2. As situações e os conteúdos matemáticos, da
escola ou da vida cotidiana, guardam entre si
relações que podem e devem ser explicitadas e
exploradas na sala de aula. É o que chamamos aqui
de conexões matemáticas.
3. Para fins didáticos, vamos agrupar as
conexões em duas classes:
a) conexões internas, entre conceitos e
procedimentos matemáticos;
b) conexões externas, nas quais estrutura,
conceitos, métodos e técnicas são usados em
outras áreas do conhecimento, seja como
aplicações diretas para resolver problemas, seja
como forma de ampliar a compreensão de
fenômenos que estão sendo estudados.
4. A fragmentação e o tratamento isolado de
conteúdos é uma abordagem nociva para a
aprendizagem de ideias, conceitos e procedimentos
matemáticos. A exposição de tópicos
desconectados contribui para que os alunos percam
a noção do todo e, em consequência, do processo
que caracteriza o desenvolvimento do pensamento
matemático. O próprio termo “fragmento”, em sua
origem etimológica, expressa isso.
5. O contraponto a esta visão é uma Educação
Matemática que valoriza as relações, os
problemas, o raciocínio, os contextos e as
conexões. Uma Matemática viva na qual os alunos
são os sujeitos, problematizando, pondo coisas em
relação e raciocinando. Estudos indicam que,
quando o aluno tem oportunidade de relacionar
ideias matemáticas, sua compreensão é mais
profunda e duradoura.
6. Currículos de vários países têm dedicado atenção
às conexões para que os alunos sejam capazes de:
relacionar seus conhecimentos conceituais com
processos de pensamento;
relacionar diversas representações de conceitos ou
procedimentos entre si;
reconhecer relações entre distintos temas de natureza
matemática;
utilizar a Matemática em outras áreas do currículo
escolar;
usar a Matemática na vida diária.
7. Quanto aos problemas, é importante
desenvolver o espírito investigativo desde cedo,
propondo uma variedade de tipos de problemas.
Problemas com e sem solução:
Encontrar dois números consecutivos cuja
soma é 15.
A resposta 7 e 8 pode ser encontrada por
tentativa e erro.
8. Encontrar dois números ímpares cuja soma é
17.
O problema não tem solução, mas é possível
que os alunos respondam 8 e 9, mas devem voltar
ao enunciado e verificarem se atenderam a todas
as condições do problema. Em um problema sem
solução, é mais importante que os alunos
saibam argumentar e justificar porque o
problema não tem solução.
9. Problemas com várias soluções:
Joana tem 80 reais em cédulas. Quantas
notas ela tem?
Há várias soluções: 3 notas (50 + 20 + 10), 4 notas
(20 + 20 + 20 +20). Há outras soluções.
10. Problemas com excesso de dados:
Victor foi ao supermercado comprar
refrigerantes, comprou 7 garrafas de
refrigerante de uva, 5 de refrigerante de
laranja, 8 de Guaraná e pagou no caixa de
número 6. Quantas garrafas comprou?
Neste tipo de problema, cuja resposta certa
é 20 garrafas, é comum que os alunos somem
todos os números que aparecem no enunciado 7
+ 5 + 8 + 6 = 26. Observe que, neste caso,
somaram a quantidade de garrafas com o
número do caixa.
11. A importância de propor este tipo de
problema é propiciar um debate sobre a situação
em vários aspectos: a interpretação, os dados
relevantes e não relevantes, as estratégias, a
verificação do resultado, os estilos de cada um. As
descobertas e os procedimentos mais organizados
e reflexivos devem ser socializados.
12. Problemas com falta de dados:
Cida foi à papelaria para comprar canetas e
cadernos. Comprou 3 cadernos que custavam R$
4,00 cada e 6 canetas Quanto gastou ao todo?
Para resolver este problema, é necessário
saber o custo de cada caneta. Aqui o importante é
que os alunos discutam e decidam que informações
têm disponíveis e qual é o dado que falta.
13. Conexão 1: Números e Geometria
O estudo da multiplicação, relacionado a
áreas de retângulos, é um dos exemplos mais
emblemáticos da conexão entre o campo dos
Números e o da Geometria.
