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1 de 36
Desenvolvimento Local e
      Conflitos Distributivos:
Alternativas de Gestão Social


               José Roberto R. Afonso
   I Congresso Internacional de Educação Fiscal:
                      Para Além da Arrecadação

                              Fortaleza, 28/11/12

                      Opiniões exclusivamente pessoais.
                                                          1
Tributar ou arrecadar?
   Sucesso inquestionável – ajuste fiscal via aumento de carga tributária
    sem precedente histórico e internacional
     – Brasil levou ao limite o uso do sistema tributário com fins exclusivo de
       arrecadar e promover o ajuste fiscal
     – Inovou mundialmente ao consagrar o princípio da comodidade - CPMF,
       substituição tributária, base presumida
   Visão predominante em políticas e práticas: arrecadar por arrecadar,
    independente de quem paga, sobre o que incidem, impactos sobre a
    economia...
     – Importa quanto se arrecada, mas também de quem e como? As
       repercussões econômicas e sociais do sistema tributário também precisam
       ser consideradas.

                                                                                      2

                                                                                  2
Descentralização fiscal
& desenvolvimento local:
     peculiaridades
       brasileiras
Diagnóstico Atualizado
- Sistema federativo fisicamente concluído
    (membros estaduais)
- Descentralização Vertical (importância dos
    governos subnacionais)
- Descentralização Horizontal (redistribuição
    regional)
- Redistribuição Política de Poder
    (representação no Congresso)


 4
Descentraliza e redistribui
    • Os     mecanismos de repartição das receitas obedecem,
      historicamente, a uma hierarquia vertical: sempre que o governo
      federal as transferências para estados e municípios, estados fazem
      transferência de recursos aos municípios.
    • O Brasil é um país de dimensões continentais caracterizado pela
      acentuada disparidade regional.
       •
           Diferentes estados têm diferentes capacidades de mobilização com base na
           receita dos impostos, cuja competência lhes é atribuída. Nos municípios
           existem, ainda, milhares de unidades que variam de tamanho, agravando a
           desigualdade.
    • Para assegurar um grau mínimo de equalização da capacidade de
      despesa dos Governos subnacionais, historicamente, o governo
      central prevê um mecanismo de repartição de receitas (receitas de
      impostos e industrializados).
       •   Mais recentemente, há transferências regulares para sistemas de educação e
           saúde, além de transferências voluntárias.
       •
           O governo central (mais os estados), também negocia (ad hoc) transferências
           voluntárias, embora sejam pequenas.

5
Representação Regional
Population Representation in% - Brazil 2005                                   GDP Representation in% - Brazil 2005



                 7,1                                                                             7,5
                                                                                 13,8
27,7                                         42,6
                                                                       5,0
                                                    Southeast Region                                                       55,2   Southeast Region
                                                    Southern Region             18,6                                              Southern Region
           8,0                                      Northern Region                                                               Northern Region
                        14,6
                                                    Northeast Region                                                              Northeast Region
                                                    Midwest Region                                                                Midwest Region




  Distributions of Seats - Congress - Brazil 2005                                    Conditions of Life Index - Brazil 2005




                 8,9
                                      32,2
                                                                                         0,737             0,791
30,0                                                Southeast Region
                                                    Southern Region
                                                    Northern Region          0,676                                                Southeast Region
                               14,5                                                                                0,808          Southern Region
                 14,5                               Northeast Region
                                                    Midwest Region                                 0,725                          Northern Region
                                                                                                                                  Northeast Region
                                                                                                                                  Midwest Region




       6
Desigualdades Estaduais
                  ECONÔMICA E SOCIAL




7   US$ corrente. Fonte: Erika Araujo
Conflitos distributivos:
       efeitos da
   reconcentração
A divisão das receitas realmente
               equalizam?
   A região mais pobre (Nordeste) é a que recebe a segunda
    maior transferência per capita, se considerarmos apenas as
    transferências constitucionais.
   O Norte recebe uma elevada transferência per capita do
    governo federal.
    – Isso acontece principalmente por causa das regras de repartição das
         receitas municipais. Municípios de baixa população, têm uma quota
         proporcionalmente elevada, porque há um limite inferior para as
         subvenções município.
   As regiões mais ricas (Sul e Sudeste) recebem uma parcela
    muito baixa do total, o que indica que há redistribuição
    significativa.

     9
Descentralização tributária
Estados são maiores perdedores no longo prazo




                                                10
Receita Tributária: Divisão Regional
      Subnational Gov.: Direct Collect Tax                         Transfers (Tax) to Subnational Government
                                                                                by Region - 2005
              by Region - 2005

                                                                          13%      10%
                13%
                                                                                            14%         Southeast Region
       9%                               Southeast Region
3%                                                                                                      Southern Region
                                        Southern Region          30%
     13%                                                                                                Northern Region
                           62%          Northern Region
                                                                                          33%           Northeast Region
                                        Northeast Region
                                                                                                        Midwest Region
                                        Midwest Region




                      Subnational Gov.: Available Revenue Tax
                                 by Region - 2005

                                       8%
                          21%                                          Southeast Region
                                                           49%
                                                                       Southern Region
                         8%                                            Northern Region

                                 14%                                   Northeast Region
                                                                       Midwest Region


           11
Descentralização das receitas fiscais dos
            Governos Subnacionais: por Regiões
Após a transferência, o tamanho Receita Disponível por impostos é muito maior nas regiões
                                      mais pobres

                   State and Local Tax Revenue as% of Regional GDP - 2006
                                                                                                        Less Developed Regions

