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“Quem salva uma vida
  salva a humanidade.
A guerra contra as drogas
 exige a participação de
         todos.”Anthony Wong,
                   um dos maiores
                especialistas brasileiros
                   em toxicologia, –
                   assessor da OMS
                (Organização Mundial
                      de Saúde)
Na fronteira entre
     “Quem salva uma vida
  Brasil e Bolívia,
      um avião a humanidade.
        salva
monomotor invade
 tranquilamente contra as drogas
   A guerra o
    espaço aéreo participação de
       exige a
     brasileiro.
                    todos.”Anthony Wong,
     Numa ação que dura não mais do que
                                  um dos maiores
  alguns breves minutos e sem maiores riscos
                              especialistas brasileiros
     –chamada de técnica de em toxicologia, –
                                 “arremesso”–,
                                 assessor da OMS
  o avião voando em baixa altitude arremessa
                              (Organização Mundial
      fardos de cocaína enrolados em sacos
                                    de Saúde)
                     resistentes.
Em fazendas particulares e áreas descampadas,
      pontos anteriormente determinados,
 traficantes brasileiros recolhem as remessas,
   enquanto o avião retorna ao país vizinho
            sem ser importunado.
Mais algumas centenas de
   quilos de cocaína que
 serão distribuídos pelos
grandes centros urbanos e
 também por pequenos e
    isolados municípios
         brasileiros.
O próprio Ministro da
    Justiça reconhece
que há um “nível elevado
  de vulnerabilidade”
  nas nossas fronteiras.


                            Vulnerabilidade esta
                               que faz com que
                               narcotraficantes
                                   operem
                           tranquilamente, com a
                           certeza de que os riscos
                               que correm são
O próprio Ministro da
    Justiça reconhece
que há um “nível elevado
  de vulnerabilidade”
  nas nossas fronteiras.


                            Vulnerabilidade esta
                              que faz com que a
                                 droga esteja
                           onipresente em todas as
                            cidades e municípios
                                 brasileiros.
Numa esquina
     qualquer,
de uma cracolândia
     qualquer,
  de uma cidade
brasileira qualquer,
 um jovem acende
   um cachimbo
      de crack.
O flagelo da
epidemia do crack,
       o vício
  praticamente no
primeiro consumo,
         ea
irreversibilidade da
       doença
   neuropsíquica
  que ele promove.
Farrapos humanos,
   poucos são os
que conseguirão se
adaptar novamente
   à sociedade, ao
trabalho, ao estudo,
   sem apresentar
 sequelas na vida.
Nenhuma vida
  se repete.

  Cada vez que
    uma vida é
     perdida,
é a Humanidade
   quem perde.
Não é preciso ser
      nenhum
   especialista em
 segurança pública
   para constatar
 a crescente oferta
     de drogas,
que circulam livres
 nos mais diversos
ambientes sociais, e
     em todos os
  recantos do país.
O jornal Folha
  de São Paulo
    publicou
 recentemente
uma reportagem
contando a triste
   história de
 Teresa Viega,
   de 68 anos
    de idade.
Seu filho, João,
    usuário de
      drogas,
foi preso com 19
pedras de crack,
  e autuado por
     tráfico de
 entorpecentes.
Pouco depois da
prisão do filho,
    ela ficou
sabendo que sua
nora, Desirée, 35
 anos, também
   viciada em
      crack,
 estava grávida
de quatro meses.
Ontem,
 Teresa Viega,
com seus passos
     curtos e
  apressados,
  virava noites
  percorrendo
 a cracolândia,
  em busca de
notícias do filho.
Hoje, leva na
mão uma sacola
 contendo três
   vasilhas de
macarrão, molho
  de tomate e
  salsicha que
preparou, mais
 dez reais, que
pretende deixar
  com a nora,
caso a encontre.
Momentos de
  angústia,
marcados por
 lágrimas e
  insônias.
  O cálice de
    tristeza
transbordante.
O filho preso;
  a nora usuária
     de crack;
 o neto, ainda por
nascer, que virá ao
   mundo sob o
 pesado fardo do
        vício.
   Quem poderá
  sondar o que se
 passa no coração
    desta mãe e
    futura avó?
A epidemia de
  drogas que
vivenciamos é
 um fracasso
 individual,
  da família,
 ou da nossa
  sociedade?
