sem a presença de regras de conduta 125
  126. INTRODUÇÃO À MORAL  Texto fundamental para a cultura ocidental: deuteronômio (segunda lei) de Moisés (séc. V a. C.)  Decálogo ou dez mandamentos cultura ocidental – ponto de partida para a elaboração da moralidade  Sermão da Montanha 126
  127. INTRODUÇÃO À MORAL  2º momento: meditação grega  Delimitação da vida humana  Ética: elaboração teórica que se dirige à conceituação da moralidade  Sócrates / Platão  Aristóteles – fundador da disciplina teórica ética 127
  128. ÉTICA E MORAL  Ética – ciência da conduta; parte da filosofia prática que tem por objetivo elaborar uma reflexão sobre os problemas fundamentais da moral;  Princípios: reflexão sobre as razões de se desejar a justiça e a harmonia e sobre os meios de alcançá- las  Moral: construção de um conjunto de prescrições destinadas a assegurar uma vida em comum justa e harmoniosa 128
  129. ÉTICA A NICÔMACO  Livro I  Estudo da conduta ou do fim do homem como indivíduo – ética  Estudo da conduta ou do fim do homem como parte de uma sociedade – política 129
  130. ÉTICA A NICÔMACO  Finalismo das ações: tudo visa a obtenção de um bem  Pergunta-se então o que é bem ou bom; de qual ciência o sumo  Bem é objeto?  O bem é identificado como eudaimonia (felicidade). Há dois tipos de virtudes: as virtudes éticas (nascem do hábito) e as virtudes dianoéticas (próprias da inteligência); 130
  131. ÉTICA A NICÔMACO  O Livro I especificamente se divide em treze capítulos.  Os três primeiros tratam do objeto e do método da obra / introdução a todo o tratado  Capítulos 4 e 12, o filósofo indaga da essência ou das diversas acepções que receberam as noções de “bem supremo” e “felicidade”  Nos capítulos 2 e 3, ele menciona três tipos principais de explicação: a opinião da massa, a opinião do político e, finalmente, a visão do filósofo  O livro se “conclui”, portanto, com o capítulo 13, que analisa o conceito de virtude e as divisões da alma 131
  132. O SUPREMO BEM  Ação humana – fim / bem  Conjunto das ações humanas – fim último / supremo bem (felicidade)  O que é a felicidade? (Eudaimonía) 132
  133. O SUPREMO BEM  Capítulo 1:  Os bens variam  Para cada ser deve haver um bem, conforme a natureza ou a essência do respectivo ser  Cada substância tem o seu ser e busca o seu bem  Bens concretos 133
  134. O SUPREMO BEM  Capítulo 2  Ética aristotélica: finalista ou eudemonista  Marcada pelos fins que o homem deve alcançar para atingir a felicidade  Capítulo 4  O mais alto de todos os bens: Felicidade  Diferentes concepções de felicidade 134
  135. O SUPREMO BEM 1. Prazer e gozo – vida digna de animais; escravos 2. Honra (sucesso) – depende de quem a confere 3. Juntar riquezas – meio para outras coisas 135
  136. O SUPREMO BEM  Ética teleológica: (telos – fim, finalidade e logos – teoria, ciência)  Tanto os múltiplos seres existentes, quanto o universo como um todo direcionam-se em última instância a uma finalidade 136
  137. O SUPREMO BEM  Hierarquia de bens:  Bens relativos e intrínsecos ao homem  Os relativos são aqueles necessários para a vida cotidiana (bens materiais, prazeres vitais, etc.). Estes mudam constantemente, pois sempre desejam outros e maiores  Bens intrínsecos, não visam outros porque eles são autossuficientes, ou seja, os bens intrínsecos são bens supremos 137
  138. O SUPREMO BEM  Todo conhecimento e todo trabalho visa a algum bem, quais afirmamos ser os objetivos da ciência política e qual é o mais alto de todos os bens que se podem alcançar pela ação.  Verbalmente, quase todos estão de acordo, pois tanto o vulgo como o homem de cultura superior dizem ser esse fim a felicidade e identificam o bem viver e o bem agir como o ser feliz 138
  139. O SUPREMO BEM  Os homens de tipo vulgar parecem identificar o bem ou a felicidade com o prazer e, por isso, amam a vida dos gozos  As pessoas de grande refinamento e índole identificam a felicidade com a honra  É pelos indivíduos de grande sabedoria prática que procuram ser honrados e, entre os que os conhecem e, ainda mais, em ração da sua virtude 139
  140. O SUPREMO BEM  O bem supremo realizável pelo homem consiste em aperfeiçoar-se enquanto homem  Consiste na atividade que diferencia o homem de todas as outras coisas  A atividade da razão  O homem que quer viver bem deve viver sempre segundo a razão  Aristóteles proclama os valores da alma como valores supremos  Reconhece também a importância dos bens materiais 140
  141. O SUPREMO BEM  O que faz a marca específica do homem é o pensamento e a razão que o segue. É a atividade intelectual  Nesta encontra-se a fonte principal das alegrias do homem, ou seja, a fonte donde provém a verdadeira felicidade  Com efeito, a felicidade do homem consiste no aperfeiçoamento da atividade que lhe é própria, ou seja, na atividade segundo a razão 141
  142. O SUPREMO BEM  O homem deve, então, subordinar o sensível ao racional. A subordinação da atividade sensível à atividade racional se impõe  É o preço da felicidade humana e a condição da moral humana  Portanto, para ser feliz, o homem deve viver pela inteligência e segundo a inteligência 142
  143. O SUPREMO BEM  O bem do homem nos parece como uma atividade da alma em consonância com a virtude, e, se há mais de uma virtude, com a melhor e mais completa  O homem feliz vive e age bem, pois definimos praticamente a felicidade como uma espécie de boa vida e boa ação 143
  144. O SUPREMO BEM  Alguns identificam a felicidade com a virtude, outros com a sabedoria prática, outros com uma espécie de sabedoria filosófica, outros com estas ou uma destas, acompanhadas ou não do prazer e outros ainda incluem a prosperidade exterior  Algumas destas opiniões tem tido muitos e antigos defensores enquanto outras foram sustentadas por poucas, mas eminentes pessoas 144
