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The Globally Responsible Leader
A CALL FOR ACTION
O líder globalmente responsável – Uma Chamada para a Ação 
A  competitiva  economia  de  mercado,  nosso  atual  modelo  de  desenvolvimento,  vem 
demonstrando  uma  criatividade  contínua,  ao  mesmo  tempo  em  que  vem  ocorrendo  uma 
turvação progressiva de sua conexão com o bem‐comum global, e uma perda significativa 
em nossa capacidade de regular o modelo. Se não houver uma profunda transformação, tal 
modelo, até então bem sucedido, corre o risco de se tornar insustentável, e de perder sua 
legitimação moral e política. Convidamos líderes de negócios, de políticas, da sociedade civil 
e da educação a se unirem a nossos esforços de catalizar este processo de mudança.    
O sistema, como um todo 
A competitiva economia de mercado apresenta muitas vantagens: criatividade, produtividade, 
potencial  de  crescimento  e  flexibilidade.  Empreendedorismo  e  inovação  estão  no  coração 
deste sistema. Em uma economia de mercado, a empresa é o agente da evolução técnica e 
econômica. Por um longo tempo, presumiu‐se que as ações da empresa, automaticamente, se 
prestavam ao bem‐comum, graças às virtudes do mercado, e à sua famosa “mão invisível”. 
Hoje,  esta  conexão  está  se  tornando  bem  menos  nítida.  A  globalização,  o  crescimento  da 
tecnologia da informação e a ausência de uma regulamentação mundial conferem às empresas 
um poder – e uma liberdade – para agirem, sem precedentes. Algumas empresas exercitam 
este poder de acordo com seus próprios critérios: lucratividade, competitividade e valor aos 
acionistas, freqüente e crescentemente em um curto prazo, impulsionadas pelas exigências de 
relatórios trimestrais de analistas financeiros.  Essa lógica tornou‐se dominante. Ela nos impôs 
um modelo de desenvolvimento cujo único propósito é o seu próprio dinamismo e efetividade.   
Guiado unicamente pela lógica instrumental, o modelo se torna crescentemente ambíguo e 
paradoxal.  Ao  mesmo  tempo  em  que  produz  mais  riquezas  do  que  nunca,  e  assegura  um 
crescimento  sem  precedentes,  ele  polui,  exclui  e  freqüentemente  encoraja  a  opressão  e  a 
injustiça social. Ele promove uma corrida desesperada, que não mais apresenta um objetivo 
visível, ou raison d’être, além do valor ao acionista a qualquer preço. Esta medida, por seu 
curtíssimo  prazo,  não  mais  reflete  o  verdadeiro  valor  de  uma  empresa  em  termos  de  sua 
contribuição  para  a  sociedade.  Ao  tornar‐se  global,  o  nosso  modelo  de  desenvolvimento 
revelou seus limites e contradições. Sua extraordinária capacidade de criação de riquezas, seu 
dinamismo internacional e empreendedorismo estão produzindo efeitos colaterais sistêmicos 
não desejados, que preocupam muitos e revoltam outros.   
Devido ao fato de a experiência recente ter demonstrado que o modelo atual não conduz a um 
equilíbrio  que  sirva  ao  bem  comum,  a  GRLI  (The  Globally  Responsible  Leadership  Initiative) 
argumenta que há uma necessidade urgente de se conceber e implementar um modelo de 
desenvolvimento mais sustentável e social. Esta é a base de nosso chamado para a ação. 
Liderança globalmente responsável 
A atual crise financeira demonstrou que o ideal de um sistema auto‐regulatório nos levou a um 
fracasso em um nível global, com implicações a longo prazo no desenvolvimento econômico e 
no bem‐estar da humanidade. No coração deste fracasso está a ausência de responsabilidade 
e de liderança.  
Precisamos de lideranças mais responsáveis para implementar um modelo mais abrangente 
para o desenvolvimento sustentável. Isto requer uma profunda mudança nas mentalidades e 
comportamentos dos indivíduos, bem como na cultura corporativa geral. O que é necessário é 
que tanto os indivíduos quanto as organizações assumam sua responsabilidade perante o Bem 
Comum.  Uma liderança globalmente responsável exige que a mudança cultural e a evolução 
nas mentalidades se baseiem na revisão de três áreas: primeiro, na raison d’être da empresa; 
segundo, na  liderança como representante e catalizadora de valores e responsabilidades  na 
organização; e terceiro, na atuação como estadista corporativo para expandir o debate e o 
diálogo com a sociedade como um todo. 