E diante do completo despreparo do Estado
   em vigiar nossas fronteiras desguarnecidas,
 a droga produzida na Colômbia, Bolívia, Peru e
Paraguai encontra nas ruas das cidades brasileiras
         um fértil e crescente mercado.
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    fronteiras, conforme as palavras do senhor
                      Ministro,
   faz com que o filho e a nora grávida de dona
     Teresa, e milhares de milhares de outros
brasileiros viciados, tenham fácil e pleno acesso ao
As mãos estendidas,
     a venda a céu aberto
      às onze da manhã,
    numa esquina qualquer,
de uma cidade brasileira qualquer.
O jornal Correio Braziliense
publicou recentemente a triste
    história de Isabela (*).

   Com histórico de violência
  familiar e um pai viciado em
              crack,
a infância fechou as portas para
    ela quando tinha apenas
        10 anos de idade.
   (*nome fictício em respeito ao ECA)
Na vida de Isabela, as fantasias
de criança se confundem com
 as alucinações causadas pela
     abstinência do crack.
 Hoje com 12 anos, e internada
numa comunidade terapêutica,
    ela recorda que passou
  rapidamente da maconha
para a pedra que arruína vidas.
Em certa ocasião, ela conta, após
  passar três dias sem comer,
 fugiu de casa e se abrigou na
     plataforma inferior da
     Rodoviária de Brasília,
         protegida por
    um traficante de 29 anos.
   “Era um negão cabuloso,
mas me dava proteção e a pedra.
Eu tinha que namorar com ele.
 Não gostava, mas era o jeito,
      eu tava dominada.”
O irmão de Isabela morreu
  há três meses, ao tentar
    assaltar um ônibus.
 Um dia, a irmã mais velha,
 também viciada em crack,
        foi atrás dela.
Isabela acabou concordando
  com a internação em uma
  comunidade terapêutica.
Hoje, aos 12 anos de idade,
   a menina do outro lado da
             vidraça
precisará da força de um gigante
   para superar um presente
  de degradação, um futuro de
  incertezas, e tentar reverter
       seu infeliz destino.
Quantas infâncias ainda
 haverão de ser interrompidas,
     Quantas vidas ainda
    haverão de ser ceifadas,
 Quantas famílias arruinadas,
   Antes que acordemos para
a necessidade de unirmos forças
   e agirmos conjuntamente
  contra este mal que acomete
      a nossa sociedade?
Que sociedade é
 esta que construímos,
tão pobre em educação,
 e tão repleta de valores
      desvirtuados?
É preciso entender que a
  epidemia das drogas
é apenas um sintoma de
  que nossa sociedade
encontra-se gravemente
         doente.
A única maneira
   de vencermos a guerra
      contra as drogas
       é combatendo
   não somente o tráfico,
    mas, principalmente,
  as causas dos desvalores
 que solapam as bases éticas
e morais da nossa sociedade.
Somente conseguiremos
     reverter a situação
    quando começarmos
   a combater as causas e
não tão somente os sintomas.

  Prevenir é sempre mais
    sensato e eficiente
  do que tentar remediar.
A televisão aberta, por ser
  uma concessão pública, deveria,
em conformidade com a lei, pautar-se
  mediante uma programação com
   finalidade educativa, artística,
       cultural e informativa.
No entanto, infelizmente, há tempos
 a televisão brasileira, preocupada
     unicamente com seus lucros
 bilionários, enterrou a educação, a
           arte e a cultura,
     – disseminando tão somente
   a futilidade e a mediocridade.
Vejamos o exemplo do programa
   Big Brother, que, segundo
   o subprocurador-geral da
 República, Aurélio Rios, “é um
desserviço e grande
             serve muito à
deseducação.
    Não estimula a criação, o princípio de
                solidariedade,
Ao solapar as bases éticas e morais,
       geração após geração,
       não estaria a televisão
desguarnecendo os telespectadores
  das forças necessárias para se
          recusar o falso
   e ilusório apelo das drogas?
Um programa que é
“um grande desserviço” e que
 “serve muito à deseducação”
  invadindo milhões de lares
  e mentes em horário nobre.
BBB, A Fazenda,
Mulheres Ricas, Zorra Total
Horário nobre da televisão
        brasileira.
Como foi que permitimos
  chegar a este ponto? de tolerar tamanha
 Até quando haveremos
“Não deixe de bisbilhotar
          a futilidade!”
