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EJA: INVESTIGANDO CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE LEITURA


      SILVA, Cirene Sousa e - PPGE/ GEPLL /UFMT- prof.cirene@gmail.com *


RESUMO


Este texto apresenta análises parciais da pesquisa “Educação de Jovens e Adultos
objetivando conhecer que concepções e práticas pedagógicas sobre leitura constituem a
formação do leitor no Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos, em uma Escola
da Rede Pública de Cuiabá - MT, o referencial teórico-metodológico e as questões
preliminares. Insere-se no sub-tema “Sujeitos do processo de ensinar e aprender”,
buscando compreender os diferentes modos de leitura e refletir sobre o processo de
ensino e aprendizagem da leitura e da escrita. Para aclarar este processo se faz
necessário as seguintes indagações: Que concepções e práticas pedagógicas sobre leitura
estão presentes na sala de aula? Que gêneros textuais circulam na sala de aula? O livro
didático norteia o processo de desenvolvimento da leitura e do letramento? Qual o papel
do professor para o desenvolvimento do letramento na EJA? A orientação metodológica
é de natureza qualitativa por meio de observação, entrevistas gravadas e questionários.
Os dados preliminares apontam que na sala de aula, a leitura ocupa lugar de destaque
por meio da variedade de gêneros textuais assim como, é instigado os vários elementos
de construção do texto. A prática pedagógica em sala de aula evidencia a satisfação dos
alunos no atendimento às suas necessidades, leitoras tanto na vida escolar quanto na
vida cotidiana.


Palavras-chave: EJA – Leitura - Concepções e Práticas Pedagógicas.


INTRODUÇÃO


        Este texto visa apresentar análises parciais da pesquisa de Mestrado em
Educação intitulada “Educação de Jovens e Adultos: objetivando conhecer que
concepções e práticas pedagógicas sobre leitura constituem a formação do leitor no
Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos, em uma Escola da Rede Pública de
Cuiabá - MT, o referencial teórico-metodológico e as questões de estudo. A pesquisa
   * Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação do Grupo de Estudos e Pesquisas em Leitura e Letramento e Profª.
   do CEFETMT. Fone: (65) 3631-3492.
   ** Profª. Drª. do PPGE/UFMT/Mestrado em Educação, Linha de Pesquisa Educação e Linguagem e Líder do Grupo de
   Estudos e Pesquisas em Leitura e Letramento. Fone: (65) 3641-7289.
insere-se no sub-tema “Sujeitos do processo de ensinar e aprender”, de forma que, ao
compreender os diferentes modos de leitura dos jovens e adultos, possamos refletir
sobre o processo de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita, contribuindo para
ampliar meu campo de conhecimento.

       Atualmente, considera-se que, para o indivíduo inserir-se em uma sociedade
letrada, ele precisa ser capaz de compreender textos escritos, mesmo que não tenha o
domínio do código escrito, isto é, mesmo que não seja alfabetizado. Segundo (Mortatti,
2007), jovens e adultos, não alfabetizados e não escolarizados, vivem em sociedade
semi-letrada e, portanto, interagem de formas diferenciadas com a linguagem falada e
escrita, ainda que não saibam ler nem escrever na perspectiva hegemônica da escrita.
Algumas questões nos orientam para o desenvolvimento desta pesquisa como: Que
concepções e práticas pedagógicas sobre leitura estão presentes na sala de aula? Que
gêneros textuais circulam na sala de aula? O livro didático norteia o processo de
desenvolvimento da leitura e do letramento? Qual o papel do professor para o
desenvolvimento do letramento na EJA?

       Portanto, este projeto de pesquisa surgiu da inquietação com relação ao ensino e
aprendizagem da leitura na Educação de Jovens e Adultos, sujeitos estes, integrantes da
educação popular, buscando aprofundar o conhecimento nesta modalidade e fortalecer o
conceito de leitura como atribuição de sentido ao texto e uma concepção ao ato de ler
como atividade que implica necessariamente compreensão, de forma a abrir espaço para
refletir sobre a constituição do aluno-leitor no ambiente da escola, considerando a
concepção que subsidia as práticas de leitura no atual contexto histórico-social.


APRESENTANDO O REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO E OS
OBJETIVOS (COM QUEM DIALOGAMOS)


       Inúmeros conceitos e concepções são atribuídos à leitura e tem norteado as
práticas das atividades desenvolvidas na escola, considerada na maioria das vezes, uma
atividade mecânica, de codificação ou, quando muito, restrita à abstração de
informações subjacentes na superfície do texto.
       A concepção de leitura segundo Lerner pretende:


               [...] formar praticantes da leitura e escrita e não apenas sujeitos que possam “decifrar” o
               sistema de escrita. Formar leitores que saberão escolher o material escrito adequado



                                                                                                        2
para buscar a solução de problemas que devem enfrentar e não alunos capazes apenas de
               oralizar um texto selecionado por outro. Formar seres humanos críticos, capazes de ler
               entrelinhas e de assumir uma posição própria frente à mantida, explícita ou
               implicitamente, pelos autores dos textos com os quais interagem, em vez de persistir em
               formar indivíduos dependentes da letra do texto e da autoridade de outros. O desafio é
               formar pessoas desejosas de embrenhar-se em outros mundos possíveis que a literatura
               nos oferece, dispostas a identificar-se com o semelhante ou a solidarizar-se com o
               diferente e capazes de apreciar a qualidade literária. (LERNER, 2002, p.27–28).