 
1.  Revendo a raison d’être da empresa 
O objetivo precípuo da empresa é o de contribuir para o bem‐estar geral através do progresso 
econômico. O valor aos acionistas é apenas uma de diversas medidas de desempenho. Ações 
empreendedoras  são  definidas  em  termos  de  iniciativa,  dinamismo  e  inovação.  Temos  que 
retornar ao coração da ação empreendedora, que é a criatividade em um mundo real de bens 
e  serviços,  em  oposição  a  uma  lógica  de  pura  especulação  financeira.  Esse  conceito  de 
progresso nos permitirá identificar a contribuição específica de uma empresa à sociedade – a 
função que ela, sozinha, é capaz de cumprir, e que a diferencia das demais organizações tais 
como governo, sindicatos, universidades, ONGs e outras.   
Recolocar  a  economia  em  uma  perspectiva  de  bem  comum  requer  o  exercício  de 
responsabilidade global. Estabelecer os alvos e o objetivo do progresso econômico envolve o 
alinhamento  deste  progresso  ao  contexto  maior  do  progresso  social.  A  economia  é  apenas 
uma parte do todo, e não pode dominar a sociedade humana impondo sua visão restrita de 
equiparação de progresso a crescimento dos lucros. Existem outras formas de progresso, por 
exemplo, no domínio da cultura, sociedade, política, espiritualidade, educação e saúde. Apesar 
de o progresso financeiro de  uma empresa  encorajar  alguns deles, ele não abrange todo o 
campo do progresso humano. Nós também vimos que desvios do sistema atual podem gerar 
regressão e levar a situações negativas, ou até mesmo destrutivas. Devemos parar de afirmar 
que,  para  responder  aos  desafios  globais,  temos  apenas  que  acreditar  na  engenhosidade 
técnica e indicações do mercado. Devemos parar de alegar que há uma convergência quase 
automática  entre  criatividade  econômica  e  o  desenvolvimento  global  da  humanidade.  A 
empresa  apenas  se  tornará  reponsável  ao  se  comprometer  com  uma  visão  totalmente 
abrangente do progresso social e do desenvolvimento sustentável.  
É  nessa  perspectiva  que  a  GRLI  apóia  a  formulação  do  objetivo  dos  negócios  globalmente 
responsáveis nos seguintes termos: “Criar progresso econômico e social de forma sustentável 
e globalmente responsável”. 
 
2. Liderança e adequação ética 
Liderança responsável implica embasar as ações em um sistema de valores que reconhece a 
interdependência  societária  e  o  desenvolvimento  sustentável  a  longo  prazo.  Se  a  empresa 
desejar atribuir um significado às suas ações, se ela quiser atribuir um objetivo ao progresso 
econômico alinhando‐o ao progresso social, a ética é essencial para iluminar escolhas difícieis 
e guiar o comportamento. A questão ética principal de nosso tempo é escolher que tipo de 
mundo  queremos  construir  juntos,  com  a  imensa  gama  de  recursos  que  temos  à  nossa 
disposição…    
Os  humanos,  as  sociedades  e  suas  ações  constroem  –  ou  destroem  –  o  mundo.  Somos 
responsáveis pelo futuro e pela sociedade que criamos. Esta responsabilidade se torna tanto 
maior conforme aumenta nossa criatividade, recursos e poder. O conceito tradicional de ética 
é insuficiente, pois está adstrito às conseqüências imediatas das ações no ambiente que nos 
cerca.  Ciência,  tecnologia  e  globalização  impõem  questões  radicalmente  novas  que  nos 
forçaram  a  olhar  além  desta  limitada  concepção  e  levar  em  consideração  a  interconexão 
global. 
Recusar‐se a incorporar a ética ao funcionamento de uma empresa, sob o pretexto de que a 
economia tem sua própria lógica é o mesmo que se trancar em uma abordagem instrumental 
(a ideologia de mercado), o que retira da empresa a sua legitimidade social, e pode levar a 
fracassos espetaculares. A ética não se restringe a convicções ou valores, mas é essencial para 
a sustentabilidade das companhias a longo prazo. 
