2. Filo Arthropoda
Os artrópodes constituem o grupo
animal com maior número de
espécies conhecidas, cerca de 1133
espécies.
O nome Arthropoda (arthros =
articulação; podos = pé) se refere a
uma característica marcante dos
animais classificados nesse filo:
presença de pernas articuladas.
Entretanto, os artrópodes não têm
apenas as pernas articuladas, mas
também outros apêndices, como
antenas e peças bucais.
Esquema de alguns apêndices articulados
dos artrópodes.
3. Os artrópodes são triblásticos, celomados, de simetria bilateral.
Apresentam metameria, sendo comum a fusão de metâmeros formando tagmas.
Os insetos, por exemplo, têm o corpo dividido em três tagmas: cabeça, tórax e
abdômen.
Esquema mostrando a organização do corpo de um
inseto hipotético, em vista dorsal. Observe os tagmas:
cabeça (em amarelo), tórax (em azul) e abdômen (em
cor-de-rosa).
4. Outra característica marcante dos artrópodes, e grande responsável pelo
sucesso ecológico do grupo, é a presença de exoesqueleto quitinoso que
reveste todo o corpo do animal. Esse exoesqueleto é formado por placas que se
articulam, permitindo os movimentos do corpo e de seus apêndices.
Por ser rígido, o exoesqueleto atua como uma estrutura de proteção e de
suporte do corpo; por ser articulado, não impede a mobilidade do animal.
Como nos artrópodes o exoesqueleto envolve totalmente o corpo do animal, o
crescimento só ocorre por meio da muda ou ecdise, processo regulado pelo
hormônio da muda ou ecdisona.
5. O novo exoesqueleto espessa e endurece, determinando nova parada do
crescimento. Em função disso, a curva de crescimento dos artrópodes difere da
curva dos outros animais, exceto dos nematódeos, que também possuem muda
Gráfico simplificado comparando o tipo de curva de
crescimento dos artrópodes e dos demais animais (exceto
nemátodos).
6. Diversidade de artrópodes
Vamos adotar aqui uma dessas propostas, que interpreta os artrópodes como um
grupo monofilético, com cinco subfilos:
• Trilobitomorpha: não tem representantes na fauna atual, mas foi um grupo muito
abundante nos mares de épocas geológicas passadas, desaparecendo na extinção do
Permiano triássico.
7. • Cheliceriformes: artrópodes que possuem quelíceras e estão representados
pelas classes Merostomata (límulo ou caranguejo ferradura) e Arachnida
(representada principalmente por aranhas, escorpiões e ácaros).
8. • Crustacea: com várias classes, o grupo inclui lagostas, siris, camarões, cracas e
outros.
9. • Hexapoda: com duas classes, Entognata e Insecta.
Entognata reúne hexápodes com peças bucais em uma depressão da superfície
da cabeça, sem asas (apterigotos; a = prefixo de negação; pteros = asas);
Antigamente, eram classificados como insetos e estão representados
principalmente pelos colêmbolos, animais pequenos abundantes no solo e na
madeira em decomposição.
Eletromicrografia de varredura de um colêmbolo em vista
lateral. É muito comum na fauna do solo. Mede cerca de
0,5 mm de comprimento.
10. Nos representantes da classe Insecta, as peças bucais são externas, isto é,
não são abrigadas em uma depressão da superfície da cabeça.
11. • Myriapoda: grupo com quatro classes. Analisaremos apenas as classes Diplopoda e
Chilopoda.
13. Classe Arachnida
O grupo Arachnida
(aracnídeos) abrange
principalmente aranhas,
escorpiões e ácaros, incluindo
os carrapatos.
Ácaro da pele
Demodex folliculorum
14. O corpo dos aracnídeos é geralmente dividido em prossomo e opistossomo.
Na extremidade da cauda existe um aguilhão que abriga o veneno.
Os aracnídeos apresentam as quelíceras como estruturas envolvidas com a
manipulação do alimento e, em muitas aranhas, com a inoculação de veneno.
