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Orientador: Prof. Ms. Jarbas Oliveira Junior
Co-orientadora: Profª. Ms. Carolina Fialho
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Curso de Bacharelado em ArtesVisuais
Cachoeira - BA
2014
Somos os propositores, somos o molde:
a vocês cabe o sopro, no interior desse molde:
o sentido de nossa existência.
Recusamos o artista que pretenda emitir através
de seu objeto uma comunicação integral de sua
mensagem, sem a participação do espectador.
LYGIA CLARK, 1980
O questionamento sobre quais seriam as principais características da
arte produzida atualmente levou a construção de uma poética da co-
autoria e da irreprodutibilidade técnica. Na tentativa de encontrar o
caminho para reverter a atual lógica de consumo de cultura, que segue
modelos do mercado que tratam a cultura como produto turístico, a
exposição A Arte Somos Nós faz um convite ao observador a sair do seu
estado confortável de mera contemplação, passando a intervir no
processo artístico, assumindo uma posição política em relação ao campo
artístico. Essa proposta é uma tentativa de comprovar a hipótese
elaborada por Joseph Beuys que afirma que “todos são artistas”.
Palavras-chave: co-autoria, irreprodutibilidade técnica, hipermodernidade.
A mostra A Arte Somos Nós teve os mestres Dilson Midlej e Antonio
Carlos Portela do curso de Bacharelado em Artes Visuais da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB - como curadores.
Os trabalhos apresentados para a curadoria combinaram diversas
linguagens artísticas, desde o desenho e pintura, passando pela
performance e instalação até arte programação e arte e tecnologia.
Para além da obra aberta, definida por Umberto Eco (apud CATALANO,
2004) como a obra inacabada que necessita ser completada pela
subjetividade do participante/fruidor, a própria exposição se torna um
processo aberto, que está em constante mudança, onde o público pode
participar não apenas do processo artístico, mas também da própria
montagem da exposição, que ao final da mostra ainda permanece
incompleta.
Em “A arte somos nós”, Zimaldo Melo nos estimula ao prazer, ao gozo e
à satisfação da experiência ao colocar-nos como espectador ativo que
faz a obra acontecer juntamente com o artista – por vezes com a
máquina programada por ele. A troca de estímulos entre obra e
espectador faz da fruição uma experiência singular, onde o ambiente
expositivo se torna a plataforma viva desta singularidade.
[…] Zimaldo Melo nos oferece uma oportunidade de socialização através
destas operações, não só disponibilizando meios para nos integrarmos
tecnologica, ludica e prazeirosamente ao proposto, como também para
afirmarmos a uma só voz: a arte é feita por todos nós!
Máquina de Pintura Aleatória: Antigo brinquedo de parque de diversão que usa
a força centrífuga para espalhar tinta em uma folha de papel controlado com sensores.
Desenho Aleatório Colaborativo sem as Mãos: Programa que tenta simular a Máquina de
Pintura, espalhando linhas coloridas com a utilização de reconhecimento de face.
Pollock v.1.0: programa feito em linguagem Processing utilizando bibliotecas OpenSource para
captar a posição e som emitido pelo usuário para espalhar a tinta na tela.
RePong: Releitura do clássico vídeo game Pong onde o percurso da bola, traça uma linha que
varia aleatoriamente de cor e espessura e o objetivo é criar um trabalho artístico.
O impacto do contato: Animação em rotoscopia com o personagem cachoeirano Jorge Chuin,
que recita a sua poesia O impacto do contato.
Haircut Performance: Um questionamento entre os limites do eu e o outro, através da
desconstrução da identidade do artista, que é definida pelo gesto coletivo do público.
Música Visual: Programa que traduz o gesto de desenho em gesto musical onde cada um tem a
possibilidade de criar o seu próprio instrumento musical através do desenho.
DesenhoAoVivo: O múltiplo e o singular, o reprodutível e o irreprodutível, o autor e o público,
tempo e espaço se confundem a partir da interferência em imagens ao vivo.
