Este documento apresenta o projeto GAIA, um guia de acessibilidade de interfaces web focado em aspectos do autismo. O projeto visa desenvolver recomendações de design para aplicações digitais acessíveis a pessoas com autismo e preencher lacunas de conhecimento entre desenvolvedores. O documento discute o autismo, intervenções com tecnologia e os objetivos e resultados iniciais do projeto GAIA.
Guia de Acessibilidade de Interfaces Web focado em Aspectos do Autismo
1. PROJETO GAIA
Guia de Acessibilidade de
Interfaces Web focado em
aspectos do Autismo
Talita Pagani
Mestranda em Computação @ Universidade Federal de São Carlos
Designer de Interação
@talitapagani
2. Sobre
Talita Pagani, 28
Bacharel e Mestranda em Ciência da Computação
Profissional independente de UX e front-end (a.k.a.
freelancer)
10+ de XP em TI
Já foi: web designer, front-end, back-end, tester,
assistente de gestão de projetos e analista de
negócios e requisitos
Membro do GT de Acessibilidade do W3C Brasil
Palestrante e participante de várias comunidades.
3. O que é Autismo?
Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)
Um dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
(TGD) que afeta as habilidades de comunicação,
socialização e interesse.
Algumas características:
– Repertório restrito de interesse
– Dificuldade de manter comunicação
– Habilidade sensorial pode ser mais avançada
– Pode ter alguma dificuldade cognitiva e de
aprendizagem
Suporte a pessoa com TEA: intervenções
pedagógicas e terapêuticas
4. Autismo em números
1.182.643
255.763
Estimativa da população com autismo em 2010
em todo o Brasil
Estimativa da população com autismo
em 2010 no estado de São Paulo
Fonte: Mello et al., Retratos do autismo no Brasil. AMA: 2013
5. Intervenção com uso de tecnologia
Nos últimos 20 anos, tecnologias
computacionais têm sido utilizadas para
auxiliar pessoas com Transtorno do
Espectro do Autismo (TEA), bem como
seus pais, terapeutas e professores.
Elas geralmente são úteis para:
a) Desenvolver as habilidades de
pessoas com TEA;
b) Facilitar a vida deles;
c) Ser um ferramental para realizar
atividades pedagógicas, terapêuticas
e de vida cotidiana.
6. Aplicações projetadas
adequadamente para pessoas com
TEA permitem que a tecnologia
seja utilizada de forma benéfica
para intervenção pedagógica ou
terapêutica.
Neste contexto, o software pode ajudar a trabalhar
as habilidades sociais, de memorização,
comunicação, aquisição de vocabulário e
letramento, entre outros aspectos.
Tanto os projetistas de software quanto os
pedagogos têm um papel importante para planejar
os recursos, layout, navegação, forma de interação
e atividades que a aplicação apresentará.
Intervenção com uso de tecnologia
7. ? ?
Como desenvolver
aplicações
adequadas a este
público?
Como as crianças
podem ser mais
autônomas usando
a tecnologia?
Há uma lacuna de artefatos que possam nortear estes profissionais a planejar e implementar soluções computacionais
ajustadas às necessidades da criança com TEA. A literatura especializada apresenta algumas considerações, mas muitas são
compreensíveis somente a psicopedagogos ou profissionais de computação, além de várias contribuições possuírem acesso
restrito aos seus conteúdos. É difícil encontrar materiais detalhados, de fácil acesso e multidisciplinares.
Conheço
pouco
sobre
Autismo
Será que a
tecnologia está
ajudando ou
criando
barreiras?
Gap Semântico
Programador Educador
Problema nº 1
8. Conhecimento sobre Acessibilidade Web por desenvolvedores de software:
+++
Deficiências
visuais
+
Deficiências
Auditivas
??
Deficiências
Cognitivas ou
neuronais
Problema nº 2
9. * Estatísticas:
86%
dos desenvolvedores de software não
consideram ou consideram parcialmente
pessoas com deficiência cognitiva ou
neuronal em projetos.
75%
dos que não consideram o fazem porque desconhecem
as características destas deficiências para aplicar em
seus projetos.
* Pesquisa (survey) ainda em andamento. Divulgação de resultados preliminares.
Problema nº 2
10. * Estatísticas:
55% dos desenvolvedores de software
conhecem pouco sobre o Autismo.
30% dizem conhecer moderadamente.
* Pesquisa (survey) ainda em andamento. Divulgação de resultados preliminares.
Problema nº 2
11. * Estatísticas:
80%
acreditam que recomendações, padrões
ou diretrizes de desenvolvimento de
software contextualizadas para este
público faria com que eles se motivassem
a considerar deficiências cognitivas ou
neuronais em seus projetos.