                                                                                        22.12                     22.27




                                   More Developed Regions
                                                                                                                                          16.11
           15.12
                                   13.66
                                                                                                                                  13.0

    11.2                   11.6                                 11.55                                     11.8
                                                                                10.9            11.26
                                                                                                                          10.47
                                                         8.8




                    3.92
                                                                        2.70                                                                      3.09
                                           2.05




    12     Brazil                 Southeast                     South                   North                    Northeast               Midwest
                                  Receipts collected directly    Available Revenue     Transfer. %GDP
1000
                                                                         2000
                                                                                      3000
                                                                                                   4000
                                                                                                                       5000
                                                                                                                              6000




                                                              0
                                                                                                                                  R$
                                                Maranhão
                                                      Pará
                                                     Bahia
                                                    Ceará
                                                  Alagoas




Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional
                                                  Paraíba
                                             Pernambuco
                                                    Goiás



                                                                                Brasil = 1998.22
                                                     Piauí
                                             Minas Gerais
Rio Grande do Norte
                                                   Paraná
                                            Santa Catarina
                                                Amazonas
                                                   Sergipe
                                        Rio Grande do Sul
                                            Rio de Janeiro
                                                Rondônia
                                             Mato Grosso
                                                                                                          Receita UF




        Mato Grosso do Sul
                                           Espírito Santo
                                                São Paulo
                                                                                                          Brasil




                                                Tocantins
                                                   Amapá
                                           Distrito Federal
                                                                                                                                       Unidades da Federação - 2009
                                                                                                                                       Receita Disponível per Capita -




                                                  Roraima
                                                     Acre
Descentralização das receitas fiscais dos
           Governos Subnacionais: por Estados
   Transferências federais (em especial os fundos para participação, com critérios de
repartição distorcida) mais do que compensam a concentração econômica regional e da
renda nos governos sub-nacionais de Estados mais pobres. VEJA A Receita em% do PIB
                  do Estado: para cima, os mais pobres dos governos.

                       Tax Revenue Available State and Local
                             State as% of GDP - 2006

               60%
               50%
               40%
               30%
               20%
               10%
                0%
               -10%




     14
Descentralização da Receita Tributário
           nos Municípios
Nos governos locais, a receita tributária disponível per capita é superior em governos
  menos populosos e mesmo em capitais. Isto ocorre, em grande parte, devido às
 distorções nas distribuições Fundo de Participação dos Municípios (proporcional
                       população, mas com piso e com teto).




Fonte: Erika Araújo.
    15
Municípios: Disparidades nas Receitas




16                            Fonte: Erika Araujo
Contradições
 Carga tributária crescente e, o mais grave, de má
  qualidade
   •   cada vez mais contribuições e taxas (novas e revistas) no lugar de impostos
       (que concentram partilha e incentivos);
   •   recarga disfarçada via acúmulo de créditos
       (exportadores, investidores), substituição tributária e cobrança na fronteira;
   •   perdida noção de tributação sobre valor adicionado e crescente retorno à
       imposição cumulativa (desoneração salarial)
   •   multiplicação de regimes especiais e desconhecido regime normal !!!

 Conflitos federativos latentes:
   •   esvaziado ICMS (guerra fiscal, sem serviços) e base do FPE/FPM
   •   reações descoordenadas: propostas de redistribuir royalties já licitado;
       quebrar unanimidade do CONFAZ; critérios irracionais no rateio do FPE
   •   impostos diretos (IPTU, taxas) preteridos diante da cobrança fácil (ISS)
   •   Estados perdem espaço historicamente na federação, Municípios são mais
       dinâmicos, e reconcentração do poder e da arrecadação tributária na União
                                                                                        17
Desconcentração regional
Ganho e carga maior em estados menos desenvolvidos




                                                     18
Desconcentração regional
Insumos estratégicos mais contribuem em estados pobres




                                                         19
MUDANÇA NO PADRÃO TRIBUTÁRIO
                                         mais tributos cumulativos e centralizados
                                          Comparação entre a evolução dos tributos indiretos por bases:
                                                     valor adicionado versus cumulativos
                                    16


                                    14


                                    12


                                    10
                      Em % do PIB




                                     8


                                     6


                                     4


                                     2


                                     0



                                                                                         Anos
          Carga
                                                                      Valor Adicionado          Cumulativos   Total
  Ano     Total s/   ICM                 IPI     Finsocial   Pis     IPMF           IOF               ISS      Impostos
Período   Bens e     ICMS                        COFINS      Pasep   CPMF                                        Únicos
          Serviços
1968       13,2      7,28                4,41      0,00      0,00                   0,00                              1,56

1988       10,1      5,34                2,17      0,77      0,59    0,00           0,35              0,33            0,54

2000       14,6      6,98                1,49      3,28      0,80    1,22           0,26              0,57            0,00

2010       14,6      7,17                1,01      3,77      1,09    0,00           0,72               0,81           0,00

Pós1988    4,49      1,84                -1,15     3,00      0,50    0,00           0,37              0,48            -0,54   20
Pós2000    -0,01     0,20                -0,47     0,50      0,28    -1,22          0,46              0,24            0,00
Carga tributária: global e ICMS
Perda contínua de importância relativa




                                         21
Do que não se fala?
Sistema muito e crescentemente regressivo , pelo
predomínio de tributos sobre consumo pouco seletivos.
               Carga Tributária Direta por Décimos de Renda:
             IPEA - 2002-2003, a partir da POF – Principais Tributos




                                                    4,0                                                                                                           3,79
                                                                                                                                                      3,7
                                                    3,5
                                                                                                                              3,3
                                                                                                                                         3,3                        3,1
                                                    3,0
                                                                                                                  2,7
                                                                                                          2,6
                                                    2,5                                      2,3

