1. “Quem salva uma vida
salva a humanidade.
A guerra contra as drogas
exige a participação de
todos.”Anthony Wong,
um dos maiores
especialistas brasileiros
em toxicologia, –
assessor da OMS
(Organização Mundial
de Saúde)
2. Na fronteira entre
“Quem salva uma vida
Brasil e Bolívia,
um avião a humanidade.
salva
monomotor invade
tranquilamente contra as drogas
A guerra o
espaço aéreo participação de
exige a
brasileiro.
todos.”Anthony Wong,
Numa ação que dura não mais do que
um dos maiores
alguns breves minutos e sem maiores riscos
especialistas brasileiros
–chamada de técnica de em toxicologia, –
“arremesso”–,
assessor da OMS
o avião voando em baixa altitude arremessa
(Organização Mundial
fardos de cocaína enrolados em sacos
de Saúde)
resistentes.
3. Em fazendas particulares e áreas descampadas,
pontos anteriormente determinados,
traficantes brasileiros recolhem as remessas,
enquanto o avião retorna ao país vizinho
sem ser importunado.
4. Mais algumas centenas de
quilos de cocaína que
serão distribuídos pelos
grandes centros urbanos e
também por pequenos e
isolados municípios
brasileiros.
5. O próprio Ministro da
Justiça reconhece
que há um “nível elevado
de vulnerabilidade”
nas nossas fronteiras.
Vulnerabilidade esta
que faz com que
narcotraficantes
operem
tranquilamente, com a
certeza de que os riscos
que correm são
6. O próprio Ministro da
Justiça reconhece
que há um “nível elevado
de vulnerabilidade”
nas nossas fronteiras.
Vulnerabilidade esta
que faz com que a
droga esteja
onipresente em todas as
cidades e municípios
brasileiros.
7. Numa esquina
qualquer,
de uma cracolândia
qualquer,
de uma cidade
brasileira qualquer,
um jovem acende
um cachimbo
de crack.
8. O flagelo da
epidemia do crack,
o vício
praticamente no
primeiro consumo,
ea
irreversibilidade da
doença
neuropsíquica
que ele promove.
9. Farrapos humanos,
poucos são os
que conseguirão se
adaptar novamente
à sociedade, ao
trabalho, ao estudo,
sem apresentar
sequelas na vida.
10. Nenhuma vida
se repete.
Cada vez que
uma vida é
perdida,
é a Humanidade
quem perde.
11. Não é preciso ser
nenhum
especialista em
segurança pública
para constatar
a crescente oferta
de drogas,
que circulam livres
nos mais diversos
ambientes sociais, e
em todos os
recantos do país.
12.
13. O jornal Folha
de São Paulo
publicou
recentemente
uma reportagem
contando a triste
história de
Teresa Viega,
de 68 anos
de idade.
14. Seu filho, João,
usuário de
drogas,
foi preso com 19
pedras de crack,
e autuado por
tráfico de
entorpecentes.
15. Pouco depois da
prisão do filho,
ela ficou
sabendo que sua
nora, Desirée, 35
anos, também
viciada em
crack,
estava grávida
de quatro meses.
16. Ontem,
Teresa Viega,
com seus passos
curtos e
apressados,
virava noites
percorrendo
a cracolândia,
em busca de
notícias do filho.
17. Hoje, leva na
mão uma sacola
contendo três
vasilhas de
macarrão, molho
de tomate e
salsicha que
preparou, mais
dez reais, que
pretende deixar
com a nora,
caso a encontre.
18. Momentos de
angústia,
marcados por
lágrimas e
insônias.
O cálice de
tristeza
transbordante.
19. O filho preso;
a nora usuária
de crack;
o neto, ainda por
nascer, que virá ao
mundo sob o
pesado fardo do
vício.
Quem poderá
sondar o que se
passa no coração
desta mãe e
futura avó?
20. A epidemia de
drogas que
vivenciamos é
um fracasso
individual,
da família,
ou da nossa
sociedade?