       Assim, ler é produzir significados a partir de competências intelectuais,
lingüísticas, textuais, além do conhecimento prévio de mundo. A partir dessas
considerações, podemos observar que é de fato possível desenvolver a leitura e formar
leitores críticos com visão multidisciplinar. É esta a finalidade última da leitura: a de
fornecer ao leitor-aluno, subsídio intelectual que possibilite a ele compreender o mundo
e a si mesmo. Daí a necessidade de compreender o processo de apropriação da leitura,
elaborando seus conceitos, modelos e práticas.
       Para melhor compreensão, vemos também a importância de se falar em
letramento, uma vez que é um conceito novo e fluído. Tem sido uma palavra que
designa ora as práticas sociais de leitura e escrita, ora os eventos relacionados com o uso
da escrita, ora os efeitos da escrita sobre uma sociedade ou sobre grupos sociais, ora o
estado ou condição em que vivem indivíduos ou grupos sociais capazes de exercer as
práticas de leitura e escrita (SOARES, 2003, p. 15 e 16).
       Estudiosos como KLEIMAN (1995), SOARES (1998) e RIBEIRO (1999, 2001)
têm se preocupado em conceituar o letramento e compreender sua relevância para a
inserção social e cultural do indivíduo em uma sociedade letrada, considerando os
diferentes níveis de letramento e proporcionando momentos de reflexões sobre o tema
de forma a pensar o indivíduo implicados em uma prática social.
       Kato apud Mortatti (2004) revela que o termo letramento, parece ter sido
utilizado pela primeira vez por Mary Kato, na apresentação de seu livro No Mundo da
escrita: uma perspectiva psicolingüística, de 1986, cujo objetivo é salientar aspectos de
ordem psicolingüística que estão envolvidos na aprendizagem escolar por parte de
crianças (MORTATTI, 2004, p.87).
       Para Soares, o vocábulo letramento ainda é pouco claro e impreciso,
recentemente introduzido no léxico das ciências sociais, particularmente da Pedagogia e
da Sociologia da escrita e da leitura e só na segunda metade dos anos 80, que ela surge
no discurso dos especialistas dessas áreas (SOARES, 2006, P. 15).




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Ainda pouco estudadas a palavra letramento e escolarização tem sido alvo de
discussões com pouco avanço entre o papel da escola no desenvolvimento de
habilidades de uso social da leitura e da escrita e as competências, ou as
incompetências, demonstradas por crianças, jovens e adultos em situações de
participação em práticas sociais que envolvem a língua escrita.
       Ler e escrever são atividades que estão intimamente ligadas. Uma desencadeia a
outra. Assim, Costa compreende que letramento possui um significado mais amplo e
complexo, em quem se valorizam as características sociais nas práticas de letramento,
que são culturalmente determinadas e que se adquirem no processo interativo de fala,
leitura e escritas (COSTA, 2000, p. 15).
       Entretanto, Soares denomina letramento como habilidades várias como:

              capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos, para informar ou
              informar-se, para interagir com outros, para imergir no imaginário, no estético, para
              ampliar conhecimentos, para seduzir ou induzir, para divertir-se, para orientar-se, para
              apoio à memória, para catarse; habilidades de interpretar e produzir diferentes tipos e
              gêneros de textos; habilidades de orientar-se pelos protocolos de leituras que marcam o
              texto ou de lançar mãos desses protocolos, ao escrever; atitudes de inserção efetiva no
              mundo da escrita, tendo interesse e prazer em ler e escrever, sabendo utilizar a escrita
              para encontrar ou fornecer informações e conhecimentos, escrevendo ou lendo de forma
              diferenciada, segundo as circunstâncias, os objetivos, o interlocutor... (SOARES, 2003,
              p. 92).


       Paulo Freire parte do princípio de que a leitura do mundo vem antes da leitura da
palavra e [...] porque há também uma espécie de sabedoria do fazer a leitura, que se
obtém fazendo leitura [...] O autor assegura que, a grande maioria dos filhos de
trabalhadores, traz leitura do seu mundo, o que cabe à escola ampliar a passagem da
leitura desse mundo para a leitura da palavra (FREIRE, 2003, p.30).
       Para o autor, mesmo que a pessoa esteja afastada da escola por muito tempo, ao
ser submetido a um teste das habilidades da leitura e escrita, mesmo que demonstre
desempenho insatisfatório, não significa que não tenha letramento.
       Assim, acreditamos que o ato de ler deve começar a partir de uma compreensão
muito abrangente do ato de ler o mundo, coisa que os seres humanos fazem antes
mesmo de ler a palavra. Até mesmo historicamente, os seres humanos, primeiro
mudaram o mundo, depois revelaram o mundo e a seguir escreveram as palavras.
       É fato que todo indivíduo inserido em ambiente letrado desenvolve diferentes
práticas de letramento por estar em contato com vários códigos de maneira constante.
Estes contatos contribuem para que os jovens e os adultos desenvolvam diferentes



                                                                                                    4
níveis de letramento e estejam inseridos social e culturalmente no universo letrado.
        Portanto, as práticas de leitura estão presentes em nosso cotidiano, mesmo que
muitas vezes não percebamos, mais criteriosamente, os tipos de leitura presentes nele;
sejam os textos de jornais, revistas ou livros, seja um bilhete, uma conta telefônica ou
uma receita médica, uma fotografia, uma propaganda, um quadro, um sinal de trânsito,
etc.
        Ora, se a leitura tem lugar em casa, se o hábito de ler pode ser cultivado de
forma mais confortável, cabe à escola o esclarecimento das relações existentes, a
indagação de suas fontes, a consciência de sua existência, o reconhecimento de suas
possibilidades, a democratização de seus usos (PCNs, 1999, p. 134).
        Como observa Soares (1998) os educadores precisam reconhecer que:


               Um adulto pode ser analfabeto porque marginalizado social e economicamente, mas se
               vive em um meio em que a leitura e a escrita tem presença forte, se interessa em ouvir a
               leitura de jornais feita por um alfabetizado, se recebe cartas que os outros leem para ele,
               se dita cartas para que um alfabetizado a escreva. [...] se pede a alguém que lhe leia
               avisos ou indicações afixadas em algum lugar, esse analfabeto é, de certo modo, letrado,
               porque faz uso da escrita, envolve-se em práticas sociais da linguagem escrita
               (SOARES, 1998 p. 26).


        Assim sendo, quando o aluno de EJA chega ou retorna à escola há que se
considerar o repertório de conhecimento de mundo já adquiridos através da linguagem
no decorrer de suas vidas. Entretanto, é possível que não adquiriu ou está em processo
de construção acerca dos conhecimentos do sistema lingüístico, dos conhecimentos da
organização textual e dos conhecimentos de outros meios semióticos.
        O que se deseja é que os estudantes da Educação de Jovens e Adultos e seus
professores possam constituir-se como leitores e produtores de textos. Professores e
alunos leitores capazes de produzir a sua escrita, a sua comunicação no mundo, é a
chave para qualquer possibilidade de mudança das práticas tradicionais e repetitivas de
leitura e escrita para práticas mais significativas.
        Portanto, para dar suporte a esta pesquisa consideramos os estudos de alguns
pesquisadores como Vanilda Pereira Paiva (1987), Paulo Freire (1976; 1980; 1982;
1987; 1992; 1995; 2002), Leôncio Soares (2005), Carlos Rodrigues Brandão (1984),
Rosa Maria Torres (1987); Maria Helena Martins (1994), Sônia Kramer (2006), Moacir
Gadotti (1992); Magda Soares (1998; 2004), Maria do Rosário Longo Mortatti (2001;
2004), na busca de resgatar alguns discursos sobre a leitura em diferentes momentos da
história.


                                                                                                        5
Os sujeitos da pesquisa são jovens e adultos do 2º e 3º ano do Ensino Médio
diurno reunido em uma mesma sala, com idade entre 18 a 45 anos e a professora de
Língua Portuguesa de uma escola pública de Cuiabá – Mato Grosso.
       O objetivo exposto delineia os aspectos centrais da pesquisa:
            Compreender aspectos das concepções e práticas de leitura que norteiam
               o processo ensino e aprendizagem em uma sala de aula do Ensino Médio
               em EJA;
            Investigar que concepções e modos de leituras dão suporte à prática
               pedagógica na formação do leitor, e os fatores que influenciam os
               encaminhamentos didáticos adotados;
            Conhecer os aspectos determinantes das práticas de leituras de diferentes
               gêneros textuais que circulam no processo de ensino e aprendizagem na
               formação do leitor, estabelecendo relação entre teoria e prática.
       Para o desenvolvimento desta pesquisa e obter as informações sobre a prática
pedagógica relacionada à leitura, procurei abordar este trabalho, percorrendo os
caminhos da pesquisa, embasado na abordagem qualitativa e por considerar a que mais
se adequa a este estudo, uma vez que se trata de uma investigação no ambiente escolar.
       Fundamento-me em alguns teóricos como Bogdan e Biklen (1994), Ludke e
André (1986), Zago, Carvalho e Vilela (2003), entre outros que abordam a esta
metodologia.
       Kaufmann apud Zago ressalta que:

               Os métodos qualitativos têm por função compreender mais do que descrever
               sistematicamente ou de medir: não se deve, pois procurar fazer com que eles digam
               mais do que podem sobre um campo que não é o seu. Por outro lado, os resultados
               devem ser regularmente cruzados e confrontados com o que é obtido por outros
               métodos, notadamente estatístico (ZAGO, 2003, p. 298).

       Bogdan e Biklen (1994) ressaltam a importância vital na abordagem qualitativa:

               Os investigadores que fazem uso deste tipo de abordagem se interessam pelo modo
               como diferentes pessoas dão sentido à vida. Centram-se em questões como: quais os
               juízos que as pessoas fazem sobre suas vidas? O que consideram ser “dados
               adquiridos”? (BOGDAN E BIKLEN,1994, p.48-50).


       A investigação qualitativa/interpretativa permite ao pesquisador, na condição de
observador-ouvinte no contexto natural da sala de aula, compreender como professor e




                                                                                              6
aluno influenciam e são influenciados reciprocamente no processo de investigação,
possibilitando visualizar o papel da escola.
Neste contexto André ressalta que:

               O estudo da atividade humana na sua manifestação mais imediata – o existir e o fazer
               cotidiano – parece fundamental para compreende, não de forma dedutiva, mas de forma
               crítica e reflexiva, o momento da reprodução e da transformação da realidade social. A
               importância do estudo do cotidiano escolar se coloca aí: no dia-a-dia da escola é o
               momento de concretização de uma série de pressupostos subjacentes à prática
               pedagógica, ao mesmo tempo em que é o momento e o lugar da experiência de
               socialização que envolve professor e alunos, diretor e professor, diretor e alunos e assim
               por diante. Conhecer a realidade concreta desses encontros desvenda, de alguma forma,
               a função de socialização não-manifesta da escola, ao mesmo tempo em que indica as
               alternativas para que esta função seja concretizada da maneira mais possível. (ANDRÉ,
               2001, p.40).