                                                    2,0                           1,9
                                                                 1,8                                                                     1,8
                                                                                                                                1,4              1,5
                                                                       1,4                                              1,4                                       1,4
                                %




                                                    1,5

                                                                                       1,1                1,1
                                                           1,0                                 1,0
                                                    1,0
                                                                         0,6                                                            0,7               0,80
                                                                                                                                0,5
                                                    0,5         0,5                                                     0,5
                                                                            0,3                 0,3        0,3                                       0,7          0,6
                                                                                     0,2
                                                    0,0
                                                            0,00 0,01
                                                                               0,01               0,02         0,03        0,04 0,07          0,20
                                                           1o          2o         3o         4o          5o           6o        7o     8o            9o          10o
                                    CONTRIB TRABALHISTAS   1,0         1,4        1,9        2,3         2,6          2,7      3,3     3,3       3,7             3,1
                                    IR                     0,00        0,01       0,01       0,02        0,03         0,04     0,07    0,20      0,80            3,79
                                    IPTU                   1,8         0,6        1,1        1,0         1,1          1,4      1,4     1,8       1,5             1,4
                                    IPVA                   0,5         0,3        0,2        0,3         0,3          0,5      0,5     0,7       0,7             0,6
Concentração pós-imposto?
Concentração de renda, das maiores do
mundo, aumenta ainda mais depois da aplicação dos
impostos
Carga tributaria injusta
                cada vez mais regressiva...
                 DISTRIBUIÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA ESTIMADA POR
                 FAMÍLIAS EM PROPORÇÃO DA RENDA MENSAL
Grande e            Renda Mensal Familiar                    1996               2004              2008
crescente                 Até 2 SM                           28.2               48.8              53.9
diferencial
                            2a3                              22.6               38.0              41.9
entre o ônus
incidente                   3a5                              19.4               33.9              37.4
sobre os mais               5a6                              18.0               32.0              35.3
pobres em                   6a8                              18.0               31.7              35.0
relação aos                8 a 10                            16.1               31.7              35.0
mais ricos                 10 a 15                           15.1               30.5              33.7
                           15 a 20                           14.9               28.4              31.3
                           20 a 30                           14.8               28.7              31.7
                       mais de 30 SM                         17.9               26.3              29.0
                 Elaboração própria. Compilado de: 1996 - Zockun et alli(2007); 2004 e 2008 - IPEA (2008).
                 Metodologias não são iguais mas ambas calcularam para 2004 resultados muito próximos.
Composição (ruim) da carga?
Concentrado em tributação indireta; crescente
contribuições salariais; mas incipiente sobre patrimônio
                     Arrecadação Tributária Global por Base de Incidência - 2010

                                           Arrecadação                             R$ per
                                                        % do Total    % PIB
                                           (R$ Bilhões)                            capita

          Global                                1.289,0     100,0%      34,19%        7.022
          Mercadorias, Serviços e Bens            579,8      45,0%      15,38%        3.159
           Produção e Vendas em Geral             521,0      40,4%       13,8%        2.838
           Produção e Vendas Específicos           41,3       3,2%        1,1%          225
           Serviços Públicos                       17,5       1,4%        0,5%           96
          Salários                                334,4      25,9%       8,87%        1.822
           Empregados, Servidores                  60,7       4,7%        1,6%          331
           Empregadores                           261,6      20,3%        6,9%        1.425
           Outros                                  12,0       0,9%        0,3%           66
          Renda e Ganhos                          240,1      18,6%       6,37%        1.308
           Famílias                                91,2       7,1%        2,4%          497
           Empresas & Acionistas                  148,4      11,5%        3,9%          808
           Outros                                   0,6       0,0%        0,0%            3
          Transações Financeiras                   51,5       4,0%       1,37%          280
          Patrimônio                               45,9       3,6%       1,22%          250
          Comércio Internacional                   21,1       1,6%       0,56%          115
          Outras receitas                          16,2       1,3%       0,43%           88
          Fonte: Elaboração própria.
Como (pouco) se taxa patrimônio?
Carga reduzida, inexpressivo na composição, impostos
concentrados nos governos subnacionais; tributar veículo
supera imóvel urbano; quase inexiste no rural...
POR CATEGORIA TRIBUTÁRIA (METODOLOGIA IMF/GFS)
                                                                       Arrecadação
Tipo de Tributo                                                                      % do Total           % PIB        R$ per capita
                                                                       (R$ Bilhões)
1.1 - Impostos                                                                 976,7      75,8%              25,91%                5.321
1.1.3 - Impostos sobre Propriedade                                              45,9       3,6%               1,22%                  250
1.1.3.1 - Impostos Recorrentes sobre Propriedade Imóvel (IPTU+ITR)              16,6       1,3%               0,44%                   90
1.1.3.2 - Impostos Recorrentes sobre Riqueza Líquida                             0,0       0,0%               0,00%                    0
1.1.3.3 - Impostos sobre Imóveis, Heranças e Doações (ITBI+ITCMD)                7,9       0,6%               0,21%                   43
1.1.3.4 - Impostos sobre Transações Financeiras e de Capital                     0,0       0,0%               0,00%                    0
1.1.3.5 - Outros Impostos não Recorrentes sobre Propriedade                      0,1       0,0%               0,00%                    1
1.1.3.6 - Outros Impostos Recorrentes sobre Propriedade (IPVA)                  21,3       1,7%               0,56%                  116
1.2 - Contribuições Sociais                                                    312,2      24,2%               8,28%                1.701
Total                                                                        1.289,0     100,0%              34,19%                7.022
POR TRIBUTO PATRIMONIAL
                                        Total (R$      % do              R$ per
                                                               % PIB
                                         Bilhões)      Total             capita
Patrimônio                                   45,9    100,0%    1,22%        250
 IPVA                                        21,3     46,3%    0,56%        116
 IPTU                                        16,0     34,9%    0,43%         87
 ITBI                                          5,4    11,8%    0,14%         30
 ITCD                                          2,5     5,5%    0,07%         14
 ITR                                           0,5     1,1%    0,01%          3
 Contribuições Melhorias (Municípios)          0,1     0,3%    0,00%          1                                             IPVA    ITR
 Contribuições de Melhorias (Estados)          0,0     0,0%    0,00%          0   Municípios de origem da base tributária   50%     50%
Gestão social:
transparência &
 produtividade
Diversidades no Gasto Social