Os aracnídeos possuem, ao redor da boca, um par de pedipalpos, estrutura que
pode atuar como órgão sensorial ou órgão de cópula no macho, além de ser
usado na manipulação de alimentos.
Os aracnídeos possuem apenas olhos simples.
Presença de quatro pares de pernas no prossomo.
O opistossomo não tem apêndices locomotores.
Na região posterior e ventral do opistossomo das aranhas existem as fiandeiras,
estruturas associadas a glândulas de seda, que produzem os fios de seda com os
quais as aranhas tecem as teias.
Os aracnídeos são animais de sexos separados, fecundação interna e
desenvolvimento direto.
15. Modos de Vida dos Aracnídeos
São artrópodes principalmente terrestres.
Entre os ácaros, há representantes adaptados secundariamente aos ambientes
de água doce e marinho.
A maioria dos aracnídeos é predadora.
Há ácaros parasitas de plantas e de animais. É o caso do ácaro causador da
sarna (Sarcoptes scabiei), do ácaro parasita dos folículos pilosos do ser humano
(Demodex folliculorum) e dos carrapatos em geral.
16. Subfilo Crustacea O nome Crustacea (crusta = crosta; aceo = semelhante) deriva do fato de muitas
das espécies que compõem esse grupo apresentarem um exoesqueleto enriquecido
com carbonato de cálcio, formando uma crosta.
É o que ocorre em lagostas, camarões, siris e caranguejos.
A característica mais marcante dos crustáceos é a presença de dois pares de
antenas na região cefálica.
Há representantes aquáticos e de ambientes terrestres úmidos (tatuzinho de
quintal ou tatu bola).
Existem representantes macroscópicos, como a lagosta, o camarão e a craca, e
representantes microscópicos, como a dáfnia (pulgad’água) e os copépodes.
17. O corpo dos crustáceos pode estar dividido em cabeça, tórax e abdômen, ou
em cefalotórax e abdômen.
Na cabeça estão presentes, além dos dois pares de antenas, dois olhos
compostos formados por várias unidades chamadas omatídeos, geralmente
pedunculados.
Ao redor da boca há um par de mandíbulas e outros apêndices acessórios
utilizados na obtenção de alimento.
As pernas dos crustáceos partem do cefalotórax, como ocorre nos siris e
caranguejos, ou do cefalotórax e do abdômen, como ocorre nos camarões.
18. Siri ou Caranguejo? Macho ou Fêmea?
Caranguejos e siris são muito importantes como fonte alternativa de alimento
e renda em muitos lugares do Brasil.
Os siris diferenciam-se dos caranguejos por apresentarem cefalotórax
achatado, geralmente amplo, e o último par de pernas com a extremidade
achatada, em forma de remo, adaptado ao nado.
Já os caranguejos possuem cefalotórax mais robusto e o último par de pernas
semelhante aos demais, sem adaptação para nadar.
Fotografia de siri macho em vista ventral:
observe o abdômen estreito, indicado pela
seta. A carapaça mede cerca de 8 cm de
largura.
Fotografia de siri fêmea em vista
ventral: observe o abdômen amplo, indicado pela
seta. A carapaça mede cerca de 8 cm de largura.
19. Classe Insecta
Os insetos reúnem o maior número de espécies animais conhecidas.
A maioria dos insetos é terrestre, embora algumas espécies tenham se
adaptado secundariamente à vida no ambiente de água doce e, mais
raramente, na superfície de oceanos e zonas entremarés.
Os insetos têm o corpo nitidamente dividido em cabeça, tórax e abdômen.
O grande sucesso desse grupo no meio terrestre pode ser atribuído
principalmente a seu exoesqueleto quitinoso e à evolução do voo.
Os insetos são os únicos invertebrados com adaptações ao voo
20. Importância Ecológica dos Insetos
Eles desempenham importante papel ecológico nos ecossistemas terrestres:
São responsáveis pela polinização da maioria das plantas floríferas.