21. E diante do completo despreparo do Estado
em vigiar nossas fronteiras desguarnecidas,
a droga produzida na Colômbia, Bolívia, Peru e
Paraguai encontra nas ruas das cidades brasileiras
um fértil e crescente mercado.
22. O “nível elevado de vulnerabilidade” das nossas
fronteiras, conforme as palavras do senhor
Ministro,
faz com que o filho e a nora grávida de dona
Teresa, e milhares de milhares de outros
brasileiros viciados, tenham fácil e pleno acesso ao
23. As mãos estendidas,
a venda a céu aberto
às onze da manhã,
numa esquina qualquer,
de uma cidade brasileira qualquer.
24. O jornal Correio Braziliense
publicou recentemente a triste
história de Isabela (*).
Com histórico de violência
familiar e um pai viciado em
crack,
a infância fechou as portas para
ela quando tinha apenas
10 anos de idade.
(*nome fictício em respeito ao ECA)
25. Na vida de Isabela, as fantasias
de criança se confundem com
as alucinações causadas pela
abstinência do crack.
Hoje com 12 anos, e internada
numa comunidade terapêutica,
ela recorda que passou
rapidamente da maconha
para a pedra que arruína vidas.
26. Em certa ocasião, ela conta, após
passar três dias sem comer,
fugiu de casa e se abrigou na
plataforma inferior da
Rodoviária de Brasília,
protegida por
um traficante de 29 anos.
“Era um negão cabuloso,
mas me dava proteção e a pedra.
Eu tinha que namorar com ele.
Não gostava, mas era o jeito,
eu tava dominada.”
27. O irmão de Isabela morreu
há três meses, ao tentar
assaltar um ônibus.
Um dia, a irmã mais velha,
também viciada em crack,
foi atrás dela.
Isabela acabou concordando
com a internação em uma
comunidade terapêutica.
28. Hoje, aos 12 anos de idade,
a menina do outro lado da
vidraça
precisará da força de um gigante
para superar um presente
de degradação, um futuro de
incertezas, e tentar reverter
seu infeliz destino.
29. Quantas infâncias ainda
haverão de ser interrompidas,
Quantas vidas ainda
haverão de ser ceifadas,
Quantas famílias arruinadas,
Antes que acordemos para
a necessidade de unirmos forças
e agirmos conjuntamente
contra este mal que acomete
a nossa sociedade?
30. Que sociedade é
esta que construímos,
tão pobre em educação,
e tão repleta de valores
desvirtuados?
É preciso entender que a
epidemia das drogas
é apenas um sintoma de
que nossa sociedade
encontra-se gravemente
doente.
31. A única maneira
de vencermos a guerra
contra as drogas
é combatendo
não somente o tráfico,
mas, principalmente,
as causas dos desvalores
que solapam as bases éticas
e morais da nossa sociedade.
32. Somente conseguiremos
reverter a situação
quando começarmos
a combater as causas e
não tão somente os sintomas.
Prevenir é sempre mais
sensato e eficiente
do que tentar remediar.
33. A televisão aberta, por ser
uma concessão pública, deveria,
em conformidade com a lei, pautar-se
mediante uma programação com
finalidade educativa, artística,
cultural e informativa.
34. No entanto, infelizmente, há tempos
a televisão brasileira, preocupada
unicamente com seus lucros
bilionários, enterrou a educação, a
arte e a cultura,
– disseminando tão somente
a futilidade e a mediocridade.
35. Vejamos o exemplo do programa
Big Brother, que, segundo
o subprocurador-geral da
República, Aurélio Rios, “é um
desserviço e grande
serve muito à
deseducação.
Não estimula a criação, o princípio de
solidariedade,
36. Ao solapar as bases éticas e morais,
geração após geração,
não estaria a televisão
desguarnecendo os telespectadores
das forças necessárias para se
recusar o falso
e ilusório apelo das drogas?
37. Um programa que é
“um grande desserviço” e que
“serve muito à deseducação”
invadindo milhões de lares
e mentes em horário nobre.
