1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA
NÚCLEO DE TECNOLOGIAS PARA EDUCAÇÃO – UEMANET
CURSO DE GRADUAÇÃO EM LICENCITURA EM GEOGRAFIA
AS QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU DO POVOADO
CENTRO DOS PRETINHOS, MUNICÍPIO DE DOM PEDRO,
MARANHÃO.
Acadêmico: Rai Cruz Silva
Orientador: Edwin Hewry de Sousa Silva
DOM PEDRO - MA
2021
2. INTRODUÇÃO
O presente projeto traz uma reflexão a cerca do extrativismo
dentro da comunidade do Centro dos Pretinhos, e a importância
que essa palmeira representa para a reprodução da subsistência
da população desta localidade, que fica localizada no município de
Dom Pedro, estado do Maranhão, visando compreender a forte
relação que se estabelece entre a população local com a planta do
babaçu no âmbito social, cultural, político e econômico, quanto aos
interesses comerciais e econômicos de alguns órgãos
governamentais e não-governamentais que participam do processo
de industrialização da matriz principal, o coco babaçu, até a
comercialização dos seus derivados e como se realiza uma ampla
diversificação na forma de utilização e aproveitamento do babaçu.
3. JUSTIFICATIVA
A comunidade do Centro dos Pretinhos possui cerca de 50 famílias
que vivem enclausuradas entre cercas e estradas, sem espaço para cultivo
de roças, tendo seu território ameaçado pela crescente área de pasto e
lutando pelo acesso livre ao babaçual, sendo a palmeira a fonte de renda e
o complemento na alimentação das mulheres e suas famílias. Sendo assim,
o presente projeto visa analisar como essas mulheres ao assumirem o
ofício do babaçu e a se denominarem quebradeiras de coco babaçu,
passaram a se organizar, para a garantia dos direitos a terra e território e se
reconhecerem enquanto protagonistas e participantes politicas.
4. PROBLEMA
Este projeto aborda como problemática a busca
por resposta a seguinte indagação: De que forma
a quebra do coco auxilia na construção da
identidade das mulheres?
5. OBJETIVOS
GERAL:
Analisar como a atividade extrativista do babaçu está relacionada a identidade das
mulheres da comunidade Centro dos Pretinhos, do município de Dom Pedro, no estado
do Maranhão e sua contribuição para a construção identitária de mulheres
quebradeiras
ESPECIFICOS:
Analisar como as famílias da localidade se relacionam com os
babaçuais e qual as formas de acesso que esses sujeitos
encontram para realizar suas atividades extrativistas.
Entender o histórico de Dom Pedro e a busca pela aprovação
municipal da Lei do Babaçu livre e a luta das quebradeiras de
coco pelo acesso aos babaçuais;
Apontar as diversas formas tradicionais do uso e aproveitamento
do Coco babaçu e sua importância econômica;
Compreender o MIQCB na garantia de direitos e construção
identitária das mulheres;
6. METODOLOGIA
O projeto se pautou no processo de formação por
pesquisa de âmbito metodológico, através de revisões da
literatura e pesquisa bibliográfica, a cerca da temática do
trabalho com o babaçu e que refletem sobre as mulheres
enquanto sujeitos políticos e organização em movimento
sociais. Além disso, foram realizados trabalhos de campo, com
observação do grupo de mulheres, quebradeiras de coco
babaçu da comunidade Centro dos Pretinhos da cidade de
Dom Pedro - MA, tal como a aplicação de entrevistas
semiestruturadas e levantamento de dados, refletindo como
estas se organizam e produzem os seus produtos oriundos da
matéria prima do babaçu.
7. A VIDA DAS QUEBRADEIRAS DE
COCO DO CENTRO DOS PRETINHOS
DE DOM PEDRO – MA
A PALMEIRA DO COCO BABAÇU
LOCALIDADE DO POVOADO
O FRUTO: UMA NOVA RENDA
8. O BABAÇU: UM CAMPO DE MÚLTIPLOS
USOS, TENSÕES E OBLITERAÇÕES
Tema, motivo e interesse de extrativistas, poetas,
comerciantes, industriais e do Estado, fincado nas arenas da poesia à
economia e em múltiplas diferenças e desigualdades –
particularmente de gênero, o babaçu constitui um elemento fortemente
presente na história do Maranhão, revelando, antes de tudo, um
campo de múltiplos significados, de tensões e conflitos, o que pode
ser notado de maneira paradigmática nos variados usos e
representações imputados às palmeiras de babaçu.
9. Ao lado do trabalho agrícola, o extrativismo do
babaçu se apresenta como uma atividade
primordial presente pelo menos desde a
formação do campesinato maranhense, que
teve início com o fim da escravidão, a
concomitante desarticulação da grande
produção monocultora e a organização de
uma produção agrícola propriamente dita
(AMARAL FILHO, 1990; LUNA, 1984).
10. O TRABALHO EXTRATIVISTA DO COCO
BABAÇU E SUAS IMPLICAÇÕES
HISTÓRICAS, GEOGRAFICAS E SOCIAIS
O mundo do trabalho camponês apresenta variações que obedecem às
particularidades de cada região. Contudo, nas áreas de colonização antiga, como na
Baixada Maranhense, e de ocupação mais recente, a exemplo do Médio Mearim e da
região Tocantina, embora variem as modalidades pelas quais o campesinato se articula
com outros grupos sociais, a organização das relações internas ao grupo social
camponês se dá geralmente sob a forma de pequenas comunidades. Estas articulam as
diversas unidades familiares através de padrões de relações baseadas no parentesco, no
compadrio e na vizinhança (ALMEIDA; MOURÃO, 1976, p. 18).