       Os instrumentos de pesquisa são o levantamento bibliográfico, revisão
bibliográfica, observação em sala de aula estabelecendo as relações entre a teoria e a
prática na sala de aula, diários de campo, fotografias, entrevistas gravadas e
questionários dirigidos à professora de Língua Portuguesa e alunos da sala, ambos semi-
estruturados, que possibilitem alguma criatividade da pesquisadora e análise dos dados.
       Por se tratar de uma pesquisa com a modalidade EJA em que os sujeitos são
integrantes da educação popular, procurei a Escola Estadual de 1º e 2º Graus Cesário
Figueiredo Neto por ser uma escola que trabalha com esta modalidade.
       Em visita a escola, obtive aceitação por parte da direção e coordenação
pedagógica no interesse à minha pesquisa e, principalmente, da professora, uma vez que
buscamos verificar as práticas de leitura na formação do leitor. Os alunos prontamente
aceitaram em colaborar com minha pesquisa, tanto nas aulas observadas quanto no
momento da pesquisa o que me surpreendeu.
       No decorre da pesquisa encontrei algumas dificuldades em relação a alguns
documentos como o Projeto Político Pedagógico, diários de classe, o que foi sendo
superado no decorrer da pesquisa.


RESULTADOS


       A presente pesquisa encontra-se em andamento com dados registrados. Foi
observado que na sala de aula, a leitura tem ocupado lugar de destaque, por meio de
textos poéticos, de opinião e de caráter jornalísticos, letras de músicas, entre outros.



                                                                                                       7
Estes foram retirados de livros didáticos, apostilas de escola privada, internet, revistas,
etc. Além da estrutura textual, a professora trabalhou os gêneros textuais do discurso,
instigando os vários elementos de construção do texto. Em relação aos gêneros
trabalhados como práticas sociais de leitura, o que se observou por parte dos alunos, foi
a grande dificuldade de compreensão e interpretação, e para tanto se percebeu a atuação
da professora como mediadora. Observou-se também, o interesse e vontade de ler pela
maioria dos alunos envolvidos no processo, mesmo alguns com sua timidez e apesar das
dificuldades até mesmo de freqüentar as aulas diariamente. Nas entrevistas percebemos
também que estes jovens e adultos, interagem com bilhetes, textos religiosos, textos
culinários, receitas médicas, listas de compras, cadernetas de endereços/telefones,
agendas; entre outros portadores de texto, em seus cotidianos familiares, profissionais e
sociais. Portanto, compreendemos que uma investigação que caracterize que concepções
e práticas de leitura estão presentes entre os jovens e adultos, o que lêem e escrevem, de
que eventos de letramento participam, ou seja, como a leitura e a escrita atravessa suas
vidas, pode ser produtiva para ampliarmos as trajetórias da produção das práticas e das
teorias que envolvem os processos de ensinar e aprender em diferentes espaços e
lugares. Análise já efetivada revela que o conceito de leitura da grande maioria dos
alunos pesquisados tem sido elaborado no discurso em sala de aula. Para os alunos a
leitura é de fundamental importância e elogiam o trabalho da professora para a
contribuição da suas práticas leitoras. Os alunos não possuem livro didático e sim,
apostila de escola privada em que os alunos fotocopiam a pedido da professora. Os
alunos não têm acesso à biblioteca, pois acham que a internet é mais acessível para
pesquisas e por não terem tempo uma vez que trabalham. Na concepção da professora
ler é compreender e interpretar. Ela considera que para formar leitores é essencial a
aproximação, o gosto pela leitura que não pode ser colocada para o aluno como uma
obrigação, mas pelo prazer que é ler e depois a aquisição de conhecimentos que vai
interferir na mudança de atitudes. Ela espera que seus alunos percebam a importância da
Língua Portuguesa, porque através dela o aluno interage com o mundo e melhora seu
desempenho social e profissional.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.


                                                                                         8
BOGDAN, Robert e BIKLEN, Sari. Investigação Qualitativa em Educação Uma
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                                                                                   9
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do Brasil – ALB; São Paulo: Ação Educativa 2001. (Coleção Leituras no Brasil).
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                                                                                      10