14. a) Um agricultor pretende plantar árvores num
canteiro em 4 fileiras com 5 árvores espaçadas
igualmente em cada fila. Quantas árvores ele vai
plantar?
15. b) Seu Olavo aplica lajotas no piso e ladrilhos nas
paredes de uma cozinha. ele aplicou os ladrilhos
que tinha, formando um retângulo com 5 ladrilhos
na horizontal e 5 na vertical. Quantos ladrilhos ele
usou para formar o retângulo ?
16. c) Determine, sem contar um a um, quantos
veículos estão no estacionamento.
17. Conexão 2: Geometria e Medidas
Há uma variedade de situações e atividades
escolares em que o trabalho com medidas se
relaciona a um trabalho com ideias e a um
tratamento geométrico e vice-versa.
18. A própria sala de aula é um cenário se
provocarmos os alunos a pensar e investigar
questões, como:
“Qual é o comprimento do rodapé da sala?”,
“Quantas lajotas foram usadas para fazer o piso?”,
“Como o pintor determina a quantidade de tinta que
vai usar para pintar uma parede?”,
“Qual o comprimento da borda de uma toalha ?”.
19. Em comum, estas questões têm o fato de
relacionar figuras geométricas, como retângulos,
e medidas de área e perímetro.
20. Conexão 3: Números e Medidas
A relação entre números e medidas ocorre
no uso das operações usuais que utilizamos
para calcular comprimentos, perímetros, áreas
e volumes, mas se dá também pela utilização
de contextos de medidas para prover de
significado os números decimais. No cotidiano
das crianças, os “números com vírgula”
existem, independente de eles terem sido
ensinados ou não.
21. Que significados os alunos podem atribuir a
estas informações?
Idade: 7 anos e 6 meses é “7 anos e meio”.
As crianças devem compreender que estão no
meio do intervalo que vai do último aniversário ao
próximo aniversário
22. Peso: 24,5 kg significa que a criança tem
mais de 24 kg e menos de 25 kg.
A professora pode fazer referência ou explorar
coisas que pesam aproximadamente 25 kg para que
os alunos tenham alguma noção da massa de seu
próprio corpo.
24 kg 24,5 kg 25 kg
23. Altura: 1,28 é maior que 1
metro e menor que 2 metros:
Mas, como o contexto da
medida refere-se à altura de
indivíduos é necessário refinar
comparando com 1,5 metros por
exemplo.
24. Conexão 4: Números e Estatística
Muito se pode fazer relacionando números e
estatística. De início, cabe ressaltar que, no
mundo atual, com a disponibilidade de uma
variedade de recursos tecnológicos, a informação
é organizada e veiculada, principalmente pelos
meios de comunicação, por meio de ferramentas e
representações matemáticas, em especial, os
gráficos e tabelas que utilizam a linguagem
matemática
25. A atividade, a seguir, é um exemplo de como se
pode aproveitar um contexto da vida real para
levar os alunos a relacionar ideias matemáticas,
tais como: números, operações e representações. A
atividade foi adaptada de uma experiência
realizada pelo professor Pedro Almeida em uma
escola em Portugal e publicada no livro
Desenvolvendo o sentido do número. Lisboa: APM,
2005.
26. Esta é uma máquina de
vender refrigerantes ou sucos,
muito comum em aeroportos,
universidades, estações de
metrô e lugares públicos em
grandes cidades.
Para comprar suco nesta
máquina, basta colocar uma
moeda e apertar a tecla do
sabor de preferência do
comprador.
A máquina tem um visor
que indica a quantidade de
latas de cada sabor. Porém
observe que, na referida
máquina, apenas o visor
correspondente à coluna do
sabor uva está funcionando.
27. A imagem da máquina é um contexto rico que
propicia a proposição de questões e formulação de
problemas.
1) Qual é o sabor que tem mais latas na máquina?
2) Qual foi o suco mais vendido até o momento?
3) Quais são os sabores que têm mais de 10 latas?
4) Tem mais latas de suco de pêssego ou de manga?
Quantas a mais?
28. 5) Escreva a quantidade de latas de cada sabor.