   Evolução liderada pelos benefícios determina uma
    recentralização do gasto (e dos tributos).
   Profunda diferenciação na divisão federativa do gasto
    social: benefícios são centralizados enquanto os programas
    universais são descentralizados:
     – focalização não deve ser vista como uma
       alternativa, mas como um complemento, um
       instrumento da universalização
   Quando não definida uma clara divisão de recursos e
    responsabilidades, política social tende a se definir de
    acordo com o jogo de forcas políticas.
GASTO PÚBLICO SOCIAL:
       TAMANHO E DIVISÃO FEDERATIVA (sumário)
DESPESA ESTIMADA POR FUNÇÃO DO GOVERNO GERAL CONSOLIDADO EM 2009
DIVISÃO FEDERATIVA DA EXECUÇÃO DIRETA

       FUNÇÕES                % do PIB                    % DA FUNÇÃO                           MONTANTE               PARTIC.
                                Total         União      Estados Municípios        Total       R$ bi R$/hab            % Fiscal
Total                            67,07%        67,2%        21,2%          11,6%   100,0%     2.108,1       11.008      181,3%
 (-) Transfers.Intergov.          8,40%        75,1%        24,7%           0,3%   100,0%       263,9        1.378       22,7%
 (-) Serviço Dívida              21,69%        94,3%         4,5%           1,2%   100,0%       681,6        3.560       58,6%
 = Fiscal                        36,99%        49,5%        30,2%          20,3%   100,0%     1.162,5        6.071      100,0%

Previdência                      11,45%        80,5%        15,6%           3,9%   100,0%       359,9        1.879       31,0%
Assistência                       1,33%        75,1%         7,7%          17,2%   100,0%        41,9          219        3,6%
Trabalho                          0,98%        94,1%         3,4%           2,6%   100,0%        30,7          160        2,6%
 = Proteção                      13,76%        81,0%        14,0%           5,1%   100,0%       432,4        2.258       37,2%
Educação                          4,54%        18,4%        38,2%          43,4%   100,0%       142,6          744       12,3%
Saúde                             3,73%        15,3%        35,9%          48,8%   100,0%       117,3          613       10,1%
Saneamento                        0,32%         0,3%        30,7%          69,0%   100,0%        10,2           53        0,9%
Habitação                         0,15%         0,6%        40,6%          58,8%   100,0%         4,8           25        0,4%
 = Universais                     8,75%        16,1%        37,0%          46,9%   100,0%       274,9        1.436       23,6%
Segurança                         1,47%        13,0%        82,8%           4,2%   100,0%        46,2          241        4,0%
Conexos (*)                       0,71%        24,1%        46,3%          29,7%   100,0%        22,2          116        1,9%
 = Social                        24,68%        52,3%        27,2%          20,6%   100,0%       775,7        4.051       66,7%
 = Outros Poderes                 2,48%        39,3%        50,6%          10,1%   100,0%        78,0          407        6,7%
 = Outras Funções                 9,82%        45,2%        32,6%          22,2%   100,0%       308,8        1.612       26,6%
Elaboração própria. Fonte primária: STN, Consolidação Balanços 2009 (por governo) e SIAFI (transferências federais).
Execução Direta calculada pela dedução das transferências para outros governos (estimativa para estados baseada em S.Paulo)
(*) Gestão Ambiental, Cultura, Desportes e Lazer, Direitos da Cidadania.
Composição do Gasto Público Social
                                 em 2009: 24.7% do PIB (conceito amplo)
                          Gastos Públicos Sociais como % PIB - Proteção, Universais e Segurança




       Previdência         Assistência        Trabalho   Educação    Saúde      Saneamento   Habitação    Segurança   Conexos (*)


                                          0,15%
                                                         1,45%      0,71%
                                        0,33%

                                      3,82%                                                              11,31%


                                          4,64%




                                                             0,96%           1,33%


Fonte: FINBRA. Elaboração: Própria.
Divisão Federativa do Gasto Social
                        COMPOSIÇÃO RELATIVA DO GASTO TOTAL



                                  Gastos Sociais - % da Função - por Esfera Administrativa - 2009



 Municípios    5.1%                         46.9%




                                                                                       Proteção
                                                                                        Universais
    Estados        14.0%                       37.0%




      União                                            81.0%                                         16.1%




              0%         10%          20%     30%       40%    50%     60%      70%      80%           90%   100%
Fonte: FINBRA. Elaboração: Própria.
Composição do Gasto Público
                  Social em 2009: % do PIB –
                           Proteção
                                      Gastos Públicos Sociais como % PIB- Proteção - Brasil - 2009