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Cirene Sousa E Silva

  • 1. EJA: INVESTIGANDO CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE LEITURA SILVA, Cirene Sousa e - PPGE/ GEPLL /UFMT- prof.cirene@gmail.com * RESUMO Este texto apresenta análises parciais da pesquisa “Educação de Jovens e Adultos objetivando conhecer que concepções e práticas pedagógicas sobre leitura constituem a formação do leitor no Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos, em uma Escola da Rede Pública de Cuiabá - MT, o referencial teórico-metodológico e as questões preliminares. Insere-se no sub-tema “Sujeitos do processo de ensinar e aprender”, buscando compreender os diferentes modos de leitura e refletir sobre o processo de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita. Para aclarar este processo se faz necessário as seguintes indagações: Que concepções e práticas pedagógicas sobre leitura estão presentes na sala de aula? Que gêneros textuais circulam na sala de aula? O livro didático norteia o processo de desenvolvimento da leitura e do letramento? Qual o papel do professor para o desenvolvimento do letramento na EJA? A orientação metodológica é de natureza qualitativa por meio de observação, entrevistas gravadas e questionários. Os dados preliminares apontam que na sala de aula, a leitura ocupa lugar de destaque por meio da variedade de gêneros textuais assim como, é instigado os vários elementos de construção do texto. A prática pedagógica em sala de aula evidencia a satisfação dos alunos no atendimento às suas necessidades, leitoras tanto na vida escolar quanto na vida cotidiana. Palavras-chave: EJA – Leitura - Concepções e Práticas Pedagógicas. INTRODUÇÃO Este texto visa apresentar análises parciais da pesquisa de Mestrado em Educação intitulada “Educação de Jovens e Adultos: objetivando conhecer que concepções e práticas pedagógicas sobre leitura constituem a formação do leitor no Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos, em uma Escola da Rede Pública de Cuiabá - MT, o referencial teórico-metodológico e as questões de estudo. A pesquisa * Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação do Grupo de Estudos e Pesquisas em Leitura e Letramento e Profª. do CEFETMT. Fone: (65) 3631-3492. ** Profª. Drª. do PPGE/UFMT/Mestrado em Educação, Linha de Pesquisa Educação e Linguagem e Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Leitura e Letramento. Fone: (65) 3641-7289.
  • 2. insere-se no sub-tema “Sujeitos do processo de ensinar e aprender”, de forma que, ao compreender os diferentes modos de leitura dos jovens e adultos, possamos refletir sobre o processo de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita, contribuindo para ampliar meu campo de conhecimento. Atualmente, considera-se que, para o indivíduo inserir-se em uma sociedade letrada, ele precisa ser capaz de compreender textos escritos, mesmo que não tenha o domínio do código escrito, isto é, mesmo que não seja alfabetizado. Segundo (Mortatti, 2007), jovens e adultos, não alfabetizados e não escolarizados, vivem em sociedade semi-letrada e, portanto, interagem de formas diferenciadas com a linguagem falada e escrita, ainda que não saibam ler nem escrever na perspectiva hegemônica da escrita. Algumas questões nos orientam para o desenvolvimento desta pesquisa como: Que concepções e práticas pedagógicas sobre leitura estão presentes na sala de aula? Que gêneros textuais circulam na sala de aula? O livro didático norteia o processo de desenvolvimento da leitura e do letramento? Qual o papel do professor para o desenvolvimento do letramento na EJA? Portanto, este projeto de pesquisa surgiu da inquietação com relação ao ensino e aprendizagem da leitura na Educação de Jovens e Adultos, sujeitos estes, integrantes da educação popular, buscando aprofundar o conhecimento nesta modalidade e fortalecer o conceito de leitura como atribuição de sentido ao texto e uma concepção ao ato de ler como atividade que implica necessariamente compreensão, de forma a abrir espaço para refletir sobre a constituição do aluno-leitor no ambiente da escola, considerando a concepção que subsidia as práticas de leitura no atual contexto histórico-social. APRESENTANDO O REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO E OS OBJETIVOS (COM QUEM DIALOGAMOS) Inúmeros conceitos e concepções são atribuídos à leitura e tem norteado as práticas das atividades desenvolvidas na escola, considerada na maioria das vezes, uma atividade mecânica, de codificação ou, quando muito, restrita à abstração de informações subjacentes na superfície do texto. A concepção de leitura segundo Lerner pretende: [...] formar praticantes da leitura e escrita e não apenas sujeitos que possam “decifrar” o sistema de escrita. Formar leitores que saberão escolher o material escrito adequado 2
  • 3. para buscar a solução de problemas que devem enfrentar e não alunos capazes apenas de oralizar um texto selecionado por outro. Formar seres humanos críticos, capazes de ler entrelinhas e de assumir uma posição própria frente à mantida, explícita ou implicitamente, pelos autores dos textos com os quais interagem, em vez de persistir em formar indivíduos dependentes da letra do texto e da autoridade de outros. O desafio é formar pessoas desejosas de embrenhar-se em outros mundos possíveis que a literatura nos oferece, dispostas a identificar-se com o semelhante ou a solidarizar-se com o diferente e capazes de apreciar a qualidade literária. (LERNER, 2002, p.27–28). Assim, ler é produzir significados a partir de competências intelectuais, lingüísticas, textuais, além do conhecimento prévio de mundo. A partir dessas considerações, podemos observar que é de fato possível desenvolver a leitura e formar leitores críticos com visão multidisciplinar. É esta a finalidade última da leitura: a de fornecer