 “Salve, salve a mediocridade!”
      “Pra que educação,
        arte ou cultura?”
“Vamos banalizar a existência!”
Darcy Ribeiro, um dos maiores
  educadores brasileiros, nos
            alertava:
 “Enquanto num turno a escola
educa, no contra-turno a televisão
            deseduca.
   Onde haveremos de chegar
O absurdo das propagandas de cerveja, que
vendem uma droga como sendo o elixir da
                felicidade.
Artistas com fortíssimo apelo junto ao
 público infanto-juvenil influenciando jovens e
adolescentes a beber cada vez mais, e mais cedo.
Emissoras de tevê, empresários, publicitários e
artistas faturando bilhões, – e quem paga a conta
                   derradeira
Cada vez que
 uma vida é
  perdida,
    éa
Humanidade
quem perde.
Precisamos
urgentemente
  repensar o
 absurdo dos
comerciais de
    cerveja.
Até quando
  o lobby de
 emissoras de
     tevê e
 empresários
haverá de falar
 mais alto do
    que os
Até quando
   motoristas
  alcoolizados
 continuarão a
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    inocentes
impunemente?
O inócuo e
risível aviso de
 “aprecie com
 moderação”.
Enquanto não
combatermos as causas
    estruturais que
alimentam a ignorância
      existencial
     – que conduz
   à proliferação do
   uso das drogas –,
  não haverá solução
  para o triste cenário
     que prevalece.
Até lá,
   aviões continuarão
   a despejar fardos e
      mais fardos de
         cocaína.
      E nossas forças
    policiais estaduais
       continuarão
     a ‘enxugar gelo’,
  prendendo cada vez
  usuários ee mais
        mais traficantes,
abarrotando ainda mais
as nossas já desumanas
 e degradantes prisões.
É preciso ter claro
     em mente que
   enquanto houver
  pessoas dispostas a
      usar drogas,
   haverá traficantes
prontos para oferecer
e faturar com o tráfico.
  Na nossa sociedade
     de consumo, o
  comércio de drogas
 infelizmente segue as
diretrizes de demanda
   e oferta, conforme
    outra mercadoria
        qualquer.
Precisamos problematizar
  o nosso atual mosaico
  social – tão repleto de
       falhas graves,
 que nos têm conduzido
   à epidemia de crack
    e de outras drogas.
       Vejamos alguns
   componentes da nossa
       estrutura social
      que precisam ser
         discutidos
e sanados, caso queiramos
  alcançar uma sociedade
    inclusiva, soberana e
s
                      Corrupção
                       Política
             s                            Graves




                                          s
 Baixa qualidade                       Desigualdades
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                             s
                     Drogas Ilícitas
                                       Criminalidade



                             s
   Consumo de                           e Violência
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                                 s
Toda a violência,
desumanidade, crise,
   caos e confusão
   que nos rodeia
    sinaliza para
 a impossibilidade
  de continuidade.
Somente por meio
  Toda a violência,
desumanidade,da valorização
                 crise,
   caos e confusão Educação
                 da
   que nos rodeia
               poderemos fazer
    sinaliza frente à proliferação
             para
             das drogas, e a toda
 a impossibilidade
  de continuidade.a violência e
                degradação dela
                  resultantes.
Uma Educação plena,
   capaz de revelar
 a beleza e o encanto
      do existir.
Uma Educação plena,
                 capaz de revelar
               a beleza e o encanto
                    do existir.



Uma Educação integral, capaz de
          conduzir
   cada pequeno brasileiro
    rumo à sua plenitude.
Existir é resistir.
Apesar do mundo que aí está, é preciso insistir,
    remover tudo que impede, que trava,
             tudo que encobre.
Educar as futuras gerações de modo que
    possam resistir ao falso encanto das
                  drogas,
  e evitar as amizades comprometedoras,
 – e, ainda assim, que sejam capazes de
               compreender
e amar aqueles que sofrem pelas drogas.
Que as nossas crianças possam conduzir
 um país que se diz agigantar na economia
                   mundial,
também pelas veredas da justiça e do bem-
estar social, e pelos caminhos da verdadeira
                  felicidade.