6) Quantas latas de suco de manga devem ser
vendidas para ficar com o mesmo número de
latas de suco de uva?
7) Seu João que é o dono da máquina, tem que
reabastecê-la repondo algumas latas de suco a
fim de que a máquina fique cheinha. Quantas
latas de suco de cada sabor ele deve que colocar
na máquina?
29. A imagem da máquina possibilitou a
formulação dos sete problemas e muitos mais.
Envolve ações de visualização, contagem e
cálculo, que são importantes para o
desenvolvimento do senso numérico. Porém há
dois aspectos a considerar.
30. O primeiro é que a máquina tem divisões de 5
em 5, o que facilita a percepção de quantidades e
o cálculo mental que pode ser feito a partir de
marcos como o 5 e o 10, tal como existem em
materiais didáticos estruturados como o contador
de contas coloridas.
31. Outro aspecto é que a disposição das latas se
assemelha a um gráfico de colunas. nesse sentido,
a atividade pode ser explorada, visando a
introdução de tópicos de Estatística. A disposição
das latas, tal como aparece na máquina, é uma
primeira aproximação de uma representação de
dados organizados nos gráficos de coluna.
32. Explorando o calendário
Calendários podem e
devem ser utilizados nas
aulas de Matemática
como contextos ricos de
relações com potencial
de proposição e
formulação de problemas
interessantes.
33. Considere o calendário acima como cenário. A
princípio, trata-se de um simples calendário.
Nesse sentido, cabe ao professor fazer
perguntas que levem os alunos a estabelecer
relações mais complexas e, assim, levá-los a pensar
em questões novas. Vejamos alguns exemplos:
34. 1) Que mês do ano deve ser este calendário ?
Esta questão dá oportunidade para que os
alunos discutam entre si e possam constatar que os
meses não têm o mesmo número de dias, que há
meses com 28 ou 29 dias e que a maioria tem 30
ou 31 dias.
Neste caso, a discussão pode levá-los a fazer
uma tabela de dupla entrada como podemos
observar no exemplo a seguir.
Esse é um exemplo de problema com várias
soluções
35. Calendários e relações aritméticas
Parta de um calendário mensal qualquer e
escolha 4 dias, de modo a formar um quadrado
(2 x 2).
36. Peça para os alunos somarem os números
que aparecem nas diagonais.
Os alunos devem constatar que a soma é a
mesma e, no quadrado escolhido, dá sempre 34.
Proponha que escolham outro quadrado e
somem as diagonais.
37. A esta altura, já desconfiam que vai dar
sempre a mesma soma. É o momento de
institucionalizar as descobertas do grupo, por
exemplo, escrevendo-as no quadro:
Obviamente esta proposição nem sempre é
correta, pois nem todos os quadrados do calendário
têm todos os números e, nestes casos, não
funciona se “emprestar” um dia de outro mês para
completar.
38. Aqui, o que importa é que os alunos tiveram a
oportunidade de investigar e descobrir relações
aritméticas e de se sentirem muito orgulhosos por
ter essas descobertas reconhecidas como uma
produção coletiva e de alto nível.
Dependendo dos objetivos colocados para o
grupo, o professor pode dirigir uma discussão de
natureza argumentativa, entendida aqui como um
dos primeiros passos dos alunos no exercício da
argumentação matemática.
39. Pares e ímpares
Desde cedo, as crianças jogam par ou ímpar
para decidir quem inicia um jogo ou quem vai ser
escolhido para fazer algo.
40. Quando muito pequenos, a estratégia para
decidir se deu par ou ímpar é fazer uma espécie
de agrupamento dois a dois, enquanto falam em
voz alta “ímpar-par, ímpar-par, ímpar-par, ímpar”.
Se a última palavra é ímpar, sabem que a
quantidade é ímpar, caso contrário, sabem que a
quantidade é par.
A estratégia pode ser relacionada a um
procedimento, em geral, utilizado para determinar
se uma quantidade de objetos é par, quando a
contagem e o Sistema de Numeração Decimal
ainda não foram devidamente aprendidos.
41. Por exemplo, para saber se o número de
objetos (feijões, botões) é par ou ímpar sem contá-los,
as crianças podem agrupá-los dois a dois.