 
3. Estadista Corporativo  
Trata‐se da organização como contribuinte ativa para a evolução e para o bem‐estar social. A 
empresa  responsável  aceita  um  debate  aberto  sempre  que  suas  ações  possam  acarretar 
importantes  conseqüência  sociais.  Novos  tipos  de  diálogo,  que  inclui  representantes  da 
sociedade  civil  (tais  como  ONG´s,  universidades,  organizações  religiosas)  e  instituições 
internacionais,  precisam  ser  trazidas  à  discussão  com  parceiros  sociais  e  governos.  Tal 
abordagem deve, obviamente, ir além da estrutura nacional.  
Uma  transformação  voluntária  é  necessária,  mas  não  mais  será  suficiente  para  melhorar  o 
sistema.  Também  necessitamos  de  vontade  política  traduzida  em  regulamentações  e 
governança  mundial.  Ao  invés  de  se  limitar  a  ações  de  lobby,  a  companhia  responsável 
participa pró ‐ ativamente na preparação e implementação das normas globais necessárias, em 
colaboração  com  todos  os  interessados.  Isto  inclui  ouvir  atentamente  e  contribuir  para  o 
debate  público.  É  neste  sentido  que  os  líderes  responsáveis  devem  desenvolver  uma  nova 
capacidade de atuação como estadistas. 
Conclusão e compromisso com um diálogo criticamente construtivo  
Ao  desenvolver  esta  necessária  mudança  cultural,  é  importante  não  perder  de  vista  que 
estamos nos referindo a um processo de questionamentos em andamento, através do diálogo 
entre vários atores interessados (isto é, o mundo político, atores econômicos, e viabilizadores 
sociais). Importante também que esta mudança implica repensar, necessariamente, o modo 
como os líderes de negócios, politicos e sociais são educados e treinados.  
Concretamente,  a  GRLI  acredita  que  as  escolas  de  negócios  deveriam  focar  na  educação 
completa da pessoa, como empresários, líderes e estadistas corporativos. Liderança é a arte de 
motivar, comunicar, conferir poderes e convencer as pessoas a se engajarem em uma nova 
visão de desenvolvimento sustentável, e a necessária mudança que ela acarreta. Liderança se 
baseia  em  autoridade  moral.  Autoridade  moral  requer  convicções,  caráter  e  talento.  Todos 
que  já  se  engajaram  em  ações  sabem  que  grandes  líderes  talvez  devam  parte  de  sua 
autoridade mais às suas qualidades pessoais, que às suas competências técnicas e intelectuais. 
Esta tem sido uma constante por toda a história da humanidade. 
À  luz  de  tudo  isso,  e  percebendo  a  urgência  com  a  qual  o  sistema  em  falência  precisa  ser 
modificado e adaptado às necesidades humanas em uma economia globalizada, nós, líderes 
corporativos, escolas de negócios e instituições de aprendizagem chamamos para a ação nos 
comprometendo a:   
(1) Melhorar  os  fatores  de  mudança  que  nos  ajudarão  a  implementar  um  modelo  de 
desenvolvimento mais sustentável 
(2) Embutir  os  valores  e  comportamentos  adequados  em  nossas  estratégias  e  práticas 
gerenciais  
(3) Desenvolver  uma  pedagogia  e  um  currículo  que  possibilite  o  desenvolvimento  da 
liderança responsável 
(4) Trocar  inovações,  boas  práticas  e  casos  em  negócios  e  educação,  e  compartilhá‐los 
com nossos parceiros e com o público em geral através do desenvolvimento de fóruns 
para um diálogo crítico e construtivo.   
 
Nossa chamada para a ação visa reforçar as forças de nosso sistema empresarial enquanto 
corrige os defeitos e excessos financeiros deste sistema. Nós nos empenhamos em alcançar 
isto através do aprimoramento da responsabilidade em todos os níveis.   