  145. O SUPREMO BEM  Não é provável que qualquer delas esteja inteiramente equivocada, mas sim que tenham razão pelo menos a algum respeito ou mesmo a quase todos os respeitos  Também se ajusta à nossa concepção a dos que identificam felicidade com a virtude em geral ou com alguma virtude particular 145
  146. O SUPREMO BEM  O prazer é um estado da alma e para cada homem é agradável aquilo que ele ama: não só um cavalo ao amigo de cavalos ou um espetáculo ao amador de espetáculos, mas os atos justos aos amantes da justiça e, em geral, os atos virtuosos aos amantes da virtude  A felicidade é a maior, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo 146
  147. O SUPREMO BEM  Também se pergunta se a felicidade deve ser adquirida pela aprendizagem, pelo hábito ou por uma espécie de adestramento ou se ela nos é conferida por alguma providência divina 147
  148. JUSTO MEIO  Virtude: repetição de uma série de atos sucessivos / hábito  Os impulsos, as paixões e os sentimentos tendem ao excesso ou à falta  A razão deve impor a “justa medida”, o “justo meio” entre os dois excessos  Vitória da razão sobre os instintos  Justiça: a mais importante das virtudes  “Na justiça está abarcada toda virtude”  148
  149. WILSON QUADRO DAS VIRTUDES MORAIS Sentimento ou paixão (por natureza) Situação em que o sentimento ou a paixão são suscitados Vício (excesso) (por deliberação/ escolha) Vício (falta) (por deliberação/ escolha) Virtude (justo meio) (por deliberação/ escolha) Prazeres Tocar, ter ingerir Ibertinagem Insensibilidade Temperança Medo Perigo, dor Covardia Temeridade Coragem Confiança Perigo, dor Temeridade Covardia Coragem Riqueza Dinheiro, bens Prodigalidade Avareza Liberalidade Fama Opinião alheia Vaidade Humildade Magnificência Honra Opinião alheia Vulgaridade Vileza Respeito próprio Cólera Relação com os outros Irascibilidade Indiferença Gentileza Convívio Relação com os outros Zombaria Grosseria Agudeza de espírito Conceder prazer Relação com os outros Condescendência Tédio Amizade Vergonha Relação de si com outros Sem-vergonhice Timidez Modéstia Sobre a boa sorte de alguém Relação dos outros consigo Inveja Malevolêcia Justa apreciação Sobre a má sorte de alguém Relação dos outros consigo Inveja Malevolência Justa indignação CHAUÍ, Marilena de Souza. Introdução à história da filosofia:dos pré-socráticos a Aristóteles, vol. 01. São Paulo: Brasiliense, 1994.
  150. QUINTA PARTE O DIÁLOGO ENTRE O CRISTIANISMO E A CULTURA GREGA 01
  151. INTRODUÇÃO  O helenismo fornece o pano de fundo político e cultural que permite a aproximação entre a cultura judaica e a filosofia grega, o que tornará mais tarde o surgimento de uma filosofia cristã  O período helenístico é o último período da filosofia antiga, quando a polis grega desapareceu como centro político, deixando de ser a referência principal dos filósofos, uma vez que a Grécia encontrava-se sob o poderio do Império Romano 151
  152. INTRODUÇÃO  O termo “helenismo” é derivado da obra do historiador alemão J.G. Droysen, Helenismus, e designa a influência da cultura grega em toda a região do Mediterrâneo oriental e do Oriente Próximo desde as conquistas de Alexandre (332 a.C.) – do estabelecimento de seu império e dos reinos criados após a sua morte (323 a.C.) por seus sucessores até a conquista romana do Egito em 30 a.C., que passa a marcar a influência de Roma nessa mesma região 152
  153. INTRODUÇÃO  A religião cristã, embora originária do judaísmo, surge e se desenvolve No contexto do helenismo, e é precisamente da síntese entre o judaísmo, o cristianismo e a cultura grega que se origina a tradição cultural ocidental de que somos herdeiros até hoje  Como se justifica a relação entre o cristianismo, que por sua origem revelada é uma religião, e a filosofia grega que em seu próprio surgimento já pretendia romper com o pensamento mítico-religioso? 153
  154. INTRODUÇÃO  Alexandria é uma cidade cosmopolita, onde convivem várias culturas; a egípcia característica da região, a grega dos fundadores da cidade, a romana dos que haviam recentemente conquistado o Egito; e a cultura judaica da grande comunidade dos judeus que lá viviam.  Essas culturas convivem e se integram, há grande tolerância religiosa, inclusive um espírito de sincretismo típico da cultura greco-romana. E se falam várias línguas. A comunidade judaica, próspera e educada, fala fluentemente o grego 154
  155. INTRODUÇÃO  Fílon de Alexandria, p.ex., é um judeu helenizado que viveu em Alexandria nesse período e produziu uma série de comentários ao Pentateuco (os cinco livros iniciais do Antigo Testamento), aproximando- o da filosofia grega.  Encontramos em Fílon uma aproximação entre a cosmologia platônica no Timeu e a narrativa da criação do mundo no Gênesis. 155
  156. INTRODUÇÃO  No Timeu Platão apresenta uma explicação da origem do cosmo, segundo a qual o demiurgo (um deus intermediário) olhando para as formas ou idéias que lhe servem de modelos, organiza a matéria e dá origem a todas as coisas. Na interpretação de Fílon, Deus (e não o demiurgo) cria o cosmo, porém a partir das ideias em sua mente e não contemplando-as fora dele 156
  157. INTRODUÇÃO  Esta seria precisamente uma das origens da concepção que se desenvolverá progressivamente ao longo dessa tradição, segundo a qual as ideias deixam de ser independentes existindo em um mundo próprio como em Platão e passam a ser entendidas como entidades mentais, inicialmente na “mente de Deus”, posteriormente na mente humana 157
  158. INTRODUÇÃO  Fílon, embora sem ser cristão, abre o caminho para a síntese entre cristianismo e filosofia grega, que ocorre ao longo dos três primeiros séculos da religião cristã que inicialmente não se distinguia do judaísmo, sendo vista como uma seita ou um movimento renovador ou reformista dentro da religião e da cultura judaica 158
  159. INTRODUÇÃO  Fílon retoma o conceito grego de logos, interpretando-o como um princípio divino a partir do qual Deus opera no mundo. Essa visão influenciará fortemente o desenvolvimento da filosofia cristã e se encontra na abertura do quarto evangelho (de são João), escrito ao final do séc I em Éfeso, em que se lê: “No princípio era o Verbo (logos)” 159