42. Procedendo desse modo, as crianças percebem
que, se todos os objetos puderam ser pareados,
então a quantidade é par, caso contrário, se
sobrou um, a quantidade é ímpar.
43. Se forem expostos a mais atividades e
desafios, vão perceber regularidades que lhes
permitirão decidir se um número é par ou ímpar,
agora sem a necessidade de fazer agrupamentos,
como, por exemplo, observar o algarismo das
unidades do número..
44. Este conhecimento pode ser aferido por meio
de atividades simples, como pedir para os alunos
escolherem uma determinada cor para pintar os
quadradinhos que têm números pares no quadro
seguinte
45. Trata-se de uma atividade de familiarização e
reconhecimento de números pares e ímpares. Mas
o objetivo do ensino é, entre outros, o de ajudar os
alunos a atingir níveis mais complexos de
pensamento matemático, sempre respeitando o
desenvolvimento cognitivo dos alunos, de acordo
com a sua faixa etária.
46. Problematizando e argumentando com
pares e ímpares
Após se certificar de que os alunos dominam
as noções de par e ímpar e suas propriedades,
desafie-os com problemas que ativam e
desenvolvem o cálculo mental e os processos de
argumentação.
48. Para resolver esta atividade, as crianças devem
se lembrar dos números de 1 a 9 cuja soma é 10 e
se ater ao algarismo das unidades de cada número.
Assim, se o número é o 17, as crianças podem guiar
sua investigação pelo algarismo das unidades e pela
ordem de grandeza. Como o algarismo das
unidades de 17 é o 7, buscam-se números do
quadro que terminam em “3” os números 43, 13 e
83.
49. O jogo, além dos alunos exercitarem o cálculo
mental, familiarizam-se com adições de duas
parcelas que completam a centena, percebendo
regularidades, do tipo 3 + 7 = 10.
Atividades como esta se justificam pelo
potencial que têm de envolver os alunos em uma
investigação, na formulação e testagem de
hipóteses, no cálculo mental e nos processos de
justificação.
50. Um problema, muitas possibilidades
Quantas crianças você acha que estão atrás da
cerca?
Esta é uma atividade simples que parte de um
cenário que é a imagem das mãos levantadas atrás
da cerca. O professor pode ir fazendo as perguntas
à medida que os alunos vão falando sobre a
situação e colocando suas ideias e explicações.
51. A aprendizagem das tabuadas por meio de
conexões matemáticas
Um dos conteúdos da escola básica mais
importante e, por isso mesmo, um dos mais
populares e controversos é o ensino das tabuadas.
52. Do ponto de vista estritamente matemático,
pode-se admitir que as tabuadas são
representações de funções na forma de um
quadro, que chamamos de tabela. A “tabuada do
3”, por exemplo, associa a cada número do
conjunto dos números inteiros, um outro
correspondente, que é seu triplo, mas,
infelizmente, a relação “número” → “seu triplo”
perde-se pelo modo mecânico de seu ensino,
baseado exclusivamente na decoreba.
53. Para que servem as tabuadas?
Embora muitas pessoas ainda pensem que as
tabuadas precisam ser decoradas de modo
mecânico, o fato é que tabuadas são tabelas, que
como tais existem para serem consultadas, não
para serem decoradas ou reconstruídas a cada
momento. As tabuadas, como qualquer tabela,
deveriam ser construídas e ensinadas para serem
consultadas e, no âmbito escolar, se as
atividades de construção e consulta forem
significativas, é grande a probabilidade da
maioria dos alunos as memorizarem
naturalmente, sem esforço ou cara feia
54. Metodologias para uma aprendizagem
significativa das tabuadas
Antes de discutir pontualmente as propostas
de atividades, segue um conjunto de princípios
que consideramos fundamentais para se obter
uma aprendizagem significativa das tabuadas.
Contexto: Explorar contextos e situações-problema
tão familiares quanto possível e
preferencialmente acompanhados de imagens
que sugiram uma multiplicação.
