A abordagem neo-schumpeteriana identifica analogias entre a evolução biológica e a dinâmica dos sistemas econômicos, onde inovações geram mutações internas nos sistemas de forma semelhante às mutações genéticas. A dinâmica dos sistemas econômicos é gerada internamente por inovações persistentes em produtos, processos, organizações e mercados. As inovações são baseadas em práticas de busca que envolvem incerteza e risco. A trajetória tecnológica evolui de
Principio De Mutacao Na Abordagem Neo Schumpeteriana Da Mudanca Tecnologica
1. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
schumpeteriana da mudança tecnológica
Introdução
A Abordagem Neo-schumpeteriana
(ANS) identifica uma analogia entre:
com
Conceitos de a dinâmica evolutiva
evolução dos sistemas
biológica econômicos.
Genes, entendidos Rotinas, processos de
como elementos busca, ativos e
de variações competências
Mutações Inovações
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2. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
schumpeteriana da mudança tecnológica
A dinâmica evolutiva dos sistemas econômicos
É gerada internamente pela emergência persistente
de inovações em:
•produtos,
• processos,
• formas de organização,
• mercados,
• fontes de matérias-primas
• etc.
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3. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
schumpeteriana da mudança tecnológica
práticas de busca
As inovações são baseadas nas chamadas práticas
de busca (search) que, devido à incerteza inerente,
poderão se justificar (ou não) apenas
posteriormente, se permitirem a mutação de firmas,
de setores da economia e do próprio sistema
econômico como um todo.
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4. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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rotinas estáticas e dinâmicas
As rotinas estáticas consistem na simples repetição
de práticas anteriores.
Já as rotinas dinâmicas, aprendizagens, são capazes
de criar outras rotinas, outros ativos ou outras
competências (Dosi, 1991, apud Kemp, 1997)
e encontram equivalente no conceito de
comportamento de busca, proposto por Nelson e
Winter (1982), sendo processos associados a
risco(tentativa e erro).
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5. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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Incerteza – expectativa – risco - indeterminação
Nelson e Winter (1982) rejeitam que a inovação seja
simples resultado de análises do tipo custo-benefício
com o conceito de rotinas de busca, que lidam com
um tipo muito especial de incerteza – de natureza
não-Bayesiana ou não-probabilística.
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6. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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Heurística:
É uma metodologia, ou algoritmo, usado para
resolver problemas por métodos que, embora não
rigorosos, geralmente refletem o conhecimento
humano e permitem obter uma solução satisfatória.
O processo de inovação é fruto do uso de heurísticas
(Nelson e Winter, 1982): de regras e procedimentos
que expressam uma racionalidade confinada às
limitações, cognitivas e de disponibilidade de
informações, dos agentes envolvidos, não lhes
permitindo agir como maximizadores perfeitos.
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7. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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busca de assimetrias
A busca de oportunidades de valorização dos
capitais se dá pela incessante busca de
diferenciação pelas empresas - as inovações -
criando assimetrias que lhes permitam expandir suas
fronteiras, conquistar novos espaços para a
valorização de seus recursos (ou ativos), não se
limitando apenas à simples busca da sobrevivência.
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8. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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Incerteza – expectativa – risco - indeterminação
A busca da inovação é uma expectativa de
valorização dos recursos ou ativos das organizações,
promessa cuja concretização exige uma aposta
(investimentos com riscos).
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9. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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dispositivos de focalização
Serem as práticas de busca não otimizadas não
significa que sejam totalmente aleatórias.
• problemas típicos,
Os dispositivos • as oportunidades ou
de focalização • as metas
(focusing devices) que tendem a ajustar o processo
de busca em direções
são os
particulares. (Rosenberg, 1976).
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10. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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paradigma tecnológico / trajetória tecnológica
Estes dispositivos de focalização se colocam como metas
para os projetos de P&D (Nelson e Winter, 1977), que
expressam certo moto interno (momentum) da mudança
tecnológica, mais relacionado aos limites das capacidades
cognitivas dos agentes envolvidos do que propriamente a
uma autodeterminação tecnológica.
As atividades de busca sofrem influência das crenças de
engenheiros e técnicos sobre o que é factível ou o que pode
ser experimentado. Defini-se assim um paradigma
tecnológico.
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11. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
schumpeteriana da mudança tecnológica
importância da aprendizagem
A importância da dimensão cognitiva na ANS coloca
a aprendizagem – que tem lugar no desenrolar das
rotinas – como elemento chave na compatibilização
da diversidade dos conhecimentos individuais
dentro de uma organização, conferindo coerência
a suas decisões. Ex.: learning by doing, learning by
using, learning by interacting...
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12. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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trajetória tecnológica
Existe um padrão de atividade normal de solução de
problemas dentro de um paradigma, a trajetória
tecnológica.
É representada por um movimento com base na
solução de trade-offs, entre variáveis definidas como
relevantes pelo paradigma.
A noção de progresso é relacionada ao
aperfeiçoamento desses trade-offs. (Dosi, 1982)
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13. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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projeto dominante
As atividades de inovação tendem a ser seletivas,
realizadas em direções bastante precisas e
cumulativas no que diz respeito à aquisição de
capacitações para solução de problemas. (Dosi,
1982)
O aperfeiçoamento desses trade-offs pode ser
compreendido como o aperfeiçoamento de um
projeto dominante.