  160. INTRODUÇÃO  O primeiro marco na constituição do cristianismo como religião independente e dotada de identidade própria é a pregação de São Paulo, outro judeu helenizado, funcionário do Império Romano, que se converte e passa a pregar e difundir a religião cristã em suas viagens por alguns centros do Império Romano  É em São Paulo que encontramos a concepção de uma religião universal, não só a religião de um povo, mas de todo o Império, de todo o mundo então conhecido. 160
  161. INTRODUÇÃO  Destaque-se que pretendiam que o cristianismo fosse pregado apenas aos judeus, ao passo que Paulo defendia a necessidade de pregar a todos, tendo ficado por isso conhecido como o “apóstolo dos gentios”  Conforme lemos na Epístola aos gálatas (3,28), “Não há judeu, nem grego, nem escravo, nem homem livre, nem homem, nem mulher: todos sois um no Cristo Jesus” 161
  162. OS PADRES APOLOGÉTAS  Considera-se são Justino como o primeiro filósofo cristão por se converter ao cristianismo, passando a admiti-lo como a “verdadeira filosofia” e a defender a ideia e a necessidade de uma filosofia cristã  Os pensadores desse período, filósofos e teólogos, que seguem essa via serão conhecidos como apologetas porque faziam a apologia, ou defesa do cristianismo, e seu pensamento será conhecido como patrística, ou seja, doutrina dos padres (pais) da igreja 162
  163. OS PADRES APOLOGÉTAS  Justino escreveu duas Apologias e o Diálogo com o judeu Trifão  Caracteriza-se pela defesa racional do cristianismo perante o paganismo  Entre os apologistas latinos, deve ser citado Tertuliano de Cartago que nasceu na metade do século II e morreu em Roma, em 240. 163
  164. OS PADRES APOLOGÉTAS  Dos apologistas da Igreja oriental devem ser lembrados Clemente (fins do século II - início do III) e Orígenes (século III), o maior dos pensadores cristãos anteriores a Agostinho.  As grandes discussões sobre os dogmas e a refutação das heresias foram, pouco a pouco, desenvolvendo a filosofia cristã e deram aos seus defensores a estatura de filósofos à altura dos seus antecessores na antiguidade clássica 164
  165. QUINTA PARTE A FILOSOFIA PATRÍSTICA 165
  166. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  Terminadas as perseguições pela parte do poder imperial, os monges se apresentam na sociedade como os novos lutadores da fé e como os legítimos herdeiros e continuadores dos ensinos dos mártires dos séculos anteriores  A publicidade que Atanásio fez do movimento monástico no curso dos exílios no ocidente e pela obra da “Vita Antonii”, teve um resultado surpreendente na segunda metade do século IV
  167. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  Todo o cristianismo sente o benefícios influxo da ação em favor dos ideais monásticos e no ocidente se multiplicam as experiências modeladas no exemplo dos monges do Egito  O clero também sente a atração ao monaquismo: começa a ter uma forma comunitária mais concreta a vida sacerdotal e tem início a forma de vida monástica senobita
  168. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  Como consequência estes monges ocupam as catedrais episcopais a causa da sua formação espiritual, intelectual, ascética e de exigência pessoal e com os outros, bispos monges.  Serapão, bispo de Thomuis no Egito, tinha sido monge, amigo de Antônio e de Atanásio, quem envia as famosas cartas, nas quais anuncia claramente o princípio da divindade do Espírito Santo
  169. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  A luta pela fé de Nicéia se coloca no plano da defesa e luta do caráter político da religião, representada pela experiência monástica em todas as suas manifestações  Tudo isso exige a necessidade de uma definição teológica ulterior, fez-se necessária uma teologia posterior para resolver as dificuldades interpretativas presentes na fórmula de Nicéia.  Particularmente a relação entre o Pai e o Filho, de modo que além da identidade da substância divina, se reconheça a distinção das pessoas
  170. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  Finalmente se sente a necessidade de aprofundar na divindade da terceira pessoa da Santíssima. Trindade, colocada por Atanásio nas cortes dos imperadores (Serapião), sem resolver a consciência crítica da teologia do tempo  Ajudam a resolver estes problemas os Padres Capadócios, Basílio de Cesárea, Gregório Nazianzeno, e Gregório de Nissa, as três luminárias da Igreja Grega na segunda metade do século IV
  171. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  O Século IV se caracteriza pela luta da liberdade entre a igreja e o estado: A Igreja e os bispos tomam consciência de estar sujeitos a uma tutela imperial, que tem pouca consideração pelos valores supremos da fé em Cristo  Atanásio é um dos grandes defensores da ortodoxia e da liberdade da igreja, frente ás pretensões do imperador Constâncio, personificação da dominação estatal sobre a Igreja, que persegue a política da uniformidade religiosa no favor do arianismo
  172. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  A violência da luta de Atanásio, aparece na discussão entre o papa Libério e o imperador Constâncio ocorrida em Milão no 355  Pela ordem imperial o Papa Libério é concedido a Milão. Pela primeira vez um Papa esta diante do tribunal de um imperador cristão, pessoalmente presente. O Papa esta a procura da liberdade para a Igreja e para toda a terra
  173. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  Três anos depois de Nicéia o Imperador Constantino se inclina e chama aos arianos de exiliados, parece que neste momento morre Ario. Seus sucessores continuam de costas aos ensinos do concílio de Nicéia  O acontecido se expressa na frase lapidária de São Jerônimo: O mundo inteiro geme ao descobrir-se o arianismo  Morto o último imperador ariano levam para frente os três focos da ortodoxia, os três grandes capadócios que encontram uma força no imperador Teodósio. Ele apoia o homoousios Niceno, e o ensina em todo o império do oriente  O Concílio de Constantinopla une oriente e ocidente na ortodoxia nicena. Caiu o arianismo e a igreja no século IV termina pacificada