ao leitor-aluno, subsídio intelectual que possibilite a ele compreender o mundo e a si mesmo. Daí a necessidade de compreender o processo de apropriação da leitura, elaborando seus conceitos, modelos e práticas. Para melhor compreensão, vemos também a importância de se falar em letramento, uma vez que é um conceito novo e fluído. Tem sido uma palavra que designa ora as práticas sociais de leitura e escrita, ora os eventos relacionados com o uso da escrita, ora os efeitos da escrita sobre uma sociedade ou sobre grupos sociais, ora o estado ou condição em que vivem indivíduos ou grupos sociais capazes de exercer as práticas de leitura e escrita (SOARES, 2003, p. 15 e 16). Estudiosos como KLEIMAN (1995), SOARES (1998) e RIBEIRO (1999, 2001) têm se preocupado em conceituar o letramento e compreender sua relevância para a inserção social e cultural do indivíduo em uma sociedade letrada, considerando os diferentes níveis de letramento e proporcionando momentos de reflexões sobre o tema de forma a pensar o indivíduo implicados em uma prática social. Kato apud Mortatti (2004) revela que o termo letramento, parece ter sido utilizado pela primeira vez por Mary Kato, na apresentação de seu livro No Mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística, de 1986, cujo objetivo é salientar aspectos de ordem psicolingüística que estão envolvidos na aprendizagem escolar por parte de crianças (MORTATTI, 2004, p.87). Para Soares, o vocábulo letramento ainda é pouco claro e impreciso, recentemente introduzido no léxico das ciências sociais, particularmente da Pedagogia e da Sociologia da escrita e da leitura e só na segunda metade dos anos 80, que ela surge no discurso dos especialistas dessas áreas (SOARES, 2006, P. 15). 3
  • 4. Ainda pouco estudadas a palavra letramento e escolarização tem sido alvo de discussões com pouco avanço entre o papel da escola no desenvolvimento de habilidades de uso social da leitura e da escrita e as competências, ou as incompetências, demonstradas por crianças, jovens e adultos em situações de participação em práticas sociais que envolvem a língua escrita. Ler e escrever são atividades que estão intimamente ligadas. Uma desencadeia a outra. Assim, Costa compreende que letramento possui um significado mais amplo e complexo, em quem se valorizam as características sociais nas práticas de letramento, que são culturalmente determinadas e que se adquirem no processo interativo de fala, leitura e escritas (COSTA, 2000, p. 15). Entretanto, Soares denomina letramento como habilidades várias como: capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos, para informar ou informar-se, para interagir com outros, para imergir no imaginário, no estético, para ampliar conhecimentos, para seduzir ou induzir, para divertir-se, para orientar-se, para apoio à memória, para catarse; habilidades de interpretar e produzir diferentes tipos e gêneros de textos; habilidades de orientar-se pelos protocolos de leituras que marcam o texto ou de lançar mãos desses protocolos, ao escrever; atitudes de inserção efetiva no mundo da escrita, tendo interesse e prazer em ler e escrever, sabendo utilizar a escrita para encontrar ou fornecer informações e conhecimentos, escrevendo ou lendo de forma diferenciada, segundo as circunstâncias, os objetivos, o interlocutor... (SOARES, 2003, p. 92). Paulo Freire parte do princípio de que a leitura do mundo vem antes da leitura da palavra e [...] porque há também uma espécie de sabedoria do fazer a leitura, que se obtém fazendo leitura [...] O autor assegura que, a grande maioria dos filhos de trabalhadores, traz leitura do seu mundo, o que cabe à escola ampliar a passagem da leitura desse mundo para a leitura da palavra (FREIRE, 2003, p.30). Para o autor, mesmo que a pessoa esteja afastada da escola por muito tempo, ao ser submetido a um teste das habilidades da leitura e escrita, mesmo que demonstre desempenho insatisfatório, não significa que não tenha letramento. Assim, acreditamos que o ato de ler deve começar a partir de uma compreensão muito abrangente do ato de ler o mundo, coisa que os seres humanos fazem antes mesmo de ler a palavra. Até mesmo historicamente, os seres humanos, primeiro mudaram o mundo, depois revelaram o mundo e a seguir escreveram as palavras. É fato que todo indivíduo inserido em ambiente letrado desenvolve diferentes práticas de letramento por estar em contato com vários códigos de maneira constante. Estes contatos contribuem para que os jovens e os adultos desenvolvam diferentes 4
  • 5. níveis de letramento e estejam inseridos social e culturalmente no universo letrado. Portanto, as práticas de leitura estão presentes em nosso cotidiano, mesmo que muitas vezes não percebamos, mais criteriosamente, os tipos de leitura presentes nele; sejam os textos de jornais, revistas ou livros, seja um bilhete, uma conta telefônica ou uma receita médica, uma fotografia, uma propaganda, um quadro, um sinal de trânsito, etc. Ora, se a leitura tem lugar em casa, se o hábito de ler pode ser cultivado de forma mais confortável, cabe à escola o esclarecimento das relações existentes, a indagação de suas fontes, a consciência de sua existência, o reconhecimento de suas possibilidades, a democratização de seus usos (PCNs, 1999, p. 134). Como observa Soares (1998) os educadores precisam reconhecer que: Um adulto pode ser analfabeto porque marginalizado social e economicamente, mas se vive em um meio em que a leitura e a escrita tem presença forte, se interessa em ouvir a leitura de jornais feita por um alfabetizado, se recebe cartas que os outros leem para ele, se dita cartas para que um alfabetizado a escreva. [...] se pede a alguém que lhe leia avisos ou indicações afixadas em algum lugar, esse analfabeto é, de certo modo, letrado, porque faz uso da escrita, envolve-se em práticas sociais da linguagem