* Pesquisa (survey) ainda em andamento. Divulgação de resultados preliminares.
Problema nº 2
12. Muitas pessoas com TEA
conseguem utilizar bem o
computador ou o tablet… se
alguém estiver ao lado auxiliando
onde clicar e o que fazer. Em
alguns casos, isto pode sinalizar
uma potencial barreira deste
software que impede a pessoa de
utilizá-lo de forma autônoma.
* Pesquisa (survey) ainda em andamento. Divulgação de resultados preliminares.
Problema nº 3
13. O que estou propondo?
GAIA
(open-source,
open access)
Profissionais de diferentes áreas
que estejam desenvolvendo
soluções de tecnologia para
pessoas com TEA
14. Resultados obtidos até out/2015
Revisão do estado da arte,
envolvendo:
4 Padrões Internacionais
3 Softwares para pessoas
com TEA
10 artigos científicos
Triagem das soluções
identificadas:
107 soluções de design
10 categorias foram
geradas através de
agrupamento por
similaridade
1 2 3
Geração do primeiro
conjunto de
recomendações:
28 recomendações
únicas
Descrição detalhada não
encontrada em outros
materiais da literatura
16. Algumas recomendações
Engajamento: Projete interfaces simples, com poucos elementos e
que contenha somente as funcionalidades e conteúdos necessários
para a tarefa atual.
Affordance: Use ícones, botões e controles de formulário maiores
que forneçam área de clique/toque adequada e garanta que
pareçam clicáveis.
Affordance: Forneça instruções e feedback imediato sobre uma
restrição de interação com o sistema ou com algum elemento.
17. Algumas recomendações
Vocabulário visual e textual: Ícones, imagens e nomenclatura de
ações e menus devem ser compatíveis com o mundo real,
representar ações concretas e atividades de vida cotidiana para que
possam ser mais facilmente reconhecidas
Customização: Permitir customizar cores, tamanho de texto e
fontes utilizadas em elementos da página.
Representações redundantes: A aplicação não deve se concentrar
somente em textos para apresentação de conteúdo, forneça
também representações em imagem, áudio ou vídeo e garanta que
estas representações estejam próximas do texto correspondente.
18.
19.
20.
21. Espero poder contribuir com este trabalho da seguinte forma:
1) Fornecendo um material de apoio para que as pessoas consigam desenvolver
websites e aplicações web adequados às necessidades de pessoas com
autismo, principalmente crianças;
2) Estabelecendo um guia de norteamento sobre o que funciona e o implica em
barreiras para pessoas com autismo, principalmente quanto à utilização de
tecnologias voltadas à web;
3) Desenvolver um repositório aberto de boas práticas e orientações do design de
interfaces web;
4) Complementar as bases teóricas sobre acessibilidade web para pessoas com
deficiência cognitiva ou neuronal adicionando técnicas relacionadas ao
transtorno do espectro do autismo.
Onde pretendo chegar
22. Todo o material estará disponível no Github:
https://github.com/talitapagani/gaia
Onde pretendo chegar
23. Informações importantes
As recomendações de design geradas neste trabalho bem como a
pesquisa de campo não têm enfoque no tratamento do autismo
ou realização de procedimentos de intervenção com o uso de
tecnologia, mas sim na produção de artefatos computacionais
cuja interação seja bem projetada considerando as necessidades
e habilidades da pessoa com autismo.
25. [1] Association, A.P. 2013. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM).
American Psychological Association.
[2] Battocchi, A. et al. 2010. Collaborative puzzle game: a tabletop interface for fostering
collaborative skills in children with autism spectrum disorders. Journal of Assistive
Technologies. 4, 1 (2010), 4–13.
[3] Carrer, H.J. et al. 2009. Avaliação de software educativo com reconhecimento de fala em
indivíduos com desenvolvimento normal e atraso de linguagem. Revista Brasileira de
Informática na Educação. 17, 3 (2009), 67–81.
[4] Cognitive Accessibility User Research: 2015. http://w3c.github.io/coga/user-research/.
[5] Darejeh, A. and Singh, D. 2013. A review on user interface design principles to increase
software usability for users with less computer literacy. Journal of Computer Science. 9, 11
(2013), 1443–1450.
[6] Evaluating Cognitive Web Accessibility with WAVE: 2014. http://wave.webaim.org/cognitive.
Referências
26. [6] Evaluating Cognitive Web Accessibility with WAVE: 2014. http://wave.webaim.org/cognitive.
[7] Friedman, M.G. and Bryen, D.N. 2007. Web accessibility design recommendations for people
with cognitive disabilities. Technology and Disability. 19, (2007), 205–212.
[8] Gadia, C.A. et al. 2004. Autism and pervasive developmental disorders. J. Pediatr. 80, 2 (2004).