 
Este artigo é resultado de discussões em grupo na  GRLI, baseadas em três documentos::  
“Uma chamada para o engajamento” (GRLI, 2005) 
“Aprendendo para o amanhã: Aprendizado para a pessoa completa Whole Person Learning’ (Bryce Taylor, Oasis Press, 2006) 
“Prometeu deve ser acorrentado?” (Philippe de Woot, Palgrave) 
ISBN 978-1-871992-53-3
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Grli call for action portuguese uma chamada para a ação 2009

  • 1. The Globally Responsible Leader A CALL FOR ACTION
  • 2. O líder globalmente responsável – Uma Chamada para a Ação  A  competitiva  economia  de  mercado,  nosso  atual  modelo  de  desenvolvimento,  vem  demonstrando  uma  criatividade  contínua,  ao  mesmo  tempo  em  que  vem  ocorrendo  uma  turvação progressiva de sua conexão com o bem‐comum global, e uma perda significativa  em nossa capacidade de regular o modelo. Se não houver uma profunda transformação, tal  modelo, até então bem sucedido, corre o risco de se tornar insustentável, e de perder sua  legitimação moral e política. Convidamos líderes de negócios, de políticas, da sociedade civil  e da educação a se unirem a nossos esforços de catalizar este processo de mudança.     O sistema, como um todo  A competitiva economia de mercado apresenta muitas vantagens: criatividade, produtividade,  potencial  de  crescimento  e  flexibilidade.  Empreendedorismo  e  inovação  estão  no  coração  deste sistema. Em uma economia de mercado, a empresa é o agente da evolução técnica e  econômica. Por um longo tempo, presumiu‐se que as ações da empresa, automaticamente, se  prestavam ao bem‐comum, graças às virtudes do mercado, e à sua famosa “mão invisível”.  Hoje,  esta  conexão  está  se  tornando  bem  menos  nítida.  A  globalização,  o  crescimento  da  tecnologia da informação e a ausência de uma regulamentação mundial conferem às empresas  um poder – e uma liberdade – para agirem, sem precedentes. Algumas empresas exercitam  este poder de acordo com seus próprios critérios: lucratividade, competitividade e valor aos  acionistas, freqüente e crescentemente em um curto prazo, impulsionadas pelas exigências de  relatórios trimestrais de analistas financeiros.  Essa lógica tornou‐se dominante. Ela nos impôs  um modelo de desenvolvimento cujo único propósito é o seu próprio dinamismo e efetividade.    Guiado unicamente pela lógica instrumental, o modelo se torna crescentemente ambíguo e  paradoxal.  Ao  mesmo  tempo  em  que  produz  mais  riquezas  do  que  nunca,  e  assegura  um  crescimento  sem  precedentes,  ele  polui,  exclui  e  freqüentemente  encoraja  a  opressão  e  a  injustiça social. Ele promove uma corrida desesperada, que não mais apresenta um objetivo  visível, ou raison d’être, além do valor ao acionista a qualquer preço. Esta medida, por seu  curtíssimo  prazo,  não  mais  reflete  o  verdadeiro  valor  de  uma  empresa  em  termos  de  sua  contribuição  para  a  sociedade.  Ao  tornar‐se  global,  o  nosso  modelo  de  desenvolvimento  revelou seus limites e contradições. Sua extraordinária capacidade de criação de riquezas, seu  dinamismo internacional e empreendedorismo estão produzindo efeitos colaterais sistêmicos  não desejados, que preocupam muitos e revoltam outros.    Devido ao fato de a experiência recente ter demonstrado que o modelo atual não conduz a um  equilíbrio  que  sirva  ao  bem  comum,  a  GRLI  (The  Globally  Responsible  Leadership  Initiative)  argumenta que há uma necessidade urgente de se conceber e implementar um modelo de  desenvolvimento mais sustentável e social. Esta é a base de nosso chamado para a ação. 