                                                                                Previdência   Assistência   Trabalho

                                                         0.98%
                                       1.33%




                                                                                          11.45%




Fonte: FINBRA. Elaboração: Própria.
Composição do Gasto Público
                   Social em 2009: % do PIB –
                           Universais
                                      Gastos Públicos Sociais como % PIB - Universais


                                                                          Educação   Saúde   Saneamento   Habitação

                                                0.32%   0.15%




                                                                                                           4.54%
            3.73%




Fonte: FINBRA. Elaboração: Própria.
Observações
   Finais
Desafios e perspectivas
   O processo de liberalização econômica e financeira tem maior
    complexidade nas relações federativas. Em uma economia mais aberta, as
    diferenças de interesses e visões entre as regiões mais e menos
    desenvolvidas do país, no que respeita à política comercial e
    industrial, tornam-se mais evidente.
     O federalismo fiscal sempre tem que lidar com enormes desafios. Para
      conciliar a estabilidade dos preços e o processo de retomada do
      desenvolvimento com uma estrutura fiscal com descentralização de poder
      e pesadas cargas de receitas e de gastos.
     Governo Federal precisa exercer a tarefa muito complexa de coordenar
      políticas em que governos subnacionais predominam na execução e
      necessitam de um grau mínimo de harmonização.
   Apesar das dificuldades e complexidades, a Federação alcançou um grau
    razoável de estabilidade, sem agitação política. A repartição de receitas
    reduz as divergências e contradições que permeiam as diferenças
    regionais.
José Roberto Afonso é economista do BNDES,
 a serviço do Senado da República (assessor técnico).

     Opiniões de exclusiva responsabilidade do palestrante.
              Kleber Castro, Eliza Gurgel e Marcia Monteiro
              deram apoio para a elaboração desta análise.




      Mais trabalhos sobre o tema
                           no site do autor :
www.joserobertoafonso.com.br


                                                              36

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Descentralização fiscal e desenvolvimento local no Brasil