11. Implicações sociais ao movimento das quebradeiras
de coco.
ASSEMA - A ASSOCIAÇÃO EM ÁREAS DE ASSENTAMENTO
DO ESTADO DO MARANHÃO.
MIQBC - O MOVIMENTO INTERESTADUAL DE
QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU.
LEI DO BABAÇU LIVRE: SUAS IMPLICAÇÕES PARA
COMUNIDADE EXTRATIVISTA.
12. DIFICULDADES ENCONTRADAS PELAS
QUEBRADEIRAS DE COCO DA REGIÃO
As quebradeiras de coco babaçu se organizaram em associação e têm alguns
obstáculos a serem enfrentados pelas comunidades da cidade de Dom Pedro e
de outras regiões, tais como:
A falta de acesso ao extrato e ao corte do babaçu, pois não há acordo nenhum
com o proprietário da terra e quando há, ele é mediado por alguém que
arrenda o pedaço de terra para cuidar.
Falta registro por meio de contrato e se tem alguma espécie de contrato, o
coco extraído e quebrado deve ser vendido para esse arrendatário a preço
baixo.
A falta de apoio familiar, principalmente dos companheiros.
Ausência de um auxilio por parte da administração da cidade.
Agressões físicas, psicológicas e discriminação por parte dos proprietários da
terra.
13. RESULTADOS OBTIDOS
Pode-se averiguar ainda, que as mulheres quebradeiras de
coco no estado do Maranhão, principalmente na região central
do estado, do povoado Centro dos Pretos do município de Dom
Pedro, passaram por muitas lutas, conflitos de terras e
dificuldades particulares, como a restrição de recursos e
maquinário para a produção dos derivados do coco, nas
participações de reuniões sindicalistas, desentendimentos dentro
nas associações e comunidades, violências devido a extrativismo
em terras privadas e entre outros aspectos que interferem na
atividade.
14. INFORMAÇÕES
PRODUÇÃO SEMANAL
PRODUÇÃO
MENSAL
PRODUTO QUANTIDADE VALOR PRODUTO QUANTIDADE
Coco 25 á 30 kg 4,00 por quilo Coco 100 á 120 kg
Carvão 3 á 4 sacos 30,00 o saco Carvão 12 á 16 sacos
Sabão 11 á 15 unidades 15,00 á barra Sabão 60 unidades
Azeite 6 á 8 litros 15,00 o litro Azeite 24 á 32 litros
15. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante todo o percurso histórico das mulheres na região das matas dos
cocais, elas têm se envolvido com o extrativismo do coco babaçu. Numa parte
dessa jornada, esses sujeitos têm suas vidas marcadas por várias experiências e
lutas, o que aponta para uma variedade de modos como elas dão sentido e forma e
são instituídas no passado, do outro ponto compartilham várias situações histórico-
existencial entre todas: a extração e quebra do coco babaçu e sua comercialização
para o sustento de suas casas e da sua comunidade.
Porém, é responsabilidade dos governos federais, estaduais e municipais
oferecerem possibilidade de serviços a essas mulheres e valorização para que
essa identidade não seja esquecida, perdida uma tradição cultural e que haja
progresso e toda essa jornada de enfretamentos, de lutas e conflitos sejam motivos
de exemplos a serem seguidos, para que possam ser enxergadas de outra forma
pela sociedade e não como pessoas inferiores, mas como marco de luta pela
cultura, pela tradição, pela independência e pela força feminina.
16. REFERÊNCIAS
AMARAL, Mayka Danielle Brito. Reforma Agrária e Reconhecimento: o caminho da autonomia e
liberdade das camponesas -quebradeiras de coco babaçu na região do Bico do Papagaio. 2017. 392
f. Tese (Doutorado) - Curso de Geografia Humana, Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.
AYRES JUNIOR, José Costa. A Organização das Quebradeiras de Coco Babaçu e a Refuncionalização
de um Espaço Regional na Microrregião do Médio Mearim Maranhense. Dissertação apresentada no
programa de mestrado do curso de Geografia do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC. 2007.
BABAÇU, uma riqueza maranhense. Bibliografia. Revista de Geografia e História. São Luís: Diretório
Regional de Geografia; Conselho Nacional de Geografia; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
1961.
EIQCB. I Encontro Interestadual de quebradeiras de coco babaçu (MA, PI, TO, PA). 24 a 26 de
setembro de 1991. São Luís-MA (documento síntese). 29p.
FIGUEIREDO, Luciene. Empates nos babaçuais: do espaço doméstico ao espaço público – lutas de
quebradeiras de coco no Maranhão. Belém, 2005. Dissertação (Mestrado em Agricultura Familiar) –
Universidade Federal do Pará, Belém, 2005.
SHIRAISHI NETO, Joaquim. Leis do babaçu livre: práticas jurídicas das quebradeiras de coco babaçu
e normas correlativas. Manaus: UEA, 2006.