  • 3. Liderança globalmente responsável  A atual crise financeira demonstrou que o ideal de um sistema auto‐regulatório nos levou a um  fracasso em um nível global, com implicações a longo prazo no desenvolvimento econômico e  no bem‐estar da humanidade. No coração deste fracasso está a ausência de responsabilidade  e de liderança.   Precisamos de lideranças mais responsáveis para implementar um modelo mais abrangente  para o desenvolvimento sustentável. Isto requer uma profunda mudança nas mentalidades e  comportamentos dos indivíduos, bem como na cultura corporativa geral. O que é necessário é  que tanto os indivíduos quanto as organizações assumam sua responsabilidade perante o Bem  Comum.  Uma liderança globalmente responsável exige que a mudança cultural e a evolução  nas mentalidades se baseiem na revisão de três áreas: primeiro, na raison d’être da empresa;  segundo, na  liderança como representante e catalizadora de valores e responsabilidades  na  organização; e terceiro, na atuação como estadista corporativo para expandir o debate e o  diálogo com a sociedade como um todo.    1.  Revendo a raison d’être da empresa  O objetivo precípuo da empresa é o de contribuir para o bem‐estar geral através do progresso  econômico. O valor aos acionistas é apenas uma de diversas medidas de desempenho. Ações  empreendedoras  são  definidas  em  termos  de  iniciativa,  dinamismo  e  inovação.  Temos  que  retornar ao coração da ação empreendedora, que é a criatividade em um mundo real de bens  e  serviços,  em  oposição  a  uma  lógica  de  pura  especulação  financeira.  Esse  conceito  de  progresso nos permitirá identificar a contribuição específica de uma empresa à sociedade – a  função que ela, sozinha, é capaz de cumprir, e que a diferencia das demais organizações tais  como governo, sindicatos, universidades, ONGs e outras.    Recolocar  a  economia  em  uma  perspectiva  de  bem  comum  requer  o  exercício  de  responsabilidade global. Estabelecer os alvos e o objetivo do progresso econômico envolve o  alinhamento  deste  progresso  ao  contexto  maior  do  progresso  social.  A  economia  é  apenas  uma parte do todo, e não pode dominar a sociedade humana impondo sua visão restrita de  equiparação de progresso a crescimento dos lucros. Existem outras formas de progresso, por  exemplo, no domínio da cultura, sociedade, política, espiritualidade, educação e saúde. Apesar  de o progresso financeiro de  uma empresa  encorajar  alguns deles, ele não abrange todo o  campo do progresso humano. Nós também vimos que desvios do sistema atual podem gerar  regressão e levar a situações negativas, ou até mesmo destrutivas. Devemos parar de afirmar  que,  para  responder  aos  desafios  globais,  temos  apenas  que  acreditar  na  engenhosidade  técnica e indicações do mercado. Devemos parar de alegar que há uma convergência quase  automática  entre  criatividade  econômica  e  o  desenvolvimento  global  da  humanidade.  A  empresa  apenas  se  tornará  reponsável  ao  se  comprometer  com  uma  visão  totalmente  abrangente do progresso social e do desenvolvimento sustentável.  
  • 4. É  nessa  perspectiva  que  a  GRLI  apóia  a  formulação  do  objetivo  dos  negócios  globalmente  responsáveis nos seguintes termos: “Criar progresso econômico e social de forma sustentável  e globalmente responsável”.    2. Liderança e adequação ética  Liderança responsável implica embasar as ações em um sistema de valores que reconhece a  interdependência  societária  e  o  desenvolvimento  sustentável  a  longo  prazo.  Se  a  empresa  desejar atribuir um significado às suas ações, se ela quiser atribuir um objetivo ao progresso  econômico alinhando‐o ao progresso social, a ética é essencial para iluminar escolhas difícieis  e guiar o comportamento. A questão ética principal de nosso tempo é escolher que tipo de  mundo  queremos  construir  juntos,  com  a  imensa  gama  de  recursos  que  temos  à  nossa  disposição…     Os  humanos,  as  sociedades  e  suas  ações  constroem  –  ou  destroem  –  o  mundo.  Somos  responsáveis pelo futuro e pela sociedade que criamos. Esta responsabilidade se torna tanto  maior conforme aumenta nossa criatividade, recursos e poder. O conceito tradicional de ética  é insuficiente, pois está adstrito às conseqüências imediatas das ações no ambiente que nos  cerca.  