Irreprodutibilidade: A performance Irreprodutibilidade explora a capacidade motora do corpo
humano através da impossibilidade da repetição do gesto de acender um palito de fósforo.
um convite à participação no processo artístico
Quando digo que todo homem é um artista, não
estou querendo que acreditem nisso. Relato,
simplesmente, o resultado do meu trabalho.
Seguindo a lógica, deduzi que, depois da nossa
época, deverá acontecer uma mudança
fundamental na consciência humana.
JOSEPH BEUYS
ou, será que realmente ultrapassamos o moderno?
A partir da Arte Moderna, consolidam-se as principais
características da "arte contemporânea" como os
aspectos ligados a ressignificação, o deslocamento e a
apropriação, abordados por artistas modernos a partir
dos anos de 1910, quando a figura de Marcel Duchamp
se destaca como principal propositor de novas
linguagens e meios de experiência estética. É nesse
momento que o papel do fruidor/observador acelera o
seu deslocamento da mera contemplação para a total
interferência na obra de arte.
• Na pós-modernidade:
– Superação dos ideais da modernidade.
• Na hipermodernidade:
– Radicalização dos ideais da modernidade.
O contato com o trabalho de Joseph Beuys referendou
o nome da mostra individual proposta como produto
técnico para o Trabalho de Conclusão de Curso:
A Arte Somos Nós.
A pergunta realizada foi: quais são as características
fundamentais da arte contemporânea? A partir desse
questionamento, dei início a construção de uma poética
em que convido o observador a participar do processo
artístico como em um jogo, delimitando regras mas
deixando o resultado final a critério de quem participa
do processo.
Para Bernardo Esteves (2011), mestre em em
Engenharia de Sistemas e Computação pela Coppe/
UFRJ, um certo desconforto tem rondado algumas
áreas da ciência pois "embora a a possibilidade de
replicação dos resultados por grupos independentes
seja um dos pilares da ciência moderna, estudos de um
número cada vez maior de campos se caracterizam pela
impossibilidade ou inviabilidade de reprodução".
ou a arte em um parque de diversões
A Máquina de Pintura é um antigo brinquedo de
parques de diversão que consiste em uma base para
fixação de uma folha de papel que ao ser acionada, gira
em alta velocidade.
O público interfere despejando tintas de diferentes
cores. Com a força centrífuga a tinta imediatamente se
espalha pela folha gerando uma pintura aleatória.
Spin painting de Damien Hirst
A liberdade em sua forma mais pura e absoluta,
só pode ser encontrada na atividade lúdica.
SCHILLER APUD BEUYS
uma dialética entre autor e espectador
Walter
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A decadência
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A co-autoria
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Cada dia se toma mais imperiosa a necessidade
de dominar o objecto fazendo-o mais próximo na
imagem, ou melhor, na cópia, na reprodução.
E a reprodução, tal como nos é fornecida por
jornais ilustrados e semanários, diferencia-se
inconfundivelmente do quadro. Neste, o carácter
único e a durabilidade estão tão intimamente
ligados, como naqueles a fugacidade e a
repetitividade. Retirar o invólucro a um objecto,
destroçar a sua aura, são características de uma
percepção, cujo "sentido para o semelhante no
mundo" se desenvolveu de forma tal que,
através da reprodução, também o capta no
fenómeno único.
WALTER BENJAMIN, 1955
Não há mais diferença clara entre a criação
artística e recepção, artista e espectador sendo
pouco a pouco colocados no mesmo plano,
surgindo, então, a ideia de obra aberta, no
sentido dada à mesma por Umberto Eco, o de
uma obra na qual o artista e espectador podem
intervir, celebrando, assim, mais a criação em
comum do que a criação individual imutável.
SÉBASTIEN CHARLES, 2009
A era da cultura-mundo é a dos museus-
espetáculos elevados à categoria de destino
turístico de massa. Mesmo os museus, esses
lugares de destaque da cultura, caíram no
regime do híper, com seus orçamentos
colossais, suas estruturas futuristas cada vez
mais tecnológicas, cada vez mais monumentais
e espetaculares. O momento é da arquitetura
emocional em consonância com um
hiperconsumidor mais à espreita de experiência
imediatas que de iniciação e de elevação
espirituais.
