3. Desenvolvida às margens do Rio Nilo, na África, a civilização egípcia foi uma das mais importantes da Antiguidade. Com uma organização social bastante complexa e riquíssima em realizações culturais, produziu também uma escrita bem estruturada, graças a qual podemos, hoje, conhecer muitos detalhes dessa civilização. A expressão artística egípcia refletiu com profundidade cada momento histórico dessa civilização. Nos três períodos em que se costuma dividir a sua história – o Antigo Império, o Médio Império e o Novo Império -, o Egito conheceu um significativo desenvolvimento, em que a arte teve papel de destaque.
5. Entre todos os aspectos da cultura Egípcia, porém, talvez a religião seja o mais importante. Tudo no Egito era orientado por ela. Para os egípcios, eram as práticas rituais que asseguravam a felicidade nessa vida e a existência depois da morte. A RELIGIÃO, portanto, permeava toda a vida egípcia, interpretando o Universo, justificando a organização social e política, determinando o papel da classes sociais e, consequentemente, orientando toda a produção artística.
7. A Arte desenvolvida no Egito reflete suas crenças fundamentais: a vida humana podia sofrer interferência dos deuses; a vida após a morte era considerada mais importante que a vida terrena. A Arte Egípcia concretizou-se nos túmulos e nos objetos como estatuetas deixados junto aos mortos. A Arquitetura Egípcia realizou-se sobretudo nas tumbas e nas construções mortuárias. As tumbas dos primeiros faraós eram réplicas das casas onde moravam. As pessoas sem posição social de destaque eram sepultadas em construções retangulares muito simples, as MASTABAS, que deram origem às grandes pirâmides, que viriam a ser construídas mais tarde.
8. Mastaba: do termo árabe maabba (banco). Podiam ser construídas com pedra calcária ou tijolo de barro. A câmara mortuária, em geral, localizava-se bem abaixo da base, ligando-se a ela por uma passagem em forma de poço.
9. A imponência do poder religioso e político. Antigo Império:Faraó Djoser exerceu o poder autoritariamente e transformou o Baixo Egito no centro mais importante do reino. Grandes monumentos artísticos: erguidos para ostentar a grandiosidade e a imponência do poder político e religioso do faraó. Obras arquitetônicas mais famosas: Pirâmide de Djoser e as monumentais pirâmides do deserto de Gisé, construídas por três importantes faraós do Antigo Império: Quéops, Quéfren e Miquerinos. Das três pirâmides, a maior é a de Quéops: 146 metros de altura e uma área de 54300 metros quadrados. Não foi utilizada nenhuma espécie de argamassa entre os blocos de pedra que formam suas paredes.
11. Quéops, Quéfren e Miquerinos: o símbolo máximo da obra arquitetônica funerária no Egito.
12. Esfinges: figuras fantásticas com corpo de leão e cabeça humana, suja função era guardar os túmulos. Esfinge do Faraó Quéfren (20 metros de altura e 74 metros de comprimento).
13. Uma arte de convenções. A arte servia de veículo para a difusão dos preceitos e das crenças religiosas obedecia uma série de padrões e regras limitava a criatividade e a imaginação pessoal do artista. Arte Anônima: domínio das técnicas de execução e não o estilo do artista. LEI DA FRONTALIDADE: a arte não deveria apresentar uma reprodução naturalista, que sugerisse ilusão de realidade; deveria ser apenas uma representação. O tronco das figuras era representado de frente, enquanto a cabeça, as pernas e os pés eram vistos de perfil.
15. Antigo Império: a escultura ganha as mais belas representações. Embora cheia de convenções, desenvolveu uma expressividade que surpreende o observador. Ex.: O Escriba sentado (c. 2500 a.C.)