escrita (SOARES, 1998 p. 26). Assim sendo, quando o aluno de EJA chega ou retorna à escola há que se considerar o repertório de conhecimento de mundo já adquiridos através da linguagem no decorrer de suas vidas. Entretanto, é possível que não adquiriu ou está em processo de construção acerca dos conhecimentos do sistema lingüístico, dos conhecimentos da organização textual e dos conhecimentos de outros meios semióticos. O que se deseja é que os estudantes da Educação de Jovens e Adultos e seus professores possam constituir-se como leitores e produtores de textos. Professores e alunos leitores capazes de produzir a sua escrita, a sua comunicação no mundo, é a chave para qualquer possibilidade de mudança das práticas tradicionais e repetitivas de leitura e escrita para práticas mais significativas. Portanto, para dar suporte a esta pesquisa consideramos os estudos de alguns pesquisadores como Vanilda Pereira Paiva (1987), Paulo Freire (1976; 1980; 1982; 1987; 1992; 1995; 2002), Leôncio Soares (2005), Carlos Rodrigues Brandão (1984), Rosa Maria Torres (1987); Maria Helena Martins (1994), Sônia Kramer (2006), Moacir Gadotti (1992); Magda Soares (1998; 2004), Maria do Rosário Longo Mortatti (2001; 2004), na busca de resgatar alguns discursos sobre a leitura em diferentes momentos da história. 5
  • 6. Os sujeitos da pesquisa são jovens e adultos do 2º e 3º ano do Ensino Médio diurno reunido em uma mesma sala, com idade entre 18 a 45 anos e a professora de Língua Portuguesa de uma escola pública de Cuiabá – Mato Grosso. O objetivo exposto delineia os aspectos centrais da pesquisa:  Compreender aspectos das concepções e práticas de leitura que norteiam o processo ensino e aprendizagem em uma sala de aula do Ensino Médio em EJA;  Investigar que concepções e modos de leituras dão suporte à prática pedagógica na formação do leitor, e os fatores que influenciam os encaminhamentos didáticos adotados;  Conhecer os aspectos determinantes das práticas de leituras de diferentes gêneros textuais que circulam no processo de ensino e aprendizagem na formação do leitor, estabelecendo relação entre teoria e prática. Para o desenvolvimento desta pesquisa e obter as informações sobre a prática pedagógica relacionada à leitura, procurei abordar este trabalho, percorrendo os caminhos da pesquisa, embasado na abordagem qualitativa e por considerar a que mais se adequa a este estudo, uma vez que se trata de uma investigação no ambiente escolar. Fundamento-me em alguns teóricos como Bogdan e Biklen (1994), Ludke e André (1986), Zago, Carvalho e Vilela (2003), entre outros que abordam a esta metodologia. Kaufmann apud Zago ressalta que: Os métodos qualitativos têm por função compreender mais do que descrever sistematicamente ou de medir: não se deve, pois procurar fazer com que eles digam mais do que podem sobre um campo que não é o seu. Por outro lado, os resultados devem ser regularmente cruzados e confrontados com o que é obtido por outros métodos, notadamente estatístico (ZAGO, 2003, p. 298). Bogdan e Biklen (1994) ressaltam a importância vital na abordagem qualitativa: Os investigadores que fazem uso deste tipo de abordagem se interessam pelo modo como diferentes pessoas dão sentido à vida. Centram-se em questões como: quais os juízos que as pessoas fazem sobre suas vidas? O que consideram ser “dados adquiridos”? (BOGDAN E BIKLEN,1994, p.48-50). A investigação qualitativa/interpretativa permite ao pesquisador, na condição de observador-ouvinte no contexto natural da sala de aula, compreender como professor e 6
  • 7. aluno influenciam e são influenciados reciprocamente no processo de investigação, possibilitando visualizar o papel da escola. Neste contexto André ressalta que: O estudo da atividade humana na sua manifestação mais imediata – o existir e o fazer cotidiano – parece fundamental para compreende, não de forma dedutiva, mas de forma crítica e reflexiva, o momento da reprodução e da transformação da realidade social. A importância do estudo do cotidiano escolar se coloca aí: no dia-a-dia da escola é o momento de concretização de uma série de pressupostos subjacentes à prática pedagógica, ao mesmo tempo em que é o momento e o lugar da experiência de socialização que envolve professor e alunos, diretor e professor, diretor e alunos e assim por diante. Conhecer a realidade concreta desses encontros desvenda, de alguma forma, a função de socialização não-manifesta da escola, ao mesmo tempo em que indica as alternativas para que esta função seja concretizada da maneira mais possível. (ANDRÉ, 2001, p.40). Os instrumentos de pesquisa são o levantamento bibliográfico, revisão bibliográfica, observação em sala de aula estabelecendo as relações entre a teoria e a prática na sala de aula, diários de campo, fotografias, entrevistas gravadas e questionários dirigidos à professora de Língua Portuguesa e alunos da sala, ambos semi- estruturados, que possibilitem alguma criatividade da pesquisadora e análise dos dados. Por se tratar de uma pesquisa com a modalidade EJA em que os sujeitos são integrantes da educação popular, procurei a Escola Estadual de 1º e 2º Graus Cesário Figueiredo Neto por ser uma escola que trabalha com esta modalidade. Em visita a escola, obtive aceitação por parte da direção e coordenação pedagógica no interesse à minha pesquisa e, principalmente, da professora, uma vez que buscamos verificar as práticas de leitura na formação do leitor. Os alunos prontamente aceitaram em colaborar com minha pesquisa, tanto nas aulas observadas quanto no momento da pesquisa o que me surpreendeu. No decorre da pesquisa encontrei algumas dificuldades em relação a alguns documentos como o Projeto Político Pedagógico, diários de classe, o que foi sendo superado no decorrer da pesquisa. RESULTADOS A presente pesquisa encontra-se em andamento com dados registrados. Foi observado que na sala de aula, a leitura tem ocupado lugar de destaque, por meio de textos poéticos, de opinião e de caráter jornalísticos, letras de músicas, entre outros. 7