  174. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  Basílio Magno (330-379)  Bispo de Cesareia e Capadócia, sua atividade se desenvolve em três direções:  a) – A atividade no favor dos pobres. Sua luta leva-lhe a formar cidades refúgio chamadas: “Basilide”
  175. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  b) – A organização da vida monástica, autos da disciplina, de regras rígidas e severas. Fundador do verdadeiro “Monaquismo Cenobítico”  c) – Manifesta a sua grande inteligência especulativa, na teologia e na política eclesiástica  Convencido adversário do arianismo. Sua política e doutrina marca profundamente o concílio de Constantinopla no 381. Morreu muito Jovem 175
  176. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  Gregório Nazianzeno (330-390) O segundo dos grandes capadócios, chamado “o Teólogo”, estilo eloquente, equilibrado, não totalmente no psicológico, leva uma vida de disciplina e estrutura pessoal. Grande monge na companhia do seu grande amigo Basílio o Grande  Grande mestre da língua e a literatura grega, de grande facilidade para as línguas, predicador da ortodoxia e líder polêmico antiapolinarista  Presidiu o Concílio I de Constantinopla (381), e o triunfo do seu amigo Basílio
  177. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  São Gregório de Nissa (332-394)  Irmão caçula de Basílio e o terceiro dos grandes capadócios. Foi um homem de muita disciplina e exigência, até ser chamado o espírito mais sensível da Igreja. Considerado o cérebro dos capadócios
  178. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  Herdeiro do pensamento de Orígenes. Filósofo especulativo e original dos padres da idade de ouro do Oriente. Místico e feroz adversário dos seus opostos e inimigos  Capaz de debater e de dizer não aos pensamentos contra a Igreja e a os que gostavam de criar problemas em relação à unidade e o pensamento dos concílios 178
  179. SANTO AGOSTINHO  Agostinho acreditava que o pensar racional fosse compatível com a verdade revelada por Deus e que, portanto, a filosofia pudesse servir à teologia. Ele foi o principal representante dessa forma de pensar e, através dela, procurou fazer o entrosamento das várias tendências da Patrística - à síntese que realizou, ele mesmo chamou filosofia cristã, sistematizando uma concepção do mundo, do homem e de Deus, que por muito tempo foi a doutrina fundamental da Igreja Católica
  180. SANTO AGOSTINHO  Quando Agostinho se converteu ao cristianismo, já conhecia muito bem, principalmente através da leitura dos textos de Cícero, o pensamento clássico (neo-platônicos, néo-pitagóricos, epicuristas e estoicos). Também para ele, o pensar filosófico busca resolver o problema da felicidade: afirma que o homem não tem razão para filosofar, exceto para atingir a felicidade 180
  181. SANTO AGOSTINHO  Entendia que a filosofia não sai em busca do conhecimento da natureza do universo físico ou dos deuses, mas sim, do homem à procura da felicidade  Como o próprio Agostinho encontrou essa felicidade ou beatitude através da fé e da intuição e não pelo esforço intelectual, ele retoma o grande problema da Patrística - a conciliação entre a razão e a fé, entre a filosofia pagã e a fé cristã 181
  182. SANTO AGOSTINHO  Agostinho conhecia as ideias dos céticos da Nova Academia platônica (Arcesilau e Carnéades) que ensinavam que se deve duvidar de tudo e que só se pode conhecer o que é provável (probabilismo), sem absoluta certeza da verdade.  Ele consegue vencer o ceticismo, aprofundando-o: se duvido, no ato de duvidar tenho consciência de mim mesmo como aquele que duvida - Se eu me engano, eu sou, pois aquele que não é, não pode ser enganado - não posso duvidar do meu próprio ser, tenho a certeza de mim como existente 182
  183. SANTO AGOSTINHO  Essa primeira certeza fundamentou sua teoria do conhecimento e revelou a essência do homem: ser pensante em quem o pensamento não se confunde com a matéria  Seu modo de ver o homem como uma alma que se serve de um corpo, foi herdado de Platão através do conhecimento da doutrina do neo- platônico Plotino 183
  184. SANTO AGOSTINHO  Agostinho ensina que a união da alma com o corpo, tendo sido criada por Deus, não pode ser um mal; que a alma é hierarquicamente superior ao corpo e tende a um fim que está além da ordem natural: tende a Deus, que é o seu princípio  Esse conceito é também platônico: lembremo-nos de que Platão acreditava que a terra não é o fim último da alma, senão que, após sua passagem pelo mundo natural, deverá voltar ao mundo das Ideias 184
  185. SANTO AGOSTINHO  Agostinho distingue dois tipos de conhecimento:  1 – aquele que decorre dos órgãos dos sentidos que apreendem os objetos exteriores - é mutável, temporal; portanto, não necessário  2 – o conhecimento das verdades imutáveis e eternas; portanto, necessário 185
  186. SANTO AGOSTINHO  Se considerarmos que o homem é tão mutável quanto as coisas que nossos sentidos percebem, donde virá o conhecimento da verdade imutável e necessária? Responde o filósofo: da iluminação divina.  Outra vez encontramos Platão - na alegoria da caverna, o homem pode conhecer a verdade, porque um sol externo (a ideia do Bem) ilumina o mundo das Ideias 186
  187. SANTO AGOSTINHO  Para Agostinho, então, conhecer a verdade é possível, porque as Ideias, as verdades, estão presentes em nosso intelecto e Deus nos concede a graça de iluminá-las, para que possamos conhecê-las  Conceito difícil de ser entendido, aproxima-se dos conceitos platônicos da reminiscência e das ideias inatas; mas nosso filósofo cristão procura diferenciar os dois conceitos: as ideias não são inatas, mas presentes em nós como reflexos da verdade divina, como um presente que Deus nos oferece 187
