A canção buarquiana, Cotidiano,
esconde em sua criação um
excelente objeto de estudo
linguístico. Esse estudo levou à
compreensão de uma linguagem
capaz de estabelecer vínculos de
aspecto conotativo.
48. A EXPRESSIVIDADE
POÉTICO-MUSICAL EM
COTIDIANO
DE CHICO BUARQUE
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS (FEF)
FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS (FIFE)
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO (ISE)
PROGRAMA DE INICIAÇÃO EM PESQUISA (PIP)
Autor: Sarah Menoya Ferreira
Orientador: Prof. Dr. Durval A. Ramanholi
49. INTRODUÇÃO
A canção buarquiana, Cotidiano,
esconde em sua criação um
excelente objeto de estudo
lingüístico. Esse estudo levou à
compreensão de uma linguagem
capaz de estabelecer vínculos de
aspecto conotativo.
50. JUSTIFICATIVA
Se o professor não incentivar o
aluno a obter competência lingüística,
este não será um cidadão completo em
seus deveres e direitos, afinal não
saberá compreender o mundo e
entender que há “um somatório de
possibilidades condicionadas pelo uso
e pela situação discursiva”
(PCN, 1999)
51. OBJETIVOS
• Desenvolver uma análise lingüística da canção
Cotidiano, de Chico Buarque, fundamentada em bases
fonéticas, sintáticas e semânticas, bem como em
elementos de estilística.
Disponibilizar material e técnicas para interpretação de
textos e, particularmente, despertar para o uso de
textos musicados na análise lingüística, destacando-se
a importância da sonoridade das palavras e os jogos
de timbres, pausas e rupturas, elementos próprios da
musicalidade.
52. Fonética
As unidades rítmicas da canção, seja no que
tange à fonética da letra ou ao arranjo
instrumental, não podem ser isentas de intenções.
Desta forma o sentido dá a esses aspectos
características discursivas, já que o ritmo é
também um fato de linguagem. O sentido geral da
canção é, portanto, completamente influenciável
pelos aspectos rítmicos (característica do
paralelismo sintático) .
53. O efeito de ruído das consoantes revela
uma natureza semântica muito relevante à
composição.
A marcação seca e dura da música
também outorga sentido.
Modo regular da composição musical:
Repetição do som
Repetição da letra
Repetição na vida
54. Estilística
“Estilo é o aspecto do enunciado que resulta de
uma escolha dos meios de expressão, determinada
pela natureza e pelas intenções do indivíduo que
fala ou escreve.” (GUIRAUD, 1970). Essa
“escolha” de que trata Guiraud apresenta-se de
maneira interessante na canção analisada; afinal, o
compositor utilizou-se de certas artimanhas numa
reconfiguração intra-textual. Nisso consiste as
relações afetivas de sentido, ou seja, o ouvinte,
diante da composição completa, tem de tomar uma
posição quanto ao que ouve.
55. Semântica
Elementos que trazem-nos a
impressão de ouvir a voz do poeta
junto à voz da própria
situação,mascarando o mais odioso
episódio de violência e perseguição da
história da humanidade.
58. Olhares Interpretativos
1º O.I. denotativo ou dicionarizado.
Esse olhar sobre a música consiste num grande estranhamento.
Em http://www.youtube.com/watch?v=zyp5-5lXZE8
encontraremos um vídeo crido por Ivan Mola, em que a música é cantada por
Arnaldo Antunes e a animação corresponde exatamente às imagens denotativas
da canção.
2º O.I. A canção é tratada como uma narrativa em que o homem fala
sobre sua vida cotidiana ao lado da esposa.
3º O.I. Narrativa denunciadora
59. Utilizando-se do “triângulo de Ogden e
Richards”, em que são colocados os três elementos
observáveis no uso da linguagem ...
Sdo. = significado (plano de conteúdo)
Ste. = significante (plano de expressão)
Re. = referente (objeto designado)
...citaremos um exemplo de um elemento da música
nos três O.I.
64. • Seis estrofes de quatro versos (um
hendecassílabo e três decassíbalos)
• Decassílabos martelos
• Uso da metalinguagem
• Elipses
• Anacoluto Semântico
• Elementos temporais
• Rimas ricas
• Rimas alternadas
• Enjambement
65. Bibliografia Geral
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Nacionais : Ensino Médio. Brasilia: Ministério da Educação, 1999.
CALLOU Dinah & LEITE, Yonne. Iniciação à Fonética e à Fonologia. 4ª edição. Rio de Janeiro: Zahar,
1995.
CARDOSO, Silvia. Discurso e ensino. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
CHACON, Lourenço. Ritmo da escrita: uma organização do heterogêneo da linguagem. São Paulo:
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Guirard, Pierre. A estilística. São Paulo: Mestre Jou, 1970.
LOPES, Edward. Fundamentos da Lingüística Contemporânea. São Paulo: Cultrix, 2004.
MAINGUENEAU, Dominique. Novas Tendências em Análise do Discurso. Campinas, São Paulo:
Pontes, 1993.
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MONTEIRO, José Lemos. A estilística. São Paulo: Ática, 1991.
OGDEN, C.K.; RICHARDS, I.A. O Significado de Significado. Um estudo da influência da linguagem
sobre o pensamento e sobre a Ciência do Simbolismo. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976
ORLANDI, Eni Puccinelli. 1986. A Análise do Discurso: Algumas Observações. D.E.L.T.A. 2/1:
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_______. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 2001.
PÊCHEUX, Michel. Por uma análise automática do discurso. Campinas: Unicamp, 1990.
RIBEIRO, Amador. Uma Levada Maneira: no ar, poesia e música popular. Revista Conceitos da
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SAUSSURE, F. Curso de Lingüística Geral. Cultrix, 1916.