Que possamos deixar de lado a nossa
                   inércia
     e sair da nossa zona de conforto,
 de modo a contribuir efetivamente com
    ações práticas para a realização das
melhorias sociais que se encontram ao nosso
Recordar que para além da nossa família
               biológica,
pertencemos também à família humana,
    – diante da qual também temos
      deveres e responsabilidades.
“Quem salva uma vida
 salva a humanidade.”
“Só a participação cidadã
é capaz de mudar esse país.”
                      Betinho
Um outro mundo é
    possível.
Um outro mundo é
                   possível.
        Projeto “Compaixão e Cidadania”
Um espaço para refletirmos sobre temas essenciais.
     compaixao_cidadania@hotmail.com
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A epidemia das drogas e os desafios da prevenção

  • 1. “Quem salva uma vida salva a humanidade. A guerra contra as drogas exige a participação de todos.”Anthony Wong, um dos maiores especialistas brasileiros em toxicologia, – assessor da OMS (Organização Mundial de Saúde)
  • 2. Na fronteira entre “Quem salva uma vida Brasil e Bolívia, um avião a humanidade. salva monomotor invade tranquilamente contra as drogas A guerra o espaço aéreo participação de exige a brasileiro. todos.”Anthony Wong, Numa ação que dura não mais do que um dos maiores alguns breves minutos e sem maiores riscos especialistas brasileiros –chamada de técnica de em toxicologia, – “arremesso”–, assessor da OMS o avião voando em baixa altitude arremessa (Organização Mundial fardos de cocaína enrolados em sacos de Saúde) resistentes.
  • 3. Em fazendas particulares e áreas descampadas, pontos anteriormente determinados, traficantes brasileiros recolhem as remessas, enquanto o avião retorna ao país vizinho sem ser importunado.
  • 4. Mais algumas centenas de quilos de cocaína que serão distribuídos pelos grandes centros urbanos e também por pequenos e isolados municípios brasileiros.
  • 5. O próprio Ministro da Justiça reconhece que há um “nível elevado de vulnerabilidade” nas nossas fronteiras. Vulnerabilidade esta que faz com que narcotraficantes operem tranquilamente, com a certeza de que os riscos que correm são
  • 6. O próprio Ministro da Justiça reconhece que há um “nível elevado de vulnerabilidade” nas nossas fronteiras. Vulnerabilidade esta que faz com que a droga esteja onipresente em todas as cidades e municípios brasileiros.
  • 7. Numa esquina qualquer, de uma cracolândia qualquer, de uma cidade brasileira qualquer, um jovem acende um cachimbo de crack.
  • 8. O flagelo da epidemia do crack, o vício praticamente no primeiro consumo, ea irreversibilidade da doença neuropsíquica que ele promove.
  • 9. Farrapos humanos, poucos são os que conseguirão se adaptar novamente à sociedade, ao trabalho, ao estudo, sem apresentar sequelas na vida.
  • 10. Nenhuma vida se repete. Cada vez que uma vida é perdida, é a Humanidade quem perde.
  • 11. Não é preciso ser nenhum especialista em segurança pública para constatar a crescente oferta de drogas, que circulam livres nos mais diversos ambientes sociais, e em todos os recantos do país.
  • 12.
  • 13. O jornal Folha de São Paulo publicou recentemente uma reportagem contando a triste história de Teresa Viega, de 68 anos de idade.
  • 14. Seu filho, João, usuário de drogas, foi preso com 19 pedras de crack, e autuado por tráfico de entorpecentes.
  • 15. Pouco depois da prisão do filho, ela ficou sabendo que sua nora, Desirée, 35 anos, também viciada em crack, estava grávida de quatro meses.
  • 16. Ontem, Teresa Viega, com seus passos curtos e apressados, virava noites percorrendo a cracolândia, em busca de notícias do filho.
  • 17. Hoje, leva na mão uma sacola contendo três vasilhas de macarrão, molho de tomate e salsicha que preparou, mais dez reais, que pretende deixar com a nora, caso a encontre.
  • 18. Momentos de angústia, marcados por lágrimas e insônias. O cálice de tristeza transbordante.
  • 19. O filho preso; a nora usuária de crack; o neto, ainda por nascer, que virá ao mundo sob o pesado fardo do vício. Quem poderá sondar o que se passa no coração desta mãe e futura avó?
  • 20. A epidemia de drogas que vivenciamos é um fracasso individual, da família, ou da nossa sociedade?
