8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761
Proama na defesa pelo Respeito ao Nascimento
Autora: Aline Luiz Camargo, Campus Dr. João Dias da Silveira, Campus Rio Claro, Curso Geografia,
email:proama.amamentar@gmail.com, bolsa PROEX.
Co-autoria: Profa. Dra. Silvia Marina Anaruma.
Eixo: 2 - "Os Valores para Teorias e Práticas Vitais"
Resumo
Este estudo pretende tratar sobre a defesa do
parto normal e a humanização dos procedimentos
que envolvem o pré, o parto e o pós-parto, porque
este evento se relaciona de forma direta ou indireta
com o aleitamento materno. Para isso, o Proama –
Projeto Amamentar participou da organização da
2ª. Semana de Respeito ao Nascimento no
município de Rio Claro no ano de 2015, e pretende
mostrar quais as estratégias utilizadas para
conscientizar a população sobre a importância do
nascimento.
Palavras Chave: amamentação, parto humanizado
Abstract
This study intends to address over the defense of
normal birth and the humanization of procedures
involving the pre, childbirth and postpartum,
because this event is related directly or indirectly
with breastfeeding. For this, the Proama -
Breastfeeding Project participated in the
organization of the 2nd. Born to Respect Week in
Rio Claro in 2015, and aims to show what
strategies used to raise awareness about the
importance of birth.
Keywords: breastfeeding, humanized birth
Introdução
O parto sempre foi de responsabilidade e
conhecimento exclusivo das mulheres e vivenciado
através da experiência.
Sabe-se que até o final do século XIX, a assistência
ao parto, era predominantemente domiciliar,
realizado por parteiras socialmente reconhecidas
que exerciam um papel fundamental na
comunidade, ao acompanhar o parto com muita
dedicação, apesar de não serem respaldadas
cientificamente e sim de forma empírica. As
mulheres participavam de forma ativa, durante o
nascimento dos seus filhos, com apoio da parteira e
dos familiares (PIRES, 1989, p.107).
Com a institucionalização do parto nas primeiras
décadas do século XX, o mesmo passou a ser visto
como um processo patológico que merecia ser
controlado a fim de evitar a morte materna e
perinatal. Com isso, as parteiras tradicionais
sofreram críticas a respeito do seu ofício e as
parteiras diplomadas perderam a essência de
partejar com arte e autonomia (PROGIANTI;
BARREIRA, 2001, p. 96).
Como resultado, a institucionalização fez com que
as mulheres se distanciassem dos conhecimentos
adquiridos ao longo dos anos, deixando que a
prática do nascimento se tornasse totalmente
hospitalar. Entretanto as taxas de morte materna,
peri e neonatal, continuam altas e estão
intimamente ligadas ao uso abusivo de cesáreas,
um ato de desumanização do parto. (INAGAKI et al.,
2014).
Na rede privada de saúde as cesáreas
correspondem a 84,9% dos partos e na rede
pública, 40%. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) preconiza que o limite de partos por
cesáreas é de 15%, o que demonstra que o Brasil
está bem aquém dessa meta (ANARUMA, 2015).
O tipo de parto interfere no aleitamento materno. A
cesárea intervém no tempo de decida do leite, pois,
influencia na atuação do hormônio ocitocina (LINS
et al., 2006). A amamentação logo nas primeiras
horas de vida é um dos procedimentos de
humanização do parto, porque promove a formação
do vínculo; o alojamento conjunto, a presença de
um acompanhante, o encorajamento da
amamentação sob livre demanda também (BRASIL,
2014). A amamentação acalma o bebê e a mãe.
Estes são alguns dos motivos dentre tantos para
apoiarmos o movimento de apoio a um nascimento
mais humano.
O Projeto Amamentar- Proama tem como sede o
Departamento de Educação no Campus de Rio
Claro, é um grupo que promove a mediação entre
os setores envolvidos com a saúde materno infantil,
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a educação e a Universidade. O PROAMA tem
elementos de vários setores da sociedade e de
diversas áreas, já que o aleitamento materno é
interdisciplinar, envolvendo a medicina, a nutrição, a
odontologia, a fonoaudiologia, a psicologia, a
educação, a política, a economia, o direito e
também o respeito ao nascimento.
Objetivos
O objetivo deste trabalho é descrever as atividades
que foram desenvolvidas na II Semana do Respeito
ao Nascimento e qual foi o impacto no município de
Rio Claro. Será dado ênfase ao tipo de abordagem
realizada para a mobilização da sociedade,
munindo-a de informações que resultem em
mudanças de valores e crenças.