16. Essa obra, encontrada em um sepulcro da necrópole de Sacará, representa bem a importância dada à escultura no Antigo Império: por meio dela, revelam-se dados particulares do retratado, como sua fisionomia, seus traços raciais e sua condição social. Trata-se de uma obra de autoria desconhecida, realizada entre 2620 e 2350 a.C., e que retrata, provavelmente, um escriba ou um príncipe. Essa dúvida era motivada pela qualidade da obra. Os cuidados com os detalhes não eram comumente dedicados pelos artistas na representação dos funcionários da burocracia do Império. A hipótese de que se trata de um escriba é reforçada pelos olhos fixos em um provável interlocutor e lábios cerrados do homem retratado, que, no momento, não está falando ou sorrindo, mas concentrado em ouvir para reproduzir por meio da escrita as palavras de quem lhe fala alguma coisa. As mãos completam a atitude de prontidão para a escrita.
17. Médio Império ( 2000 a 1750 a.C.): apesar da expressividade obtida na escultura do Antigo Império, no Médio Império, o convencionalismo e o conservadorismo das técnicas voltaram a produzir esculturas e retratos estereotipados, que representavam a aparência ideal dos seres – principalmente dos reis – e não seu aspecto real. Estereotipados: Representações de acordo com o a padrão fixo aceito como ideal e sem originalidade.
18. O apogeu do poder e da arte. Novo Império: foi nesse período que o Egito viveu o ponto alto de seu poderio e de sua cultura. Os Faraós reiniciam as grandes construções: Templos de Luxor e Carnac, ambos dedicados ao deus Amon. TEMPLO DE LUXOR: construído por determinação de Amenófis III, por volta de 1380 a.C., possui colunata composta de sete pares de colunas com cerca de 16 metros de altura. Possui um novo tipo de coluna, com capitel (arremate superior) trabalhado com motivos tirados da natureza, como o papiro e a flor de lótus.
21. Templo Funerário à rainha Hatshepsut (1511 – 1480 a.C.): construção imponente e harmoniosa que deve sua beleza, em grande parte, à maneira como foi concebida: a montanha rochosa que lhe serve de fundo parece fazer parte do conjunto, o que cria uma profunda integração entre a arquitetura e o ambiente natural.
23. A pintura no Novo Império Criações artísticas mais leves e de cores mais variadas que a dos períodos anteriores. Abandonada a rigidez de postura das figuras (hieratismo), elas agora parecem ganhar movimento. Essas alterações decorrem das transformações políticas promovidas por Amenófis IV. Esse soberano neutralizou radicalmente o poder exercido pelos sacerdotes, que chegaram a dominar os próprios faraós. Com sua morte, porém, os sacerdotes retomaram o antigo poder e passaram novamente a dirigir o Egito ao lado de Tutancâmon, o novo faraó.
24. Ligadas à Religião e à Política, podemos dizer que algumas das mais belas obras de arte dessa civilização foram executadas em um momento de ruptura e crise política: a tentativa de implantação do Monoteísmo organizada pelo faraó Amenófis IV. Romper com o culto anterior significava desenvolver novas formas de expressão artística que pudessem estar vinculadas à nova doutrina. Preocupação muito mais decorativa; a liberdade artística foi incentivada e, sobretudo, financiada pelo faraó.
25. Busto de Nefertiti, esposa de Amenófis IV (Akhenaton), é o trabalho mais conhecido da arte egípcia. “Chegou a bela!” Certa melancolia e contemplação.
27. Muito do que poderíamos conhecer sobre a arte egípcia nos foi tirado pela ação de ladrões que, desde a Antiguidade, saqueiam tumbas e ruínas. Sabemos, entretanto, que durante o apogeu do Império de Alexandre Magno e em períodos subsequentes, a cultura egípcia era reverenciada pelos sábios gregos como uma das maiores riquezas construídas pelo gênero humano. Toda a história da antiga civilização egípcia chegou até nós por meio de sua escrita. Além dos hieróglifos, considerados escrita sagrada e encontradas em túmulos e templos, havia a hierática, utilizada nos textos dos sacerdotes, e a demótica, mais popular, empregada nos contratos redigidos pelos escribas.
28. Pedra de Roseta: tablete que possui um texto bilíngue, metade em grego e metade em egípcio. Possibilitou, em 1822, ao jovem sábio francês Champollion decifrar a escrita hieroglífica, desvendando muitos dos mistérios que cercam essa civilização.
29. Em geral, a temática da literatura era de cunho religioso, notabilizando-se o Livro dos Mortos e os textos das pirâmides e nas colunas e paredes dos templos.