O documento discute a arqueologia da memória e das audiovisualidades na Internet. Apresenta conceitos como tecnocultura, interfaces, memória e escavações para entender como vestígios do passado são preservados na web através do Internet Archive. Também reflete sobre como a arqueologia da mídia pode construir novas narrativas a partir de objetos esquecidos e soterrados nas camadas e camadas de informação na rede.
10. Não há dúvida que de a web possa ser potente de
objetos empíricos que permitam o estudo das
audiovisualidades como perspectiva para se
pesquisar “as tendências comunicacionais,
memoriais, projetuais e experimentais do
audiovisual, inscrevendo-o em um campo
heterogêneo de formatos, suportes e
tecnologias que atravessam e transcendem as
mídias, por convergência e dispersão” conforme
mencionamos nos fundamentos do grupo de
pesquisa Audiovisualidades e Tecnocultura:
comunicação, memória e design (TCAv) .
12. tecnocultura
• “As artes da modernidade e, por extensão, pós-modernidade, são
caracterizadas por uma resposta aos efeitos das tecnologias da
máquina na vida social assim como das possibilidades de produção de
arte pela máquina” (SHAW, 2008, p. 146).
“como é o mundo no objeto e como é o objeto no mundo?”
(HARAWAY apud DUMIT, 1992, online)
15. Tara McPherson (2006)
1. Desejo de mobilidade (“volition”)
2. Scan-and-search
1+2 = Promessa de transformação (3)
16. Não há dúvida que de a web possa ser potente
de objetos empíricos que permitam o estudo das
audiovisualidades como perspectiva para se
pesquisar “as tendências comunicacionais,
memoriais, projetuais e experimentais do
audiovisual, inscrevendo-o em um campo
heterogêneo de formatos, suportes e tecnologias
que atravessam e transcendem as mídias, por
convergência e dispersão” conforme
mencionamos nos fundamentos do grupo de
pesquisa Audiovisualidades e Tecnocultura:
comunicação, memória e design (TCAv) .
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27. "According to [Brewster] Kahle, the Internet is a medium for artifacts that are
considered to be ephemeral, both bibliographic and nonbibliographic. Internet
Archive wants to make those artifacts enduring for current and future scholars and
the public."(p. 6)
"The potential for IA’s successes and failures in preserving our past and present is
already apparent to many in the technology realm. Scholars and technology are
increasingly concerned with the possibility of a Digital Dark Age, a period in the not-so-
far future when the manuscripts and ephemera used by historians, social scientists,
and others to examine the past and present will not exist in a significant accumulation
to yield useful historical or social context.“ (p. 7)
Edwards, Eli. Ephemeral to Enduring: The Internet Archive and Its Role in Preserving
Digital Media. 2004.
31. Alexander Galloway (2012)
• A interface não é uma coisa, é um efeito de relação. Segundo o autor,
deveríamos encarar a interface não como algo simples e transparente
mas “um estado de ser/estar na fronteira”.
33. Pierre Nora
A memória é a vida, sempre carregada por grupos vivos e, nesse
sentido, ela está em permanente evolução, aberta à dialética da
lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações
sucessivas, vulnerável a todos os usos e manipulações, sucetível de
longas latências e de repentinas revitalizações.
(Entre memória e história: a problemática dos lugares)
34. Wendy Chun
• (...) devemos analisar, enquanto tentamos segurar um presente que
está sempre degenerando, os caminhos nos quais [a] efemeridade é
feita para durar. O que surpreende não é o fato de que a mídia digital
se esvai (fade), desaparece, mas sim que ela fica e nós ficamos
embasbacados por nossas telas enquanto elas efemeramente duram
(2011, p.171).
35. Henri Bergson
• Por memória se entende um princípio de conservação do passado, o
qual não é aquilo que passou ou desapareceu, mas, ao contrário, o
que se conserva.
• A memória não é somente o princípio de conservação do passado,
mas também o retorno incessante do passado em direção ao
presente, a presença do passado no presente ou para este presente.
• (Eduardo Braga, IMAGEM DIGITAL: IMAGEM-MOVIMENTO E A
FENOMENOLOGIA BERGSONIANA)
36. Imagens-lembrança
• A imagem-lembrança é produzida num salto realizado do presente para
o passado(...). A imagem-lembrança é, assim, uma atualização da
lembrança pura. Porém, apesar de ser uma imagem “atual”, ela não se
desprende de sua natureza virtual. É o que nos permite reconhecê-la
como o passado e não confundi-la com as imagens do presente.