Ciência,  tecnologia  e  globalização  impõem  questões  radicalmente  novas  que  nos  forçaram  a  olhar  além  desta  limitada  concepção  e  levar  em  consideração  a  interconexão  global.  Recusar‐se a incorporar a ética ao funcionamento de uma empresa, sob o pretexto de que a  economia tem sua própria lógica é o mesmo que se trancar em uma abordagem instrumental  (a ideologia de mercado), o que retira da empresa a sua legitimidade social, e pode levar a  fracassos espetaculares. A ética não se restringe a convicções ou valores, mas é essencial para  a sustentabilidade das companhias a longo prazo.    3. Estadista Corporativo   Trata‐se da organização como contribuinte ativa para a evolução e para o bem‐estar social. A  empresa  responsável  aceita  um  debate  aberto  sempre  que  suas  ações  possam  acarretar  importantes  conseqüência  sociais.  Novos  tipos  de  diálogo,  que  inclui  representantes  da  sociedade  civil  (tais  como  ONG´s,  universidades,  organizações  religiosas)  e  instituições  internacionais,  precisam  ser  trazidas  à  discussão  com  parceiros  sociais  e  governos.  Tal  abordagem deve, obviamente, ir além da estrutura nacional.   Uma  transformação  voluntária  é  necessária,  mas  não  mais  será  suficiente  para  melhorar  o  sistema.  Também  necessitamos  de  vontade  política  traduzida  em  regulamentações  e  governança  mundial.  Ao  invés  de  se  limitar  a  ações  de  lobby,  a  companhia  responsável  participa pró ‐ ativamente na preparação e implementação das normas globais necessárias, em  colaboração  com  todos  os  interessados.  Isto  inclui  ouvir  atentamente  e  contribuir  para  o  debate  público.  É  neste  sentido  que  os  líderes  responsáveis  devem  desenvolver  uma  nova  capacidade de atuação como estadistas. 
  • 5. Conclusão e compromisso com um diálogo criticamente construtivo   Ao  desenvolver  esta  necessária  mudança  cultural,  é  importante  não  perder  de  vista  que  estamos nos referindo a um processo de questionamentos em andamento, através do diálogo  entre vários atores interessados (isto é, o mundo político, atores econômicos, e viabilizadores  sociais). Importante também que esta mudança implica repensar, necessariamente, o modo  como os líderes de negócios, politicos e sociais são educados e treinados.   Concretamente,  a  GRLI  acredita  que  as  escolas  de  negócios  deveriam  focar  na  educação  completa da pessoa, como empresários, líderes e estadistas corporativos. Liderança é a arte de  motivar, comunicar, conferir poderes e convencer as pessoas a se engajarem em uma nova  visão de desenvolvimento sustentável, e a necessária mudança que ela acarreta. Liderança se  baseia  em  autoridade  moral.  Autoridade  moral  requer  convicções,  caráter  e  talento.  Todos  que  já  se  engajaram  em  ações  sabem  que  grandes  líderes  talvez  devam  parte  de  sua  autoridade mais às suas qualidades pessoais, que às suas competências técnicas e intelectuais.  Esta tem sido uma constante por toda a história da humanidade.  À  luz  de  tudo  isso,  e  percebendo  a  urgência  com  a  qual  o  sistema  em  falência  precisa  ser  modificado e adaptado às necesidades humanas em uma economia globalizada, nós, líderes  corporativos, escolas de negócios e instituições de aprendizagem chamamos para a ação nos  comprometendo a:    (1) Melhorar  os  fatores  de  mudança  que  nos  ajudarão  a  implementar  um  modelo  de  desenvolvimento mais sustentável  (2) Embutir  os  valores  e  comportamentos  adequados  em  nossas  estratégias  e  práticas  gerenciais   (3) Desenvolver  uma  pedagogia  e  um  currículo  que  possibilite  o  desenvolvimento  da  liderança responsável  (4) Trocar  inovações,  boas  práticas  e  casos  em  negócios  e  educação,  e  compartilhá‐los  com nossos parceiros e com o público em geral através do desenvolvimento de fóruns  para um diálogo crítico e construtivo.      Nossa chamada para a ação visa reforçar as forças de nosso sistema empresarial enquanto  corrige os defeitos e excessos financeiros deste sistema. Nós nos empenhamos em alcançar  isto através do aprimoramento da responsabilidade em todos os níveis.      Este artigo é resultado de discussões em grupo na  GRLI, baseadas em três documentos::   “Uma chamada para o engajamento” (GRLI, 2005)  “Aprendendo para o amanhã: Aprendizado para a pessoa completa Whole Person Learning’ (Bryce Taylor, Oasis Press, 2006)  “Prometeu deve ser acorrentado?” (Philippe de Woot, Palgrave)