  • 1. Desenvolvimento Local e Conflitos Distributivos: Alternativas de Gestão Social José Roberto R. Afonso I Congresso Internacional de Educação Fiscal: Para Além da Arrecadação Fortaleza, 28/11/12 Opiniões exclusivamente pessoais. 1
  • 2. Tributar ou arrecadar?  Sucesso inquestionável – ajuste fiscal via aumento de carga tributária sem precedente histórico e internacional – Brasil levou ao limite o uso do sistema tributário com fins exclusivo de arrecadar e promover o ajuste fiscal – Inovou mundialmente ao consagrar o princípio da comodidade - CPMF, substituição tributária, base presumida  Visão predominante em políticas e práticas: arrecadar por arrecadar, independente de quem paga, sobre o que incidem, impactos sobre a economia... – Importa quanto se arrecada, mas também de quem e como? As repercussões econômicas e sociais do sistema tributário também precisam ser consideradas. 2 2
  • 3. Descentralização fiscal & desenvolvimento local: peculiaridades brasileiras
  • 4. Diagnóstico Atualizado - Sistema federativo fisicamente concluído (membros estaduais) - Descentralização Vertical (importância dos governos subnacionais) - Descentralização Horizontal (redistribuição regional) - Redistribuição Política de Poder (representação no Congresso) 4
  • 5. Descentraliza e redistribui • Os mecanismos de repartição das receitas obedecem, historicamente, a uma hierarquia vertical: sempre que o governo federal as transferências para estados e municípios, estados fazem transferência de recursos aos municípios. • O Brasil é um país de dimensões continentais caracterizado pela acentuada disparidade regional. • Diferentes estados têm diferentes capacidades de mobilização com base na receita dos impostos, cuja competência lhes é atribuída. Nos municípios existem, ainda, milhares de unidades que variam de tamanho, agravando a desigualdade. • Para assegurar um grau mínimo de equalização da capacidade de despesa dos Governos subnacionais, historicamente, o governo central prevê um mecanismo de repartição de receitas (receitas de impostos e industrializados). • Mais recentemente, há transferências regulares para sistemas de educação e saúde, além de transferências voluntárias. • O governo central (mais os estados), também negocia (ad hoc) transferências voluntárias, embora sejam pequenas. 5
  • 6. Representação Regional Population Representation in% - Brazil 2005 GDP Representation in% - Brazil 2005 7,1 7,5 13,8 27,7 42,6 5,0 Southeast Region 55,2 Southeast Region Southern Region 18,6 Southern Region 8,0 Northern Region Northern Region 14,6 Northeast Region Northeast Region Midwest Region Midwest Region Distributions of Seats - Congress - Brazil 2005 Conditions of Life Index - Brazil 2005 8,9 32,2 0,737 0,791 30,0 Southeast Region Southern Region Northern Region 0,676 Southeast Region 14,5 0,808 Southern Region 14,5 Northeast Region Midwest Region 0,725 Northern Region Northeast Region Midwest Region 6
  • 7. Desigualdades Estaduais ECONÔMICA E SOCIAL 7 US$ corrente. Fonte: Erika Araujo
  • 8. Conflitos distributivos: efeitos da reconcentração
  • 9. A divisão das receitas realmente equalizam?  A região mais pobre (Nordeste) é a que recebe a segunda maior transferência per capita, se considerarmos apenas as transferências constitucionais.  O Norte recebe uma elevada transferência per capita do governo federal. – Isso acontece principalmente por causa das regras de repartição das receitas municipais. Municípios de baixa população, têm uma quota proporcionalmente elevada, porque há um limite inferior para as subvenções município.  As regiões mais ricas (Sul e Sudeste) recebem uma parcela muito baixa do total, o que indica que há redistribuição significativa. 9
  • 10. Descentralização tributária Estados são maiores perdedores no longo prazo 10
  • 11. Receita Tributária: Divisão Regional Subnational Gov.: Direct Collect Tax Transfers (Tax) to Subnational Government by Region - 2005 by Region - 2005 13% 10% 13% 14% Southeast Region 9% Southeast Region 3% Southern Region Southern Region 30% 13% Northern Region 62% Northern Region 33% Northeast Region Northeast Region Midwest Region Midwest Region Subnational Gov.: Available Revenue Tax by Region - 2005 8% 21% Southeast Region 49% Southern Region 8% Northern Region 14% Northeast Region Midwest Region 11
  • 12. Descentralização das receitas fiscais dos Governos Subnacionais: por Regiões Após a transferência, o tamanho Receita Disponível por impostos é muito maior nas regiões mais pobres State and Local Tax Revenue as% of Regional GDP - 2006 Less Developed Regions 22.12 22.27 More Developed Regions 16.11 15.12 13.66 13.0 11.2 11.6 11.55 11.8 10.9 11.26 10.47 8.8 3.92 2.70 3.09 2.05 12 Brazil Southeast South North Northeast Midwest Receipts collected directly Available Revenue Transfer. %GDP
  • 13. 1000 2000 3000 4000 5000 6000 0 R$ Maranhão Pará Bahia Ceará Alagoas Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional Paraíba Pernambuco Goiás Brasil = 1998.22 Piauí Minas Gerais Rio Grande do Norte Paraná Santa Catarina Amazonas Sergipe Rio Grande do Sul Rio de Janeiro Rondônia Mato Grosso Receita UF Mato Grosso do Sul Espírito Santo São Paulo Brasil Tocantins Amapá Distrito Federal Unidades da Federação - 2009 Receita Disponível per Capita - Roraima Acre