Material e Métodos
A metodologia foi baseada na interação com a
comunidade através de atividades que gerassem
conhecimento, na informação e debates, as quais
elencamos logo a seguir. Estas atividades foram
organizadas com as seguintes parcerias: Fundo de
Solidariedade de Rio Claro, Câmara Municipal de
Rio Claro, Santa Casa Rio Claro, Equilibriam e
Parir com Amor (grupo de mulheres), Pastoral da
Saúde, além da Unesp (Proama). Ocorreu em maio
de 2015 tendo as seguintes atividades: Uma Roda
de Conversa com o tema “Conversando sobre o
parto humanizado”, na Prefeitura Municipal; a
exibição de um documentário com o título de ”O
Renascimento do Parto” na Unesp , Oficinas sobre
o uso do Sling e da Cromoterapia, práticas do
banho e o uso da fralda de Pano.
Resultados e Discussão
Os resultados foram além de nossas expectativas.
Durante a realização das atividades, a participação
da comunidade se envolveu em longas discussões
em torno das experiências vivenciadas por mulheres
durante o parto. Isto foi possível principalmente com
a apresentação do documentário na Unesp, e a
população foi quase toda do curso de Pedagogia.
Esta inserção do curso é muito importante para nós,
pois estamos falando da formação de educadores.
Já a Roda de Conversa, foi o ápice da Semana,
pois teve a participação de vereadores, do
Secretário da Fundação Municipal, do Chefe da
Maternidade e de grupo de mães. Foi neste espaço
que muitas sugestões foram dadas e experiências
foram compartilhadas, sendo muito produtivo para a
criação de políticas públicas para o município. Os
assuntos comentados giraram em torno de: o parto
em casa, as salas de parto, a violência obstetrícia,
bem como, a violência verbal sofridas durante o
parto. Momento importante também foi a
participação da Coordenadora do Proama – Profa.
Silvia que foi falar na Tribuna da Câmara dos
Vereadores de Rio Claro sobre o evento, dando
visibilidade à participação da Unesp no evento e
destacando as ações que necessitam do apoio do
executivo (Figuras 1 e 2, no Anexo). As oficinas
foram bem recebidas pela comunidade que
aprendeu alternativas inovadoras para o cuidado
com o bebê (Figuras 3 e 4).
Conclusões
Conclui-se através dos resultados alcançados no
evento em questão, que o Proama, juntamente com
os recursos da Universidade são peças
fundamentais nestas atividades. Também que há
muito trabalho a ser feito para a modificação desta
realidade que envolve a construção de
conhecimento nesta área com as mulheres e com
os profissionais da saúde e da educação, mas
também entendemos que conseguimos plantar uma
semente para isso. Estas atividades incentivam a
produção de conhecimento nesta área e a inserção
dos alunos que estão sendo formados com uma
nova visão de mundo e de cuidado. Pretendemos
continuar participando desses eventos sempre no
sentido de mediar a relação entre a Universidade, o
poder público e a comunidade. O Proama, como
projeto de extensão, tem como sua principal meta
levar a população as informações não só sobre a
amamentação, mas também a importância do
nascimento, como resultado para um
desenvolvimento mais saudável em todos os
aspectos: biológico, psicológico, cognitivo e social.
Agradecimentos
Agradecemos as funcionárias do Apoio Acadêmico
do Depto de Educação, as Instituições parceiras, a
Vice-Diretoria do Instituto de Biociências e a
Câmara Municipal de Rio Claro.
________
ANARUMA, S.M. Professora da Unesp defende parto humanizado.
Disponível em:<www.unesp.br/portal/noticia> Acesso em: 27julho2015.
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INAGAKI, A.D.M.; SILVA, J.C. da; SANTOS, M. C. dos; SANTOS,
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Recife, v.8, n.12, p. 4278-84, dez., 2014
LINS, G.F.A.C. et al. Amamentação e tipos de parto: uma avaliação
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PIRES, D. Hegemonia Médica Saúde e a Enfermagem. São Paulo.
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PROGIANTI, J.M; BARREIRA, I. A. A Obstetrícia do saber feminino
a medicalização: da época medieval ao século XX. Revista
Enfermagem. UERJ. Rio de Janeiro. V.9. n.1, 2001.
8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761
Anexo 1
Figura 1. Tribuna de Rio Claro.
Figura 2. Profa. Dra. Silvia Marina Anaruma, durante a Tribuna de Rio Claro.
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Anexo 1
Figura 3. Geraldo de O. Barbosa Secretário Municipal da Saúde de Rio Claro.
Figura 4. Roda de Oficina