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14. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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cumulatividade / path-dependence
O conhecimento tecnológico cresce de forma
dependente do conhecimento acumulado
anteriormente – trata- se da característica de path-
dependence da construção desse conhecimento e
das próprias trajetórias tecnológicas. (Rosenberg,
1982)
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15. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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conceito de rendimentos crescentes de adoção
Os efeitos da acumulação do conhecimento no
desenvolvimento de tecnologias sobre a
conformação de certos padrões de mudança
tecnológica podem ser compreendidos com base no
conceito de rendimentos crescentes de adoção,
de David (1985). Exemplo : teclado QWERTY
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16. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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lock-in
Eventos históricos podem influenciar os rumos da
mudança tecnológica, levando ao aparecimento dos
fenômenos de lock-in.
Uma tecnologia é feita de componentes ou partes inter-
relacionadas que definem as características técnicas de
um produto e sua produção (Rosenberg, 1976).
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17. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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irreversibilidade
O conceito de trajetória tecnológica, além de path-
dependent, implica irreversibilidade, isto é, uma
vez alcançada nova posição ou novo patamar no
progresso da trajetória, não existe possibilidade de
volta à situação anterior.
Transmissão de certo patrimônio tecnológico – que corresponderia à noção de
patrimônio genético de uma a outra geração - mais uma vez a analogia biológica.
( Willinger e Zuscovitch, 1993)
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18. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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patrimônio tecnológico
Patrimônio tecnológico é conceito análogo ao de
“base de conhecimento”, de Nelson e Winter (1982),
que se refere a um conjunto que envolve um código
de linguagem, uma gama de conhecimentos técnicos
e uma experiência.
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19. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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Rigidez cognitiva
O esforço de preservação desse patrimônio pode ser
compreendido como fonte de certa rigidez das
trajetórias tecnológicas, quando as organizações
se comportam de modo a preserver seu status quo.
Comportamentos desse tipo não estão em
desacordo com a lógica da valorização do capital,
que se submete ao processo concorrencial.
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20. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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inércia organizacional
Aversão ao risco é coerente com a tentativa de
preservar as posições já alcançadas pela
organização por meio da proteção de seus recursos
no estado em que se encontram – evitando o risco
tanto quanto possível e tentando continuar
usufruindo da rentabilidade oferecida por esses
recursos/ativos até então.
Um tal esforço de preservação de seus ativos
contribui para a inércia de uma organização.
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21. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
schumpeteriana da mudança tecnológica
Conceitos da ANS
Os conceitos apresentados, de:
• inércia organizacional,
• path-dependence,
• cumulatividade,
• irreversibilidade e
• lock-in
são articulados pela ANS para o entendimento da
dinâmica tecnológica e são consistentes com a idéia
de que existem certos padrões no progresso
tecnológico.
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22. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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diversidade e mutações
Mas as ações envidadas no âmbito dos processos
de busca são movidas por uma lógica que é pautada
pela criação de diversidade, isto é, de mutações.
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23. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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mudanças de paradigma
A evolução não é um processo obrigatoriamente
contínuo.
O evolucionismo econômico não implica
exclusivamente uma perspectiva de mudanças
graduais, mas é coerente com alterações abruptas,
rupturas, revoluções.
Da mesma forma que o evolucionismo biológico, ele
admite descontinuidades, fenômenos aos quais os
neo-schumpeterianos se referem como mudanças
de paradigma.
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24. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
schumpeteriana da mudança tecnológica
Schumpeter
A posição central que a inovação ocupa no processo
de desenvolvimento econômico é uma idéia presente
na ANS, emprestada de Schumpeter, que identifica-a
como fonte interna do dinamismo do sistema
econômico( 1912) e como motor de uma incessante
competição intercapitalista(1942).
Schumpeter critica a noção de concorrência perfeita
onde as firmas – pequenas e em grande número –
tentam apenas “administrar a estrutura” (1942 e
1984).
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25. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
schumpeteriana da mudança tecnológica
Schumpeter
Em sua interpretação as inovações são os
instrumentos da verdadeira concorrência, o confronto
entre firmas nas quais se desenvolve a atividade
empresarial (relativa a empresário no sentido
schumpeteriano).
Nesse confronto é que se dá a destruição criativa,
que bombardeia as estruturas industriais vigentes.
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26. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
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Considerações Finais
De acordo com Schumpeter, o sistema capitalista
possui um caráter essencialmente progressista,
evolutivo e não estacionário, havendo um processo
de inovação industrial que “revoluciona a estrutura
econômica a partir de dentro, incessantemente,
destruindo a velha estrutura e criando a nova.”
A competição capitalista fundamenta a lógica do
comportamento inovador sendo fonte da diversidade
e fator necessário para a operação do mecanismo de
seleção, assunto do próximo item.
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27. Item 2.2 – Princípio de mutação na abordagem neo-
schumpeteriana da mudança tecnológica
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORAZZA, R. I.; FRACALANZA, P. S. Caminhos do pensamento neo-
schumpeteriano: para além das analogias biológicas. Nova Economia, v. 14, n. 2,
Maio-Agosto 2004.
GOLDMAN, Fernando Luiz. Um modelo estruturado para implantação de Gestão
do Conhecimento Organizacional. In: XV SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO – SIMPEP, Bauru, 2008.
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