  • 14. Descentralização das receitas fiscais dos Governos Subnacionais: por Estados Transferências federais (em especial os fundos para participação, com critérios de repartição distorcida) mais do que compensam a concentração econômica regional e da renda nos governos sub-nacionais de Estados mais pobres. VEJA A Receita em% do PIB do Estado: para cima, os mais pobres dos governos. Tax Revenue Available State and Local State as% of GDP - 2006 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% -10% 14
  • 15. Descentralização da Receita Tributário nos Municípios Nos governos locais, a receita tributária disponível per capita é superior em governos menos populosos e mesmo em capitais. Isto ocorre, em grande parte, devido às distorções nas distribuições Fundo de Participação dos Municípios (proporcional população, mas com piso e com teto). Fonte: Erika Araújo. 15
  • 16. Municípios: Disparidades nas Receitas 16 Fonte: Erika Araujo
  • 17. Contradições  Carga tributária crescente e, o mais grave, de má qualidade • cada vez mais contribuições e taxas (novas e revistas) no lugar de impostos (que concentram partilha e incentivos); • recarga disfarçada via acúmulo de créditos (exportadores, investidores), substituição tributária e cobrança na fronteira; • perdida noção de tributação sobre valor adicionado e crescente retorno à imposição cumulativa (desoneração salarial) • multiplicação de regimes especiais e desconhecido regime normal !!!  Conflitos federativos latentes: • esvaziado ICMS (guerra fiscal, sem serviços) e base do FPE/FPM • reações descoordenadas: propostas de redistribuir royalties já licitado; quebrar unanimidade do CONFAZ; critérios irracionais no rateio do FPE • impostos diretos (IPTU, taxas) preteridos diante da cobrança fácil (ISS) • Estados perdem espaço historicamente na federação, Municípios são mais dinâmicos, e reconcentração do poder e da arrecadação tributária na União 17
  • 18. Desconcentração regional Ganho e carga maior em estados menos desenvolvidos 18
  • 19. Desconcentração regional Insumos estratégicos mais contribuem em estados pobres 19
  • 20. MUDANÇA NO PADRÃO TRIBUTÁRIO mais tributos cumulativos e centralizados Comparação entre a evolução dos tributos indiretos por bases: valor adicionado versus cumulativos 16 14 12 10 Em % do PIB 8 6 4 2 0 Anos Carga Valor Adicionado Cumulativos Total Ano Total s/ ICM IPI Finsocial Pis IPMF IOF ISS Impostos Período Bens e ICMS COFINS Pasep CPMF Únicos Serviços 1968 13,2 7,28 4,41 0,00 0,00 0,00 1,56 1988 10,1 5,34 2,17 0,77 0,59 0,00 0,35 0,33 0,54 2000 14,6 6,98 1,49 3,28 0,80 1,22 0,26 0,57 0,00 2010 14,6 7,17 1,01 3,77 1,09 0,00 0,72 0,81 0,00 Pós1988 4,49 1,84 -1,15 3,00 0,50 0,00 0,37 0,48 -0,54 20 Pós2000 -0,01 0,20 -0,47 0,50 0,28 -1,22 0,46 0,24 0,00
  • 21. Carga tributária: global e ICMS Perda contínua de importância relativa 21
  • 22. Do que não se fala? Sistema muito e crescentemente regressivo , pelo predomínio de tributos sobre consumo pouco seletivos. Carga Tributária Direta por Décimos de Renda: IPEA - 2002-2003, a partir da POF – Principais Tributos 4,0 3,79 3,7 3,5 3,3 3,3 3,1 3,0 2,7 2,6 2,5 2,3 2,0 1,9 1,8 1,8 1,4 1,5 1,4 1,4 1,4 % 1,5 1,1 1,1 1,0 1,0 1,0 0,6 0,7 0,80 0,5 0,5 0,5 0,5 0,3 0,3 0,3 0,7 0,6 0,2 0,0 0,00 0,01 0,01 0,02 0,03 0,04 0,07 0,20 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o 8o 9o 10o CONTRIB TRABALHISTAS 1,0 1,4 1,9 2,3 2,6 2,7 3,3 3,3 3,7 3,1 IR 0,00 0,01 0,01 0,02 0,03 0,04 0,07 0,20 0,80 3,79 IPTU 1,8 0,6 1,1 1,0 1,1 1,4 1,4 1,8 1,5 1,4 IPVA 0,5 0,3 0,2 0,3 0,3 0,5 0,5 0,7 0,7 0,6
  • 23. Concentração pós-imposto? Concentração de renda, das maiores do mundo, aumenta ainda mais depois da aplicação dos impostos
  • 24. Carga tributaria injusta cada vez mais regressiva... DISTRIBUIÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA ESTIMADA POR FAMÍLIAS EM PROPORÇÃO DA RENDA MENSAL Grande e Renda Mensal Familiar 1996 2004 2008 crescente Até 2 SM 28.2 48.8 53.9 diferencial 2a3 22.6 38.0 41.9 entre o ônus incidente 3a5 19.4 33.9 37.4 sobre os mais 5a6 18.0 32.0 35.3 pobres em 6a8 18.0 31.7 35.0 relação aos 8 a 10 16.1 31.7 35.0 mais ricos 10 a 15 15.1 30.5 33.7 15 a 20 14.9 28.4 31.3 20 a 30 14.8 28.7 31.7 mais de 30 SM 17.9 26.3 29.0 Elaboração própria. Compilado de: 1996 - Zockun et alli(2007); 2004 e 2008 - IPEA (2008). Metodologias não são iguais mas ambas calcularam para 2004 resultados muito próximos.
  • 25. Composição (ruim) da carga? Concentrado em tributação indireta; crescente contribuições salariais; mas incipiente sobre patrimônio Arrecadação Tributária Global por Base de Incidência - 2010 Arrecadação R$ per % do Total % PIB (R$ Bilhões) capita Global 1.289,0 100,0% 34,19% 7.022 Mercadorias, Serviços e Bens 579,8 45,0% 15,38% 3.159 Produção e Vendas em Geral 521,0 40,4% 13,8% 2.838 Produção e Vendas Específicos 41,3 3,2% 1,1% 225 Serviços Públicos 17,5 1,4% 0,5% 96 Salários 334,4 25,9% 8,87% 1.822 Empregados, Servidores 60,7 4,7% 1,6% 331 Empregadores 261,6 20,3% 6,9% 1.425 Outros 12,0 0,9% 0,3% 66 Renda e Ganhos 240,1 18,6% 6,37% 1.308 Famílias 91,2 7,1% 2,4% 497 Empresas & Acionistas 148,4 11,5% 3,9% 808 Outros 0,6 0,0% 0,0% 3 Transações Financeiras 51,5 4,0% 1,37% 280 Patrimônio 45,9 3,6% 1,22% 250 Comércio Internacional 21,1 1,6% 0,56% 115 Outras receitas 16,2 1,3% 0,43% 88 Fonte: Elaboração própria.