Existem insetos que causam sérios prejuízos à agricultura, tornando-se
verdadeiras pragas que destroem ou danificam as plantações.
Algumas espécies são vetores de doenças.
21. Os insetos surgiram provavelmente de ancestrais sem asas, parecidos com as atuais
traças dos livros.
Na evolução do grupo, as primeiras asas que surgiram eram em número de quatro
(um par anterior e outro par posterior) e se dispunham perpendicularmente em
relação ao eixo longitudinal do corpo, como nas libélulas atuais.
A seguir surgiu um mecanismo que propiciou a flexão das asas para trás, sobre o
tórax e o abdômen, quando o inseto pousa. Isso permitiu que os insetos se
refugiassem em locais estreitos.
Em alguns grupos, as asas anteriores sofreram modificações, passando a proteger
as asas posteriores, que permaneceram membranosas e responsáveis pelo voo. É o
que acontece, por exemplo, com os besouros
22. Em outros grupos, houve perda secundária das asas associada principalmente
à vida ectoparasitária, caso de piolhos e pulgas, e à vida subterrânea, como
nos operários e soldados de cupins e formigas.
23. Na cabeça dos insetos estão presentes, tipicamente,
Um par de antenas,
Um par de olhos compostos,
Três olhos simples
Apêndices bucais, entre os quais se destaca um par de mandíbulas. Os
apêndices bucais podem apresentar inúmeras modificações, que possibilitam
grande variedade de hábitos alimentares.
Esquema em vista frontal
da cabeça de um gafanhoto. As peças
bucais estão em destaque. Elas
compõem o aparelho bucal do tipo
mastigador.
Esquema da cabeça
de uma borboleta. Observe o
aparelho bucal do tipo sugador
maxilar.
Esquema da cabeça de um
mosquito, em vista frontal, mostrando
peças bucais bem separadas, para melhor
visualização. Observe o aparelho bucal do
tipo sugador labial.
24. Outra característica importante dos insetos é a presença de três pares de
pernas no tórax.
Nas espécies aladas de insetos, é do tórax que partem as asas.
26. São animais ovíparos, que podem apresentar três tipos de desenvolvimento:
• Direto, sem metamorfose: desenvolvimento ametábolo (a = sem; metábolo =
mudança). Do ovo eclode um indivíduo jovem semelhante ao adulto. O adulto é a
fase do ciclo de vida em que as gônadas estão maduras.
Exemplo: traça dos livros.
27. • Indireto, com metamorfose gradual ou incompleta: desenvolvimento
hemimetábolo (hemi = meio).
Do ovo eclode uma forma chamada ninfa, que é semelhante ao adulto (ou
imago), mas não tem asas desenvolvidas. A ninfa origina o adulto.
Exemplos: barata, percevejo e gafanhoto.
28. • Indireto, com metamorfose completa: desenvolvimento holometábolo (holo =
total).
Do ovo eclode uma larva bastante distinta do adulto. Essa larva passa por um
período em que se alimenta ativamente, para depois entrar em um estágio
denominado pupa, no qual pode haver a formação de um casulo protetor. É no
estágio de pupa que ocorre a metamorfose: a larva transforma-se no adulto ou
imago, que emerge completamente formado. Depois da metamorfose, o inseto
holometábolo não cresce mais. Exemplos: moscas, pulgas e borboletas.
As larvas recebem nomes populares distintos.
Por exemplo, as larvas de borboletas e mariposas são chamadas lagartas, as de
besouro são chamadas bigatos e as de moscas, corós.
30. Evidências indicam que os primeiros insetos que surgiram eram ametábolos.
Hoje, cerca de 85% dos insetos são holometábolos.
Alguns insetos holometábolos apresentam fase larval aquática.
Como exemplos, podemos citar representantes do gênero Culex, que
transmitem a filariose, do gênero Anopheles, que transmitem a malária, e da
espécie Aedes aegypti, que transmitem a dengue e a febre amarela.