  188. SANTO AGOSTINHO  Como o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, tem uma presença da verdade que não é a Verdade absoluta que ele procura - esta presença da verdade, que é, ao mesmo tempo, uma ausência da Verdade absoluta, faz do homem um ser inquieto, à procura da luz infinita da Verdade absoluta  Agostinho foi o filósofo da inquietação humana, do homem como inquieto perene 188
  189. SANTO AGOSTINHO  Como o pensamento humano descobriu a existência de Deus? De acordo com Agostinho, nada há no homem e no mundo superior à mente, mas a mente intui verdades imutáveis e absolutas, que são superiores à ela; portanto, existe a Verdade imutável, absoluta e transcendente que é Deus  Não podemos conhecer Deus na sua essência e d’Ele só podemos falar por analogia com aquilo que conhecemos  Novamente recorrendo a Platão, Agostinho incorpora o mundo das aparências e o mundo das ideias ao pensamento e à mística cristãos 189
  190. SANTO AGOSTINHO  Deus está fora do tempo, é sempre presente; o mundo foi criado junto com o tempo e não no tempo - antes do mundo ser criado, não havia tempo  Deus é eterno, presente, fora do tempo. Antes de Agostinho, Deus era visto como um organizador do caos inicial  Bem diversa é a doutrina cristã do filósofo, para quem Deus é o criador de todos os seres, a partir do nada e como consequência do seu amor infinito 190
  191. SANTO AGOSTINHO  Agostinho também contesta o maniqueísmo (doutrina de origem persa, segundo a qual o universo foi criado e é regido pela luta entre dois princípios antagônicos com a mesma força: Deus, o bem absoluto e o Demônio, o mal absoluto)  Outro problema de difícil resolução, abordado por Agostinho, foi o do livre arbítrio: depois do pecado original (antes o homem era livre, mas tendia naturalmente para o bem), o homem possuía o livre arbítrio, isto é, a possibilidade de escolher entre um bem maior e um bem menor, entre o bem e o mal e entre um mal maior e um mal menor 191
  192. SANTO AGOSTINHO  A vontade pode afastar o homem de Deus, fazendo escolhas erradas. Afastar-se de Deus significa ir para o não-ser, isto é, caminhar para o mal. Eis aí o pecado, que não é necessário e deriva, unicamente, da vontade do homem, nunca de Deus  Caminhando para o pecado, a alma decai e não consegue salvar-se sozinha - vem, então, a graça divina para dirigir o homem para o bem, sem, no entanto, privá-lo do livre arbítrio 192
  193. SANTO AGOSTINHO  Sem o auxílio da graça, exercendo o livre arbítrio, o homem poderia escolher o mal. Mas, segundo Agostinho, nem todos recebem a graça; apenas os predestinados à salvação a recebem das mãos de Deus 193
  194. SANTO AGOSTINHO  Esse conceito de predestinação, da dualidade dos eleitos e dos condenados é exposto em sua obra Cidade de Deus; nela, o autor descreve os homens no mundo, depois do pecado original (a vontade, movida pelo orgulho, distanciou-se de Deus): aqueles que persistem no erro de Adão e Eva, ou seja, no pecado, vivem na cidade dos homens, na cidade da terra, onde são sempre castigados; os que recebem a graça divina, os eleitos, constroem a Cidade de Deus e viverão para sempre, eternamente no Bem 194
  195. SANTO AGOSTINHO  Todos os fatos históricos negativos, como as guerras, o dilúvio e os impérios opressores, pertencem à cidade dos homens; os fatos positivos, como a arca de Noé, Moisés, os profetas e, principalmente, a vinda de Jesus ao mundo, são manifestações da Cidade de Deus 195
  196. SANTO AGOSTINHO  Agostinho escreveu a Cidade de Deus, enquanto assistia os bárbaros destruírem o Império Romano; deu uma resposta ao paganismo romano que acusava o cristianismo de ter culpa nesse desastre - não foi um desastre, mas a mão de Deus que castigou os pagãos da cidade dos homens, para dar lugar ao cristianismo, arauto da Cidade de Deus 196
  197. SANTO AGOSTINHO  A doutrina filosófica e teológica de Agostinho, elaborada no final da Antiguidade, exerceu enorme influência durante a Idade Média  Sua capacidade de aprofundar e ampliar a relação entre a filosofia antiga - principalmente platônica e neo-platônica - e o cristianismo, fez dele o fundador do platonismo cristão e o primeiro sistematizador da filosofia cristã 197
  198. SEXTA PARTE A FILOSOFIA ESCOLÁSTICA 198
  199. INTRODUÇÃO  Do século V ao século VIII, com a queda do Império Romano, decaiu a produção intelectual, a ponto de podermos dizer que não se conhece nada de original no pensamento dessa época  Trata-se do período denominado Alta Idade Média, quando a Igreja cuidou de compilar em manuais os conhecimentos antigos  A filosofia, sem o concurso de homens que se dedicassem à especulação, ficou estacionária 199
  200. INTRODUÇÃO  Pode-se caracterizar esse período por dois importantes fatores:  1 – a expansão dos horizontes geográficos  2 – o avanço dos impérios asiáticos e do mundo muçulmano  Foi em Bizâncio, no Islã, e nos impérios asiáticos, que floresceram grandes civilizações e onde se conservou a cultura de Roma e da Grécia antigas 200
  201. INTRODUÇÃO  Assim, surgiu o segundo período da filosofia cristã: a Escolástica, ou filosofia das escolas, ensinada nas escolas e predominante na Europa, do século XI ao século XIV  Duas vertentes nortearam o pensamento dessa época:  1 – a tradição religiosa, que, como princípio de autoridade que pertence à Igreja, determinou a investigação intelectual e protegeu o pensamento contra os erros;  2 – a doutrina filosófica (no início, a platônica-agostiniana e depois a aristotélica), que serviu de instrumento para essa investigação 201
  202. INTRODUÇÃO  Nos primórdios da Escolástica, não encontramos nada de original  Somente um pensador, Scotus Erígena, não pode ser dito um copiador: ele procurou amalgamar ideias platônicas e neo-platônicas com elementos do pensamento cristão da Patrística e de Agostinho  De Aristóteles, só se conhecia os livros de Lógica 202