GILLES LIPOVETSKI, 2011
Tudo aquilo que sei do mundo, mesmo por
ciência, eu o sei a partir de uma visão minha
ou de uma experiência do mundo sem a qual os
símbolos da ciência não poderiam dizer nada.
MERLEAU-PONTY, 1999
a arte faça-você-mesmo
A exposição AArte Somos Nós foi concebida a partir
desse percurso acadêmico que de forma progressiva
tendeu para o diálogo entre autor e público.
O convite ao público para participar do processo
artístico foi um dos pilares dessa interlocução.
Propor ao observador que assumisse, sem este
saber, a co-autoria da obra remetia a Lygia Clark
e a Hélio Oiticica. O contato, a experiência, o corpo,
a participação, ação são os componentes das obras
apresentadas durante esta exposição.
A curadoria optou por selecionar trabalhos que
não tinham sido apresentados para o público ou
que não tinham sido finalizados, sendo eles:
1.Máquina de Pintura;
2.Irreprodutibilidade Técnica;
3.Pollock v.1.0
4.RePong
5.DesenhoAoVivo
O Espaço do NUDOC-UFRB foi escolhido por sua
localização central na cidade histórica de
Cachoeira, no Recôncavo Baiano, estando
localizado próximo a Igreja Matriz, da Casa da
Cadeia e outros patrimônios históricos da cidade,
que atraem a visitação de turistas de diversas
origens e nacionalidades.
Planta Baixa
atendendo ao convite
Relações entre o múltiplo e o irreprodutível também
vem a tona nos trabalhos de arte e programação é
possível uma criação que se torne "uma série quase
infinita de leituras possíveis e individualizadas" como
sugeriu Sébastien Charles (2009) em Cartas sobre a
hipermodernidade. Foram criados a partir de uma
interrelação de pensamentos, trabalhos onde o gesto
do observador produz uma cópia que recebe seu
número de série e em seguida é impresso e apagado
da memória do computador, tornar-se a única versão
daquele trabalho.
Essa antiga lembrança de tempos de criança me
fez retornar a experiência de manipular a tinta e a
ação da leis da física que definem formas e cores
do resultado final de cada trabalho produzido.
Aquela foi, na minha experiência pessoal de vida,
a primeira que vez que vi o público interferir
diretamente no trabalho artístico e isso me atraia
mais que qualquer outro brinquedo.
A performance Irreprodutibilidade explora a
capacidade motora do corpo humano através da
impossibilidade da repetição de um gesto: o de
acender um palito de fósforo, da mesma forma por
todas as pessoas. A performance/Instalação consiste
em uma pilha de 100 caixas de fósforo arrumadas
em forma de um cubo, em cima de uma mesa.
todos são artistas?
Por quanto tempo as pessoas continuarão a votar
em partidos e em seus representantes, ou melhor,
em conceitos vazios de significado e de conteúdo?
Por quanto tempo as pessoas continuarão a
acreditar no chamado "parlamentarismo:"? Estas
são as questões cruciais.
[...] quando o homem quer fazer uma revolução,
ou melhor, quando decide mudar as condições de
seu mal-estar, deve necessariamente dar início às
mudanças na esfera cultural, operando nas
escolas, nas universidades, na cultura, na arte e,
em termos mais gerais, em tudo aquilo que diz
respeito à criatividade: A mudança deve ter início
no modo de pensar, e só a partir desse momento,
desse momento de liberdade, será possível
pensar em mudar o resto.
BEUYS APUD D'AVOSSA, 2010
• Superação da lógica de consumo cultural da
hipermodernidade;
• Novo paradigma de economia de trocas
simbólicas;
• Declínio da aura do artista;
• Democratização das esferas criativas;
• Superação do modelo capitalista;
Pode-se considerar que a própria exposição não
terá fim. Se a cada período de permanência num
determinado espaço (consagrado ou não) outras
pessoas comparecerem e partilharem desse fazer
da obra, outras expressividades surgirão sem que
nos remeta às anteriores. […] Em A Arte Somos
Nós, o processo de irreprodutibilidade é infinito.