38. BBB, A Fazenda,
Mulheres Ricas, Zorra Total
Horário nobre da televisão
brasileira.
Como foi que permitimos
chegar a este ponto? de tolerar tamanha
Até quando haveremos
39. “Não deixe de bisbilhotar
a futilidade!”
“Salve, salve a mediocridade!”
“Pra que educação,
arte ou cultura?”
“Vamos banalizar a existência!”
40. Darcy Ribeiro, um dos maiores
educadores brasileiros, nos
alertava:
“Enquanto num turno a escola
educa, no contra-turno a televisão
deseduca.
Onde haveremos de chegar
41. O absurdo das propagandas de cerveja, que
vendem uma droga como sendo o elixir da
felicidade.
42. Artistas com fortíssimo apelo junto ao
público infanto-juvenil influenciando jovens e
adolescentes a beber cada vez mais, e mais cedo.
43. Emissoras de tevê, empresários, publicitários e
artistas faturando bilhões, – e quem paga a conta
derradeira
44.
45. Cada vez que
uma vida é
perdida,
éa
Humanidade
quem perde.
50. Enquanto não
combatermos as causas
estruturais que
alimentam a ignorância
existencial
– que conduz
à proliferação do
uso das drogas –,
não haverá solução
para o triste cenário
que prevalece.
51. Até lá,
aviões continuarão
a despejar fardos e
mais fardos de
cocaína.
E nossas forças
policiais estaduais
continuarão
a ‘enxugar gelo’,
prendendo cada vez
usuários ee mais
mais traficantes,
abarrotando ainda mais
as nossas já desumanas
e degradantes prisões.
52. É preciso ter claro
em mente que
enquanto houver
pessoas dispostas a
usar drogas,
haverá traficantes
prontos para oferecer
e faturar com o tráfico.
Na nossa sociedade
de consumo, o
comércio de drogas
infelizmente segue as
diretrizes de demanda
e oferta, conforme
outra mercadoria
qualquer.
53. Precisamos problematizar
o nosso atual mosaico
social – tão repleto de
falhas graves,
que nos têm conduzido
à epidemia de crack
e de outras drogas.
Vejamos alguns
componentes da nossa
estrutura social
que precisam ser
discutidos
e sanados, caso queiramos
alcançar uma sociedade
inclusiva, soberana e
54. s
Corrupção
Política
s Graves
s
Baixa qualidade Desigualdades
da Educação Sociais
Uso de
s
Drogas Ilícitas
Criminalidade
s
Consumo de e Violência
Bebidas Alcoólicas
Pobreza
Existencial
Individualismo
Exacerbado
Programação Materialismo
Televisiva e Consumismo
s
56. Somente por meio
Toda a violência,
desumanidade,da valorização
crise,
caos e confusão Educação
da
que nos rodeia
poderemos fazer
sinaliza frente à proliferação
para
das drogas, e a toda
a impossibilidade
de continuidade.a violência e
degradação dela
resultantes.
58. Uma Educação plena,
capaz de revelar
a beleza e o encanto
do existir.
Uma Educação integral, capaz de
conduzir
cada pequeno brasileiro
rumo à sua plenitude.
59. Existir é resistir.
Apesar do mundo que aí está, é preciso insistir,
remover tudo que impede, que trava,
tudo que encobre.
60. Educar as futuras gerações de modo que
possam resistir ao falso encanto das
drogas,
e evitar as amizades comprometedoras,
– e, ainda assim, que sejam capazes de
compreender
e amar aqueles que sofrem pelas drogas.
61. Que as nossas crianças possam conduzir
um país que se diz agigantar na economia
mundial,
também pelas veredas da justiça e do bem-
estar social, e pelos caminhos da verdadeira
felicidade.
62. Que possamos deixar de lado a nossa
inércia
e sair da nossa zona de conforto,
de modo a contribuir efetivamente com
ações práticas para a realização das
melhorias sociais que se encontram ao nosso
63. Recordar que para além da nossa família
biológica,
pertencemos também à família humana,
– diante da qual também temos
deveres e responsabilidades.