Apresentação da médica Ana Cláudia Quintana Arantes, feita no seminário internacional Conass Debate – Cuidados Continuados e Integrados: um desafio para o presente, realizado em Brasília nos dias 26 e 27 de dezembro

1. Envelhecer e morrer no Brasil no
século XXI
Ana Claudia Quintana Arantes
Casa do Cuidar
A Casa Humana

2. Vida
Situação sexualmente transmissível,
incurável, progressiva, podendo levar a
diversas incapacidades, que em 100% dos
casos leva à morte.
Ana Claudia Arantes

3. Um século de mudanças e
consequências
Ana Claudia Quintana Arantes
1900 2000
Sobrevida 46 anos 78 anos
Causas de morte Infecção Câncer
Acidente Falência de órgãos
Morte ao nascer AVE/demência
Incapacidade pouco 2 - 4 anos antes da morte

4. Envelhecimento no mundo
• a) taxas de fecundidade abaixo do nível de reposição;
• b) adiamento do nascimento do primeiro filho;
• c) crescimento do número de filhos fora do casamento;
• d) mudanças no padrão de casamento e da maternidade/paternidade;
• e) crescimento da coabitação e das uniões consensuais;
• f) diversifição dos arranjos familiares e domiciliares;
• g) crescimento do número de divórcios e separações;
• h) mudanças do foco das famílias das crianças para o casal adulto
(mudança da direção do fluxo intergeracional de riqueza);
• i) crescimento da imigração.
Van de Kaa, 1987 - principais características da STD na Europa
Ana Claudia Arantes

5. Envelhecimento no mundo
América Latina, entre 1980 e o ano 2000
•aumento de 120% da população total (de 363,7 para 803,6 milhões),
•aumento da população acima de 60 anos será de 236% (de 23,3 para 78,2
milhões)
Alexandre Kalache
Cadernos de Saude Publica RJ 3, (3) : 217-220 Set 1987
Ana Claudia Arantes

6. Envelhecer no Brasil
“O Brasil está em franco processo de
envelhecimento, tendo já atravessado as
etapas iniciais do processo de transição
epidemiológica e mesmo (no caso de
algumas áreas localizadas de regiões
metropolitanas mais desenvolvidas)
atingido seu estágio final.”
Alexandre Kalache,1987
Ana Claudia Arantes

7. Envelhecimento no Brasil
O envelhecimento da população brasileira é um fato irreversível, e que
deverá se acentuar, no futuro próximo imediato. O impacto desta nova
"ordem demográfica" é imenso - sobretudo, quando se observa que os
fatores associados ao subdesenvolvimento continuarão se manifestando
por um tempo difícil de ser definido.
Alexandre Kalache
Cadernos de Saude Publica RJ 3, (3) : 217-220 Set 1987Ana Claudia Arantes

8. Envelhecimento no Brasil
• A atual prestação de serviços de saúde fragmenta a atenção ao idoso, com
multiplicação de consultas de especialistas, informação não com-
partilhada, inúmeros fármacos, exames clínicos e imagens, entre outros
procedimentos. Sobrecarrega o sistema, provoca forte impacto financeiro
em todos os níveis e não gera benefícios significativos para a saúde, nem
para a qualidade de vida
Renato Veras e Martha Oliveira, 2018
Ana Claudia Arantes

9. Envelhecer com demência
• Demência é uma síndrome causada por várias doenças de
curso lento, progressivo, evolutivo, de natureza crônica, que
afeta a memória, o pensamento, o raciocínio, a orientação, a
compreensão, a capacidade de aprendizagem, a linguagem, o
julgamento, o comportamento e a capacidade de executar
atividades da vida diária.
• Após os 65 anos de idade, a prevalência dobra a cada cinco
anos. A demência é uma das principais causas de
dependência e incapacidade na velhice
Alzheimer’s Association, 2015; Alzheimer’s Disease International, 2014;
Machado, 2011Ana Claudia Arantes

10. Envelhecer com demência
• O total de casos
novos de demência a
cada ano no mundo é
de quase 9,9
milhões.
• Isso significa um
diagnóstico a cada 3
segundos.
Ana Claudia Arantes