55. Construção: Oferecer oportunidades para que
os alunos construam a tabuada com o professor e
os colegas. Pode-se, por exemplo, afixar, nas
paredes da sala, uma tabela de dupla entrada e, a
cada dia, propor problemas que levem os alunos a
completar as casas que faltam, fazendo uma
multiplicação relacionada à casa da tabela. No
processo de construção, os alunos têm que
entender construtivamente porque o resultado de
3 x 4 é 12 e não simplesmente aceitarem um
resultado prescrito pelo professor ou impresso no
livro ou em um lápis.
56. Representação: associar imagens aos fatos
da multiplicação contribui para desenvolver a
fixação, por meio da memória visual. Por
exemplo, exibir imagens ou desenhos que
sugerem uma multiplicação.
a) Pelo dispositivo retangular: um engradado
de refrigerantes pode sugerir o produto 4 x 6,
uma caixa de ovos o produto 2 x 6.
57. b) A soma de parcelas iguais: 5 x 3 (5
triciclos x 3 Rodas), 3 x 2 (3 caixas com 2
sapatos), 2 x 5 (duas mãos vezes cinco dedos), 3
x 4 (3 trevos de 4 folhas).
58. c) A ideia combinatória: uma tabela de dupla
entrada que sugere combinações de camisa e
calça.
59. Memorização não é sinônimo de “decoreba”
É importante reafirmar aqui a diferença entre
memorizar e decorar. Para que o ensino da
tabuada seja bem-sucedido, o aluno precisa
memorizá-la, ou seja, apreendê-la por meio do uso
em situações significativas que partam de seu
universo e dos seus saberes, e não simplesmente
decorá-la, sem que isso tenha qualquer significação
para ele. Ao memorizá-la, ele pode resolver
problemas mais facilmente, não apenas na sala de
aula, mas também no cotidiano e nas atividades
profissionais pelo resto da vida.
60. Propostas didáticas
Deve-se partir dos fatos da multiplicação
mais familiares aos alunos. por isso, é
recomendado que o trabalho inicial seja com
multiplicações de números de 1 a 5 por
números de 1 a 5 e também por 10, que são
cálculos mais simples e intuitivos, o que é
adequado ao aprendizado nos anos iniciais de
escola.
61. Perguntas, problemas e representações
Depois de ter explorado conceitos e
procedimentos relacionados à multiplicação,
chame a atenção dos alunos para a importância
do registro e da organização na forma de
tabelas. Espera-se que, ao final, os alunos
percebam que a memorização os ajudará na
resolução de problemas e na multiplicação de
números maiores. A tabuada é uma
sistematização dos fatos da multiplicação.
62. Motive os alunos por meio de perguntas
relacionadas e situações-problema significativas,
factíveis, instigantes e familiares. Elas devem ter
referência no mundo das crianças e em suas
experiências.
63. Após uma sequência de problemas e
resultados armazenados, é hora de discutir a
necessidade de registrar os resultados das
multiplicações de uma forma organizada. neste
caso, na forma de uma tabela de dupla entrada.
64. Antes de construir o quadro da tabuada,
procure utilizar imagens que possam ser
associadas aos problemas e fatos da
multiplicação. Estudos mostram que isso
contribui para que os alunos desenvolvam uma
memória visual, o que leva a uma memorização
mais sólida da tabuada.
65. Explore uma variedade de
registros de representação que
permita que os alunos percebam
regularidades e as enunciem após
descobri-las.
Nessa forma de organização,
os alunos podem perceber que
sempre que aumentam uma
unidade no primeiro fator, tem
que adicionar mais 3 ao resultado
anterior, o que pode levá-los a um
novo registro mais explícito.
66. Construa uma tabela de dupla entrada
junto com os alunos
Depois que os alunos já tiverem observado
imagens com agrupamentos regulares que
sugerem multiplicação, pode-se propor
atividades de construção de tabuadas. Uma ideia
é desenhar na lousa a tabela de dupla entrada
da multiplicação e pedir que as crianças a
copiem nos cadernos, pois ela será bastante
utilizada para futuras consultas.
67. Deixe alguns campos preenchidos e dê um
tempo aos alunos para copiarem, depois termine
de preencher junto com eles, por meio da
resolução de problemas.
Dessa maneira, as crianças podem perceber
as regularidades nas linhas e nas colunas
construtivamente. Assim, os alunos poderão
memorizar os fatos sem decorar.
