2. Aspetos caraterísticos da obra “Mensagem”;
Atividade de pré-leitura;
Leitura do poema a abordar;
Análise da temática;
Análise estilística;
Conclusão;
Resposta a questões de compreensão.
3. 2
Realização
Mar Português
- O sonho
- A concretização
1
Nascimento
Brasão
- O construtores
do Império
Império espiritual
emergente:
O QUINTO IMPÉRIO
3
Morte
O Encoberto
- O Império
material
moribundo
4. “Pax in excelsis”
I – “Os Símbolos”: figuras/conceitos que marcaram o passado e
que são essenciais à construção do novo Portugal.
II – “Os Avisos”: presença de duas personalidades – Bandarra e
António Vieira – que, aliadas à voz do poeta, são figuras que
transmitiram, nas suas épocas, uma visão profética e mística do
Portugal futuro.
III – “Os Tempos”: revelam-se os sinais que anunciam a
proximidade de “O Encoberto”, mito com que o poeta metaforiza a
regeneração cultural da nação portuguesa.
5. “O Império Espiritual” de Fernando Pessoa
◙ Pessoa entende que Portugal possui o tamanho
ideal para perseguir a construção de um Império
Espiritual.
◙ Considera também que o seu domínio nunca
será associado a intenções de expansão
territorial.
◙ Esta tentativa de construção de um Império
Espiritual já foi tentada na época dos
Descobrimentos e falhada por falta de “gente
para impor” (l.8).
◙ Sem
capacidades de afirmação de um
“Imperialismo de Matéria” (l.8) mas enquanto
país formado por “almas de generais do Espírito”
(ll. 11-12), Portugal conseguirá impor “uma
civilização espiritual própria” (l.9).
6. O Quinto Império
Triste de quem vive em casa,
Contente como seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz –
Ter por vida a sepultura.
Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!
Análise externa
◘ Quintilhas
◘ Esquema rimático: a/b/a/a/b
◘ Rima cruzada e interpolada
◘ Redondilha maior
E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.
Triste de quem vive em casa, a
Contente como seu lar, b
Sem que um sonho, no erguer de asa, a
Faça até mais rubra a brasa a
Da lareira a abandonar! b
Grécia, Roma, Cristandade,
Europa – os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?
Rima cruzada
Rima interpolada
8. Triste de quem vive em casa,
Contente como seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz –
Ter por vida a sepultura.
1.ª parte
A vivência humana e a
importância do sonho
Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!
E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.
Grécia, Roma, Cristandade,
Europa – os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?
2.ª parte
Anúncio de um novo império
9. Paradoxos
Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz –
Ter por vida a sepultura.
Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!
Campo lexical de «casa»: «lar», «lareira».
Uso expressivo do verbo «durar» e dos
substantivos «raiz» e «sepultura.
10. Primeira parte - estrofes 1, 2 e 3
Triste de quem vive em
casa,
Contente como seu lar,
Sem que um sonho, no
erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz –
Ter por vida a sepultura.
Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser
homem.
Que as forças cegas se
domem
Pela visão que a alma tem!
Apologia do sonho
Seguir o sonho é o modo
de ultrapassar a comum
dimensão humana
Curso temporal em eras
e as <<forças cegas >>
11. E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.
Grécia, Roma, Cristandade,
Europa – os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?
Antítese
Interrogação retórica
12. Segunda parte – estrofe 5
E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.
Grécia, Roma, Cristandade,
Europa – os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?
Referência aos quatro
impérios antigos
A chegada do Quinto
Império
13. O mito em “Mensagem”
Pessoa, partindo da figura histórica de D. Sebastião,
reformula o sebastianismo passadista, caraterístico do
temperamento nacional, renovando-o;
Serve-se das suas glórias para ultrapassar o cinzento do
presente (“Nevoeiro”) -> construção de um futuro
brilhante, o Quinto Império;
Evocação da loucura do jovem rei como necessária à
revitalização e à criação de um novo império;
A figura de D. Sebastião, o Encoberto, traduz a incerteza e a
hipótese de revelação de novas realidades;
Símbolo de esperança e de regeneração que levará à
formação de um novo Portugal, de um novo império.
14. ◘ Relação entre “Os Lusíadas” e “Mensagem”
Visão do Império
Camões
Cantou o império real, o
expansionismo material para o
oriente, a cruzada religiosa contra
os infiéis, a ultrapassagem dos
obstáculos físicos que se erguiam
aos portugueses por terra e por
mar.
Pessoa
Antevê um Portugal, no
futuro, além do material. Portugal
não será assim grande em
domínio territorial, mas em
valores espirituais e morais. O
objetivo do poeta
é, portanto, espiritualista.
15. 1. As três primeiras estrofes constituem uma reflexão acerca da vivência humana e da
importância do sonho. As duas últimas configuram o anúncio de uma nova época, de
um novo império.
2. O paradoxo congrega na mesma entidade caraterísticas opostas, conferindo-lhes uma
natureza dúbia. Quem se diz feliz no comodismo do seu mundo é, na opinião do sujeito
poético, “triste”.
2.1. Verso 13.
3. O vocabulário do campo lexical de “casa” (v.1) (“lar”, v. 2, “lareira”, v. 5) reforça a ideia
de aconchego de quem vive acomodado e “Contente” (v. 2) com a sua vida sem “um
sonho” (v. 3).
4. O verbo remete para a existência enquanto mero passar do tempo. Assim, quem “Vive
porque a vida dura” não a aproveita e limita-se a existir.
4.1. “raiz” (v. 9) e “sepultura”(v. 10) associam-se ao imobilismo e à ausência de vida e de
sonhos.
5. A antítese coloca em confronto o “[…] atro/ Da erma noite […]” – o tempo passado e
presente – e o “dia claro” – o tempo futuro – que se anuncia sob a égide espiritual dos
portugueses. Depois dos “quatro/ Tempos” (vv. 16-17), os quatro impérios considerados
por Pessoa (grego, romano, cristão e europeu/inglês), chegará o Quinto Império.
6. A interrogação anuncia o Quinto Império que, sucedendo-se aos quatro anteriores,
deles diferirá pela sua natureza; será o império da “verdade”, nascida com a morte de
D. Sebastião.