11. Quem cuida?
Idosos cuidando de
idosos.
Ana Claudia Arantes

12. Quem cuida?
Ninguém.
Ana Claudia Arantes

13. Morrer
Ana Claudia Arantes

14. The Economist / Family Foundation
2017
Pesquisa conduzida por The Economist, em
parceria com a Kaiser Family Foundation.
EUA
Brasil
Itália
Japão

15. Entre os entrevistados que participaram das decisões sobre os
cuidados de fim de vida a serem ministrados a seus entes
queridos, mais de um terço na Itália, no Japão e no Brasil diz
que não sabia o que o seu amigo ou familiar desejava.
Alguns nem sequer pensaram em tocar no assunto com a
pessoa; a outros só tiveram a ideia de perguntar quando era
tarde demais.

16. Entre 12% e 24% dos entrevistados que haviam perdido
alguém próximo dizem que seus desejos de fato não foram
atendidos.
Entre 25% e 38% afirmam que seus amigos ou familiares
suportaram dor desnecessária. Para a maioria, a qualidade dos
cuidados ministrados foi “razoável” ou “ruim.

17. O que você vê no que você enxerga.

18. Faz de conta que você vai morrer em
26 de julho de 2020.
O que é mais importante para você
viver neste último ano?

19. Doença, sofrimento e morte no Brasil
Ana Claudia Arantes

20. Mortes no Brasil 2017
Do que?
• Mortes: 1.312.663
– Doença CV – 358.882
– Câncer – 221.821
– Doença Resp – 155.620
– Doença SNC – 38.786
– Doença Digest. –
66.052
Onde?
• Domicilio: 257.345
• Hospital: 872.898
Ana Claudia Arantes

21. A estatística será uma experiência inesquecível
quando você ou alguém que você ama for um
número dela.
Ana Claudia Quintana Arantes
2010 2016

22. Falta de formação em CP
• 338 faculdades de medicina no Brasil
• Apenas 71 (20%) com disciplina de CP obrigatória ou
optativa
Ana Claudia Arantes

23. “Todo médico tem de ser um especialista
em comunicação”.
Susan Block
Harvard Medical School

24. Aquela doença
Ana Claudia Arantes

25. No Brasil, as estimativas atuais apontam que
ocorrerão 580.000 casos novos de câncer.
INCA, 2018

26. Em pacientes com câncer
avançado, a prevalência de dor
pode chegar a 90%.

27. Em 2017, mais de 220.000 brasileiros morreram de câncer.
E a maioria morreram com dor moderada a intensa.

28. 3,0
9 5,42

29. No Brasil não se morre de câncer.
Aqui morremos de dor.
Ana Claudia Arantes

31. 42o

32. Capacidade de oferecer Cuidados
Paliativos para quem precisa
64o (0,3%)
Brasil

33. Como você se sentiria se alguém que você ama
estivesse com dor ou sofrendo com sintomas que as
tecnologias mais avançadas não conseguissem tratar ?

34. Como você se sentiria se o médico cuidando de
você não soubesse avaliar e/ou tratar sua dor e
sofrimento?

35. E se você não tivesse esperança de que sua dor
e seu sofrimento pudessem ser aliviados?

36. Precisamos mudar nossa história.
Ana Claudia Arantes

37. Processo de mudança de atitude
COMPORTAMENTO
“Eu faço”
HABILIDADE
“Eu sei como fazer”
Ana Claudia Quintana Arantes
INFORMAÇÃO
“Eu sei o que fazer””
Educação

38. Desafio maior da compreensão dos
Cuidados Paliativos
Dra Ana Claudia Quintana Arantes 38
Complexidade
da assistência
Simplicidade
de recursos

39. A futilidade
terapêutica reina
soberana num
hospital que não
sabe fazer
Cuidados
Paliativos
Ana Claudia Quintana Arantes

40. Acesso a Cuidados Paliativos

41. Como conversar sobre o que é difícil
pensar?

42. A dignidade da vida precisa ser um
direito de todos os brasileiros.

43. A experiência de dignidade da vida humana pode
ter seu melhor desempenho com a boa prática
dos cuidados paliativos.
Ana Claudia Arantes

44. A morte, para ser um dia que vale a pena
viver, precisa de cuidados.
Ana Claudia Arantes
Muito obrigada!
anaclaudia@casadocuidar.org.br