  203. SANTO ANSELMO  O primeiro escolástico de destaque foi Santo Anselmo de Aosta (1035-1109), que seguiu as ideias de Agostinho e construiu suas ideias principais baseado no realismo  A prova ontológica da existência de Deus  A seguir, deve-se citar Abelardo (1079-1142), mais inclinado ao conceitualismo 203
  204. A QUERELA DOS UNIVERSAIS  No século X, decaíram muito os estudos e só no século XI se iniciou alguma reação  Com o estudo da Dialética, o interesse dos estudiosos voltou-se para o problema dos universais, que foi o tema mais debatido no século XI 204
  205. A QUERELA DOS UNIVERSAIS  O universal é um conceito ou ideia que tem uma essência comum a muitos seres e que, portanto, deve ser aplicável a todos esses seres  Por exemplo, o conceito de homem representa uma essência, animal racional, que vai permanecer sempre a mesma, indiferentemente de a quantos indivíduos do mesmo gênero (homem) se aplique (e a todos deve ser aplicável) e à distinta aparência que esses indivíduos possam ter 205
  206. A QUERELA DOS UNIVERSAIS  Vários outros estudiosos trataram do problema dos universais, mas foi no século XIII que a Escolástica atingiu seu maior vigor e encontrou soluções notáveis  Deve-se levar em conta as circunstâncias que influenciaram o ambiente que viu surgir os grandes sistemas filosóficos e teológicos da Baixa Idade Média. 206
  207. A FILOSOFIA ÁRABE  No século XI, a Europa assistiu o ressurgimento do interesse pelo estudo. Isso não quer dizer que em outras partes do mundo não tenha havido interesse especulativo  A filosofia árabe, orientada principalmente pelo interesse científico, teve em dois médicos seus representantes mais notáveis: Avicena, no Oriente (morto em 1037) e Averroes de Córdoba, no Ocidente (1126-1198)  Os estudiosos árabes dedicaram-se, fundamentalmente, ao estudo de Aristóteles, mas de um Aristóteles que conheceram através da interpretação de comentadores neo-platônicos e não da obra do próprio Estagirita. 207
  208. A FILOSOFIA ÁRABE  Foi esse Aristóteles, neo-platonizado e traduzido do grego ao siríaco e do siríaco ao árabe, que os árabes legaram ao Ocidente; no entanto, não se pode negar o imenso valor que teve para a cultura o empenho dos árabes na conservação do pensamento antigo, justamente na época em que a cultura ocidental mais decaiu. 208
  209. A FILOSOFIA ÁRABE  Os árabes se preocuparam em conciliar os ensinamentos do Alcorão, que são matéria de fé, com a indagação racional, através da filosofia grega, mais especificamente do aristotelismo e do néo- platonismo  Assim, aproximam-se da escolástica latina, uma vez que se pode afirmar que o fator mais decisivo no pensamento do século XII foi a descoberta de Aristóteles através dos árabes, quando seus livros de física, metafísica e ética passaram da Espanha para o resto da Europa 209
  210. A FILOSOFIA ÁRABE  Outros dois fatores que contribuíram para o florescimento da escolástica foram as Universidades e a atividade cultural dos Dominicanos e dos Franciscanos 210
  211. A FILOSOFIA ÁRABE  Tal como os filósofos cristãos, também os árabes tentaram conciliar o conteúdo da revelação com a filosofia, ou melhor, esforçaram-se por explicar racionalmente a verdade revelada através da filosofia  Pretendiam perpassar a obscuridade da fé com a luz da razão natural  Trata-se de conciliar a fé com a razão, síntese que muitas vezes culmina em modos originais de pensar 211
  212. A FILOSOFIA ÁRABE  O pensamento rígido do Corão e dos tradicionalistas chocou muitas vezes com a cosmovisão platônica e aristotélica, sobretudo nas concepções da criação e da ação divina sobre o mundo  Os árabes tiveram contato com a filosofia grega através dos territórios conquistados onde predominava a cultura helênica e assim conheceram obras gregas no campo da medicina, matemática e filosofia 212
  213. A FILOSOFIA ÁRABE  Através da traduções feitas pelos judeus de Espanha dos comentadores de Aristóteles, os europeus puderam conhecer a maior parte do corpus aristotelicum, que era desconhecido até então  O que mais se conhecia de Aristóteles era somente a lógica, depois, através dos comentadores árabes, juntou-se a metafísica, a física, a ética e a psicologia 213
  214. SÃO TOMÁS DE AQUINO  Seu maior mérito foi a síntese do cristianismo com a visão aristotélica do mundo, introduzindo o aristotelismo, sendo redescoberto na Idade Média, na Escolástica anterior, compaginou um e outro, de forma a obter uma sólida base filosófica para a teologia e retificando o materialismo de Aristóteles  Em suas duas Summae, sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de sua época: são elas a Summa Theologiae, a Summa Contra Gentiles 214
  215. SÃO TOMÁS DE AQUINO  A partir dele, a Igreja tem uma Teologia (fundada na revelação) e uma Filosofia (baseada no exercício da razão humana) que se fundem numa síntese definitiva: fé e razão, unidas em sua orientação comum rumo a Deus  Sustentou que a filosofia não pode ser substituída pela teologia e que ambas não se opõem  Afirmou que não pode haver contradição entre fé e razão 215
  216. SÃO TOMÁS DE AQUINO  Explica que toda a criação é boa, tudo o que existe é bom, por participar do ser de Deus, o mal é a ausência de uma perfeição devida e a essência do mal é a privação ou ausência do bem.  Além da sua Teologia e da Filosofia, desenvolveu também uma Teoria do conhecimento e uma Antropologia, deixou também escrito conselhos políticos: Do governo do Príncipe, ao rei de Chipre, que se contrapõe, do ponto de vista da ética, ao "O Príncipe" de Nicolau Maquiavel 216
  217. SÃO TOMÁS DE AQUINO  Com o uso da razão é possível demonstrar a existência de Deus, para isto propõe as 5 vias de demonstração:  Primeira via  Primeiro Motor Imóvel: Tudo o que se move é movido por alguém, é impossível uma cadeia infinita de motores provocando o movimento dos movidos, pois do contrário nunca se chegaria ao movimento presente, logo há que ter um primeiro motor que deu início ao movimento existente e que por ninguém foi movido 217