[9] Gentry, T. et al. 2010. Personal digital assistants as cognitive aids for high school students with
autism: Results of a community-based trial. Journal of Vocational Rehabilitation. 32, 2 (2010), 101–
107.
[10] Goldsmith, T.R. and Leblanc, L. a 2004. Use of Technology in Interventions for Children with
Autism. Journal of Early and Intensive Behavior Intervention. 1, 2 (2004), 166–178.
[11] How People with Disabilities Use the Web. Status: Draft Updated 1 August 2012: 2012.
http://www.w3.org/WAI/intro/people-use-web/diversity.
[12] Lau, F.-K. et al. 2007. Adapted design of multimedia-facilitated language learning program for
children with autism. Psicologia Escolar e Educacional (Impresso). 11, spe (2007), 13–26.
Referências
27. [13] Mankoff, J. et al. 2010. Disability studies as a source of critical inquiry for the field of assistive
technology. Proceedings of the 12th international ACM SIGACCESS conference on Computers and
accessibility - ASSETS ’10. (2010), 3.
[14] Millen, L. et al. 2012. Collaborative virtual environment for conducting design sessions with
students with autism spectrum conditions. Proc. 9th Intl Conf. on Disability, Virtual Reality and
Assoc. Technologies. (2012), 10–12.
[15] Millen, L. et al. 2010. The development of educational collaborative virtual environments for
children with autism. … of the 5th Cambridge Workshop on …. (2010).
[16] Moore, D. 2012. Computer-Based Learning Systems for People with Autism. Disabled Students
in Education: Technology, Transition, and Inclusivity. D. Moore et al., eds. IGI Global. 84–107.
[17] Moore, M. and Calvert, S. 2000. Brief Report: Vocabulary Acquisition for Children with Autism:
Teacher or Computer Instruction. Journal of Autism and Developmental Disorders. 30, 4 (2000),
359–362.
[18] Muñoz, R. et al. 2013. Development of software that supports the improvement of the
empathy in children with autism spectrum disorder. Proceedings - International Conference of the
Chilean Computer Science Society, SCCC. (2013), 223–228.
Referências
28. [19] Ozand, P.T. et al. 2003. Autism : a review. Journal of Pediatric Neurology. 1, 2 (2003), 55–67.
[20] Poulson, D. and Nicolle, C. 2004. Making the Internet accessible for people with cognitive and
communication Impairments. Universal Access in the Information Society. 3, 1 (2004), 48–56.
[21] Prevention, C. for D.C. and 2012. Prevalence of Autism Spectrum Disorders. MMRW. 61, 3
(2012), 1–19.
[22] Proloquo2Go: 2014. http://www.assistiveware.com/product/proloquo2go.
[23] Putnam, C. and Chong, L. 2008. Software and technologies designed for people with autism:
what do users want? Proceedings of the 10th international ACM SIGACCESS conference on
Computers and accessibility. (2008), 3–10.
[24] PuzzlePiece: 2014. https://www.getpuzzlepiece.com/.
[25] Van Rijn, H. and Stappers, P.J. 2008. The Puzzling Life of Autistic Toddlers: Design Guidelines
from the LINKX Project. Advances in Human-Computer Interaction. 2008, (2008), 1–8.
Referências
29. [26] Silva, G.F.M. et al. 2013. Metáforas de Perspectivas Culturais na (re) definição de padrões de
colaboração de um jogo de multi-toque para usuários com autismo. 5138, (2013), 112–121.
[27] Sitdhisanguan, K. and Chotikakamthorn, N. 2012. Using tangible user interfaces in computer-
based training systems for low-functioning autistic children. (2012), 143–155.
[28] UDL Guidelines – Version 2.0: 2012. http://www.udlcenter.org/aboutudl/udlguidelines.
[29] Wainer, A.L. and Ingersoll, B.R. 2011. The use of innovative computer technology for teaching
social communication to individuals with autism spectrum disorders. Research in Autism Spectrum
Disorders. 5, 1 (2011), 96–107.
[30] Weiss, P.L.T. et al. 2011. Usability of a Multi-Touch Tabletop Surface to Enhance Social
Competence Training for Children with Autism Spectrum Disorder. Proceedings of the Chais
Conference on Instructional Technologies Research: Learning in the technological era. (2011), 71–
78.
Referências
30. Se você trabalha em qualquer área do desenvolvimento de software e
aplicações web (desenvolvimento, design, gestão de projetos, etc),
independente do setor, ajude este projeto respondendo a este questionário
que visa mapear o perfil de conhecimento dos profissionais de TI sobre
deficiências cognitivas ou neuronais:
http://bit.ly/pesquisaGAIA
Obrigada!
talitapagani.github.io