68. Incentive a consulta da tabuada
Organize aulas de resolução de problemas em
que os alunos poderão consultar a tabuada no caso
de ainda não terem condições de fazer o cálculo
mentalmente. Você pode perguntar a eles, por
exemplo: “Se um boneco custa 3 reais, quanto
custam 5 bonecos?”. Deixe-os consultar a tabela
de dupla entrada para dar a resposta.
69. Explore as conexões aritméticas para
construir tabuadas
A tabuada do 2 é provavelmente a mais
intuitiva. Não é difícil para as crianças imaginar
ou representar o dobro de quantidades e
objetos. Oriente os alunos a investigar que coisas
são agrupadas aos pares, como sapatos, rodas da
bicicleta, etc.
70. A tabuada do 4 surge da ideia do “dobro do
dobro”. Leve as crianças a perceber que o dobro de 2
é 4.
O dobro de 4 é 8, o caminho para a construção
da tabuada do 8 é “continuar dobrando”. A ação de
encontrar o “dobro, do dobro do dobro” de um
número equivale a multiplicar por 8.
O trabalho com as tabuadas do 2, do 4 e do 8
mobilizam a mesma ação de pensamento: dobrar, ou
seja, estão no mesmo nível de complexidade. Realçar
este tipo de relação é papel do professor.
71. Do dobro à metade, da tabuada do 10 para a
tabuada do 5
Desde cedo os alunos recitam a sequência 10,
20, 30, 40 ... que pode ser associada à
multiplicação por 10, uma operação considerada
simples pelos alunos, pois, para isto, basta
acrescentar um zero à direita do número. Organize
estes resultados para introduzir a tabuada do 10.
72. As ideias de dobro e metade estão
relacionadas, uma ação é a inversa da outra, esta
relação dever ser explicitada e problematizada.
Este é um caminho para introduzir a tabuada
do 5 a partir da tabuada do 10.
Leve-os a perceber que 5 é a metade de 10
(10 ÷ por 2 = 5); logo, o dobro de 5 é 10 (5 × 2 =
10).
73. A tabuada do 5 pode ser facilmente construída
a partir da tabuada do 10.
74. Use e abuse da noção de dobro para
construir outras tabuadas. Para construir a
tabuada do 3, basta lembrar que multiplicar um
número por 3 equivale a somar um número a seu
dobro, por exemplo: 5 x 3 = 5 + 10 = 15; 9 x 3 = 9
+ 18 = 27. Uma vez reforçada a importância do
dobro, pode-se iniciar a discussão e construção
da tabuada do 6 dobrando os valores da tabuada
do 3.
9 × 6 → dobro de 9 × 3 → o dobro de 27, que é 54
75. Do mesmo modo
se constrói a tabuada
do 8 dobrando os
valores da tabuada do
4, ou seja, multiplicar
por 8 equivale a
“dobrar o dobro do
dobro de um
número”. Para se
calcular 8 × 7, por
exemplo, basta
calcular “o dobro do
dobro, do dobro de
7”.
77. A estratégia para a
construção da tabuada do 9 com
compreensão e sem artifícios ou
macetes é outra, envolve o
reconhecimento de que 9 é
quase 10. O procedimento para
multiplicar um número por 9 é
reduzido ao artifício de
acrescentar um zero à direita do
número (x 10) e subtrair o
multiplicador. Este procedimento
se apoia na propriedade
distributiva que os alunos
dispõem intuitivamente:
78. A tabuada do 7, por muitos considerada a
mais difícil, pode ser construída a partir de
propriedades aritméticas, tendo como pontos de
apoio o domínio dos fatos das tabuadas do 2 e do 5
que são mais simples, por exemplo:
79. Sobre a avaliação da tabuada
A maneira mais eficaz para saber se o aluno
aprendeu a tabuada é colocá-lo frente a problemas
autênticos e desafiadores que necessitem da
compreensão e da utilização dos fatos da tabuada.
Não é recomendável a proposição de listas para os
alunos preencherem buscando um resultado na
memória. Esse tipo de atividade não estimula nem
desenvolve o raciocínio.