Quem garante que os eventos se repetem no
espaço e no tempo? Quem garante que o gesto
será o mesmo para a produção da obra?
47
Referências
ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna. Trad. Denise Botttmann e Frederico Carotti. São
Paulo: Companhia das Letras, 1992.
BATISTA, William José. O devir da verdade - fundações da Filosofia. Rio de Janeiro:
Editora Letra Capital, 2012.
BOURDIER, Pierre. A produção da Crença: contribuição para uma economia dos bens
simbólicos. São Paulo: Editora Zouk, 2002
CANONGIA, Ligia. O Legado dos anos 60 e 70. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.
CAUQUELIN, Anne. Teorias da Arte. Trad. Rejane Jamowitzer, São Paulo: Martins, 2005.
CHARLES, Sébastien. Cartas sobre a hipermodernidade. São Paulo: Editora Barcarolla,
2009.
ELAN, Kimberly. Geometria do Design: estudos sobre proporção e composição. Trad.
Claudio Marcondes. São Paulo: Cosac Naify, 2010.
FARKAS, Solange Oliveira. Joseph Beuys: A revolução somos nós. São Paulo: Edições
SESC SP, 2010.
GOMBRICH, Ernst Hans. Arte e Ilusão: um estudo da psicologia da representação
pictórica. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007.
LIPOVETSKY, Gilles; SERROY, Jean. A cultura mundo: resposta a uma sociedade
desorientada. São Paulo: Companhia das Letra, 2011.
LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades. São
Paulo: Companhia da Letras, 2009.
LUCCHESI, Ivo. Walter Benjamin e as questões da arte sob o olhar da
hipermodernidade. Rio de Janeiro: Revista Comum, 2005.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes,
1999.
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A arte somos_nos_web

  • 1. Orientador: Prof. Ms. Jarbas Oliveira Junior Co-orientadora: Profª. Ms. Carolina Fialho Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Curso de Bacharelado em ArtesVisuais Cachoeira - BA 2014
  • 2. Somos os propositores, somos o molde: a vocês cabe o sopro, no interior desse molde: o sentido de nossa existência. Recusamos o artista que pretenda emitir através de seu objeto uma comunicação integral de sua mensagem, sem a participação do espectador. LYGIA CLARK, 1980
  • 3. O questionamento sobre quais seriam as principais características da arte produzida atualmente levou a construção de uma poética da co- autoria e da irreprodutibilidade técnica. Na tentativa de encontrar o caminho para reverter a atual lógica de consumo de cultura, que segue modelos do mercado que tratam a cultura como produto turístico, a exposição A Arte Somos Nós faz um convite ao observador a sair do seu estado confortável de mera contemplação, passando a intervir no processo artístico, assumindo uma posição política em relação ao campo artístico. Essa proposta é uma tentativa de comprovar a hipótese elaborada por Joseph Beuys que afirma que “todos são artistas”. Palavras-chave: co-autoria, irreprodutibilidade técnica, hipermodernidade.
  • 4. A mostra A Arte Somos Nós teve os mestres Dilson Midlej e Antonio Carlos Portela do curso de Bacharelado em Artes Visuais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB - como curadores. Os trabalhos apresentados para a curadoria combinaram diversas linguagens artísticas, desde o desenho e pintura, passando pela performance e instalação até arte programação e arte e tecnologia. Para além da obra aberta, definida por Umberto Eco (apud CATALANO, 2004) como a obra inacabada que necessita ser completada pela subjetividade do participante/fruidor, a própria exposição se torna um processo aberto, que está em constante mudança, onde o público pode participar não apenas do processo artístico, mas também da própria montagem da exposição, que ao final da mostra ainda permanece incompleta.
  • 5. Em “A arte somos nós”, Zimaldo Melo nos estimula ao prazer, ao gozo e à satisfação da experiência ao colocar-nos como espectador ativo que faz a obra acontecer juntamente com o artista – por vezes com a máquina programada por ele. A troca de estímulos entre obra e espectador faz da fruição uma experiência singular, onde o ambiente expositivo se torna a plataforma viva desta singularidade. […] Zimaldo Melo nos oferece uma oportunidade de socialização através destas operações, não só disponibilizando meios para nos integrarmos tecnologica, ludica e prazeirosamente ao proposto, como também para afirmarmos a uma só voz: a arte é feita por todos nós!