  218. SÃO TOMÁS DE AQUINO  Segunda via  Causa Primeira: Decorre da relação "causa-e-efeito" que se observa nas coisas criadas. É necessário que haja uma causa primeira que por ninguém tenha sido causada, pois a todo efeito é atribuída uma causa, do contrário não haveria nenhum efeito pois cada causa pediria uma outra numa sequência infinita 218
  219. SÃO TOMÁS DE AQUINO  Terceira via  Ser Necessário: Existem seres que podem ser ou não ser (contingentes), mas nem todos os seres podem ser desnecessários se não o mundo não existiria, logo é preciso que haja um ser que fundamente a existência dos seres contingentes e que não tenha a sua existência fundada em nenhum outro ser 219
  220. SÃO TOMÁS DE AQUINO  Quarta via  Ser Perfeito: Verifica-se que há graus de perfeição nos seres, uns são mais perfeitos que outros, qualquer graduação pressupõe um parâmetro máximo, logo deve existir um ser que tenha este padrão máximo de perfeição e que é a Causa da Perfeição dos demais seres 220
  221. SÃO TOMÁS DE AQUINO  Quinta via  Inteligência Ordenadora: Existe uma ordem no universo que é facilmente verificada, ora toda ordem é fruto de uma inteligência, não se chega à ordem pelo acaso e nem pelo caos, logo há um ser inteligente que dispôs o universo na forma ordenada 221
  222. GUILHERME DE OCKHAM  (1285 em Ockham, Inglaterra — 9 de abril de 1347, Munique), provavelmente o criador da teoria da Navalha de Ockham, foi um filósofo da lógica e um teólogo escolástico inglês, considerado como o representante mais eminente da escola nominalista, principal corrente das escolas tomista e escotista  É um filósofo que deixa transparecer sua intensa luta pela liberdade e que ao longo de sua vida jamais permitiu que a tirassem e, mais, buscou através de suas obras orientar para que os homens de sua época também não o permitissem 222
  223. GUILHERME DE OCKHAM  O conceito de liberdade  Para a ética, a liberdade é o assunto por excelência  A liberdade é muito importante para a ética, porque se ocupa do agir humano, da finalidade de nossa vida e existência  Para Ockham, a liberdade apresenta-se como a possibilidade que se tem de escolher entre o sim ou o não, de poder escolher entre o que me convém ou não e decidir e dar conta da decisão tomada ou de simplesmente deixar acontecer 223
  224. GUILHERME DE OCKHAM  A preocupação de Guilherme de Ockham é com o fato de que o poder tirânico é contrário à natureza e à liberdade a nós concedida por Deus  Isto não é admitido como verdade por todos os filósofos, mas para o pensamento medieval do qual Ockham é um representante, mesmo que tenha sido rejeitado ao romper com algumas questões medievais, isso é uma verdade, pois o filósofo medieval aceita a verdade revelada como verdade e a fé como critério de conhecimento 224
  225. GUILHERME DE OCKHAM  O confronto de duas teorias  Este é um princípio filosófico que reza o seguinte: existindo diversas teorias e não havendo evidências que comprovem se é mais verdadeira alguma em relação a outras, vale a mais simples, ou se existirem dois caminhos que levem ao mesmo resultado, usa-se o mais curto, e que pode ser provado sensorialmente 225
  226. GUILHERME DE OCKHAM  Em outras palavras, não se deve aplicar a um fenômeno nenhuma causa que não seja logicamente dedutível da experiência sensorial  A regra, inspirada na economia medieval, foi usada pelo filósofo para eliminar muitas das entidades com que os pensadores escolásticos explicavam a realidade 226
  227. GUILHERME DE OCKHAM  Ockham denuncia aqueles que em nome da religião, passaram a usurpar a liberdade. E que tais usurpadores entendem, assim como ele, a liberdade como um dom de Deus e da natureza 227
  228. GUILHERME DE OCKHAM  Ockham escreveu sua obra cognominada Ordinatio, esta discorria que todo conhecimento racional tem base na lógica, de acordo com os dados proporcionados pelos sentidos  Uma vez que nós só conhecemos entidades palpáveis, concretas, os nossos conceitos não passam de meios linguísticos para expressar uma ideia, portanto, precisam da realidade física, para as comprovações  Criou a máxima: “pluralidades não devem ser postas sem necessidade” 228
  229. GUILHERME DE OCKHAM  A Navalha de Ockham  Conceito bastante revolucionário para a época, a Navalha de Ockham defende a intuição como ponto de partida para o conhecimento do universo.  Ockham com destreza conseguiu demonstrar que o "Duns Scotus", princípio da economia, conhecido como a "navalha de Ockham", estabelece que "as entidades não devem ser multiplicadas além do necessário, a natureza é por si econômica e não se multiplica em vão" 229
  230. SÉTIMA PARTE ALGUMAS QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS 230
  231. HISTÓRIA E PROGRESSO  Século XIX – a Filosofia tem uma visão otimista da Ciência. “Saber para prever, prever para prover” Comte  O desenvolvimento social se faria por um aumento do conhecimento científico e do controle científico da sociedade  Século XX – Surgem problemas e a História é descontínua e não progressiva – cada sociedade tem sua própria história 231
  232. AS CIÊNCIAS E AS TÉCNICAS  Século XIX – Confiança plena e total no saber científico e na tecnologia para dominar e controlar a natureza, a sociedade e os indivíduos. Ex: a Sociologia e a Psicologia  Século XX – A decepção. A Filosofia desconfia das ciências. Vemos as guerras, os campos de concentração nazistas e estalinistas, as devastações, a poluição, as doenças, o aumento dos distúrbios e doenças mentais, os problemas éticos e políticos, etc... O domínio militar das ciências  Surge a Escola de Frankfurt que faz uma diferença entre razão instrumental e razão crítica 232
  233. OS IDEAIS POLÍTICOS REVOLUCIONÁRIOS  O Anarquismo, o Socialismo e o Comunismo (movimentos que criaram ideais para uma sociedade nova, justa e feliz). Isso no século XIX.  Século XX – A Filosofia desconfia do otimismo, pois a humanidade enfrenta ditaduras na Alemanha, Itália.... 233