  • 21. E diante do completo despreparo do Estado em vigiar nossas fronteiras desguarnecidas, a droga produzida na Colômbia, Bolívia, Peru e Paraguai encontra nas ruas das cidades brasileiras um fértil e crescente mercado.
  • 22. O “nível elevado de vulnerabilidade” das nossas fronteiras, conforme as palavras do senhor Ministro, faz com que o filho e a nora grávida de dona Teresa, e milhares de milhares de outros brasileiros viciados, tenham fácil e pleno acesso ao
  • 23. As mãos estendidas, a venda a céu aberto às onze da manhã, numa esquina qualquer, de uma cidade brasileira qualquer.
  • 24. O jornal Correio Braziliense publicou recentemente a triste história de Isabela (*). Com histórico de violência familiar e um pai viciado em crack, a infância fechou as portas para ela quando tinha apenas 10 anos de idade. (*nome fictício em respeito ao ECA)
  • 25. Na vida de Isabela, as fantasias de criança se confundem com as alucinações causadas pela abstinência do crack. Hoje com 12 anos, e internada numa comunidade terapêutica, ela recorda que passou rapidamente da maconha para a pedra que arruína vidas.
  • 26. Em certa ocasião, ela conta, após passar três dias sem comer, fugiu de casa e se abrigou na plataforma inferior da Rodoviária de Brasília, protegida por um traficante de 29 anos. “Era um negão cabuloso, mas me dava proteção e a pedra. Eu tinha que namorar com ele. Não gostava, mas era o jeito, eu tava dominada.”
  • 27. O irmão de Isabela morreu há três meses, ao tentar assaltar um ônibus. Um dia, a irmã mais velha, também viciada em crack, foi atrás dela. Isabela acabou concordando com a internação em uma comunidade terapêutica.
  • 28. Hoje, aos 12 anos de idade, a menina do outro lado da vidraça precisará da força de um gigante para superar um presente de degradação, um futuro de incertezas, e tentar reverter seu infeliz destino.
  • 29. Quantas infâncias ainda haverão de ser interrompidas, Quantas vidas ainda haverão de ser ceifadas, Quantas famílias arruinadas, Antes que acordemos para a necessidade de unirmos forças e agirmos conjuntamente contra este mal que acomete a nossa sociedade?
  • 30. Que sociedade é esta que construímos, tão pobre em educação, e tão repleta de valores desvirtuados? É preciso entender que a epidemia das drogas é apenas um sintoma de que nossa sociedade encontra-se gravemente doente.
  • 31. A única maneira de vencermos a guerra contra as drogas é combatendo não somente o tráfico, mas, principalmente, as causas dos desvalores que solapam as bases éticas e morais da nossa sociedade.
  • 32. Somente conseguiremos reverter a situação quando começarmos a combater as causas e não tão somente os sintomas. Prevenir é sempre mais sensato e eficiente do que tentar remediar.
  • 33. A televisão aberta, por ser uma concessão pública, deveria, em conformidade com a lei, pautar-se mediante uma programação com finalidade educativa, artística, cultural e informativa.
  • 34. No entanto, infelizmente, há tempos a televisão brasileira, preocupada unicamente com seus lucros bilionários, enterrou a educação, a arte e a cultura, – disseminando tão somente a futilidade e a mediocridade.
  • 35. Vejamos o exemplo do programa Big Brother, que, segundo o subprocurador-geral da República, Aurélio Rios, “é um desserviço e grande serve muito à deseducação. Não estimula a criação, o princípio de solidariedade,
  • 36. Ao solapar as bases éticas e morais, geração após geração, não estaria a televisão desguarnecendo os telespectadores das forças necessárias para se recusar o falso e ilusório apelo das drogas?
  • 37. Um programa que é “um grande desserviço” e que “serve muito à deseducação” invadindo milhões de lares e mentes em horário nobre.
  • 38. BBB, A Fazenda, Mulheres Ricas, Zorra Total Horário nobre da televisão brasileira. Como foi que permitimos chegar a este ponto? de tolerar tamanha Até quando haveremos
  • 39. “Não deixe de bisbilhotar a futilidade!” “Salve, salve a mediocridade!” “Pra que educação, arte ou cultura?” “Vamos banalizar a existência!”