  • 6. Máquina de Pintura Aleatória: Antigo brinquedo de parque de diversão que usa a força centrífuga para espalhar tinta em uma folha de papel controlado com sensores.
  • 7. Desenho Aleatório Colaborativo sem as Mãos: Programa que tenta simular a Máquina de Pintura, espalhando linhas coloridas com a utilização de reconhecimento de face.
  • 8. Pollock v.1.0: programa feito em linguagem Processing utilizando bibliotecas OpenSource para captar a posição e som emitido pelo usuário para espalhar a tinta na tela.
  • 9. RePong: Releitura do clássico vídeo game Pong onde o percurso da bola, traça uma linha que varia aleatoriamente de cor e espessura e o objetivo é criar um trabalho artístico.
  • 10. O impacto do contato: Animação em rotoscopia com o personagem cachoeirano Jorge Chuin, que recita a sua poesia O impacto do contato.
  • 11. Haircut Performance: Um questionamento entre os limites do eu e o outro, através da desconstrução da identidade do artista, que é definida pelo gesto coletivo do público.
  • 12. Música Visual: Programa que traduz o gesto de desenho em gesto musical onde cada um tem a possibilidade de criar o seu próprio instrumento musical através do desenho.
  • 13. DesenhoAoVivo: O múltiplo e o singular, o reprodutível e o irreprodutível, o autor e o público, tempo e espaço se confundem a partir da interferência em imagens ao vivo.
  • 14. Irreprodutibilidade: A performance Irreprodutibilidade explora a capacidade motora do corpo humano através da impossibilidade da repetição do gesto de acender um palito de fósforo.
  • 15. um convite à participação no processo artístico
  • 16. Quando digo que todo homem é um artista, não estou querendo que acreditem nisso. Relato, simplesmente, o resultado do meu trabalho. Seguindo a lógica, deduzi que, depois da nossa época, deverá acontecer uma mudança fundamental na consciência humana. JOSEPH BEUYS
  • 17. ou, será que realmente ultrapassamos o moderno?
  • 18.
  • 19. A partir da Arte Moderna, consolidam-se as principais características da "arte contemporânea" como os aspectos ligados a ressignificação, o deslocamento e a apropriação, abordados por artistas modernos a partir dos anos de 1910, quando a figura de Marcel Duchamp se destaca como principal propositor de novas linguagens e meios de experiência estética. É nesse momento que o papel do fruidor/observador acelera o seu deslocamento da mera contemplação para a total interferência na obra de arte.
  • 20. • Na pós-modernidade: – Superação dos ideais da modernidade. • Na hipermodernidade: – Radicalização dos ideais da modernidade.
  • 21.
  • 22. O contato com o trabalho de Joseph Beuys referendou o nome da mostra individual proposta como produto técnico para o Trabalho de Conclusão de Curso: A Arte Somos Nós. A pergunta realizada foi: quais são as características fundamentais da arte contemporânea? A partir desse questionamento, dei início a construção de uma poética em que convido o observador a participar do processo artístico como em um jogo, delimitando regras mas deixando o resultado final a critério de quem participa do processo.
  • 23. Para Bernardo Esteves (2011), mestre em em Engenharia de Sistemas e Computação pela Coppe/ UFRJ, um certo desconforto tem rondado algumas áreas da ciência pois "embora a a possibilidade de replicação dos resultados por grupos independentes seja um dos pilares da ciência moderna, estudos de um número cada vez maior de campos se caracterizam pela impossibilidade ou inviabilidade de reprodução".
  • 24. ou a arte em um parque de diversões
  • 25. A Máquina de Pintura é um antigo brinquedo de parques de diversão que consiste em uma base para fixação de uma folha de papel que ao ser acionada, gira em alta velocidade. O público interfere despejando tintas de diferentes cores. Com a força centrífuga a tinta imediatamente se espalha pela folha gerando uma pintura aleatória.