  234. A CULTURA  Século XIX – a Filosofia descobre a cultura como um modo próprio e específico da existência dos seres humanos - estes são seres culturais – a cultura é o exercício da liberdade e também criação coletiva de ideias, símbolos e valores pelos quais uma sociedade faz seus julgamentos éticos. A cultura se manifesta como vida social, como criação das obras de pensamento e de arte, como vida religiosa e vida política  Século XX - A Filosofia afirma que a História é descontínua e que não há a Cultura, mas culturas diferentes – preconiza a pluralidade cultural 234
  235. O FIM DA FILOSOFIA  Século XIX – diante do otimismo científico e técnico a Filosofia supôs que as ciências conheceriam tudo e seriam capaz de explicar e controlar todas as coisas. A Filosofia poderia desaparecer  Século XX – a Filosofia duvida e começa a mostrar que as ciências não possuem princípios totalmente certos, seguros e rigorosos para as investigações, que os resultados podem ser duvidosos e precários, e que, frequentemente, uma ciência desconhece até onde pode ir e quando está entrando no campo de investigação de outra ciência 235
  236. O FIM DA FILOSOFIA  A Filosofia volta a afirmar seu papel de compreensão e interpretação crítica das ciências, discutindo a validade de seus princípios, etc...  A Filosofia, segundo Husserl, é o estudo e o conhecimento rigorosos da possibilidade do próprio conhecimento científico, examinando os fundamentos, os métodos e os resultados das ciências 236
  237. A MAIORIDADE DA RAZÃO  Século XIX - O otimismo filosófico triunfava e a Filosofia afirmava que os seres humanos haviam suplantado a superstição, as explicações mágicas e fantásticas da realidade e alcançado a maioridade racional. A razão havia se desenvolvido plenamente e com isso conheceria integralmente a realidade a as ações humanas.  A Punhalada veio com Freud (que descobriu a força do Inconsciente) e com Marx (que trabalhou a questão da Ideologia). 237
  238. A MAIORIDADE DA RAZÃO  A Filosofia se viu obrigada a reabrir a discussão sobre o que é e o que pode a razão, sobre o que é e o que pode a consciência reflexiva ou o sujeito do conhecimento, sobre o que são e o que podem as aparências e as ilusões. Também a Filosofia reabriu discussões em torno das questões éticas e morais 238
  239. INFINITO E FINITO  Século XIX –o mais importante sempre foi a ideia de infinito. Prevalecia a ideia de todo ou de totalidade, da qual os humanos fazem parte e participam  Século XX – A Filosofia dá mais importância ao finito – ao que surge e desaparece, ao que tem fronteiras e limites. O Existencialismo define o homem como “um ser para a morte” – um ser que sabe que é temporal e que termina e que precisa encontrar em si mesmo o sentido de sua existência. O homem enfrenta sua finitude por meio das artes e da ação revolucionária (isso para dar sentido à brevidade e finitude de sua vida. Também valoriza a Filosofia da Diferença 239
  240. NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE  Em 1980 acabou a modernidade  Modernidade: época da sociedade industrial  Pós-modernidade: época pós-industrial  Modernidade: Conjunto de ideias e de valores que norteiam a Filosofia e as Ciências desde o século XVIII até 1980  Aspectos da modernidade:  a) No campo do conhecimento  b) No campo da prática 240
  241. NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE 1) Racionalismo – confiança no poder da razão para distinguir entre aparência e realidade e para conhecer e transformar a realidade;  2) Distinção entre interior e exterior, entre sujeito e objeto;  3) Afirmação da capacidade da razão humana para conhecer a essência ou a estrutura interna de todos os seres, definindo as causas e condições pelas quais é determinada a identidade de cada coisa e sua realidade e demonstrando as relações entre elas. 241
  242. NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE  No campo político  2.1) afirmação da diferença entre a necessidade que rege a ordem natural ou as leis da natureza e a ordem humana ou da cultura (ética, política e artes). Aqui as coisas podem ser mudadas  2.2) afirmação de que os seres humanos são indivíduos e agentes livres porque são seres racionais dotados de vontade, capazes de controlar e moderar suas paixões e seus desejos e que escolhem por si mesmos as ações que praticam, sendo por isso responsáveis por elas 242
  243. NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE  No campo político  2.3) distinção entre o público e o privado – critérios claros  2.4) afirmação dos ideais da Revolução francesa  2.5) afirmação de um sentido progressivo da História ou dos ideais revolucionários da emancipação do gênero humano, com lutas sociais e políticas contra a opressão e a exploração econômica, social, política e cultural 243
  244. NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE - Considera infundadas as pretensões da razão no conhecimento e na prática, quando não um disfarce para o exercício da dominação sobre os humanos - O conhecimento está ligado a utilidade e eficácia - O conhecimento visa a invenção ou construção de objetos teóricos e técnicos - Não admite a distinção entre ordem natural necessária e ordem histórica ou cultural instituída pelos homens: ambas são invenções ou instituições humanas, contingentes, efêmeras, passageiras 244
  245. NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE - Concebe o homem como um ser passional, desejante, que age movido por impulsos e instintos, embora, ao mesmo tempo, institua uma ordem social que reprime seus desejos e paixões. A ética é individual (na esfera dos desejos) - Desconfia da política: a democracia gera a apatia do cidadão. Dá importância à esfera da intimidade individual 245
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