  • 8. Estes foram retirados de livros didáticos, apostilas de escola privada, internet, revistas, etc. Além da estrutura textual, a professora trabalhou os gêneros textuais do discurso, instigando os vários elementos de construção do texto. Em relação aos gêneros trabalhados como práticas sociais de leitura, o que se observou por parte dos alunos, foi a grande dificuldade de compreensão e interpretação, e para tanto se percebeu a atuação da professora como mediadora. Observou-se também, o interesse e vontade de ler pela maioria dos alunos envolvidos no processo, mesmo alguns com sua timidez e apesar das dificuldades até mesmo de freqüentar as aulas diariamente. Nas entrevistas percebemos também que estes jovens e adultos, interagem com bilhetes, textos religiosos, textos culinários, receitas médicas, listas de compras, cadernetas de endereços/telefones, agendas; entre outros portadores de texto, em seus cotidianos familiares, profissionais e sociais. Portanto, compreendemos que uma investigação que caracterize que concepções e práticas de leitura estão presentes entre os jovens e adultos, o que lêem e escrevem, de que eventos de letramento participam, ou seja, como a leitura e a escrita atravessa suas vidas, pode ser produtiva para ampliarmos as trajetórias da produção das práticas e das teorias que envolvem os processos de ensinar e aprender em diferentes espaços e lugares. Análise já efetivada revela que o conceito de leitura da grande maioria dos alunos pesquisados tem sido elaborado no discurso em sala de aula. Para os alunos a leitura é de fundamental importância e elogiam o trabalho da professora para a contribuição da suas práticas leitoras. Os alunos não possuem livro didático e sim, apostila de escola privada em que os alunos fotocopiam a pedido da professora. Os alunos não têm acesso à biblioteca, pois acham que a internet é mais acessível para pesquisas e por não terem tempo uma vez que trabalham. Na concepção da professora ler é compreender e interpretar. Ela considera que para formar leitores é essencial a aproximação, o gosto pela leitura que não pode ser colocada para o aluno como uma obrigação, mas pelo prazer que é ler e depois a aquisição de conhecimentos que vai interferir na mudança de atitudes. Ela espera que seus alunos percebam a importância da Língua Portuguesa, porque através dela o aluno interage com o mundo e melhora seu desempenho social e profissional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRÉ, Marli E. D. A; LÜDKE, Menga. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. 8
  • 9. BOGDAN, Robert e BIKLEN, Sari. Investigação Qualitativa em Educação Uma Introdução à teoria e aos métodos. Lisboa: Porto, 1994. BRANDÃO, Helena Nagamine & MICHELETTI, Guaraciaba (coords.) & Chiappini, Lígia (cood. Geral). Aprender e ensinar com textos didáticos e paradidáticos. Coleção Aprender e Ensinar com textos. São Paulo, Cortes, 1997, V.2. ________, (org) Introdução à Análise do Discurso. 2ª reimpressão da 7ª edição. Campinas, SP: Editora da UNICAMP. (Coleção Pesquisas), S/d. CHARTIER, Roger. Práticas da Leitura / Introdução à edição brasileira Alcir Pécora; tradução Cristiane Nascimento; revisão da tradução Angel Bojadsen L. – São Paulo: Estação Liberdade, 1996. FREIRE, A importância do ato de ler in. Leitura no Brasil, antologia comemorativa pelo 10º COLE. Campinas, São Paulo. Mercado fé letras, 1995. ________, Educação como prática da liberdade. 17ª edição. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983. ________, Da leitura do mundo à leitura da palavra. Leitura: teoria a prática. Porto Alegre. Mercado Aberto. 1982. ________, Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 27 ª ed, 2002. ________, Pedagogia do Oprimido. 41ª ed. São Paulo: Paz e Terra S/A, 1987. GADOTTI, M. A Educação Contra a Educação. Moacir Gadotti. – Rio de Janeiro: Paz e terra, 1984. Gadotti – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981 (Coleção Educação e comunicação: v. 7) 1992. LERNER, D. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002. MARTINS, M. H (1996) Questões de linguagem. São Paulo: Contexto. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília: MEC/SEMTEC, 1999. MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Educação e Letramento. São Paulo: UNESP, 2004 (Coleção Paradidáticos; Série Educação). OLIVEIRA, Ana Arlinda de. Leitura, Literatura Infantil e Doutrinação da Criança. Cuiabá – MT: Editora da Universidade Federal de Mato Grosso: Entrelinhas, 2005. OLIVEIRA, Marta Kohl de. Jovens e Adultos como Sujeitos de Conhecimento e Aprendizagem. In: RIBEIRO, Vera Masagão (org). Educação de Jovens e Adultos: 9
  • 10. novos leitores, novas leituras. Campinas, Sp: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil – ALB; São Paulo: Ação Educativa 2001. (Coleção Leituras no Brasil). PAIVA, V. P. A Educação Popular e educação de adultos. Contribuição à História da Educação Brasileira. São Paulo: Loyola, 1987. (Temas Brasileiros). Salto para o Futuro – Educação de jovens e adultos. Secretaria de Educação à Distância. Brasília: Ministério da Educação, SEED, 1999. p. 112. SOARES, Magda Becker. As condições sociais da leitura: uma leitura em contraponto. In: SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leituras. Trad. Claúdia Schilling - 6ª. ed. – Porto Alegre: AtrMed, 1998. ________, Letramento: Um tema em três gêneros. 2.ed., 11 reimpr. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. 128p. ZAGO, Nadir, Marília Pinho de carvalho e Rita Amélia Teixeira Vieira (organizadoras). Intinerários de pesquisa: perspectivas qualitativas em sociologia da educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. 10