  • 26. Spin painting de Damien Hirst
  • 27. A liberdade em sua forma mais pura e absoluta, só pode ser encontrada na atividade lúdica. SCHILLER APUD BEUYS
  • 28. uma dialética entre autor e espectador
  • 29. Walter Benjamim A decadência da Aura Valor de Culto Valor de Exposição Reprodutibilidade Técnica Fim da aura democratizaçã o da arte Marshal McLuhan Aldeia Global Joseph Beuys Escultura Social A Revolução somos nós Democracia direta Multiplos Publicidade como arte Democratização da arte O Meio é a Mensagem Ligia Klark Oiticica Bichos Penetráveis Parangolé Eco Obra Aberta Hauser a alteração do status do artista Lipovetsky Charles Luchessi Hipermodernidade Pós-Moderno Radicalização do moderno Cultura Mundo Zigmunt Bauman Modernidade Líquida MERLEAU-PONTY Fenomenologia da percepção O regional O global A co-autoria do participante Bourdier Trocas simbolicas Denegação
  • 30. Cada dia se toma mais imperiosa a necessidade de dominar o objecto fazendo-o mais próximo na imagem, ou melhor, na cópia, na reprodução. E a reprodução, tal como nos é fornecida por jornais ilustrados e semanários, diferencia-se inconfundivelmente do quadro. Neste, o carácter único e a durabilidade estão tão intimamente ligados, como naqueles a fugacidade e a repetitividade. Retirar o invólucro a um objecto, destroçar a sua aura, são características de uma percepção, cujo "sentido para o semelhante no mundo" se desenvolveu de forma tal que, através da reprodução, também o capta no fenómeno único. WALTER BENJAMIN, 1955
  • 31. Não há mais diferença clara entre a criação artística e recepção, artista e espectador sendo pouco a pouco colocados no mesmo plano, surgindo, então, a ideia de obra aberta, no sentido dada à mesma por Umberto Eco, o de uma obra na qual o artista e espectador podem intervir, celebrando, assim, mais a criação em comum do que a criação individual imutável. SÉBASTIEN CHARLES, 2009
  • 32. A era da cultura-mundo é a dos museus- espetáculos elevados à categoria de destino turístico de massa. Mesmo os museus, esses lugares de destaque da cultura, caíram no regime do híper, com seus orçamentos colossais, suas estruturas futuristas cada vez mais tecnológicas, cada vez mais monumentais e espetaculares. O momento é da arquitetura emocional em consonância com um hiperconsumidor mais à espreita de experiência imediatas que de iniciação e de elevação espirituais. GILLES LIPOVETSKI, 2011
  • 33. Tudo aquilo que sei do mundo, mesmo por ciência, eu o sei a partir de uma visão minha ou de uma experiência do mundo sem a qual os símbolos da ciência não poderiam dizer nada. MERLEAU-PONTY, 1999
  • 35. A exposição AArte Somos Nós foi concebida a partir desse percurso acadêmico que de forma progressiva tendeu para o diálogo entre autor e público. O convite ao público para participar do processo artístico foi um dos pilares dessa interlocução. Propor ao observador que assumisse, sem este saber, a co-autoria da obra remetia a Lygia Clark e a Hélio Oiticica. O contato, a experiência, o corpo, a participação, ação são os componentes das obras apresentadas durante esta exposição.
  • 36. A curadoria optou por selecionar trabalhos que não tinham sido apresentados para o público ou que não tinham sido finalizados, sendo eles: 1.Máquina de Pintura; 2.Irreprodutibilidade Técnica; 3.Pollock v.1.0 4.RePong 5.DesenhoAoVivo
  • 37. O Espaço do NUDOC-UFRB foi escolhido por sua localização central na cidade histórica de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, estando localizado próximo a Igreja Matriz, da Casa da Cadeia e outros patrimônios históricos da cidade, que atraem a visitação de turistas de diversas origens e nacionalidades.