31. Classes Diplopoda e Chilopoda
Esses animais possuem muitas pernas articuladas e são chamados de
miriápodes.
Os quilópodes e os diplópodes têm o corpo dividido em cabeça e tronco
multissegmentado, apresentando um par de antenas e olhos simples.
32. São animais com sexos separados, fecundação interna e desenvolvimento direto
ou indireto, dependendo da espécie.
33. Nos quilópodes há um par de pernas por segmento, sendo o primeiro par
transformado em estruturas denominadas forcípulas, na extremidade das
quais se abrem glândulas de veneno.
Esses animais são carnívoros predadores e se utilizam do veneno para
imobilizar suas presas.
Se alimentam de insetos, lagartixas, camundongos e até filhotes de pássaros.
São vulgarmente conhecidos por centopeias ou lacraias.
Seu veneno neurotóxico pode causar acidentes com seres humanos.
34. Os diplópodes são animais herbívoros ou detritívoros e não apresentam
forcípulas.
Possuem dois pares de pernas por segmento.
São vulgarmente conhecidos como milípedes, piolhos-de-cobra, gongolôs ou
embuás.
35. Principais Aranhas e Escorpiões de
Interesse Médico
Aranhas
As principais espécies de aranha perigosas para o ser humano pertencem a três
gêneros: Phoneutria, Loxosceles e Latrodectus.
Aranhas de espécies pertencentes a outros gêneros podem picar o ser humano,
mas geralmente a consequência é apenas uma forte dor local.
36. As espécies do gênero Phoneutria são conhecidas como aranhas-armadeiras,
pois, quando se sentem ameaçadas, apoiam-se nos dois pares de pernas
traseiras, erguem o restante do corpo e “armam” o ataque.
Elas são muito rápidas e ágeis. Essas aranhas têm hábitos noturnos, não formam
teias e o veneno delas tem ação neurotóxica e cardiotóxica.
O tratamento do doente pode ser feito com soro específico (Soro
Antiaracnídico).
37. As espécies do gênero Loxosceles são
conhecidas como aranhas-marrons,
pois apresentam um colorido marrom
uniforme.
Elas têm hábitos noturnos e formam
teias irregulares, construídas em
locais escuros.
O veneno dessas aranhas tem ação
necrosante e hemolítica, e o
tratamento do doente é feito com
soro antiloxoscélico.
38. No gênero Latrodectus, são as fêmeas que podem ser perigosas para os
humanos.
Elas são chamadas viúvas-negras.
Têm hábitos noturnos e constroem teias irregulares.
O veneno das viúvas-negras tem ação neurotóxica e, como o número de
acidentes por Latrodectus é muito pequeno no Brasil, não há produção de
soro contra o veneno delas.
39. Escorpiões
Os escorpiões são animais predadores, de hábitos noturnos. Os que podem
causar perigo para o ser humano no Brasil são o Tityus bahiensis, ou
escorpião-marrom, e o Tityus serrulatus, ou escorpião-amarelo.
O veneno tem ação neurotóxica.
O tratamento do doente deve ser feito com soro antiescorpiônico.
40. Controle e Prevenção de Acidentes
com Aranhas e Escorpiões
• manter limpos quintais, jardins e terrenos baldios, não acumulando neles entulho
e lixo doméstico;
• aparar a grama dos jardins e recolher as folhas caídas;
• vedar soleiras de portas com saquinhos de areia ou friso de borracha;
• colocar telas nas janelas;
• vedar ralos de pia, de tanque e de chão com tela ou válvula apropriada;
• colocar lixo em sacos plásticos e mantê-los bem fechados para não atrair baratas,
moscas e outros insetos, que são o alimento predileto de aranhas e escorpiões;
• examinar roupas, calçados, toalhas e roupas de cama antes de usá-los;
• andar sempre calçado e usar luvas de raspa de couro ao trabalhar com material de
construção.