  • 40. Darcy Ribeiro, um dos maiores educadores brasileiros, nos alertava: “Enquanto num turno a escola educa, no contra-turno a televisão deseduca. Onde haveremos de chegar
  • 41. O absurdo das propagandas de cerveja, que vendem uma droga como sendo o elixir da felicidade.
  • 42. Artistas com fortíssimo apelo junto ao público infanto-juvenil influenciando jovens e adolescentes a beber cada vez mais, e mais cedo.
  • 43. Emissoras de tevê, empresários, publicitários e artistas faturando bilhões, – e quem paga a conta derradeira
  • 44.
  • 45. Cada vez que uma vida é perdida, éa Humanidade quem perde.
  • 46. Precisamos urgentemente repensar o absurdo dos comerciais de cerveja.
  • 47. Até quando o lobby de emissoras de tevê e empresários haverá de falar mais alto do que os
  • 48. Até quando motoristas alcoolizados continuarão a ceifar vidas inocentes impunemente?
  • 49. O inócuo e risível aviso de “aprecie com moderação”.
  • 50. Enquanto não combatermos as causas estruturais que alimentam a ignorância existencial – que conduz à proliferação do uso das drogas –, não haverá solução para o triste cenário que prevalece.
  • 51. Até lá, aviões continuarão a despejar fardos e mais fardos de cocaína. E nossas forças policiais estaduais continuarão a ‘enxugar gelo’, prendendo cada vez usuários ee mais mais traficantes, abarrotando ainda mais as nossas já desumanas e degradantes prisões.
  • 52. É preciso ter claro em mente que enquanto houver pessoas dispostas a usar drogas, haverá traficantes prontos para oferecer e faturar com o tráfico. Na nossa sociedade de consumo, o comércio de drogas infelizmente segue as diretrizes de demanda e oferta, conforme outra mercadoria qualquer.
  • 53. Precisamos problematizar o nosso atual mosaico social – tão repleto de falhas graves, que nos têm conduzido à epidemia de crack e de outras drogas. Vejamos alguns componentes da nossa estrutura social que precisam ser discutidos e sanados, caso queiramos alcançar uma sociedade inclusiva, soberana e
  • 54. s Corrupção Política s Graves s Baixa qualidade Desigualdades da Educação Sociais Uso de s Drogas Ilícitas Criminalidade s Consumo de e Violência Bebidas Alcoólicas Pobreza Existencial Individualismo Exacerbado Programação Materialismo Televisiva e Consumismo s
  • 55. Toda a violência, desumanidade, crise, caos e confusão que nos rodeia sinaliza para a impossibilidade de continuidade.
  • 56. Somente por meio Toda a violência, desumanidade,da valorização crise, caos e confusão Educação da que nos rodeia poderemos fazer sinaliza frente à proliferação para das drogas, e a toda a impossibilidade de continuidade.a violência e degradação dela resultantes.
  • 57. Uma Educação plena, capaz de revelar a beleza e o encanto do existir.
  • 58. Uma Educação plena, capaz de revelar a beleza e o encanto do existir. Uma Educação integral, capaz de conduzir cada pequeno brasileiro rumo à sua plenitude.
  • 59. Existir é resistir. Apesar do mundo que aí está, é preciso insistir, remover tudo que impede, que trava, tudo que encobre.
  • 60. Educar as futuras gerações de modo que possam resistir ao falso encanto das drogas, e evitar as amizades comprometedoras, – e, ainda assim, que sejam capazes de compreender e amar aqueles que sofrem pelas drogas.
  • 61. Que as nossas crianças possam conduzir um país que se diz agigantar na economia mundial, também pelas veredas da justiça e do bem- estar social, e pelos caminhos da verdadeira felicidade.
  • 62. Que possamos deixar de lado a nossa inércia e sair da nossa zona de conforto, de modo a contribuir efetivamente com ações práticas para a realização das melhorias sociais que se encontram ao nosso
  • 63. Recordar que para além da nossa família biológica, pertencemos também à família humana, – diante da qual também temos deveres e responsabilidades.
  • 64. “Quem salva uma vida salva a humanidade.”
  • 65. “Só a participação cidadã é capaz de mudar esse país.” Betinho
  • 66. Um outro mundo é possível.
  • 67. Um outro mundo é possível. Projeto “Compaixão e Cidadania” Um espaço para refletirmos sobre temas essenciais. compaixao_cidadania@hotmail.com