Bergson aponta, assim, que a imagem-lembrança não é o passado, mas
sim que o representa, pois herda a marca da lembrança pura. (p. 3)
• Alex Damasceno, Da imagem-lembrança à imagem-recordação. 2011
39. Arqueologia da mídia – construir histórias
alternativas
• Segundo Huhtamo e Parikka (2011), os arqueologistas da mídia,
baseados em suas descobertas, começaram a construir histórias
alternativas das mídias suprimidas, negligenciadas e esquecidas
“vasculha arquivos textuais, visuais, sonoros; assim como coleções de
artefatos, enfatizando tanto as manifestações discursivas como
materiais da cultura.”
40. Arqueologia da mídia – recorrência e
escavação
• Erikki Huhatmo (1997)
• Dois objetivos:
1) estudo dos cíclicos e recorrentes elementos e motivos que subjazem
e guiam o desenvolvimento da cultura da mídia.
2) “escavação” de formas nas quais essas formulações e tradições
discursivas foram marcadas em máquinas de mídia específicas, em
diferentes contextos históricos. Esse tipo de aproximação, segundo
Huhtamo, daria ênfase a um desenvolvimento cíclico e não cronológico
e também reforçaria a ideia de recorrência ao invés de “inovação
única”.
41. Agir arqueológico e dissecação
• “(...)é preciso matar o fluxo, desnaturalizar a espectação, intervir
cirurgicamente nos materiais plásticos e narrativos (...).”
• Kilpp, Suzana. Panoramas Televisivos, 2006.
43. • Camadas são estratificáveis e arqueologizáveis (dissecáveis,
rastreáveis , autenticáveis)para ver q tempos – profundos e mais à
tona coalescem, que elementos são memoriais, enfim, o que nelas
dura de midiático, audiovisual, tecnológico, gráfico. Precisamos
pensar e produzir mais modos de pesquisa com uma visada
tecnocultura e arqueológica sobre as interfaces online.
50. Há uma memória da web, inserida na própria web.
Como ouvi-la? O que ela diz sobre a nossa tecnocultura?
O que ela diz sobre nossas imagens da memória/memória das
imagens?
O que ela lembra e esquece?
52. Referências
BERGSON, Henri. Matéria e Memória. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
CHUN, Wendy Hui Kyong. On software, or the persistence of visual knowledge. In: grey room, n. 18, p. 26-51, 2004.
CHUN, Wendy Hui Kyong. The Enduring Ephemeral, or the Future Is a Memory. In: Huhtamo, E. & Parikka, J. (orgs).
Media Archeology: Approaches, Applications, and Implications. Berkeley, California: University of California Press. 2011.
DAMASCENO, Alex. _________________. Da imagem-lembrança à imagem-recordação. In: X Congresso Intercom norte, 2011, Boa
vista. Intercom norte 2011, 2011b.
FISCHER, G. D. Tecnocultura: aproximações conceituais e pistas para pensar as audiovisualidades. In: Kilpp, Suzana; Fischer,
Gustavo Daudt. (Org.). Para entender as imagens:
GALLOWAY, Alexander R. The interface effect. Polity, 2012.
HUHTAMO, E., JUSSI, Parikka. Media Archeology: Approaches, Applications, and Implications. Berkeley, California: University of
California Press. 2011.
HUHTAMO, E. From Kaleidoscomaniac to Cybernerd: Notes Toward an Archaeology of the Media. Leonardo, vol. 30, 3/1997.
KILPP, Suzana. Panoramas televisivos. UNIrevista (UNISINOS. Online), v. 1, p. 1-11, 2006.
MANOVICH, Lev. The Language of New Media. Massachusetts: The MIT Press, 2001.
______________. Database as a Genre of New Media. AI & Soc (2000)14: p.176-183.
MCPHERSON, Tara. Reload: Liveness, mobility and the web. In: Chun, Wendy; Keenan, Thomas. New Media, Old Media. New York,
Routledge, 2006. (versão para Kindle)
PIERRE, NORA. Entre memória e história: a problemática dos lugares. In: Les Lieux de Mémorie. I La Republique, Paris, Gallimard,
1984, pp. XVIII-XLII. Tradução Yara Aun Khoury.
SHAW, Debra Benita. Technoculture: The Key Concepts. New York: Berg. 2008. Versão para Kindle.