  • 26. Como (pouco) se taxa patrimônio? Carga reduzida, inexpressivo na composição, impostos concentrados nos governos subnacionais; tributar veículo supera imóvel urbano; quase inexiste no rural... POR CATEGORIA TRIBUTÁRIA (METODOLOGIA IMF/GFS) Arrecadação Tipo de Tributo % do Total % PIB R$ per capita (R$ Bilhões) 1.1 - Impostos 976,7 75,8% 25,91% 5.321 1.1.3 - Impostos sobre Propriedade 45,9 3,6% 1,22% 250 1.1.3.1 - Impostos Recorrentes sobre Propriedade Imóvel (IPTU+ITR) 16,6 1,3% 0,44% 90 1.1.3.2 - Impostos Recorrentes sobre Riqueza Líquida 0,0 0,0% 0,00% 0 1.1.3.3 - Impostos sobre Imóveis, Heranças e Doações (ITBI+ITCMD) 7,9 0,6% 0,21% 43 1.1.3.4 - Impostos sobre Transações Financeiras e de Capital 0,0 0,0% 0,00% 0 1.1.3.5 - Outros Impostos não Recorrentes sobre Propriedade 0,1 0,0% 0,00% 1 1.1.3.6 - Outros Impostos Recorrentes sobre Propriedade (IPVA) 21,3 1,7% 0,56% 116 1.2 - Contribuições Sociais 312,2 24,2% 8,28% 1.701 Total 1.289,0 100,0% 34,19% 7.022 POR TRIBUTO PATRIMONIAL Total (R$ % do R$ per % PIB Bilhões) Total capita Patrimônio 45,9 100,0% 1,22% 250 IPVA 21,3 46,3% 0,56% 116 IPTU 16,0 34,9% 0,43% 87 ITBI 5,4 11,8% 0,14% 30 ITCD 2,5 5,5% 0,07% 14 ITR 0,5 1,1% 0,01% 3 Contribuições Melhorias (Municípios) 0,1 0,3% 0,00% 1 IPVA ITR Contribuições de Melhorias (Estados) 0,0 0,0% 0,00% 0 Municípios de origem da base tributária 50% 50%
  • 28. Diversidades no Gasto Social  Evolução liderada pelos benefícios determina uma recentralização do gasto (e dos tributos).  Profunda diferenciação na divisão federativa do gasto social: benefícios são centralizados enquanto os programas universais são descentralizados: – focalização não deve ser vista como uma alternativa, mas como um complemento, um instrumento da universalização  Quando não definida uma clara divisão de recursos e responsabilidades, política social tende a se definir de acordo com o jogo de forcas políticas.
  • 29. GASTO PÚBLICO SOCIAL: TAMANHO E DIVISÃO FEDERATIVA (sumário) DESPESA ESTIMADA POR FUNÇÃO DO GOVERNO GERAL CONSOLIDADO EM 2009 DIVISÃO FEDERATIVA DA EXECUÇÃO DIRETA FUNÇÕES % do PIB % DA FUNÇÃO MONTANTE PARTIC. Total União Estados Municípios Total R$ bi R$/hab % Fiscal Total 67,07% 67,2% 21,2% 11,6% 100,0% 2.108,1 11.008 181,3% (-) Transfers.Intergov. 8,40% 75,1% 24,7% 0,3% 100,0% 263,9 1.378 22,7% (-) Serviço Dívida 21,69% 94,3% 4,5% 1,2% 100,0% 681,6 3.560 58,6% = Fiscal 36,99% 49,5% 30,2% 20,3% 100,0% 1.162,5 6.071 100,0% Previdência 11,45% 80,5% 15,6% 3,9% 100,0% 359,9 1.879 31,0% Assistência 1,33% 75,1% 7,7% 17,2% 100,0% 41,9 219 3,6% Trabalho 0,98% 94,1% 3,4% 2,6% 100,0% 30,7 160 2,6% = Proteção 13,76% 81,0% 14,0% 5,1% 100,0% 432,4 2.258 37,2% Educação 4,54% 18,4% 38,2% 43,4% 100,0% 142,6 744 12,3% Saúde 3,73% 15,3% 35,9% 48,8% 100,0% 117,3 613 10,1% Saneamento 0,32% 0,3% 30,7% 69,0% 100,0% 10,2 53 0,9% Habitação 0,15% 0,6% 40,6% 58,8% 100,0% 4,8 25 0,4% = Universais 8,75% 16,1% 37,0% 46,9% 100,0% 274,9 1.436 23,6% Segurança 1,47% 13,0% 82,8% 4,2% 100,0% 46,2 241 4,0% Conexos (*) 0,71% 24,1% 46,3% 29,7% 100,0% 22,2 116 1,9% = Social 24,68% 52,3% 27,2% 20,6% 100,0% 775,7 4.051 66,7% = Outros Poderes 2,48% 39,3% 50,6% 10,1% 100,0% 78,0 407 6,7% = Outras Funções 9,82% 45,2% 32,6% 22,2% 100,0% 308,8 1.612 26,6% Elaboração própria. Fonte primária: STN, Consolidação Balanços 2009 (por governo) e SIAFI (transferências federais). Execução Direta calculada pela dedução das transferências para outros governos (estimativa para estados baseada em S.Paulo) (*) Gestão Ambiental, Cultura, Desportes e Lazer, Direitos da Cidadania.
  • 30. Composição do Gasto Público Social em 2009: 24.7% do PIB (conceito amplo) Gastos Públicos Sociais como % PIB - Proteção, Universais e Segurança Previdência Assistência Trabalho Educação Saúde Saneamento Habitação Segurança Conexos (*) 0,15% 1,45% 0,71% 0,33% 3,82% 11,31% 4,64% 0,96% 1,33% Fonte: FINBRA. Elaboração: Própria.
  • 31. Divisão Federativa do Gasto Social COMPOSIÇÃO RELATIVA DO GASTO TOTAL Gastos Sociais - % da Função - por Esfera Administrativa - 2009 Municípios 5.1% 46.9% Proteção Universais Estados 14.0% 37.0% União 81.0% 16.1% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Fonte: FINBRA. Elaboração: Própria.
  • 32. Composição do Gasto Público Social em 2009: % do PIB – Proteção Gastos Públicos Sociais como % PIB- Proteção - Brasil - 2009 Previdência Assistência Trabalho 0.98% 1.33% 11.45% Fonte: FINBRA. Elaboração: Própria.
  • 33. Composição do Gasto Público Social em 2009: % do PIB – Universais Gastos Públicos Sociais como % PIB - Universais Educação Saúde Saneamento Habitação 0.32% 0.15% 4.54% 3.73% Fonte: FINBRA. Elaboração: Própria.
  • 34. Observações Finais
  • 35. Desafios e perspectivas  O processo de liberalização econômica e financeira tem maior complexidade nas relações federativas. Em uma economia mais aberta, as diferenças de interesses e visões entre as regiões mais e menos desenvolvidas do país, no que respeita à política comercial e industrial, tornam-se mais evidente.  O federalismo fiscal sempre tem que lidar com enormes desafios. Para conciliar a estabilidade dos preços e o processo de retomada do desenvolvimento com uma estrutura fiscal com descentralização de poder e pesadas cargas de receitas e de gastos.  Governo Federal precisa exercer a tarefa muito complexa de coordenar políticas em que governos subnacionais predominam na execução e necessitam de um grau mínimo de harmonização.  Apesar das dificuldades e complexidades, a Federação alcançou um grau razoável de estabilidade, sem agitação política. A repartição de receitas reduz as divergências e contradições que permeiam as diferenças regionais.
  • 36. José Roberto Afonso é economista do BNDES, a serviço do Senado da República (assessor técnico). Opiniões de exclusiva responsabilidade do palestrante. Kleber Castro, Eliza Gurgel e Marcia Monteiro deram apoio para a elaboração desta análise. Mais trabalhos sobre o tema no site do autor : www.joserobertoafonso.com.br 36