  • 40. Relações entre o múltiplo e o irreprodutível também vem a tona nos trabalhos de arte e programação é possível uma criação que se torne "uma série quase infinita de leituras possíveis e individualizadas" como sugeriu Sébastien Charles (2009) em Cartas sobre a hipermodernidade. Foram criados a partir de uma interrelação de pensamentos, trabalhos onde o gesto do observador produz uma cópia que recebe seu número de série e em seguida é impresso e apagado da memória do computador, tornar-se a única versão daquele trabalho.
  • 41.
  • 42.
  • 43.
  • 44. Essa antiga lembrança de tempos de criança me fez retornar a experiência de manipular a tinta e a ação da leis da física que definem formas e cores do resultado final de cada trabalho produzido. Aquela foi, na minha experiência pessoal de vida, a primeira que vez que vi o público interferir diretamente no trabalho artístico e isso me atraia mais que qualquer outro brinquedo.
  • 45.
  • 46.
  • 47. A performance Irreprodutibilidade explora a capacidade motora do corpo humano através da impossibilidade da repetição de um gesto: o de acender um palito de fósforo, da mesma forma por todas as pessoas. A performance/Instalação consiste em uma pilha de 100 caixas de fósforo arrumadas em forma de um cubo, em cima de uma mesa.
  • 48.
  • 49.
  • 50.
  • 52. Por quanto tempo as pessoas continuarão a votar em partidos e em seus representantes, ou melhor, em conceitos vazios de significado e de conteúdo? Por quanto tempo as pessoas continuarão a acreditar no chamado "parlamentarismo:"? Estas são as questões cruciais. [...] quando o homem quer fazer uma revolução, ou melhor, quando decide mudar as condições de seu mal-estar, deve necessariamente dar início às mudanças na esfera cultural, operando nas escolas, nas universidades, na cultura, na arte e, em termos mais gerais, em tudo aquilo que diz respeito à criatividade: A mudança deve ter início no modo de pensar, e só a partir desse momento, desse momento de liberdade, será possível pensar em mudar o resto. BEUYS APUD D'AVOSSA, 2010
  • 53. • Superação da lógica de consumo cultural da hipermodernidade; • Novo paradigma de economia de trocas simbólicas; • Declínio da aura do artista; • Democratização das esferas criativas; • Superação do modelo capitalista;
  • 54. Pode-se considerar que a própria exposição não terá fim. Se a cada período de permanência num determinado espaço (consagrado ou não) outras pessoas comparecerem e partilharem desse fazer da obra, outras expressividades surgirão sem que nos remeta às anteriores. […] Em A Arte Somos Nós, o processo de irreprodutibilidade é infinito. Quem garante que os eventos se repetem no espaço e no tempo? Quem garante que o gesto será o mesmo para a produção da obra? 47
  • 55. Referências ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna. Trad. Denise Botttmann e Frederico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. BATISTA, William José. O devir da verdade - fundações da Filosofia. Rio de Janeiro: Editora Letra Capital, 2012. BOURDIER, Pierre. A produção da Crença: contribuição para uma economia dos bens simbólicos. São Paulo: Editora Zouk, 2002 CANONGIA, Ligia. O Legado dos anos 60 e 70. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. CAUQUELIN, Anne. Teorias da Arte. Trad. Rejane Jamowitzer, São Paulo: Martins, 2005. CHARLES, Sébastien. Cartas sobre a hipermodernidade. São Paulo: Editora Barcarolla, 2009. ELAN, Kimberly. Geometria do Design: estudos sobre proporção e composição. Trad. Claudio Marcondes. São Paulo: Cosac Naify, 2010. FARKAS, Solange Oliveira. Joseph Beuys: A revolução somos nós. São Paulo: Edições SESC SP, 2010. GOMBRICH, Ernst Hans. Arte e Ilusão: um estudo da psicologia da representação pictórica. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007. LIPOVETSKY, Gilles; SERROY, Jean. A cultura mundo: resposta a uma sociedade desorientada. São Paulo: Companhia das Letra, 2011. LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades. São Paulo: Companhia da Letras, 2009. LUCCHESI, Ivo. Walter Benjamin e as questões da arte sob o olhar da hipermodernidade. Rio de Janeiro: Revista Comum, 2005. MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1999.